ABNT NBR 7117-1-2020 Versão Corrigida-2021
ABNT NBR 7117-1-2020 Versão Corrigida-2021
ABNT NBR 7117-1-2020 Versão Corrigida-2021
601/0001-50
Versão corrigida
03.11.2021
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ABNT NBR 7117-1:2020
22 páginas
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Sumário Página
Prefácio.................................................................................................................................................v
1 Escopo.................................................................................................................................1
2 Referência normativa..........................................................................................................1
3 Termos e definições............................................................................................................1
4 Solo.......................................................................................................................................4
4.1 Conceitos básicos...............................................................................................................4
4.2 Sondagens geoelétricas.....................................................................................................6
4.3 Modelagem geoelétrica – Conceitos básicos...................................................................6
5 Sondagens elétricas verticais (SEV).................................................................................7
5.1 Generalidades......................................................................................................................7
5.2 Arranjos de medição...........................................................................................................8
5.3 Procedimentos de medição..............................................................................................10
5.3.1 Considerações práticas da SEV......................................................................................10
5.3.2 Número e localização das linhas de medição (SEV)......................................................10
5.3.3 Condições básicas a serem observadas nas sondagens elétricas verticais..............13
6 Modelagem geoelétrica.....................................................................................................14
6.1 Obtenção da curva média de resistividades aparentes do solo...................................14
6.2 Número de camadas de um modelo geoelétrico............................................................15
6.3 Inversão da curva de resistividades aparentes..............................................................16
Anexo A (informativo) Sondagens geoelétricas com técnicas eletromagnéticas.........................17
Anexo B (informativo) Equipamentos para sondagem geoelétrica com o método
da eletrorresistividade......................................................................................................18
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Figuras
Figura 1 – Estrutura básica de um solo com três camadas e curva de resistividades
aparentes correspondente.................................................................................................5
Figura 2 – Curvas de variação da resistividade do solo com a umidade, salinidade
e temperatura.......................................................................................................................5
Figura 3 – Solo real (a) e modelo unidimensional (1D) correspondente (b), estratificado em
camadas horizontais paralelas, onde ρi e ei são a resistividade e a espessura
da camada i..........................................................................................................................7
Figura 4 – Configuração genérica de medição da resistividade do solo (sondagem elétrica)
por meio de quatro eletrodos alinhados...........................................................................8
Figura 5 – Configuração do arranjo de Schlumberger.....................................................................9
Figura 6 – Configuração do arranjo de Wenner..............................................................................10
Figura 7 – Croquis para uma campanha de sondagens geoelétricas em uma área retangular
(SEV A, B, C, D etc. – linhas de medição).......................................................................12
Figura B.1 – Esquema elétrico simplificado de um terrômetro e do circuito visto por ele
no solo, para uma SEV com arranjo de Wenner............................................................21
Figura B.2 – Leitura da resistência aparente (Ri) com arranjo de Wenner...................................21
Tabela
Tabela 1 – Faixas de resistividade típicas de materiais que compõem o solo...............................4
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Prefácio
Scope
This Standard presents the methods for the ground resistivity survey and the techniques for the
determination of the corresponding 1D geoelectric model (horizontal, flat and parallel layers). Complex
geoelectric structures associated with 2D or 3D models are beyond the scope of this Standard.
This Standard provides support for the application to electrical grounding projects.
The applicability of this Standard, especially for large installations, may require specialized geophysical
support, due to the complexity of the different geoelectric sounding methods and to the inversion
techniques required for the construction of equivalent geoelectric models for large areas.
NOTE It is understood by wide-area electric installations, windfarms, photovoltaic plants, hydroelectric
plants, substations and industrial complexes, with areas above 20.000 m2.
1 Escopo
Esta Parte da ABNT NBR 7117 apresenta as técnicas de sondagem geoelétrica e as metodologias de
determinação do modelo geoelétrico 1D correspondente (camadas horizontais, planas e paralelas).
Esta Parte da ABNT NBR 7117 não se aplica às estruturas geoelétricas complexas, associadas aos
modelos 2D ou 3D.
Esta Parte da ABNT NBR 7117 fornece subsídios para aplicação em projetos de aterramento elétrico.
A aplicabilidade desta Parte da ABNT NBR 7117, especialmente para instalações de grande porte,
pode requerer suporte especializado na área de geofísica, em virtude da complexidade dos diferentes
métodos de sondagem geoelétrica e das técnicas de inversão necessárias para a construção
de modelos geoelétricos equivalentes de grandes áreas.
2 Referência normativa
O documento a seguir é citado no texto de tal forma que seu conteúdo, total ou parcial, constitui
requisitos para este Documento. Para referências datadas, aplicam-se somente as edições citadas.
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Para referências não datadas, aplicam-se as edições mais recentes do referido documento (incluindo
emendas).
ABNT NBR 6484, Solo – Sondagens de simples reconhecimentos com SPT – Método de ensaio
3 Termos e definições
Para os efeitos deste documento, aplicam-se os seguintes termos e definições.
3.1
aterramento
ligação intencional da parte eletricamente condutiva à terra
3.2
condutor de aterramento
condutor ou elemento metálico que faz a ligação elétrica entre uma parte de uma instalação aterrada
e o eletrodo de aterramento
3.3
corrente de interferência (no processo de medição)
qualquer corrente estranha ao processo de medição, capaz de influenciar os seus resultados
3.4
desvio estático (static-shift)
desvio causado por não homogeneidades do solo nas camadas rasas não prospectadas pela técnica
de sondagem, resultando no deslocamento vertical da curva de resistividades aparentes, podendo
ocorrer tanto no método da eletrorresistividade como no método magnetotelúrico
3.5
eletrodo de aterramento
elemento condutivo diretamente enterrado ou imerso em outro material (concreto e outros) enterrado,
que exerce função de dissipação de corrente elétrica no solo
3.6
eletrodo de aterramento natural
elemento condutivo diretamente enterrado ou imerso em outro material (concreto e outros) enterrado, cuja
finalidade original não é de aterramento elétrico, mas que se comporta como um eletrodo de aterramento
3.7
inversão
processo matemático que, a partir de uma curva de resistividades aparentes, infere a estrutura de
subsuperfície, resultando em um modelo geoelétrico que, para o objetivo desta Parte da ABNT NBR 7117,
é estratificado em camadas horizontais, planas e paralelas (1D)
3.8
malha de aterramento
conjunto de elementos condutivos não naturais, interligados e enterrados no solo em uma área limitada
pela instalação a ser atendida, destinados a dissipar correntes elétricas no solo
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3.9
modelagem geoelétrica
metodologia de construção de um modelo de solo, que, para efeito desta Norma, pode ser classificado
como unidimensional (1D), constituído por camadas horizontais paralelas
3.10
ponto fora da curva (outlier)
medição que apresenta um valor discrepante da maioria dos valores medidos
3.11
potencial espontâneo
SP
potencial telúrico natural do solo, sem nenhuma injeção de corrente pelo equipamento de medição
3.12
potenciais perigosos
potenciais que podem resultar em danos quando aplicados a um ser vivo, equipamento ou instalação
3.13
resistência de aterramento
〈de um eletrodo〉
resistência ôhmica entre o eletrodo de aterramento a um ponto fora do alcance de influência do
eletrodo (terra remoto) e a terra remoto
3.14
resistividade aparente do solo
resistividade equivalente de um volume de subsuperfície sondado por um método geofísico
3.15
resistividade elétrica
resistência entre faces opostas do volume de um determinado material, com formato de um cubo de
aresta unitária
3.16
resistividade do solo
resistividade equivalente de um volume de solo, incluindo o efeito conjunto dos minerais e rochas
contidos nesse volume, além dos fluidos (ar, água, salmoura, petróleo etc.) contidos nos poros
e fissuras ali existentes
3.17
sistema de aterramento
conjunto de todos os elementos condutivos, composto por condutores de aterramento e eletrodos de
aterramento naturais ou não naturais, interligados por elementos que podem estar enterrados ou não
3.18
sondagem elétrica vertical
SEV
conjunto de leituras feitas na superfície do terreno pelo método da eletrorresistividade, com um
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3.19
solo
camada superficial da crosta terrestre, de material alterado e composto por fragmentos de rocha,
argilominerais, óxidos de ferro e diversos outros materiais não consolidados, formados pela ação
do intemperismo e pela alteração química dos minerais da rocha-matriz, assim como pela matéria
orgânica produzida por organismos que nele vivem
3.20
solo stricto-sensu
produto de alteração físico-química das rochas, com profundidade não superior a 2 m e capaz de
sustentar a vida animal e vegetal
3.21
sondagens de simples reconhecimento
SPT (Standard Penetration Test)
procedimento para sondagem mecânica de solos por meio de uma ferramenta que penetra no solo por
ação da queda de um peso padronizado, conforme a ABNT NBR 6484
3.22
sondagem geoelétrica
termo que expressa o conceito de medição da resistividade do solo por meio de métodos geofísicos
4 Solo
4.1 Conceitos básicos
4.1.1 A constituição básica do solo envolve, além de pedregulhos e cascalho, diferentes proporções
de uma mistura de três tipos de sedimentos - areia, silte e argila, listados por ordem decrescente
de granulometria.
4.1.2 O solo, do ponto de vista da engenharia elétrica, é o meio onde as correntes elétricas podem
fluir, geralmente associadas à operação das redes de energia elétrica, ou é o meio em que é enterrado
um eletrodo de aterramento, neste caso abrangendo todo o volume desse meio eletricamente
influenciado pelo sistema de aterramento.
4.1.3 O solo tem uma estrutura heterogênea com resistividade que varia no tempo e no espaço,
vertical e horizontalmente. A faixa de resistividade dos materiais que compõem o solo é apresentada
na Tabela 1, em função da composição mineral, nível da umidade, salinidade e grau de compactação.
4.1.5 Do ponto de vista da engenharia elétrica pode-se subdividir o solo em uma estrutura básica
de três camadas, conforme exemplificado na Figura 1:
a) camada superficial – seca ou com baixo conteúdo de água (não saturado), com matéria orgânica
e resistividade média;
b) solo saturado – abaixo do nível do freático, constituído por rochas fraturadas e/ou alteradas, onde
os poros e fissuras das rochas encontram-se saturados com água e sais dissolvidos, que agem
como eletrólitos fracos, resultando em resistividades mais baixas; e
c) embasamento rochoso – camada de sedimentos muito compactados ou de rochas cristalinas não
fragmentadas, com resistividade média (no caso de rochas porosas ou fissuradas, saturadas com
água) ou elevada (no caso de rochas ígneas íntegras, como basaltos, granitos e gnaisses).
A Figura 2 apresenta curvas de variação típicas da resistividade do solo com a umidade, salinidade
e temperatura.
ρ (Ωm) ρ (Ωm)
5000 500
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1000 100
500 50
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Sal (%)
100
50
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Umidade (%)
ρ (Ωm)
5000
1000
500
100
50
a) Método – associado à fonte dos campos que são medidos – eletrorresistividade, magnetotelúrica
(MT), eletromagnética no domínio do tempo (TDEM);
b) Técnica – associada aos procedimentos e equipamentos – que na eletroresistividade podem ser
sondagens, caminhamento, e perfilagem de poços;
Todos os métodos de sondagem geoelétrica têm como produto final, após o processamento dos
parâmetros medidos, uma curva de resistividades aparentes, que não caracteriza um parâmetro
físico do meio, mas um perfil de resistividades em profundidade visto da superfície do solo, que é
dependente da estrutura geoelétrica prospectada e do arranjo de medição utilizado. Um processo
matemático, chamado de inversão, infere o modelo geoelétrico correspondente à curva medida de
resistividades aparentes do solo.
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4.2.3 As técnicas de sondagem geoelétrica para projetos de aterramento elétrico são medições
volumétricas. Abrangem grandes volumes de solo e visam a prospecção de uma média do parâmetro de
resistividade dentro deste volume, em princípio o mesmo volume visto pelos eletrodos de aterramento
a serem dimensionados. Outras técnicas, que medem por amostragem ou que medem a resistência
de um eletrodo auxiliar, não são adequadas para a modelagem de volumes de solo compatíveis
com as dimensões das malhas de aterramento típicas, que ocupam áreas de dezenas a milhares de
metros quadrados.
Projetos de aterramento que necesssitem de modelos geoelétricos mais profundos, devido à alta
resistividade do solo ou a uma malha de aterramento com mais de 20 000 m, podem ter as campanhas
geoelétricas complementadas com as técnicas eletromagnéticas apresentadas no Anexo A.
4.3.2 Os gradientes de potenciais na superfície do solo, dentro da área abrangida pelo eletrodo
ou adjacentes a ele, são função, principalmente, da estrutura geoelétrica das camadas mais rasas
do solo.
Por outro lado, a resistência do eletrodo depende não somente das camadas rasas do solo, mas
também do embasamento rochoso, cuja profundidade é dependente da geologia local. A profundidade
do solo relevante para a definição do desempenho elétrico de um eletrodo de aterramento e, portanto,
do modelo geoelétrico mais adequado, é função das dimensões do eletrodo e das resistividades das
camadas de subsuperfície.
4.3.3 O modelo geoelétrico mais simples é o unidimensional (1D), que é constituído por camadas horizontais
paralelas, sendo cada uma caracterizada pela sua espessura (e) e pelo valor de resistividade (ρ),
conforme a Figura 3. Este modelo está associado aos solos formados por processos geológicos
sedimentares.
O projeto dos eletrodos de sistemas de transmissão de alta-tensão em corrente contínua (HVDC High
Voltage Direct Current) requer a construção de modelos geoelétricos profundos, que, dependendo
da tectônica regional, podem exigir a modelagem de toda a crosta terrestre (cerca de 40 km de
profundidade). O Anexo A apresenta os princípios básicos dos métodos de sondagem geoelétrica
complementares ao método da eletrorresistividade.
e1
e2
ρ1 e3
ρ2 e4
ρ3
ρ4
a b
Figura 3 – Solo real (a) e modelo unidimensional (1D) correspondente (b), estratificado em
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5.1.1 São técnicas de sondagem geoelétrica que investigam a distribuição vertical do parâmetro de
resistividade, visto de um ponto na superfície do solo, e que são expressas pela curva de resistividades
aparentes. As técnicas elétricas são adequadas para a prospecção das camadas rasas do solo,
atingindo profundidades de até algumas dezenas de metros.
5.1.2 As SEV empregam uma fonte de tensão contínua ou de baixa frequência, e utilizam arranjos
de quatro eletrodos simétricos e alinhados, cravados no solo a pequenas profundidades. Por meio dos
dois eletrodos de corrente, circula uma corrente I no solo, e os dois eletrodos de potencial medem um
∆V no solo, por meio de um potenciômetro ou de um voltímetro de alta impedância. A resistividade
do solo é proporcional a ∆V/I, sendo o fator de proporcionalidade uma função do arranjo empregado.
A partir da relação entre a tensão medida e a corrente injetada, e de um fator k, que depende apenas
da configuração utilizada de eletrodos de medição, calcula-se a resistividade aparente (ρa), conforme
a Equação 1:
∆V
ρa = k (1)
I
onde
5.2.1 Um conjunto de leituras tomadas com diferentes espaçamentos entre eletrodos resulta em um
conjunto de valores que, quando plotados em um gráfico, dá origem à curva de resistências aparentes,
que indica a variação deste parâmetro em função do espaçamento.
A Figura 4 ilustra o arranjo genérico de eletrodos alinhados e não igualmente espaçados. A resistividade
aparente medida para este arranjo genérico de eletrodos é dada pela Equação 2.
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Legenda
O arranjo de Schlumberger constitui o caso geral dos arranjos simétricos de quatro eletrodos, onde
o espaçamento dos eletrodos de potencial (M e N) é mantido fixo, conforme ilustrado na Figura 5,
sendo deslocados apenas os eletrodos de corrente (A e B).
Legenda
Neste arranjo os quatro eletrodos são igualmente espaçados, como mostrado na Figura 6, onde A e B
são os eletrodos de corrente e a tensão é medida entre os eletrodos M e N.
A separação entre os eletrodos adjacentes é dada por a, sendo h a profundidade de cravação, que
não deve exceder 10 % de a.
Como a tensão medida nas estacas de potencial é maior que no caso do arranjo de Schlumberger,
para a mesma abertura dos eletrodos de corrente, o arranjo de Wenner proporciona uma melhor
relação sinal/ruído, o que é importante para medições em solos com resistividade mais elevada nas
camadas mais superficiais.
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a) não fazer medições sob condições atmosféricas adversas, tendo em vista a possibilidade de
ocorrência de descargas atmosféricas;
b) utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) compatíveis com o tipo e o local da medição
a ser realizada;
c) evitar que pessoas estranhas e animais aproximem-se dos equipamentos de medição;
5.3.2.1 A localização dos pontos e das direções das SEV depende da geometria da área e das
características locais, como topografia, interferências, obstáculos, espaço disponivel e alinhamentos
de medição possíveis.
A Figura 7 apresenta croquis com sugestões de linhas de medições (SEV) para diferentes áreas
retangulares, indicando o número mínimo de SEV, que devem ser uniformemente distribuídas nos dois
eixos da área a ser prospectada.
Com o aumento da área, a quantidade necessária de linhas de medição aumenta de forma quadrática,
considerando que o aumento da área é função do quadrado do raio equivalente e o semivolume
de solo prospectado aumenta com o cubo do raio equivalente.
5.3.2.2 Os aspectos a seguir devem ser observados na determinação do número de medições, como
as variações entre os resultados obtidos nas diversas linhas de medição para um mesmo afastamento
entre eletrodos:
a) quanto maior a discrepância entre os resultados, maior é a não homogeneidade do solo local e,
portanto, maior deve ser o número de linhas de medição;
b) medições ao longo das diagonais do terreno são importantes para a obtenção do maior
espaçamento possível dentro da área de interesse.
5.3.2.3 Para áreas superiores a 20 000 m2, ou se a diagonal da área for superior a 200 m, é
aconselhável a sua subdivisão em grupos de áreas menores. Se uma grande área (uma planta solar,
por exemplo) for dividida em subáreas de 20 000 m2, não é necessário obedecer ao número mínimo
de SEV em cada subárea, que podem ter a quantidade reduzida a critério do projetista, conforme
a área total da instalação.
5.3.2.4 No caso de áreas superiores a 20 000 m2, é indicada a realização de sondagens elétricas
de grande abertura e/ou a complementação das SEV com sondagens eletromagnéticas, que permitem
a prospecção de maiores profundidades, conforme o Anexo A.
NOTA Quanto maior for a movimentação de terra, maior pode ser a alteração da resistividade das
camadas superficiais do solo.
Croquis das linhas de medição (SEV) Área do terreno (m²) Número mínimo de SEV
S ≤ 1 000 2
Figura 7 – Croquis para uma campanha de sondagens geoelétricas em uma área retangular
(SEV A, B, C, D etc. – linhas de medição)
5.3.3.2 A variação da resistividade do solo ocorre apenas na camada do solo afetada pela oscilação
do freático. Abaixo da cota mais profunda do nível do freático ao longo do ano, a resistividade do
subsolo é bastante estável, não sendo influenciada pela sazonalidade das chuvas.
NOTA Solos predominantemente arenosos drenam as águas da chuva mais rapidamente do que solos
com com conteúdo argiloso. Isto significa que a composição do solo interfere na sua capacidade de retenção
de água e, por conseguinte, no efeito que as chuvas recentes podem ter na resistividade das suas camadas
mais rasas.
5.3.3.3 Deve-se evitar a realização de medições próximas a malhas de aterramento existentes, faixas
de servidão de linhas de transmissão (que podem ter contrapesos) e quaisquer outros elementos
condutores enterrados, inclusive fundações de edificações e estruturas, que possuem armaduras
metálicas.
Neste caso, deve-se afastar a linha de medição a uma distância onde as interferências sejam reduzidas
para evitar ou atenuar os efeitos da proximidade com massas metálicas enterradas.
NOTA Sugere-se um afastamento pelo menos igual a 1/3 da maior abertura dos eletrodos de corrente
previstos para a linha de medição.
5.3.3.4 Para os projetos de aterramentos de linhas de transmissão e de parques eólicos, devem ser
realizadas duas medições, em direções ortogonais, em pontos de locação de torres, não necessariamente
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em todas as torres, a serem determinadas pelo projeto, preferencialmente uma no sentido longitudinal
ao encaminhamento da linha de transmissão e a outra perpendicular.
5.3.3.5 Para o arranjo de Wenner, cada linha de medição deve abranger diferentes espaçamentos
entre eletrodos, com abertura máxima dos eletrodos de corrente que se estenda no mínimo até
a maior dimensão (diagonal) do terreno a ser ocupado pela malha.
5.3.3.6 Para as medições com arranjo de Schlumberger, deve ser monitorada a leitura dos valores
dos potenciais medidos e, ocorrendo uma leitura a níveis abaixo da sensibilidade do equipamento,
deve ser aumentado o espaçamento entre os eletrodos de potencial, com a repetição da medição sem
o deslocamento dos eletrodos de corrente.
Este procedimento resulta na segmentação da curva de resistividades aparentes, que fica subdividida
em segmentos com pequenos deslocamentos verticais, associados ao desvio estático de cada
abertura dos eletrodos de potencial.
5.3.3.7 Os eletrodos de medição devem estar sempre firmes e com boa aderência ao solo. O uso
de um par de semicélulas não polarizantes Cu/CuSO4 contribui para melhorar significativamente
a relação sinal/ruído das medições de potenciais, feitas com os eletrodos internos.
Considerar os valores medidos após a estabilização dos potenciais dos eletrodos internos, que pode
levar alguns segundos.
A superfície do solo onde as semicélulas são colocadas para a medição deve ser previamente limpa
de mato, fragmentos de rocha etc.
Solos secos, arenosos ou muito compactados podem requerer a adição de solução salina nos pontos
de colocação dos eletrodos de medição, para facilitar o contato elétrico, visando melhorar a capacidade
de injeção de corrente.
a) data;
Um croqui da área objeto da medição com a locação dos pontos e alinhamentos de medição é desejável.
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6 Modelagem geoelétrica
6.1 Obtenção da curva média de resistividades aparentes do solo
6.1.2 A segunda atividade vem a ser a filtragem dos valores extremos, os chamados outliers, que
fogem muito do padrão da maioria dos valores medidos. Se a grande maioria dos valores medidos
situar-se entre 100 Ωm e 20 000 Ωm, os valores inferiores a 100 Ωm e superiores a 20 000 Ωm podem
ser eliminados nesta filtragem preliminar. A análise do conjunto de curvas plotadas em um grafico
log-log, facilita a identificação dos valores que extrapolam a faixa típica das resistividades da área,
permitindo eliminar aqueles considerados outliers.
NOTA Alternativamente, pode-se calcular os logaritmos de todos os valores de resistividade aparente e, para cada
espaçamento, calcular a média aritmética e o desvio padrão deste conjunto de valores. Após a eliminação
dos valores que estão além da faixa de ± dois desvios-padrão, recalcular a média aritmética dos valores
remanescentes e calcular o logaritmo inverso do valor médio para cada espaçamento, que constituirá a nova
curva média de resistividades aparentes filtrada dos valores considerados outliers.
6.1.3 A terceira atividade vem a ser a obtenção de uma curva média de resistividades aparentes,
que seja representativa da estrutura geoelétrica do solo médio existente na área prospectada.
Considerando que o parâmetro de resistividade do solo possui distribuição estatística que se aproxima
da log-normal, em que os logaritmos dos valores medidos têm distribuição Gaussiana, a curva média
de resistividades aparentes pode ser obtida a partir da média geométrica dos valores de resistividade
aparente medidos para cada espaçamento.
Isto ocorre devido ao fato da média geométrica corresponder ao log inverso da média aritimética dos
logaritmos dos valores medidos, sendo que a conversão dos valores medidos para os logaritmos
correspondentes diminui o peso dos valores extremos.
Exemplo: considerando apenas duas medições, de 1 Ωm e 100 Ωm, cada uma representativa de
metade da área prospectada, se for feita a média aritmética, tem-se aproximadamente 50 Ωm; porém,
se for feita a média geométrica, tem-se 10 Ωm. Este último valor é mais representativo do solo médio,
até porque as correntes não vão se dividir igualmente entre as duas áreas, e sim vão se concentrar
na área de menor resistividade.
6.1.4 O segmento mais representativo da curva média de resistividades aparentes do solo é o trecho
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mediano.
Para espaçamentos de até 25 m entre hastes de corrente, a quantidade de valores medidos pode
não refletir a característica média do solo raso (subamostragem), especialmente quando se trata da
modelagem de grandes áreas.
onde
NOTA 1 Um solo hipoteticamente homogêneo pode ser caracterizado por uma reta.
NOTA 2 Um solo de duas camadas tem uma curva com um ponto de inflexão.
Diz-se que uma inversão feita sem qualquer informação complementar sobre a estrutura do subsolo
que se quer modelar é uma inversão cega (blind inversion). Portanto, sempre que possível, devem-se
procurar informações adicionais sobre a geologia da área prospectada, de modo a poder fazer uma
inversão sob restrição, que considere os dados adicionais à curva de resistividades aparentes e que
resulte em um modelo geoelétrico mais compatível com a estrutura do solo local.
6.3.3 Cabe destacar que a maioria dos programas de inversão existentes admite que uma ou
mais variáveis sejam impostas à solução, seja em termos de espessura ou profundidade de uma
determinada camada, ou um valor específico de resistividade para uma camada de solo, por exemplo:
a) a profundidade do freático, que marca a interface entre uma camada superficial seca e de maior
resistividade e uma camada inferior, saturada de água e com resistividade mais baixa;
b) o impenetrável, medido por uma ou mais sondagens SPT, caracterizando a camada de solo mais
compacta, onde espera-se que a resistividade tenda a aumentar, devido à redução do volume
e da comunicabilidade dos poros das rochas que contêm água.
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6.3.4 Para se obter uma inversão que seja mais representativa da geologia local, pode-se recorrer
a informações diretas sobre a estrutura do subsolo.
a) perfuração e perfilagem de um ou mais poços, dependendo da dimensão da área que se quer
modelar, que fornecem informações diretas do parâmetro de resistividade e que efetivamente
contribui para uma melhor modelagem das camadas de solo mais rasas da área prospectada;
b) sondagens SPT, tipo de prospecção do solo usualmente adotado pelos engenheiros civis para
sondar as diferentes camadas rasas de solo, que podem fornecer a profundidade do freático
e da camada do solo dita impenetrável;
c) camadas das formações geológicas existentes na área, que podem ser obtidas de literatura
técnica publicada sobre a geologia da região ou por outros meios.
Anexo A
(informativo)
O método conhecido como Time Domain Electromagnetic (TDEM) utiliza pulsos de corrente injetados
em uma bobina disposta sobre o solo, que produz um campo magnético transitório primário que,
quando induzido no solo, obtêm-se como resposta um campo secundário de excitação do solo,
que pode ser captado por outra bobina. É uma técnica que permite a prospecção de subsuperfície
a profundidades da ordem de até 1 km.
O método magnetotelúrico (AMT e MT) baseia-se no registro de séries temporais de campos elétricos
e magnéticos naturais, medidos na superfície do solo, que são campos secundários produzidos pela
crosta terrestre em resposta a ondas eletromagnéticas que nele incidem, irradiadas por fenômenos
atmosféricos e ionosféricos. Estes campos primários incidem na superfície do solo sob a forma de
ondas planas e penetram na crosta terrestre em um processo difusivo (com atenuação).
Após o processamento das séries temporais medidas no campo, são obtidos dois pares de curvas
associadas a direções ortogonais, que caracterizam a bidimensionalidade do modelo geoelétrico
AMT/MT (2D). Cada par inclui uma curva de resistividades aparentes, em Ohms.metro (Ωm), e uma
curva de fases, em graus, ambas em função do período das frequências consideradas. Frequências
elevadas, estão associadas a uma penetração mais rasa no solo, enquanto que frequências baixas
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A metodologia da perfilagem de poços utiliza sondas que descem dentro de poços perfurados até
a profundidade de interesse e que fazem a medição utilizando técnicas elétricas ou eletromagnéticas.
Esta técnica aplica-se, também, à prospecção do solo em áreas edificadas, onde não existe espaço
livre para a aplicação das técnicas convencionais de medição de resistividade do solo (sondagem
geoelétrica).
Anexo B
(informativo)
a) Terrômetro – Utilizado pelos profissionais da área elétrica com o arranjo de Wenner, para projetos
de aterramentos elétricos.
c) Equipamentos que operam com muita baixa frequência (VLF), abaixo dos 15 Hz ou quase DC
(até décimos de hertz), que é um recurso que permite minimizar erros em locais que apresentem
baixa relação sinal/ruído nos eletrodos de potencial.
Os terrômetros e os resistivímetros são compostos, basicamente, por uma fonte de tensão (contínua ou
alternada), um amperímetro e um galvanômetro ou voltímetro, sendo que o mostrador do equipamento
pode ser calibrado para fornecer a relação entre a tensão e a corrente medidos, que tem dimensão
de uma resistência aparente. Os equipamentos possuem quatro bornes, que são interligados a quatro
eletrodos cravados na superfície do solo, sendo dois de corrente e dois de potencial.
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O equipamento opera com correntes alternadas e, de modo a garantir segurança para os operadores, tem:
Estas restrições de segurança limitam a utilização do terrômetro a áreas não muito grandes (com uma
diagonal máxima de 200 m) e a solos de resistividade não muito alta (geralmente inferior a 10 000 Ωm).
Por operarem com corrente alternada e terem baixa potência, têm volume menor e peso mais reduzido
do que os resistivímetros.
Os terrômetros, de maneira geral, apresentam um aumento dos erros de medição a partir de 100 m
de afastamento entre os eletrodos de corrente, em função da diminuição da relação sinal/ruído,
que ocorre para os espaçamentos maiores de medição. Este erro, em geral, resulta em leituras de
resistividade aparente mais elevadas do que os valores reais.
São equipamentos de potência mais elevada do que os terrômetros, não estando sujeitos às restrições
de segurança da IEC 61557-5, admitindo:
A maior potência viabiliza a medição de potenciais (∆V) mais elevados, proporcionando melhor relação
sinal/ruído e, portanto, medições de melhor precisão, especialmente para as maiores aberturas de
eletrodos de corrente e/ou em solos de mais alta resistividade.
Este tipo de recurso auxilia no controle da qualidade dos parâmetros medidos e permite que sejam
tomadas medidas para melhorar a injeção de corrente, como relocação dos eletrodos de corrente e
adição de solução salina nos locais de cravamento. Os terrômetros não costumam dar acesso a este
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tipo de informação.
a) opera com corrente contínua, que penetra mais profundamente no solo do que a corrente alternada,
evitando o efeito pelicular e assim permitindo a prospecção de camadas mais profundas do solo;
b) tem potência mais elevada (mais de 100 vezes), viabilizando a injeção de correntes de medição
bem mais altas, que resultam em valores medidos de ∆V mais elevados, assim apresentando
melhor relação sinal/ruído;
c) a melhor relação sinal/ruído viabiliza medições de melhor precisão, especialmente para as
maiores aberturas de eletrodos de corrente e para solos de resistividade mais elevada (acima de
1 000 Ωm).
As resistências de aterramento dos eletrodos de medição são representadas por R1, R2, R3 e R4.
Ri representa a resistência aparente calculada entre os eletrodos de potencial.
a) os bornes externos (E) e (H) são interligados aos eletrodos de corrente, cujo valor é medido pelo
circuito de corrente do instrumento;
b) os bornes internos (ES) e (S) são ligados aos eletrodos de potencial, cujo circuito mede a diferença
de tensão produzida no solo;
c) a divisão da diferença de potencial medida entre os eletrodos S e ES pela corrente injetada pelos
eletrodos H e E resulta no valor de resistência aparente lido no mostrador do equipamento.
A Figura B.2 ilustra um equipamento que indica o valor de resistência aparente Ri = 120 Ω. Para se obter
o valor da resistividade aparente do solo, utiliza-se usualmente a forma simplificada da Equação A.1:
ρ = 2π × a × R i (A.1)
onde
Existem terrômetros que permitem introduzir o valor de espaçamento a entre eletrodos, e o resultado
da resistividade aparente ρ é apresentado diretamente no painel do equipamento.
A aplicação do resistivímetro é similar à do terrômetro, apenas com a diferença de que este último
geralmente tem mais potência e mais recursos, conforme apresentado em B.2.
Figura B.1 – Esquema elétrico simplificado de um terrômetro e do circuito visto por ele no
solo, para uma SEV com arranjo de Wenner
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Bibliografia
[4] ABNT NBR 15749, Medição de resistência de aterramento e de potenciais na superfície do solo
em sistemas de aterramento
[5] IEC 61010-1, Safety requirements for electrical equipment for measurement, control, and
laboratory use – Part 1: General requirements.
[6] IEC 61557-1, Electrical safety in low voltage distribution system up to 1.000 Vac and 1.500 Vdc –
Equipment for testing, measuring or monitoring of protective measures – Pat 1: General requirements
[7] IEC 61557-5, Electrical safety in low voltage distribution system up to 1.000 Vac and 1.500 Vdc –
Equipment for testing, measuring or monitoring of protective measures – Part 5: Resistance to earth
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