Curso de Umbanda 01 - O QUE E UMBANDA
Curso de Umbanda 01 - O QUE E UMBANDA
Curso de Umbanda 01 - O QUE E UMBANDA
de Umbanda
AULA 1 – O QUE É UMBANDA
SURGIMENTO DA UMBANDA
A umbanda é uma religião sincrética surgida no Brasil, da mistura da mitologia africana, que
cultua os orixás, do catolicismo, das crenças indígenas aos espíritos da natureza e do espiritismo
kardecista. Ela surgiu em 15 de novembro de 1908, no Rio de Janeiro, por meio do médium Zélio
Fernandino de Moraes, que teria começado a apresentar um comportamento estranho quando
estava prestes a entrar para a Marinha. Sua família, sem entender o ocorrido, procurou ajuda
médica, até que levaram o jovem à Federação Espírita Brasileira, que identificou em Zélio
sintomas de incorporação.
O jovem médium havia supostamente incorporado um espírito que se denominava Caboclo das
Sete Encruzilhadas. Conta Ademir Barbosa Júnior, um estudioso da umbanda, que o suposto
espírito disse ter sido um padre em Lisboa acusado de bruxaria e morto na fogueira pelo Tribunal
da Santa Inquisição de Lisboa em 1761. Após o ocorrido, ele teria reencarnado no Brasil como
um caboclo. O espírito teria anunciado a fundação de uma nova religião, a umbanda.
A umbanda mantém a crença nos orixás como energias da natureza. Do espiritismo kardecista,
agregou conceitos como a mediunidade e a incorporação/aparelhamento de espíritos. A energia
dos orixás é aproximada pelo contato com as entidades, que são espíritos mais experientes e que
fazem os chamados trabalhos (parte do ritual umbandista) nos terreiros.
A Umbanda assim como todas as religiões têm as pessoas boas e corretas que fazem o certo, e
praticam o bem, mas sempre há pessoas de má índole, má intencionadas que faz mal uso das
forças da natureza. Para a Umbanda não existe céu e inferno, existe a reencarnação do espírito
(de acordo com seus merecimentos e processo evolutivo), espíritos ruins (pessoas más) ficam em
campos vibracionais negativos (zonas umbralinas) até encontrarem o seu perdão.
O primeiro negro (Preto Velho) a se manifestar em Zélio de Moraes foi o preto velho Pai Antônio,
e ao chegar foi oferecido a ele um toco para sentar-se, o mesmo recusou, dizendo que aquilo é
coisa de homem branco, que o preto ficaria ali no cantinho dele. Logo em seguida perguntaram
para ele do que ele sentia falta, da época que viveu em terra, (pergunta essa, que pode ser
estranho, visto que ele viveu na escravidão), porém ele com todo carinho, respondeu, “minha
cachimba, negro deixou no toco”, “manda muleque buscar”. Foi uma comoção no momento, pois
pela primeira vez, foi manifestada o que é o exemplo de Humildade de um Preto Velho.
VERTENTES DA UMBANDA
As Umbandas dentro da Umbanda
Fonte: https://registrosdeumbanda.wordpress.com/as-umbandas-dentro-da-umbanda/
Após pouco mais de 100 anos de fundação da Umbanda pelo Caboclo das Sete Encruzilhadas,
essa religião cresceu e se diversificou, dando origem a diferentes vertentes que têm a mesma
essência por base: a manifestação dos espíritos para a caridade.
Embora essa classificação não seja fruto de um consenso entre os umbandistas e nem é adotada
por outros estudiosos da religião), a mesma revela-se uma forma útil de condensar as diferentes
práticas existentes, possibilitando um melhor estudo das mesmas.
Umbanda Kardecista
Outros nomes: É também conhecida como: Umbanda de Mesa Branca; Umbanda Branca; e
Umbanda de Caritas.
Origem: É a vertente com forte influência do Espiritismo, geralmente praticada em centros
espíritas que passaram a desenvolver giras de Umbanda junto com as sessões espíritas
tradicionais. É uma das mais antigas vertentes, porém não existe registro da data e do local inicial
em que começou a ser praticada.
Foco de divulgação: Não existe um foco principal de divulgação dessa vertente na atualidade.
Orixás: Nesta vertente não existe o culto aos Orixás nem aos santos católicos.
Linhas de trabalho: Nesta vertente não é utilizada essa forma de agrupar as entidades.
Entidades: Os trabalhos de Umbanda são realizados apenas por Caboclos(as), Pretos(as)
Velhos(as) e, mais raramente, Crianças.
Ritualística: A roupa branca é a única vestimenta usada pelos médiuns durante as giras e não são
encontrados o uso de guias, imagens, fumo, defumadores, velas, bebidas e atabaques.
Livros doutrinários: Esta vertente usa os seguintes livros como principais fontes doutrinárias: “O
livro dos espíritos”; “O livro dos médiuns”; “O evangelho segundo o Espiritismo”; “O céu e o
inferno”; e “A gênese”.
Umbanda Popular
Outros nomes: É também conhecida como: Umbanda Cruzada; e Umbanda Mística.
Origem: É uma das mais antigas vertentes, fruto da umbandização de antigas casas de
Macumbas, porém não existe registro da data e do local inicial em que começou a ser praticada.
É a vertente mais aberta a novidades, podendo ser comparada, guardada as devidas proporções,
com o que alguns estudiosos da religião identificam como uma característica própria da
religiosidade das grandes cidades do mundo ocidental na atualidade, onde os indivíduos
escolhem, como se estivessem em um supermercado, e adotam as práticas místicas e religiosas
que mais lhe convêm, podendo, inclusive, associar aquelas de duas ou mais religiões.
Foco de divulgação: Não existe um foco principal de divulgação dessa vertente na atualidade,
uma vez que não existe uma doutrina comum em seu interior. Entretanto, é a vertente mais
difundida em todo o país.
Umbanda Omolocô
Outros nomes: É também conhecida como Umbanda Traçada.
Origem: É fruto da umbandização de antigas casas de Omolocô, porém não existe registro da
data e do local inicial em que começou a ser praticada. Começou a sernfundamentada pelo
médium Tancredo da Silva Pinto (10/08/1904 – 01/09/1979) em 1950, no Rio de Janeiro, RJ.
Foco de divulgação: Os principais focos de divulgação dessa vertente são: os nove livros escritos
por Tancredo da Silva Pinto; as tendas criadas por seus iniciados; e o livro “Umbanda Omolocô”,
escrito por Caio de Omulu.
Orixás: Nesta vertente encontra-se um forte sincretismo dos Orixás com os santos católicos,
sendo que aqueles estão vinculados às tradições africanas, principalmente as do Omolocô.
Considera a existência de nove Orixás: Oxalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Obaluaiê, Iemanjá, Oxum,
Iansã e Nanã.
Umbandomblé
Outros nomes: É também conhecida como Umbanda Traçada.
Origem: É fruto da umbandização de antigas casas de Candomblé, notadamente as de
Candomblé de Caboclo, porém não existe registro da data e do local inicial em que começou a
ser praticada. Em alguns casos, o mesmo pai-de-santo (ou mãe-de-santo) celebra tanto as giras
de Umbanda quanto o culto do Candomblé, porém em sessões diferenciadas por dias e horários.
Foco de divulgação: Não existe um foco principal de divulgação dessa vertente na atualidade.
Orixás: Nesta vertente existe um culto mínimo aos santos católicos e os Orixás são fortemente
vinculados às tradições africanas, principalmente as da nação Ketu, podendo inclusive ocorrer a
presença de outras entidades no panteão que não são encontrados nas demais vertentes da
Umbanda (Oxalufã, Oxaguiã, Ossain, Obá, Ewá, Logun-Edé, Oxumaré).
Linhas de trabalho: Considera como linha de trabalho cada tipo de entidade: de Caboclos(as), de
Pretos(as)-Velhos(as), de Crianças, de Baianos, etc.
Entidades: Os trabalhos são realizados por diversas entidades: Falangeiros de Orixá,
Caboclos(as), Pretos(as)-Velhos(as), Crianças, Boiadeiros, Baianos(as), Marinheiros, Sereias,
Ciganos(as), Exus, Pombagiras e Malandros(as).
Ritualística: Embora a roupa branca seja a vestimenta principal dos médiuns, essa vertente aceita
o uso de roupas de outras cores pelas entidades, bem como o uso de complementos (tais como
capas e cocares) e de instrumentais próprios (espada, machado, arco, lança, etc.). Nela encontra-
se o uso de guias, imagens dos Orixás na representação africana, fumo, defumadores, velas,
bebidas e atabaques nos trabalhos. Nesta vertente também são utilizadas algumas cerimônias
de iniciação e avanço de grau semelhantes à forma como são realizadas nos Candomblés,
incluindo o sacrifício de animais, podendo ser encontrado, também, curimbas cantadas em
línguas africanas (banto ou iorubá).
Livros doutrinários: Esta vertente não possui um livro específico como fonte doutrinária.
Aumbhandã
Outros nomes: É também conhecida como: Umbanda Esotérica; Aumbhandan; Conjunto de Leis
Divinas; Senhora da Luz Velada; e Umbanda de Pai Guiné.
Origem: É a vertente fundamentada por Pai Guiné de Angola através do seu médium Woodrow
Wilson da Matta e Silva, também conhecido com mestre Yapacani (28/06/1917 – 17/04/1988),
surgida no Rio de Janeiro, RJ, em 1956, com a publicação do livro “Umbanda de todos nós”. Sua
doutrina é fortemente influenciada pela Teosofia, pela Astrologia, pela Cabala e por outras
escolas ocultistas mundiais e baseada no instrumento esotérico conhecido como Arqueômetro,
criado por Saint Yves D’Alveydre e com o qual se acredita ser possível conhecer uma linguagem
oculta universal que relaciona os símbolos astrológicos, as combinações numerológicas, as
relações da cabala e o uso das cores.
Foco de divulgação: Os principais focos de divulgação dessa vertente são: os nove livros escritos
por Matta e Silva; e as tendas e ordens criadas por seus discípulos.
Orixás: Nesta vertente não existe o culto aos santos católicos e os Orixás foram reinterpretados
de maneira totalmente distinta das tradições africanas, não havendo nenhuma vinculação dos
mesmos com elas. Considera a existência de sete Orixás: Orixalá, Ogum, Oxóssi, Xangô, Yemanjá,
Yori, Yorimá, sendo que dois deles não existem nas tradições africanas (Yori e Yorimá).
Umbanda Guaracyana
Outros nomes: Não possui.
Origem: É a vertente fundamentada pelo Caboclo Guaracy através do seu médium Sebastião
Gomes de Souza (1950 – ), mais conhecido como Carlos Buby, surgida em São Paulo, SP, em
02/08/1973, com a fundação da Templo Guaracy do Brasil.
Foco de divulgação: Os principais focos de divulgação dessa vertente são os Templos Guaracys
do Brasil e do Exterior.
Orixás: Nesta vertente não existe o culto aos santos católicos e os Orixás foram reinterpretados
em relação às tradições africanas, havendo, entretanto, uma ligação dos mesmos com elas.
Considera a existência de dezesseis Orixás, divididos em quatro grupos, relacionados aos quatro
elementos e aos quatro pontos cardeais: Fogo/Sul (Elegbara, Ogum, Oxumarê, Xangô),
Terra/Oeste (Obaluaiê, Oxóssi, Ossãe, Obá), Norte/Água (Nanã, Oxum, Iemanjá, Ewá) e Leste/Ar
(Iansã, Tempo, Ifá e Oxalá).
Linhas de trabalho: Considera como linha de trabalho cada tipo de entidade: de Caboclos(as), de
Pretos(as)-Velhos(as), de Crianças, de Baianos, etc.
Entidades: Os trabalhos são realizados por diversas entidades: Caboclos(as), Pretos(as)-
Velhos(as), Crianças, Boiadeiros, Baianos(as), Marinheiros, Ciganos(as), Exus e Pombagiras.
Ritualística: Roupas coloridas (na cor do Orixá) são a vestimenta usada pelos médiuns durante
as giras e encontra-se o uso de guias, fumo, defumadores, velas e atabaques nos trabalhos,
porém não são utilizadas imagens e bebidas nas cerimônias.
Livros doutrinários: Esta vertente não possui um livro específico como fonte doutrinária.
Aumpram
Outros nomes: É também conhecida como: Aumbandhã; e Umbanda Esotérica.
Origem: É a vertente fundamentada por Pai Tomé (também chamado Babajiananda) através do
seu médium, Roger Feraudy (1923 – 22/03/2006), surgida no Rio de Janeiro, RJ, em 1986, com a
publicação do livro “Umbanda, essa desconhecida”. Esta vertente é uma derivação da
Aumbhandã, das quais foi se distanciando ao adotar os trabalhos de apometria e ao desenvolver
a sua doutrina da origem da Umbanda: considera que esta religião surgiu a 700.000 anos em dois
continentes míticos perdidos, Lemúria e Atlântida, que teriam afundado no oceano em um
Ombhandhum
Outros nomes: É também conhecida como: Umbanda Iniciática; Umbanda de Síntese; e Proto-
Síntese Cósmica.
Origem: É a vertente fundamentada pelo médium Francisco Rivas Neto (1950 – ), mais conhecido
como Arhapiagha, surgida em São Paulo, SP, em 1989, com a publicação do livro “Umbanda: a
proto-síntese cósmica”. Esta vertente começou como uma derivação da Umbanda Esotérica,
porém aos poucos foi se distanciando cada vez mais dela, conforme ia desenvolvendo sua
doutrina conhecida como movimento de convergência, que busca um ponto de convergência
entre as várias vertentes umbandistas. Nela existe uma grande influência oriental,
principalmente em termos de mantras indianos e utilização do sânscrito, e há a crença de que a
Umbanda é originária de dois continentes míticos perdidos, Lemúria e Atlântida, que teriam
afundado no oceano em um cataclismo planetário.
Foco de divulgação: Os principais focos de divulgação dessa vertente são: o livro “Umbanda: a
proto-síntese cósmica”; a Faculdade de Teologia Umbandista, fundada em 2003; o Conselho
Nacional da Umbanda do Brasil, fundado em 2005; e as tendas e ordens criadas pelos discípulos
de Rivas Neto.
Umbanda Sagrada
Outros nomes: Não possui.
Origem: É a vertente fundamentada por Pai Benedito de Aruanda e pelo Ogum Sete Espadas da
Lei e da Vida, através do seu médium Rubens Saraceni (1951 – ), surgida em São Paulo, SP, em
1996, com a criação do Curso de Teologia de Umbanda. Sua doutrina procura ser totalmente
independente das doutrinas africanistas, espíritas, católicas e esotéricas, pois considera que a
Umbanda possui fundamentos próprios e independentes dessas tradições, embora reconheça a
influências das mesmas na religião.
Foco de divulgação: Os principais focos de divulgação dessa vertente são: o Colégio de Umbanda
Sagrada Pai Benedito de Aruanda, fundado em 1999; o Instituto Cultural Colégio Tradição de
Magia Divina, fundado em 2001; a Associação Umbandista e Espiritualista do Estado de São
Paulo, fundada em 2004; os livros escritos por Rubens Saraceni; o Jornal de Umbanda Sagrada
editado por Alexandre Cumino; o programa radiofônico Magia da Vida; e os colégios e tendas
criadas por seus discípulos.
Orixás: Nesta vertente os adeptos podem realizar o culto aos santos católicos da maneira que
melhor lhes convier e os Orixás são entendidos como manifestações de Deus que ocorreram
sobre diferentes nomes em diferentes épocas, sendo reinterpretados de maneira totalmente
Umbanda de Caboclo
É uma variação de Umbanda onde prevalece a presença do Caboclo, acreditando que a Umbanda
é, antes de mais nada, a prática dos índios brasileiros. Decelso escreveu o título Umbanda de
Caboclo para explicar esta forma de Umbanda.
Umbanda de Jurema
Forma combinada com o Catimbó Nordestino. Seu principal fundamento é o uso da Jurema
Sagrada, como bebida e, também, misturada no fumo.