2 O Que É Umbanda 2
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Curso de Umbanda
O QUE É A UMBANDA
Verbete: umbanda
[Do quimb. umbanda, 'magia'.] S. m.
1. Bras. Forma cultual originada da assimilação de elementos religiosos afro-brasileiros pelo
espiritismo brasileiro urbano; magia branca.
2. Bras., RJ. Folcl. Grão-sacerdote que invoca os espíritos e dirige as cerimônias de macumba.
[Var.: embanda.]
UMBANDA é religião!
Se dentro da Umbanda conseguimos nos religar com Deus, conseguimos tirar o véu que cobre
nossa ignorância da presença de Deus em nosso íntimo, então podemos chamar nossa fé de
Religião. Como mais uma das formas de sentir Deus em nossa vida, a Umbanda cumpre a função
religiosa se nos levar à reflexão sobre nossos atos, sobre a urgência de reformularmos nosso
comportamento aproximando-o da prática do Amor de Deus. A Umbanda é uma religião
lindíssima, e de grande fundamento, baseada no culto aos Orixás e seus servidores: Crianças,
Caboclos, Preto-velhos e Exus. Estes grupos de espíritos estão na Umbanda "organizados" em
linhas: Caboclos, Preto-velhos, Crianças e Exus. Cada uma delas com funções, características e
formas de trabalhar bem específicas, mas todas subordinadas as forças da natureza que os
regem, os ORIXÁS. Na verdade, a Umbanda é bela exatamente pelo fato de ser mista como os
brasileiros, por isso é uma religião totalmente brasileira. Mas, torna-se imperioso, antes de
ocuparmo-nos da Anunciação da Umbanda no plano físico sob a forma de religião, expor
sinteticamente um histórico sobre os precedentes religiosos e culturais que precipitaram o
surgimento, na 1ª década do século XX, da mesma. Em 1500, quando os portugueses avistaram
o que para eles eram as Índias, em realidade Brasil, ao desembarcarem depararam-se com uma
terra de belezas deslumbrantes, e já habitada por nativos. Os lusitanos, por imaginarem estar
nas Índias, denominaram a estes aborígines de índios. Os primeiros contatos entre os dois povos
foram, na sua maioria, amistosos, pois os nativos identificaram-se com alguns símbolos que os
estrangeiros apresentavam. Porém, o tempo e a convivência se encarregaram em mostrar aos
habitantes de Pindorama (nome indígena do Brasil) que os homens brancos estavam ali por
motivos pouco nobres. O relacionamento, até então pacífico, começa a se desmoronar como
um castelo de areia. São inescrupulosamente escravizados e forçados a trabalhar na novel
lavoura. Reagem, resistem, e muitos são ceifados de suas vidas em nome da liberdade. Mais
tarde, o escravizador faz desembarcar na Bahia os primeiros negros escravos que, sob a égide
do chicote, são despejados também na lavoura. Como os índios, sofreram toda espécie de
castigos físicos e morais, e até a subtração da própria vida. Desta forma, índios e negros, unidos
pela dor, pelo sofrimento e pela ânsia de liberdade, desencarnavam e encarnavam nas Terras
de Santa Cruz. Ora laborando no plano astral, ora como encarnados, estes espíritos lutavam
incessantemente para humanizar o coração do homem branco, e fazer com que seus irmãos de
raça se livrassem do rancor, do ódio, e do sofrimento que lhes eram infligidos. Além disso,
muitas das crianças índias e negras, eram mortas, quando meninas (por não servirem para o
trabalho pesado), quando doentes, através de torturas quando aprontavam suas “artes” e com
isso perturbavam algum senhor. Algumas crianças brancas, acabavam sendo mortas também,
vítimas da revolta de alguns índios e negros. Juntando-se então os espíritos infantis, os dos
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negros e dos índios, acabaram formando o que hoje, chamamos de: Trilogia Carmática da
Umbanda. Assim, hoje vemos esses espíritos trabalhando para reconduzir os algozes de outrora
ao caminho de Deus. A igreja católica, preocupada com a expansão de seu domínio religioso,
investiu covardemente para eliminar as religiosidades negra e índia. Muitas comitivas
sacerdotais são enviadas, com o intuito "nobre" de "salvar" a alma dos nativos e dos africanos.
A necessidade de preservar a cultura e a religiosidade, fez com que os negros associassem as
imagens dos santos católicos aos seus Orixás, como forma de burlar a opressão religiosa sofrida
naquela época, e assim continuar a praticar e difundir o culto as forças da natureza, a esta
associação, deu-se o nome de "Sincretismo religioso". O candomblé iorubá, ou jeje-nagô, como
costuma ser designado, congregou, desde o início, aspectos culturais originários de diferentes
cidades iorubanas, originando-se aqui diferentes ritos, ou nações de candomblé, predominando
em cada nação tradições da cidades ou região que acabou lhe emprestando o nome: Ketu, ijexá,
efã. Esse candomblé baiano, que proliferou por todo o Brasil, tem sua contrapartida em
Pernambuco, onde é denominado xangô, sendo a nação Egba sua principal manifestação, e no
Rio Grande do Sul, onde é chamado batuque, com sua nação Oyó-ijexá (Prandi, 1991). Outra
variante ioruba, está fortemente influenciada pela religião dos voduns daomeanos, é o tambor-
de-mina nagô do Maranhão. Além dos candomblés iorubas, há os de origem banto,
especialmente os denominados candomblés angola e congo, e aqueles de origem
marcadamente fum, como o jeje-mahim baiano e o jeje-daomeano do tambor-de-mina
maranhense. Os anos sucedem-se. Em 1889 é assinada a "lei áurea". O quadro social dos ex-
escravos é de total miséria. São abandonados à própria sorte, sem um programa governamental
de inserção social. Na parte religiosa seus cultos são quase que direcionados ao mal, a vingança
e a desgraça do homem branco, reflexo do período escravocrata. No campo astral, os espíritos
que tinham tido encarnação como índios, caboclos (mamelucos), cafuzos e negros, não tinham
campo de atuação nos agrupamentos religiosos existentes. O catolicismo, religião de
predominância, repudiava a comunicação com os mortos, e o espiritismo (kardecismo) estava
preocupado apenas em reverenciar e aceitar como nobres as comunicações de espíritos com o
rótulo de "doutores". Os Senhores da Luz (Orixás), atentos ao cenário existente, por ordens
diretas do Cristo Planetário (Jesus) estruturaram aquela que seria uma Corrente Astral aberta a
todos os espíritos de boa vontade, que quisessem praticar a caridade, independentemente das
origens terrenas de suas encarnações, e que pudessem dar um freio ao radicalismo religioso
existente no Brasil. Começa a se plasmar, sob a forma de religião, a Corrente Astral de Umbanda,
com sua hierarquia, bases, funções, atributos e finalidades. Enquanto isto, no plano terreno
surge, no ano de 1904, o livro Religiões do Rio, elaborado por "João do Rio", pseudônimo de
Paulo Barreto, membro emérito da Academia Brasileira de Letras. No livro, o autor faz um
estudo sério e inequívoco das religiões e seitas existentes no Rio de Janeiro, àquela época,
capital federal e centro socio-político-cultural do Brasil. O escritor, no intuito de levar ao
conhecimento da sociedade os vários segmentos de religiosidade que se desenvolviam no então
Distrito Federal, percorreu igrejas, templos, terreiros de bruxaria, macumbas cariocas,
sinagogas, entrevistando pessoas e testemunhando fatos. Não obstante tal obra ter sido
pautada em profunda pesquisa, em nenhuma página desta respeitosa edição cita-se o vocábulo
Umbanda, pois tal terminologia era desconhecida. A formação histórica do Brasil incorporou a
herança de três culturas: a africana, a indígena e a europeia. Este processo foi marcado por
violências de todo o tipo, particularmente do colonizador em relação aos demais. A perseguição
se deveu a preconceitos e a crença da elite brasileira numa suposta alienação provocada por
estes cultos nas classes populares. No início do século XX, o choque entre a cultura europeizada
das elites e a cultura das classes populares urbanas, provocou o surgimento de duas tendências
religiosas na cidade do Rio de Janeiro. Na elite branca e na classe média vigorava o catolicismo;
nos pobres das cidades (negros, brancos e mestiços) era grande a presença de rituais originários
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da África que, por força de sua natureza e das perseguições policiais, possuíam um caráter
reservado. Na segunda metade deste século, os cultos de origem africana passaram a ser
frequentados por brancos e mulatos oriundos da classe média e algumas pessoas da própria
elite. Isto contribuiu, sem dúvida, para o caráter aberto e legal que estes cultos vêm adquirindo
nos últimos anos. Esta mistura de raças e culturas foi responsável por um forte sincretismo
religioso, unificando mitologias a partir de semelhanças existentes entre santos católicos e
orixás africanos, dando origem ao Umbandismo. Ao contrário do Candomblé, a Umbanda possui
grande flexibilidade ritual e doutrinária, o que a torna capaz de adotar novos elementos. Assim
o elemento negro trouxe o africanismo (nações); os índios trouxeram os elementos da
pajelança; os europeus trouxeram o Cristianismo e o Kardecismo; e, posteriormente, os povos
orientais acrescentaram um pouco de sua ritualística à Umbanda. Essas cinco fontes criaram o
pentagrama umbandista:
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Ritual
A Umbanda não tem, infelizmente, um órgão centralizador, que a nível nacional ou estadual,
dite normas e conceitos sobre a religião ou possa coibir os abusos. Por isso cada terreiro segue
um ritual próprio, ditado pelo guia chefe do terreiro, o que faz a diferenciação de ritual entre
uma casa e outra. Entretanto, a base de todo terreiro tem que seguir o princípio básico do bom
senso, da honestidade e do desinteresse material, além de pregar, é claro, o ritual básico
transmitido através dos anos pelos praticantes. O mais importante, seria que todos pudessem
encontrar em suas diferenças de culto, o que seria o elo mais importante e a ele se unissem.
Tal elo é a Caridade! Não importa se o atabaque toca, ou se o ritmo é de palmas, nem mesmo
se não há som. O que importa é a honestidade e o amor com que nós entregamos a nossa
religião.
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OS 7 MANDAMENTOS DA UMBANDA
Alguém se lembra?
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PRIMEIRO
Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti...
A pior coisa que existe é um médium que reclama de todos...
Mas não faz a sua parte dentro de um terreiro de Umbanda!
O verdadeiro Umbandista é aquele que vigia o que fala...
E principalmente se é coerente com que prega!
Não adianta falar uma coisa e fazer outra!
SEGUNDO
TERCEIRO
QUARTO
QUINTO
SEXTO
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O médium deve saber que este dom vem junto com o sacrificio!
Nada vem de graça!
Tudo depende de muito trabalho, dedicação e fé!
Trabalhamos para evoluir e praticar a caridade, sem esperar nada em troca!
Mas tenha a certeza, por experiência própria, que se fizer com amor e humildade...
Certamente irá ser valorizado pelo plano espiritual...
Não que isso seja relacionado com algo material...
Mas pela satisfação de saber que contribuiu para que outros superassem suas dificuldades!
SÉTIMO
AS 7 Forças do Médium
O Amor
É O Supremo Incriador, o Poder Absoluto que gerou a natureza e todas as outras coisas. É a
força eterna, fonte do tudo e do nada. O amor é a base de tudo, envolve a estrutura de todos
os fatos no desenvolvimento.
A Piedade
É o sentimento de devoção e de dar auxílio, ajudar, compadecer do sentimento alheio.
Bondade para com o próximo, que causa para o médium um bem-estar no ato. É a força doada
pelo Criador do Céu e da Terra, exemplificada na criação do Universo astral, como segunda via
de evolução para voltar ás origens.
A Humildade
É o sentimento de simplicidade nas expressões a si mesmo; submissão á força superior;
conhecimento de sua razão e respeito á do outro. Pedir com devoção conhecendo o seu valor
e o da fonte superior. Conhecer o seu lugar, o seu eu, a sua missão, para seguir o seu caminho
com resignação.
A Fé
É o sentimento da crença, do credito, do valor recebido, a confiança, a graça alcançada vinda
de "cima", das forças superiores. É também, complemento da força da humildade.
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A Firmeza
Esta é a força adquirida pela sabedoria. O equilíbrio de forças adquirido através da pesquisa,
do interesse, na busca dos conhecimentos das Leis Sagradas. Conhecendo estas Leis, terá
forças para saber como agir e porque agir. É saber pagar o que deve, para receber o que
merece.
A Segurança
Forca adquirida pelo conhecimento da origem das coisas. Só se sente seguro em determinado
lugar quem conhece profundamente este lugar. Quando estamos numa ponte, só nos
sentimos seguros quando vemos as suas estruturas, suas bases, o material de que é feita,
quem a fez e com que finalidade. Conhecendo a origem da ponte, então nos sentimos seguros.
E nós, o que somos? Como nos sentimos seguros de nós mesmos sem conhecer a nossa
origem!
A Força
É o conhecimento dos rituais e da magia. A força do médium depende de seus conhecimentos
da mística espiritual. Estes conhecimentos são adquiridos á medida que são merecidos e dados
ou autorizados pelo Pai de Coroa (guia de frente), seja ele de uma banda ou de outra. Se o
médium conhece as Leis Sagradas, ele sabe a que caminho leva uma banda ou outra, se está
na banda de Luz (quem conhece a Luz, também conhece as trevas e por isso prefere a Luz), seu
caminho será conduzido pela Luz. Se a força do médium é adquirida pelas trevas (quem vive
nas trevas é porque não conhece a Luz), seu caminho será conduzido pelas trevas. O símbolo
da força de um médium é o próprio ponto de força de seu Pai de Coroa.
Preceitos são orientações importantes para nortear e conectar o fiel numa dinâmica mais
profunda com sua espiritualidade. Muitas vezes pode parecer até purgativo e quanto mais difícil
parecer um preceito, mais eficácia reflexiva ele oferece ao fiel. Pois, a proibição daquilo que lhe
é rotineiro em função de algo maior, faz-lhe refletir sobre a diferença entre o Sagrado e o
Profano, sobre sua capacidade de dedicação e comprometimento, sobre a sua disponibilidade
em ser mais eficiente e mesmo sobre a real importância da religião na sua vida. Já vi muitos
casos de pessoas se reformarem ao observar com dedicação os preceitos. Numa ótica litúrgica,
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preceitos têm, portanto, o objetivo que potencializar a ligação do fiel com seu Sagrado. No
entanto, como na Umbanda existem questões mais complexas, consideramos o plano das
energias e todos e tudo como energias. Então, os preceitos contemplam as particularidades que
viabilizam maior sutilização e purificação do campo energético e magnético daqueles que
participam do trabalho espiritual. Geralmente os preceitos envolvem abstenção de sexo, de
determinadas comidas, como carne e pimenta por exemplo, banhos de ervas para limpeza e
purificação, dentre outros. O período de cumprimento dos preceitos varia de acordo com as
regras de cada casa.
Bem distante de ser apenas uma “besteira”, os preceitos são depurativos da mente, do espírito
e do corpo. Os preceitos não são opcionais. Têm um porquê e têm fundamento. Aliás, existem
vários fundamentos por trás disso; e, uma vez entendidos, fica mais fácil respeitar e cumprir o
preceito sem achar que é um sacrifício ou um exagero. Confira algumas explicações de se fazer
os preceitos:
*O motivo fisiológico:*
Após comer uma comida pesada ou condimentada, carnes vermelhas, gordurosas, por exemplo,
o corpo fica mais ‘mole’ e não predispõe a um trabalho tão intenso quanto uma gira de
atendimento exige. Uma refeição leve, com carne branca ou sem carne, sempre é mais indicada.
As energias precisam vir de algum lugar para serem doadas aos assistidos; ou seja, os médiuns
precisam estar carregados de energias diversas, desde a energia mais sutil até a mais densa,
para poderem doar e cuidar de seus irmãos e dos consulentes e visitantes. É aí que entra o
preceito. O corpo ao comer carne, fazer sexo ou beber consome muita de sua energia vital; a
mesma que seria usada pelos guias durante o passe. É como se a gente guardasse essa energia,
deixando de gastar durante o preceito para estar pronto para praticar a caridade; Mas o preceito
tem ainda outro fundamento.
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Você Aprendeu: Os ascendentes históricos que deram origem à Umbanda e outros rituais semelhantes; O que é a Trilogia Carmática da Umbanda; As 5 influências
culturais/religiosas que formam O Pentagrama Umbandista; As principais características do Ritual Umbandista; Porque os rituais das casas de Umbanda diferem entre si;
espiritualidade e religião; Os 7 mandamentos da umbanda; As 7 forças do médium; O que são preceito.