HOBSBAWN Fichamento
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“Entre 1871 e 1914 não houvera na Europa guerra alguma em que exércitos de grandes
potências cruzassem alguma fronteira hostil, embora no Extremo Oriente o Japão
tivesse combatido (e vencido) a Rússia em 1904-5, apressando com isso a Revolução
Russa.” (parte I)
“Não surpreende que na memória dos britânicos e franceses, que travaram a maior parte
da Primeira Guerra Mundial na Frente Ocidental, esta tenha permanecido como a
“Grande Guerra”, mais terrível e traumática na memória que a Segunda Guerra
Mundial. Os franceses perderam mais de 20% de seus homens em idade militar, e se
incluirmos os prisioneiros de guerra, os feridos e os permanentemente estropiados e
desfigurados — os “gueules cassés” [“caras quebradas”] que se tornaram parte tão
vivida da imagem posterior da guerra —, não muito mais de um terço dos soldados
franceses saiu da guerra incólume. As possibilidades do primeiro milhão de soldados
britânicos sobreviver à guerra incólume eram de mais ou menos 50%. Os britânicos
perderam uma geração.” (parte I)
“Após a guerra, tornou-se bastante evidente para os políticos, pelo menos nos países
democráticos, que os banhos de sangue de 1914-8 não seriam mais tolerados pelos
eleitores. [...] A curto prazo, isso ajudou os alemães a ganhar a Segunda Guerra Mundial
no Ocidente em 1940, contra uma França empenhada em agachar-se por trás de suas
fortificações incompletas e, uma vez rompidas estas, simplesmente não querendo
continuar a luta; e uma Grã-Bretanha desesperada por evitar meter-se no tipo de guerra
terrestre maciça que dizimara seu povo em 1914-8. A longo prazo, os governos
democráticos não resistiram à tentação de salvar as vidas de seus cidadãos, tratando as
dos países inimigos como totalmente descartáveis.” (parte I)
“[...] a vitória total, ratificada por uma paz punitiva, imposta, arruinou as escassas
possibilidades existentes de restaurar alguma coisa que guardasse mesmo fraca
semelhança com uma Europa estável, liberal, burguesa, como reconheceu de imediato o
economista John Maynard Keynes. Se a Alemanha não fosse reintegrada na economia
europeia, isto é, se não se reconhecesse e aceitasse o peso econômico do país dentro
dessa economia, não poderia haver estabilidade. Mas essa era a última consideração na
mente dos que tinham lutado para eliminar a Alemanha.” (parte I)
“Em suma, no Leste os aliados aceitaram as fronteiras impostas pela Alemanha à Rússia
revolucionária, na medida em que essas fronteiras não eram tornadas inoperantes por
forças que os aliados não pudessem controlar.” (parte I)
“Falando em termos mais gerais, a guerra total era o maior empreendimento até então
conhecido do homem, e tinha de ser conscientemente organizado e administrado” (parte
III)
“Outro motivo, porém, era a nova impessoalidade da guerra, que tornava o matar e
estropiar uma conseqüência remota de apertar um botão ou virar uma alavanca. A
tecnologia tornava suas vítimas invisíveis, como não podiam fazer as pessoas
evisceradas por baionetas ou vistas pelas miras de armas de fogo” (parte IV)
“O aspecto não menos importante dessa catástrofe é que a humanidade aprendeu a viver
num mundo em que a matança, a tortura e o exílio em massa se tornaram experiências
do dia-a-dia que não mais notamos.” (parte IV)
Resumo:
Hobsbawm, durante o primeiro capítulo da Era dos Extremos, busca traçar uma
noção geral a respeito das duas grandes guerras que impactaram século XX. Fica claro
que, até então, nenhuma das potências tinham se envolvido entrei si em um conflito de
tamanha magnitude. Na primeira parte (Primeira Guerra Mundial), Tríplice Aliança
(França, Grã-Bretanha e Rússia) e as Potências Centrais (Alemanha e Áustria-Hungria,)
enfrentam-se e eventualmente arrastam não só outros países europeus para o conflito
como também países americanos, africanos e asiáticos, configurando o conflito como
mundial mesmo que as intenções da Alemanha ao atacar não fossem essas.