NFERMAGEM
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RESUMO
O objetivo deste estudo foi encontrar evidências, por meio de uma revisão da literatura
integrativa, sobre os programas de pré-natal realizados no Brasil que contemplem estratégias
para a prevenção e os cuidados relacionados à DMG. Métodos: Trata-se de uma pesquisa
bibliográfica a partir de estudos realizados sobre o tema e disponíveis nas bases de dados:
Lilacs, Scielo e Medline/Pubmed. Esse estudo encontrou como resultado vasta bibliografia que
defende e respalda o atendimento da Enfermagem nos cuidados referentes à DMG, com
atividades individuais e coletivas voltadas para a prevenção e promoção de saúde das mulheres
com DMG.
Descritores: diabetes gestacional, atenção primária, cuidados de enfermagem.
ABSTRACT
The objective of this study was to find evidence, through a review of the integrative literature,
about prenatal programs carried out in Brazil that include strategies for the prevention and care
related to GDM. Methods: This is a bibliographic search based on studies carried out on the topic
and available in the databases: Lilacs, Scielo and Medline / Pubmed. This study found as a result
a vast bibliography that defends and supports Nursing care in care related to DMG, with
individual and collective activities aimed at the prevention and health promotion of women with
DMG.
Descriptors: diabetes, gestacional, primary health care, nursing care.
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INTRODUÇÃO
A diabetes apresenta-se atualmente como uma das maiores ameaças à saúde pública
do século XXI. Alterações no comportamento humano e no estilo de vida resultaram em um
aumento dramático de sua prevalência e incidência mundial. Dentre os tipos de diabetes, a que
apresenta maior incidência é a diabetes gestacional.
A Diabetes Mellitus Gestacional (DMG) é uma complicação que surge durante a
gravidez e tem como característica a intolerância à glicose em diferentes graus e intensidades. É
considerada um problema de saúde pública, pois a maioria de suas complicações pode levar a
óbitos maternos e fetais.¹
Em 1949 a cientista Priscila White sugeriu classificar a DMG conforme o tempo da
doença e seus fatores e complicações. Só a partir de então, essa doença passou a ser estudada
como uma condição específica da gestação.2
Estudos apontam que a DMG tem uma prevalência de 1 a 14%, podendo variar de
acordo com a etnia da gestante. No Brasil, a prevalência é de 7,6%.³
O pré-natal visa, dentre outras atribuições, identificar precocemente alterações que
coloquem em risco a saúde da mulher e do feto, tendo uma importante atuação preventiva,
evitando complicações pré, peri e pós natais, aborto espontâneo, parto prematuro,
pré-eclâmpsia, DMG, entre outros fatores.4
O rastreamento para DMG é comumente realizado a partir da 24ª semana de gestação,
através do exame de glicemia em jejum. Nos casos de resultado superiores a 92mg/dl, a
gestante precisará ser submetida ao Teste Oral de Tolerância a Glicose (TOTG). Nos casos em
que o resultado tenha valores iguais ou superiores a 180 e 153 mg/dl, na primeira e segunda
hora após a ingestão de açúcar respectivamente, a gestante necessitará de acompanhamento
gestacional de risco até o parto.5
As mudanças no estilo de vida obtendo um melhor hábito nutricional e praticando
atividade física regularmente reduz em até 58% de desenvolver DM e possivelmente não
desencadear uma DMG durante a gravidez.6 Diante essa informação, como isso pode ser
viabilizado à gestante de forma a garantir condições gestacionais adequadas? Como esse
acompanhamento tem sido realizado no Brasil e qual sua relevância? Tendo as gestantes
acompanhamento nas unidades básicas de saúde, porque há uma alta incidência da diabetes
durante o período gestacional? Quais os programas e as evidências científicas que comprovem
sua eficácia?
As redes de atenção à saúde podem contribuir para a melhoria da qualidade de vida da
gestante e do feto por meio de programas oferecidos pelas secretarias de saúde municipais no
nível da atenção primária.7
A rede de atenção à saúde é um conjunto de serviços integrados com um único objetivo
de oferecer o cuidado e a prevenção, de acordo com a necessidade de cada indivíduo que
procura o serviço primário de saúde, prestando serviço de qualidade e de forma humanizada.7
Assim, o pré natal é realizado no serviço de saúde primário que deve contar com a
participação de profissionais especializados e cientes da função e da missão da Atenção Básica
de Saúde.8
O objetivo desse estudo é encontrar, por meio de uma revisão da literatura, dados sobre
os programas de pré-natal realizados no Brasil e no mundo que sejam voltados para a
prevenção e os cuidados relacionados à DMG.
Os objetivos específicos são: descrever programas de pré-natal que abordem a DMG;
evidenciar as práticas voltadas para a orientação, diagnóstico e acompanhamento da DMG;
propor caminhos que viabilizem a melhora dos serviços oferecidos na atenção primária voltados
para a saúde das gestantes.
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METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) define três tipos de diabetes: Diabetes tipo 1
(DM1), com causa ainda desconhecida, mas caracterizada pela não produção de insulina e sem
forma de prevenção, a não ser dos agravos; Diabetes gestacional, que ocorre, como o próprio
nome diz, durante a gestação e tem sintomas parecidos com o diabetes tipo 2 e a Diabetes tipo
2 (DM2), que é caracterizada por baixa produção ou mau funcionamento da insulina no
organismo, causando hiperglicemia.10
A Diabetes mellitus gestacional (DMG) é definida como uma doença metabólica em que
há qualquer nível de intolerância à glicose com início em qualquer período da gestação,
podendo persistir após o parto através do desenvolvimento da diabetes mellitus (DM) tipo 2.5
Araújo et al, (2013) e Bolognani et al. (2011), mostram que a estimativa da DMG varia
entre 1 e 14%, sendo que nos Estados Unidos o registro das doenças vem aumentando
gradativamente com 1,4 a 6,1%. No Sistema Único de Saúde (SUS) do Brasil, a prevalência está
entre 2,4 e 7,6% e aproximadamente 0,3% das mulheres grávidas diagnosticadas com DMG já
deviam apresentar alterações da glicemia antes da gravidez.5,11
A DMG pode levar a complicações graves e irreversíveis como abortamentos
espontâneos, macrossomia ou crescimento excessivo fetal, morte neonatal ou fetal, hipoglicemia
fetal além de ser um fator de risco para o feto desenvolver futuramente obesidade e Diabetes
Melito DM.11 A doença também é responsável pelo aumento de partos cesáreos e afeta o
aspecto emocional da mulher.5
A elevação da glicose no sangue, característica da diabetes, é denominada
hiperglicemia. Pode ocorrer devido a defeitos na secreção ou na ação da insulina, hormônio
produzido no pâncreas, pelas chamadas células beta. A função principal da insulina é promover
a entrada de glicose para as células do organismo para que ela possa ser aproveitada para as
diversas atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação resultam, portanto,
em acúmulo de glicose no sangue.5
Nesse estudo, o foco é a diabetes diagnosticada durante a gestação ou Diabetes
Gestacional. Pode ser transitória ou não e, ao término da gravidez, a paciente precisa ser
investigada e acompanhada. Na maioria das vezes o diagnóstico é detectado no terceiro
trimestre da gravidez, através de um teste de sobrecarga de glicose.10
Massucatti et al. (2012) orientam que as gestantes que tiverem história prévia de
diabetes gestacional, de perdas fetais, malformações fetais, hipertensão arterial, obesidade ou
história familiar de diabetes não devem esperar o 3º trimestre para serem testadas, já que sua
chance de desenvolverem a doença é maior.12
Durante a gravidez, a mulher passa por diversas mudanças hormonais significativas,
para que o desenvolvimento do bebê ocorra de maneira adequada. Uma delas é o aumento da
produção de insulina pelo pâncreas para equilibrar o rearranjo hormonal que está sendo
direcionado para a placenta. Quando esse processo não é bem sucedido, acarreta uma
elevação de glicose no sangue.12
As alterações anatômicas e funcionais que ocorrem na gravidez caracterizam-se como
respostas a uma adaptação imposta pelo feto. Dentre essas modificações estão a insônia ou
intensificação do sono, cãibras, instabilidade e desequilíbrio motor, bradicardias, arritmias
respiratórias, alguns transtornos simpaticotônicos, com menor frequência, como taquicardia e
hipertensão. Também é possível observar mudanças de cor e temperatura, diarreias ou
obstipações.9
Além dos fatores físicos, o ambiente, a hereditariedade e a interação fazem parte do
período gestacional. O aspecto ambiental envolve diversas variáveis externas como uso de
fármacos, drogas ilícitas ou álcool, alimentação, atividade física, agentes estressores. Já a
hereditariedade ou genética refere-se às características transmitidas diretamente pelos pais para
os filhos, e a interação entre os fatores hereditários e ambientais são contínuos e, associados,
potencializam e moldam comportamentos.12
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O ajuste de doses é baseado nas medidas de glicemia ao longo do dia. Por isso a
orientação para o monitoramento da glicemia com fitas para leitura visual ou medidor glicêmico
apropriado é fundamental para o controle e sucesso do tratamento. Assim, as gestantes com
diagnósticos de diabetes devem ser sempre acompanhadas conjuntamente pela equipe de
Atenção Básica e pela equipe do pré-natal de alto risco.10
O principal tratamento nos casos de DMG envolve a gestante e a família e busca
promover modificações dos hábitos de vida, principalmente com relação a alimentação saudável,
prática de exercícios supervisionados e adequados para cada fase da gestação e diminuição de
agentes estressores.15
Segundo Bolognani et al. (2011), a educação dietética muitas vezes é terapêutica
suficiente para atingir o controle glicêmico em pacientes com diabetes mellitus gestacional. Os
objetivos dessa terapêutica são atingir a euglicemia, evitar a cetose, promover ganho adequado
de peso e contribuir para o desenvolvimento e o bem-estar fetal. Por isso faz-se necessário o
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compreende a realização de consultas médicas durante a gravidez, nas quais o médico realiza a
avaliação global da gestante e também do crescimento do bebê.14
Além disso, são realizados diversos exames laboratoriais. Todas essas ações têm como
objetivo detectar e tratar precocemente doenças ou condições que possam exercer efeitos
danosos na saúde da mãe e/ou do bebê. A gestação não é uma doença, e sim um processo
fisiológico normal, que na grande maioria das vezes transcorre sem complicações. Esse grupo
de mulheres que não apresenta complicações compõe o chamado grupo de gestações de "baixo
risco".18
Porém, em alguns casos, a gestação pode já começar com problemas, ou esses surgem
durante a mesma, apresentando uma possibilidade maior de evolução desfavorável tanto para a
mãe quanto para a criança. São as chamadas gestações de "alto risco". O objetivo do pré-natal
é garantir o bom andamento das gestações de baixo risco e, também, identificar adequada e
precocemente quais as pacientes com maiores chances de evolução desfavorável.19
A atuação integrada permite realizar discussões de casos clínicos, possibilita o
atendimento compartilhado entre profissionais tanto na Unidade de Saúde como nas visitas
domiciliares, permite a construção conjunta de projetos terapêuticos de forma que amplia e
qualifica as intervenções no território e na saúde de grupos populacionais. Essas ações de
saúde também podem ser Inter setoriais, com foco prioritário nas ações de prevenção e
promoção da saúde. Os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), criados em 2008 pelo
Ministério da Saúde, tem o objetivo de apoiar a consolidação da Atenção Básica no Brasil,
ampliando as ofertas de saúde na rede de serviços, assim como a resolutividade, a abrangência
e o alvo das ações.19
Atualmente regulamentados pela Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011,
configuram-se como equipes multiprofissionais que atuam de forma integrada com as equipes
de Saúde da Família (eSF), as equipes de atenção básica para populações específicas
(consultórios na rua, equipes ribeirinhas e fluviais) e com o Programa Academia da Saúde.
(Portal da Saúde – SUS).13
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
1. Landim C.A.P. Milomens K.M.P. Diógenes M.A.R. Déficits de autocuidado em clientes com
Diabetes Mellitus Gestacional: uma contribuição para a enfermagem. Rev. Gaúcha Enferm. Porto
Alegre (RS): 2008. vol. 29 n. 3, p. 374-381. Disponível em:<http://www.seer.ufrgs.br/Revista
Gaúcha de Enfermagem/article/viewFile/6757/4061>. Acesso em 19 abr. de 2021.
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