Projeto de Mestrado - Ufu
Projeto de Mestrado - Ufu
Projeto de Mestrado - Ufu
Uberlândia
2022
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
ORIENTADORES PRETENDIDOS:
Uberlândia
2022
RESUMO:
A BNCC é um conjunto de normas que se caracteriza por trazer dez competências que em seu
cerne, são as principais formas de ensino, que deve ser introduzida nas escolas desde o
primeiro ano do ensino fundamental, até o terceiro ano do ensino médio, o que pode
prejudicar e/ou colaborar, em muitos aspectos da vida acadêmica dos indivíduos Brasileiros.
Esse estudo tem o objetivo de Analisar criticamente, todo o contexto, que engloba a Base
Nacional Comum Curricular – Bncc. O presente trabalho é relevante, por trazer para debate
um tema de extrema importância, visto que, este documento, visa ditar normas e regras, para
uma população que está se inserindo na sociedade, e que por isso, merece toda a atenção
necessária para que não ocorra uma mecanização do ensino fundamental e básico, e que esse
projeto possa contribuir para que suscite, na população acadêmica, o interesse de
aprofundamento no estudo da temática em questão. Como metodologia será uma pesquisa de
campo, transversal, analítica de abordagem quali-quantitativa, utilizando como critério de
inclusão estudantes e professores de duas escolas, uma pública e outra particular da cidade de
Uberlândia-MG. Por fim, acredita-se que com a aplicação do projeto será possível identificar
fatores e evidencias de como se pode intervir de maneira positiva para uma melhor qualidade
do ensino, tanto dos que estão ensinando, quanto dos que estão aprendendo.
Segundo Filipe, Silva e Costa (2021), nos tempos atuais, há uma formação escolar
capitalista, que aparentemente, possibilita a manutenção do poder da classe dominante sobre a
trabalhadora, a partir da formação desta para as exigências do mundo do trabalho, ou seja,
buscam-se impor um modelo de escola capitalista onde é possível encontrar um espaço de
disputas entre as classes sociais, pela hegemonia sobre o conhecimento, que os indivíduos
aprendem em sala de aula, muitas vezes não obtendo nenhum impacto no desenvolvimento de
uma consciência crítica coletiva. Certamente isso se deve, aos arautos desse modelo de
escolarização que insistem em desenvolver dispositivos legais de controle de gestores,
professores, bem como das avaliações e do currículo.
Partindo desse viés, e sabendo que a BNCC é uma política nacional curricular que se
constitui enquanto um documento normativo, que tem como premissas, selecionar e organizar
os conhecimentos a serem ensinados ao longo dos níveis e modalidades da Educação básica
no Brasil, cabe à discussão, sobre quais são os interesses atendidos, a partir dessas escolhas.
Pois, apesar desse documento definir estratégias e descrever conceitos, tais como as
competências apresentadas em seu texto, a BNCC não dispõe de dispositivos que favoreçam a
implantação de melhores condições de trabalho para os professores.
Na concepção de Pinto e Melo (2021), os entusiastas e formuladores da BNCC,
entendem que implantaram um currículo comum a todos os indivíduos do território nacional,
correspondendo dessa forma, a uma essencial medida para o alcance da pretendida qualidade
do ensino público, bem como para a superação das desigualdades escolares que assolam o
país, principalmente nos contexto sociais mais vulneráveis.
No entanto, “Toda educação que faz jus a esse nome envolve a relação de
mutualidade, uma dialética, e nenhum educador que se preze pensa no material a seu dispor
como uma turma de passivos recipientes de educação”. (THOMPSON, 2002, p. 13). Porém é
sobre esse olhar mecanizado que se pauta a BNCC, ou seja, apesar dos entusiastas a verem
como a solução para os problemas da educação no Brasil, na verdade só estão querendo impor
um modelo bancário que produzam apenas seres capazes de exercer determinada função, sem
se importar, ou criticar os trabalhos por eles produzidos.
Corroborando com a citação acima, nas palavras de Pinto e Melo (2021), apesar de
todo esse entusiasmo, por parte dos interlocutores da BNCC, definir padrões curriculares em
nível nacional, e desconsiderar as particularidades locais, seus valores e suas culturas, como
também a diversidade dos sujeitos e de suas formas de vivenciar as infâncias e juventudes,
não ajudam em nada, pelo contrário, só reforça o desrespeito com as multiplicidades que
envolvem não somente a escola, mas a sociedade como um todo, retirando a possibilidade de
uma formação para o exercício da liberdade e da autonomia.
Desse modo, evidencia-se que a definição da Base não é capaz de superar as
desigualdades escolares, ao contrário, tem grandes chances de intensificá-las, visto que:
O que precisa ser dito não é que um modo de vida seja melhor que o outro, mas que
esse é um ponto de conflito de enorme alcance; que o registro histórico não acusa
simplesmente uma mudança tecnológica neutra e inevitável, mas também a
exploração e a resistência à exploração; e que os valores resistem a ser perdidos bem
como a ser ganhos. A literatura rapidamente crescente da sociologia da
industrialização é como uma paisagem que foi devastada por anos de seca moral: é
preciso viajar por dezenas de milhares de palavras crestadas pela abstração a-
histórica entre cada óasis de realidade humana. (THOMPSON, 1988, p. 101).
Quando se fala da BNCC são levantadas diversas inquietações, tais como: os planos
políticos por trás das escolhas de formação de um currículo, questões sobre o que é proposto e
o que é realmente aplicado nas salas de aula ou em materiais didáticos, as influências e
consequências dessas definições. Quanto aos conceitos apresentados pelos criadores da
BNCC pode-se citar o seguinte:
No entanto, o currículo proposto pela BNCC tem suas bases numa tradição política
onde as narrativas são escolhidas e dispostas cronologicamente, centradas no capitalismo e no
eurocentrismo, isso porque a disciplina em âmbito escolar é tratada de forma acrítica, onde se
nega a história um lugar de disputa de poder de outros sujeitos e outras perspectivas.
Dessa forma, a educação brasileira vai estar marcada mais pelas dinâmicas de um
ensino voltado a formar cidadãos, assim como “profissionalizar” os jovens. No sentido de
construir brasileiros prontos para ingressarem sem questionamentos, e sem ofertar outras
opções de formações no mercado de trabalho. Porque, é feita num processo de preparação,
onde o indivíduo tem um destino e ele precisa se adaptar as dinâmicas capitalistas. Por onde é
reforçado mecanismos de manutenção de um sistema de classes.
Por outro lado, isso ressalta que embora, as propostas da BNCC, na teoria, se pautem
na inclusão de novos sujeitos, de novas perspectivas, na construção de criticidade dos alunos e
no desenvolvimento de autonomia. Na prática não caminha bem assim, pois a BNCC e o
projeto político-econômico-social por trás dela se transforma numa mão invisível que controla
através da coerção e da coesão social dos alunos e professores.
Nesse sentido, é necessária a compreensão do professor sobre os efeitos dessas
políticas reformadoras e captar qual sua relação com a educação de qualidade que se almeja.
Portanto, é fundamental uma formação que possibilite ao docente uma ação-reflexiva sobre
sua prática, tendo em vista que o papel do professor não é de mero transmissor de conteúdos
programados, mas um facilitador da construção desse conhecimento e a partir das
experiências dos alunos.
Por consequência, outro desafio que se posta ao professor em sala de aula é de ter um
olhar mais cuidadoso sobre seus alunos, na perspectiva de uma construção de saberes pautada
na troca de experiências entre os discentes e os conteúdos formatados por um currículo.
“Isto porque, espera-se que os conhecimentos e práticas pedagógicas sejam
pensados e planejados em contextos concretos que levem a uma maior
autonomia e compromisso do professor com os contextos socioculturais,
onde a Escola se insere.” (TAMANINI, NORONHA, 2019, p. 109).
Seria fácil encontrar muitos casos do mesmo teor. Na partida de xadrez da pesquisa,
as majestosas torres disciplinarem se deslocam implacavelmente em linha reta; o
gênero ensaístico, ao contrário, move-se como o cavalo, de modo imprevisível,
saltando de uma disciplina para outra, de um conjunto textual para outro.
(GINZBURG, 2007, p. 13).
Analisar criticamente todo o contexto que engloba a Base Nacional Comum Curricular
– Bncc.
I X X
II X X
III X X
IV X X
V X X X X X X X X X X X X
VI X X X X X X X X X X X X
VII X X X X X X X X X
VIII X X X X X X X X X
IX X
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VI X X X X X X X X X X X X
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VIII X X X X X X X X X
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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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