ROCCO - Imperio Familia Cacci
ROCCO - Imperio Familia Cacci
ROCCO - Imperio Familia Cacci
Capa: @Vic_designer_
Revisão: Amanda Mont’Alverne
Diagramação: Ane Le
Imagens: Canva
Plágio é crime.
A violação autoral é crime, previsto na lei nº 9.610/98, com aplicação legal
pelo artigo 184 do código penal.
Criado no Brasil.
Obra registrada.
Sumário
Copyright © 2023 – Ane Le
Sumário
Sinopse
Notas da Autora
Dedicatória
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Capítulo 27
Capítulo 28
Capítulo 29
Capítulo 30
Capítulo 31
Capítulo 32
Capítulo 33
Capítulo 34
Capítulo 35
Capítulo 36
Capítulo 37
Capítulo 38
Capítulo 39
Capítulo 40
Capítulo 41
Capítulo 42
Capítulo 43
Capítulo 44
Capítulo 45
Capítulo 46
Capítulo 47
Capítulo 48
Epílogo
Agradecimentos
Mais obras da Autora
Uma dívida entre as máfias Russa e ‘Ndrangheta[i] resultou em um
casamento como pagamento.
Luara cresceu com espírito livre, sonhadora e não imaginava que uma
tempestade estava para chegar. Sofreu a maior decepção da sua vida quando
descobriu que o seu pai, o homem que sempre acreditou ser o seu herói, deu
a sua mão em casamento quando ela ainda era um bebê para o homem que
hoje era considerado o mais temido de todos os tempos, como quitação de
uma dívida.
Ela estava prestes a entrar para a escuridão, já que estava de casamento
marcado com o Don da máfia mais temida e poderosa de toda a Itália,
conhecido por seus inimigos como Diabo.
E agora, o que ela faria ao saber que tinha uma passagem apenas de ida para
o inferno?
Olá, meu querido leitor, tudo bem? Que bom tê-lo por aqui!
Peço, por favor, que antes de iniciar a leitura leia essa nota e se atente aos
gatilhos.
Primeiramente gostaria de agradecer por escolher esse livro para ler. Foi
maravilhoso escrevê-lo e espero que goste da leitura.
Diante disso, preciso deixar claro que esta é uma história de romance dark e
com alguns temas que podem gerar gatilhos como: morte, violência
psicológica, tortura e uso de drogas lícitas e ilícitas.
Lembrando que é um Age Gap, onde o nosso vilão — não podemos chamá-
lo de mocinho, rs — tem uma diferença significativa de idade com a nossa
mocinha.
Fui contando cada segundo dos dias, desejando com toda a força da minha
alma que o tempo parasse e o relógio não contasse mais as horas, porém, foi
inevitável.
Amanhã é meu aniversário de dezoito anos, uma data que era para ser
alegre se tornou minha maior tristeza. Daqui duas semanas estarei ligada a
aquele diabo para sempre.
Depois do noivado, voltamos para Rússia, eu não quis participar dos
preparativos do casamento, deixei tudo por conta da Giovana. O vestido eu
escolhi o modelo e mandei para ela, parece que a filha dela é estilista e vai
desenhá-lo conforme minha preferência, só mudando alguns detalhes, mas
não me importei com isso também, eu não dou a mínima para esse
casamento.
— Luara, o que está acontecendo? Você anda distraída, não está
conseguindo concluir a coreografia — Ana, minha professora de dança me
repreendeu.
— Irei me casar — contei e ela arregalou os olhos.
— Como assim? Vai se casar? Eu não sabia que estava namorando, nem
noiva, muito menos apaixonada!
Abri um sorriso triste ao ouvi-la.
— É a vida — Suspirei, cansada de ficar remoendo essa história de
casamento. — Mas vamos deixar isso de lado e vamos tentar ensaiar mais
uma vez.
Já é tarde e estou conversando com Char, ela fez dezoito anos a um mês
atrás e desde então vive saindo para boates.
É errado, eu sei, mas sinto inveja dela e de todas as garotas que podem
viver uma vida normal.
Char: Amiga, vamos a uma boate hoje? Depois de meia noite é claro,
hahah
Eu: Não sei, amiga, estou desanimada.
Char: Ah, amiga! Vai ser sua primeira e pode ser sua última saída solteira.
Eu: Não sei se é uma boa, Char!
Char: Amiga, deixa de ser chata, vamos viver! Você vai casar daqui duas
semanas e eu não vou curtir nem uma boate com a minha melhor amiga?
Vamos vai...
Eu: O que você não me pede sorrindo que eu não faço chorando, hein?
Char: MENTIRAAA! Você vai? Paraaaaa!!!
Eu: Não era isso que você queria? Pois bem, vamos comemorar meus
dezoito anos curtindo.
Char: Ai que legal, uma despedida de solteira e a comemoração da sua
maior idade! Vou chamar a Ana e vamos nós três.
Os dias tem passado muito rápido, para minha enorme tristeza. Depois
daquele episódio da boate e da conversa que o Rocco teve com meu pai, eu
não o vi mais, graças a Deus.
Levei o maior sermão do meu pai e da minha mãe, segundo eles eu estava
querendo matar a todos nós. Resolvi não discutir e não arrumar mais
confusão.
Estou arrumando minhas coisas, irei para Itália, daqui dois dias é o meu
casamento e Alice precisa conferir se as medidas do vestido ficaram certas.
Arrumei tudo chorando, lembrando da minha infância nessa casa. De como
eu imaginava que minha vida iria ser. De como eu pensava que meus pais
eram. Cheguei à conclusão que toda minha vida foi uma mentira, me
deixaram acreditar em uma coisa que nunca seria possível, não para mim.
Depois de dezoito anos de história terei que recomeçar do zero em um lugar
desconhecido e sem ninguém por mim.
— Já estão te esperando lá embaixo, seu noivo mandou um carro para te
levar até o aeroporto — Victor avisou.
— Porque não vocês? — Pensei que meus pais fossem me levar.
— Ordens dele, Lua — comentou cabisbaixo.
— Tudo bem, vamos! — Respirei fundo e me levantei. Não ia adiantar nada
chorar.
Desci as escadas e meus pais estavam me esperando com lágrimas nos
olhos. Minha mãe correu e me abraçou.
— Filha, eu te amo, estarei orando por você, vai dar tudo certo, nos vemos
em dois dias.
— Também te amo, mamãe.
— Filha... — meu pai me chamou com os olhos marejados. — Me perdoa.
O que não tem remédio, remediado está.
— Tudo bem, papai — respondi tranquilamente e o vejo sorrir.
— Te amo filha, vai dar tudo certo — Aproximou-se e segurou minha mão
com carinho. — Não faça nenhuma burrice, não se coloque em risco —
alertou.
— Tá bom.
— Tchau, borboletinha, qualquer coisa me liga, te amo! — Victor me
abraçou.
— Te amo muito! — Ao abraçar o meu irmão, não consegui evitar e acabei
deixando algumas lágrimas rolarem. — Agora eu tenho que ir e tratem de
mudar essas caras, é meu casamento, ainda não é meu velório. — Tentei
brincar para tornar o momento mais leve e demonstrar que estou forte, mas
na verdade por dentro eu estou sentindo como se estivesse indo realmente
para o meu velório.
Entrei no carro e deixei a vida perfeita que eu achei que tinha para trás. Não
tem volta, meu destino está traçado.
Já estou a dois dias na casa dos pais do diabo e graças a muita oração não
tenho visto ele.
Conheci a irmã dele, Alice, ela é uma menina doce, tão maravilhosa, em
nada se parece com o cão, a não ser na aparência.
A mãe dele também é uma pessoa boa, me trata com muito carinho,
fazendo-me sentir acolhida. Ela está tão animada com os preparativos do
casamento que chega me irritar, por isso estou evitando sair do quarto
durante o dia, não quero acreditar que essa droga de casamento é amanhã,
passou tão rápido que mal posso acreditar.
Minha mãe e meu irmão me ligam e mandam mensagem o tempo todo,
acho que é para ter certeza que estou viva.
Saí dos meus pensamentos quando ouço alguém bater na porta, deve ser
Giovana.
— Pode entrar — autorizei e assim que vi quem era, me arrependi
amargamente, deveria ter me fingido de morta.
— Aproveitando bem a cama? — o diabo perguntou com ironia.
— Sim. — Limitei a responder, não vou entrar no joguinho dele.
— Amanhã você dormirá melhor ao meu lado — Abriu um pequeno sorriso
no canto da boca.
— Não vejo a hora, estou aguardando ansiosa por esse momento — Sorri,
debochando.
— Sei que sim, querida. Se prepare, pois iremos sair para jantar.
— Quem? Nós dois? —
Diz que não, diz que não, por favor… implorei mentalmente.
— Não, Luara, iremos a família toda, até seus pais. — Tentei analisar sua
expressão para saber se ele está falando sério ou fazendo algum tipo de
brincadeira, mas é impossível, esse homem não expressa absolutamente
nada. Não consigo decifrá-lo.
— Sério?
— Claro que não garota, pergunta idiota! — respondeu ríspido — Não se
atrase, não tolero atrasos, passarei aqui as 20h, esteja bem arrumada, iremos
a um de meus estabelecimentos.
— Claro, estarei à sua altura, Don — provoquei.
— Minha querida noivinha — Ele se aproximou e recuei na cama, até bater
as costas na cabeceira. — Se você soubesse como fico duro em ouvi-la me
chamar assim — Segurou meu rosto e passou a língua em meus lábios.
Estremeci. — Não se atrase! — Se afastou e saiu do quarto.
Meu corpo inteiro está tremendo e meu coração parece que vai sair pela
boca.
Fiz uma anotação mentalmente para não chamá-lo mais assim de novo.
Levantei-me e fui correndo para o banheiro lavar minha boca e tomar um
banho.
Ai, que nojo desse homem!
Capítulo 7
Já fazem dois dias que minha noiva chegou e evitei ao máximo vir até aqui,
estava sem paciência para ter que falar com uma criança mimada, porém,
hoje meu humor estava melhor e decidi brincar um pouco com ela. Como
sempre, Luara estava mais arisca do que nunca.
A convidei para jantar e agora estou aqui na sala impaciente esperando-a.
Avisei sobre não gostar de atrasos, mas ela parece fazer de tudo para me
irritar, até o jeito que me olha com desprezo deixa-me irritado. Quando foi
que me importei com isso? Nunca. Tanto faz a maneira como as pessoas me
olham, mas com ela isso me irrita profundamente.
Luara tem dois minutos para descer, caso contrário irei buscá-la e não será
de uma forma agradável.
Terminei de tomar meu uísque em um gole só e me servi de mais uma dose,
só assim para aplacar minha fúria. Tenho tantos problemas e prevejo que
essa garota será mais um. Meu pai tinha que arrumar uma mulher imatura
como minha noiva, foda!
Estamos no completo escuro referente a um inimigo, falhamos
miseravelmente em matar aquele bastardo. Claus era meu Consigliere[vii] e
descobrimos que estava repassando informações para uns gângsters[viii]
Americanos, figlio di puttana[ix], ainda irei encontrá-lo e o matarei sem
piedade.
Afastei meus pensamentos quando escutei o barulho dos saltos tilintar na
escada e me virei para olhá-la. Vejo a bela ragazza[x] descendo
graciosamente cada degrau e não posso negar, ela é linda ao extremo.
— Desculpe a demora — pediu, sem me olhar nos olhos.
Passei os dedos lentamente pela borda do copo, ainda recuperando-me do
baque da sua beleza extraordinária. Levantei-me, olhando para a belíssima
mulher à minha frente.
— Te falei, Luara, que não tolero atrasos — adverti, usando o tom de voz
mais baixo que conseguia.
— Mas são oito e dois, eu atrasei dois minutos, isso nem é considerado
atraso — justificou-se, dessa vez, olhando em meus olhos.
O tom de azul dos seus olhos é incrivelmente espetacular.
— Oito horas não é considerado atrasado, oito e dois é mais que atraso, terá
que aprender muitas coisas, minha noiva. — Dei dois passos à frente e a vi
recuar um.
— Não sei se você sabe, mas existe uma certa tolerância para atrasos —
argumentou.
Não deveria, mas gosto disso, da maneira que ela nunca abaixa a cabeça
para mim, que sustenta o meu olhar e me responde de igual para igual. O
que quase ninguém, além dos meus pais e meus irmãos, fazem isso, os
poucos que fizeram além deles, não estão vivos para contar essa história.
Ela é corajosa e tem uma boquinha bem respondona. Terei que ensiná-la
muitas coisas, mas por enquanto, estou me divertindo com esse joguinho.
Aproximei-me dela e puxei sua cintura, colando seu corpo ao meu. Luara
está usando um vestido curto que fica lindamente em seu corpo, percebi que
ela gosta de usar roupas provocativas, o que me faz ter a certeza de que ela
tem noção de como é gostosa.
— Sabe o que tenho vontade de fazer quando você fica me desafiando,
ragazza? — Balançou a cabeça em sinal negativo. Sua respiração começou
a ficar pesada. — Tenho vontade de te levar para o quarto e te ensinar uma
lição. Foder essa sua boquinha atrevida — Passei uma mão pela lateral do
seu corpo e com a outra segurei firme a sua cintura. — Tirar essa roupinha
sua, te dar uns tapas na bunda e te foder até você esquecer seu nome, é isso
que tenho vontade de fazer com você, Luara — Apertei o seu queixo e
passei o polegar por seus lábios, que neste momento estão entreabertos para
ajudá-la na respiração.
Seus olhos estão arregalados e suas bochechas ruborizadas. Gostei do efeito
que causo nela, é uma mistura de desejo com medo. Posso ver
perfeitamente em seus olhos.
— Você não pode fazer isso — Pigarreia e sua voz sai trêmula. — Temos
que consumar o casamento amanhã e tirar a prova da minha virgindade, não
sei se você esqueceu disso.
— Verdade, infelizmente não posso fazer isso — A soltei — Não hoje, mas
a partir de amanhã nada me impedirá de tomar o que é meu. — E confesso
que estou aguardando ansiosamente por esse momento.
Ela me olha ainda mais assustada. Se ela está pensando que eu não irei
consumar o casamento, está muito enganada, o que eu mais quero é ter essa
mulher na minha cama.
— Agora vamos logo que já estamos mais que atrasados — cortei o
assunto. Melhor ir para esse jantar antes que eu faça besteira. Porque só de
pensar em foder essa ragazza, já estou duro.
Minha vontade nesse momento é levá-la para o quarto e devorá-la
inteirinha, fazê-la gozar até não aguentar mais. Essa menina me atrai muito,
muito mais do que eu podia imaginar. Linda e muito atraente, o que é muito
perigoso.
Luara ainda me dará trabalho, tenho certeza disso.
Capítulo 8
Não consegui pregar os olhos essa noite, estou com tantas olheiras que a
maquiagem para esconder vai ter que ser forte. Parece que quanto mais
você quer que a hora demore a passar, mais rápido ela passa. Acho que o
tempo não está a meu favor.
Me olhei no espelho e quase não me reconheci, eu sempre fui uma menina
tão alegre, tão cheia de vida e agora tudo que eu vejo é tristeza e medo em
meu olhar.
Hoje o dia foi uma loucura, tive um dia de spa e beleza, mas nada foi o
suficiente para me relaxar ou me alegrar. Nesse momento estou pronta para
estragar minha vida.
Escolhi um vestido de modelo simples, com uma abertura nas costas. Minha
mãe não gostou, é claro, ela queria que fosse algo mais sofisticado, "a altura
do meu marido" como ela mesma disse, mas mesmo assim eu decidi que
seria esse e a Alice fez um bom trabalho. O vestido ficou lindo, uma pena
que tenha que ser usado em uma ocasião tão triste, era para eu estar vestida
de preto e não branco, para combinar com o meu humor..
— Filha, vamos? Seu noivo não gosta de esperar — Meu pai entrou no
quarto — Você está linda! — elogiou-me com carinho.
Olhei para ele com os olhos cheios de lágrimas, não consigui nem falar, eu
só queria que ele me salvasse de tudo isso, é isso que esperamos da figura
que crescemos achando que é o nosso herói.
— Não me olhe assim, borboletinha, infelizmente não posso fazer nada.
Ódio, raiva, mágoa e muitos outros sentimentos é o que sinto no momento,
mas não sei explicar.
— Tudo bem, vamos! — Respirei fundo e disse decidida, afinal, não posso
fazer nada para mudar as coisas.
— Eu te amo, filha!
— Estranho sua maneira de amar — Já ia tratá-lo com ignorância, mas
decidi não agir assim. — Enfim, hoje não é dia para isso. Vamos logo
acabar com essa palhaçada.
— Me desculpe por isso.
— Quem sabe se eu sair viva disso eu possa te desculpar. — Posso até estar
sendo imatura, mas no meu lugar, quem aceitaria essa situação de boa?
Não falamos mais nada e descemos. Assim que nos aproximamos, a música
começa, anunciando a minha entrada.
— Me segura forte e não me deixe sair correndo — pedi, pois minha
vontade é essa.
— Você é forte, nunca se esqueça disso. — Lembrou-me, dando um breve
sorriso e entramos.
Olhei para os convidados e alguns me olhavam com deboche, outros com
pena, sim, muitos aqui sabem o que me espera e acaba tendo compaixão de
mim, outros apenas querem ver o circo pegar fogo. Direciono meu olhar
para frente e encontro os olhos gélidos do meu futuro marido. Ele me
lançou um sorriso de lado e minha vontade é sair correndo. Que Deus me
proteja, pois ele é o único que pode fazer algo por mim.
Eu pensei que ia ser mais forte, mas não consegui conter as lágrimas e
chorei. Caminhei em silêncio ao lado do meu pai enquanto o diabo me
encarava, parecendo se divertir com o meu desespero.
— Cuida dela para mim, Don, ela é uma menina incrível — meu pai falou
bem baixinho com ele antes de entregar a minha mão.
— Isso não é mais problema seu, Ivan — respondeu sério e pegou na minha
mão, por um momento eu ponderei soltar a mão do meu pai, meu olhar
suplicava por ajuda. — Solta a mão dele, querida, não me faça perder a
cabeça em um dia tão especial — Aproximou o rosto do meu, avisando bem
perto do meu ouvindo. Sei que ele está se segurando para não sair me
arrastando na frente de todo mundo.
Decidi por fim soltar a mão do meu pai para não piorar as coisas, subimos
ao altar e o padre começa a cerimônia.
É até um pecado o diabo estar na presença de um padre, ouvindo palavras
do Senhor. Ao pensar nisso, por breves segundos, tive vontade de rir da
minha piada interna, mas logo essa vontade passa e tudo que sinto é tristeza.
Eu não presto atenção em nada que o padre fala, apenas choro baixinho,
minha maquiagem deve estar toda borrada.
— Acho melhor você responder logo antes que eu perca a cabeça de vez —
Rocco alertou. Não havia percebido que já tinha feito os votos e que agora
era a minha vez.
Olhei para minha família buscando uma esperança e não encontro, eles
desviam o olhar me dizendo que não podem fazer nada e me sinto em
desespero. Rocco aperta forte a minha mão e com muita dificuldade eu faço
os meus votos e digo sim. Trocamos nossas alianças e o padre declarou a
minha ruína:
— Eu vos declaro marido e mulher, pode beijar a noiva.
Ele se aproximou, passou os dedos por meus lábios e eu fechei meus olhos,
não queria ver esse monstro encostando sua boca na minha, já será uma
tortura ter que sentir. Para a minha surpresa, ele apenas beija minha testa.
Rapidamente abro os olhos e o vejo sorrindo.
Todos aplaudiram, assobiaram e fingiram que isso aqui é um casamento
normal. Que circo!
— Agora você é minha, totalmente minha, para sempre! – Um arrepio
percorreu minha espinha com a sua declaração.
Não tem mais saída, meu destino foi traçado, estou de mão atadas. Agora é
orar para que eu sobreviva ao inferno.
Durante a festa, Rocco sumiu e eu agradeci por isso. Dancei com meu pai,
com o pai dele, com meu irmão e meu cunhado, menos com meu marido,
porque desapareceu, ainda bem. Nem fazer questão de ficar perto de mim
ele fez, qualquer um que observar um pouquinho mais consegue perceber
como esse casamento vai ser feliz, para não dizer o contrário. Chorei muito
durante o casamento e depois também, enquanto conversava com minha
família, mas não adianta chorar mais, não tem volta mesmo.
Caminhei em direção ao jardim, queria ficar sozinha, não aguentava mais
ficar nessa festa com esse monte de gente falsa.
— Luara? — Uma voz feminina, que eu não conheço, me chamou.
— Oi? — Olhei para trás para ver quem estava me chamando e reparei que
era a mesma loira que estava com Rocco no dia do nosso noivado.
— Podemos trocar uma palavrinha?
— Sim. — Sentei-me no banquinho que ficava ali — Pode falar. — Não
estou com saco para isso, mas já estou na merda mesmo, vamos lá ouvir o
que a possível amante tem para falar.
— Você acha que vai ser feliz com o Rocco? — Arqueou uma sobrancelha,
encarando-me com um sorriso debochado no rosto. — Que vai conquistá-lo
um dia? — Riu.
— Por qual motivo você quer saber disso mesmo? Assim, só para eu
entender.
— Quero te avisar uma coisa, garota, presta bem atenção. — Se aproximou.
— Eu e o Rocco estamos juntos há muito tempo, eu o amo e ele me ama
também. Ele só se casou por causa dessa besteira de estarem prometidos um
ao outro.
— Querida, saiba que é recíproco, só me casei com ele por causa disso
também, faço questão não, fica tranquila. — Não vou tratá-la mal porque
sei que ela é apaixonada por ele, percebe-se no olhar dela o medo que tem
de perdê-lo. E eu não faço a mínima questão de gostar desse homem, muito
menos que ele goste de mim.
— Você não me engana com essa cara de sonsa, garota, sei que está
querendo meu homem! — cuspiu as palavras, irritada.
— Deixa eu te falar uma coisa – Levantei e me aproximei calmante dela,
parando bem na sua frente. — Pode engolir seu homem e se você puder
sumir junto com ele, eu agradeço imensamente. Vou deixar uma coisa bem
clara: não gosto, nunca gostei e jamais vou gostar do Rocco, por mim que
vocês se explodam.
— Pois saiba que para mim é uma tristeza enorme ouvir minha esposa falar
esse tipo de coisa. — Assustei-me ao ouvir a voz dele atrás de mim.
Mais que inferno, esse diabo sempre aparece nas horas erradas? E isso só
acontece quando estou falando mal dele.
— Rocco — a mulher o chamou, com os olhos arregalados, tremendo de
medo.
— Com você me resolvo depois, vai embora! — Seu tom de voz era firme e
ela nem hesitou, abaixou a cabeça e saiu com o rabinho entre as pernas.
Credo, como consegue ser tão cadelinha desse macho?
— Vamos querida esposa, explique-se.
— Explicar o que? O que você ouviu? — Virei-me e encarei os seus olhos
indecifráveis.
— O que faz aqui conversando com ela?
— Ela quem quis conversar comigo, eu só vim tomar um ar.
— O que ela queria?
Ele parecia preocupado com a conversa que eu tive com a sua amante?
Tenha dó!
— Ela só queria falar que te ama. — Revirei os olhos.
— Sobre o que você disse, aposto que mudará de ideia em um mês.
Tive vontade de gargalhar, mas não vou entrar no joguinho de deboche dele.
— Duvido muito.
— Vem, vamos dançar uma música juntos antes de irmos embora.
Só de saber que está chegando a hora de ir para casa, comecei a me
desesperar.
— Já vamos embora? — perguntei com a voz falhando, tomada pelo medo
do que me espera.
— Sim, não quero adiar mais.
Puxou-me pelo braço, sem delicadeza alguma, me arrastando para o salão.
Pude perceber todos os olhares em nós dois quando ele segurou firme a
minha cintura e começou a me conduzir no ritmo da música.
— Você dança muito bem.
— Obrigada. Você também não dança nada mal.
— Obrigado, querida esposa. Fico feliz que te agrado em alguma coisa.
Como sempre, ele não está sendo gentil, está apenas jogando comigo.
— Eu não disse que me agrada, eu apenas disse que você não dança mal.
— Você tem uma língua muito afiada — Soltou a minha mão e levou os
seus dedos até os meus lábios, desenhando-os. — Ah, essa boquinha
esperta! — Respirou pesado. — Se você soubesse tudo que penso em fazer
com ela — Minhas bochechas esquentaram — Não precisa ficar com
vergonha, te garanto que você vai gostar tanto quanto eu — falou, todo
malicioso e um frio intenso percorreu minha espinha.
— Novamente eu volto a duvidar da sua informação.
— Então veremos, esposa — Sorriu e continuou a nossa dança em silêncio.
Capítulo 10
Ficamos deitados com ele caído em cima de mim por alguns segundos e
senti quando ele se levantou, mas me recusei a abrir os olhos e ter que
encará-lo. Após um tempinho, eu abri meus olhos e percebi que estou
sozinha no quarto, me levantei para tomar um banho e ao andar, senti uma
dor horrível no meio das minhas pernas e quando olhei para a cama, vi o
sangue no lençol branco, marcando o ritual da perda da minha virgindade.
Caminhei lentamente até o banheiro, enchi a banheira, coloquei uma música
e me deitei dentro dela. Fiquei pensando em tudo que aconteceu e para
minha surpresa, ele não foi um bruto, inclusive, eu até gostei. Sei que é
errado eu ter gostado de transar com esse homem, alguém que eu mal
conheço e que é conhecido por ser uma pessoa horrível, mas eu gostei.
Gozei duas vezes na minha primeira vez e já ouvi relatos de pessoas que
não gozaram na primeira vez e nem em outras vezes. Acho que devo
agradecer por isso, pelo menos isso, né? Ele é gostoso e lindo. Tem um
corpo maravilhoso. Não parece ter a idade que tem. É errado achar ele
gostoso e lindo? “Claro, Luara, deixa de ser idiota!”, meu subconsciente
me alertou.
Não sei como vai ser daqui para frente. De acordo com a tradição, ele tinha
que tirar minha virgindade, mas agora, se ele não quiser, não precisa mais
me tocar e talvez até não faça mais, já que tem uma amante fixa. Só de
pensar nisso, sinto um leve aperto no peito e não sei o porquê. Talvez seja
pela vergonha de outras pessoas saberem disso também. Ah, mas foda-se!
Não ligo mesmo.
Não sei por quanto tempo fiquei dentro da banheira, mas decidi sair e ir me
deitar. Quando entrei no quarto, percebi que ele já trocou o lençol da cama e
que também não tem rastros dele por aqui, que idiota sou eu, né? Até parece
que ele ia dormir comigo. Rio alto só de imaginar como sou burra em ter
pensamentos desses.
Coloquei uma camisola que tem aqui, nem um pouco comportada, mas
amanhã irei arrumar minhas coisas, o pouco que eu trouxe comigo, já que
as coisas que estão aqui foram todas compradas por ele. Até que não tem
mau gosto, ou será que foi a amante que comprou tudo isso a pedido dele?
Balancei a cabeça em sinal negativo. Acho melhor eu parar de pensar
nessas coisas.
Me deitei e fiquei pensando no que aconteceu. Sabe o que achei mais
estranho? É que ele não me beijou em nenhum momento, nem nosso
casamento, muito menos na hora do sexo, e já que ele não tomou a
inciativa, eu é que não ia.
Agradeci a Deus por ter sido melhor do que eu esperava e pedi proteção
para que eu sobreviva a todos esses dias. Tomara que esse homem fique
fora de casa o dia todo e só retorne na hora de dormir. Será que vamos
dormir sempre em camas separadas ou isso só vai acontecer hoje? Tomara
que cada um tenha seu quarto. Minha saúde mental agradece.
Ele pode ser um ignorante, um bruto, um assassino e tantas outras coisas
ruins, mas é gostoso e lindo de morrer, isso eu não posso negar, não sou
cega, né? Experimentei e provei como é gostoso.
Que Deus me proteja dele e de mim mesma, não posso sentir nada por esse
homem além de desprezo.
Fiquei pensando em várias coisas para fazer durante os dias, minha família
não estará mais comigo, eu não tenho amigos aqui, não sei se posso estudar,
trabalhar ou continuar fazendo aulas de dança. Terei que pedir permissão ao
meu marido, vocês tem noção de como isso é ridículo? Pois é, eu sei,
totalmente ultrapassado, mas na máfia vivemos como se estivéssemos a
séculos atrás, é uma grande merda.
Antes de cair no sono, lembrei que não tomei o anticoncepcional hoje, me
levantei, tomei rapidinho e voltei a me deitar. Não quero engravidar, muito
menos desse homem. Se ele quiser um herdeiro que arrume outra esposa.
Dormi pensando em todas as coisas possíveis, pensei em como minha vida
era e de como provavelmente ela vai ser a partir de agora, só desejo que as
coisas não sejam tão ruins quanto parecem.
Faz uma semana que estou casada e, depois da nossa noite de núpcias, não
nos vimos mais. Não saí de casa para nada, não conheço ninguém aqui além
da família dele. Com a Alice eu estou falando apenas por telefone, já que
ela está muito ocupada organizando a inauguração do ateliê dela. É horrível
se sentir sozinha, eu ligo para meus pais todos os dias, estou morrendo de
saudades de casa já e aqui me sinto abandonada, não tem ninguém além dos
guardas e o pessoal que trabalha na casa, mas ninguém fala comigo,
principalmente os funcionários homens, eles mal me olham e eu sei que isso
tudo é medo do meu marido. Queria trabalhar, estudar, conquistar minhas
coisas, mas acho que isso vai ficar só em sonho mesmo.
Meu telefone tocou e vi que é Alice.
— Cunhadinha, preciso que me salve — falou ofegante, parecendo
desesperada.
— O que houve? — perguntei preocupada.
— A menina que ia fazer as fotos para o lançamento não apareceu, preciso
que você faça as fotos.
— Eu? Eu não sou modelo! — Ri, achando engraçado o seu pedido.
— Eu sei, Lua, mas você é a única pessoa que passou pela minha cabeça,
por favor, me ajuda — suplicou.
Não estou fazendo nada da vida mesmo, não custa nada tentar. Quem sabe
eu não me saio bem como modelo?
— Vou me ajeitar e vou aí, vamos tentar.
Encerrei a ligação e me ajeitei. Desci e fui em direção ao guarda que fica
fazendo a minha segurança. Não sei porquê, afinal, não saio de casa.
— Vamos sair — informei.
— Para onde, senhora?
Arqueei a sobrancelha, achando estranho ele não ter questionado ou falado
que ia ligar para o seu chefe pedindo permissão.
— Ateliê da Alice.
Ele acenou e saímos de casa. Demoramos um pouquinho para chegar
porque tinha trânsito, mas logo chegamos para socorrer minha cunhada.
— Você chegou, pensei que não fosse mais aparecer! — Alice correu até
mim assim que entrei.
— Pegamos um pouquinho de trânsito — justifiquei — Jhones, pode me
esperar do lado de fora, por favor — avisei ao segurança.
— Senhora, não posso, tenho ordens para ficar sempre perto.
Claro, ordens do meu marido chato.
— Tudo bem, irei experimentar várias roupas aqui nesta sala, depois você
explica para o seu chefe que viu a esposa dele pelada.
O homem arregalou os olhos. Tadinho, fiquei com dó da cara de medo que
ele fez.
— Ok, qualquer coisa é só me chamar, estarei logo ali na porta — avisou e
saiu.
Alice sorriu e bateu palmas, animada.
— Isso aí, cunhadinha, aprendendo rápido.
— Pois é. — Ri. — Agora vamos fazer as fotos, estou animada!
— Muito bem, vou chamar o fotógrafo, ele está no meu escritório, não
queria que meu irmão soubesse que tem outro "homem" aqui — falou,
fazendo aspas na palavra homem e acho que já saquei o que ela quis dizer.
— Cris, pode vim — Alice chamou baixinho e apareceu um homem muito
charmoso.
— Ai meu Deus do céu! Ela é linda e perfeita para as fotos! — exclamou,
todo animado.
— Amigo, essa é minha cunhada Luara, Lua, esse é meu amigo Cris e é ele
quem vai fazer as fotos. — Nos apresentou.
— Muito prazer, Cris — Estendi a mão, cumprimentando-o.
— O prazer é todo meu, querida, e pode ficar à vontade para fazer as fotos
comigo, a única coisa que vou sentir de você é inveja por não ter esse
corpinho — Deu-me dois beijinhos na bochecha.
— Lua, o Cris é gay, mas meu irmão não sabe e se ele soubesse que tem um
homem aqui, ele não ia gostar, seria capaz de matar nós três — explicou
rindo. Alice parece levar o irmão na brincadeira e não ter medo do que ele
realmente pode fazer.
— Nem brinca com isso, sou muito nova para morrer — Cris fez o sinal da
cruz.
— Entendi — Sou sucinta pois não quero falar sobre o irmão dela agora e
estragar o momento. — Vamos ver as roupas? Estou ansiosa!
— Vamos! — os dois respondem juntos, parecendo mais ansiosos que eu.
Vias roupas, eles falam sobre as ideias das fotos para catálogo e todos os
projetos deles. Fiquei encantada com tudo, são roupas lindas e com toda
certeza vai fazer muito sucesso.
— As roupas são lindas, eu amei! — exclamei, adorando fazer parte desse
projeto.
— São lindas mesmo, mas acho que o poderoso chefão não vai gostar de
vê-la usando-as — Cris alertou.
— Lua, tenho que ser sincera, eu te chamei na emoção, nem pensei no meu
irmão, mas Cris tem razão, ele vai surtar e não quero arrumar problema para
você.
— Problema dele, eu vou fazer essas fotos. Fico o dia todo dentro daquela
casa sem fazer nada. Deixa que depois eu resolvo com ele, tá? Agora eu não
quero pensar nisso. — Sei que isso pode dar uma merda grande, mas vou
arriscar.
— Então tá. Você pode vir trabalhar aqui comigo, o que acha? — Alice
ofereceu. — Se você quiser, sinta-se à vontade para vir, sei que não é sua
área, mas talvez você se encontre aqui, esse mundo da moda é animado.
— Eu acho ótimo! Começo hoje mesmo se quiser. Não faço nada e acho
que seu irmão não vai se importar que eu venha trabalhar com você.
— Contratada então, Lua! Vai ser ótimo trabalhar com você.
— Agora vamos fazer as fotos, estou ansioso para tirar fotos sua, Lua,
tenho certeza que a câmera vai amar tanto quanto eu fazer essas fotos.
— Eu também estou animada, qual roupa eu experimento primeiro? —
perguntei para a Alice.
— Essa aqui — Ela me entregou um vestido vermelho lindo — Vamos
começar com os mais tradicionais e depois a gente faz os mais ousados.
Apenas concordo e vou trocar de roupa. Nunca trabalhei como modelo, mas
não custa tentar, vai que dá certo, né? Claro, se meu marido não me matar
antes da minha futura carreira decolar.
Capítulo 12
Hoje faz uma semana que estou casado com aquela diabinha dos olhos
azuis. A toquei somente uma vez, para consumar nosso casamento e desde
então não parei de pensar nela e no seu corpo. Luara é muito gostosa e
receptiva. Foi a sua primeira vez, mas ela estava tão entregue. Arrisco dizer
que foi uma das minhas melhores transas, isso se não foi a melhor. Eu
nunca tinha tirado uma virgindade antes, até porque ser carinhoso não é
nem nunca foi meu forte, mas eu gostei bastante, a sensação de saber que
ela é e sempre será só minha desperta em mim algo puro e primitivo,
beirando ao bárbaro.
Terminei de fumar meu charuto depois de uma rodada de sexo com Shantal
e mesmo estando aqui, eu não consigo parar de pensar na Luara, até na hora
do sexo eu pensei nela, cazzo! Meu celular tocou, vi que é Jhones, o guarda
que eu coloquei para ficar à disposição de Luara.
— Fala
— Senhor, acabei de deixar a senhora Luara no ateliê da sua irmã.
— Ok. — Desliguei sem aprofundar no assunto.
Jhones fica fazendo a segurança dela e me informando sobre seus passos e
desde que nos casamos, essa é a primeira vez que ela sai, acho que vai fazer
bem para ela, só fica trancada dentro de casa, não tem amigos e nem família
aqui. Cheguei a pensar que ela não soubesse que podia sair, mas deixei
quieto, uma hora ela ia querer sair de dentro de casa, Luara é esperta.
— Vai ficar até mais tarde, querido? – Shantal apareceu pelada e sentou no
meu colo.
— Não, irei resolver um problema agora — Levantei ela do meu colo e
também me levantei.
— Você volta hoje de noite?
— Não sei, acho que vou para casa.
— Para casa? Você vai ficar com sua mulher?
— Você sabe que não te devo satisfações, não é?
— Sim, senhor — Abaixou a cabeça.
— Estou resolvendo muitos problemas e já fiquei uma semana fora de casa,
por isso irei hoje, mas passo aqui amanhã.
Eu gosto dela, é uma boa garota, sempre fez todas as minhas vontades,
nunca me questionou em nada e me obedece sem reclamar.
— Então estarei te esperando. Vou sair para comprar algumas coisas, tudo
bem?
— Claro, deixarei o dinheiro antes de sair.
Vou para o banheiro tomar um banho e me ajeitar para sair.
Lembrei que quando a vi naquele bordel, me encantei, ela não era mais
virgem, tinha sido estuprada por um soldado e por isso foi parar naquele
lugar. Eu fiquei com ela no dia em que chegou, ela é uma loira muito
bonita, alta, com cabelos um pouco abaixo dos ombros, corpo volumoso,
chama bastante atenção. Gostei do sexo e da obediência dela e a reservei só
para mim. Com o passar do tempo, tirei ela de lá, não tinha porque deixá-la
lá, sendo que ela só ficava comigo, então a coloquei nesse apartamento,
banco todas as suas vontades e em troca ela me obedece e faz um sexo bem
feito sem cobranças, nada melhor que isso.
Sei que não a amo, até porque nem sei se sou capaz de amar alguém, mas
tenho carinho por ela e por isso procuro tratá-la bem, mesmo que da minha
forma. Sou ignorante e sem paciência, mas ela nunca me deu motivos para
tratá-la mal. As vezes eu que cheguei sem paciência por conta de problemas
na máfia e acabei descontando nela.
Shantal está com ciúmes de Luara, é visível, mas claro que ela não deixa
transparecer, porque sabe que eu não suportaria tal coisa, o que temos não é
nada sério, é apenas sexo, já Luara é minha esposa.
Saí do apartamento e fui resolver meus problemas da máfia, tenho alguns
idiotas para torturar e tentar descobrir onde aquele figlio di puttana[xiii] se
esconde.
Depois de resolver meus problemas, fui direto para casa, já está na hora do
jantar e encontro Luara jantando sozinha. Ela percebe minha presença e me
olha com aqueles lindos olhos arregalados.
— Boa noite, querida esposa — a cumprimentei e sentei na cadeira à sua
frente.
— Boa noite! — respondeu com indiferença e voltou a comer. Confesso
que esse tratamento dela em relação a mim me incomoda.
— Sentiu saudades de mim? — perguntei para provocá-la.
— Nem lembrava mais de você.
— Sempre arisca, esposa, precisa se acalmar mais, acho que sei do que está
precisando — Usei um tom malicioso e ela ficou vermelha de vergonha.
Ainda mais bonita corada.
— Rocco, eu queria te pedir uma coisa. — Mudou rapidamente de assunto e
eu acho graça da sua timidez.
— Peça.
— Queria trabalhar no ateliê com Alice, eu fico dentro dessa casa sem fazer
nada o dia todo e queria alguma ocupação para não me sentir tão sozinha.
Avalio um pouco o seu pedido. Acho que vai fazer bem para ela e é com
minha irmã, não tem perigo.
— Tudo bem.
— Sério? Não tem problema? — Luara parece não acreditar na minha
resposta.
— Sério. — Levantei-me. — Tenha uma boa noite! — Saí da sala de jantar
sem tocar na comida e fui para o meu escritório.
Não consegui ficar perto dela, sentindo seu cheiro sem poder tocá-la.
Capítulo 13
Os dias passaram e minha vida continua uma bosta. Continuo casada, mas
mal vejo meu marido, só transei uma vez, uma única vez, nem prazer sexual
tenho. Não posso trair o infeliz, porque senão arrisco perder minha cabeça e
o que me resta é ficar com tesão acumulado mesmo.
Não podia imaginar como era gostoso gozar da forma que ele me fez chegar
ao ápice na minha primeira vez. Tenho me tocado, mas não é a mesma
coisa, não sei explicar, sinto uma leve necessidade que esse monstro me
toque, mas jamais irei admitir isso. É doentio.
Eu sei que ele vive mais com a amante do que comigo, não que eu esteja
com ciúmes, longe de mim, nem me importo, mas é horrível essa situação,
ainda mais que todos sabem, só se fingem de sonsos mesmo. Ele é o todo
poderoso, ninguém vai se meter e eu tenho que aceitar tudo caladinha.
Hoje é a inauguração do ateliê da Alice e tudo está tão lindo. Daqui a pouco
ela distribuirá o catálogo e se até o fim dessa noite eu estiver viva, será um
milagre.
— Vamos beber alguma coisa, Lua? — Cris me tirou dos meus
pensamentos.
— Vamos — Não sou de beber, ainda mais depois do vexame que dei na
noite do meu aniversário, mas essa noite preciso de todo o álcool possível.
Ficamos próximo ao bar conversando e a movimentação de pessoas só
aumenta. Meu digníssimo esposo ainda não chegou, deve estar muito
ocupado com o pau dentro da boceta da sua amante loira.
— Procurando seu esposo? — Cris perguntou ao me ver observando as
pessoas que entram.
— O quê? Claro que não! Ficou doido, Cris? — Fiz uma careta de nojo —
Outro dry martini[xiv], por favor — pedi ao garçom.
— Devia pegar leve na bebida, senhorita — Virei o pescoço para ver de
quem é essa voz que não conheço e vejo um homem lindo parado ao meu
lado.
— Sem querer ser sem educação, mas isso não é da sua conta, né? — Abri
um pequeno sorriso para esse gato parado ao meu lado.
Uau! Ele é lindo demais!
— Tem razão, por isso te acompanharei em um drink.
Procurei por Cris e vi que ele foi falar alguma coisa com Alice.
— Se está aqui é porque foi convidado, vai, senta aí — Apontei com a
cabeça para a cadeira ao meu lado e ele se sentou, pedindo um uísque puro.
Igual o diabo costuma beber.
Mais que inferno, eu penso nesse homem o tempo todo? Será que bati a
cabeça? Devo estar ficando louca, não tem outra explicação.
— Ora, ora, veja se não é o todo poderoso Rocco Caccini chegando à festa.
Espera, quem é aquela loira? — O homem deixou de ser bonito no
momento em que faz essa pergunta irônica. É claro que ele deve saber que é
a amante.
Não é possível que esse infeliz trouxe ela!
Olhei para onde estão direcionados os olhos do cara ao meu lado e nossos
olhares se encontraram. Ele todo elegante em seu terno preto como de
costume e a loira um pouco mais atrás, linda em um vestido vermelho.
Desviei meus olhos rapidamente, é muita humilhação, eles podem não ter
chegado de mãos dadas, mas todo mundo sabe que são amantes.
— Está triste, linda menina? — Até tinha esquecido desse cara ao meu lado
com tudo que aconteceu nesses minutos.
— Ah, vai se ferrar! — respondi irritada e ele riu.
— Calma, bela jovem, não precisa ficar nervosa comigo, é seu marido que
está com outra na sua frente, não eu — Destilou seu veneno tranquilamente
enquanto bebia um longo gole do seu uísque e eu senti vontade de socar
esse copo na sua goela.
— Não me importo. — Dei de ombros. — Casei obrigada mesmo, quero
que ele se foda, aliás, quero que todos vocês se fodam! — Pedi outro dry
martini.
— Acredito, querida, deve ser difícil ser casada com um homem tão
egocêntrico, o que é uma pena, porque você é linda, muito linda.
— Até agora não entendi muito bem qual a sua função, é me elogiar ou me
irritar?
— Gostei da sua beleza, mas gostei mais ainda que você é arisca.
— Sabe que se aquele cara egocêntrico ali souber que você está dando em
cima da esposa dele, ele vai te matar, né?
— Você acha que ele realmente se importa com você? — Nossa, essa doeu!
— Ele só não quer dividir o que é dele por puro capricho, mas disso você já
sabe. Lua, você é uma mulher linda e muito esperta, queria ter te conhecido
antes de Rocco, pode acreditar. — Não lembrei de ter dito meu nome para
ele e sinto que ele não está falando sério, parece que só quer provocar.
— Isso seria impossível, estou predestinada a esse monstro desde que nasci
— Quando dei por mim, já havia falado. Acho que o álcool começou a
fazer efeito.
— O que é uma pena — Vi que Rocco se aproxima — Foi um prazer
conhecê-la.
— Qual seu nome? — perguntei antes dele ir.
— Enzo — Estendeu a mão e eu retribuí, recebendo um beijo no dorso. —
Espero revê-la mais vezes. — Sorriu e saiu.
— Querida esposa, reforçando nossas alianças com a máfia Alemã? Fico
feliz! — Rocco chega com deboche. Esse homem é mais falso que nota de
três reais.
— Não sei do que está falando — respondi tranquilamente, enquanto bebo
o meu drink.
— Enzo, o capo da máfia alemã, vejo que já o conheceu e parece que se
deram muito bem — Aproximou-se e sussurrou no meu ouvido. — Não me
desafie, Luara, pode não ser nada bom para você — ameaçou e saiu.
Pedi uma dose da bebida mais forte que o garçom tinha, bebi tudo de uma
vez, e meu Deus, que coisa horrível! Mas só isso para me acalmar. Depois
de afogar minhas mágoas na bebida, me levantei e fui para minha sala.
Desde que estou trabalhando para Alice, eu ganhei uma sala só minha, onde
eu atendo as clientes, anoto seus pedidos, suas preferências e tudo mais.
Estou feliz trabalhando aqui, melhor do que ficar o dia todo em casa
esperando meu digníssimo marido chegar da casa da sua amante. Quando
eu estou aqui, sinto que posso chegar perto de começar a viver novamente.
Capítulo 14
Paramos de nos beijar para poder respirar. Foi a primeira vez que ele me
beijou… e caramba, que beijo! Sem contar que também foi o meu primeiro
e essa nova sensação que eu senti foi surreal. Gostei do beijo e quero beijar
mais, de preferência, beijar ainda mais o meu marido.
Tudo nesse homem é quente, ele exala tensão sexual. Minha calcinha está
em ruínas.
Encostamos nossas testas e respiramos ofegantes. O que eu estou fazendo
me entregando desse jeito? Me repreendi mentalmente por isso, não posso
ser fraca a esse ponto.
— Vamos para casa — Tentei me soltar, mas ele é forte e não consigo sair
do seu aperto. — Me larga, Rocco, eu não quero! — Mesmo que seja
mentira e o meu corpo traidor esteja gritando por ele, precisei ser forte.
— Sério que você não quer? — Desceu a mão que estava na minha bunda e
tocou a minha calcinha. — Seu corpo diz outra coisa bambina[xvii].
É, eu sei, meu corpo é um traidor.
Estou queimando de tanto desejo.
— Rocco, por favor — Não sei o que estou pedindo, se estou pedindo para
parar ou para que me faça gozar logo.
— O que você quer? Fala para mim — perguntou baixinho no meu ouvido
enquanto passava os dedos por cima da minha calcinha.
— Me faça gozar — Irracional. Sou uma fraca.
Não acredito que estou perdendo a dignidade nesse nível, mas não consegui
evitar, estou louca de desejo, neste momento não consigo pensar em nada
além de um delicioso orgasmo.
— Você acha que merece? Você foi uma boa esposa? Só boas esposas
podem gozar — Com um sorriso no rosto, parou de me acariciar.
— Seu… seu… idiota! — Novamente tentei me soltar, mas falhei. — O que
você quer? Me ver implorando?
Se é isso que ele quer, lamento informar que não conseguirá. Posso até
perder a dignidade abrindo as pernas para ele, mas implorar, jamais. Perder
a dignidade tudo bem, mas tem que ser com classe.
— Quero que me prometa que será uma boa esposa, se me prometer e
cumprir isso, gozará gostoso todos os dias.
— Proposta tentadora, querido marido.
Caramba, coloca tentadora nisso.
Rocco trocou nossas posições, colocando-me sentada na mesa com as
pernas bem abertas, fazendo meu vestido subir até a altura da minha cintura
e olhou-me com adoração.
Novamente rasgou a minha calcinha, igual fez na noite de núpcias e
acariciou minha boceta, passando seus dedos enormes por cada pedacinho e
apertando meu clitóris.
Quando ele se ajoelhou na minha frente, tive a certeza de que iria para o
paraíso e teria um orgasmo arrebatador.
— Você fica bem melhor nessa posição. — Não aguentei e tive que
confessar, Rocco ajoelhado na minha frente, chupando-me é sem dúvidas
uma das melhores visões que tenho desse homem.
— Também acho — Abriu um pequeno sorriso e não perdeu tempo,
devorou-me com a boca.
Bendito seja essa boca tão deliciosa.
Sugou meu clitóris, dando leves mordidas, arrancando de mim gemidos
cada vez mais intensos. A cada vez que ele mordia, fazendo-me sentir uma
leve dor, sua língua voltava a trabalhar trazendo-me alívio. Essa junção da
dor com o prazer me levou à loucura e fez-me chegar ao ápice com mais
facilidade.
Enfiei a mão nos fios do seu cabelo, puxando-os e pressionando sua cabeça
ainda mais no meio das minhas pernas e quando ele introduziu seus dedos
dentro de mim, gozei fortemente gritando o seu nome.
Após limpar todo o meu gozo com a sua divina língua, ele me encarou, seus
olhos refletem pura luxúria. Distribuiu mordidas pelas minhas coxas, minha
barriga por cima do tecido do vestido e o abaixou, libertando os meus seios,
onde deixou uma mordida em cada um e depois pincelou sua língua pelo
bico rígido.
— Tão doce, minha Lua! — Por que raios eu gostei de ouvi-lo me
chamando assim? — Vou te comer agora — avisou, abrindo sua calça. —
Quero te foder até você esquecer o seu nome. Não sei se vai conseguir sair
daqui andando, isso é uma promessa — prometeu, fazendo-me ansiar por
isso.
Sim, eu quero que ele me foda até eu esquecer o meu nome e ter dificuldade
para andar.
Pegou-me no colo, tirando-me de cima da mesa e me colocando debruçada,
abrindo bem as minhas pernas com o seu pé e puxando o meu quadril,
empinando a minha bunda em sua direção.
Senti sua cabeça robusta pincelando a minha entrada e pouco a pouco ele
foi me preenchendo, abrindo-me para recebê-lo, deixando-me
completamente cheia dele.
Ardeu bastante quando ele entrou todo, batendo sua pelve na minha bunda.
— Vai passar — avisou, percebendo o meu desconforto.
Talvez se ele fosse um pouco menor eu conseguiria recebê-lo sem dor, mas
se é o que temos, vamos com dor mesmo.
Bem lentamente foi entrando e saindo, aos poucos a dor foi dando lugar ao
prazer.
— Quero te comer tão forte, bambina, estou te desejando tanto — gemeu
rouco e começou a se movimentar com mais rapidez.
Suas mãos enormes seguraram firme em minha cintura, firmando o meu
corpo e suas investidas foram ficando cada vez mais fortes.
Algumas coisas da minha mesa começaram a cair conforme o impacto, mas
ele não se importou, não diminuiu as suas investidas por nada.
Gritei ao sentir tapas atingirem minhas nádegas. Tentei controlar os meus
gemidos, mas diante da intensidade do sexo, não conseguia e já nem sabia o
que estava falando ou como estava o tom dos meus gemidos. Só espero que
as pessoas não escutem.
A mão que estava desferindo tapas subiu pelas minhas costas e agarrou os
meus cabelos, depois parou no meu pescoço, puxando o meu corpo mais
para ele, inclinando-me cada vez mais. Aproximou o seu rosto do meu
pescoço e suas investidas ficaram mais leves.
— Você pertence a quem, Luara? — perguntou, sua voz cada vez mais
rouca e sexy. Deixou uma mordida nas minhas costas e eu gritei. — Fala
sua gostosa, fala quem é o seu dono — Outra mordida e foi o bastante para
eu acabar gozando.
— Ahhhhhh! — Desmanchei-me, sentindo o meu corpo ficar cada vez mais
mole e minhas pernas tremerem descontroladamente.
— Quem é o seu dono, Luara? — perguntou novamente, passando a língua
pelo meu pescoço e o apertando mais forte. — Quem te faz gozar gostoso,
hein?
— VOCÊ! — gritei. — Eu sou sua!
Não vou me julgar por isso, a essa altura do campeonato eu não sabia nem o
que estou falando, mal sabia meu nome, esse homem está me levando a
loucura.
— Isso sua gostosa, você é minha! — Entrou ainda mais forte.
— Eu não aguento mais Rocco, para — Praticamente implorei, estava
destruída.
Mas ele não parou, continuou entrando e saindo com rapidez, distribuindo
tapas, beijos e mordidas por meu corpo. Sua mão entrou no meio das
minhas pernas e seus dedos começaram a dedilhar o meu clitóris. Estou tão
sensível que não demorei e gozei novamente, dessa vez não conseguindo
sustentar o meu corpo e ele me segurou pela cintura, gozando em seguida,
chamando o meu nome.
Capítulo 16
Hoje tive que resolver os problemas sobre nosso carregamento que foi
interceptado, nada me tira da cabeça que aquele maledetto[xviii] está por trás
disso. Quando eu colocar minhas mãos nele, ele irá se arrepender de ter
entrado no meu caminho.
— Problemas no paraíso, fratello[xix]? — Renzo apareceu.
— Não estou com paciência para suas gracinhas hoje, Renzo.
— Fiquei sabendo que mandou Alice demitir ela. Saiba que nossa irmã está
com muita raiva de você — avisou rindo, se divertindo às minhas custas.
— Como se eu me importasse. Estou com problemas demais para me
preocupar com essas coisas.
— Você acha que foi ele? — Referiu-se ao bastardo que tem atormentado
nossos negócios.
—Tenho certeza, quem mais tentaria algo contra a gente?
— O que vamos fazer?
— Eu ainda não sei, mas vamos descobrir logo, temos que pensar em algo
rápido, as coisas não podem mais ficar assim. Precisamos pegar esse
bastardo.
— Senhor — o chefe dos soldados me chamou —Tem uma pessoa que
insiste em falar com o Don — anunciou.
— Quem?
— O Capo mexicano.
— O que ele quer comigo? — Estranhei, pois não temos guerra, mas
também não fazemos negócios.
— Disse que só falaria para o senhor, segundo ele, tem informações
importantes sobre Claus. — Agora sim estamos falando a mesma língua.
— Leve-o para o meu escritório — ordenei.
Saí do galpão junto com meu irmão direto para meu escritório e aguardei o
homem.
— Don, Senhor Renzo — O homem nos cumprimentou e eu apontei a
cadeira para que se sentasse.
— Vamos logo ao assunto, José, é esse seu nome, não é? — Anuiu. —
Diga-me o que sabe.
— Com todo o respeito, eu direi assim que o senhor me der uma garantia.
Tenho vontade de rir, é muita audácia.
— Quem te disse que eu preciso te dar alguma garantia para descobrir o que
tem para me dizer? — indaguei.
Renzo solta uma gargalhada com a petulância desse homem.
— Não quero ser petulante, mas vim trazer informações valiosas em troca
de uma garantia. Eu tenho uma doença degenerativa, não me resta muitos
dias de vida, senhor, e se me torturar para tirar informações me levando a
morte, será um favor que vai me conceder.
Olho para Tom e ele entende que é para verificar se a história desse homem
é verdadeira. Renzo serve uma bebida para nós três enquanto aguardo Tom
retornar com a informação.
Meu segurança entra e me dá um leve aceno, confirmando o que o homem
acabou de contar. José também não seria burro de entrar aqui exigindo as
coisas sem ter uma carta na manga.
— Tudo bem, me diga o que eu quero saber e eu te darei o que quer em
troca.
Renzo olha-me apreensivo, mas ele sabe que no momento é o certo a se
fazer.
— Primeiro a troca, depois digo o que o senhor quer saber.
— Olha só, Capo, eu já estou ficando sem tempo e paciência e nós dois
sabemos que essas duas coisas são de grande importância no nosso meio,
então não me faça perder essas duas coisas valiosas, fale logo.
— Me dê sua palavra que vai cumprir com a troca e eu falarei.
— Se a sua proposta não for absurda, tem a minha palavra de que terá a
garantia que quer.
Ele me contou que Claus está comandando um cartel de drogas no México,
o que tem atrapalhado os negócios e segundo ele, Claus descobriu sua
doença e está usando isso ao seu favor. Pensei que o infeliz estava com a
máfia americana, mas pelo visto me enganei, ele está tentando passar o
Capo mexicano para trás.
José ficou à disposição para nos passar todas as informações que descobrir
e se aliou a nós para arrumar uma emboscada para o maledetto.
— Valiosas suas informações, já sabemos onde ele está, agora precisamos
arrumar um jeito de pegá-lo — Renzo me encarou, provavelmente já está
articulando alguma coisa.
— Aí já não é comigo, senhor Renzo, trouxe as informações e até o meu
último suspiro, trarei todas as outras que descobrir. Te garanto que
aproveitarei esses últimos dias de vida para tentar entregar Claus ao Senhor
— O homem voltou a sua atenção para mim — Agora, Don, preciso que
cumpra a garantia.
— E qual seria ela? Preciso saber, para então, dizer-lhe se poderei
concordar. — perguntei curioso. O que um homem à beira da morte poderia
pedir? Uma aliança entre as nossas máfias nessa altura não faria diferença
para ele, já está morrendo e logo outro Capo assumirá.
— Como já disse anteriormente, tenho alguns dias de vida. Tenho uma
filha, o nome dela é Melanie, minha joia. Não posso partir e deixá-la
sozinha nesse mundo, principalmente com o Claus querendo tomar o que é
meu, ele fará coisas horrorosas com minha filha e também tenho outros
inimigos a solta, preciso partir sabendo que ela estará protegida e amparada
e preciso de alguém para assumir o meu lugar.
— Entendo a sua preocupação, Capo. Você quer proteção para ela?
— Não. Quero uma aliança entre nossas máfias — respondeu rapidamente.
— De que forma? — Renzo perguntou curioso tanto quanto eu.
— Quero que se case com a minha filha, senhor Renzo.
Olhamos de um para o outro e Renzo balançou a cabeça em negativa, mas
ele sabe que não posso voltar atrás na minha palavra, um Don jamais faria
isso e precisamos das informações que esse homem pode nos trazer, uma
aliança com a máfia mexicana não será de todo ruim, quanto mais alianças
formarmos, melhor para nós.
— Você quer que Renzo case-se com Melanie? — perguntei só para
confirmar mesmo.
— Isso mesmo, Don. Não posso deixar minha filha à deriva nesse nosso
mundo, então, nada melhor que um bom casamento. Como o senhor é
casado, então eu quero que Renzo case-se com ela, assim ela terá um
casamento e ficará sobre a proteção da sua máfia.
— Tudo bem, Capo, temos um acordo. — Sei que Renzo está me encarando
com raiva, por isso evitei olhá-lo. — Melanie e Renzo se casarão após a sua
morte, antes disso, ela é sua responsabilidade, proteja-a e mantenha-a viva
até o dia da sua partida.
José concordou e encerramos a conversa. Assim que ele sair, sei que terei
que aguentar os chiliques de Renzo, haja paciência.
— Você ficou maluco, porra? — esbravejou. — Eu não vou me casar! Você
está ouvindo? Não vou me casar! Eu nem conheço essa garota!
— Se acalme, fratello, todos temos responsabilidades com a máfia, eu
cumpri a minha, agora você terá que cumprir a sua — respondi calmamente
e ele sabe que estou falando a verdade.
— Vai se ferrar, Rocco, você não podia ter feito isso seu bastardo, figlio di
puttana! — xingou, todo nervoso.
Tenho vontade de rir, mas me seguro.
— Dei minha palavra, não posso voltar atrás. Você a partir desse momento
é um homem comprometido, então comporte-se como tal — zombei dele —
E sobre xingar a mamma, irei contar para ela, prepara-se para apanhar,
fratello.
Renzo saiu batendo a porta e xingando todos os nomes possíveis, caí na
gargalhada pensando na sua situação. Não fui só eu que tive um casamento
arranjado e agora estamos os dois no mesmo barco.
Capítulo 18
Há dois dias que estou desempregada, não faço nada produtivo na vida,
fico trancada aqui dentro vendo a hora passar. Assisti a alguns seriados, li
uns livros, falei ao telefone com minha família e minha amiga Char e comi
besteiras.
Falando em minha família, morro de saudades deles, mas na cabeça desse
povo da máfia, depois que nos casamos, nossa família passa a ser apenas o
meu marido e os possíveis filhos que darei, o que é estranho, porque não
sinto como se Rocco fosse minha família. Sinto saudades dos meus pais e
meu irmão, mas não posso vê-los com frequência, não posso viajar e eles
também não vem muito aqui.
Aquele ditado que diz que o diabo te dá com uma mão e tira com a outra é
a mais pura verdade. Aconteceu isso comigo, ele me deu orgasmos intensos
e depois tirou a única coisa produtiva que estava fazendo na vida. Que
Deus me perdoe, mas eu amaldiçoo esse homem todas as horas do meu dia.
Tenho me julgado frequentemente também, me entreguei demais, acabei
me deixando levar pelo desejo e não agi pela razão e sim com emoção.
As marcas que ele deixou em meu corpo já estão sumindo e a todo
momento fico pensando se fará outras. Tenho vivido uma guerra intensa
dentro de mim entre a razão e o tesão.
Estou torcendo para a razão ganhar, mas no momento, o tesão está sempre
vencendo.
Toc-toc.
Escuto batidas na porta do meu quarto.
— Pode entrar — autorizei.
— Senhora Caccini — Beth, que é nossa governanta, entrou e está
segurando algumas flores. — O senhor Caccini pediu que eu te entregasse
essas flores.
Estreitei os olhos, fazendo uma careta e ela riu.
— Tem certeza que foi ele? — Acenou em confirmação. — Será que ele
bateu a cabeça? Só pode ser bipolar!
Nós duas rimos do meu comentário.
Peguei o pequeno buquê de flores e vejo que tem um cartão, abro-o.
O que tem nesses olhos azuis cor do mar que mexem tanto comigo?
— Sim, gostei bastante, obrigada! — Luara respondeu, quebrando o contato
visual. — Está aí há muito tempo? — Ela pareceu um pouco envergonhada
pela hipótese de eu estar olhando-a a algum tempo.
— Não, mas queria ter chegado antes — confessei.
Meu celular apitou e vejo que é uma mensagem de Shantal perguntando se
eu ia passar lá agora de noite, mas guardei o celular no bolso, sem dar
importância. Desde o dia do ateliê, que eu e Luara fizemos aquele sexo
enérgico, não procurei mais por ela, só consigo pensar na minha linda e
gostosa esposa, ela tem atormentado os meus pensamentos o tempo todo.
— Algum problema? — perguntou, tirando-me dos meus pensamentos.
— Não. Já que gostou tanto do presente, poderia dançar para mim? — pedi,
pois estava doido para vê-la dançar, com exclusividade, já que agora só eu
veria essa cena incrível.
— Agora? — Estreitou os olhos, parecendo surpresa com o meu pedido.
— Sim — Sentei-me no sofá e tirei o meu paletó, ansioso para assistir o
espetáculo.
— Tudo bem. — Caminhou timidamente até o som e escolheu uma música
aleatória, que não conheço.
A música ecoou pela sala e ela começou a movimentar seu corpo com
maestria.
Essa bambina não sabe, mas ela me deixa louco de tesão e desejo, estou
duro feito rocha enquanto assisto ela dançando, mas ela não percebe, pois
está inebriada pela música.
Passei a mão por cima da minha calça e não consegui tirar os olhos dessa
feiticeira, isso que ela é, uma pequena feiticeira. Não aguentei mais, me
levantei e fui em sua direção.
Segurei forte em seus braços fazendo com que parasse de dançar. Queria
apreciar mais a sua dança, entretanto, o desejo é gritante e não pode ser
ignorado.
Seus olhos azuis intensos me encararam, ardendo em puro desejo
— O que foi? — Sua voz era baixa, mas carregada de excitação.
Cazzo!
— Você me deixa louco, bambina — declarei e ataquei a sua boca com
fome, esmagando os seus lábios.
Enquanto beijava sua boca deliciosa, explorei seu corpo voluptuoso com
minha mão.
Luara levava-me ao limite ao gemer contra os meus lábios.
Vagarosamente coloquei-a deitada no chão, ajoelhei-me, desci o seu short e
a calcinha, liberando-me a visão do paraíso que eu tanto tenho desejado,
que não sai dos meus pensamentos.
Salivei, louco para sentir o seu gosto novamente.
— Eu estou suada, não faz isso — Colocou a mão entre as pernas, tentando
me parar.
Retirei a sua mão, abri bem as suas pernas e com os dedos abri os seus
grandes lábios, vendo-a completamente lubrificada. Passei a língua debaixo
para cima e arranquei dela um grito intenso. A devorei feito um selvagem,
chupei sua boceta com fome, sugando o seu pontinho sensível e lambendo-a
por completo. Luara gritou, gemeu, se contorceu, puxou os meus cabelos e
por fim, gozou deliciosamente na minha boca, dando-me o prazer de
desfrutar dos seus fluidos.
Afastei o rosto, encarando-a e me encantando ao ver suas bochechas
ruborizadas e sua respiração ofegante. Ela era linda de qualquer jeito, mas
após um orgasmo, ficava incrivelmente adorável.
Passei a língua por meus lábios e ela ofegou.
— Gostaria de fazer uma coisa, Don — Olhou-me com malícia.
Cazzo! Quase gozei só de ouvi-la me chamar assim.
Nos levantamos e ela espalmou as mãos no meu peito, empurrando-me até
o sofá. Sentei-me conforme suas instruções e ela se ajoelhou na minha
frente. Visão linda e tentadoramente excitante.
Meu pau pulsou desesperado.
Seus pequenos dedos trêmulos abriram o zíper da minha calça e eu a deixei
ter controle da situação. Se ela quiser brincar, deixarei que brinque à
vontade.
Sua mão delicada começou a me masturbar bem devagar e por mais que
esteja insegura, seu movimento foi gostoso o bastante para me fazer ter
vontade de gozar e segurei-me para não acabar com a diversão antes mesmo
de começar.
Assim que sua boca quente se aproximou e a pontinha da sua língua
contornou a minha glande, foi inevitável segurar o gemido, deixei que
escapasse um gemido gutural, encorajando-a ainda mais. Luara foi
abocanhando-me pouco a pouco, e conforme sua boquinha ia se adaptando
com o tamanho e a espessura, ela aprofundava ainda mais o boquete.
E que boquete maravilhoso! Nem as mulheres mais experientes do mundo
seriam capazes de me levar ao limite do desejo como ela fez.
É o meu fim… Luara é a minha ruína.
Segurei firme em seus cabelos e soquei um pouco mais fundo na sua
garganta. Já estava completamente perdido e até esqueci que essa é a
primeira vez que ela faz isso. Meti fundo e vi o canto dos seus olhos
lacrimejar, mas ela também não parou e continuou abocanhando-me cada
vez mais.
Não consegui aguentar e gozei, derramando-me na sua boca, jorrando jatos
quentes e intensos no fundo da sua garganta.
Após lamber-me todo, ela se afastou, olhando-me com desejo, passou os
dedos no canto da boca limpando os resquícios de sêmen que ali estavam e
lambeu os dedos.
Maledetta!
Ela quer me matar, certeza que quer me matar de tesão.
Joguei-me em cima dela, fazendo nós dois cairmos no chão, mas colocando
os braços embaixo dela para não machucá-la.
Rasguei sua blusa, libertando seus lindos seios rígidos e os chupei, sugando
o bico do peito e resvalando o dente, fazendo atrito.
Encaixei-me na sua entrada molhada e pincelei o pau antes de entrar de vez,
indo até o fundo, sentindo suas paredes me esmagarem.
— Roccoooo! — gritou o meu nome, dando mais munição ao meu apetite.
Saí todo de dentro dela e entrei com força, colidindo nossas pélvis.
Seus dedos adentraram a minha camisa, ajudando-me a tirá-la e suas unhas
arranharam as minhas costas.
Distribuí mordidas, chupões e lambidas por seus lábios, pescoço e seios.
Agora, nessa sala, a única música que ecoa são os nossos intensos gemidos,
e sinceramente, esse é o melhor som mais agradável a ser ouvido.
— Rocco! Rocco! — gemeu o meu nome como uma adoração e a senti
pulsar, seu gozo estava próximo e eu queria gozar junto com ela.
Acelerei os movimentos de vai e vem buscando por nossos prazeres e,
juntos, chegamos ao ápice de uma forma gloriosa.
Suados, com respirações ofegantes e corações acelerados, fomos incapazes
de levantar ou falar qualquer coisa. Permanecemos um tempo assim,
deitados, sujos e satisfeitos.
— Vem — Levantei-me e ela se sentou. — Vamos para o quarto tomar um
banho, juntos — enfatizei o juntos para que ela saiba que quero a sua
presença ao meu lado.
Estendi a mão e ela pegou, abrindo um pequeno sorriso tímido.
Entreguei o meu paletó e ela vestiu e caminhamos para o meu quarto. Luara
não questionou nenhuma das minhas decisões após o nosso momento.
Enchi a banheira e foi inevitável não desejá-la novamente. Luara era como
um imã me atraindo.
Apesar de estar dolorida, mais uma vez ela se entregou e novamente temos
mais uma rodada de sexo intenso.
Depois nos lavamos e pela primeira vez, dormimos juntos.
Capítulo 20
Fiquei toda animada quando Rocco me ligou avisando que íamos a uma de
suas boates hoje. Acho que assim como eu, ele também está tentando fazer
isso dar certo, eu quero muito que dê certo, que seja pelo menos um pouco
parecido com o casamento dos meus pais.
Escolhi minha roupa e passei uma maquiagem. Alice ligou avisando que
também vai e isso me deixou ainda mais animada. Pelo menos terei com
quem conversar e dançar, não quero passar a noite toda sentada ouvindo
assuntos chatos de mafiosos.
Olhei no relógio e vi que está marcando 22h em ponto, então desci, pois sei
que meu marido não atrasa e não tolera atrasos, não quero cutucar a fera
hoje, tenho que aproveitar enquanto ele está sendo “bonzinho”.
Ao chegar na sala, deparei-me com ele sem terno, usando uma camisa
social preta e uma calça jeans escura. Rocco fica maravilhoso de terno, mas
essa roupa, meu Deus, ele está sexy demais! Poderia facilmente confundi-lo
com um homem normal, nada de homem de negócios e muito menos
mafioso.
Nossos olhos se encontraram, ele tragou seu charuto, depois bebeu um
longo gole do seu uísque, deixando-o à mesa e o charuto no cinzeiro, andou
até mim de um jeito lento e ameaçador, observando-me como se fosse a sua
caça. Um arrepio percorreu todo o meu corpo.
— Algum problema? — perguntei, pois a maneira indecifrável que ele ficou
me encarando fez-me duvidar se está tudo bem entre nós dois, entretanto,
não me lembro de ter feito nada de errado para chateá-lo.
— Estou aqui pensando quantos homens terei que matar essa noite por
cobiçar minha linda mulher.
— Ah! — Soprei, sem saber ao certo o que falar.
Apesar de assustada com a sua maneira de falar, porque sei que é verdade,
ele não hesitaria em matar alguns homens por motivos que ele acha
aceitável. Confesso que também gostei da sua forma nada convencional de
me elogiar.
— Você está belíssima, borboletinha.
Espantei-me ao ouvir o apelido que meu pai e meu irmão me deram.
Livre para voar, era assim que eles me viam, infeliz engano…
— Como sabe desse apelido?
— Sei tudo sobre você, bella[xxi].
Puxou-me pela cintura e colou nossos lábios, dei passagem para que a sua
língua explorasse minha boca e aprofundamos o beijo.
Por mais que eu negue, ele me atrai fortemente. Mas admitir para ele será a
minha ruína, estarei me lançando no abismo que é a sua escuridão.
Afastou-se num rompante e pude ver um brilho, ainda não visto por mim,
em seus olhos.
— Vamos logo — Soltou minha cintura, dando um passo para trás. —
Renzo e Alice estão nos esperando. E se eu continuar aqui, não vou resistir,
terei que fodê-la.
Arfei, enchendo meus pulmões, ansiando por isso.
— Vamos — Finalmente consegui recuperar-me da sua fala.
Posso, pacientemente, esperar até chegar em casa para que faça o que falou.
Gostaria de saber quando fiquei tão devassa.
Durante o trajeto, ficamos em silêncio, não tínhamos assunto, não somos
um casal comum que conversa coisas aleatórias.
Chegamos na boate e é um lugar bonito, porém está muito cheio.
— Vamos para uma área mais reservada — comunicou, provavelmente
percebendo o meu desconforto.
Conforme caminhávamos pela multidão, um vão foi se formando, dando
passagem para Rocco, eu e os seus seguranças passarem. Pela maneira
como todos o olham, parece que é considerado um Rei. E talvez para eles,
ele seja.
Escutei um segurança informando para um homem que tentava subir que
essa área é reservada para os Caccini e seus amigos. Um sorriso debochado
se formou em meus lábios. E por acaso eles têm amigos?
— Lua, você chegou! — Alice se levantou e veio na minha direção. — Está
tão linda! — elogiou-me e eu retribuí o elogio, afinal, ela realmente é muito
bonita.
Alice vira o rosto e ignora descaradamente o irmão, o que me faz sorrir.
— Vai ficar me ignorando até quando? Vem cá, me dá um beijo — ele
pediu, puxando-a pelo braço. De começo ela se fez de difícil, mas logo
cedeu.
E quem pode julgá-la? Eu te entendo muito bem, Alice, é difícil resistir aos
encantos do seu irmão.
Cumprimentei Renzo e me sentei ao lado de Alice. Reparei que ela tem
muitas semelhanças com Rocco, mas Renzo é o mais diferente, os dois
puxaram a mãe, já ele, se parece com o pai.
Pedimos uma bebida e ficamos sentadas conversando, enquanto Rocco e
Renzo conversavam sobre negócios.
— Vamos dançar? — Alice me chamou — Eu amo essa música! — gritou,
animada.
— Vamos — respondi sem ponderar, eu amo dançar e me chamar para fazer
isso é como chamar uma criança para ir ao parque de diversões, como
recusar?
Rocco me encarou e por breves segundos e questionei-me se havia tomado
a decisão certa, mas como vir a uma boate e não dançar? Impossível. Ele
me deu um leve aceno com a cabeça e Alice me puxou pela mão.
Eu não estava esperando que ele autorizasse, eu só… bom, não era
submissão, eu só não queria brigar.
Dançamos umas três músicas e na quarta vi um homem se aproximando de
mim, acho até estranho porque ninguém aqui se atreveria a se aproximar
com o diabo sentado logo ao lado nos vigiando.
— Luara? — chamou-me pelo nome, o que me fez virar para encará-lo.
Virei-me e vi que era um conhecido do papai, já jantou lá em casa uma vez,
mas não me recordo o nome dele.
Como ele conseguiu me reconhecer com essa pouca iluminação e no meio
de tanta gente?
— Ah, oi — respondi um pouco nervosa. — Você por aqui? — Tentei
parecer o mais relaxada possível, mas meu corpo estava tenso.
— Sim, sou convidado de um amigo do Renzo — explicou vagamente. —
O que faz aqui?
— Estou com meu marido, Rocco — Já deixei avisado que era o próprio
diabo para não termos problemas.
— Você casou? — Torceu o nariz. — Que pena — Sorriu, parecendo
malicioso. Não me lembro de ter visto essa malícia nele no dia que jantou lá
em casa. Talvez eu não tenha maldado ou só esteja fazendo isso porque
bebeu.
— Lua, vou ao banheiro — Alice avisou e se afastou, sem me dar tempo de
responder. Iria me oferecer para ir junto, mas ela já estava um pouco
alterada e nem notou a presença do homem.
Péssima hora para ela sair. O cara, cujo nem o nome eu lembro, se
aproximou e eu recuei um passo.
— Sabe, sempre te achei lindíssima, é uma pena que seu pai nunca me
permitiu chegar perto de você, agora entendo o porquê — O cheiro de
álcool está bem forte e dá pra perceber o quanto está alterado — Vamos
marcar de nos ver algum dia, fora daqui.
— Já disse que sou casada, não tem como — Virei-me para sair dali, mas
ele puxou o meu braço, pegando-me totalmente desprevenida e bateu seus
lábios com força contra os meus.
Espalmei as mãos no seu tórax, empurrando com força. O gosto metálico na
minha boca era forte e acredito que tenha cortado por conta do impacto.
Mãos fortes me puxam, jogando-me com força para trás e tenho que firmar
meus pés no chão para não cair.
Rocco segurou o homem pela camisa e acertou vários socos no seu rosto.
As pessoas à nossa volta ficaram encarando, mas ninguém se meteu, se ele
continuar batendo desse jeito, vai matá-lo.
Aproximo-me de Renzo.
— Faz alguma coisa, ele vai matá-lo! — pedi, muito nervosa com toda essa
situação. O homem já estava mole, com o rosto todo ensanguentado e
Rocco não parava de golpeá-lo.
— Não posso me meter, Luara — Deu de ombros, deixando claro que não
estava nem aí para toda essa situação.
Sem outra saída, aproximei-me de Rocco e tentei segurar em seus braços.
— Rocco, para, por favor, você vai matá-lo na frente de todo mundo! —
gritei desesperada, mas ele não parou e quando ia golpeá-lo novamente,
acabou acertando o meu braço e me arremessando para longe, mas eu não
caí porque fui amparada por Renzo.
Isso o fez parar e assim que largou o homem, ele caiu no chão, parecia
morto e isso me deixou ainda mais apavorada.
— Leve esse verme daqui — ordenou, olhando diretamente para o Renzo.
—E o restante, todos vocês, fora! Saiam daqui agora! — gritou.
Como todos estavam assustados, saíram correndo, acatando a ordem do
Diabo.
Alice reapareceu do nada, sem entender nada do que tinha acontecido,
olhando de um lado para o outro. Um segurança a segurou pelo braço e a
tirou daqui, junto com os outros convidados.
Quando dei por mim, só estávamos nós dois, ou melhor nós três… eu,
Rocco e o ódio que estava visível em seus olhos.
Capítulo 23
Estou tendo muitos problemas com Claus, esse figlio di puttana está
interferindo cada vez mais nos meus negócios e enquanto não pôr as minhas
mãos nele eu não irei descansar, não posso permitir que esse maledetto
continue me atrapalhando. Quando eu pegar ele, tenho certeza que vai se
arrepender amargamente por entrar no meu caminho.
Resolvemos ir para o México, vamos adiantar as coisas do noivado de
Renzo, o pai da menina não está nada bem e não posso deixá-la à própria
sorte, mas não estamos indo só para isso, irei também para obter mais
informações e conseguir pegar o infeliz o mais rápido possível.
Não ia levar Luara, mas ela só fica trancada dentro de casa e como estou
com muitas coisas para resolver não consigo sair com ela, decidi levá-la
para que se divirta um pouco, acho que vai ser bom. Nos aproximamos
bastante nesses últimos dias, ela é uma ragazza linda, fogosa e encantadora,
impossível não se encantar.
Meu irmão jurou que estou apaixonado, mas não acredito que seja isso, é
apenas a convivência, já que estaremos ligados para sempre, temos que nos
dar bem, estou fazendo o possível para nos entendermos.
Shantal vive me ligando, eu a dispensei, mas ela me liga chorando, falando
o quanto me ama e que não se importa em ser amante, mas o problema não
é esse. Eu não sinto mais vontade de estar com ela, Luara me completa
dentro e fora da cama, ela é tão receptiva e acredito que logo teremos um
herdeiro, estamos treinando muito para isso. É o que todos esperam do Don,
preciso de herdeiros, dar continuidade ao meu legado, e quanto antes isso
acontecer, melhor vai ser.
Mas antes disso tudo, eu preciso tirar esse verme do meu caminho. Além de
só estar me atrapalhando, ainda é uma grande ameaça para minha família,
não posso permitir que nada de ruim aconteça com os meus.
— Pensando em que? — meu irmão perguntou, sentando-se ao meu lado
dentro do nosso jato a caminho do México.
— Precisamos pegar o Claus logo.
— Concordo, esse cara já nos trouxe problemas demais.
Assenti e decidi mudar o rumo da conversa, Claus era um assunto que me
irritava profundamente.
— Animado para o seu noivado? — Abri um pequeno sorriso, debochando
do meu querido irmão.
— Vai se foder, Rocco! — rezingou, irritadíssimo.
— Já viu alguma foto da menina? — questionei.
— Não, mas do jeito que tenho sorte, aposto que é horrorosa. — Ri do seu
desespero. — A culpa dessa merda toda é sua!
— Não posso fazer nada. São compromissos com a máfia, você tem que
cumprir. Eu cumpri o meu sem ficar chorando igual um bebê.
— O seu não foi difícil, não é, fratello? Lua é linda! — Encarei-o sério,
apesar de não sentir ciúmes do meu irmão, meu lado possessivo detesta
ouvir outro homem a elogiando. — Qual é, Rocco! — Pareceu se ofender.
— Sei que ela é sua, jamais olharia para ela dessa maneira, estou apenas
elogiando.
— Então não elogie mais — Levantei-me, encerrando essa conversa e indo
para o quarto em que ela está deitada.
— Vá para o inferno! — Mostrou-me o dedo do meio e eu ri.
Entrei no quarto e a encontrei dormindo serenamente, os cabelos negros
estavam espalhados pelo lençol branco e seus lábios estavam entreabertos.
Luara é muito linda!
Aproximei-me com cuidado para não acordá-la e me deitei atrás dela,
abraçando-a.
— Hum, que delícia! — ronronou. — Gosto de dormir assim com você —
confessou, bem baixinho.
— Eu também gosto — também confessei.
Tenho dormido todas as noites com ela e isso tem me feito um bem danado,
pois consigo facilmente descansar algumas longas horas ao seu lado, coisa
que era raro.
— Então fica deitado aqui comigo — pediu, sonolenta por conta do
remédio que tomou antes de embarcarmos, já que ela me disse que não
gosta muito de viajar de avião.
— Fico — Abracei-a mais apertado. — Agora descansa que já estamos
chegando.
Ela se aconchegou mais em meus braços e sua respiração foi suavizando,
mostrando-me que já havia voltado a dormir.
Não sei o que essa garota tem, mas a cada dia que passa sinto mais vontade
de estar perto dela. Essa ragazza é um perigo, me sinto cada dia mais
envolvido pela minha própria esposa. Cazzo!
Capítulo 26
A vida nem sempre é como a gente quer, a verdade é essa. Cruel, difícil de
aceitar e esmagadora, mas é a verdade.
Estou passando por uma situação que eu sabia que mais cedo ou mais tarde
ia acontecer, mas não imaginei que fosse tão cedo, na verdade eu tinha
esperanças que nunca fosse acontecer, pensei que meu pai pudesse fazer
algo para evitar, afinal, ele é o Capo.
Fui prometida a um homem que nunca vi na vida e eu gosto de outra
pessoa. A situação poderia ser menos dura? Sim, poderia e é, meu pai, a
única pessoa que tenho nessa vida está com uma doença terminal e logo vai
partir. É tanto sofrimento para uma pessoa nessa idade carregar que não sei
como estou aguentando.
Tenho 17 anos, nunca conheci minha mãe, ela morreu ao me dar à luz.
Apesar de ter um pai maravilhoso, é difícil crescer sem a presença materna.
Papai é um mafioso cruel como todos, mas comigo sempre foi amoroso e
um excelente pai, sei que no nosso meio isso é raro, mas eu tive essa sorte.
José foi o melhor pai que eu poderia ter no mundo e eu o amo muito. Só de
pensar em perdê-lo sinto meu coração dilacerado.
Sobre o meu noivo, nunca escutei nada de bom dele, o que esperar desse
casamento? Já vou me preparar para sofrer até o dia da minha morte, sei
que é pecado desejar isso, mas espero que não demore.
Solto meus cabelos e me preparo para participar desse circo de horrores,
não consigo entender como todas aquelas pessoas lá embaixo se sentem à
vontade sabendo o que está acontecendo.
Assim que comecei a descer as escadas, várias pessoas me olharam, meu
pai nunca foi de me mostrar para ninguém, fiquei o mais escondida possível
de toda essa merda, nunca nem fui para a escola, estudei em casa, papai
dizia que era o melhor para mim.
Cheguei ao final das escadas com muito custo, minhas pernas estavam
trêmulas. Meu pai vem me receber, sei que tem várias pessoas me olhando,
mas uma em especial me chama atenção. O olhar que direciona a mim é
diferente e eu o encaro, seus olhos parecem me queimar.
— Filha, você desceu — comentou aliviado. — Está deslumbrante! —
elogiou-me, me abraçando.
— Jamais te decepcionaria.
E é verdade, apesar de estar chateada e com raiva, eu jamais decepcionaria
o meu pai. O amo muito para fazer qualquer coisa que o chateasse.
— Eu sei, minha filha. — Sorriu, orgulhoso. — Agora venha conhecer seu
noivo e o Don Rocco.
Caminhamos até eles e eu apertei a mão dele com força. Vendo o meu
possível desespero, também apertou a minha mão, encorajando-me.
— Don, Subchefe, essa é minha filha Melanie. Senhora Caccini já a
conhece — apresentou-me, todo sorridente.
O homem que antes estava me encarando, continua olhando-me do mesmo
jeito. Sinto minhas bochechas esquentarem com tamanho escrutínio.
A maneira como ele me encara é estranha e sinto até um pouco de medo.
— Boa noite! — falei bem baixinho, intimidada pelo olhar penetrante desse
homem.
— Boa noite, Melanie, fico feliz que esteja entrando para a família, seja
muito bem-vinda! — Apesar do semblante sério, o Don me cumprimentou
cordialmente.
— Obrigada, Don! — Sorri timidamente.
— Apenas Rocco, você será da família a partir de agora. — Balancei a
cabeça em sinal de concordância.
Apesar de estar olhando para os meus próprios pés, ainda sentia o olhar dele
sobre mim, o que me forçou a levantar a cabeça para encará-lo novamente.
O subchefe é assustador, mas bonito, muito bonito. Tem pequenas
semelhanças com o seu irmão, o Don, mas não se parecem. Vi algumas
tatuagens em seu rosto, pescoço e mãos, mas como está de terno, não
consegui ver totalmente, mas o pouco que vi deu para perceber que possuí
muitas delas. É alto e forte. Perto dele sinto-me uma formiga prestes a ser
esmagada.
— Vamos logo adiantar isso, tenho que ir embora! — ele falou com
arrogância, desviando o olhar do meu.
— Vamos — Rocco concordou, segurando na mão de Luara, que piscou
para mim, encorajando-me.
Caminhamos todos para a sala de jantar. Quando todos estavam presentes,
começaram a cerimônia, um ritual que fazemos para os noivados, eu nunca
tinha ido a um, mas já ouvi falar sobre esse assunto.
Rocco falou algumas palavras e todos aplaudiram. Pegou a lâmina para
cortar a palma das nossas mãos, isso é típico em todos os noivados, uma
vez feito isso, nada pode mudar o destino, estaríamos ligados um ao outro
para sempre.
Renzo estendeu a mão para que Rocco a cortasse, por um momento eu
ponderei, mas sob o olhar aterrorizante do meu noivo, fiz o mesmo. Senti a
lâmina passar e queimar a palma da minha mão, o sangue escorreu junto
com uma lágrima idiota que insisteu em cair do meu rosto.
Engana-se quem pensa que esse choro é pela dor física causada, esse corte
não se compara a dor que sinto dentro do meu peito.
— ... Pelo sangue e pela honra. — Escutei o Don finalizar, unindo nossas
mãos, nosso sangue.
Todos aplaudiram, inclusive o homem que eu amo.
Capítulo 28
Ao abrir os olhos, percebi que estava sozinha na cama. Estava tão cansada
que acabei dormindo demais. Ao me sentar, percebi que nossas malas
estavam arrumadas no cantinho do quarto.
Rocco apareceu um tempinho depois.
— Bom dia! — cumprimentou-me vagamente enquanto mexia em seu
celular.
— Bom dia! Nós vamos embora?
— Vamos viajar. — Guardou o celular no bolso e sentou-se ao meu lado, na
cama. — Trouxe biquíni nessa viagem?
Estranhei a sua pergunta e franzi o cenho.
— Não, achei que não ia precisar, pensei que seria uma viagem rápida.
— Vamos para Tulum[xxiii], não tivemos lua de mel e acho que o melhor
momento para dar um tempo disso tudo é agora. — Ia concordar, mas me
lembrei de Melanie. Meu marido pareceu ler os meus pensamentos. —
Fique tranquila, a garota ficará bem.
Assenti.
— Tulum? Eu já ouvi falar que lá é lindo, mas nunca fui. — Comecei a me
sentir animada com a ideia.
— Espero que goste, então.
— Dá tempo de sair e comprar uns biquínis antes?
— Sim.
— Eu posso ver a Mel?
— Pode sim, eles vão embarcar daqui a pouco — informou, deixando-me
curiosa.
— Para onde? Ela vai ficar com o Renzo?
— Não, eu já decidi o que vou fazer até o dia do casamento.
— O quê? — perguntei, preocupada com ela.
Ele me explicou e eu fiquei com o coração mais tranquilo, não sei, posso
até estar me iludindo, mas acho que ele fez isso para me deixar mais
tranquila.
Caminhamos até o quarto onde estão Melanie e Renzo, batemos na porta e é
Renzo que atende, mas logo atrás dele está Melanie, com uma carinha triste,
porém bem melhor do que a de ontem.
— Mel — Corri para abraçá-la, ignorando completamente o meu cunhado.
— Você conseguiu descansar?
— Oi, Lua — Sorriu pequeno, — Na medida do possível sim. — Sua voz é
tão triste que sinto-me mal por deixá-la e ir viajar.
— Vai ficar tudo bem, tá? — Ela assentiu.
— Melanie, você vai para Itália hoje com Renzo — Rocco avisou e a vejo
arregalar os olhos.
— Não vou poder enterrar o meu pai?
— Vai sim, mandarei o corpo dele para lá e faremos um enterro digno. Aqui
não é seguro no momento, precisamos dar um tempo até encontrarmos
quem fez isso.
— Obrigada! — É tudo que ela diz, se mostrando mais compreensiva do
que todos esperávamos.
— Mel, eu não vou poder estar lá com você porque vou em uma viagem
com o Rocco, mas vou ligar para Alice, ela vai te acolher muito bem, tenho
certeza disso. — Não tenho opção de dizer que não vou a essa viagem. —
Eu queria muito estar com você, desculpe-me — disse baixinho, apenas
para ela ouvir.
— Tudo bem. — Sorriu carinhosamente para mim.
— Renzo, Melanie ficará na casa da mamãe até o casamento. — Meu
marido informou e o seu irmão pareceu não gostar nadinha disso, fechando
a cara.
— O quê? Por que isso? Ela é minha noiva, ficará comigo!
— Ela é sua noiva e não sua esposa. Isso não está em discussão, ela ficará
com a mamãe até daqui quatro meses quando fará dezoito e se casará com
você. Enquanto isso, Melanie, você é minha responsabilidade, ok? — A
ruiva anuiu, parecendo feliz com essa decisão e meu coração ficou mais
tranquilo. — Após o casamento você assume seu papel.
— Se você deseja assim, Don — Renzo respondeu em tom debochado.
— Sim, será exatamente assim. Irei viajar e volto daqui uns dias, fique no
comando das coisas até eu voltar — ordenou, não parecendo se incomodar
com a raiva do irmão.
— Ok.
— Vamos, Luara — chamou-me.
— Tchau, Mel, eu volto logo.
— Tchau, Lua, fica bem. Obrigada por tudo! — Abraçou-me forte e falou
baixinho no meu ouvido.
— Façam uma boa viagem. Até mais, cunhada. Até mais fratello.
Nos despedimos e assim que saímos, comentei:
— Acho que ele não ficou muito feliz.
— Ele vai superar.
— Obrigada por isso, Rocco.
— Sabia que você ia ficar mais tranquila — confirmou o que imaginei, ele
fez pensando em mim. Abro um enorme sorriso. — Vamos aproveitar um
pouco essa viagem.
— Vamos! — Entrelacei os meus dedos nos seus e ele parou por uns
instantes, olhando para nossas mãos unidas. Pensei que fosse reclamar, mas
ele simplesmente abriu um pequeno sorriso e continuamos a andar.
Ficamos aqui em Tulum por quatro dias, mas agora precisamos voltar,
preciso oficializar o noivado da minha irmã com o Capo Enzo e preciso
resolver o quanto antes meu assunto pendente chamado Claus. Enzo está
trabalhando nisso, mas ainda sem sucesso de rastreá-lo. O figlio di puttana
é bom em se esconder, mas acredito que Enzo seja melhor em encontrá-lo, e
é somente por esse motivo que permiti esse noivado. Se eu não encontrar
aquele maldito, minha família e meus negócios correm sérios perigos,
porque a cada dia ele se aproxima mais e eu não posso permitir que
machuque um dos meus.
— Eu vou na recepção acertar as coisas da nossa partida — avisei Luara,
que estava arrumando as coisas dela.
— Tá bom — Ela largou a roupa que estava colocando na mala em cima da
cama, caminhou até onde estou, ficou na ponta dos pés e me deu um beijo
calmo e gostoso.
Esses dias aqui com ela fizeram muito bem para o nosso casamento.
Estamos vivendo a mil maravilhas e espero que possamos continuar assim
quando voltarmos para casa.
Nesses dias que ficamos aqui transamos feito dois loucos. Ela é quente e
receptiva na cama e isso tem me fascinado demais. Não consigo ficar muito
tempo sem tocá-la e desejar estar dentro dela.
Afastei-me dela antes que as coisas esquentassem e fui para a recepção,
fazer o check out. Na metade do caminho, percebi que havia esquecido
minha arma e meu celular, então voltei para buscar.
Assim que entrei, a vi tirar um remédio da cartela e jogar na boca, bebendo
água logo depois.
— Que remédio é esse?
Ela se assustou e, acabou deixando o corpo cair no chão, se espatifando.
Virou-se para mim com os olhos arregalados e escondeu o remédio atrás
dela.
— R-remédio? — gaguejou.
— Sim, Luara, esse remédio que está na sua mão e que você acabou de
tomar.
— Ah, esse? — Riu, bastante nervosa. — Não é nada demais.
— Então me deixe ver o que é — pedi.
— Para que, Rocco? É só um remédio! — exaltou-se. — Caramba, para de
tentar controlar tudo! Que saco!
— Eu pedi que me deixasse ver, Luara, me entrega a cartela, quero ver o
que está tomando. — Preocupo-me com a sua saúde. Não sabia que ela
estava tomando algum remédio e me perguntei se está doente. Ela não me
entregou e ficou parada me encarando, com os olhos marejados, o que me
deixou ainda mais curioso. — Eu vou pedir só mais uma vez, me entrega o
remédio, agora! — vociferei, sem paciência.
Luara jogou a cartela em mim, bateu no meu peito e caiu no chão. Abaixei-
me para pegar e sou surpreendido.
— Que merda é essa? — perguntei ao ver que é um anticoncepcional.
— Eu posso explicar — sussurrou com a voz embargada.
— Explicar? — Estreitei os olhos. — O que você pode explicar? Que você
estava me fazendo de idiota? Que você estava mentindo para mim? —
bradei, sentindo-me enganado por ela.
— Eu não menti! — defendeu-se. — Não fiz nada demais, Rocco, eu só não
quero ter um bebê.
Por que estou me sentindo tão chateado em ouvir da sua boca que não quer
ter um filho?
— Você sabe que o conselho vai começar a cobrar isso de nós dois, não
sabe? Você sabe que se você não for fértil o suficiente, eu posso me separar
ou eu vou ter que arrumar outra mulher para me dar herdeiros, você sabe
disso? Você sabe o que aconteceria com você, Luara? Se eu me separar,
você acha que vai voltar para casa dos seus pais? — questionei e ela ficou
em silêncio, mordendo o próprio lábio inferior com força. — Responde o
que eu perguntei, porra! — gritei.
— Eu sei disso tudo! Mas eu não quero ter um bebê… não agora —
murmurou a última parte e estranhamente senti uma pontada de alívio no
peito.
— Por que você não me contou? Por que preferiu esconder? Se você não
puder me dar filhos, você vai para um prostíbulo. É isso que acontece com
mulheres inférteis no nosso meio, era essa a sua intenção?
— Não! — gritou, já chorando. — Nunca foi essa a minha intenção. Eu
estava com raiva, chateada por ter que me casar com você e eu não queria
um filho agora. Criar um filho no nosso mundo já é ruim, em um casamento
conturbado é pior ainda, eu só queria um tempo para ajeitar as coisas, só
isso.
— Como eu posso confiar em você, Luara? Eu te dou um voto de
confiança, eu faço de tudo para a gente ficar bem e você continua me
enganando, durante essa viagem eu falei sobre ter filhos e você concordou,
ficou fingindo.
— Rocco — Tentou se aproximar e me afastei — Não vamos estragar a
nossa viagem por conta disso. Olha, eu vou parar de tomar e também eu
esqueci de tomar durante essa viagem, só lembrei hoje — tentou amenizar.
— O problema não é o remédio e sim a mentira, Luara, é querer esconder as
coisas de mim.
— Amor... — Peguei o meu celular e minha arma para sair dali — Onde
você vai?
— Termina de arrumar suas roupas, vou acertar as coisas para gente ir
embora e eu não quero mais ouvir falar nesse assunto.
Saí de lá deixando ela sozinha e fui andando bem devagar para a recepção,
pensando no que acabou de acontecer lá. Não sei nem porque me importei
tanto com isso, acho que foi a mentira, o fato de ela ter escondido isso de
mim. O conselho vai cobrar um herdeiro da minha parte e no nosso meio
mulheres que são inférteis não prestam, elas acabam no prostíbulo e não é o
que eu quero para ela. Mesmo sabendo das consequências, Luara preferia
isso do que viver ao meu lado e eu achando que estávamos nos
entendendo… acredito que foi o que mais me magoou.
Meu celular tocou e eu vi que era Enzo.
— Fala. — Não estou com paciência para nada e nem ninguém.
— Tenho a última localização de Claus.
— Onde?
— Ele foi visto em Tulum a cerca de 30min, perto de um bangalô..... —
Parei de ouvir nessa parte — Rocco? — chamou — Ainda está aí?
— Luara — Saí correndo em direção ao bangalô em que estávamos.
Capítulo 34
Merda, merda, merda e merda! É só isso que consigo pensar. Estava tudo
muito bom para ser verdade. Agora eu não sei como vai ser, mas aposto que
vamos voltar a viver no mesmo inferno de antes, ele não vai aceitar isso que
fiz, na cabeça dele eu o enganei, menti… Fiz errado em esconder, mas
tenho certeza que se falasse que não queria ter filhos nesse momento ele
não aceitaria.
Quando comecei a tomar o remédio, sequer o conhecia, não estava
convivendo com ele, tudo que eu sabia era que estava prometida para um
monstro. Já estava sendo obrigada a me casar, não queria engravidar
também. Poxa vida, minha vontade também não conta?!
Fui inconsequente em não pensar nas consequências que isso poderia me
trazer? Fui. Nós mulheres não temos direito nem de mandar no nosso
próprio corpo, nem escolher se queremos gerar um filho ou não. Isso
deveria ser o mínimo, eles respeitarem a minha decisão. Por que querem
tanto que continuem procriando nesse meio terrível? Seria muito mais fácil
acabar com todo esse sofrimento não colocando mais nenhuma criança
inocente nessa podridão.
Soltei um suspiro pesado. Tudo estava indo tão bem no nosso casamento,
em alguns momentos até pensei que fossemos um casal normal, daqueles
que se conhecem, saem para alguns encontros, se apaixonam perdidamente
e então decidem dividir a vida juntos.
Não queria que a nossa viagem tivesse terminado dessa maneira. Acabei
conhecendo uma versão de homem dele que me encantou profundamente e
tenho medo de que não veja mais esse Rocco apaixonante da viagem.
O pior de tudo é que nesses dias eu descobri que o que eu mais temia está
acontecendo: estou começando a me apaixonar pelo o meu marido. Não
consegui entender o que está acontecendo comigo, está uma confusão
assustadora dentro do meu peito. Sinto-me bem quando estou em seus
braços, mas logo depois sinto-me ridícula por sentir-me atraída por um
homem como ele.
Seria tão errado assim se apaixonar por um mafioso cruel e frio?
Encarei a cartela de remédio no chão e a peguei, esmagando-a na minha
mão, sentindo raiva de mim mesma por ser tão estúpida às vezes. Fui até o
banheiro, joguei na lixeira e voltei para o quarto para arrumar minhas
coisas.
Escutei um barulho e no primeiro momento pensei que era o meu marido,
que voltou rapidamente, mas logo me lembrei que ele não faz barulho,
nunca sei quando ele chega em algum lugar, pois sempre é silencioso ao
extremo.
Um arrepio estranho percorreu toda a minha espinha e nuca, uma sensação
ruim invadiu o meu peito e corri para trancar a porta do quarto.
Afastei-me da porta ao perceber que a pessoa do outro lado estava mexendo
na maçaneta, tentando abri-la.
Meu coração bateu tão forte que podia jurar que a pessoa do outro lado da
porta estava ouvindo-o. Minha respiração estava acelerada e desregular. Dei
passos para trás sentindo as pernas trêmulas.
Puxei o ar com força, não podia me desesperar, não agora.
O que eu vou fazer agora, meu Deus? Cadê o Rocco? Preciso dele!
Pensei em correr para a janela e gritar por socorro, mas ninguém ia me
ouvir porque cada bangalô é afastado um do outro para manter a
privacidade e paz. Pensei em pular também, mas o quarto em que eu me
encontrava era no segundo andar e a queda seria grande. Analisei para ver
se tinha chances de sair viva caso pulasse e cheguei a conclusão de que
devo quebrar as duas pernas… na melhor das hipóteses.
Pensando bem, é melhor morrer de uma vez do que cair nas mãos de
pessoas inimigas, não é? Decidi que é melhor pular. Subi na quina da janela
e peguei impulso para saltar , mas antes de conseguir, a pessoa arrombou a
porta e me puxou pelas pernas.
— Me solta! — comecei a gritar e me debater — Me larga, você pegou a
pessoa errada, me larga! — implorei enquanto ele me arrastava, puxando-
me pelos pés.
— Peguei a pessoa certa, a esposa do grande Don Caccini — debochou,
parando de me arrastar e encarando-me.
Seus olhos eram assustadores… tudo em mim gritava em completo
desespero. Se Rocco não viesse me salvar, eu morreria nas mãos desse
homem e podia ver isso claramente em seus olhos.
— Socorro! Socorro! — continuei gritando, tentando me soltar do seu
aperto.
Senti um tapa forte no meu rosto e depois outro, seguido de mais outro, e
mais um após este. O gosto metálico do sangue é predominante e sinto o
melado escorrer pelo meu nariz e boca.
Continuei tentando gritar, mas a cada tapa forte que levava no rosto, minha
voz e visão ficavam mais fracos.
— Grita sua cadela, grita mais! — ordenou rindo, desferindo mais um tapa
forte.
Suas mãos agarram o meu cabelo, puxando-me para cima, tentando me
levantar e dessa vez choraminguei de tanta dor.
— Eu queria muito me divertir com você… — Analisou-me, com aquele
olhar nojento de estuprador. — Você é linda! — Passou a mão no meu peito
e eu reuni todas as minhas forças para lançar uma cuspida no seu rosto —
Sua vadia, você gosta de apanhar? É isso que você gosta? Então te darei —
Segurou firme nos meus cabelos e acertou minha cabeça na parede
incontáveis vezes.
Já não conseguia controlar a minha mente e corpo, minhas forças estavam
acabando e tudo que passei a ver foi a escuridão.
Não apague agora, Luara… vamos, você é forte, não apague agora.
Repeti na minha mente, tentando me manter acordada.
— Acorda, sua vagabunda — Parou de acertar minha cabeça na parede para
voltar a desferir tapas no meu rosto. — Acorda que ainda não acabou e eu
quero você bem acordadinha para ver o que vou fazer.
— Para...por favor... — sussurrei, extremamente fraca. Mal conseguia abrir
os olhos de tão pesados e inchados que estavam.
— Eu vou parar, vou parar porque foi só um aviso, da próxima você não vai
ficar aqui para contar história, mas antes de te matar, vou pedir ao chefe que
me deixe brincar com você, vou comer cada buraquinho seu, até você não
aguentar mais — Senti sua língua asquerosa passar por meu pescoço e a
ânsia de vômito veio forte, embrulhando meu estômago.
Acertou mais alguns tapas e jogou-me no chão ao ouvir o barulho do seu
telefone tocar. Mesmo que não estivesse 100% lúcida, consegui escutá-lo
falar com alguém do outro lado da linha, alguém que pareceu estar dando
ordens a ele, pois respondeu sempre com: sim, senhor.
Aproveitei sua distração para tentar me arrastar e sair dali, mas uma
coronhada forte acertou a minha cabeça e eu apaguei.
Meu último pensamento foi nele, só pedi para que ele me encontrasse antes
que esse monstro me matasse ou fizesse coisa pior comigo.
Preciso de você, Rocco...
Capítulo 35
Quatro malditos dias que Luara está inconsciente, ontem de noite o médico
fez a extubação e agora só estamos esperando ela acordar. Espero que não
demore muito. Estou sentindo falta até do atrevimento daquela diabinha.
Realmente estou morrendo de saudades dela, nunca pensei que fosse ficar
dessa forma.
Quatro desesperados dias, ansiando por respostas e pedindo a toda e
qualquer santidade existente nesse mundo, que eu nem mesmo acredito, por
sua vida. Eu seria capaz de qualquer coisa para vê-la sorrir novamente.
— Desculpem o atraso — Enzo pediu, adentrando a sala do apartamento em
que estou hospedado.
Estávamos esperando ele para mais uma reunião.
— Espero que tenha boas notícias para mim.
— Rocco, o cara é muito esperto, mas eu consegui fazer a ligação dos
locais em que ele mais ficou nos últimos dias, não vai demorar muito até
que eu consiga a localização exata dele.
— E porque não conseguiu ainda? — Renzo questionou.
— Claus não passa mais de 12h no mesmo local, faz a troca para que não
saibam onde exatamente ele vai estar. Claus sabe com quem está lidando e
não vai arriscar, está com medo.
— Então como você vai descobrir? — Meu irmão conduziu a conversa e eu
fiquei só prestando atenção.
— Tem três lugares que ele foi com frequência, um deles com certeza é
onde ele passa mais tempo, provavelmente a casa dele, eu só preciso de
mais uns dias para ter certeza de qual deles é o certo. Porque caso a gente
vá no lugar errado, o risco de perdemos sua localização é grande.
— Tome o tempo que for necessário para descobrir a localização exata, não
quero suposições, já estou farto deles. O noivado com a minha irmã só será
oficializado após esse serviço estar concluído, quando eu tiver a cabeça de
Claus em uma bandeja, você poderá realizar o noivado e marcar a data do
casamento.
— O combinado não foi esse! — O Capo se exaltou.
— Acabei de mudar o combinado — Levantei-me decidido. — Você terá o
que quer, quando eu conseguir o que quero — Estreitou os olhos. — O que
foi? Não confia no seu trabalho?
— Claro que confio, eu vou encontrá-lo — afirmou com afinco.
— Então temos um novo acordo. Passar bem.
Ajeitei o paletó do meu terno e rumei a saída, pronto para ir ver Luara.
— Pensou que as coisas iam ser tão fáceis assim, mané? — Ouvi Renzo
implicar. — Já que quer entrar para a família, vai ter que provar que é capaz
e merecedor.
— Eu não quero entrar para a sua família, Renzo, eu quero me casar com
sua irmã. Quando eu me casar com ela, é ela quem vai deixar de ser sua
família para entrar na minha. — Ouvi Enzo esclarecer e decidi esperar mais
um pouco, com receio de que acabasse em briga essa discussão dos dois.
— Cuidado com minha irmã, se você fizer mal a ela eu te mato!
— Isso não será um problema seu, a partir do momento em que me casar
com Alice, ela passará a ser responsabilidade minha — Apesar de não
gostar nada disso, Enzo tem razão. — Você deveria estar preocupado com
sua noiva e sua amante.
Meu irmão tentou avançar nele, mas rapidamente eu me aproximei,
segurando-o.
— Chega dessa brincadeirinha de vocês dois! — ordenei, extremamente
irritado com os dois, pois sempre que nos encontramos é assim, uma eterna
briga.
Meu celular tocou e era um número desconhecido. Assim que atendi,
reconheci a voz do médico do outro lado da linha, ele estava me dando a
melhor notícia dos últimos dias… minha esposa havia acordado.
Não me lembro a última vez que senti essa sensação de alívio e felicidade
tão forte.
— Que cara é essa? — meu irmão perguntou curioso.
— Ela acordou, estou indo para o hospital — contei, bastante animado. —
Não se matem.
— Vai lá, fratello — Renzo sabe como esperei por esse momento e sorriu,
tão feliz quanto eu.
— Fala que mandei um beijo para ela — Enzo provocou.
Esse cara adora encher o saco.
— Vá se foder! — xinguei sem olhar para trás, não havia tempo há perder,
mas ainda pude ouvi-lo rir.
Vou correndo ao encontro da minha diabinha. Estou chegando, ragazza,
estou chegando cheio de saudades suas.
Capítulo 36
Hoje é o dia do noivado de Alice e não sei como ela vai reagir. Tenho
percebido Rocco preocupado e até mesmo chateado, sei que ele ama muito
a irmã e tentou ao máximo preservá-la, não consigo imaginar o que o levou
a tomar tal decisão, mas com certeza foi algo muito sério e importante.
Fiquei com dó da Alice, infelizmente esse dia chega para todas nós, sei que
é um processo difícil, muito difícil, mas acredito que ela vai superar, é uma
mulher forte.
Entramos na casa dos pais de Rocco e percebemos que Enzo ainda não
chegou, só a família encontra-se presente e está todo mundo com uma cara
triste, parece mais um velório do que um noivado.
— Só vai ter a gente? — questionei.
— Sim e alguns membros importantes da máfia para testemunhar, eles
devem chegar juntos com o Enzo.
— Que bom que vai ser algo mais reservado, acho que ela vai se sentir
melhor, menos exposta a tudo isso.
— Pelo menos nisso aquele stronzo fez questão.
— Olá — Giovana apareceu para nos receber — Que bom te ver bem, Lua
— cumprimentou-me gentilmente e, mesmo que estivesse sorrindo, pude
ver a tristeza nos seus olhos.
— Oi, como você está?
— Vivendo um dia de cada vez. — Respirou fundo e segurei a sua mão,
fazendo um carinho, tentando passar algum conforto.
— Mel está por aí? — perguntei, sentindo saudades da minha mais nova
amiga.
— Está se matando em algum canto desta casa com Renzo, mas já deve
aparecer — Encarou Rocco seriamente. — Tem como você dar um jeito no
seu irmão? Não aguento mais essa briga de gato e rato dele e de Mel.
— Ele já nasceu sem jeito, mamma.
— Sua mãe quer proibi-lo de entrar aqui em casa — o pai dele apareceu e
contou, arrancando uma risada de todos nós.
— Eu acho uma ótima ideia! — Rocco concordou com a mãe.
— Olha só, garota, você não abusa da minha boa vontade — Escutamos
Renzo gritar com Melanie e todos olhamos para os dois no topo da escada,
até que ela deu as costas para ele e desceu correndo, vindo na nossa direção.
— Oi, Lua, como você está? Olá, Rocco — Melanie nos cumprimentou,
ignorando o noivo que veio bufando atrás dela.
— Oi! — Nos abraçamos. — Estou bem e você? — ela sussurrou um:
também estou bem.
— Olá, Melanie! — Rocco a cumprimentou, mas seus olhos estavam
voltados para o irmão, furioso.
— O que foi, Rocco? Você acha que essa garota é santa só porque tem essa
cara de sonsa? Essa menina é uma peste! — resmungou se defendendo e
saiu da sala.
Tive que me segurar para não cair na risada, mas assim que meu marido e
os pais dele se afastaram, eu e Melanie começamos a rir.
— Esse cara é doido! — Revirou os olhos, falando com desdém do Renzo.
— O que está acontecendo com vocês?
— Eu quis que Giovani continuasse fazendo a minha segurança e Rocco
concordou porque ele já é de confiança e é o que tenho mais próximo de
uma família, aí agora Renzo fica dando esse show todo.
— Ciúmes? — Balançou a cabeça negando. — Acho que ele está com
ciúmes sim! — Ri da situação dos dois.
— Nada, amiga, ele gosta mesmo é de implicar. Sei que depois que casar
minha vida vai ser um inferno.
— Sinto muito, Mel, mas talvez não seja tão ruim quanto você pensa.
— Tudo bem, não tem nada que possamos fazer mesmo. — Deu de ombros.
Assenti concordando com o seu pensamento.
— Tem notícias da Alice? — perguntei um tanto preocupada.
— Só ouvi uns gritos hoje quando os pais dela foram conversar com ela,
depois não a vi mais, também estou preocupada.
— Sinto tanto por ela e por você também.
— Eu também, amiga, eu também sinto muito por todas nós.
Nós mulheres sofremos tanto. Até que não posso reclamar muito, porque as
coisas têm melhorado bastante no meu casamento e espero que elas tenham
a mesma sorte que estou tendo.
Alice apareceu com o rosto inchado de tanto chorar, meu coração ficou
pequenininho ao vê-la naquela situação, da qual eu já passei e sei bem o
desespero que está sentindo.
— Renzo — Correu na direção do irmão — Faz alguma coisa, por favor,
não me deixe casar com esse homem — implorou.
— Eu não posso fazer nada, irmã, infelizmente — falou com tristeza por
realmente não poder fazer nada.
— Mãe, pai, vocês não podem deixar isso acontecer, por favor — Alice
começou a chorar, implorando para que suas palavras fossem ouvidas por
alguém.
Senti meus olhos ficarem marejados diante da cena.
— Filha, foi preciso, você sabe, essas coisas precisam acontecer — Vincent,
pai dela, explicou.
— Foi preciso? Foi preciso vocês me entregarem a um monstro para
conseguir algo em troca? — gritou, encarando a todos com fúria. — Lua —
Aproximou-se de mim, com um olhar piedoso. — Por favor me ajuda, faz
alguma coisa, eu não posso me casar com ele, fala com o meu irmão, me
ajuda.
Ela estava completamente desesperada e desnorteada, sabemos que o
desespero é normal, mas a maneira como ela está deixou-me surpresa.
— Se eu pudesse, eu faria algo por você, Alice — Puxei-a para um abraço
—, mas, infelizmente, eu não posso.
Assim que se afastou do meu abraço, foi em direção ao irmão mais velho.
— Irmão, por favor, não deixe isso acontecer, eu sei que você pode
cancelar, você pode tudo — suplicou.
— Alice, eu não posso cancelar, já dei a minha palavra — respondeu com
firmeza, sem deixar espaço para uma possível esperança surgir.
— Você é um monstro! — berrou. — Aliás, tirando as meninas que também
foram obrigadas a toda essa palhaçada, todos vocês são! — Continuou
despejando a sua ira. — Vocês estão me entregando de bandeja para esse
monstro, ele vai fazer coisas horríveis comigo… Odeio todos vocês!
— Alice, por que esse desespero todo? Você nem mesmo o conhece —
Vincent pontuou.
— Quem disse que não conheço? Acham mesmo que ele ia me querer como
noiva sem motivos? Vocês são mais burros do que eu pensei. — Riu,
ironicamente.
Todos ficamos surpresos com a sua revelação.
— Alice, de onde você conhece o Enzo? — Rocco inquiriu, um vinco de
irritação já se formava na sua testa e temi pelo pior.
— Deixa que eu mesmo conto essa linda história, querida noiva — Enzo
entrou na sala e todos os olhos voltaram-se para ele.
— Seu maledetto! — Alice gritou, tentando avançar em Enzo, mas Melanie
conseguiu segurá-la a tempo.
— Quantos elogios eu tenho recebido de vocês ultimamente — debochou,
não parecendo se importar nem um pouco com o desespero da sua futura
noiva. — Pelo visto, a família Caccini me ama muito.
— Vamos, Enzo, comece a falar, não tenho todo o tempo do mundo — meu
marido ordenou, impaciente.
— Claro, Don. — Sorriu. Eu podia até estar errada, mas o Capo parecia
estar gostando da situação, o medo que predominava nos olhos de Alice
parecia agradá-lo. — Conheci a sua irmã em Milão, nos conhecemos
enquanto ela estava estudando e eu estava em uma missão… aquela missão
que fiz para selar o acordo das nossas máfias. — Rocco assentiu, se
lembrando do que ele estava falando. — Sua irmã me disse o nome dela,
mas com um sobrenome diferente, o que ela usava para não associá-la com
a máfia e poder viver uma vida normal. Eu não podia imaginar que ela era
Alice Caccini.
— Cala boca, cala a maldita boca, seu maledetto! — ela berrou, implorando
para que ele ficasse em silêncio.
— Calada, Alice, deixa ele terminar — Vincent interviu — Prossiga, Enzo.
Todos estavam ansiosos para ouvir mais sobre essa revelação. Realmente
foi algo inesperado e que nos pegou de surpresa.
— Claro — Ajeitou o paletó despreocupadamente antes de continuar. —
Nos relacionamos na época, ela era muito nova, você tinha o que Alice? 18
anos? — perguntou, mas acho que foi uma provocação, porque ele não
esqueceria essa informação. Silenciosamente e com um olhar apavorado,
Alice chorava cada vez mais. — Eu também não contei para ela que era um
mafioso, vivemos juntos quase dois anos desse jeito. Ela foi para Alemanha
nas férias dela, vocês lembram? Então, ela foi para ficar comigo. Alice
inventou inúmeras mentiras sobre os pais e a família e como a única coisa
que me interessava era estar com ela, acabei acreditando e não me
aprofundei em sua vida particular. — Seu tom de voz demonstrava uma
mágoa profunda.
— Você também mentiu quando não contou que era um mafioso, seu
infeliz!
— Ah, claro, eu ia chegar para uma pessoa fora da máfia e falar: olá, eu sou
um mafioso — Ele riu — Enfim, ficamos juntos esse período e depois ela
sumiu, eu não a vi mais, não consegui manter contato e quando fui até
Milão, descobri que ela não estava mais fazendo o curso lá.
— Foi na época em que ela pediu para vir embora — Renzo lembrou.
— O que aconteceu, Alice? — Giovana perguntou, querendo ouvir a versão
da filha.
— Eu descobri que ele era um mafioso, então eu fui embora, pensei que
nunca mais íamos nos ver, porque naquela época eu não sabia que as máfias
tinham firmado um acordo, mas ele me encontrou, descobriu quem eu era e
apareceu na inauguração do meu ateliê — respondeu cabisbaixa,
envergonhada diante de toda a situação exposta.
— Exatamente, eu fui atrás dela na tentativa de uma conversa amigável,
mas ela me disse que nunca se casaria comigo e aqui estamos no dia do
nosso noivado. Como é a vida, não?
Enzo é muito debochado, meu Deus! Como consegue agir dessa maneira
num assunto tão sério?
— O que aconteceu entre vocês? — Rocco procurou saber mais detalhes.
— Enzo, não! — Alice clamou por seu silêncio.
— Tudo que acontece entre um homem e uma mulher. Eu não sabia que ela
pertencia à máfia. Fui o seu primeiro homem e agora estou aqui para
reivindicar o que é meu por direito.
Nesse momento uma tensão toma conta da sala, todo mundo fica em
choque. Senti Rocco ficar tenso, seu corpo todo ficou rígido e decidi que é
melhor segurar na sua mão. O ar parece ter se esvaído do pulmão de todos
que estão aqui dentro e posso jurar que consigo ouvir as batidas aceleradas
do coração de cada um que está aqui presente.
— Seu desgraçado! — Renzo foi para cima do Capo, mas parou ao ouvir a
ordem firme do seu pai.
— Não, Renzo! — Vincent bradou. — Irresponsável foi a sua irmã, ela não
pensou nas consequências dos seus atos, nem na hora e nem o que isso
poderia trazer depois — Direcionou seu olhar decepcionado para a filha. —
Passou pela a sua cabeça, Alice, que se você se casasse com outro homem,
ele ia perceber a sua desvirtude? Você estaria morta!
— Pai, eu estava apaixonada — Tentou se defender. — Ele mentiu, não
disse que era desse meio, eu só descobri porque acordei durante a noite e vi
ele matando um rapaz que tinha dado em cima de mim naquele dia, eu não
podia imaginar, ele era tão diferente.
— Você também mentiu, Alice, e pior ainda, fugiu! Você sabia que o seu
destino estaria ligado a mim eternamente e mesmo assim foi embora —
Enzo estava muito, mas muito decepcionado. Cada palavra proferida por ele
carregava uma imensidão de mágoa.
— Então, como tudo já está esclarecido, vamos oficializar esse noivado
logo — Rocco declarou, com a sua expressão inabalável de sempre.
— Vocês ainda vão fazer isso? Ele quer vingança! Ele quer vingança porque
eu fui embora!
— Isso são consequências dos seus atos impensados, Alice. Você pertence a
ele antes mesmo de oficializar o noivado. Ele ainda está fazendo muito em
se casar com você, se fosse qualquer outro a deixava morrer ou ir para um
prostíbulo — Alice assentiu para o irmão mais velho, sabendo que não
havia mais nada a se fazer.
— Mesmo eu não precisando do acordo, saiba que ele ainda está de pé — o
Capo afirmou.
— Você mentiu, fingiu que precisava daquele acordo, por que? — Meu
marido quis entender.
— Porque eu quis ajudar — Deu de ombros.
— Grazie!
Não sei de que acordo eles estão falando, mas Enzo não precisava fazer
nenhum esforço para ficar com Alice, bastava ele contar isso e ela seria
dele, ninguém poderia contestar.
— Vamos nos reunir com os outros membros e oficializar. Enzo, posso
contar com sua discrição? — Rocco estendeu a mão para ele.
— Com toda certeza, Don Caccini. — Apertou, selando o acordo.
Vamos todos para a sala de jantar. Nesse momento, Alice já parou de chorar
e está aqui como se nada tivesse acontecido, vestindo uma máscara de
indiferença, mas apesar de tentar se mostrar forte, seus olhos não
conseguem esconder toda sua aflição e medo do que o futuro lhe reserva.
Capítulo 40
Alerta de gatilho: Este capítulo contém cenas de tortura, caso seja sensível
a esse tipo de conteúdo, sugiro que pule esse capítulo. Preserve sempre a
sua saúde mental.
Alice teve que sair às pressas para resolver um assunto sobre o ateliê e eu
fiquei porque ainda queria comer uma sobremesa.
Confesso que fiquei com muita dó dela e de toda essa situação, não deve ter
sido nada fácil e com certeza agora também não está sendo.
Terminei de comer e me retirei do restaurante, queria ir para casa descansar
um pouco.
— A senhorita não tem permissão de chegar perto — Escutei o segurança
falar e olhei para trás para ver quem era.
— Tudo bem, pode deixar — pedi, vendo que quem estava ali era a ex ou
atual, não sei ao certo, amante do meu marido.
— O Senhor Rocco não permite que ela chegue perto de você — avisou.
— O Senhor Rocco não está aqui e eu estou falando para você deixar,
depois eu me entendo com ele.
— Sim, senhora, mas terei que avisá-lo.
— Tudo bem, nos deixe a sós — O homem pareceu pensar se deveria e
diante do meu olhar furioso se afastou, deixando que ela se aproximasse. —
Achei que não ia querer falar comigo, primeira dama — Sorriu.
— Como é mesmo o seu nome? — perguntei, tentando não me deixar afetar
por seu tom debochado.
— Shantal, não se lembra, querida?
— Ah sim, a ex amante do meu marido, não é? Desculpe minha falta de
memória, só costumo lembrar de pessoas importantes.
Ridículo, eu sei, brigar por homem é tão… uó, mas estou apaixonada e não
consigo pensar direito.
— Ex amante? — Gargalhou. — Engraçado, ainda ontem ele estava na
minha cama.
Não estava esperando por isso, confesso, mas não vou demonstrar que
fiquei abalada.
— Fez bom proveito?
— Sempre faço, aquele homem é quente como o inferno.
— Não foi para falar da sua vida sexual com o meu marido que você me
parou na rua, ou foi?
Fiquei me correndo de ódio por dentro. Não posso acreditar que aquele
desgraçado estava com ela!
— Você tem razão. Eu vim apenas te avisar mais uma vez para não se iludir.
Você pensa que está fazendo o papel de mulher perfeita, não é? Que seu
marido vai parar de ficar comigo, mas você está enganada, você nunca vai
ser o suficiente para ele. Olha sua idade, acabou de sair das fraldas.
— Sinceramente, não sei porque vou perder meu tempo com você, mas
vamos lá… Se eu não representasse uma ameaça você não estaria me
procurando, ou eu estou errada? Você está tão desesperada atrás de mim
para mostrar que eu não sou o suficiente, que eu acho que você está
esquecendo de ser suficiente.
— Eu sou o suficiente para ele! — Se exalta e o segurança dá alguns passos
à frente, mas entendo a mão para que ele continue onde está.
— Se fosse, ele não teria feito sexo loucamente comigo ontem a noite, acho
que você está fraca, hein? — Riu
— Você acha que uma pirralha vai satisfazer ele? Você não deve nem saber
chupar, garota!
Cadela! Eu não queria entrar no jogo dela, mas não vou aguentar seus
insultos calada. Se ela quer descer de nível, pois é, serei subterrânea.
— Talvez eu não saiba chupar tanto quanto você, já que você é bem
experiente, afinal, trabalhava num bordel, mas acho que com o dele eu
consigo fazer bem… bom, ele nunca reclamou.
O rosto da mulher atingiu um tom vermelho de ira.
— Sua pirralha! — Deu um passo à frente, mas logo recuou. — Você está
se iludindo fácil, acha que ele te ama e quer ficar com você, mas ele só está
aproveitando sua boceta nova.
— Shantal, eu até poderia continuar aqui conversando com você, mas em
todas as frases você usa palavras de baixo calão e eu não estou acostumada
com tal coisa, peço desculpas por não poder te responder a altura, não
conheço tantos palavreados inapropriados, mas se você quiser conversar
como duas pessoas adultas, estarei à sua disposição. — Virei-me para
encerrar essa discussão medonha, mas ela segurou no meu braço.
— Sai do meu caminho, sua infeliz!
— Está me ameaçando?
— Você é uma pirralha, uma cadela barata que no momento está
satisfazendo todos os desejos do meu homem, a única coisa que ele quer é
brincar com você até deixar de ser novidade, depois ele vai correr para
minha cama e vamos rir da sua tentativa falha de conquistá-lo. Eu vou
zombar de você, sua boba, vou zombar de você junto com o homem que
você está apaixonada. Acha que me engana? Acha que não sei que caiu na
conversinha e nos encantos dele? Mas você é muito trouxa mesmo!
Queria ignorar tudo que ela acabou de falar, mas não consegui, perdi a
minha razão e acertei um tapa na sua cara, fazendo ela soltar o meu braço e
cambalear para trás. O tapa foi tão forte que a palma da minha mão estava
ardendo, mas juro que me sentia mais aliviada depois disso.
— Posso ser tudo isso que você falou, mas não sou uma boba iludida igual
você. Ele pode até não gostar de mim, mas você acha que ele vai gostar de
você? Você acha que algum dia vai ter algum reconhecimento? A única
ridícula e iludida aqui é você! Não vai adiantar me ofender, porque eu só
me importo com opinião de quem é importante para mim e você não é nada,
você e uma merda de cachorro para mim é a mesma coisa… não, não vou
ofender a merda do cachorro, porque ela ainda é mais relevante que você.
Ela avançou, mas eu tive um bom reflexo e consegui empurrá-la antes que
seu tapa me atingisse. Parti para cima dela novamente e dei vários tapas no
seu rosto, puxei os seus cabelos e ela se desequilibrou, caindo no chão. Subi
em cima do seu corpo, prendendo seus braços com os meus joelhos e
continuei batendo enquanto ela gritava.
Parei somente quando braços fortes me puxaram, afastando-me dela.
— Para com isso, Luara, para com isso — Eu continuava me debatendo,
mas parei ao ouvir a voz de Rocco.
— Olha — Bati palmas, rindo e falando alto igual uma desequilibrada. —
Agora o circo está armado, a esposa, a amante e o canalha.
— Luara, para de chamar a atenção de todos aqui, vamos para casa
conversar.
— Rocco, olha o que ela fez comigo — a cadela choramingou, enquanto
estava sendo acudida pelo segurança.
— Com você eu me acerto depois — Encarou-a seriamente.
— Se acerte agora, vai, vai consolar a sua amante — gritei e dei socos nos
seus braços e peito.
— Para com isso! — Ele segurou meus braços, nervoso.
— Me larga, me larga! — berrei e ele me largou. — Me deixa em paz, me
deixa quieta! — Saí andando e ele ameaçou vir atrás de mim, mas virei-me
rapidamente, o parando — Não! Fica aí, me deixa em paz pelo menos uma
vez na vida!
Eu preciso de espaço, nesse momento eu preciso de paz e espaço, estou me
sentindo sufocada e extremamente magoada. Tantos sentimentos ruins
assombram o meu peito.
Rocco pareceu entender o meu apelo e ficou parado, enquanto eu andava
sem rumo.
Não sei por quanto tempo andei. O vento fresco batia em meu rosto secou
as insistentes lágrimas que insistiam em cair.
Parei em frente a uma igreja e decidi entrar. Acho que estou mesmo
precisando falar com Deus, ele é o único que pode me entender. Que ironia,
a mulher do diabo precisando do acalento de Deus.
— Boa noite, minha jovem! — o Padre me cumprimentou assim que entrei.
— O que te traz a casa do Senhor?
— Paz, padre, eu procuro por paz — Sentei no banco e ele se aproximou,
sentando-se ao meu lado.
A igreja estava vazia e a sensação de plenitude era enorme.
— Então veio ao lugar certo — Sorriu — Gostaria de conversar?
— Minha vida não tem mais jeito, padre, estou condenada a viver no
inferno para sempre.
— Que isso, minha jovem! Não pense assim — repreendeu-me — Para
Deus, todos temos salvação.
— Mesmo aqueles que entregam a sua vida ao diabo?
— Mas por que você fez isso, menina?
— Eu não tive escolha, me entregaram de bandeja nas mãos dele — Voltei a
chorar, pensando em tudo que vem acontecendo na minha vida nos últimos
dias.
— Não chore, minha jovem, para todo problema há uma solução, até os que
parecem ser mais difíceis, lembre-se que para Deus nada é impossível.
— Acho que o meu problema não tem solução.
Escutamos um barulho na entrada da igreja e assim que olhamos para trás,
vi Renzo com mais dois soldados. O padre me olhou assustado.
— Luara, que bom que te achei! — Meu cunhado se aproximou. — Boa
noite! — cumprimentou o padre, que mesmo receoso, o respondeu com
muita educação.
— Era melhor se não tivesse achado — resmunguei.
— Cunhada, Rocco colocou a cidade abaixo, ele está feito um louco atrás
de você.
— Grandes bostas.
— Vamos, vou te levar para casa.
— Eu não vou agora.
— Sabe que eu gosto muito de você, não é? Mas você também sabe que eu
recebo ordens? Preciso te levar para casa por bem ou por mal e eu
agradeceria muito se fosse por bem.
— Minha querida, vá para casa — O padre interveio — Confia no Senhor e
tudo dará certo.
— Tudo bem — concordei para não fazer escândalo e nem causar maiores
problemas na casa do Senhor.
Entrei no carro em silêncio e permaneci assim o trajeto inteiro.
— Boa sorte ai, cunhada, ele está uma fera — Renzo estacionou o carro na
frente de casa e saiu para abrir a porta para mim.
— Você não vai entrar? — perguntei, um pouco receosa.
— Tenho ordens para te deixar até aqui.
— Tudo bem. Obrigada pela carona — agradeci com um sorriso fraco e nos
despedimos.
Entrei em casa com as pernas trêmulas, temerosa pelo o que me aguardava.
Rocco estava sentado na sala, bebendo uísque e fumando charuto. Olhei-o
rapidamente e decidi que era melhor ignorá-lo, por isso, passei direito e já
estava no primeiro degrau da escada quando a sua voz rouca me parou.
— Onde você pensa que vai?
— Para o quarto — Virei-me para encará-lo.
— Vem até aqui, temos que conversar. — Seu tom de voz pareceu mais
calmo do que eu esperava.
— O que eu teria para conversar com você? — Desci o degrau e dei dois
passos à frente, ficando diante dele.
— Onde você estava?
— Na igreja.
— Fazendo?
— O que se faz na igreja?
Deu de ombros.
— Não costumo frequentar igrejas.
— Estava pedindo para Deus me livrar do diabo — alfinetei.
— Felizmente esse pedido ele não vai poder realizar.
— Infelizmente — corrigi sua fala.
— Porque você arrumou aquela cena? — Seu olhar não se desviou do meu
nem por um segundo.
— Ah, agora eu que fiz cena? — Ri, mas tudo dentro de mim era triste. —
Não foi sua amante, não?
— Ela tinha ordens para não chegar perto de você, porque deixou que ela
chegasse?
— Porque ela não podia chegar? Estava com medo de que ela me contasse
que você continua indo ver ela?
— O quê? Ela te disse isso? — Ele riu alto.
— Faz diferença, Rocco?
— Claro que faz. Eu não tenho mais nada com ela!
— Sério? E eu acredito em papai noel — Fiz careta. Estava sendo infantil?
Sim. Estava me importando com isso? Não.
— Eu não tenho porque mentir, não tenho mais nada com ela, apenas deixei
que ela continuasse morando no apartamento e ainda estava a sustentando
porque não sabia o que fazer com ela.
— Tadinha dela, né? Você tinha que continuar a amparando — ironizei,
espumando de raiva
— Tem como você parar de deboche e conversar como uma pessoa adulta?
— Adulta? Que merda de adulta o que! Você continuou sustentando aquela
mulher, agora vem me dizer que não tem nada com ela ainda? Vai se ferrar!
— Luara, eu acho melhor você se acalmar, cuidado como você fala comigo.
— Senão o que, Don Caccini? Você vai fazer o quê? Vai me matar? Então
que mate! — gritei — Já não suporto mais ter que viver ao seu lado!
Ele avançou e segurou minha cintura com força, colando nossos corpos.
— Não é o que parece quando estamos transando loucamente — Roçou a
barba no meu pescoço e me arrepiei.
— Para! — Tentei ser firme, mas sei que falhei. — Tudo para você é sexo.
É só para isso que você me quer! — O empurrei, lembrando-me do que
aquela mulher falou e senti uma tontura ao me esforçar para mover seu
corpo musculoso para longe do meu.
— Claro que não, Luara, eu gosto de estar com você — Rocco estreitou os
olhos ao me olhar e perceber que não estou bem. — O que foi? Luara? — É
a última coisa que escuto antes de desmaiar.
Capítulo 43
Abri os olhos, percebendo que estava no meu quarto… tudo pareceu girar, o
que aconteceu? Me lembrei de estar brigando com Rocco e tudo se apagou.
Eu desmaiei? Oh, meu Deus! Sim, eu desmaiei! Esses últimos tempos têm
sido muito estressantes, não estou dando conta de todas essas emoções.
— Senhora Caccini? Se sente melhor? — Olhei para o homem parado ao
meu lado e não o reconheci.
— Quem é você? — indaguei, piscando algumas vezes e tentando me
sentar.
— Sou o Doutor Fontana — se apresentou — Como está se sentindo?
— Bem, apesar de tudo.
Ele colocou alguns travesseiros nas minhas costas e me ajudou a sentar.
— Vou te fazer algumas perguntas, tudo bem? — Assenti — Desde quando
você vem sentindo essas tonturas?
— Senti umas duas vezes antes, mas bem leve.
— Já desmaiou alguma outra vez?
— Não.
— Entendi. Sente enjoo?
— Não.
— Se sente sonolenta?
— Um pouco, quer dizer às vezes.
— E sua menstruação? Está certinha?
— O quê? — Finalmente consegui perceber aonde ele quer chegar com essa
conversa. — Sim... quer dizer, não. — Respirei fundo, confusa com tudo
que está rondando minha mente neste momento. — É que eu acabei
esquecendo de tomar o remédio algumas vezes e ela desregulou um pouco
— expliquei.
— Ok. Eu tenho três testes aqui comigo, vou orientá-la a ir ao banheiro e
fazer.
— Teste? Teste você fala de gravidez?
— Sim.
O ar parece ter sumido dos meus pulmões e meu coração acelerou
descompassado após as palavras que ouvi do médico.
— Tudo bem. — Peguei a sacola da sua mão com os dedos trêmulos.
Levantei com calma e fui ao banheiro, tranquei a porta e fiquei me olhando
no espelho por alguns segundos… talvez eu esteja realmente grávida. Era
isso que passava na minha cabeça enquanto encarava o meu reflexo
cansado.
Fiz xixi nos palitinhos e aguardei os três minutos, assim como o médico
explicou e que manda na embalagem, tremendo e muito ansiosa para que o
resultado saísse logo.
Abri a porta e avisei que já fiz, assim como ele pediu.
— Posso ver seus testes? — O médico pediu educadamente e eu dei
passagem para que ele entrasse e os olhasse. — Parabéns, Senhora Caccini,
você está grávida! — anunciou, sorrindo.
Eu já tinha visto os testes, mas precisava ouvir dele para ter certeza de que
era realmente um positivo.
Ouvi-o explicar que marcará a consulta para amanhã cedo e que farei um
exame de sangue chamado Beta-Hcg[xxxii], para confirmar a gravidez e assim
prosseguir com todas as recomendações e cuidados necessários, mas não
consigo raciocinar direito, senti tudo girar novamente.
Isso não podia estar acontecendo, não agora.
— Senhora? Tudo bem?
— Sim, tudo bem — Andei até a cama e me sentei.
— Vou indicá-la a uma ótima obstetra, recomendo que comece a fazer o
pré-natal logo... — Ele começou a falar um monte de coisa e eu não prestei
atenção em nada. — Já vou indo, qualquer coisa só me ligar.
— Não conte nada ao meu marido.
— Senhora, assim que sair por essa porta terei que contar.
— Deixa que eu conto, tá legal?
— Então irei chamá-lo, mas a senhora precisa contar, senão terei eu que
fazê-lo.
— Tudo bem.
O médico o chamou.
Sentia-me cada vez mais perdida. Sei que é um serzinho indefeso, esse
bebezinho não tem culpa desse mundo louco em que vai nascer.
— Oi — Rocco apareceu e seu semblante era de preocupação. — Você se
sente melhor? — Se aproximou, parando na minha frente.
— Sim.
— O que ela tinha? — ele perguntou, olhando diretamente para o médico.
— Nos deixe a sós, por favor — pedi, mas o homem não saiu.
— Pode ir — Rocco o dispensou e ele saiu — E então, o que você tem? Por
que todo esse suspense?
— Estou grávida — despejei sem rodeios.
Foi dessa forma que eu descobri, sem rodeios, e é da mesma maneira que
irei passar a notícia.
— O quê? Você está grávida? — questionou, visivelmente surpreso.
— Sim, grávida — falei em alto e bom som.
— Isso é maravilhoso, diabinha, vamos ter um bebê! — Rocco pareceu
finalmente entender, pegou-me no colo e me rodou.
— Me larga! — exigi, ainda nervosa.
— Amor, para com isso, eu não tenho nada com aquela mulher há tempos,
até mandei-a de volta para o bordel — Olhei desacreditada para ele, por
dois motivos. Primeiro: ele me chamou de amor? Segundo que ainda não
acredito nele — Confia em mim. Ontem quando eu fui até ela foi apenas
para informá-la de que a mandaria de volta para o bordel, apenas isso, não
fizemos nada, Renzo foi comigo, pode perguntar para ele, não demorei nem
trinta minutos.
— Não sei se acredito — Fiz biquinho. Até porque Renzo é o irmão dele e
o acobertaria, entretanto, Rocco não falaria para eu perguntar se não fosse
verdade.
— Você é linda, diabinha, mas fica ainda mais bonita quando faz esse
biquinho — Me beijou — E agora vai ficar ainda mais linda carregando
nosso bebê.
Queria ser um pouco mais dura, mas diante da sua felicidade com a notícia
da gravidez, não consegui e acabei deixando essa história de lado para viver
o momento de agora.
Os olhos do meu marido brilharam em pura satisfação e felicidade. Ele riu à
toa e ficou tão lindo desse jeito… é apaixonante. Tornando uma missão
impossível odiá-lo.
Não queria filhos agora, mas não estou triste em saber que estou grávida.
Filho é benção. Que esse serzinho seja muito bem-vindo.
Alguns dias se passaram desde que descobri a gravidez e hoje fiz a minha
primeira ultrassonografia. Meu bebê ainda é um grãozinho tão pequenino,
fiquei muito emocionada ao vê-lo, senti um amor tão grande que nem sei
explicar.
Rocco foi comigo e por mais que não tenha demonstrado claramente,
consegui perceber pelo seu olhar que ele também estava emocionado.
Desde o dia em que descobri a gravidez, estamos tão bem. Ele passa mais
tempo em casa comigo do que na rua resolvendo as coisas da máfia, só sai
para resolver algum assunto quando não tem como ser substituído. Ainda
bem que está sendo assim, porque nesses últimos dias estou passando muito
mal, com enjoo, tontura e muita dor de cabeça. Hoje estou um pouco
melhor e ele aproveitou para sair, teve que ir resolver alguns assuntos que
estava adiando para poder ficar comigo.
Me ligou avisando que não chegará a tempo para jantar, mas que se eu
quiser esperá-lo acordada, podemos assistir algum filme juntos. Achei fofa
essa atitude dele e é claro que vou esperar, adoro esses momentos “casal
normal” que temos juntos.
Quando contamos para a nossa família sobre a gravidez, foi uma felicidade
enorme, todos vibraram e demonstraram estar muito felizes. Minha mãe
ficou emocionada e eu chorei de felicidade e de saudades junto com ela.
Sentia muita falta da minha família, sei que estou construindo a minha e
agora o meu lugar é aqui, ao lado do meu marido e do nosso filho que em
breve chegará ao mundo, mas mesmo assim sentia falta do aconchego da
minha mãe, do carinho do meu pai, das brincadeiras do meu irmão. Sentia
falta do clima do meu país também, mas não vou ficar reclamando, as
coisas por aqui melhoram bastante e eu já até me acostumei em morar na
Itália.
Passei a mão na minha barriga, que ainda é pequena e não tem nenhum
sinal visível do meu bebê, mas eu já me sinto tão completa.
Só vamos saber o sexo no dia em que nascer. Não foi uma escolha minha,
isso é tradição na família do meu marido. Para mim é difícil aceitar já que
sou muito ansiosa, mas não tem jeito, isso nem é aberto a discussão com
Rocco. Segundo ele, a família toda faz uma aposta com um valor muito alto
para ver quem acerta o sexo do bebê.
— Acordada? — Entrou no nosso quarto, lindo como sempre.
— Te esperando — Abri um sorriso carinhoso para ele e sou recompensada
com um beijo bem gostoso.
— Vou tomar um banho rápido e volto para assistirmos ao filme.
— Vou fazer pipoca — avisei, já me levantando.
— Acho uma ótima ideia — Tirou a camisa, fazendo-me parar para admirá-
lo. Passei a língua pelos lábios, umedecendo-os. — Deixa de ser safada,
mulher, vai logo fazer essa pipoca — Vai para o banheiro rindo.
Desço as escadas rindo de mim mesma, realmente nesses últimos dias eu
estou mais fogosa do que nunca.
Peguei a pipoqueira e rapidamente fiz a pipoca, voltando para o quarto com
a vasilha nas mãos. Aqui na mansão tem uma sala de cinema, mas eu
prefiro o aconchego da nossa cama, depois é só desligar a televisão e ir
dormir.
— Nada de filme de romance — mal entrei no quarto e Rocco já avisou.
— Por que não? Eu gosto! — grunhi, sentando-me ao seu lado na cama.
— Você sempre chora, Luara — resmungou, pegando a pipoca e comendo.
Verdade, eu sempre choro, mas é porque estou sensível, posso fazer o quê?
— Eu não quero ver filmes de terror e nem de ação.
— Então vamos assistir o quê?
— Comédia — Proponho e ele faz uma cara de desgosto engraçada.
— Tá bom, comédia — Mesmo contrariado, acabou concordando.
Nos acomodamos direito na cama e comecei a escolher o filme.
— É legal, você vai gostar — garanti.
— Vou sim, gosto de tudo ao seu lado. — Sua confissão me faz parar para
encará-lo.
— Obrigada por estar tornando tudo tão especial.
— Por você vale a pena.
Me joguei em seus braços, já me sentindo emocionada e o abracei forte.
Estou tão feliz com o rumo que meu casamento está tomando.
Minha mãe tinha razão, é possível fazer dar certo.
Capítulo 44
A cada dia Luara ficava mais linda, a barriguinha saliente carregando nosso
primeiro filho ia aumentando e meu coração se expandia junto. Essa mulher
é perfeita… minha mulher! Estou cada vez mais encantado por ela.
Não sabemos o sexo do bebê, vamos descobrir só na hora do seu
nascimento, é uma tradição que minha família tem. Enquanto isso, fazemos
nossas apostas valendo muito, muito dinheiro. Renzo, minha mãe, Alice,
meu pai e até o Enzo apostaram em uma menina. Já eu, Luara e Melanie
acreditamos ser um menino.
Sobre o assunto que mais tem me causado dor de cabeça: Claus. Ainda não
consegui pegá-lo e isso tem me atormentado. Enzo está trabalhando dia e
noite incansavelmente para achá-lo. Chegamos muito perto de pegá-lo esses
dias atrás, mas o maledetto foi mais esperto e fugiu antes.
Enquanto isso, tenho dobrado a segurança de Luara, ela é a minha principal
preocupação, tanto por estar carregando nosso filho, quanto por ser minha
esposa. Não posso deixar nada acontecer com ela, é meu dever protegê-la.
Quanto a Shantal, ela entendeu que eu estava falando a verdade, não tinha
porque mentir. Mandei-a de volta para o prostíbulo e nunca mais tive
qualquer contato.
Luara grávida ficou insaciável e mais gostosa do que nunca, nosso
relacionamento só tem esquentado e a cada dia eu ficava mais fascinado por
ela.
Estávamos deitados na cama, descansando após uma rodada intensa de
sexo. Conferi a hora no celular e vi que já passava da meia noite. Quando
estou ao lado de Luara não vejo o tempo passar, muito menos me lembro
que tenho milhares de preocupação.
É confortável estar ao seu lado.
— Vamos descansar? — perguntei, a aconchegando ainda mais em meus
braços.
— Sabe o que eu estava pensando?
Balanço a cabeça em sinal negativo.
— Mas gostaria de saber.
— Não decidimos os nomes ainda e falta pouco para o nosso bebê nascer.
Ela tinha razão, não pensamos em nomes e falta pouquíssimo para o meu
primeiro herdeiro chegar ao mundo.
— Você gosta de algum nome?
— Não sei. E você, gosta de algum?
— Gosto.
— Qual? — Ela me encarou curiosa.
— Giulia.
— Você já ficou com alguma mulher desse nome?
Sua pergunta me faz gargalhar.
— Não, nunca fiquei, apenas gosto desse nome.
Luara ri de si mesma.
— Hum, parece bonito, acho que gostei de Giulia. E se for menino, você
tem algum nome em mente?
— Gosto de Luigi, e você?
— Luigi me parece ótimo, eu gostei desse nome! — E gostou mesmo, pois
sua entonação de voz mostrava o quanto estava satisfeita.
— Então ele se chamará Luigi? — questionei para ter certeza de que os
nomes estavam decididos.
— Sim, se for menino se chamará Luigi. Se for menina vamos pensar ainda,
tá bom? Eu gostei de Giulia, mas ainda preciso ter certeza se nunca existiu
ninguém importante na sua vida com esse nome. — Fez biquinho.
— Tá bom — Ri do seu ciúmes e beijei o seu bico lindo. — Agora vamos
descansar um pouco?
— Vamos, só vou no banheiro primeiro — avisou, já se levantando.
A barriga linda ficou em evidência e abri um enorme sorriso, não me canso
de admirá-la. Essa mulher é maravilhosa demais!
Meu celular começou a tocar a ao conferir no visor, vi que era Enzo.
— Ciao.
— Onde fica a localização exata da sua casa?
— O quê? Você me ligou essa hora para perguntar o endereço da minha
casa? Porra, Enzo! Quer me fazer uma visita a essa hora? Vai se ferrar!
— Rocco, não tenho tempo para brincadeiras. Preciso que me fale a
localização exata da sua casa.
Falei o endereço exato da minha casa para ele, sem entender o motivo disso.
Escutei o barulho dos seus dedos apertando um teclado e presumi que
estava mexendo no computador.
— Que merda está acontecendo? — perguntei nervoso, agora fiquei
preocupado.
— Saia daí agora! Tire Luara daí! — Enzo gritou alterado do outro lado da
linha.
— Mais que porra está acontecendo?
— Claus. Consegui rastreá-lo há poucos minutos e a localização dele está
dando na sua casa.
— Você tem certeza? — Levantei, indo até o banheiro.
— Sim. Venho trabalhando nesse rastreamento há tempos, ele está na sua
casa, Rocco. Nesse exato momento. Você tem que sair daí, tem que tirar
Luara daí, agora!
— Como isso aconteceu?
— Alguém te traiu, seus guardas te traíram.
— Ligue para Renzo, preciso tirar Luara daqui — Desliguei o telefone e
bati na porta do banheiro.
— O que foi, amor? — Luara saiu do banheiro e olhou sem entender o que
estava acontecendo.
— Preciso te tirar daqui.
— Por que?
— Claus está aqui dentro de casa — disse baixinho e caminhei até a porta,
trancando-a. — Tenho que te tirar daqui, mas não posso confiar em nenhum
dos meus guardas nesse momento.
— Aqui dentro? Como assim, Rocco? — Ela ficou extremamente nervosa,
andando de um lado para o outro.
— Não tenho tempo para explicar, preciso apenas que você fique calma,
ok? Prometo que nada vai te acontecer.
Escutamos passos do lado de fora do quarto e sei que ele está próximo.
Alguém começou a mexer na maçaneta, tentando abri-la. Tarde demais, não
tenho como tirar Luara daqui.
— Eu estou com medo — Luara agarrou minha cintura.
— Preciso que você fique calma. Ele está atrás de mim e não de você, ok?
Entra no banheiro e tranca a porta, não sai de lá por nada, você está me
ouvindo? — Balançou a cabeça, confirmando — Você não pode me
desobedecer.
— Você vai entrar comigo?
— Não. Vou ficar aqui, preciso distraí-lo até que Renzo chegue.
— Rocco, ele vai te matar, entra aqui comigo, por favor — implorou,
chorando.
— Xiu, não faz barulho — pedi, tremendo que a pessoa do outro lado possa
ouvi-la.
— Eu não vou entrar ali sem você! — Bateu o pé e cruzou os braços.
— Luara, agora não é hora para isso, pensa no nosso bebê, você precisa
ficar lá dentro — Segurei com delicadeza no seu braço e a levei para o
banheiro — Não saia por nada, ouviu bem?
— Eu te amo — Ficou na ponta dos pés e rapidamente me deu um beijo na
boca — Você precisa voltar, por nós. — Alisou a sua barriga.
— Eu vou voltar — garanti, dando mais um beijo nela antes de fechar a
porta.
Entrei no meu closet, digitei a senha do cofre e peguei munição para a
minha arma. Claus ainda estava tentando abrir a porta, mas sem sucesso. A
porta do meu quarto foi programada para abrir apenas por dentro depois de
acionada a senha de alarme de emergência, mais uma das brilhantes ideias
de Enzo.
— Rocco, sei que você está aí e está me ouvindo, eu vou conseguir abrir
essa porta por bem ou por mal. Pode ficar brincando de se esconder, mas eu
irei te encontrar, enquanto isso vou lá embaixo comer alguma coisa, estou
faminto — o Maledetto gritou, ironizando e rindo. — Cadê a sua linda
esposa? Gostaria de vê-la.
Cocei a barba, sentindo o meu sangue ferver de raiva. Eu vou arrancar cada
pedacinho desse infeliz.
Esperei alguns segundos e finalmente ele parou de tentar abrir a porta.
Recebi uma mensagem de Renzo avisando que estava chegando com a
cavalaria. Abri lentamente a porta do quarto e dois homens armados
atiraram, usei a parede como escudo e atirei na cabeça de um, o outro
avançou sobre mim e eu deixei minha arma cair no chão. Começamos a
lutar e ele pegou uma faca, acertando-a de raspão no meu ombro. Acertei
um soco forte no seu rosto, fazendo-o tombar para trás e a faca caiu no
chão. O homem tentou pegá-la, mas eu o chutei e quando ele caiu no chão,
pisei forte no seu joelho mais de uma vez, quebrando-o.
Alcancei a faca primeiro que ele e a cravei na sua garganta. Fechei a porta
do quarto, acionando a tranca de emergência pelo o meu celular, dando
acesso somente a Luara para abrir.
Desci alguns degraus da escada, tomando cuidado para não ser visto e vejo
alguns dos meus soldados ajoelhados, sendo feitos de refém.
Contei os inimigos e fiz uma estratégia mentalmente para poder eliminá-los.
— Cazzo, até que fim te achei — Assustei-me e virei a arma na direção de
Renzo, quase acertando um tiro na sua testa.
— Não me assuste, você quase levou um tiro.
— Não consegui trazer os soldados, apenas três homens, a entrada está toda
fechada por homens dele, eu consegui passar com alguns pela entrada
secreta, os outros estão lá fora aguardando nosso sinal para entrar.
— Beleza, vamos eliminar alguns ratos.
— Cadê Luara?
— Escondida no quarto. Não consegui tirá-la daqui porque ele já estava na
porta do meu quarto. Preciso acabar com isso logo e levá-la para um lugar
seguro, não quero que ela fique muito tempo sozinha, está nervosa e pode
passar mal, temos que ser rápidos.
— Beleza. Estamos juntos sempre, fratello — Meu irmão apertou o meu
ombro.
— Estamos juntos sempre. Agora vamos nessa.
Descemos as escadas atirando em alguns homens, tanto de Claus quanto os
meus, que possivelmente haviam me traído. A ordem é sempre atirar na
cabeça, não importa quem seja. Quando chegamos na sala de estar, fomos
recebidos por vários disparos e dois soldados que estavam com a gente
foram alvejados na cabeça. Estávamos em três no momento e conseguimos
eliminar quase todos. Renzo jogou uma granada no meio da sala, pulamos
para trás do sofá e após alguns segundos tudo se explodiu, restando apenas
eu e Renzo, o outro soldado que estava com a gente também foi atingido.
Levantamos devagar, em meio a fumaça e parece estar tudo limpo, mas
ainda nem sinais de Claus.
— Vou mandar o sinal para os homens entrarem.
—Tudo bem, irei atrás dele — Nesse momento, sem que percebêssemos,
Renzo foi atingido na perna.
— Cazzo! — gritou, caindo no chão.
Virei-me e Claus estava atrás de mim, com uma arma apontada para a
minha cabeça. Aparentemente ele estava sozinho, todos os seus homens
foram mortos.
— Fica onde você está e larga a arma — falou com Renzo — Agora! Se
não fizer isso, eu mato o seu irmão.
Olhei para Renzo, ordenando-o que faça o que está pedindo.
— Quanto tempo, Claus, você envelheceu, hein? — Tentei me manter o
mais tranquilo e calmo possível diante da situação.
Nunca tive medo de morrer, mas isso foi antes de Luara, foi antes de saber
que teríamos um filho. A ideia de ficar sem ela e de não poder conhecer
nosso bebê me deixa terrivelmente assustado.
— Digo o mesmo, Don. Agora me conta, onde está sua lindíssima esposa,
ainda trancada no quarto?
— Infelizmente hoje ela não vai poder participar da festa, ela acabou
ficando na casa dos meus pais, vamos deixar para uma próxima — menti,
com um sorriso no rosto.
— Fica quieto — Atirou mais uma vez na perna de Renzo que estava
tentando pegar a arma. — A próxima vai ser na sua cabeça.
— Renzo, não faça mais nada! — mandei mais uma vez, irritado por ele ter
levado mais um tiro.
— Não vou deixar esse Maledetto te matar — murmurou com a voz fraca
de dor.
— Eu estou te ordenando, não faça mais nada!
Amo muito o meu fratello e sei que ele faria qualquer coisa para me
proteger, assim como eu também faria qualquer coisa para protegê-lo, por
isso, não irei arriscar a sua vida, vê-lo com dois tiros já é difícil para mim.
— Obedeça a seu Don. Venha Rocco, vamos sair daqui.
— Posso saber para onde vamos?
— Vou me divertir um pouco com você antes de matá-lo — Atirou no meu
ombro e gemi de dor, levando a mão até o local atingido — Isso é só o
começo do que irei fazer com você. — Riu.
— Acho que não estou afim de sair de casa tão tarde da noite, vamos deixar
para uma próxima, Claus, sabe como é, já estou velho, ficar até tarde da
noite na rua não é mais minha praia.
— Você não está em condições de negociar nada. Vamos sair daqui
tranquilamente, você vai ordenar a seus homens lá fora para liberar nossa
saída e eu deixo seu irmãozinho vivo.
— Ele não vai a lugar algum com você — Estremeci ao ouvir a voz de
Luara e fechei os olhos, não acreditando que ela estava ali.
— Ora, ora, mentindo para mim, Don? Que coisa feia! — Estalou a língua
no céu da boca, fazendo barulho, e a encarou, sem parar de apontar a arma
para a minha cabeça.
Renzo não conseguiu pegar a arma pois estava longe e a perna dele estava
sangrando muito. Não posso pegar a minha também porque estou com uma
apontada para a minha cabeça. Estou pensando, mas não consigo ver uma
saída para essa situação.
— Luara, eu falei para não sair do quarto, porra! — rosnei, extremamente
irritado e preocupado.
Meu coração bateu descompassado. O medo de que algo aconteça com ela e
com nosso filho é enorme. Agora sim, estou muito desesperado.
— Deixa ela participar da festinha, Rocco, não seja egoísta. Você não vai
ter coragem de atirar, mocinha, parece que nunca encostou em uma arma,
olha só como está tremendo — zombou.
Quando me virei para olhar para olhar para minha mulher, vi que Luara
tinha uma arma apontada para ele, mas realmente ela está tremendo muito e
tenho certeza que ela nunca teve uma arma em mãos.
— Não me subestime — respondeu com determinação.
— Vejamos o que temos aqui — Seu olhar desceu até a barriga da minha
esposa e fechei os punhos, querendo voar no seu pescoço. — Um bebê
monstrinho? Não acredito que você teve a coragem de engravidar desse
homem imundo.
— Não fala do meu filho, seu infeliz! — ela gritou.
— Te darei um presente, querida. Deixarei você e seu filho livre e em troca
disso matarei seu marido e seu cunhado na sua frente — Claus ameaçou
apertar o gatilho e um tiro ecoou pela sala.
Claus colocou uma mão no peito e a outra mão continuou segurando
firmemente a arma em minha direção.
Olhei para Luara após perceber que ela atirou nele, temeroso que passasse
mal.
— Sua vagabunda, você atirou em mim! — berrou, xingando. — Terei que
te matar e matar esse monstrinho na sua barriga. — Tirou a mira da minha
cabeça e apontou para ela.
— Eu falei para não falar do meu filho! — Mais um barulho de tiro.
— Luara! — chamei por ela.
Tudo aconteceu rápido demais. Claus caiu no chão, já morto, mas os
disparos continuaram por um tempo.
— Vai para o inferno! Eu falei para não falar do meu filho! — Descarregou
a arma no nosso inimigo, fazendo com que não sobrasse um pedaço dele
vivo para contar história.
A munição já havia acabado, mas ela continuava apertando, tomada por
uma fúria que jamais havia visto nela. Essa é minha mulher!
Capítulo 45
Fiquei tão cega de raiva que tudo que via na minha frente era um borrão do
homem caído, coberto por sangue.
— Luara? Luara? — Escutei Rocco me chamar, mas sua voz parecia estar
longe demais. — Olha para mim — Tirou a arma da minha mão e segurou o
meu rosto, fazendo-me olhá-lo.
— Ele está morto? — gaguejei, nervosa. Não consegui parar de olhar para o
homem que está no chão.
— Sim.
— Eu matei um homem, eu matei um homem — Comecei a chorar,
sentindo o desespero tomar conta de mim.
— Fica calma, eu estou aqui — Puxou-me para os seus braços e me
abraçou, tentando acalmar a tremedeira que consumia todo o meu corpo.
— Eu matei um homem. Rocco eu matei um homem — repetia isso várias
vezes, não acreditando que fiz mesmo uma coisa dessas.
— Meu amor, calma, está tudo bem — Abraçou-me ainda mais forte, mas
não ao ponto de machucar. — Ele mereceu morrer. Não se sinta culpada.
— Eu matei uma pessoa, eu matei um ser humano.
Sinto a palma das minhas mãos ficarem geladas e não consigo controlar a
tremedeira.
— Não tem como considerar ele um ser humano. — Depositou um beijo no
topo da minha cabeça. — Fica tranquila meu amor, você fez um bem para a
humanidade — Andou, puxando-me em seus braços até onde estava o seu
irmão. — Como você está? — perguntou para Renzo.
— Bem. Acho melhor levá-la para um hospital. Ela parece estar em choque.
Rocco assentiu, falando para Renzo ficar tranquilo que já viriam o salvar e
me levou para o carro.
A cena em que eu disparo vários tiros naquele homem repetiu várias e
várias vezes na minha cabeça.
Fiquei com medo de que ele matasse Rocco e Renzo e que pudesse fazer
algo comigo e meu bebê, não tive culpa, fiquei nervosa e apavorada, acabei
atirando para me defender e defender aqueles que eu amo.
Chegamos ao hospital mais perto. Meu marido explicou ao médico o que
aconteceu e logo vi Renzo entrando também.
Fui encaminhada para um quarto para que pudessem fazer alguns exames
para ter certeza de que estava tudo bem comigo e o bebê. Rocco ficou ao
meu lado, segurando a minha mão.
— Luara, vou te dar um remédio que a deixará um pouco mais calma, mas
fique tranquila que não é nada que possa prejudicar o seu bebê, é apenas
para você descansar um pouco — o médico explicou e eu concordei.
Após ser medicada, o sono foi tomando conta pouco a pouco. Antes de
desmaiar de sono, ainda escuto Rocco falar comigo:
— Fica bem, estarei aqui do seu lado. Obrigado por hoje e por todos os dias
em que esteve ao meu lado. Você é incrível, diabinha!
Meu único pensamento é na minha família, eu amo minha família, todos
eles e eu faria qualquer coisa por eles.
Fui buscar Luara para terminarmos o enxoval do bebê, o médico disse que
faltavam poucos dias para o seu nascimento e a ansiedade de ver o rostinho
do meu filho ou filha era grande.
Caminhamos pelas lojas comprando várias coisas, ainda não sabemos o
sexo, por isso Luara optou por comprar tudo unissex.
— Está com fome, meu amor? — perguntei carinhosamente.
Minha esposa conseguiu despertar em mim um lado meu que sequer
conhecia. Nunca imaginei que pudesse ser carinhoso com alguém, mas com
ela sinto necessidade de ser assim, de tratá-la bem.
— Sim, mas primeiro vou passar naquela lojinha ali — Apontou para o
outro lado da rua.
— Vamos lá. — Meu celular começou a tocar.
— Pode me esperar aqui, vou rapidinho — Deu-me um beijo e foi em
direção a rua.
— Cuidado ao atravessar — alertei e atendi a ligação.
Mudei muito com Luara nos últimos meses, entendi que para ter um
casamento saudável eu preciso ceder em alguns pontos, assim como ela
cede em vários. Claro que ainda sou ignorante e estúpido, o que ela não
merece, mas ela tem todo um jeitinho meigo de me domar. Essa mulher é
incrível! Tem o dom de me ganhar fácil.
Minha esposa olhou para mim do outro lado da rua e sorriu, o sorriso mais
lindo que já vi na vida. Sei que estou apaixonado por ela faz tempo, mas
acho que esse sentimento aumentou bastante, não é só paixão, é mais do
que isso.
Luara esperou o sinal fechar e veio na minha direção toda sorridente, com a
sacola na mão com que havia comprado. Está tão linda com essa barriga
enorme. Parece que a cada segundo que a olho, ela consegue ficar ainda
mais bonita.
Como em câmera lenta, tudo aconteceu diante dos meus olhos. Luara estava
atravessando tranquilamente quando um carro avançou o sinal vermelho e a
atingiu em cheio. Vi seu corpo pequeno e meigo, carregando o fruto do
nosso amor, sendo jogado para o alto, batendo no capô do carro e caindo no
chão.
Meu coração parou de bater por alguns segundos.
— Luaraaaaaa — gritei desesperado, correndo até ela, já sacando a minha
arma.
Disparei vários tiros na direção do carro. Para a minha surpresa, Shantal
saiu de lá, sangrando.
Era essa maldita no volante!
— Sua maledetta! — A sensação de ódio me consumiu e sem pensar,
descarreguei minha arma, disparando somente na sua cabeça.
Uma multidão se formou ao redor da minha mulher, me ajoelhei e a peguei
em meu colo. Seu vestido branco estava sujo de sangue. Chamei o seu
nome, mas não obtive resposta.
Um desespero nunca sentido antes por mim, me sucumbiu.
— Meu amor, fala comigo, por favor. — Beijei o seu rosto. — Socorro,
alguém me ajuda, socorro! — implorei, olhando para as pessoas à nossa
volta.
— Chefe, temos que levá-la para um hospital agora — Tom, meu
segurança, pôs a mão no meu ombro.
Corri com ela em meu colo para dentro do carro. O seu sangue escorreu em
minhas mãos e observei que estava vindo das suas pernas. Meu desespero
aumentou e inúmeras coisas começaram a passar pela minha cabeça.
— Corre! Ande o mais rápido possível, preciso salvar minha mulher e meu
filho.
— Sim, senhor — Tom acelerou o carro, correndo em direção ao hospital
mais próximo.
— Amor, você precisa ficar comigo, acorda, por favor — Distribuí beijos
em seu rosto, não me importando nem um pouco com o sangue, tudo que eu
queria era que ela acordasse me olhasse com aqueles lindos olhos.
O trajeto até o hospital pareceu mais longo do que imaginava e minha
aflição só aumentava.
Fiz uma reza mentalmente, nunca pedi ajuda a Deus, mas espero que dessa
vez Ele possa atender ao meu pedido. Se existe algum ser divino neste
mundo, que ele se manifeste agora, porque é o momento em que eu mais
preciso.
Tom estacionou o carro e eu saí correndo com ela em meus braços, gritando
por ajuda.
— O que aconteceu? — O médico perguntou ao se aproximar, enquanto os
demais da sua equipe a colocaram em uma maca.
— Ela foi atropelada. Tem muito sangue e ela está grávida. — Passei as
mãos no cabelo, tentando acalmá-la, ou a mim, durante esse processo.
— Tempo de gestação?
— Trinta e cinco semanas. — informei.
— Certo.
Caminhei junto com eles, não vou deixá-la sozinha em momento algum.
— O senhor deve aguardar aqui — O médico me impediu de entrar na sala
de cirurgia com eles.
— Eu vou entrar com ela — afirmei, extremamente nervoso.
— Sei que o senhor quer acompanhar tudo e está preocupado com ela, mas
nesse momento precisa confiar em mim. Darei de tudo para salvar sua
esposa e filho. — Encarei-o apreensivo, ponderando se deveria deixá-la. —
Confia em mim — pediu novamente. — Nesse momento seu desespero só
vai atrapalhar.
Respirei fundo, aceitando e ficando do lado de fora. Tudo para o bem deles,
tudo.
Depois de alguns minutos de angústia esperando, sem resposta, minha
família apareceu.
— Como ela está? — Alice se aproximou chorosa e me abraçou apertado.
— Ainda não sei.
— Vai ficar tudo bem, fratello, Luara é uma mulher forte — Dessa vez foi
Renzo que me abraçou.
— Estou orando por ela e o bebê — Melanie falou com toda sua delicadeza.
Balancei a cabeça, agradecendo.
— Figlio, e o bebê? Eles falaram alguma coisa sobre ela e o bebê? —
minha mãe perguntou apreensiva.
— Não, mamma, ainda não tenho resposta para nenhuma das perguntas de
vocês, estou no escuro tanto quanto todos aqui.
Meu pai apenas ficou em silêncio, ele sabe que nesse momento o que eu
menos desejo é conversar.
— Eu avisei a família dela — mamma informou e eu agradeci.
— Senhor Caccini? — o médico me chamou.
— Sim?
— Sua esposa teve uma hemorragia forte, consegui conter, mas o bebê não
quer esperar, ele está pronto para vir ao mundo, vamos para sala vê-lo
nascer?
— Claro — Olhei para os meus parentes sorrindo de nervoso e acompanhei
o médico.
Vesti aquela roupa de centro cirúrgico e lavei as mãos como fui orientado.
Ao entrar na sala, encontrei minha esposa acordada, fraca, mas acordada
O alívio que eu senti fez-me rir de tanta felicidade ao olhar sua imensidão
azul.
— Nosso bebê vai nascer — falou baixinho e bem pausadamente.
Percebi alguns hematomas no seu braço e um machucado na sua testa por
causa do acidente.
Meu coração doeu demais ao vê-la assim, novamente machucada, e por
minha culpa.
— Vai sim — Segurei sua mão —, e eu estarei aqui ao seu lado.
— Qualquer coisa que acontecer comigo, cuida dele ou dela, por favor —
Uma lágrima solitária escorreu e eu enxuguei.
— Não vai acontecer nada, meu amor, vamos cuidar nós dois dele ou dela.
— Pensar em algo ruim acontecendo com ela me mata por dentro.
De mãos dadas com ela, aguardamos o nascimento do nosso primeiro filho.
Fiz minha segunda prece, desejando que meu filho nasça com saúde e que
minha mulher fique bem, não posso perdê-los.
E eu, que nunca fui um homem de fé, peguei-me no mesmo dia pedindo
duas vezes ajuda para Deus.
O médico e seus auxiliares demoraram um pouco e eu comecei a me sentir
apreensivo achando que algo poderia estar errado.
— Tudo certo? — perguntei.
— Tudo ótimo — O médico sorriu e escutei um choro forte e alto
predominando na sala. — Aqui está seu bebê — Levantou os braços
mostrando um lindo bebê bem grandinho, que tinha um choro potente.
— Nosso bebê, Rocco — Luara apertou a minha mão, chorando bastante.
Seus lábios estão brancos, mostrando o quanto está fraca.
— Nosso bebê, meu amor — Deixei um beijo carinhoso na sua testa.
— É um meninão — ele revelou o sexo.
— Nosso Luigi — Minha esposa chorou ainda mais e pela primeira vez na
vida meus olhos se encheram de água.
O médico aproximou Luigi do rosto de Luara e ela o beijou.
— Mamãe te ama muito, meu pequeno corajoso — Sua fala ficou arrastada.
— Ela está bem? — Minha preocupação agora era minha mulher, já que
pude comprovar que meu filho está bem.
— Ela perdeu muito sangue e está fraca.
Luara começou a fechar os olhos e vi uma enfermeira pegar Luigi dos
braços do médico. Os barulhos dos aparelhos que estão ligados a minha
mulher começaram a apitar e quando a olhei, ela estava com os olhos
fechados.
— Luara? — chamei — Luara? — A vida parece estar querendo me punir.
É um desespero sem fim. — Doutor, o que está acontecendo?
— Ela está tendo outra hemorragia, peço que o senhor vá junto com a
enfermeira.
— Eu não vou sair de perto dela — Apertei a sua mão e constatei que ela
estava gelada. — Faz alguma coisa, não posso perder essa mulher —
implorei.
— Ela vai ficar bem, você só precisa confiar em mim, por favor,
acompanhe a enfermeira e seu filho.
Fiz o que ele pediu, porque no momento é o que me pareceu adequado,
preciso confiar novamente nele, embora eu odeie confiar nos outros.
Acompanhei a enfermeira junto com o meu filho, ela o limpou e trocou a
sua roupinha, usamos uma que eu e Luara tínhamos acabado de comprar
porque era o que tinha no momento. Mamma foi lá em casa buscar as coisas
dele e em breve poderemos cuidar dele do jeito que meu filho merece.
— Ele está bem? — perguntei para a médica pediatra que está o
examinando agora.
— Ótimo. Apesar de nascer antes do tempo, ele é um super bebê, saudável
e grande.
Respirei aliviado, pelo menos uma boa notícia em meio a esse caos.
Depois de trocá-lo, ela me entregou e todo sem jeito eu o peguei no colo.
Era a primeira vez que segurava um recém-nascido em meus braços.
Apesar de não ter tomado banho, o cheirinho dele era agradável e aqueceu o
meu coração.
— Seja bem-vindo, meu filho — ele resmungou — Você já está sentindo
falta da mamãe, não é? O papai também, meu filho, o papai também —
conversei com Luigi como se ele pudesse me entender.
— Vamos levá-lo para o quarto, quando sua esposa descer ela ficará com
vocês.
— Ela vai ficar bem?
— Vai sim, senhor, fique tranquilo.
Entramos em um quarto amplo e a enfermeira se retirou falando que
qualquer coisa eu poderia chamá-la. Pedi que chamasse a minha família,
pois eles estavam ansiosos para conhecer o herdeiro.
— É um vazio sem a sua mãe, né, filhão? Papai já está com saudades de ver
o sorriso dela, você vai se apaixonar quando ver sua mãe sorrindo, é o
sorriso mais lindo que existe.
— Mais é um maricas mesmo — Renzo zombou ao entrar no quarto com a
minha família
— Vai se ferrar.
— Meu filgio, não xingue na frente do bebê — mamma me repreendeu.
— E então, qual o sexo? — papá perguntou.
— Menino, é um meninão — Mostrei Luigi para eles, cheio de orgulho.
Eles gritaram e demonstraram muita felicidade ao conhecê-lo.
— Cadê Luara? — Mel e Alice perguntaram juntas.
Contei sobre o que aconteceu e a tensão voltou a reinar sobre todos nós.
Meu coração estava apertado, nem sabia que eu tinha um, mas depois de
hoje tive a certeza que sim.
Hoje eu tive várias certezas, dentre elas, que minha esposa é o oxigênio que
eu preciso para respirar… a paz que preciso para minha vida fluir… e que
voltei a sentir por ela, só por causa dela.
Capítulo 47
Já era dezembro, o mês que trazia consigo o seu clima frio e a neve suave
que caia lá fora. Trazia também a época mais iluminada do ano, que eu
amava de paixão… ah, o natal!
— Luigi para de fazer isso! — repreendi o meu filho.
— O que esse bambino está fazendo? — A voz do meu marido se fez
presente, anunciando a sua presença na sala.
— Tirando as bolas da árvore de natal.
— Papá — Luigi correu em direção ao pai dele.
— Não pode atrapalhar a mamma, mio fligio[xxxiv] — Luigi prestava atenção
em cada palavra que o pai falava — Senão você vai deixar a mamma muito
brava e ela não pode ficar nervosa, tá bom?
— Tá — Ele desceu do colo de Rocco , parecendo ter entendido e veio na
minha direção. — Desculpa eu, mamma.
— Oh, meu amor — Ajoelhei-me na sua frente para tentar igualar a nossa
altura. — Não precisa se desculpar. Só vamos deixar a árvore bem bonita, tá
bom? — Ele assentiu. — A mamma te ama! — Beijei sua cabeleira.
— Ti amo, mamma.
Sorri.
— Agora vai brincar com outra coisa, bambino — Apontei para os seus
carrinhos e ele foi correndo brincar.
— Como está toda a preparação, meu amor? — Rocco se aproximou,
abraçando-me e me dando um beijo gostoso.
— Tudo certo.
— E como está o nosso bebê? — Alisou minha barriga de quase nove
meses.
— Bem — Sorri olhando para o meu barrigão. Estava gerando o segundo
amor das nossas vidas. Mais uma metadinha nossa.
Ele se abaixou e beijou a minha barriga. Rapidamente o bebê se agitou e
ficou mexendo.
— O que você acha que é? — perguntei.
— As apostas foram feitas.
— Como apostaram?
— Todos apostaram que era outro menino.
— E você? — Gostava mesmo de saber qual era o palpite dele.
— Apostei que é nossa pequena Giulia.
— Muito dinheiro igual da outra vez?
— Sim, muito — Sorriu e começou a me ajudar com a árvore.
Da última vez que apostaram, foi valendo muito dinheiro, tanto que eu
poderia comprar uma mansão e foi o que a gente fez, compramos uma casa
de campo, para passar férias com nossos filhos.
Eu estava cursando arquitetura e urbanismo, mas grávida e ainda cuidando
de Luigi, tive que trancar a faculdade, depois pretendo retomar o curso, mas
por agora não tem como. Eu ainda não contratei uma babá para me ajudar,
quis fazer sozinha, mas talvez depois que o segundo bebê nascer eu contrate
uma pessoa para me ajudar.
— Vamos nos arrumar que daqui a pouco eles vão chegar — chamou,
segurando na minha mão.
— Vamos.
Terminamos de arrumar a árvore e colocar os presentes. Vamos receber
nossa família em nossa casa no natal e eu estou muito feliz.
Horas mais tarde estamos todos sentados à mesa de jantar comemorando
nosso natal. Não somos uma família perfeita, longe disso, mas cada um de
nós estamos sempre procurando melhorar.
Observei cada um aqui presente e sorri satisfeita, cada um com a sua
história e uma linda trajetória. Eu os amo, cada um deles, sem exceção.
Pode até não ser a família perfeita, mas é a melhor que poderia existir e eu
não trocaria por nenhuma outra.
— Ti amo, mia ragazza! — Rocco sussurrou baixinho no meu ouvido,
arrepiando-me.
— Te amo mais, meu amor! — Acariciei a sua mão, sorrindo.
Estou no lugar certo. Minha vida tinha que se cruzar com a do Don Caccini,
ele era a minha história e estou realizada de tê-la vivido.
— Papá, você pode brincar de casinha comigo? — Giulia chamou Rocco.
— Claro, figlia[xxxv].
— Papá, você tem que brincar comigo! — Luigi cruzou os braços,
emburrado.
— Não, Luigi, é hora do chá da tarde e o papá vai tomar comigo.
— Não precisam brigar, crianças, vamos os três na casinha e tomamos o
chá. — Meu marido tentou apaziguar a briga.
— Isso é coisa de menina, papá.
— Deixa de ser bobo, Luigi! — Giulia fez língua para o irmão. Ela era
terrível.
— Podemos ir brincar um pouco com sua irmã, bambino, depois a gente
brinca do que você quer, tudo bem?
Por fim, todos concordaram.
Os três foram para a casinha que fica no quintal da nossa casa de campo e
Giulia começou a servir o chá para eles. Sentei na grama e fiquei
observando a cena mais linda de toda a minha vida. Meu marido e meus
dois filhos brincando. Rocco é um ótimo pai, não podia reclamar. Ele até
me pede mais filhos, mas no momento estou me dedicando aos meus
estudos.
Luigi é minha cópia, mas o temperamento é todo do pai. Giulia já é a cópia
de Rocco, mas com o meu temperamento. Nossa princesinha veio para
completar a nossa família e colocar fogo na casa. Rocco é extremamente
apaixonado e protetor com ela.
Como marido, ele continua insaciável e gostoso, muito gostoso!
Se ainda brigamos? Muito! Ele não é um homem fácil, tem um jeito muito
difícil, é ignorante e sempre quer ser o dono da razão, mas com jeitinho
consigo domar a fera rapidinho.
Se eu estou feliz? Não poderia estar mais! Hoje tenho filhos maravilhosos e
um marido ótimo.
Sobre o restante da minha família? Estão todos se entendendo, assim como
eu e Rocco, todos estão se esforçando ao máximo para toda essa loucura dar
certo. Por aqui tem dado muito certo e acredito que para eles também, mas
isso é história para outro livro.
— Até que fim consegui escapar do chá da tarde — Rocco se aproximou e
sentou ao meu lado — Nossos filhos são lindos! — falou todo orgulhoso,
olhando eles brincarem.
— Lindos demais — concordei. — Nossos filhos são perfeitos!
— Giulia é uma pequena cópia minha e Luigi uma cópia sua.
— Sim, um pouquinho de cada um.
— Espero que venha mais um monte. — Lançou-me uma piscadela.
— Já conversamos sobre isso, Rocco — o repreendi.
— Eu sei meu amor, eu sei — Sentou atrás de mim e me abraçou — Estou
falando no futuro.
— Em um futuro, quem sabe.
— Sou muito feliz por ter nossa família. Você é o amor da minha vida,
minha rainha. — Beijou o meu pescoço
— Também sou muito feliz por ter vocês. Eu te amo!
— Te amo mais, diabinha! Obrigada por entrar nesse inferno e trazer a luz
para minha vida.
— Não tive muita escolha, né? Me entregaram de bandeja para o diabo —
brinquei, rindo.
— Ainda bem, sou um diabo de muita sorte. — Assobiou.
— Não poderia ter sido diferente. Agora eu vejo que foi a melhor coisa que
me aconteceu.
— Obrigado, serei eternamente grato por ter você em meu inferno
particular.
Abraçou-me mais apertado e eu me aconcheguei em seus braços, onde me
sinto verdadeiramente feliz e protegida.
Passamos o restante da tarde olhando e admirando nossos filhos brincarem.
Não tem sensação melhor do que a de paz em que eu estou vivendo ao lado
da minha família.
Quando eu descobri que teria que me casar com o diabo, me revoltei contra
o mundo, mas hoje apenas agradeço. Tudo acontece com um propósito e o
meu estava bem aqui, ao lado das pessoas que eu amo. Se eu pudesse voltar
atrás, eu teria feito tudo exatamente igual. Todas as cicatrizes me serviram
de aprendizado. Cresci, amadureci e me tornei essa mulher que sou hoje.
Forte e decidida. Aquela Luara menininha de antigamente já não existe
mais, hoje ela dá lugar a uma mulher sábia e madura.
Quando a vida te der limões, faça uma limonada. É clichê, eu sei, mas é o
certo. Foi exatamente isso que fiz com a minha, peguei aquilo que era
amargo, que pensei ser o meu fim e o tornei doce, construí a minha vitória.
Se ainda preciso batalhar muito para melhorar minha vida? Sim, ainda tem
muito chão a ser percorrido, mas nada é impossível. Sem pressa eu chegarei
ao meu destino.
FIM.
Se você chegou ao final dessa leitura, deixo aqui o meu muito obrigada!
Esse casal é tão importante para mim. Eles marcam o meu começo e tem
toda a minha admiração e paixão.
Enquanto escrevia, cresci e evoluí com Luara. Que mulher incrível ela se
tornou!
Sou apaixonada demais nessa mulher!
Algumas vezes odiei o Rocco, mas peguei-me completamente rendida por
esse homem quando vi o quão incrível ele era. Foi lindo descobrir o amor
junto dele.
Cadelei muito por esse homem!
Chiara Collalto foi salva pelo Don quando tinha apenas 12 anos e, desde
então, é mantida sob os seus cuidados.
Sinopse:
Lorenzo Savoia é o subchefe da máfia italiana. Um homem de 34 anos, que
não acredita no amor e aprecia sua vida de libertinagem.
Acostumado a ter uma, duas ou até mais mulheres na cama, ele nunca se
contentou com apenas uma.
Até ela chegar...
Lorenzo não queria uma mulher dentro da sua casa, ainda mais uma mulher
tão desorganizada como Giovanna.
Em meio ao caos da convivência, eles descobrem que o amor não bate na
porta, ele entra sem pedir licença.
Aurora Becker é uma jovem órfã, que luta dia após dia para sobreviver,
tendo seu maior refúgio a vida que construiu com seu namorado e,
futuramente, com seus filhos, contudo, seu castelo de fantasias vai à ruína
quando ela descobre sua traição. Tomada pela raiva, Aurora acaba
acertando uma garrafa na cabeça dele e, com medo de ter cometido um
assassinato, foge, deixando tudo para trás. O que Aurora não contava é que
o destino cobraria rapidamente suas ações e ela acaba sendo atropelada pelo
famoso Jordan Ressler.
Ele, um CEO de tecnologia frio e viúvo, tem uma visão insensível das
relações, mas nem mesmo Jordan podia imaginar que sua tranquilidade
poderia acabar ao atropelar uma jovem grávida. Então, tomado pelo
desespero e pela sensação de culpa, Jordan se vê na obrigação de cuidar
dela e das crianças.
Aurora e Jordan, com isso, tem o destino entrelaçado em circunstâncias
dolorosas, mas juntos eles irão descobrir que laços de sangue não são mais
importantes que laços do coração.
Sinopse:
Ela é a pólvora.
Ele é o fogo.
Pura combustão.
Raoni Venturini não esperava que sua vida de certezas fosse abalada
por Amabel Cesarini, a mulher de cabelos violeta que tornou sua vida
agridoce.
Amabel Cesarini é uma mulher fora dos padrões, mas uma personalidade
segura e que aprendeu a amar-se incondicionalmente. E agora, cercada de
perigos dispostas a pôr um fim em sua vida, ela está em fuga!
Seu destino? Goiânia, atravessando o caminho, a paz e as certezas do
Fazendeiro milionário Raoni Venturini.
O homem mais rico do país tem poucos amigos, é desacreditado do amor,
aprecia sua solidão, e vez ou outra, quer uma boa companhia sem qualquer
compromisso. Mas, não esperava encontrar a mulher de fios violeta,
determinação aguçada e uma vida turbulenta.
Eles são caminhos distintos, mas o destino acaba de torná-los incapazes de
fugir dos seus propósitos.
Raoni e Amabel estão prestes a descobrir que a vida não é o seu plano
perfeito feito de sonhos imperfeitos, senão o fogo que deles queima em suas
nuances agridoces.