Dissertacao RamirPimentel VFinal ImpressaoCorreta
Dissertacao RamirPimentel VFinal ImpressaoCorreta
Dissertacao RamirPimentel VFinal ImpressaoCorreta
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA E GEOFÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DINÂMICA DOS OCEANOS E DA TERRA
RAMIR PIMENTEL
CORRELAÇÃO ROCHA-PERFIL-SÍSMICA E
AVALIAÇÃO DE RESERVATÓRIOS NA ÁREA DO
PARQUE DOS GAVIÕES, BACIA DO PARNAÍBA
NITERÓI - RJ
2020
RAMIR PIMENTEL
Dissertação apresentada à
Universidade Federal Fluminense
como requisito parcial do Programa
de Pós-Graduação em Dinâmica dos
Oceanos e da Terra para a obtenção
do título de Mestre na área de
Geologia e Geofísica.
NITERÓI - RJ
2020
I
FICHA CATALOGRÁFICA
II
CORRELAÇÃO ROCHA-PERFIL-SÍSMICA E AVALIAÇÃO
DE RESERVATÓRIOS NA ÁREA DO PARQUE DOS
GAVIÕES, BACIA DO PARNAÍBA
RAMIR PIMENTEL
Comissão Examinadora:
___________________________________________________________
Prof. Dr. Antonio Fernando Menezes Freire (Orientador)
Departamento de Geologia e Geofísica – UFF
___________________________________________________________
Prof. Dr. Wagner Moreira Lupinacci
Departamento de Geologia e Geofísica – UFF
___________________________________________________________
Prof. Dr. João Marinho Morais Neto
Petrobras
___________________________________________________________
Prof. Dr. Nilo Chagas de Azambuja Filho
Consultor Independente
III
“A profissão de geólogo de exploração de recursos minerais é
absolutamente incompatível com o sistema de acabar um curso
universitário e nunca mais abrir um livro"
IV
AGRADECIMENTOS
V
RESUMO
A seção estudada está inserida no contexto geológico do domínio central dessa bacia
intracratônica, constituída predominantemente de rochas paleozóicas, mais precisamente
na Sequência Mesodevonidana-Eocarbonífera, onde encontra-se a principal geradora
(Formação Pimenteiras) e o reservatório de gás em arenitos do Devoniano, relacionados
a intrusões ígneas (soleiras de diabásio), que atuam também como rochas capeadoras
desse reservatório, juntamente com os folhelhos da Formação Longá.
VI
Por fim, a modelagem geológica foi efetuada a partir da construção de um modelo
estrutural com a geração de um grid 3D com base no volume sísmico interpretado, que
possibilitou gerar modelos tridimensionais de fácies e propriedades petrofísicas,
utilizando métodos geoestatísticos estocásticos, técnica comumente utilizada na indústria
do petróleo para caracterização de reservatórios, cujas incertezas associadas são avaliadas
através de simulações estatísticas. O modelo gerado permitiu a realização da cubagem do
reservatório em estudo, e a compreensão das características estruturais e estratigráficas
intrínsecas a este.
VII
ABSTRACT
The present work attempts a detailed study through the integration between
subsurface data of rock, well logs and a 3D seismic survey, directed to the
characterization and geological modeling of the siliciclastic reservoir of Cabeças
Formation, in the eastern portion of the ‘Park of the Hawks’ production area, in the
Parnaiba Basin.
The studied section is inserted in the central domain of this intracratonic basin,
constituted predominantly of Paleozoic rocks, more precisely in the Mesodevonidan-
Eocarboniferous Sequence, which host the main source rock (Pimenteiras Formation)
and the gas reservoir in Devonian sandstones, both intruded by diabase sills, which also
act as capping rocks of this reservoir, together with the Longá Formation shales.
VIII
Finally, the geological modeling was performed from the construction of a structural
model with the generation of a 3D grid based on the interpreted seismic volume, which
made it possible to generate three-dimensional models of facies and petrophysical
properties, using stochastic geostatistical methods, a technique commonly used in the
petroleum industry to characterize reservoirs, whose associated uncertainties are assessed
through statistical simulations. The generated model allowed the cubing of the reservoir
under study, and the understanding of its intrinsic structural and stratigraphic
characteristics.
IX
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
X
Figura 39: Plot geral de avaliação petrofísica do poço 3-OGX-46D-MA ..................... 72
Figura 40: Plot geral de avaliação petrofísica do poço 2-CP-1-MA .............................. 73
Figura 41: Exemplos de gráficos utilizados para determinar os parâmetros de corte pelo
método da Coluna Cumulativa de Hidrocarbonetos ....................................................... 74
Figura 42: Cutoffs dos volumes de argila dos poços avaliados. ..................................... 75
Figura 43: Cutoffs de porosidade efetiva dos poços avaliados. ...................................... 75
Figura 44: Cutoffs de saturação de água dos poços avaliados. ....................................... 76
Figura 45: Perfis geofísicos e sua utilidade, com destaque para os perfis utilizados para
a interpretação litológica do intervalo estudado e esquema representativo da medida do
perfil de raios gama em diferentes tipos litológicos ....................................................... 79
Figura 46: Descrição e interpretação litológica do poço 4-OGX-49-MA ...................... 81
Figura 47: Amostras de calha do poço 4-OGX-49-MA ................................................. 83
Figura 48: Seção de correlação de poços da área de estudo. .......................................... 87
Figura 49: Intervalos litológicos reinterpretados (coluna litológica à direita dos poços)
através de correlação litoestratigráfica, com base em dados rocha e perfis. .................. 88
Figura 50: Exemplo de árvore de decisão ...................................................................... 90
Figura 51: Estrutura hierárquica de classificação utilizando árvore de decisão. ............ 91
Figura 52: Eletrofácies caracterizadas no intervalo do reservatório da Fm. Cabeças nos
poços da área do volume sísmico 3D ............................................................................. 92
Figura 53: Workflow básico de amarração poço-sísmica. ............................................. 94
Figura 54 - O modelo convolucional do traço sísmico e a transformada de Fourier
correspondente à função refletividade, pulso sísmico, ao ruído e traço sísmico ........... 96
Figura 55: Calibração do perfil sônico e curvas de velocidade intervalar resultantes, para
os três poços utilizados no estudo sísmico. .................................................................... 98
Figura 56: Sismograma sintético e dados de amarração do poço 1-OGX-16-MA.. ....... 99
Figura 57: Sismograma sintético e dados de amarração do poço 2-CP-1-MA ............ 100
Figura 58: Sismograma sintético e dados de amarração do poço 3-OGX-46-MA. ...... 101
Figura 59: Detalhe da amarração entre poços e sísmica. .............................................. 102
Figura 60: Esquema ilustrando a metodologia empregada para a interpretação e
mapeamento de horizontes na sísmica.......................................................................... 104
Figura 61: Padrões sísmicos característicos das formações interpretadas (ver descrição
no texto). ....................................................................................................................... 105
Figura 62: Esboço mostrando a configuração das unidades de fácies de soleiras
análogos à Bacia do Parnaíba. ...................................................................................... 106
Figura 63: Interpretação sísmica e mapeamento dos principais horizontes estratigráficos
da área de estudo........................................................................................................... 107
Figura 64: Mapas de Superfície dos topos de formação interpretados. ........................ 108
Figura 65: Horizontes interpretados na sísmica a partir dos principais topos de
formação. ...................................................................................................................... 109
Figura 66: Mapa do topo da soleira de diabásio interpretada. ...................................... 110
Figura 67: Detalhe da soleira de diabásio interpretada na sísmica ............................... 110
Figura 68: Arcabouço de falhas interpretado na área de estudo. .................................. 112
Figura 69: Esquema do método de cálculo de velocidade intervalar empregado para a
construção do modelo de velocidades. ......................................................................... 114
Figura 70: Modelo de velocidades construído.............................................................. 115
Figura 71: Espectro de frequência da sísmica 3D, com indicativo do corte das baixas
frequências necessária para a conversão do dado sísmico em pseudoimpedância ....... 116
Figura 72: Volume sísmico convertido para profundidade e pseudoimpedância. ........ 117
Figura 73: Distribuição de velocidades compressionais para os principais tipos de rocha
e materiais comumente encontrados na indústria do petróleo ...................................... 122
XI
Figura 74: Relação entre Vp/Vs e razão de Poisson ..................................................... 123
Figura 75: Correlação gráfico Vp x DEN em rochas dos poços em estudo com as
relações empíricas de Gardner...................................................................................... 125
Figura 76: Gráfico de Porosidade versus Impedância acústica e Litologia dos poços no
intervalo do reservatório. .............................................................................................. 127
Figura 77: Porosidade versus VP/VS e Litologia dos poços no intervalo do reservatório.
...................................................................................................................................... 127
Figura 78: Porosidade x IP acústica - poços. ................................................................ 128
Figura 79: Porosidade efetiva x Impedância acústica relativa (Sísmica). .................... 130
Figura 80: Porosidade efetiva x Amplitude RMS (Sísmica). ....................................... 130
Figura 81: Seção de correlação Rocha-Perfil-Sísmica: ................................................ 133
Figura 82: Grid da área criado com base nos horizontes e posicionamento das falhas.135
Figura 83: Ajuste dos rejeitos de falhas para o arcabouço do modelo estrutural. ........ 136
Figura 84: Modelo de falhas ajustado com as superfícies do modelo geológico. ........ 136
Figura 85: Mapa estrutural em profundidade do topo da Fm. Longá. .......................... 137
Figura 86: Mapa estrutural em profundidade do topo da soleira de diabásio, capeadora
do reservatório Cabeças. ............................................................................................... 138
Figura 87: Mapa estrutural em profundidade do topo do reservatório ......................... 138
Figura 88: Mapa estrutural em profundidade do topo da Fm. Pimenteiras. ................. 139
Figura 89: Parâmetros do acamamento (layering) ajustado no modelo estrutural e o
volume 3D resultante dessa medelagem. ...................................................................... 140
Figura 90: Upscaling da Litologia dos poços 1-OGX-16-MA e 3-OGX-46D-MA para a
modelagem de fácies .................................................................................................... 142
Figura 91: Proporção de fácies “upscaladas” na zona do reservatório e com o seu
resultado no modelo. .................................................................................................... 143
Figura 92: Teste-cego da modelagem de fácies realizado no poço 2-CP-1-MA .......... 144
Figura 93: Modelo 3D de Fácies litológicas gerado. .................................................... 145
Figura 94: Correlação das fácies litológicas com a sísmica em profundidade. ............ 145
Figura 95: Mapa de Isópaca da soleira de diabásio - Fm. Longá. ................................ 146
Figura 96: Mapa de isópaca da Fm. Cabeças. .............................................................. 146
Figura 97: Mapa de isólita de arenitos da Fm. Cabeças. .............................................. 147
Figura 98: Perfis de porosidade efetiva (PHIE) “upscalados”. .................................... 149
Figura 99: Teste-cego da modelagem de porosidade, através do perfil de porosidade
sintético, realizado no poço 2-CP-1-MA. ..................................................................... 149
Figura 100: Volume de porosidade efetiva gerado pela modelagem de porosidade na
zona do reservatório (Fm. Cabeças). ............................................................................ 150
Figura 101: Mapa de Espessura versus Porosidade média (PHIE) .............................. 150
Figura 102: Seção mostrando a posição da superfície de contato Gás-Água em relação
às fácies litológicas. ...................................................................................................... 151
Figura 103: Ferramenta utilizada, com indicação das variações imputadas para a análise
de incertezas do modelo geológico............................................................................... 153
Figura 104: Histogramas dos parâmetros de cálculo volumétrico resultantes das
simulações para análise de incertezas do modelo geológico. ....................................... 154
Figura 105: Histograma com o resultado das simulações de análise de incertezas do
volume de gás in-place (HCPVgas) do reservatório modelado.................................... 154
XII
LISTA DE TABELAS
XIII
LISTA DE ABREVIAÇÕES
3D Tridimensional
ANP Agência Nacional Do Petróleo, Gás Natural E Biocombustíveis
API American Petroleum Institute (Instituto Americano Do Petróleo)
ARN Arenito
AVO Amplitude Variations With Offset (Variações de amplitude com o Offset)
Bo Fator Volume de Formação da Fase Óleo
CALI Perfil de Caliper (Calibre)
CAMP Central Atlantic Magmatic Province (Província Magmática do Atlantico
Central)
CMFF CMR Free Fluid Porosity
CMRP CMR Porosity
COT Carbono Orgânico Total
DEN Perfil de Densidade
DIA Diabásio
DLIS Digital Log Interchange Standard (Padrão de perfis digitais
intercambiados)
DTP Delta-Time-Pwave (Perfil Sônico Compressional)
DTS Delta-Time-Swave (Perfil Sõnico Cisalhante)
EQA Equatorial Circum-Atlantic Province (Provincia Circum-Atlantica
Equatorial)
FLH Folhelho
FM Formação
FWL Free Water Level (Nível de Água Livre)
GR Gamma Ray (Perfil de Raios Gamma)
H Altura
HCPV Hydrocarbon Pore Volume
HDRA Hole Diameter From Area Cylinderdiameter
IL Inline (linha sísmica longitudinal)
LTB Lineamento Transbrasiliano
LWD Logging While Drilling (Perfilagem Durante a Perfuração)
MR Mesa Rotativa
MSD Metassedimento
NEU Perfil de Neutrôns (Neutrão)
NMO Normal-Moveout
NMR Nuclear Magnetic Resonance (Perfil De Ressonância Magnética
Nuclear)
NTG Net-To-Gross (razão de espessura porosa pela espessura total)
PEF Fator fotoelétrico
Phi Porosidade
PHIE Porosidade Efetiva
PROF Profundidade
PSTM Pre-Stack Time Migrated (Migração em tempo pré-empilhamento)
RES Perfil de Resistividade
RESC Resistividade Curta (rasa)
XIV
RESM Resistividade Média
RESP Resistiviade Profunda
RMS Root Mean Square
SEG Society of Exploration Geophysicists (Sociedade de Geofísicos de
Exploração – padrão para armazenamento de dados sísmicos)
Sg Saturação de Gás
SGS Simulação Gaussiana Sequencial
SIS Simulação Indicadora Sequencial
SLT Siltito
SON Perfil Sônico
SSTVD Subsea True Vertical Depth (Cota)
Sw Saturação de Água
TCMR Total CMR porosity
TDR Time-Depth Relation (relação tempo-profundidade)
TFC Teste de Formação a Cabo
TFR Teste de Formação a poço Revestido
TVD True Vertical Depth
TWT Two-Way Time
UFF Universidade Federal Fluminense
VCL Volume De Argila
Vp Velocidade da Onda P (compressional)
Vs Velocidade da Onda S (cisalhante)
XL Crossline (linha sísmica transversal)
ZIHC Zona de Interesse para Hidrocarbonetos
XV
SUMÁRIO
1. Introdução ............................................................................................................... 1
1.1. Apresentação ...................................................................................................... 1
1.2. Caracterização da Temática e Justificativa de Estudos...................................... 1
1.3. Objetivos ............................................................................................................ 3
2. Localização da Área Estudada e Basede Dados................................................... 4
3. Contexto Geológico ................................................................................................. 6
3.1. Arcabouço Estrutural ......................................................................................... 6
3.2. Estratigrafia da Bacia do Parnaíba ...................................................................... 11
3.2.1. Evolução Tectono-Sedimentar ..................................................................... 11
3.3. Sistema Petrolífero Pimenteiras-Cabeças ........................................................ 18
3.3.1. Considerações Iniciais .................................................................................. 18
3.3.2. Geração e Migração ...................................................................................... 20
3.3.3. Rocha Reservatório ...................................................................................... 22
3.3.4. Rochas Selantes e Trapas ............................................................................. 23
4. Materiais e Métodos ............................................................................................. 25
4.1. Dado Sísmico ................................................................................................... 25
4.2. Dados de Poços ................................................................................................ 27
4.3. Métodos de Modelagem de Reservatórios ....................................................... 31
4.3.1. Insumos e base de dados........................................................................... 32
4.3.2. O modelo conceitual ................................................................................. 33
4.3.3. Modelagem geológica............................................................................... 33
4.4. Metodologia Aplicada...................................................................................... 50
5. Avaliação Petrofísica preliminar......................................................................... 53
5.1. Processamento e Avaliação de Perfis .............................................................. 53
5.1.1. Controle de Qualidade .............................................................................. 53
5.1.2. Identificação de Tipos de Fluido e Contatos ............................................ 58
5.1.3. Calculo do Volume de Argila, Porosidade e Saturação............................ 65
5.2. Determinação dos Parâmetros de Corte............................................................... 73
5.3. Totalização dos Reservatórios ............................................................................. 76
6. Correlação Rocha-Perfil ...................................................................................... 78
6.1. Correlação Litoestratigráfica ........................................................................... 78
6.1.1. Descrição e Interpretação Litológica do poço de correlação .................... 78
6.1.2. Correlação de Poços ................................................................................. 84
6.2. Faciologia da Zona de Interesse....................................................................... 89
7. Interpretação sísmica ........................................................................................... 93
7.1. Amarração Poço-Sísmica ................................................................................. 93
7.2. Interpretação e Mapeamento de Horizontes e Falhas .................................... 103
7.3. Construção do Modelo de Velocidades e Conversão Sísmica em Profundidade
113
8. Correlação Rocha-Perfil-Sísmica .......................................................................... 118
8.1. Análise das Propriedades Geofísicas do Reservatório ...................................... 118
8.1.1. Correlações entre Atributos Elásticos, Densidade, Porosidade e Litologia
dos Poços .............................................................................................................. 119
8.1.2. Correlações entre Porosidade e Atributos Sísmicos em Arenitos do
Reservatório .......................................................................................................... 128
8.1.3. Correlação Poços-Sísmica .......................................................................... 131
9. Modelagem Geológica ........................................................................................ 134
9.1. Construção do Arcabouço Geológico e Modelagem Estrutural ........................ 134
XVI
9.2. Modelagem de Propriedades ............................................................................. 140
9.2.1. Modelagem de Fácies ................................................................................. 141
9.2.2. Modelagem Petrofísica ............................................................................... 147
9.3. Calculo de Volumetria e Análise de Incertezas ................................................. 150
10. Conclusões e Considerações Finais ................................................................ 156
Referências bibliográficas .......................................................................................... 158
XVII
1. INTRODUÇÃO
1.1. Apresentação
1
petrofísicas, e é considerada parte essencial do entendimento e desenvolvimento de
recursos de óleo e gás.
A motivação para realizar o presente estudo foi empregar essa técnica em uma área
de potencial exploratório, a fim de aplicar, em escala tridimensional, minha experiência
adquirida em interpretação litológica e avaliação petrofísica de poços, e principalmente
devido ao meu interesse em correlação rocha-perfil-sísmica, desenvolvido após trabalhar
alguns meses na Petrobras no setor de monitoramento e suporte a operações geológicas
em poços petrolíferos, que realiza correlação em tempo real entre dados de perfis e
sísmica, com outros poços da locação em perfuração, a fim de auxiliar nas tomadas de
decisão exploratória.
A Bacia do Parnaíba, área escolhida para realização do presente trabalho, é uma região
de fronteira exploratória que, nas últimas décadas, tem apresentado descobertas
promissoras de reservatórios de hidrocarbonetos com potencial de comercialidade, como
a descoberta de gás pela OGX Maranhão em 2010 na seção devoniana do poço 1-OGX-
16-MA, no bloco exploratório PN-T-68, cuja comercialidade foi declarada em 2012,
quando passou a produzir pela Unidade de Tratamento de Gás (UTE Parnaíba – MPX)
(Alves, 2013), tornando-se assim alvo de grandes investimentos e objetivo de diversos
projetos de estudo na atualidade, após escassos investimentos no passado. Os recentes
sucessos exploratórios e de produção da ENEVA no Parque dos Gaviões, tornam
interessante a realização de um estudo utilizando dados de subsuperfície nessa área, a fim
de entender melhor esses resultados.
A sucessão de rochas sedimentares e magmáticas da Bacia do Parnaíba pode ser
organizada em cinco supersequências: Siluriana, Mesodevoniana-Eocarbonífera,
Neocarbonífera-Eotriássica, Jurássica-Cretácea, as quais são delimitadas por
discordâncias que se estendem por toda a bacia. A área de estudo deste trabalho engloba
a região conhecida como Parque dos Gaviões, atualmente produtora de gás natural na
Bacia do Parnaíba. Os principais reservatórios deste campo são os arenitos das formações
Cabeças e Poti, que são constituídos por arenitos quartzosos finos a grossos, depositados
em ambientes de deltas e estuários, progradando sobre uma extensa plataforma dominada
por marés. Por ser uma bacia paleozoica, a história evolutiva desta bacia é complexa, com
vários eventos magmáticos, exposições subaéreas, deposição de sais, dentre outras.
A interpretação e modelagem das fácies sedimentares, associada à avaliação e
modelagem petrofísica, correlacionados a atributos sísmicos, para caracterização
geológica e petrofísica dos reservatórios, permitirá diminuir o grau de incerteza e os riscos
2
associados à exploração de hidrocarbonetos no local, otimizando recursos e conferindo
maior robustez ao processo exploratório e de desenvolvimento da produção dos campos.
Além disto, devido às similaridades com outras áreas na Bacia do Parnaíba, esta
metodologia poderá ser estendida e aplicada a outros reservatórios semelhantes.
1.3. Objetivos
3
2. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA ESTUDADA E BASE DE DADOS
Figura 1: Localização da área de estudo no Parque dos Gaviões, Bacia do Parnaíba, destacando a
sísmica e poços utilizados. Fonte: Pimentel, R. (2020).
4
Assim como os dados sísmicos, os dados dos poços foram cedidos pela Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Constam da base de dados
os perfis de raios gama (GR), resistividade (RES), densidade (DEN), porosidade neutrão
(NEU), ressonância magnética nuclear (NMR) e sônico compressional e cisalhante (DTP
e DTS), em formato digital; além desses, foram fornecidos perfis compostos
(“composites”) com os marcadores (topos de formação) e relatórios finais dos poços
contendo descrições de campo de testemunho e amostras laterais, e informações de testes
de formação dos mesmos.
5
3. CONTEXTO GEOLÓGICO
6
nas regressões do mar e deram origem a hiatos na sedimentação decorrentes da exposição
à erosão das camadas preexistentes. A forma ou configuração do registro sedimentar teve
contribuição ainda da subsidência causada por estiramento litosférico, sobrecarga
representada pelos depósitos que nelas se acumulavam e outros processos da dinâmica
continental. Assim sendo, as ascensões eustáticas só em parte respondem pelas sucessivas
inundações do mar no Brasil durante o Fanerozoico (Almeida e Carneiro, 2004).
Interpretações paleoambientais sugerem que os sedimentos se formaram, em sua maioria,
no nível do mar ou próximo a ele (Watts et al., 2018).
7
Borborema, sendo formado por depósitos fluviais, aluviais e lacustres; aflorante no
nordeste da bacia, representa a mais importante, proeminente e extensa exposição de
seqüências sedimentares do início do Fanerozóico (Oliveira & Mohriak, 2003).
A Formação Mirador (Rodrigues, 1967, apud Góes & Feijó, 1994) (Cambro-
Ordoviciano), não relacionada no trabalho de Vaz et al. 2007, amostrou em apenas um
poço arenito, siltito e folhelho esverdeado, na parte superior da unidade (Góes & Feijó,
1994).
As principais feições estruturais herdadas do embasamento da Bacia do Parnaíba
pertencem aos lineamentos Transbrasiliano, Picos-Santa Inês e Tocantins-Araguaia, que
atuaram em sua compartimentação durante o Paleozóico (Carozzi, 1975; Cordani et
al.,1984), principalmente o Lineamento Transbrasiliano, que atravessa as porções NE e
SSE da bacia. Estas estruturas (Figura 3), foram importantes não só em sua formação
inicial como no seu desenvolvimento tectono-sedimentar, até o Eocarbonífero,
estruturando grabens e meio-grabens que controlaram o depocentro inicial da bacia. Mas
também durante sua evolução, controlando o eixo deposicional principal ao longo do
tempo (Milani & Zalán 1999; Vaz et al., 2007; Castro et al. 2014).
8
O Lineamento Picos-Santa Inês é uma faixa cataclasada NW-SE disposta
transversalmente em relação ao lineamento Transbrasiliano, apresentando 160km de
extensão e 200 a 300m de rejeito. Esta faixa reflete na morfologia contemporânea uma
série de alinhamentos orientados para NW (Vetorazzi, 2012). Os Lineamentos
Transbrasiliano e Picos-Santa Inês constituem fraturas e falhas herdadas do
embasamento, com relevante importância desde a fase inicial da bacia e ao longo de toda
sua evolução, pois controlaram as direções dos eixos deposicionais até o Eocarbonífero
(Vaz et al., 2007, apud Fernandes, 2011).
O Lineamento Tocantins-Araguaia, de direção norte-sul, também corresponde a uma
das reconhecidas estruturas herdadas do Ciclo Brasiliano e que atuaram na
compartimentação da bacia, durante o Paleozóico (Cordani et al., 1984).
O Lineamento Transbrasiliano (LTB), feição estrutural mais marcante na Bacia do
Parnaíba, atravessando toda sua porção NE e SSE; trata-se de um sistema strike-slip
situado entre o Cráton Amazônico e a porção leste da Plataforma Sul-Americana,
composto por vários segmentos de falhas transcorrentes, com alguns setores levemente
curvilíneos (Praxedes, 2015). Segundo alguns autores, representa reativação de mega-
sutura que atuou na formação do supercontinente Gondwana, entre o final do Proterozóico
e início do Paleozóico (Marini et al., 1984a; Cordani & Sato, 1999; Cordani et al., 2000,
Almeida et al., 2000; Brito Neves & Fuck, 2013, 2014, apud Praxedes, 2015). O
lineamento é claramente visível no centro e nordeste do Brasil, formando uma série
anomalias magnéticas de baixa amplitude, que podem ser rastreadas em todo o país de
NE a SW. Na bacia do Parnaíba, está associado ao principal depocentro de sedimentos
do Paleozóico (Cordani et al., 2013). De acordo com Bezerra da Cunha (1986 apud
Boccocoli, 2001) o embasamento da Bacia do Parnaíba estaria fortemente deformado por
efeito do Lineamento Transbrasiliano, cujas falhas atingem centenas de quilômetros de
extensão e cortam indiscriminadamente rochas pré-cambrianas e fanerozóicas, definindo
as estruturas grabenformes onde são conservadas rochas de diferentes naturezas e idades
(Figura 4). Estas observações demonstram que o LTB tem-se mantido ativo desde a sua
instalação e sofreu diversos episódios de reativação no Fanerozóico (Morais Neto et al.,
2013), uma vez que os traços de suas falhas encontram-se demarcados na morfologia
contemporânea.
Os domínios tectônicos do embasamento da Bacia do Parnaíba e regiões adjacentes
possuem estruturas complexas, dividido por três blocos (Tozer et al., 2017); sendo o
Bloco do Paraíba localizado em sua parte central, bordejado por importantes crátons e
9
faixas orogênicas (Figura 4). Estruturas grabenformes de idades pré-silurianas se situam
ao longo dos principais lineamentos (Oliveira & Moriak, 2003).
10
assim como dobras e outras estruturas associadas à intrusão de corpos ígneos mesozóicos
nas camadas sedimentares, assim como reativações mais recentes, delineia-se o panorama
estrutural fundamental da Bacia do Parnaíba (Vaz et al., 2007).
11
Figura 5: Seção geológica esquemática da Bacia do Parnaíba (Alves, 2013).
12
cinza-escuros bioturbados, depositados em ambiente de plataforma rasa (Góes e Feijó,
1994). Já a Formação Jaicós (Plummer, 1946 apud Góes & Feijó, 1994) é constituída de
arenitos grossos, mal selecionados, com pelitos subordinados, friáveis, depositados em
sistemas fluviais entrelaçados (Góes & Feijó, 1994).
A sucessão sedimentar seguinte corresponde ao Grupo Canindé (sequência
Mesodevoniana-Eocarbonífera), composto pelas formações Itaim, Pimenteiras, Cabeças,
Longá e Poti; depositada discordantemente sobre a sequência mais antiga, está presente
em toda a extensão da bacia e representa um sistema deposicional marinho raso. Em sua
base encontra-se a Fm. Itaim (Kegel, 1953 apud Góes & Feijó, 1994), que designa
arenitos finos a médios, bem selecionados, depositados em sistemas deltaicos e
plataformais, com intercalações de folhelhos na base da unidade. Representa o período
inicial de uma ingressão marinha, cujo ápice culminou na deposição da formação
Pimenteiras, a superfície de inundação máxima desta Sequência (Vaz et al., 2007).
A sequência da sedimentação do Mesodevoniano-Eocarbonífero, sobreposta à
formação Itaim e anterior à Discordância Eocarbonífera, compreende as principais
geradoras da bacia (formações Pimenteiras e Longá) e o reservatório objeto do presente
estudo (Fm. Cabeças) (Figura 6).
A formação Pimenteiras (Small, 1914 apud Góes & Feijó, 1994) compõe-se de
folhelhos cinza-escuros a pretos, esverdeados, em parte bioturbados, ricos em matéria
orgânica, cuja deposição se deu em um sistema de plataforma rasa dominada por
tempestades (Vaz et al., 2007). Representa um ambiente marinho de plataforma como
registro da grande transgressão com oscilações do nível do mar que ocorreu no
Devoniano, sendo o máximo de mar alto representado pelas camadas de folhelho
laminado (Caputo, 1984). Segundo Della Fávera (1990), a sucessão de folhelhos
cinzento-escuros a negros com intercalações de lâminas de arenito muito fino indica
ciclicidade deposicional e uma mudança de tendência transgressiva para regressiva na
passagem gradacional para a Formação Cabeças, que lhe é sobreposta, devido à queda
nos níveis eustáticos.
13
Figura 6: Carta estratigráfica da Bacia do Parnaíba (Vaz et al., 2007). O retângulo vermelho representa o intervalo de estudo.
14
Na Formação Cabeças, a sucessão sedimentar geralmente é representada por uma
larga variedade de sistemas deposicionais, incluindo sistema deltaico com forte influência
fluvial, lobos sigmoidais formados por fluxos homopicnais e barras de embocadura
fluvial (Vetorazzi, 2012 apud Miranda et al., 2018). Segundo Plummer, 1948 (apud Góes
& Feijó, 1994) predominam arenitos cinza-claros a brancos, médios a grossos, com
intercalações delgadas de siltitos e folhelhos. Originalmente esta unidade foi subdividida
por Plummer (1948) em três membros estratigráficos e aflorantes (Passagem, Oeiras e
Ipiranga); no entanto diversos autores (Blankennagel, 1952; Kegel, 1953; Mesner &
Wooldrige, 1962; Lima & Leite, 1978, apud Santos, 2005) não concordam e mantiveram-
na indivisa. Trata-se de um pacote sedimentar predominantemente arenítico, depositado
concomitantemente à formação Pimenteiras, com a qual apresenta contato com transição
tipicamente gradacional, onde observa-se estratificação cruzada tabular ou sigmoidal e
ocorrência de tempestitos (Della Fávera, 1990). Eventualmente ocorrem diamictitos e
tilitos, com maior frequência na parte superior da unidade (Vaz et al., 2007). A presença
de pavimentos e seixos estriados denotam um ambiente glacial ou periglacial (Caputo,
1984). Já Góes & Feijó (1994) interpretaram os litotipos desta unidade como sendo
principalmente de sistema plataformal sob influência preponderante de correntes de
marés, podendo ocorrer também fácies flúvio-estuarinas.
A Formação Longá (Albuquerque e Dequech, 1946 apud Góes & Feijó, 1994)
consiste de folhelhos cinza-escuros a pretos, depositados em sistema plataformal
dominado por tempestade. Em sua porção média, comumente ocorrem arenitos laminados
de coloração cinza-claro a branco (Lima & Leite, 1978 apud Vaz et al., 2007). O contato
com a formação Cabeças é observado ora com arenitos ora com paraconglomerados,
enquanto o contato superior com a formação Poti é gradacional (Aguiar, 1971). Segundo
Della Fávera (1990), os folhelhos da base dessa formação são associados a um intervalo
transgressivo, cujo ápice é também uma superfície de inundação da bacia, porém
resultante de uma transgressão de menor proporção, em comparação com a Formação
Pimenteiras.
A unidade superior da Sequência Mesodevonidana-Eocarbonífera é a Formação
Poti, de idade eocarbonífera (Taurnaisiano; Paiva, 1937 apud Góes & Feijó, 1994),
composta por arenitos cinza-esbranquiçados com lâminas de siltitos e folhelhos,
associadas a deltas e planícies de maré, influenciadas ocasionalmente por tempestades. É
separada da Formação Longá pela Discordância Eocarbonífera, com um hiato de
15
aproximadamente 10 Ma, embora ainda seja considerada como pertencente ao Grupo
Canindé (Figura 6).
A sequência Neocarbonífera-Eotriássica corresponde ao Grupo Balsas e se
caracteriza por apresentar mudanças estruturais e ambientais profundas na bacia. Possui
semelhanças com as sequências anteriores por constituir um sistema transgressivo-
regressivo, porém em condições marinhas rasas e restritas (Caputo, 1984; Góes, 1995).
Neste período, a instalação do arco de Tocantins a NW da bacia e do arco São Francisco
ao sul (Figura 3) acarretou a alteração dos principais eixos deposicionais, antes
controlados por importantes zonas de fraquezas de direção NE e NW, e que sofreram
deslocamento para o centro da bacia. Esta configuração provocou mudanças ambientais
na bacia, quando mares abertos deram espaço a mares com circulação restrita, e o clima
temperado passou a ser quente e controlado por condições severas de aridez, o que
determinou a sedimentação de evaporitos e o estabelecimento de ambientes desérticos no
início e no fim deste ciclo de sedimentação (Góes & Feijó, 1994). Segundo Zalán (1991)
os processos de sedimentação teriam sido interrompidos por um soerguimento
generalizado, resultante da orogenia Gondwana.
Essa sequência engloba as formações Piauí, Pedra do Fogo, Motuca e Sambaíba.
Na Formação Piauí (Small, 1914 apud Góes & Feijó, 1994) predominam arenitos
intercalados com folhelhos, entretanto ainda não há um consenso em relação ao ambiente
deposicional dessas rochas. Alguns autores sugerem um ambiente continental e litorâneo,
sob um clima extremamente árido (Góes & Feijó, 1994), enquanto outros associam tais
depósitos a um sistema fluvial, com contribuição eólica e breves incursões marinhas
(Lima & Leite, 1978 apud Vaz et al., 2007). A Formação Pedra do Fogo (Plummer, 1946
apud Góes & Feijó, 1994) é caracterizada por uma grande variedade de rochas, com
presença de silexitos, calcários oolíticos e pisolíticos, associadas a um ambiente marinho
raso e litorâneo, com planícies de sabkha. A Formação Motuca (final do Permiano ao
início do Eotriássico) é caracterizada por siltitos, arenitos e, subordinadamente, folhelhos,
evaporitos (compostos por anidrita) e raros calcários, depositadas em um ambiente
desértico com lagos associados (Góes e Feijó, 1994). Finalmente, a Formação Sambaíba
(Plummer, 1946 apud Góes & Feijó, 1994) do Triássico Médio-Superior, é constituída
por arenitos com estratificações cruzadas acanaladas de grande porte, caracterizando
dunas eólicas (Vaz et al., 2007). Esta unidade corresponde ao final da desertificação da
bacia, no Eotriássico.
16
De acordo com Vaz et al. (2007) a sedimentação das três primeiras sequências é
relacionada à estabilização da Plataforma Sul-Americana (Almeida, 1969) e as
discordâncias que as limitam estariam associadas, em parte, a flutuações dos elevados
níveis eustáticos dos mares epicontinentais durante o Eopaleozóico. As transgressões
marinhas proviriam do oceano adjacente à margem ativa a sudoeste do Gondwana e as
regressões e discordâncias erosivas teriam contribuição de eventos epirogênicos, em
resposta às orogêneses da borda ativa do Gondwana. Por outro lado, Caputo et al. (2006),
seguindo ideia já sustentada por Della Fávera (1990), consideram que a eustasia, e não a
orogenia, foi o fator primordial no controle dos ciclos transgressivos-regressivos e,
consequentemente, das discordâncias que limitam as sequências da Bacia do Parnaíba;
com base em argumentos que tratam da localização geográfica das principais orogenias
globais, tais como a Orogênese Eo-Herciniana (de idade pensilvaniana) e da
preponderância dos efeitos das flutuações do nível do mar em comparação com as taxas
de subsidência ou de movimentos ascendentes verificados no substrato dessa sinéclise.
A sequência Jurássica foi marcada por eventos tectônicos percursores à
desagregação do supercontinente Gondwana. Esta tectônica distensiva (NE-SW)
propiciou o surgimento da Bacia de Alpercatas, que se instalou num sistema de riftes de
direções ENE-WSW e NNE-SSW (Góes, 1995). Tanto a sequência jurássica quanto a
cretácea sofreram deposição sedimentar de origem continental e marcam o registro de
episódios marinho-transgressivos. Durante o Jurássico, as condições de deposição na
bacia eram exclusivamente continentais, representadas pelos arenitos, folhelhos e siltitos
da Formação Pastos Bons (Jurássico Médio), cujo mecanismo de subsidência é atribuído
ao peso da carga do magmatismo da passagem Triássico-Jurássico (Góes & Feijó, 1994).
Dois grandes eventos de magmatismo toleítico ocorreram na área da bacia, dando origem
à Formação Mosquito (200 Ma) e à Formação Sardinha (130 Ma) (Vaz et al., 2007).
Segundo Morais Neto et al. (2016) e Trodstorf et al (2016), o magmatismo jurássico
(Formação Mosquito) é correlato ao evento CAMP - Central Atlantic Magmatic Province
e se faz mais presente na porção Oeste da bacia. Já o evento magmático que originou a
Formação Sardinha é relacionado ao evento EQA-Equatorial Circum-Atlantic Province,
e está mais concentrado na porção leste da bacia, marcando os primeiros estágios de
rifteamento entre as margens Africana e Sul-Americana; recentemente, este evento tem
sido ampliado para várias porções do nordeste brasileiro, tendo sido redefinido por
Hollanda et al. (2018) como manifestação da “EQUAMP” Large Igneous Province.
17
A sequência Cretácea corresponde litoestratigraficamente aos depósitos
sedimentares das Formações Grajaú (arenitos brancos, finos a conglomeráticos), Codó
(folhelhos, calcários, siltitos, evaporitos e arenitos), ambas depositadas em ambiente
marinho raso, lacustre e fluvio-deltaico; e a Formação Itapecuru, composta de arenitos,
com ocorrência subordinada de pelitos e arenitos conglomeráticos, cuja deposição é
atribuída a sistemas de vales estuarinos incisos, que recobre discordantemente as
Formações Grajaú e Codó (Rossetti et al., 2001b apud Vaz et al., 2007). Entremeadas a
essas unidades, há uma série de sequências delimitadas por discordâncias, incluindo
arenitos clásticos e evaporitos e soleiras vulcânicas (Góes & Feijó 1994; Merle et al. 2011
apud Watts et al., 2018). Esta sequência é marcada pelo deslocamento dos depocentros
da bacia da região central para a região do extremo Norte e Noroeste, como reflexo da
abertura do Oceano Atlântico (Vaz et al., 2007).
O cenário tectônico estabelecido resultou em soerguimento de toda área central da
bacia. Segundo Góes & Feijó (1994) a retomada da sedimentação na bacia, durante o
Cretáceo, é associada a esforços de ruptura da margem equatorial brasileira. O ciclo
sedimentar é caracterizado por uma ligeira transgressão seguida da retirada definitiva do
mar, ou seja, da implantação de um contexto deposicional exclusivamente continental.
18
A eficiência dos atípicos sistemas petrolíferos nas estruturas ao longo dos limites da bacia
ainda não foi testada. A qualidade das rochas geradoras e a longa distância de migração
são preocupantes nestas áreas (Miranda et al., 2018).
Um sistema petrolífero consiste em um sistema natural dependente de elementos e
processos que, quando combinados e submetidos a condições adequadas, resultam em um
sistema “ideal” para a geração, acumulação e armazenamento de petróleo, cujos
elementos essenciais para a existência e acumulação de hidrocarbonetos são as rochas
geradoras, rochas, reservatório e rochas selantes; e os processos consistem na geração,
migração, acumulação e aprisionamento de petróleo (Magoon & Dow, 1994). Este pode
ser categorizado conforme o nível de incerteza em: conhecido (!), hipotético (.) e
especulativo (?). O sistema conhecido constitui-se de relação geoquímica entre rocha
geradora e os hidrocarbonetos da fase de acumulação. O sistema hipotético corresponde
a um sistema no qual a rocha geradora é conhecida, no entanto, não existe correlação com
os hidrocarbonetos da fase de acumulação. Já o especulativo parte do princípio de
evidências geológicas e geofísicas, durante a identificação da rocha geradora ou dos
hidrocarbonetos (Magoon & Dow, 1994).
A ocorrência de reservatórios com gás na Bacia do Parnaíba é fortemente associada
ao magmatismo de rochas ígneas, tanto para a geração, formação de trapas e preservação
de hidrocarbonetos (Figura 7), pois apenas pelo soterramento a bacia não atingiu
incremento térmico suficiente para a maturação da matéria orgânica. Os eventos
magmáticos ocorridos principalmente no cretáceo, correlatos ao evento CAMP –
Formação Mosquito, que ocorrem em subsuperfície em forma de diques e soleiras
presentes em maor quantidade na Sequência Mesodevoniana-Eocarbonífera (Vaz et al.,
2007) intrudindo diretamente os folhelhos da Formação Pimenteiras e arenitos das
formações Cabeças e Poti, foram os catalisadores para que a Bacia do Parnaíba atingisse
a janela de geração; enquanto o magmatismo do cretáceo (Formação Sardinha) está mais
associado ao rifteamento que ocasionou a separação entre as margens Africana e Sul-
Americana. (Morais Neto et al. 2016; Trodstorf et al., 2016).
19
Figura 7: Seção geológica esquemática representando os principais plays na Bacia do
Parnaíba: (i) arenitos devonianos da Formação Cabeças e (ii) arenitos carboníferos
da Formação Poti selados por intrusões ígneas. Fonte: Abelha, 2013.
Figura 8: Carta esquemática do sistema petrolífero Pimenteiras-Cabeças (!). Modificado de Góes &
Feijó (1994); Miranda et al., (2018).
20
em matéria orgânica (com COT variando de 2% a 4% e picos de até 6%), ocorrendo
também intercalações de siltitos e arenitos atribuídos a ambiente de plataforma rasa
dominada por tempestades (Vaz et al., 2007). Em subsuperfície, Caputo (1984) descreveu
as rochas desta formação como folhelhos pretos, cinza-escuros e esverdeados, micáceos
e geralmente sideríticos, folhelhos siltosos e camadas de siltito, podendo ocorrer também
delgadas camadas de arenito fino, às vezes com fragmentos de folhelhos.
Essas rochas foram depositadas durante o Devoniano, e correspondem a um evento
anóxico global, registro de transgressão marinha mundial, com oscilações do nível do mar
(Caputo, 1984). No estágio Frasniano, camadas de folhelho laminado com alto teor de
radioatividade e resistividade (e baixa densidade) que ocorrem na Formação Pimenteiras
indicam o período de máxima inundação marinha (Caputo, 1984; Rodrigues,1995). Ao
analisar e constatar evidências de óleo e gás nos poços 1-TB-2-MA e 2-CP-1-MA do
sistema Pimenteiras-Cabeças (!), Rodrigues (1995) relacionou tais resultados às
características geoquímicas dos folhelhos geradores da Formação Pimenteiras, os quais
apresentam COT entre 2% e 5% e matéria orgânica dos tipos II e III. O estudo mostrou
ainda que estes folhelhos foram maturados com a influência de intrusões ígneas, devido
ao grau de maturação incompatível com a evolução térmica por soterramento da bacia;
caracterizando assim um sistema petrolífero atípico. Essa formação é mais importante em
relação as demais em virtude do alto potencial de geração de petróleo, pois abrange a
ingressão marinha mais importante da bacia e apresenta até 500 m de espessura e
profundidade média de 2500 m no depocentro da Bacia (Góes et al., 1990; Góes & Feijó,
1994; Vaz et al. 2007).
Aproximadamente 27 % da área total destes folhelhos geradores são afetados pelo
efeito térmico proveniente de soleiras da Formação Mosquito (Jurássico) com
consequente geração de petróleo (Kingstone & Matzko, 1995; Cunha et al., 2012;
Miranda, 2014 apud Cioccari & Mizusaki, 2019). Ou seja, a geração nesta bacia é
diretamente relacionada às intrusões ígneas que frequentemente afetam as rochas
geradoras da Formação Pimenteiras e têm como agente modificador da velocidade da
reação o incremento térmico (Figura 9). Quanto ao processo de migração, este é
consequência do contato estratigráfico direto das rochas reservatório com as rochas
geradoras, e pela migração dos hidrocarbonetos através das falhas e ao longo de diques
de rochas magmáticas intrusivas básicas.
21
Figura 9: Diagrama esquemático
mostrando o efeito térmico das intrusões
ígneas na maturação da Formação
Pimenteiras. Obs: Ro= reflectância da
vitrinita. (Fonte: ANP, 13ª Rd. 2015)
22
da permeabilidade é associado à natureza heterogênia dos arenitos da Formação Cabeças,
influenciadas por marés e ondas, apresentando cimentação diagenética e abundância de
areias muito finas em algumas áreas; excepcionalmente, ocorrem excelentes valores de
porosidade em corpos arenosos contínuos, dentro de feições canalizadas (Miranda et al.,
2018).
23
O magmatismo responsável pelas intrusões de diabásio, nessa porção da bacia,
corresponde predominantemente à Formação Mosquito (Eojurássico), datada em
aproximadamente 200 Ma (Vaz et al., 2007) e correlatas ao supracitado evento CAMP
que precedu o rifteamento do Atlântico Central. Segundo Misusaki & Thomaz Filho
(2004) e Zalán (2004), a Formação Mosquito tem correlação com as soleiras de diabásio
relacionadas ao magmatismo Penatecaua das bacias do Solimões e Amazonas, cuja idade
gira entre 180 e 215 Ma (Thomaz Filho et al., 2008; Morais Neto et al., 2016; Trodstorf
et al., 2018).
De acordo com Vaz et al., (2007), a partir de interpretação sísmica é possível
identificar soleiras numa grande extensão da Bacia do Parnaíba, porém com afinidade
incerta em relação às formações Mosquito e Sardinha. Contudo, por correlação com as
bacias do Solimões e Amazonas, esses autores também admitem possível predominância
da Formação Mosquito, associando-as ao magmatismo Penatecaua. Segundo Miranda et.
al., (2018), apesar da carência de dados geocronológicos, é possível destacar dois grupos
principais de soleiras na porção central da bacia, com base em dados sísmicos e de poço.
O grupo mais basal está concentrado na formação Pimenteiras, o que colaborou na
geração. O segundo grupo ocorre ao longo de vários níveis em grandes descontinuidades
horizontais, principalmente nas Formações Poti, Longá e Cabeças (Galerne et al., 2011;
Senger et al., 2013 apud Miranda et. al., 2018), o qual é mais espesso, em média 150 m,
e considerado o principal corpo ígneo para o trapeamento e definição de alvos
exploratórios.
24
4. MATERIAIS E MÉTODOS
Figura 11: Detalhe da localização da sísmica e poços georreferenciados no Petrel (software utilizado
no estudo). Fonte: Pimentel, R. (2020).
25
O volume sísmico 3D foi cedido pela ANP no formato SEG-Y (padrão da Society
of Exploration Geophysicists para armazenamento de dados sísmicos) e importado para
o software Petrel® (Figura 12) – versão 2016, cuja licença acadêmica foi disponibilizada
pela companhia Schlumberger ao Departamento de Geologia e Geofísica da UFF. Antes
do carregamento, foi observado em seu cabeçalho (header) que anteriormente ao
empilhamento fora aplicado deslocamento estático de 300ms, ou seja, a primeira amostra
corresponde ao tempo de -300ms. Dessa forma, foi aplicado um deslocamento (shift) de
300ms para ajustamento do dado sísmico, de modo que o tempo de -300ms
correspondesse à amostragem inicial. Também foi verificado nas informações do header
que o dado sísmico apresentava polaridade SEG (padrão europeu), ou seja, pico negativo
correspondente a uma reflexão positiva, ao contrário do padrão brasileiro em que os picos
negativos correspondem a uma reflexão negativa. Para adaptar a sísmica ao padrão aqui
utilizado foi aplicado no software Petrel uma rotação do dado chamada phaseshift, em
180º, a fim de posicionar as reflexões negativas com os picos negativos, ficando assim
também os picos positivos correspondendo às reflexões positivas de acordo com o padrão
nacional (Figura 13).
26
Figura 13: Dado sísmico antes e após a aplicação do phaseshift.
27
O poço 1-OGX-16-MA, pioneiro no Bloco PN-T-68 perfurado entre 05/07/2010 e
10/10/2010, atingiu a profundidade de 3171m e foi descobridor de campo de gás na Fm.
Cabeças, com a descoberta declarada no intervalo 1654/1665m (atualmente Campo
Gavião Azul – Figura 11). O poço 2-CP-1-MA, perfurado de 04/07/1987 a 27/10/1987,
com a finalidade de verificar as condições de geração da Formação Pimenteiras, alcançou
a profundidade de 3426m. Já o poço exploratório de extensão 3-OGX-46D-MA,
perfurado entre 19/05/2011 e 30/06/2011, atingiu a profundidade final de 2218,8m e
confirmou a presença de gás na Fm. Cabeças, descoberta no bloco pelo OGX-16-MA. O
poço 4-OGX-49-MA, perfurado de 24/06/2011 a 06/08/2011 até a profundidade de
1904m dentro da Fm. Cabeças, foi abandonado devido à não comprovação, na estrutura
testada, de acumulação de gás.
• 1-OGX-16-MA:
Perfis a Cabo e LWD: Raios Gama, Resistividade, Densidade, Fator Fotoelétrico,
Porosidade Neutrão, Ressonância Magnética Nuclear e Sônico.
Amostras Laterais/Testemunhos: 122 amostras laterais recuperadas, sendo 33 na
Fm. Cabeças.
28
Fluido de Perfuração: base água (densidade = 9,1 lb/gal = 1,09 g/cm3) - fase de
8,5”.
Temperatura: 75ºF na Mesa Rotativa - MR (116m), 159ºF (medida no perfil de
Ressonância Magnética) a 2062 (-1937m), e 192ºF (perfis básicos) a 3133 (-3008m).
Dados de Pressão: 211 registros de pressão da formação, sendo 74 efetivos (15
com sobrecarga), 114 fechados/secos, e 23 perdas de selo.
Amostragem de fluidos: quatro amostras de água da formação (TFC-01 a 839,2 (-
723,2m) – Fm. Pedra de Fogo; TFC-02 a 1907 (-1791,5m) – Fm. Cabeças; TFC-06 (c/dual
packer) a 2744,5/2745,5 (-2628,5/2629,5m) – Fm. Jaicós; TFR-01 a 761/782 (-645/-
666m) – Fm. Pedra de Fogo; e uma de gás (TFC-03A a 1673,1 (-1557,1m) – Fm. Cabeças.
Teste de Formação: TFR-02: intervalo 1654 (-1538m)/1665 (-1549m) – Fm.
Cabeças. Parcialmente conclusivo, com regular permeabilidade e transmissibilidade, sem
dano; portador de gás.
• 2-CP-1-MA:
Perfis a Cabo e LWD: Raios Gama, Resistividade, Densidade, Porosidade Neutrão e
Sônico.
Amostras Laterais/Testemunhos: 22 amostras laterais recuperadas, sendo apenas
duas na Fm. Cabeças; 2 testemunhos predominantemente de folhelhos com algumas
intercalações de arenitos da Fm. Pimenteiras (intervalos: 2278/2287,5m e
2397/2406,3m).
Fluido de Perfuração: base água (densidade = 9,25 lb/gal = 1,1 g/cm3) - fase de 8,5”.
Temperatura: 75ºF na MR (112m), 140ºF a 1493 (-1381m), e 210,5ºF a 3400 (-
3288m).
Dados de Pressão: 7 registros de pressão, sendo 5 efetivos e 2 fechados/secos.
Amostragem de fluidos: quatro amostras de água da formação (TFC-01 a 839,2 (-
723,2m) – Fm. Pedra de Fogo; TFC-02 a 1907 (-1791,5m) – Fm. Cabeças; TFC-06 (c/dual
packer) a 2744,5/2745,5 (-2628,5/2629,5m) – Fm. Jaicós; e TFR-01 a 761/782 (-645/-
666m) – Fm. Pedra de Fogo.
Teste de Formação: TF-01: 2234,5 (-2112,5m)/2252,2 (-2140,2m); TF-02: 2219
(2107m)/2252,2 (-2140,2m); TF-03: 2472 (-2350m)/2490 (-2378m) – Fm.
Pimenteiras/Diabásio. Surgência de gás no 2º fluxo. Recuperados lama e colchão/fluido
de perfuração cortados por gás. Intervalos de baixa transmissibilidade e portadores de
gás.
29
O relatório geológico do poço indica que a Fm. Pimenteiras encontra-se em estágio
de maturação senil; teores de carbono orgânico, obtidos em testemunhos, variam de 0,4 a
0,8%. A Fm. Cabeças é o principal reservatório de interesse. O relatório conclui que perfis
não mostram Zona de Interesse para Hidrocarbonetos (ZIHC).
• 3-OGX-46D:
Perfis a Cabo e LWD: Raios Gama, Resistividade, Densidade, Fator Fotoelétrico,
Porosidade Neutrão, Ressonância Magnética Nuclear e Sônico.
Amostras Laterais/Testemunhos: 39 amostras laterais recuperadas, sendo 31 na
Fm. Cabeças; 4 testemunhos em arenitos com intercalações de folhelhos e siltitos da Fm.
Cabeças (intervalos: 2074,5/2087,5m; 2087,5/2095,5m; 2095,5/2106,5m e
2106,5/2117,3m).
Fluido de Perfuração: sintético - base óleo (densidade= 0,8 g/cm3) - fase de 8,5”.
Temperatura: 75ºF na MR (175m), e 159ºF (perfis básicos) a 2204,8 (-2029,8m).
Dados de Pressão: 82 registros de pressão, sendo 50 efetivos (3 com sobrecarga),
24 fechados/secos, e 8 perdas de selo.
Amostragem de fluidos: duas amostras de água da formação (TFC-01 a 2087 (-
1549m) e TFC-02 a 2127 (-1576,8m) – Fm. Cabeças; e uma amostra de gás (TFC-03 a
2079,5 (-1543,8) – Fm. Cabeças.
• 4-OGX-49-MA:
Perfis a Cabo e LWD: Raios Gama, Resistividade, Densidade, Fator Fotoelétrico,
Porosidade Neutrão, Ressonância Magnética Nuclear e Sônico.
Amostras Laterais/Testemunhos: 49 amostras laterais recuperadas, sendo 21 na Fm.
Cabeças.
Amostras de Calha: possui o intervalo completo de amostras de calha - 13/702m
(amostragem de 9x9m) e 702/1899m (amostragem de 3x3m) cedidas à UFF.
Fluido de Perfuração: sintético – base óleo (0,8 g/cm3) - fase de 12,25”.
Temperatura: 75ºF na MR (114m), 164ºF a 1890 (-1776m).
Dados de Pressão: 43 registros de pressão, sendo 35 efetivos (3 com sobrecarga), 6
fechados/secos, e 2 perdas de selo.
Amostragem de fluidos: 3 águas da formação (TFC-02 a 1787,2 (-1673,2); TFC-03
a 1773,5 (-1659,5m) – Fm. Cabeças; e TFC-04 a 1636,2 (-1522,2m)– Fm. Poti.
30
4.3. Métodos de Modelagem de Reservatórios
31
4.3.1. Insumos e base de dados
32
4.3.2. O modelo conceitual
O modelo conceitual pode ser definido como uma síntese de nossa compreensão do
reservatório destinado à modelagem, com base em todos os dados de entrada disponíveis
de todas as disciplinas de subsuperfície. Em muitos casos, também é crucial incluir
informações adicionais, como dados de campos petrolíferos vizinhos e modelos regionais.
A construção do modelo geológico conceitual é um processo não linear e complexo que
envolve a aplicação de regras, conhecimento e experiências geológicas, sendo
tradicionalmente visualizados por seções geológicas (Cavero et al., 2016). Esses modelos
descrevem características essenciais de situações geológicas, ilustram os principais
processos do sistema petrolífero, fornecem informações importantes sobre as
características do reservatório do campo em estudo, e estão sendo amplamente utilizados
como entrada principal para modelagem e simulação de reservatórios 3D em diferentes
estágios dos projetos de exploração e produção (Cavero et al., 2016).
Tipicamente, o modelo conceitual pode ser resumido com uma série de interpretações
ilustrativas e descrições qualitativas anteriores à modelagem; trata-se de um importante
“guia” para o modelo digital resultante e a compreensão do vínculo entre estratigrafia e
arquitetura de reservatório é essencial (Rivenæs et al., 2015). É importante reconhecer
que o conceito possui incertezas, sendo as mais comuns o limite de dados e sua qualidade,
múltiplas possiblidades de interpretações geológicas, geometria do reservatório, extensão
da área e variações de espessura que levam a caracterização incerta do reservatório (Singh
et al., 2013a apud Cavero et al., 2016). Desse modo, o processo de modelagem pode
revelar informações que acarretem uma revisão do modelo conceitual, e por isso realiza-
se uma análise de incertezas após a conclusão do modelo, como veremos mais adiante.
33
propriedades de rocha. A construção do modelo envolve diversos elementos, conforme
descrito a seguir.
O processo inicia-se com a construção do arcabouço estrutural, etapa em que são
modelados os horizontes e falhas provenientes da interpretação sísmica, a qual fornece o
insumo mais importante para a construção da arquitetura do reservatório com base no
arcabouço sísmico. Como a resolução sísmica é limitada, zonas adicionais podem ser
incluídas a partir do zoneamento e correlação de perfis de poços, suportadas pelo modelo
conceitual. Esse refinamento irá delinear o arcabouço geológico (Rivenæs et al., 2015).
O arcabouço sísmico tipicamente define o topo e base do reservatório e em alguns
casos, refletores internos (Figura 14, etapas (a) a (d)). As falhas são interpretadas a partir
de descontinuidades nos refletores sísmicos. Como a interpretação sísmica geralmente é
realizada no domínio do tempo (Two-Way Time – TWT), é necessária uma conversão
para profundidade.
Com base no arcabouço geológico/estrutural, é construído um grid 3D de alta
resolução (também chamado grid estático), onde é realizada a modelagem de
propriedades do reservatório (Figura 14). A modelagem de propriedades é a etapa em que
são atribuídos valores petrofísicos (como porosidade, permeabilidade e saturação de
fluidos) e outros valores (como fácies e identificadores regionais) para cada célula do grid
criado. O processo de transferência de propriedades para o grid é conhecido como
upscaling (ou elevação a escala maior) de propriedades do reservatório, o qual será
explicado em detalhes na sequência.
34
Figura 14: Visão geral de um fluxo de trabalho de construção de modelo geológico. A interpretação
sísmica é geralmente feita no domínio do tempo e convertida em profundidade (etapas a – d). Mapas
de isócoras são realizados e mesclados com a estrutura sísmica para construir a estrutura geológica
(etapa e). Um grid de teste opcional pode ser gerado para controle de qualidade (passo f). Com base
nesse fluxograma, é gerado o grid 3D geostático (etapa g), preenchido com propriedades (etapa h).
(modificado de Rivenæs et al., 2015)
35
O arcabouço geológico/estrutural é normalmente direcionado pelas superfícies, ou
seja, é construído por vários mapas de superfície que compõem uma arquitetura em três
dimensões. Entretanto, propriedades podem ter valores em qualquer posição entre as
superfícies. A fim de popular o modelo digital com propriedades, é introduzido um tipo
de dado adicional: o grid 3D, que consiste de numerosas células para construir o volume
do reservatório, análogo a um modelo de peças de Lego “flexível”, referido como um
modelo geocelular (Rivenæs et al., 2015). Para cada célula do grid no modelo é atribuído
um valor a cada uma das propriedades do reservatório a ser modelado. Estas células do
grid apresentam tamanho típico de 20m a algumas centenas de metros de resolução lateral
(direções X e Y do grid) e meio metro a dezenas de metros de resolução vertical (direção
Z do grid); consequentemente, os valores petrofísicos são calculados sobre um volume
muito maior do que o insumo primário, como amostras laterais e perfis de poços
representam (Figura 15). O número de células do grid no modelo, e consequentemente o
tamanho médio destas, é frequentemente uma troca entre a necessidade para a resolução
necessária capaz de representar as informações geológicas adequadamente e o
armazenamento computacional e tempo de execução (Rivenæs et al., 2015).
Resumidamente, dados sísmicos e perfis de poços são utilizados para construir o modelo
estrutural de um reservatório, incluindo o arcabouço de falhas interpretadas, horizontes
mapeados e zoneamento e modelagem de camadas a partir das células discretizadas.
36
Figura 15: Representação de um modelo geocelular, que embora possa conter milhões de células,
ainda é uma grande simplificação do que é observado em testemunhos e afloramentos de rocha, pois
cada célula só pode conter um conjunto de parâmetros (modificado de Rivenæs et al., 2015).
37
Figura 16: Ilustração de um processo de modelagem, do grid (a) para um modelo discreto de fácies
(b) e posteriormente para um modelo de propriedades (nesse caso, porosidade) (c). Modificado de
Rivenæs et al., 2015.
38
quantificar o padrão de distribuição das propriedades dos reservatórios, ou seja, analisar
a heterogeneidade e anisotropia dos mesmos (Azevedo & Soares, 2017).
Antes de iniciar a modelagem de propriedades, os dados disponíveis de poços
precisam ser amostrados na escala do grid de modelagem geológica. Este processo é
conhecido como upscaling (elevação a escala maior, ou salto de escala) de dados de
poços, que envolve amostragem e média de dados de perfis petrofísicos para a escala do
grid geológico. Não se trata de uma tarefa trivial, uma vez que os registros de perfis de
poços já resultam de uma média, devido às ferramentas de perfilagem geralmente
apresentarem uma resolução de aproximadamente 15 a 30 cm para perfis convencionais,
enquanto a resolução real geralmente é menor, significando que camadas de pequena
espessura (milimétricas ou de poucos centímetros) comumente vistas nos testemunhos e
afloramentos não são capturadas pelos perfis. Quando se realiza o upscalling desses
dados, é necessário fazer uma média adicional, conforme mostra a figura 17. Perdas de
detalhes dos perfis originais podem ser compensadas usando-se um grid mais delgado, a
depender do objetivo, pois quanto mais células possuir o grid mais demorado será o
processo de modelagem.
Outro procedimento importante na modelagem de propriedades é a análise de dados,
que fornece o input fundamental tanto para métodos de modelagem de fácies quanto para
modelagem de propriedades contínuas (Rivenæs et al., 2015). Os dados de poços
elevados a escala maior (e outros dados, se relevantes) são analisados usando-se técnicas
geoestatísticas, a fim de otimizar o processo de modelagem. Esta análise inclui o uso de:
histogramas com distribuição de dados de uma determinada propriedade (Figura 18a);
gráficos de dispersão das propriedades versus dimensões espaciais, que mostram se a
propriedade possui tendências importantes a serem reconhecidas na modelagem, como o
decréscimo da porosidade com a profundidade (Figura 18b); crossplots de várias
propriedades (análises multivariadas), geralmente encontrando uma correlação entre a
porosidade e o logaritmo de permeabilidade (Figura 18c); e análises de variograma,
técnica comum em geoestatística, para entender como a propriedade irá variar em um
contexto espacial (Figura 18d). A utilização dessa técnica é muito importante para a
modelagem de reservatórios, porque no espaço tridimensional os inúmeros valores de
correlação de uma variável não podem ser analisados considerando-se somente a menor
distância entre as mesmas, pois do ponto de vista geológico existem diferentes direções
para correlação de propriedades litológicas, dependendo de seus ambientes deposicionais.
39
Figura 17: Exemplo de upscaling de perfis de fácies e porosidade
(modificado de Ravenaes et al., 2015).
Figura 18: Princípios de análise de dados: em (a) um histograma fornece o intervalo de dados para
porosidade; dados externos (indicados pela seta) devem ser identificados e removidos se forem
avaliados como incorretos. Em (b) um crossplot entre porosidade e profundidade para revelar
tendências de profundidade. Em (c) a correlação porosidade versus permeabilidade é mostrada, e em
(d) é exibida a correlação espacial (variograma). Modificado de Rivenæs et al., 2015.
𝑚𝑚(ℎ) (4.1)
1
𝑌𝑌�(ℎ) = � {𝑧𝑧(𝑥𝑥𝑖𝑖 ) − 𝑧𝑧(𝑥𝑥𝑖𝑖 + ℎ)}²
2𝑚𝑚(ℎ)
𝑖𝑖=1
Onde:
𝑧𝑧(𝑥𝑥𝑖𝑖 ) e 𝑧𝑧(𝑥𝑥𝑖𝑖 + ℎ)= valores da variável observados nas posições 𝑥𝑥𝑖𝑖 e 𝑥𝑥𝑖𝑖 + ℎ
𝑚𝑚(ℎ)= números de pares analisados para uma série de distâncias (lags) conforme acima descrito
41
de fluxo. Esses dados auxiliares permitem ao intérprete trazer mais robusteza aos seus
resultados.
• Modelagem de Fácies
42
Diferentes métodos baseados em pixels estão disponíveis: 1) Campos Gaussianos
truncados (Deutsch 2002), que é uma metodologia útil para modelar objetos de fácies de
grande escala que aparecem em uma ordem específica, como por exemplo os limites entre
as partes inferior, média e superior de um sistema deposicional de antepraia (shoreface),
ou o limite entre o shoreface e uma planície deltaica, sendo geralmente inadequada para
unidades de fluxo que têm formas distintas; 2) Simulação sequencial indicadora (Deutsch
2002), que trata-se de uma metodologia que possibilita gerar um grande número de
padrões aleatórios e tem a vantagem de efetuar a modelagem de forma bastante rápida,
quando condicionada a um grande número de poços; entretanto, a saída desse método
pode ter dificuldades em coincidir com o modelo geológico conceitual; 3) Estatísticas
multipontos (Deutsch 2002), que é uma técnica que utiliza imagens de treinamento,
fornecendo uma maneira intuitiva para o geólogo descrever a geologia, e também tem a
vantagem de efetuar a modelagem rapidamente ao condicionar um grande número de
poços, além de poder substituir a necessidade de usar métodos baseados em objetos.
A modelagem de fácies baseada em objetos é uma classe de técnicas de
modelagem de fácies que utiliza um processo estatístico de ponto marcado para criar
objetos de fácies com base em um input geométrico (Deutsch 2002). Assim, os métodos
baseados em objetos colocam vários corpos de fácies dentro de um background de fácies,
de acordo com regras estatísticas e relações geométricas. Essa técnica de modelagem é
intuitiva na maneira que o input é fornecido pelo modelador em termos de forma e
tamanho dos objetos a serem modelados, mas pode ser complexa para parametrizar e
condicionar (ajustar) com todas as observações, como poços elevados a escala maior e o
dado sísmico (Rivenæs et al., 2015).
Dependendo da ferramenta de modelagem, a maioria ou todas as técnicas podem
ser condicionadas ou ajustadas a vários tipos de dados. Os mais vitais são dados de poços,
bem como observações que são dados "concretos" que devem se encaixar naturalmente
no modelo após a realização da modelagem das fácies. Adicionalmente, a maioria das
ferramentas pode usar condicionamento sísmico, o que guiará a algoritmo de modelagem
para gerar um padrão ou recurso (como “probabilidade de areia”) extraído do dado
sísmico (Rivenæs et al., 2015). Para melhorar o resultado da modelagem de fácies, várias
técnicas diferentes, tanto baseadas em pixels quanto em objetos, podem ser aplicadas
dentro de uma unidade e, finalmente, mescladas, a fim de obter um resultado realista.
43
• Modelagem Petrofísica
𝑛𝑛
(4.2)
∗ (𝑢𝑢)
𝑌𝑌 = � 𝜆𝜆𝛼𝛼 . 𝑌𝑌( 𝑢𝑢𝛼𝛼 )
∞=1
Onde:
𝑌𝑌 ∗ (𝑢𝑢)= diferença do valor a ser estimado no local não amostrado com a média global (krigagem
simples) ou local (krigagem ordinária)
𝜆𝜆𝛼𝛼 = peso aplicado aos valores de dados contidos nos limites do variograma utilizado
𝑌𝑌(𝑢𝑢𝛼𝛼 )= diferença entre o valor amostrado com a média global ou local
44
modeladas apresentam uma distribuição próxima a uma distribuição Gaussiana (Normal),
ou uma distribuição que pode ser facilmente transformada em uma forma gaussiana. É
necessária uma sequência de transformação para alcançar a distribuição gaussiana, e
estabelecer essa sequência é uma parte importante da análise dos dados. A modelagem
gaussiana possui dois modos de resultados de saída: o método de krigagem e o modo
estocástico (Rivenæs et al., 2015).
O método de krigagem ou modo de previsão fornece o resultado médio esperado,
onde há somente uma “realização” de saída resultante, como mostra a figura 20a. Nesta,
as observações (poços) se destacam como anomalias (“olhos de boi”), e fora da faixa de
influência (que é fornecida pelo variograma) os valores do modelo irão tender para a
média. Um problema importante com a krigagem é que o resultado se torna muito suave
e, portanto, inadequado para uma modelagem de fluxo realista.
Uma simulação gaussiana (modo estocástico) irá adicionar variabilidade entre
observações de poço (Figura 20b–d) e são geralmente preferidas para modelos de fluxo.
Devido à escassez de dados (poços), o software de modelagem usará geradores
randômicos em combinação com o modelo geoestatístico para preencher as células. O
resultado aparecerá mais realista e reproduzirá a variabilidade observada em gráficos de
dispersão e histogramas da análise de dados (Figura 18).
A simulação gaussiana sequencial é, portanto, uma técnica baseada na krigagem,
que visa corrigir os problemas de independência entre valores estimados através da
estimativa sequencial e randômica de cada local não amostrado e sempre considerando
os resultados de locais não amostrados anteriormente para o próximo a ser simulado,
gerando assim diversos resultados equiprováveis dependendo do local randômico inicial.
Além disso, para corrigir o efeito de suavização causado pela variância da krigagem,
adiciona um valor residual randômico ao valor estimado pela krigagem, derivado de uma
distribuição normal que possui como variância a de krigagem (Pyrcz & Deutsch, 2014).
45
Figura 20: Exemplo de modelagem petrofísica baseada em métodos gaussianos: em (a) o resultado
do método de krigagem; e em (b), (c) e (d) são apresentadas três realizações do modo estocástico.
Modificado de Rivenæs et al., 2015.
𝑛𝑛 𝑛𝑛
(4.3)
∗ (𝑢𝑢)
𝑌𝑌𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = � 𝜆𝜆𝛼𝛼1 . 𝑌𝑌( 𝑢𝑢𝛼𝛼1 ) + � 𝜆𝜆𝛼𝛼2 . 𝑌𝑌( 𝑢𝑢𝛼𝛼2 )
∞1 =1 ∞2 =1
Onde:
∑𝑛𝑛∞1=1 𝜆𝜆𝛼𝛼1 . 𝑌𝑌( 𝑢𝑢𝛼𝛼1 ) = variável primária
∑𝑛𝑛∞2=1 𝜆𝜆𝛼𝛼2 . 𝑌𝑌( 𝑢𝑢𝛼𝛼2 )= variável secundária
46
4.3.3.4. Cálculo de volumetria e Análise de Incertezas
Onde:
𝑉𝑉𝑟𝑟 = volume total de rocha
𝑁𝑁⁄𝐺𝐺 = Net-to-Gross; fração de rocha que corresponde ao reservatório
𝜑𝜑 = porosidade média
𝑆𝑆𝐻𝐻𝐻𝐻 = saturação de hidrocarbonetos
47
variabilidade mais realista, na qual a distribuição das propriedades modeladas e a
volumetria resultante representam um resultado possível dentro de um maior espaço para
resultados (Rivenæs et al,, 2015). Dessa forma, o volume calculado permite maior
parametrização e possibilidade de análise de incerteza.
A partir do primeiro cálculo de volumetria (caso base) para a análise de incertezas,
frequentemente dezenas a várias centenas de realizações do modelo estocástico são
geradas, a fim de poder visualizar o espaço do resultado e executar cálculos volumétricos
em todas essas realizações do modelo. Por razões de capacidade do computador, é raro
que todas as realizações sejam levadas mais adiante para modelos de simulação de fluxo,
sendo necessário um ranqueamento de realizações. Escolher realizações representativas
do modelo pode ser um desafio; uma abordagem possível é escolher as realizações
volumetricamente mais próximas da média de todas as realizações do modelo (Rivenæs
et al., 2015).
A análise de incertezas é um aspecto fundamental da modelagem de reservatórios,
pois devido às limitações da resolução sísmica, número de poços disponíveis, etc., sempre
há uma incerteza importante associada com a descrição e entendimento da subsuperfície.
O impacto dessas incertezas pode ser estimado através da construção de cenários
alternativos e realizações estatísticas do modelo, a fim de quantificar esse impacto no
volume estático calculado e no planejamento da locação de poços (Rivenæs et al., 2015),
possibilitando estudar o impacto da combinação dos parâmetros de incerteza, de acordo
com os ranges e distribuições pré-estabelecidos.
O primeiro passo do fluxo de incertezas é construir um modelo determinístico
baseado nas melhores opções dos parâmetros de input. Esse caso base (ou cenário
modelo) apresenta hipóteses que podem ser interpretações sísmicas distintas, diferentes
modelos conceituais, diferentes estratégias de produção para o campo, entre outras.
Enquanto as realizações (variações dos parâmetros dentre de uma hipótese) podem
infligir em varações nas incertezas associadas ao cenário modelo, como em interpretações
de horizontes e falhas, variações de velocidades em conversões tempo-profundidade,
variações nos contatos entre fluidos, variações nos inputs de modelagem de fácies,
porosidade, saturação, alterações nas transmissibilidades de falhas, etc. Dentro desse
processo, uma análise de sensibilidade é efetuada para se obter percepções dentre as
várias possibilidades de problemas e auxiliar no direcionamento do estudo, visando
entender quais parâmetros devem ser investigados em detalhe (quais variáveis realmente
48
impactam no volume do reservatório) e otimizar o estudo de incertezas (Schlumberger,
2010).
Definidas as hipóteses, executam-se as múltiplas realizações de acordo com a
análise de sensibilidade, que é baseada nas interpretações dos dados de subsuperfície
realizadas (Figura 21), gerando assim os diversos casos possíveis para o cálculo
volumétrico utilizando técnicas estatísticas. A técnica mais comumente utilizada para
essas realizações é o método de Monte Carlo (Metropolis & Ulam, 1949), algoritmo
computacional bastante conhecido, usado em diversos segmentos da ciência e engenharia
para simular problemas que podem ser representados por processos estocásticos, o qual
se baseia em amostragens aleatórias massivas para obter resultados numéricos de
parâmetros desconhecidos, através de simulações para modelar a probabilidade de
resultados diferentes em um processo que não pode ser facilmente previsto devido à
intervenção de variáveis aleatórias. Por fim, para avaliar o impacto de incertezas, é
efetuada a análise dos resultados dessas realizações, com base em gráficos ou histogramas
que mostram as probabilidades baixa, média e alta (P10, P50 e P90) de cada variável.
Figura 21: Esquema de estudo de incertezas em modelos geológicos (Fonte: Schlumberger, 2010).
49
4.4. Metodologia Aplicada
50
atributos sísmicos, com o objetivo de obter os melhores parâmetros para a modelagem
geológica e petrofísica do reservatório;
51
Figura 22: Fluxograma da metodologia de trabalho aplicada.
52
5. AVALIAÇÃO PETROFÍSICA PRELIMINAR
54
Tabela 2: Nomenclatura adotada para as curvas resultantes do processamento e edição de perfis
dos poços da área de estudo.
Curva Descrição Unidade
GR Raios Gama °API
CALI Caliper inch
RESC Resistividade Curta(resistividade da zona invadida) ohm.m
RESM Resistividade Média (resistividade intermediária) ohm.m
RESP Resistividade Profunda – Indução (resistividade verdadeira) ohm.m
DEN Densidade da Formação g/cm3
HDRA Correção do Densidade grama
PEF Fator Fotoelétrico da Formação Sem(barns/e)
NEU Porosidade Neutrônica (Neutrão) dec
DTP Sônico Compressional ms/ft
DTS Sônico Cisalhante ms/ft
CMFF Porosidade Fluido Livre (NMR) dec
CMRP Porosidade Efetiva (NMR) dec
TCMR Porosidade Total (NMR) dec
Quanto à qualidade dos perfis, de uma maneira geral os dados relativos aos
intervalos de reservatório avaliado dos poços 1-OGX-16-MA, 2-CP-1-MA, 3-OGX-46D-
MA (adquiridos na fasede 8 ½”) e 4-OGX-49-MA (adquirido na fase de 12 ¼”),
encontram-se em boas condições de qualidade e calibração (Figuras 24 a 27). O perfil
caliper apresenta-se bem comportado em todos os poços da área de estudo, com valores
muito próximos ao diâmetro nominal da parede dos poços, à exceçãode uma pequena
rugosidade (diferença em torno de 0,15”) observada no poço 4-OGX-49-MA (Figura 27),
porém sem anomalias significativas; e no trecho entre 1986m e 2044m do poço 1-OGX-
16-MA, que apresenta diferença em torno de 0,61” a 1,31” em relação ao calibre do poço,
no entanto correspondente a um intervalo fechado, de baixa porosidade, que apresenta
incremento do perfil de densidade, diminuição de porosidade com fluido livre e aumento
de mesoporosidade (porosidade efetiva) do NMR, na base da Fm. Cabeças (Figura 24).
Os demais perfis apresentam boa qualidade, com exceção de alguns spikes, picos
de incremento anômalos de resistividade profunda, observados no poço 2-CP-1-MA nas
profundidades em torno de 1710m, 1750m e 1800m (Figura 26). As curvas de raios gama
e porosidade, em geral, apresentam comportamento de acordo com o esperado para as
55
variações litológicas dos intervalos investigados. A boa qualidade do perfil de densidade
é comprovada pela pequena variação (inferior a 0,1 gramas) da curva HDRA nos poços
3-OGX-46D-MA e 4-OGX-49-MA. E a curva de Fator Fotoelétrico (PEF) apresenta
valores médios em torno de 2,3 barns/e com alguns incrementos para a casa de 3 barns/e
nos intervalos investigados dos poços 1-OGX-16-MA (Figura 24, pista 6) e 3-OGX-46D-
MA (Figura 25, pista 6), coerente com a composição siliciclástica dessas rochas,
(predominantemente arenosa), em que espera-se valores de PEF em torno de 2 barns/e (o
fator fotoelétrico do quartzo é 1,8 e das micas – muscovita – corresponde a 2,4 barns/e
(Serra, 1990); os incrementos para valores superiores a 3 barns/e provavelmente refletem
presença de cimentação carbonática e/ou presença de feldspatos, pois coincidem com
intervalos onde ocorre incremento dos perfis de raios gama, resistividade e densidade, e
diminuição da porosidade do perfil de ressonância magnética (pista 7, Figuras 24 e 25).
Figura 24: Composite do poço 1-OGX-16-MAonde podem ser observadas as curvas correspondentes
aos perfis básicos e especiais utilizados para a análise petrofísica, além das zonas identificadas para
avaliação do reservatório.
56
Figura 25: Composite do poço 3-OGX-46D-MA, onde podem ser observadas as curvas
correspondentes aos perfis básicos e especiais utilizados para a análise petrofísica, além das zonas
identificadas para avaliação do reservatório.
Figura 26: Composite do poço 2-CP-1-MA, onde podem ser observadas as curvas correspondentes
aos perfis básicos e especiais utilizados para a análise petrofísica, além das zonas identificadas para
avaliação do reservatório.
57
Figura 27: Composite do poço 4-OGX-49-MA, onde podem ser observadas as curvas correspondentes
aos perfis básicos e especiais utilizados para a avaliação petrofísicado reservatório.
Esta etapa corresponde à interpretação qualitativa dos perfis. Tal análise inclui a
utilização de gráficos diagnósticos auxiliares (crossplots de avaliação petrofísica) e dados
de testes de formação para identificação de zonas de interesse para hidrocarbonetos, tanto
pela análise de perfis como pelo gradiente de pressão de formação.
A análise integrada das curvas de perfis básicos de resistividade, raios gama e
porosidade possibilita identificar zonas de interesse para hidrocarbonetos. Nessas análises
o incremento de resistividade associada a aumento de porosidade e queda dos valores de
radioatividade, geralmente são indicativos de zonas com hidrocarbonetos, uma vez que
as rochas resistivas apresentarem alta porosidade (espaço entre poros) e encontram-se
provavelmente preenchidas por óleo ou gás, e tanto arenitos mais limpos quanto calcários
possuem baixos valores de Raios Gama, e são típicas rochas reservatório.
Para a identificação de contatos com base em análise de perfis, a resistividade tem
grande importância, em combinação com os perfis de porosidade. Além de poder indicar
zona de petróleo em intervalos de alta resistividade, uma queda acentuada dessa curva
pode representar a passagem de hidrocarboneto (fluido resistivo) para água (fluido
condutivo). Essa passagem – conhecida como contato hidrocarboneto-água – deve ser
confirmada pelos gráficos de gradiente de pressão da formação.
58
• Análise dos Testes de Formação (Definição do Free Water Level)
59
Figura 28: Gráficos Gradiente de Pressão vs. Profundidade e Pressão vs. Profundidade, utilizados
para análise dos testes de pressão da formação dos poços da área de estudo, com indicativo das massas
específicas dos tipos de fluido identificados (em g/cm³).
60
pequena quantidade de pontos na zona de água salgada, realizou-se um empilhamento
dos registros de pressão desses dois poços para determinação do FWL, sendo posicionado
a -1555m, na interseção dos gradientes de pressão de gás e água (Figura 32).
61
Figura 32: Gráfico de Pressão vs. Profundidade com gradientes resultantes do empilhamento de
registros de pressão dos poços 1-OGX-16-MA e 3-OGX-46D-MA para determinação do Free Water
Level.
• Análise de Perfis
Com base nas respostas dos perfis convencionais de Raios Gama, Resistividade,
Densidade/Fator Fotoelétrico, Neutrão, Sônico e o perfil especial de Ressonância
Magnética Nuclear (NMR) frente aos reservatórios, assim como na identificação de tipos
de fluidos dos intervalos através de gráficos auxiliares de avaliação petrofísica, integrada
com a análise dos dados de testes de formação, foi possível zonear e identificar potenciais
reservatórios de hidrocarbonetos em arenitos nos intervalos 1654/1674m (poço 1-OGX-
16-MA), 1667/1680,5m (poço 2-CP-1-MA) e 2075/2088m (3-OGX-46D-MA) da parte
superior da Formação Cabeças (Figuras 38 a 40); esta análise também foi alicerçada em
informações de indícios e resultados de teste de formação provenientes dos relatórios dos
poços (item 4.2). As zonas de interesse para hidrocarbonetos identificadas foram
caracterizadas por altos valores de resistividade associado a incremento da porosidade,
indicada pelos perfis de densidade (DEN) e Fluido Livre (CMFF) do perfil de
Ressonância Magnética, queda nos valores de Raios Gama, e principalmente pelo
crossover (inversão) e separação acentuada entre os perfis de Densidade e Neutrão,
denominado gaseffect (Rocha & Azevedo, 2009), típico de intervalos portadores de gás.
62
A análise e verificação dos possíveis fluidos e contatos com base na interpretação
qualitativa de perfis corroborou os indicativos resultantes da análise dos testes de
formação. Foi possível verificar inversão das curvas de resistividade rasa e profunda,
passando a curva de resistividade profunda a apresentar maiores valores, indicativo de
água doce nas Formações Motuca e Pedra do Fogo (Figura 33), e o incremento de
resistividade (ultrapassando 15 Ohm.m) associado à separação entre as curvas de
densidade e neutrão em forma de “espelho”, com aumento da porosidade, característica
de presença de gás no topo das Formação Cabeças nos poços 1-OGX-16-MA e 3-OGX-
36D-MA (Figuras 38 e 39; pista 6).
Figura 33: Indicativo de água doce nas formações Motuca e Pedra do Fogo, pela inversão das curvas
de resistividade (RESC na cor verde; RESM - azul e RESP - vermelha).
63
alcança valores superiores a 1200 Ohm.m em torno de 1671m de profundidade, e possível
zona de transição entre 1673m e 1680,5m (Figura 35). Quanto ao 4-OGX-49-MA, as
baixas resistividades (em torno de 1,5 Ohm.m) verificadas nos intervalos com incremento
de porosidade (Figura 27), comprovam a ausência de hidrocarbonetos nesse poço, onde
os reservatórios encontram-se saturados por água da formação.
64
Figura 35: Composite do poço 2-CP-1-MA ilustrando os reservatórios portadores de gás, zona de
transição e água de formação de idade Devoniana da Fm. Cabeças.
65
• Volume de argila (Vclay):
Calculado com base na média do ajuste através do perfil de raios gama, utilizando-
se a formula de Clavier et al. (1971), modelo não linear de volume de argila, testado com
êxito em trabalho recentemente realizado em reservatórios da Bacia do Parnaíba (Calonio,
2020), e que geralmente apresenta melhor coerência com os dados de rocha, pois
considera a influência da radioatividade da matriz:
Onde IGR corresponde ao volume de argila linear (indicador de lutito) dado pela
subtração do GRlog – GRminimo dividido pelo GRmáximo menos o GRminimo, cujos
valores são retirados do perfil Raios Gama (GR) a partir da manipulação das linhas base
do mesmo, indicadas pelo interprete, sendo o GRminimo o GR “limpo” (lido nas menores
radioatividades tendo como referência os litotipos livres de conteúdo argiloso) e o
GRmaximo o GR “sujo”, ou linha base do folhelho (LBF) traçada onde encontram-se as
maiores radioatividades (Nery, 2004).
O perfil de raios gama é o melhor dado para se obter o volume de argila, porque
este pode ser utilizado para calcular volume de argila em reservatórios porosos (Asquith
et al., 2004). A aplicação dessa técnica não-linear de cálculo de volume de argila
(Formula de Clavier) é importante por considerar as propriedades elétricas das argilas,
diferindo o volume de argila do volume de “folhelhos” dado pelas formulas lineares, que
não fazem a diferença entre folhelho (shale) e argila (clay) e calculam um volume
genérico chamadoVsh (Krygowski, 2003), os quais geralmente apresentam volumes de
argila superestimados.
66
da Schlumberger, disponível no software IP 2018, permitiu calcular as curvas de
porosidade do reservatório.
67
O cálculo de porosidade foi efetuado a partir das curvas de densidade e neutrão
corrigido pelo Vcl (Figuras 38 e 39, pista 8; Figura 40, pista 7), considerando-se as
porosidades corrigidas para eliminar o efeito de argilosidade (Nery, 2013), da seguinte
maneira.
Primeiro foram calculadas as porosidades para cada curva, de acordo com os
parâmetros supramencionados, sendo a curva de porosidade do Densidade (PHI_DEN)
calculada pela fórmula:
Onde,
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑂𝑂𝑚𝑚𝑚𝑚 = densidade da matriz
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑂𝑂𝑏𝑏 = densidade lida no ponto
𝑅𝑅𝑅𝑅𝑂𝑂𝑓𝑓 = densidade do fluido nos poros (água de formação)
Onde,
𝑃𝑃𝑃𝑃𝐼𝐼𝐸𝐸 = porosidade efetiva da rocha (sem argilosidade) = PHIiC;
𝑃𝑃𝑃𝑃𝐼𝐼𝑖𝑖𝑖𝑖 = porosidade do perfil i (DEN ou NEU) corrigida pela argilosidade;
𝑃𝑃𝑃𝑃𝐼𝐼𝑖𝑖 = porosidade calculada de cada curva (no caso PHI_DEN e PHI_NEU);
𝑃𝑃𝑃𝑃𝐼𝐼𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = porosidade aparente do “folhelho” de referência do intervalo avaliado;
𝑉𝑉𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 = volume de argila corrigido do ponto.
Por fim, para se obter o valor de porosidade efetiva, esses valores de porosidade
corrigida foram aplicados à fórmula de Gaymard & Poupon (1970) (equação 5.4) utilizada
para cálculo de porosidade em intervalos com presença de gás, a fim de eliminar o efeito
do hidrocarboneto.
2 (𝑃𝑃𝑃𝑃𝐼𝐼𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 )2 + (𝑃𝑃𝑃𝑃𝐼𝐼𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 )2
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺𝐺 = � (5.4)
2
68
Onde,
𝑃𝑃𝑃𝑃𝐼𝐼𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 = Porosidade efetiva do perfil de Densidade corrigida pela argilosidade;
𝑃𝑃𝑃𝑃𝐼𝐼𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 = Porosidade efetiva do perfil Neutrão corrigida pela argilosidade;
𝑎𝑎.𝑅𝑅𝑅𝑅
𝑆𝑆𝑤𝑤 𝑛𝑛 = � �(5.5)
𝑅𝑅𝑅𝑅.𝜑𝜑𝑚𝑚
Onde,
Sw=saturação de água
n=expoente de saturação
a=fator de tortuosidade
Rw=resistividade da água
Rt=resistividade verdadeira da formação
ϕ=porosidade
m=expoente de cimentação
Vsh=volume da argila
Rsh=resistividade do folhelho.
69
Este cálculo foi efetuado considerando a porosidade efetiva calculada no passo
anterior, valores de tortuosidade, expoentes de saturação e cimentação (a=1; m e n=2)
definidos pela Lei de Archie (1942), e as seguintes resistividades de água de formação
(Rw): 0.03 ohm.m @ 150°F (137.376ppm NaCl eqv) – poço 1-OGX-16-MA; 0.03 ohm.m
@ 158°F (128.621ppm NaCl eqv) – poço 3-OGX-46D-MA; e 0.035 ohm.m @ 144°F
(99.628ppm NaCl eqv) – poço 2-CP-1-MA.
A resistividade da água da formação (Rw) foi estimada pela técnica de Rw
aparente (Rwa) e corroborada pela técnica de determinação do Rw utilizando-se o gráfico
de Picket (1966, 1973) (Figura 37).
A técnica de Rw aparente é calculada entre intervalos, assumindo que a formação
só contém água (Sw= 100%) e supondo-se que o menor valor de Rwa é a aproximação
mais exata de Rw, pertencente àquela porção da formação que efetivamente só está
saturada com água (Nery, 2004). Para calcular o Rwa mínimo seleciona-se uma zona de
água franca, onde é escolhido um ponto de menor resistividade, lida sua porosidade,
aplica-se em seguida a fórmula:
70
Figura 37: Gráficos de Picket utilizados para determinar o Rw.
71
Figura 38: Plot geral de avaliação petrofísica do poço 1-OGX-16-MA, onde se observam: as zonas
com hidrocarbonetos (em azul escuro), água da formação (azul claro) e não-reservatório (roxo); as
curvas correspondentes aos perfis básicos e especiais utilizados para a análise de perfis; curvas
resultantes do processamento (porosidades calculadas, pista 8; Volume de Argila, pista 9; Saturação
(Swsim:Simandou - Sw calculado a partir da equação x) e NetPay, pista 10.
Figura 39: Plot geral de avaliação petrofísica do poço 3-OGX-46D-MA onde podem ser observadas:
as zonas com hidrocarbonetos (em azul escuro) e água da formação (em azul claro); as curvas
correspondentes aos perfis básicos e especiais utilizados para a análise de perfis; curvas resultantes
do processamento (porosidades calculadas, pista 8; Volume de Argila, pista 9; Saturação
(Swsim:Simandou - Sw calculado a partir da equação x) e NetPay, pista 10.
72
Figura 40: Plot geral de avaliação petrofísica do poço 2-CP-1-MA onde podem ser observadas: as
zonas com hidrocarbonetos (em azul escuro), água da formação (azul claro), água franca (em roxo)
utilizada para estimativa do Rw, e transição não-reservatório (em verde); as curvas correspondentes
aos perfis básicos utilizados para a análise de perfis; curvas resultantes do processamento
(porosidades calculadas, pista 7; Volume de Argila, pista 8; Saturação (Swsim:Simandou - Sw
calculado a partir da equação x) e NetPay, pista 9.
73
O conceito da coluna de hidrocarbonetos (HCOL) em uma formação é simples, e
equivale à altura da coluna de hidrocarboneto puro contida em uma zona de espessura
∆H>HCOL, quando derramada em um recipiente, sendo calculada pelo algoritmo
𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻𝐻 = 𝑃𝑃𝑃𝑃𝐼𝐼𝐸𝐸 . (1 − 𝑆𝑆𝑊𝑊 ). ∆𝐻𝐻; onde (1-Sw)=saturação de hidrocarbonetos (Shc) e o ∆H
corresponde à altura do intervalo da zona de interesse para hidrocarbonetos (NetH).
Rochas reservatório com baixo volume de argila (Vclay) geralmente têm poucos
problemas ou capacidade de armazenar hidrocarbonetos. À medida que uma rocha se
torna mais argilosa, será mais difícil armazenar hidrocarbonetos ou migrar o
hidrocarboneto da rocha geradora para ser acumulado no reservatório. Existe um ponto
de argilosidade além do qual não há mais contribuições significativas para armazenar ou
migrar hidrocarbonetos, o qual pode ser considerado o ponto limite de intervalo produtivo
de hidrocarbonetos para as rochas. O mesmo conceito se aplica à curva de porosidade
efetiva (PHIE), pois existe um ponto limiar de porosidade fechada com baixa capacidade
de armazenar ou migrar hidrocarbonetos.
Com base nesses preceitos, a determinação dos parâmetros de corte pela técnica
de Coluna Cumulativa de Hidrocarbonetos baseia-se em gráficos crossplots, efetuados
através do algoritmo de Coluna de Hidrocarbonetos (HCOL), facilmente gerados por
qualquer cutoff no eixo X (Vcley, PHIE, Sw) e o eixo Y (coluna cumulativa de
NetH*PHI*Shc) sendo normalizado a 100% para obter a respectiva contribuição para as
distintas classes de valores de corte (Lonessome & Massonate, 2004), os quais são
visualmente indicados nos pontos de cotovelo das curvas criadas a partir desses cálculos
(Figura 41). Essa mudança de concavidade das curvas define o limite além do qual não
há mais contribuição significativa para a produção de hidrocarbonetos no reservatório.
Figura 41: Exemplos de gráficos utilizados para determinar os parâmetros de corte pelo método da
Coluna Cumulativa de Hidrocarbonetos em um reservatório hipotético: Em (a) o cutoff de Volume
de Argila; em (b) cutoff de Porosidade Efetiva; e em (c) o cutoff de Saturação de Água.
74
Seguindo essa metodologia, foram determinados os valores de corte (cutoffs) de
volume de argila (Figura 42), porosidade (Figura 43) e saturação de água (Figura 44) para
os reservatórios dos poços da área de estudo.
75
Figura 44: Cutoffs de saturação de água dos poços avaliados.
76
Tabela 3: Totalização petrofísica dos reservatórios dos poços da área de estudo.
Topo Base
Gross Net NtG Av Av Av Phi*H PhiSg*H
Poço Zona TVD TVD
(TVD) (TVD) (TVD) Phi Sw Vcl (TVD) (TVD)
(SSTVD) (SSTVD)
ARN 1653,98 1673,95
1-OGX-16-MA 19,96 10.59 0.531 0.145 0.271 0.001 1.53 1.12
Cabeças (-1538) (-1558.1)
ARN 1713.33 1725.3
3-OGX-46D-MA 11.97 4.99 0.417 0.128 0.408 0.041 0.64 0.38
Cabeças (-1538.33) (-1550.3)
ARN 1666.04 1680.51
2-CP-1-MA 14.51 7.58 0.522 0.125 0.339 0.00 0.95 0.63
Cabeças (-1554.04) (-1567.51)
ARN
Total (média) Cabeças -1538 -1567.51 13.24 7.72 0.49 0.13 0.34 0.014 1.04 0.71
77
6. CORRELAÇÃO ROCHA-PERFIL
Amostras de calha são muito importantes devido serem o único conteúdo de rocha
adquiridos de forma contínua durante a perfuração de poços petrolíferos. Tratam-se de
fragmentos de rochas cortadas pela broca e trazidos à superfície pelo fluido de perfuração,
cuja densidade de amostragem no reservatório é de 3 em 3 metros. Tais amostras
permitem o reconhecimento de: tipos litológicos; conteúdo fossilífero; potencial gerador;
indícios de ocorrência de hidrocarbonetos; além de análises especiais de granulometria,
mineralogia, etc (Gilot, 2009).
Alguns critérios devem ser considerados para a interpretação litológica com base
em amostras de calha. Como cada amostra representa um intervalo de rocha, cuja
profundidade amostrada é a base desse intervalo, é importante observar que a
profundidade da rocha descrita pode conter um deslocamento de acordo com a densidade
da amostragem, que é corrigido pela interpretação dessa litologia baseada nos perfis
corridos no poço (Figura 45). Para a interpretação litológica efetuada no presente estudo
considerou-se também em descrições de amostras laterais disponíveis no perfil composto,
e utilizou-se como principal referência técnica o trabalho de Rider (1996), além de outros
78
trabalhos (Serra, 1990; Martins, 1991; Calhôa et al., 2010; e Mondol, 2015) que abordam
a aplicação de perfis geofísicos para caracterização e identificação litológica.
Figura 45: À esquerda, perfis geofísicos e sua utilidade, com destaque para os perfis utilizados para
a interpretação litológica do intervalo estudado (modificado de Evenick, 2008); e à direita, esquema
representativo da medida do perfil de raios gama em diferentes tipos litológicos (Calhôa et al., 2010).
79
Na Fm. Cabeças (intervalo 1771/1900m) predominam arenitos descritos em calha
como cinza-esbranquiçados, de granulometria muito fina e fina a média,
subarredondados, com seleção regular, quartzosos, gradando a siltitos no intervalo
superior da formação, muito caoliníticos, com rara cimentação calcífera, parcialmente
micáceos, raramente piritosos, de porosidade aparente fechada, e semi-friáveis (Figura
47a); são interpretados e caracterizados em perfil por: GR=33 a 84°API; RES: 1.02 a
4.2Ohm.m; DEN=9 a 15% porosidade, NEU=9 a 18% porosidade; e DTP em trono de 70
ms/ft. Entre 1776 e 1860m ocorrem algumas intercalações decimétricas a métricas de
folhelhos cinza escuro e cinza claro-acastanhado, síltico, parcialmente micáceo e piritoso,
duro/semiduro, caracterizados em perfil por alta radioatividade (GR=97 a 173°API),
RES=3 a 7,5Ohm.m, e incremento ou crossover do perfil NEU para a esquerda do DEN,
típico do aumento de minerais adsorvedores (argilas). O intervalo 1839/1850m apresenta
intercalações de siltito cinza claro e castanho avermelhado, de coesão semidura a mole,
caracterizado em perfil pela aproximação entre as curvas DEN e NEU, com densidade
em torno de 2,5 g/cm³, GR de 60 a 83°API; e RES=2.25 a 4.1Ohm.m (Figura 46).
80
Figura 46: Descrição e interpretação litológica do poço 4-OGX-49-MA com base em descrição de amostras de calha e correlação rocha-perfil.
81
A parte superior da sequência compreende a Fm. Poti (intervalo 1163/1659m),
composta basicamente por arenitos cinza claro-esbranquiçados, interpretados em perfil
por GR=24.9 a 113°API; RES: 0,45 a 1.79Ohm.m, DEN=10 a 18% porosidade e NEU=9
a 21% porosidade; intercalados com folhelhos silticos cinza escuro, caracterizados em
perfil por GR em torno de 120°API e RES predominantemente entre 2 e 5Ohm.m. Em
calha, os arenitos foram descritos como cinza claro-esbranquiçados, hialinos, finos/muito
finos/médios, subarredondados/subangulares, de seleção regular, quartzosos, caolíticos,
parcialmente calcíferos, piritosos, semi-fráveis/desagregados, e os folhelhos, cinza escuro
a preto, localmente cinza claro/castanho avermelhados, silticos, parcialmente micáceos,
levemente carbonáticos, semiduros/moles. Tanto os arenitos quanto os folhelhos
encontram-se parcialmente metamorfisados na porção inferior da formação, onde se
verificou a presença de alguns minerais esverdeados (Figura 47c), aumento de
argilosidade e ausência de quartzo hialino nos arenitos (com consequente aumento da
radioatividade – perfil GR), além de uma coesão mais compacta.
82
típica no perfil de raios gama, o diabásio é facilmente caracterizado por altíssima RES
(em torno de 1500Ohm.m) e características de rocha fechada (Figura 46), com DEN
próximo a 3 g/cm³ (exceto em alguns trechos onde o perfil caliper encontra-se arrombado,
provavelmente devido a fraturas), NEU próximo de zero e DTP em torno de 50 ms/ft, o
qual apresenta traçado típico de rocha maciça com aspecto retilíneo, em contraposição ao
padrão irregular das litologias adjacentes.
Figura 47: Amostras de calha do poço 4-OGX-49-MA: A) Arenito caolinítico da Fm. Cabeças; B)
folhelho da Fm. Longá; C) metassedimento, arenito metamorfisado com presença de minerais
esverdeados da Fm. Poti; e D) fragmentos da soleira de diabásio. Fonte: PIMENTEL, R. (2020).
83
Em relação à sequência sedimentar, foram observados padrões em sino do perfil
de raios gama, com aumento de argilosidade e gradual perda de porosidade evidenciada
principalmente pela curva de densidade, representando ciclos de raseamento ascendente
nos arenitos tanto da Formação Cabeças quanto da Formação Poti (Figura 46), típicos de
arquitetura deposicional de canais superpostos por fácies interlaminadas, podendo
também representar uma fácies fluvio-estuarina afogada pelos folhelhos da Fm. Longá no
topo da Formação Cabeças, condizente com as interpretações efetuadas por diversos
autores para a Bacia do Parnaíba.
84
correlação foi o perfil de raios gama, cujas feições foram as primeiras a ser consideradas
para ajuste dos marcadores entre os poços.
Dessa forma, foram realizados pequenos ajustes no posicionamento dos topos de
formação (Tabela 4), com base em correlação litoestratigráfica entre os poços,
comparando poço a poço as feições semelhantes dos perfis e utilizando as litologias
interpretadas como controle. Além das feições do perfil de raios gama, foram utilizados
para correlação alguns marcos como quebras (mudanças de comportamento) do perfil
sônico (DTP) e variações na resistividade e dos perfis DEN e NEU (Figura 48).
A seção de correlação de poços (Well Section Window) foi construída na direção
SW-NE, a partir do poço de correlação 4-OGX-49-MA, passando pelos poços 3-OGX-
46D-MA, 1-OGX-16-MA e 2-CP-1-MA, os quais encontram-se na área coberta pela
aquisição sísmica (Figura 48). Nesta observa-se que a formação Piauí, na parte superior,
possui um pequeno espessamento na direção NE, enquanto a Fm. Poti aumenta de
espessura para SW, e as formações Longá e Cabeças possuem um maior soterramento na
direção SW, onde a soleira de diabásio intrude a Fm. Poti, ao contrário da porção NE
onde essa intrusão está inserida na Fm. Longá. Esse padrão de variação de fácies pode
estar relacionado às condições do ambiente deposicional, assim como às relações tectono-
estruturais.
Com base no conhecimento adquirido pela descrição e interpretação litológica do
poço 4-OGX-49-MA e correlação litoestratigráfica entre os poços, verificou-se que havia
alguns intervalos com litologia interpretada nos perfis compostos incoerentes com os
perfis corridos e discrepantes com os poços correlatos. Assim, de acordo com essa
premissa, foi reinterpretada a litologia de alguns intervalos, como a inserção de
metassedimentos no topo e base da soleira de diabásio, e principalmente a Formação
Longá do poço 2-CP-1-MA, onde não haviam sido corridos os perfis de densidade e
Neutrão (Figura 49).
A correlação de poços possibilitou também identificar a extensão do reservatório
de gás em arenitos do topo da Fm. Cabeças entre os poços 3-OGX-46D-MA, 1-OGX-16-
MA e 2-CP-1-MA (Figura 48), caracterizado pelo incremento da resistividade associada
ao crossover DEN/NEU típico de gaseffect, já interpretado na etapa de avaliação
petrofísica.
85
Tabela 4: Marcadores dos poços inseridos e ajustados por correlação rocha-perfil no Petrel.
Poço 1-OGX-16-MA
Marcador (Formação) Coordenada X Coordenada Y Profundidade (m) Cota: SSTVD (m)
Fm, Motuca 577166.78 9472809.63 406 -290
Fm, Pedra de Fogo 577166.93 9472809.84 692 -576
Fm, Piauí 577167.10 9472810.10 912 -796
Fm, Poti 577168.17 9472810.65 1172 -1056
Fm, Longá 577169.45 9472810.72 1371,17 -1255,17
Fm, Cabeças 577170.03 9472810.96 1654,01 -1538,01
Fm, Pimenteiras 577171.29 9472810.81 2055,11 -1939,11
Fm, Itaim 577173.17 9472808.35 2468,33 -2352,33
Fm, Jaicós 577173.06 9472807.70 2604,41 -2488,41
Fm, Tianguá 577174.97 9472806.19 2835,65 -2719,65
Fm, Ipu 577178.91 9472803.39 3044,35 -2928,35
Poço 3-OGX-46D-MA
Marcador (Formação) Coordenada X Coordenada Y Profundidade (m) Cota: SSTVD (m)
Fm, Motuca 575720.12 9475142.96 462,96 -287,96
Fm, Pedra de Fogo 575734.49 9475125.83 667,56 -492,56
Fm, Piauí 575810.96 9474942.57 1028,85 -853,85
Fm, Poti 575887.97 9474780.71 1286,55 -1111,55
Fm, Longá 576005.36 9474523.27 1694,01 -1519,01
Fm, Cabeças 576117.96 9474284.88 2074,87 -1899,87
Poço 4-OGX-49-MA
Marcador (Formação) Coordenada X Coordenada Y Profundidade (m) Cota: SSTVD (m)
Fm, Motuca 564560.74 9471590.88 470,59 -354,59
Fm, Pedra de Fogo 564561.15 9471593.33 706,4 -590,4
Fm, Piauí 564561.35 9471594.83 984,94 -868,94
Fm, Poti 564561.26 9471595.92 1163,21 -1047,21
Fm, Longá 564562.62 9471598.31 1658,51 -1542,51
Fm, Cabeças 564563.58 9471598.72 1771,22 -1655,22
Poço 2-CP-1-MA
Marcador (Formação) Coordenada X Coordenada Y Profundidade (m) Cota: SSTVD (m)
Fm, Motuca 577964.00 9473400.50 402,19 -290,19
Fm, Pedra de Fogo 577964.00 9473400.50 695,89 -583,89
Fm, Piauí 577964.00 9473400.50 908,68 -796,68
Fm, Poti 577964.00 9473400.50 1167,44 -1055,44
Fm, Longá 577964.00 9473400.50 1380,35 -1268,35
Fm, Cabeças 577964.00 9473400.50 1666 -1554
Fm, Pimenteiras 577964.00 9473400.50 2006 -1894
Fm, Itaim 577964.00 9473400.50 2475,85 -2363,85
Fm, Jaicós 577964.00 9473400.50 2612,75 -2500,75
Fm, Tianguá 577964.00 9473400.50 2848,17 -2736,17
Fm, Ipu 577964.00 9473400.50 3055,2 -2943,2
Embasamento 577964.00 9473400.50 3408,32 -3296,32
86
Figura 48: Seção de correlação de poços da área de estudo.
87
Figura 49: Intervalos litológicos reinterpretados (coluna litológica à direita dos poços) através de correlação litoestratigráfica, com base em dados rocha e perfis.
88
6.2. Faciologia da Zona de Interesse
Diabásio
Metassedimento
Folhelho
Siltito
89
poços localizados na área com aquisição do volume sísmico 3D (1-OGX-16-MA, 2-CP-
1-MA e 3-OGX-46D-MA). Como dados de entrada para essa análise foram utilizados os
perfis de Raios Gama (GR), densidade (DEN), Neutrão (NEU), Sônico (DTP e DTS), e
Fator fotoelétrico (PEF), tendo como alvo a litologia interpretada.
A metodologia de classificação de eletrofácies utiliza ferramentas de reconhecimento
de padrões para a classificação automática de litofácies, normalmente dividida em três
etapas: filtragem da entrada; extração/seleção de características; e classificação, onde o
objeto em análise é atribuído a uma das classes envolvidas no problema (Wong & Paliwal,
2005). Esse processo começa pelo carregamento e controle de qualidade dos dados e
calibração rocha-perfil para determinação das classes litológicas, já realizados no
presente trabalho. Em seguida efetua-se a seleção e treinamento dos perfis usando a
análise de componentes principais e algoritmos de agrupamento, por meio de um método
de classificação, e por fim é realizada a caracterização das eletrofácies.
O método de árvores de decisão (Breiman et al., 1984) empregado para a classificação
de eletrofácies no presente estudo baseia-se, como o próprio nome diz, em árvores de
decisão, que são representações simples do conhecimento e classificam exemplos em um
número finito de classes. Uma árvore de decisãoé geralmente construída de maneira top-
down (Figura 50), utilizando um algoritmo baseado na aproximação “dividir para
conquistar” (Quinlan, 1993), em que os nós da árvore representam os atributos, os arcos
representam os valores para os atributos e as folhas representam as classes. Ou seja,
árvores de decisão são modelos de aprendizado supervisionado que representam regras
de decisão baseadas nos valores dos atributos.
Figura 50: Exemplo de árvore de decisão para praticar esporte ao ar livre com base na observação
da previsão do tempo (modificado de Sanjeevi, 2017).
90
De acordo com essa abordagem, o modelo de árvore de decisão foi construído pela
análise dos dados de treinamento e o modelo utilizado para classificar dados ainda não
classificados. A estrutura hierárquica do processo (Figura 51) é composta pelo objetivo
(ou classificador), no caso a litologia interpretada; os critérios de avaliação
(características dos atributos dos perfis elétricos de entrada); e as alternativas, que
correspondem às classes de eletrofácies resultantes. Dessa forma, o classificador gera
árvores de decisão, em que cada nó da árvore avalia a existência ou significância de cada
atributo individual. As árvores de decisão são construídas do topo para a base, através da
escolha do atributo mais apropriado para cada situação. Uma vez escolhido o atributo, os
dados de treino são divididos em subgrupos, correspondendo aos diferentes valores dos
atributos e o processo é repetido para cada subgrupo até que uma grande parte dos
atributos em cada subgrupo pertençam a uma única classe. Durante as iterações do
processo de treinamento, a árvore de decisão busca se aproximar de um resultado
previamente definido, ou seja, cada grupo de eletrofácies com seus padrões de assinatura
nos perfis elétricos. Essa indução por árvore de decisão é um algoritmo que habitualmente
aprende um conjunto de regras com elevada acuidade.
91
litologia interpretada dos poços estudados (Figura 52, pista 8), validando essa
interpretação. Com isso, decidiu-se utilizar as próprias litofácies definidas através da
intepretação litológica e correlação rocha-perfil dos poços da área estudo como insumo
para a modelagem geológica de fácies.
92
7. INTERPRETAÇÃO SÍSMICA
Este capítulo aborda a etapa de integração dos dados de poços com a sísmica, através
da amarração poço-sísmica e interpretação e mapeamento dos principais topos de
formação da área estudada nas seções do volume sísmico 3D, com o objetivo de construir
um modelo de velocidades fidedigno com a geologia dos estratos estudados, para a
conversão do dado sísmico em profundidade. Assim como a interpretação das principais
falhas geológicas em descontinuidades dos refletores sísmicos, visando a posterior
construção do arcabouço geológico/estrutural e a modelagem estática do reservatório
correlacionada aos atributos do volume sísmico 3D.
93
estimado o perfil de impedância acústica e usando o modelo convolucional obtém-se o
traço sísmico na região do poço. Este traço sísmico sintético é então comparado com os
traços sísmicos reais na proximidade do poço para realizar a amarração poço-sísmica.
Essa etapa permite que as interpretações sísmicas com as informações de fácies e
petrofísicas de poços sejam correlacionadas (Box & Lowrey, 2003).
𝛽𝛽
ρ = α𝑉𝑉𝑝𝑝 (7.1)
Para que os perfis de poços sejam utilizados nas etapas de amarração poço-sísmica
é necessário que estes estejam devidamente corrigidos. Essas correções são necessárias
devido ao fato de alguns problemas ambientais surgirem durante a perfilagem, como por
exemplo, arrombamento da parede do poço.
Os perfis de poços são registrados em profundidade e, normalmente, a amarração
sísmica é realizada no domínio do tempo. Para a conversão de profundidade para tempo
94
dos perfis de poços é necessário construir uma curva que relaciona cada profundidade a
um duplo tempo de viagem da onda sísmica, conhecida como checkshot (Rosa,2010).
Com isto é possível relacionar os eventos registrados em ambos os domínios.
Para uma primeira estimativa do pulso sísmico é possível levar em consideração
que a função refletividade é de banda completa e a banda de frequência do dado sísmico
é limitada pela banda de frequência do pulso sísmico. Então, a partir desta aproximação
pode-se estimar o espectro de amplitude do dado sísmico, que será o mesmo do espectro
de amplitude do pulso sísmico diferente apenas por fator escala e, em seguida, usar a
transformada de Fourier inversa para obter um pulso sísmico de fase zero (Figura 54). O
traço sísmico representa descontinuidades litológicas que são resultantes de mudanças na
forma da wavelet (pulso sísmico) emitido pela fonte. As descontinuidades litológicas são
representadas pela função refletividade (equação 7.2), onde 𝑟𝑟𝑖𝑖 representa o coeficiente de
reflexão da interface entre duas camadas (i e i+1) que possuem impedâncias acústicas
Zi+1eZi:
𝑟𝑟𝑖𝑖 =
𝑍𝑍𝑖𝑖+1 −𝑍𝑍𝑖𝑖 (7.2)
𝑍𝑍𝑖𝑖+1 +𝑍𝑍𝑖𝑖
Por sua vez, a impedância acústica (Zi) é a propriedade litológica representada pela
equação 7.3, onde ρi e Vi representam a densidade e velocidade compressional da camada
litológica, respectivamente:
95
Figura 54 - O modelo convolucional do traço sísmico e a transformada de Fourier correspondente à
função refletividade, ao pulso sísmico, ao ruído e ao traço sísmico (Lupinacci, 2014).
96
amarrado, taxa de amostragem de 4ms e comprimento de 128ms (parâmetros da aquisição
sísmica) e determinou-se o tempo inicial e final para extração da wavelet no intervalo de
interesse no entorno da Formação Cabeças. Para o poço 1-OGX-16-MA esse intervalo foi
definido de -593ms a -968ms; para o poço 2-CP-1-MA de -625ms a -1023,89ms; e para
o poço 3-OGX-46D-MA foi definido o intervalo de -581ms a -809,69ms.
97
Figura 55: Calibração do perfil sônico e curvas de velocidade intervalar resultantes, para os três poços utilizados no estudo sísmico.
98
Figura 56: Sismograma sintético e dados de amarração do poço 1-OGX-16-MA. A pista 1 contém os perfis de densidade e sônico calibrados; a pista 2, o coeficiente de
refletividade; na pista 3 os wavelets do pulso sísmico e amplitude do domínio de frequência na fase zero; na pista 4, o traço sísmico real; na pista 5, o traço sísmico
sintético; na pista 6 o fator de correlação (63%); na pista 7 o residual; nas pistas 8 e 9, velocidade intervalar; e na pista 10 os deslocamentos de velocidade da amarração.
99
Figura 57: Sismograma sintético e dados de amarração do poço 2-CP-1-MA. A pista 1 contém os perfis de densidade e sônico calibrados; a pista 2, o coeficiente de
refletividade; na pista 3 os wavelets do pulso sísmico e amplitude do domínio de frequência na fase zero; na pista 4, o traço sísmico real; na pista 5, o traço sísmico
sintético; na pista 6 o fator de correlação (54%); na pista 7 o residual; nas pistas 8 e 9, velocidade intervalar; e na pista 10 os deslocamentos de velocidade da amarração.
100
Figura 58: Sismograma sintético e dados de amarração do poço 3-OGX-46-MA. A pista 1 contém os perfis de densidade e sônico calibrados; a pista 2, o coeficiente
de refletividade; na pista 3 os wavelets do pulso sísmico e amplitude do domínio de frequência na fase zero; na pista 4, o traço sísmico real; na pista 5, o traço
sísmico sintético; na pista 6 o fator de correlação (55%); na pista 7 o residual; nas pistas 8 e 9, velocidade intervalar; e na pista 10 os deslocamentos de velocidade da
amarração.
101
Figura 59: Detalhe da amarração entre poços e sísmica. Importante observar a ocorrência de trechos com falta de dados de amplitude,
devido a problemas de resolução comuns em aquisição sísmica terrestre.
102
7.2. Interpretação e Mapeamento de Horizontes e Falhas
Para a interpretação dos horizontes na sísmica, além dos poços amarrados no cubo
sísmico (1-OGX-16-MA, 3-OGX-46D e 2-CP-1-MA), utilizou-se como auxílio para
extensão das superfícies interpretadas para a porção oeste-sudoeste da área de estudo, os
marcadores do poço 4-OGX-49-MA (Figura 63), cuja relação tempo-profundidade foi
construída através de seus dados de checkshot, possibilitando relacionar cada
profundidade a um duplo tempo de viagem de onda sísmica.
103
de tempo (milissegundos). Inicialmente foram mapeados os principais topos de formação
(formações Piauí, Poti, Longá, Cabeças, Pimenteiras e Embasamento - Figura 64) e
posteriormente essa interpretação foi refinada com a interpretação da soleira de diabásio
capeadora do reservatório da Formação Cabeças. As características sísmicas usadas como
critério para seguir a continuidade dos refletores foram as amplitude (magnitude) e
frequência (número de ciclos por unidade de tempo) do sinal sísmico, além da geometria
(morfologia interna e externa) dos refletores.
104
intercalações entre refletores de alta amplitude/frequência e baixa amplitude/frequência
em sua porção interna (Figura 61d). Já a Fm. Pimenteiras caracteriza-se por refletores
contínuos de geometria regular, com altas frequências e altas amplitudes do sinal sísmico
(Figura 61e). O embasamento é caracterizado por padrão sísmico de baixa frequência,
baixa amplitude, refletores descontínuos e geometria irregular (Figura 61f).
Figura 61: Padrões sísmicos característicos das formações interpretadas (ver descrição no texto).
A interpretação da soleira de diabásio, por sua vez, foi realizada com base no trabalho
de Trodsdorf et al. (2018) e caracteriza-se por apresentar o corpo ígneo principal com alta
amplitude negativa (refletor claro) em seu interior, e fortes amplitudes positivas
(refletores escuros) em sua entrada e saída, respectivamente. A identificação da geometria
e o mecanismo de colocação são importantes para a determinação das armadilhas que
controlam a acumulação de gás do reservatório. Segundo aqueles autores, há uma
variedade de modelos disponíveis na literatura que sugere uma complexa relação entre o
magma e a rocha reservatório. Na Bacia do Parnaíba, as seções sísmicas revelam uma
variedade de geometrias, incluindo camadas paralelas, em forma de disco, transgressivas
planares e bloco de falhas (Figura 62). No entanto, a interpretação de soleiras em toda a
extensão do dado sísmico não foi o escopo desse trabalho, cuja interpretação foi realizada
105
com o objetivo de identificar as zonas trapeadoras e delimitadoras do reservatório da Fm.
Cabeças, visando sua modelagem.
Figura 62: Esboço mostrando a configuração das unidades de fácies de soleiras identificadas nas
bacias de Vøring e Møre, na Noruega (Planke et al., 2005) e análogos às geometrias reconhecidas na
Bacia do Parnaíba. Sísmica sem escala (modificado de Trodsdorf et al., 2018).
106
Embasamento
Figura 63: Interpretação sísmica e mapeamento dos principais horizontes estratigráficos da área de estudo.
107
Figura 64: Mapas de Superfície dos topos de formação interpretados.
108
Figura 65: Horizontes interpretados na sísmica a partir dos principais topos de formação.
109
Figura 66: Mapa do topo da soleira de diabásio interpretada.
Figura 67: Detalhe da soleira de diabásio interpretada na sísmica. É possível identificar estrutura
conhecida como “chapéu de coco” (Araújo, 2015), caracterizada pelo arqueamento da soleira
capeadora do reservatório da Fm Cabeças.
110
reconhecidas (Bacon et al., 2007). Nesse sentido, foram interpretadas as principais falhas
geológicas no cubo sísmico visando destacar o padrão estrutural da área para a construção
do arcabouço estrutural do modelo geológico. Essa interpretação foi realizada utilizando-
se a ferramenta Seismic Interpretation do Petrel, com a qual foram inseridas e mapeadas
tridimensionalmente a cada 8 inlines e crosslines, as falhas identificadas em
descontinuidades dos refletores sísmicos. Nesse procedimento, as interseções de falhas
são unidas entre as linhas para estabelecer o padrão de falhas, tendo sido caracterizadas
três grandes falhamentos subverticais de pequeno rejeito, de direção NW-SE,
subparalelos ao lineamento regional Picos-Santa Inês, como pode ser visualizado na
Figura 68.
111
Figura 68: Arcabouço de falhas interpretado na área de estudo.
112
7.3. Construção do Modelo de Velocidades e Conversão Sísmica em
Profundidade
A velocidade RMS (root mean square) é uma média quadrática das velocidades das
camadas que preserva o tempo total de trânsito. Pode-se relacionar essa velocidade a
velocidade intervalar relacionando-a com o número de camadas e seus offsets (Rosa,
2010). Já a velocidade NMO (normal-moveout) é obtida no domínio do tempo e procura
a velocidade que melhor corrige a hipérbole de reflexão, ou seja, a que melhor a
horizontaliza. A velocidade intervalar (como definida por Dix, ANO) pode ser calculada
a partir da velocidade RMS, mas só pode ser calculada a partir da velocidade NMO para
casos com pequenos offsets, quando ambas velocidades (RMS e NMO) são muito
113
parecidas; com offsets maiores tais velocidades começam a ficar discrepantes, pois a RMS
se caracteriza por manter o tempo total de trânsito e a NMO provoca a horizontalização
das camadas (Rosa, 2010).
114
Figura 70: Modelo de velocidades construído.
Uma vez criado o modelo de velocidade, este pode ser utilizado para a conversão
em profundidade dos dados sísmicos e de outros produtos da interpretação, tais como:
superfícies, horizontes e falhas interpretadas, além de atributos e outros objetos que sejam
realizados a partir do dado sísmico original.
115
processo iterativo para estimativa sísmica de propriedades elásticas, e não necessita de
modelo de baixa frequência (background). Contudo, transformar um dado sísmico em um
cubo de propriedades corresponde a uma inversão de banda limitada em termos da
derivação da impedância a partir de traços sísmicos (Waters, 1987 apud Simm & Bacon,
2014), a qual denota a relação entre a refletividade e a impedância, cuja metodologia é
simples e normalmente requer apenas o dado sísmico (Russel, 1988). Nesta técnica os
resultados obtidos são impedâncias relativas (com frequências equivalentes à sísmica),
estimadas diretamente do dado sísmico através de técnicas como rotação de fase ou
integração do traço. Implicitamente nesta aproximação está a eliminação das baixas
frequências, uma vez que os dados sísmicos apresentam baixa razão sinal/ruído nos
componentes de frequências próximas de zero. Isso se deve em grande parte ao fato de
que a função refletividade é aproximadamente proporcional à frequência pois, em termos
práticos, dificilmente se obtêm informações de amplitude úteis na faixa de frequências
inferiores a 5-6 Hz, o que torna as estimativas de coeficientes de reflexão, por melhores
que sejam, apenas grandezas relativas (Rosa, 2010).
Figura 71: Espectro de frequência da sísmica 3D, com indicativo do corte das baixas frequências
(inferiores a 10 Hz) efetuado; tal parametrização é necessária para a conversão do dado sísmico em
pseudoimpedância (impedância acústica relativa).
116
Figura 72: Volume sísmico convertido para profundidade e pseudoimpedância.
117
8. CORRELAÇÃO ROCHA-PERFIL-SÍSMICA
Esta análise foi realizada com base em gráficos diagnósticos utilizados em estudos
de física das rochas e controles de propriedades de rocha em AVO para comparar dados
de perfis (porosidade; parâmetros elásticos a partir do sônico; e densidade), atributos
sísmicos e dados de rocha, a fim de determinar quais atributos sísmicos são mais úteis
para a caracterização do reservatório. Segundo Rosa (2010), trabalhos dessa natureza,
fundamentados em física das rochas para simulação de situações hipotéticas (ainda não
avaliadas através de perfuração de poços) permitem identificar com maior segurança nos
dados sísmicos, não apenas a presença de petróleo, mas também a variação lateral das
propriedades dos reservatórios.
118
8.1.1. Correlações entre Atributos Elásticos, Densidade,
Porosidade e Litologia dos Poços
119
dependência da compressibilidade do fluido e do módulo de cisalhamento permite que as
ondas P se propaguem tanto em sólidos quanto em líquidos (Rosa, 2010). As ondas S, por
outro lado, são quase insensíveis ao conteúdo de fluido em uma rocha, podendo se
originar e propagar apenas em sólidos. Em outras palavras, a velocidade de cisalhamento
(Vs) é proporcional à rigidez do meio e, portanto, torna-se nula em um fluido (Rosa,
2010); desse modo, sua velocidade e refletividade permanecem inalteradas,
independentemente de uma formação rochosa conter gás, óleo ou água.
4 (8.1)
𝐾𝐾 + µ
𝑉𝑉𝑝𝑝 = � 3
𝜌𝜌
µ (8.2)
𝑉𝑉𝑠𝑠 = �
𝜌𝜌
Onde,
K = módulo bulk (módulo de compressão ou incompressibilidade)
µ = módulo de rigidez
ρ = densidade da rocha
O perfil sônico, utilizado para cálculo das velocidades no presente estudo, é uma
ferramenta de perfilagem responsável por medir a vagarosidade (o inverso da velocidade)
de uma onda mecânica que se propaga na formação paralela ao poço; é produzida por
uma fonte localizada na própria ferramenta, que se encontra imersa no fluido de
120
perfuração, dentro do poço. Como produtos principais, destacam-se os registros de
vagarosidadeda onda P (compressional) e da onda S (cisalhante) em função da
profundidade, refletindo as variações de velocidade das rochas saturadas atravessadas
pelo poço. Em vista disso, para a estimativa das velocidades das ondas P e S foi efetuada
uma simples conversão, visando transformar o tempo de trânsito (∆t = vagarosidade) dos
perfis DTP e DTS (medidos em µs/pé) em velocidade (em m/s) utilizando a equação
abaixo:
3,048 (8.3)
𝑉𝑉 (𝑚𝑚/𝑠𝑠) = . 105
∆𝑡𝑡
𝑉𝑉𝑝𝑝 𝐾𝐾 4 1 − 𝜎𝜎 1 1
= � + = �1 ⇔ 𝜎𝜎 = �1 − � (8.4)
𝑉𝑉𝑠𝑠 µ 3 − 𝜎𝜎 2 𝑉𝑉𝑝𝑝 2
2 � � − 1
𝑉𝑉𝑠𝑠
121
A Figura 74 mostra a relação geral entre Vp/Vs e a razão de Poisson, juntamente
com faixas típicas para folhelhos e arenitos com diferentes preenchimentos de fluido. Os
arenitos tendem a ter uma razão de Poisson menor que a dos folhelhos, porque o quartzo
tem uma razão Vp/Vs mais baixa do que a maioria dos outros minerais. Rochas contendo
fluidos compressivos (óleo e, principalmente, gás) têm Vp mais baixo e Vs um pouco
mais alto que seus equivalentes molhados a água. Isso significa que arenitos com
hidrocarbonetos terão uma razão de Poisson menor do que arenitos portadores de água
(Simm & Bacon, 2014).
Figura 73: Distribuição de velocidades compressionais para os principais tipos de rocha e materiais
comumente encontrados na indústria do petróleo. Fonte: Thomas (2004)
122
Figura 74: Relação entre Vp/Vs e razão de Poisson (modificado de Simm & Bacon, 2014).
• Impedância acústica
123
𝑍𝑍 = 𝜌𝜌 . 𝑉𝑉𝑝𝑝 (8.5)
A fim de efetuar uma correlação geral entre dados de rocha e perfis, para análise
qualitativa da interpretação litológica dos poços da área de estudo, comparado a
velocidades sísmicas, utilizou-se a relação entre densidade e velocidade compressional,
desenvolvida por Garner et al. (1974) (vide equação 7.1), que é aproximadamente correta
para rochas sedimentares saturadas, para uma ampla variedade de bacias, idades e
profundidades geológicas (Kamel & Mabrouk, 2004).
As relações de Gardner são utilizadas para diversas análises de física das rochas,
com base na observação de que em muitas rochas, velocidade compressional e densidade
apresentam uma relação positiva, de modo que o incremento da velocidade está
diretamente relacionado ao aumento da densidade (Simm & Bacon, 2014). Podem, por
exemplo, ser usadas na transformação de registros sônicos ou de densidade com o
objetivo de substituir seções ausentes ou restringir os resultados de inversões para a
refletividade de P e S (White, 2000 apud Simm & Bacon, 2014). Devido à falta de
aplicabilidade universal, é recomendável que as relações densidade-velocidade de área
específica sejam derivadas dos dados disponíveis (Simm & Bacon, 2014).
124
por Gardner et al. (1974). Isso corrobora a qualidade da intepretação litológica e uma boa
correlação entre os dados de rocha-perfil e velocidades sísmicas dos poços estudados.
Figura 75: Correlação gráfico Vp x DEN em rochas dos poços em estudo (à esquerda)
com as relações empíricas de Gardner (à direita).
125
consolidados. Contudo, sem aplicação de suas fórmulas empíricas, por tratar-se de uma
avaliação qualitativa do comportamento da porosidade e litologia das rochas em relação
aos atributos elásticos de impedância acústica e velocidades compressional e cisalhante,
objetivando analisar a resposta da separação entre arenitos e folhelhos no intervalo do
reservatório.
Tipicamente, nas partes rasas das bacias, os folhelhos têm maior impedância
acústica do que os arenitos, enquanto na seção mais profunda (mais compactada) os
arenitos têm maior impedância acústica do que os folhelhos. Assim, a uma certa
profundidade de soterramento intermediário, as tendências de impedância entre arenitos
e folhelhos/rochas argilosas se cruzam, com muito baixo contraste de impedância acústica
entre ambos (Simm & Bacon, 2014). Acima dessa profundidade, os folhelhos são mais
duros que os arenitos e geralmente têm uma razão Vp/Vs um pouco maior do que os
arenitos. Abaixo dessa profundidade de soterramento intermediário, os arenitos são mais
duros que os folhelhos, e os arenitos de alta impedância acústica (baixa porosidade)
começam a ter valores de Vp/Vs marcadamente baixos.
Uma melhor separação da resposta de arenitos e folhelhos foi obtida nos perfis
elásticos (razão Vp/Vs) comparados com a porosidade das rochas do reservatório. Nesse
gráfico, é possível realizar uma boa separação entre arenitos/siltitos (Vp/Vs inferior a 1.6)
e folhelhos, que apresentam razão Vp/Vs superior a 1.6 (Figura 77), e os arenitos mais
porosos, que apresentam razão Vp/Vs mais baixa, corroborando o que é descrito na
literatura.
126
Figura 76: Gráfico de Porosidade versus Impedância acústica e Litologia dos
poços no intervalo do reservatório.
Figura 77: Porosidade versus VP/VS e Litologia dos poços no intervalo do reservatório.
127
Figura 78: Porosidade x IP acústica - poços.
128
A impedância acústica relativa (ou pseudoimpedância acústica), explicada no
capítulo anterior, resume-se como uma soma contínua dos valores de amplitude
amostrados, calculada através da integração do traço sísmico, passando o resultado
através de um filtro passa-alto para reduzir o ruído de baixa frequência potencialmente
introduzido. Este atributo sísmico mostra contraste acústico aparente, podendo indicar
limites de sequência, superfícies de inconformidade e descontinuidades, assim como
porosidade ou conteúdo de fluido no reservatório.
Já a amplitude do RMS, cujo conceito de velocidades foi mencionado no item 7.3,
é calculada a partir dos raiz quadrática média em amostras instantâneas de traços do dado
sísmico 3D, em uma janela especificada. O parâmetro de comprimento da janela ao longo
do traço sísmico é definido pelo número de amostras, que neste caso utilizou o padrão de
9 amostras do software Petrel. Este atributo foi utilizado por apresentar uma melhor
resposta às variações de amplitude e distinção dos corpos areníticos do reservatório do
que o atributo de impedância acústica relativa.
129
tendência esperada, indicativa de diminuição das amplitudes relacionadas ao aumento da
porosidade, além de ter um fator de correlação superior a 50%, mostrou-se satisfatória
para a utilização desse atributo como variável secundária na modelagem geológica.
130
8.1.3. Correlação Poços-Sísmica
O traço integrado de amplitude RMS, por sua vez, também apresenta algumas
oscilações, porém sem grandes variações, e correlaciona-se melhor com os dados de
perfis de poços no intervalo do reservatório, onde geralmente as amplitudes possuem
feições similares aos perfis de porosidade dos arenitos, com o comportamento esperado
para este atributo, cujos decréscimos relacionam-se a incrementos de porosidade (Figura
81). No entanto, foi possível verificar que existe uma superposição da faixa de
impedância/amplitude nas interfaces de saída da soleira de diabásio e entrada da Fm.
Pimenteiras, em que os arenitos da Fm. Cabeças apresentam valores positivos
contrastantes com os dados acústicos de perfis (Figura 81).
131
A melhor correlação do atributo sísmico de amplitude RMS com os perfis de
poços, em comparação com a sísmica em impedância acústica relativa, corrobora a
escolha desse atributo como variável secundária para a modelagem geológica, também
verificada pela análise dos crossplots de correlação entre atributos sísmicos e porosidade
efetiva no intervalo do reservatório.
132
Figura 81: Seção de correlação Rocha-Perfil-Sísmica: As seis (ou sete) primeiras pistas de cada painel, a partir da esquerda, representam os dados de
poços, com destaque para a litologia interpretada (pista 3) e os perfis sônico (DTP) e de porosidade (DEN e RMN) - pistas 6, 5 e 7, respectivamente. A
pista 8 apresenta o parâmetro elástico calculado de impedância acústica. E as quatro últimas pistas representam os dados provenientes da sísmica - pista
9 (sísmica em impedância acústica relativa); pista 10 (traço sísmico integrado de impedância relativa); pista 11 (sísmica em amplitude RMS); e pista 12
(traço sísmico integrado em amplitude RMS).
133
9. MODELAGEM GEOLÓGICA
134
Figura 82: Grid da área criado com base nos horizontes e posicionamento das falhas.
135
Figura 83: Ajuste dos rejeitos de falhas para o arcabouço do modelo estrutural.
137
Figura 86: Mapa estrutural em profundidade do topo da soleira de diabásio, capeadora
do reservatório Cabeças.
138
Figura 88: Mapa estrutural em profundidade do topo da Fm. Pimenteiras.
140
petrofísica por simulação gaussiana de função aleatória, com os dados de poços
upscalados como variável principal. Nesta modelagem de propriedades foi realizada co-
krigagem colocada, com a sísmica em amplitude RMS como variável secundária, para
auxiliar a interpolação entre dados de poços e esse atributo sísmico, utilizando-se os
valores resultantes das análises e correlações rocha-perfil-sísmica.
141
geológicas aéreas e verticais, estatísticas espaciais que definem o grau de correlação com
pontos próximos e valores de fácies originais e modelados em células vizinhas do modelo
(Deutsch, 2002).
Figura 90: Upscaling da Litologia dos poços 1-OGX-16-MA e 3-OGX-46D-MA para a modelagem
de fácies. Coluna de litologia “upscalada” na sexta coluna de cada poço, à direita.
142
O procedimento de modelagem foi iniciado com a análise dos dados, ferramenta
importante para ajudar na distribuição das fácies verticalmente e na otimização desse
processo usando técnicas geoestatísticas. Para esta análise foram utilizados: (a)
histogramas de distribuição das fácies; (b) curvas de proporção vertical que quantificam
as tendências verticais exibido por cada fácies; e (c) variogramas verticais e horizontais
que estabelecem medidas quantitativas de correlação espacial entre as células em cada
uma das direções vertical e horizontal maior e menor.
Figura 91: Proporção de fácies “upscaladas” na zona do reservatório (à esquerda) e com o seu
resultado no modelo (à direita).
143
Como resultado dessa modelagem de propriedades discretas foi construído um
modelo de fácies 3D (Figura 93), que pode ser observado em seção e correlacionado com
a sísmica, mostrando a arquitetura do reservatório e rochas trapeadoras na Figura 94.
Também foram gerados mapas estratigráficos de isópaca e isólita de arenitos da Fm.
Cabeças (Figura 95 e Figura 96), assim como de isópaca da soleira de diabásio (lFigura
97), que apresenta espessuras médias em torno de 175m. No mapa de isólitas da Fm.
Cabeças é possível verificar que as maiores concentrações de arenitos se encontram na
porção centro-norte da área modelada, e aumento de proporções também no trend NNE-
SSW, coincidente com os espessamentos de camada observados no mapa de isópacas do
reservatório.
Figura 92: Teste-cego da modelagem de fácies realizado no poço 2-CP-1-MA; coluna de litologia
interpretada à esquerda e perfil litológico sintético à direita.
144
Figura 93: Modelo 3D de Fácies litológicas gerado.
145
Figura 95: Mapa de Isópaca da soleira de diabásio - Fm. Longá.
146
Figura 97: Mapa de isólita de arenitos da Fm. Cabeças.
147
co-krigagem. Ou seja, devido à pequena quantidade de dados de poços e a distância entre
eles, esse métodousa geradores randômicos em combinação com o modelo geoestatístico
para preencher as células (Azevedo & Soares, 2017). Dessa forma, para trazer mais
robustez e caráter realista aos resultados, a regressão proposta convencionalmente pela
krigagem foi adaptada para considerar uma variável secundária, no caso o cubo sísmico
em amplitude RMS, mais bem amostrada na área de estudo que a variável primária a ser
estimada como fonte de informação. O valor de parametrização da sísmica em amplitude
RMS, para a análise dos dados e modelagem petrofísica, proveio da correlação entre esse
atributo e a porosidade de arenitos do reservatório (Figura 80), realizado na etapa de
correlação rocha-perfil-sísmica,
148
Figura 98: Perfis de porosidade efetiva (PHIE) “upscalados”.
Figura 99: Teste-cego da modelagem de porosidade, através do perfil de porosidade sintético (em
vermelho), realizado no poço 2-CP-1-MA.
149
Figura 100: Volume de porosidade efetiva gerado pela modelagem de porosidade na zona do
reservatório (Fm. Cabeças).
150
preliminar e do modelo de porosidade. Finalmente, foram efetuadas simulações
estatísticas imputando variações nos parâmetros petrofísicos, a fim de avaliar os
resultados da modelagem.
Figura 102: Seção mostrando a posição da superfície de contato Gás-Água em relação às fácies
litológicas.
Onde:
𝑉𝑉𝑟𝑟 = Bulk Volume
𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁𝑁 = Net-to-Gross
𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃𝑃 = porosidademédia efetiva
𝑆𝑆𝑔𝑔 = saturação de gás
Tabela 6: Tabela com os resultados do cálculo volumétrico para todas as zonas modeladas, com
destaque para a zona reservatório (Fm. Cabeças). Obs: o software calcula valores de Net Volume para
todas as zonas acima do contato HC-água, mas esses valores não são efetivos.
Caso Base
Reservatório Bulk volume Net volume Pore volume HCPV gas
Cabeças [*10^6 m3] [*10^6 m3] [*10^6 m3] [*10^6 m3]
152
Tabela 7: Cálculos volumétricos para as fácies da Zona Reservatório.
Fácies litológicas Bulk volume Net volume Pore volume HCPV gas
Zona Fm. Cabeças [*10^6 m3] [*10^6 m3] [*10^6 m3] [*10^6 m3]
ARN 95 47 6 4
SLT 21 10 0 0
FLH 51 25 0 0
Figura 103: Ferramenta utilizada, com indicação das variações imputadas para a análise de
incertezas do modelo geológico.
153
Figura 104: Histogramas dos parâmetros de cálculo volumétrico de Bulk volume (a), Netvolume (b)
e Pore volume (c) resultantes das simulações para análise de incertezas do modelo geológico.
Figura 105: Histograma com o resultado das simulações de análise de incertezas do volume de gás
in-place (HCPVgas) do reservatório modelado.
154
volumes calculados e os resultantes da análise de incertezas, tendo-se obtido um resultado
para um cenário provável (P50), de 4,5 milhões de m³ de gás in-place, muito próximo do
volume de 4 milhões de m³ obtido pelo cálculo volumétrico.
155
10. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
156
regido pelas falhas que provocaram esse arqueamento, garantindo o fechamento da
estrutura de contenção do hidrocarboneto no reservatório.
A correlação rocha-perfil-sísmica demonstrou uma boa calibração entre as
unidades litoestratigráficas (definidas através da correlação rocha-perfil) e as sismofácies
interpretadas no volume sísmico 3D, possibilitando um melhor entendimento da variação
lateral de fácies do intervalo de estudo. Através da correlação dessa correlação, foram
identificados arenitos com alta amplitude/impedância na interface basal da Fm. Cabeças,
contrastantes com os dados acústicos de perfis, que influenciaram no resultado da
modelagem petrofísica do reservatório.
As análises de física das rochas realizadas demonstraram boa correlação entre
parâmetros elásticos, perfis acústicos, porosidade e litologia dos poços da área de estudo,
com uma melhor resposta de separação de arenitos e folhelhos do reservatório obtida pela
razão Vp/Vs. Além disso, demonstraram que o atributo sísmico em amplitude RMS
possui melhor correlação com a porosidade do reservatório do que o atributo de
impedância acústica relativa, acarretando sua escolha como variável secundária para a
simulação geoestatística da modelagem de propriedade petrofísica do modelo geológico.
A caracterização do reservatório, realizada através de modelagem geológica,
apresentou bons resultados, considerando-se os dados de subsuperfície disponíveis.
Corroborados pelos testes de qualidade dos modelos de fácies e petrofísico construídos,
e sobretudo pela similaridade entre os resultados da análise de incertezas e o cálculo de
volumetria do reservatório.
Devido à baixa resolução do dado sísmico, não foi possível identificar e
individualizar feições e corpos que caracterizem os sistemas deposicionais do
reservatório, visando a extração de geobodies, o que permitiria uma modelagem mais
detalhada. Entretanto, além do modelo geológico ter sido construído utilizando a técnica
mais avançada de modelagem estrutural, baseado na interpretação sísmica, realizou-se a
combinação de propriedades discretas e contínuas, através da modelagem das principais
unidades de fluxo usando a propriedade de fácies, e posteriormente populando de forma
independente cada fácies do reservatório com propriedades petrofísicas, o que permite
obter um resultado mais realista de acordo com o modelo geológico conceitual.
157
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