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HISTÓRIAS DE ARAGUARI-MG
Resumo: Este artigo tem como objetivo apresentar algumas problematizações sobre a
construção de uma versão da história sobre a cidade de Araguari-MG que tem prevalecido
no circuito de difusão da cultura letrada. Para refletir sobre os sentidos desta versão escolhi
analisar produções acadêmicas sobre a cidade, livros de memorialistas, Atas da Câmara
Municipal e o Jornal Gazeta do Triângulo. O trabalho com estes materiais trouxe à tona
disputas pelo direito à cidade.
Abstract: The aim of this study is to present a few questionings upon the construction of a
historical version about the city of Araguari-MG that has prevailed among the circuit of
literate culture. In order to reflect about the meanings of this historical version, I have
chosen to analyze scientific papers about the city, memoirist books, City Hall records and a
local newspaper named “Jornal Gazeta do Triângulo”. The analysis of such materials
brought up disputes over the right to the city.
* O artigo é fruto da pesquisa realizada por conta do doutoramento da autora, cuja tese, intitulada “Espaços e
linguagens: marcos de memórias nas histórias de Araguari-MG (1888-1998)”, foi defendida junto ao
PPGH/UFU no ano de 2014.
1
Doutora em História Social pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Professora de História do
Instituto Federal Catarinense (IFSC/São Bento do Sul). E-mail: maria.peres@ifc.edu.br
memórias que se tornaram públicas ganharam força para serem transformadas em história
da cidade em detrimento de outras que foram relegadas ao “esquecimento”.
Neste artigo busco refletir especificamente sobre textos de memorialistas e de
jornais, assim como produções acadêmicas que estão disponíveis para pesquisa no Arquivo
Público Municipal desta cidade. A intenção é problematizar e contrapor uma história que
se tornou pública e o distanciamento desta produção dos viveres de uma parcela da
população que nela chegou nas décadas de 1970 e 1980 impulsionados pelos projetos
empreendidos durante a Ditadura Militar.
Analiso também atas da Câmara Municipal cuja pesquisa abarcou o período de 1960
a 1990. Embora estes sejam documentos produzidos por um órgão de poder, nelas foi
possível encontrar outros sujeitos que não ganharam visibilidade na versão da história que
foi divulgada e ensinada. A intenção foi realizar uma leitura a contrapelo, lançando novas
questões aos mesmos suportes de memória que foram utilizados para fundamentar marcos
explicativos sobre o passado de Araguari.
Tendo em vista estas perspectivas de reflexão importa dizer que haveria muitas
formas de conduzir o leitor a entrar nesta cidade. Todavia, minha opção é adentrá-la pelos
espaços que fizeram parte de minhas vivências e que influenciaram minha visão sobre ela.
Essa opção está diretamente relacionada aos meus próprios referentes de memória: sou filha
de uma das muitas famílias de pequenos agricultores que, nas décadas de 1970 e 1980,
escolheram Araguari, não apenas como uma saída para sobrevivência, mas principalmente
para a construção de uma vida2. Dessa forma, essa cidade em minha vida relaciona-se à
experiência da mudança do Estado do Paraná para Minas Gerais, da idade escolar e da
constituição de um círculo de amizades que congregavam vivências próximas à realidade
da minha família.
Para quem não conhece esta cidade, alguns dados iniciais ajudam a situar melhor o
leitor que se propôs a ler este texto: Araguari está localizada no Estado de Minas Gerais, na
2
Além da minha família, também nossos vizinhos e muitos conhecidos que viviam em Jesuítas-PR vieram
para Araguari-MG. A escolha da cidade foi feita anos antes, quando alguns desses vizinhos – impulsionados
pelas notícias que chegavam sobre a produção de café nesta região – viajaram em grupo para conhecer o
Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba. Interessava, naquele momento, principalmente as cidades de
Indianópolis, Patrocínio e Araguari. Embora a relação de amizade tenha sido mantida, a relação de vizinhança
se alterou com a mudança. Ao chegar em Araguari, cada família foi trabalhar e viver em sítios distantes uns
dos outros o que modificou a convivência, que antes se dava de forma mais cotidiana, e abriu espaço para a
construção de outras relações de sociabilidade.
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Escola localizada no interior deste educandário, também chamado de Preventório do Triângulo Mineiro.
Nela era ministrado o ensino para as séries iniciais do ensino fundamental e tinha como objetivo atender as
crianças que lá viviam como internos, além de contar com alguns alunos que moravam em sítios vizinhos a
ele. Este Preventório foi inaugurado na zona rural de Araguari em 1952 com o objetivo de abrigar filhos de
pais hansenianos. No período em que nele estudei havia poucas crianças que ainda permaneciam lá por esse
motivo, afinal, a partir da década de 1980 já haviam sido elaboradas leis contra esta forma de segregação.
Tratava-se, então, em sua maioria, de crianças e adolescentes que para lá foram enviados devido a um acordo
firmado com a extinta FEBEM. Atualmente funciona em suas instalações uma penitenciária feminina.
4
A Bandeira e o Brasão do Município foram inventados em 7 de julho de 1966 por meio da Lei nº 1.156.
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história que nos era ensinada. História que, localizada no passado, não tinha vínculos com
os sentidos daquele presente vivido na década de 1980.
Cidade cheia de praças, onde muitas vezes passei horas brincando nos parquinhos
infantis, que naquele tempo ainda existiam, enquanto esperava meus pais em seus afazeres
que os conduziam à cidade: compras, serviço de banco, telefonia, correios, serviços de
saúde entre tantos outros. Em minhas referências está também a feira livre, nela meu pai,
como sitiante, vendeu legumes e verduras durante alguns anos para nossa sobrevivência,
enquanto a lavoura de café ia sendo formada.
A igreja também era um espaço importante, assim como as festas juninas realizadas
nas casas de vizinhos e conhecidos e que tinham seus sentidos mais ligados à
confraternização do que ao sentido propriamente religioso. Essas festas reuniam muita
gente, inclusive os que viviam distantes e que vinham especialmente para este momento, no
qual à reza do terço se sucediam os fogos, a dança, as comidas e as histórias de
assombração.
Outras escolas por onde passei também são espaços importantes que trazem à tona a
diversidade que compõe a cidade que conheci. A Escola Estadual Eleonora Pierucetti, na
qual estudei aproximadamente um ano e meio, reunia alunos principalmente dos bairros
Amorim e Novo Horizonte5.
Ainda durante as séries iniciais estudei em uma escola rural denominada Centro
Educacional Municipal José Inácio, localizada na região do distrito da Contenda, às
margens da rodovia MG-028 – estrada para Indianópolis. Embora mais distante de nossa
casa do que as escolas da cidade, a disponibilidade do transporte para os alunos da zona
rural fez com que durante um ano eu convivesse com muitos outros filhos de agricultores,
jovens que ainda muito novos se faziam trabalhadores nas lavouras de café, soja e tomate.
Mais tarde, já durante o ginásio – atual ensino fundamental II – quando passei a
frequentar a Escola Estadual Paes de Almeida, localizada no Bairro do Bosque, tive colegas
filhos de açougueiros, vendedores de pamonha, boias-frias, feirantes, moradores das
5
Estes são bairros de trabalhadores, com pouca infraestrutura, marcados pela carência de recursos, com suas
casas de meia-água, terrenos que abrigavam pequenas casas na qual a família toda ia ficando por ali e se
arrumando como podia. As brincadeiras na rua e também as brigas, a utilização da mercearia da esquina, as
pessoas sentadas na porta de casa conversando são práticas presentes nesses bairros que remetem a formas de
viver a cidade e sociabilidades intrínsecas à classe trabalhadora.
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Assim, buscando sanar uma dificuldade encontrada por ela ao longo da pesquisa que
empreendeu, Zilli produz uma interpretação sobre a formação e gênese de Araguari
retomando o “desbravamento” do Triângulo Mineiro pelos bandeirantes – em especial
Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera – como marco de fundação desta região e,
consequentemente, mais tarde do próprio município.
De acordo com Zilli:
a origem de Araguari data do início do século XIX, quando Antônio de
Resende Costa, o “Major do Córrego Fundo”, comissário de Sesmarias na
Região do Triângulo tomou posse de um terreno entre as sesmarias por ele
demarcadas. Mais tarde doou este terreno a uma já existente capela sob
invocação do “Senhor Bom Jesus da Cana Verde”. Ao redor desta foram-
se concentrando fazendeiros das imediações que fundaram o “Arraial de
Ventania” (ZILLI, 1997: 19-20).
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Vereadora eleita em 1947, filiada ao PCB, mas candidata pelo PSD.
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Borges alega uma escassez de referências sobre a história de Araguari o que o conduz a
tentar reparar este problema:
A pesquisa se justifica por entendermos que ela será uma contribuição
para o resgate da história, não só da comunidade rural do Fundão, como
também da cidade de Araguari. Pouco se escreveu sobre as origens de
Araguari e das atividades produtivas que, inicialmente, foram instaladas
no município (BORGES, 2006: 17).
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Sobre este suposto teórico, ver Chauí (2000).
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ARAGUARI, cidade centenária. Comissão para os 100. Jornal Gazeta do Triângulo, Araguari, n. 5.514, 11
jul. 1988.
13
Importa dizer que não foi possível encontrar referências sobre quem foram essas pessoas que concederam
entrevistas, tampouco se realmente estas foram produzidas.
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A história produzida a partir desse discurso elaborado por pessoas escolhidas como
competentes para falar e pesquisar sobre Araguari buscou sua fundamentação em
documentos que foram, neste processo, transformados em monumentos de poder14, prática
que conduziu à atribuição de sentidos ao passado que valorizaram marcos de poder
instituído.
No prefácio, escrito pelo então prefeito Neiton de Paiva Neves, houve o cuidado de
ressaltar os limites desta obra:
Não se trata, e fica evidenciado na sua leitura, de uma obra definitiva
sobre a história de Araguari. O que se pretendeu foi fazer um registro dos
principais fatos e dados de nossa história nestes cem anos passados, sem a
preocupação de esgotar o tema.
Preocupação houve, sim, de guardar fidelidade às informações de que se
compõe o livro, levantadas em pesquisas, entrevistas, depoimentos,
documentos, jornais, fotografias, etc.
Críticos mais rigorosos poderiam dizer que este livro omite fatos e dados
mais importantes e documenta outros nem tanto.
Contudo, aqui não se faz juízo de valor; ficam por conta de cada um os
critérios de avaliação (PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAGUARI,
1988: 7).
Todavia, reconhecer seus limites não diminui os significados da seleção que foi
empreendida por meio de sua produção. Trata-se de escolhas que foram feitas e como estas
influenciaram outras pesquisas e trabalhos sobre a cidade ao se transformar em referência
para a produção de artigos de jornais, revistas, livros, além de influenciar também a
produção acadêmica.
Desta forma, essa seleção contribuiu sobremaneira para a produção daquilo que o
Grupo de Memória Popular chamou de “campo das representações públicas da história”
(GRUPO MEMÓRIA POPULAR, 2004: 284) que irá afetar concepções sobre o passado e
o presente, assim como, sobre as práticas de dominação impostas àqueles que têm sido
“esquecidos”.
Os marcos a partir dos quais o Arquivo Público Municipal de Araguari foi
organizado, e que são apresentados aos pesquisadores que para lá se dirigem interessados
na história da cidade, foram valorizados, escolhidos e delineados a partir dessa obra. Por
isso, importa problematizar quais interesses se entrelaçaram à sua produção e como estes
14
Ver Le Goff (2003: 525-539). Texto importante por refletir como o que persiste do passado é uma escolha,
seja de historiadores ou daqueles que buscam preservá-lo.
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dialogavam com os processos sociais vividos na década de 1980. Afinal, qual história era
comemorada por meio dessa obra?
O conteúdo do livro, como o próprio nome sugere, é uma seleção de dados e fatos
que procura estabelecer uma continuidade sem conflitos, organizando, assim, um
referencial comum para o passado. Desta forma, têm-se uma leitura linear e homogênea do
passado da cidade que surge da epopeia dos primeiros “desbravadores” – os bandeirantes –
que, com “espírito aventureiro” foram abrindo caminhos até Goiás.
Os “desbravadores” são apresentados como aqueles que trouxeram “as primeiras
marcas da vida civilizada de que historicamente se tem notícia” (PREFEITURA
MUNICIPAL DE ARAGUARI, 1988:14). Nessa direção, índios caiapós, quilombolas e
“ferozes silvícolas” (PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAGUARI, 1988: 15) que
povoavam a região são apresentados na tensão entre o que se considerou como barbárie,
representada por esses grupos, e civilização, que haveria sido trazida pelos
“desbravadores”, delineando, assim, os desafios enfrentados para que o Sertão da Farinha
Podre se transformasse em Triângulo Mineiro.
Por meio desses marcos, a história de Araguari vai surgindo do “progresso”
estimulado por alguns povoadores que se sacrificaram pelas “terras desconhecidas e
maravilhosas do Brasil Central” (PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAGUARI, 1988:
15). A partir daí, através da criação de arraiais, acordos e alvarás surge a Freguesia de Brejo
Alegre, concentração de habitantes que se estabeleceram ao redor da Igreja do Senhor Bom
Jesus da Cana Verde. Entre decretos e esforços do Padre Lafayette de Godoy, deputado
provincial entre 1888-1889, a Vila de Brejo Alegre é elevada à categoria de cidade.
Desta forma, a cidade resulta das ações dos poderes que se instituíram no bojo do
que foi considerado “processo civilizatório” pelos grupos dominantes: executivo,
legislativo e judiciário. E das práticas que buscaram impor: criação de impostos; instrução
primária; nomeação de ruas; aprovação da planta da cidade; construção de cemitério;
ferrovias; instalação de luz, telefone e água; abertura de estradas; entre outras ações
apresentadas como se não existissem disputas ou projetos diferenciados. Infere-se, assim,
coesão social ao mesmo tempo em que busca dar validade a práticas de poder que atuaram
na produção da cidade, mas que, todavia, não foram únicas.
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Interessa observar que nele ganharam destaque alguns imóveis que referenciam
esses poderes e equipamentos: a antiga Câmara e Cadeia Municipal, o Prédio da Cemig, a
Estação de Passageiros da Estrada de Ferro Goiás e as escolas Raul Soares, Regina Pacis e
Sagrado Corações de Jesus. Além desses, a Praça Manoel Bonito aparece como um ponto
importante de referência para a história da cidade.
Na obra também é dada ênfase aos nomes de latifundiários ligados à pecuária e à
agricultura e, como que simulando um movimento que indica “progresso”, são apresentadas
em seguida algumas das indústrias que foram instaladas na cidade nas primeiras décadas do
século XX: olarias, charqueadas, frigoríficos, máquinas de beneficiamento de arroz,
fábricas de banha, sabão, ração e adubo, botinas, macarrão e bolachas.
Algumas dessas indústrias ainda estão presentes na cidade, embora não atuem no
mesmo seguimento de origem: a Indústria Serrador, fundada por Manoel da Cruz Povoa –
atual Irmãos Povoa – e a fábrica de carroças de Pedro Nasciutti – atual Lunasa. O comércio
também ganha destaque. São apresentadas as primeiras casas de ferragens, fazendas,
armarinhos, farmácias, armazéns de secos e molhados, porcelanas, artigos finos, padarias.
Além disso, esses estabelecimentos se tornaram referência na memória da cidade
por meio, especialmente, de nomes de praças, ruas e avenidas que homenageiam seus
proprietários: Pedro Nasciutti, Manoel Cruz Povoa, Jaime Orsi, Nephtalli Vieira, Nicolau
Dorázio, Joaquim Aníbal, Natal Mujalli, entre muitos outros.
Já os trabalhadores ganham espaço apenas em dois momentos da obra. Em um deles
aparecem rapidamente como “boias-frias” que vieram para trabalhar nas lavouras de café:
A qualidade do café araguarino, segundo Roberto Silva Sartori, ‘é das
melhores do Brasil, no tipo e na bebida. Ele assegura que os cafés do
município, exportados para outros países, lá são conhecidos como ‘extra
finos’.
‘Mas para que o precioso líquido...chegue à mesa...é preciso muito
sacrifício, que começa com o trabalhador rural, ou até mesmo com o
operário temporário, chamado ‘bóia-fria’... Este trabalhador, quase
sempre não bem garantido diante das leis federais, não goza de benefícios
da Previdência Social e muito menos não tem, a exemplo de outros
profissionais, o seu 13º salário, o seu abono família, o período de férias e
muitos outros atributos...’
Araguari possui mais de dois mil bóias frias, permanentemente, nas
fazendas, colhendo, plantando, somados a outros, mais de 15 mil, que, na
época da colheita, se associam a eles (PREFEITURA MUNICIPAL DE
ARAGUARI, 1988: 126-127).
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Há, assim, uma clara distinção entre os que foram selecionados e publicizados como
“empreendedores” e que foram “imortalizados” por meio da atribuição de seus nomes a
diversos espaços e vias públicas, e os inúmeros sujeitos “sem-nome” que aparecem apenas
em um momento em que a possível qualidade da produção de café é exaltada. Eles surgem
como números e por meio das dificuldades que enfrentam, embora estas pareçam ser
atenuadas pelo fruto de seu trabalho: a produção do “melhor café do Brasil”.
Em outro momento, aparecem a partir das festas consideradas populares, como o
carnaval, congos e moçambiques. Estes últimos apresentados como uma manifestação
religiosa que se tornou folclórica, sendo o folclore assim definido no livro: “O folclore
existe em todos os povos, sendo o fruto da cultura popular, e é reconhecível através dos
mitos, lendas, contos, ditos populares, rodas infantis, música, dança, artesanato, usos e
costumes populares” (PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAGUARI, 1988: 163).
15
Para a reflexão sobre a tentativa de folclorizar práticas sociais das classes trabalhadoras, foi importante ler o
texto “Folclore, antropologia e história social, publicado por Thompson (2001).
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Para maior aprofundamento desta reflexão sobre como os projetos da Ditadura Militar foram apresentados
e, inclusive, incorporados pela produção acadêmica como meios de modernização, desenvolvimento e
progresso, ver Araújo (2009).
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Botija Parda e Gazeta do Triângulo, nos quais o autor, partidário da Arena, apoiava o
prefeito Milton Lima Filho17, do então MDB, que naquele momento alinhou suas propostas
de desenvolvimento econômico da cidade aos projetos defendidos pela Arena, o que
explica tal aproximação.
O prefácio, escrito por Abdala Mameri, indica os grupos envolvidos nesse
empreendimento, além de explicitar o tom atribuído por Amorim a este debate:
Dr. Adalcindo de Amorim gosta da terra, à qual vota entranhado amor,
apoiando de maneira significativa as decisões da administração municipal
do Dr. Milton de Lima Filho para iniciar a campanha de diversificação da
agricultura, de esclarecimentos aos homens do campo, no sentido de
proporcionar-lhes melhores condições de trabalho, impulsionado pelo
Banco do Brasil, pela Acar, pelo Departamento de Assistência Rural, pelo
Sindicato Rural, pela Secretaria da Agricultura de Minas Gerais e por
outros departamentos.
A luta é grandiosa, para retomarmos o antigo ritmo de progresso rural,
ocasionando fartura e bem-estar; os horizontes são promissores e Araguari
haverá de levantar-se (AMORIM, 1972: 7-8).
17
Prefeito de Araguari pelo MDB (Movimento Democrático Nacional) entre 1971-1973.
18
Sobre as políticas de incentivo à agricultura, ver Araújo (2009), em especial o segundo capítulo no qual a
autora oferece subsídios para reflexão sobre estes programas e seu impacto para as transformações do campo
e da área urbana do município de Araguari.
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Sobre essa problemática é instigante a reflexão desenvolvida por Inácio que em sua tese de doutorado vai
desmontando argumentos que apresentam o campo ora de forma nostálgica, ora como um lugar morto que
deve ser redimido pelo agronegócio. Para tanto, consultar Inácio (2009).
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total, ao mesmo tempo em que houve decréscimo no número de habitantes da zona rural
que de 13.559 passa para 9.25220.
Importa dizer também que, em minhas memórias de infância, o que marca não são
as propagandas estimuladas pelo prefeito. Possivelmente, os primeiros a se mudarem para
Araguari vieram devido às primeiras notícias que foram veiculadas por jornais ou rádios.
Todavia, assim como ocorreu com minha família, muitas outras vieram devido às notícias
que chegavam de conhecidos que já haviam se mudado para o município de Araguari.
Recordo-me claramente que nossos vizinhos em Jesuítas-PR mudaram-se todos para
pequenos sítios próximos desta cidade e depois voltavam para visitar familiares e amigos
que haviam ficado, ou ainda mantinham contado, especialmente por carta, fazendo com que
a expansão da fronteira agrícola acontecesse também no “boca-a-boca”.
Assim, os próprios trabalhadores contribuíram para a construção de uma imagem
positiva sobre o lugar para o qual se mudaram ao indicarem que nele seria possível
construir uma vida melhor do que aquela que haviam deixado.
Em Araguari, além do trabalho no campo, grandes empreendimentos atraíram
trabalhadores para a construção civil. Muitos trabalhavam na construção do Ginásio
Poliesportivo e da Usina Hidrelétrica de Emborcação, que chegou a empregar 4.000
operários21. O impacto da construção dessa hidrelétrica foi tamanho que levou a
Construtora Andrade Gutierrez, responsável pelas obras, a construir na cidade uma vila
para os trabalhadores, a vila Gutierrez.
Essas inúmeras “chegadas” fizeram com que a cidade se transformasse. Esses
trabalhadores viviam nela das mais diferentes formas e imprimiam nela seus modos de
viver a partir de seus valores e necessidades, tensionando, assim, a imagem da cidade
buscada em um passado idealizado.
Uma matéria de capa da Gazeta do Triângulo constituiu-se em oportunidade para
aprofundar as reflexões sobre as tensões que permeavam as disputas pela cidade nesse
momento:
20
Os percentuais foram calculados por mim a partir dos dados compilados do Censo demográfico: dados
distritais / Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Rio de Janeiro: IBGE, 1982, Volume 1 –
Tomo 3 – Número 14 (Minas Gerais) e Banco de Dados do IBGE disponível em:
http://www.ibge.gov.br/home/, acesso em 16/03/2013.
21
EMBORCAÇÃO uma usina de posição estratégica. Jornal Botija Parda, n. 649, 20 fev.1983.
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Carmo analisa esse processo tendo como foco as vivências de trabalhadores que
foram forçados a abandonar o campo e estabelecer moradia na cidade e sua luta diária pela
sobrevivência por meio do trabalho temporário – principalmente no período da colheita do
café – nas fazendas da região. Desta forma, conduz a reflexão sobre este processo como um
22
ARAGUARI 90: Um apelo aos senhores vereadores. Jornal Gazeta do Triângulo, n. 4565, 11 jun. 1979.
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A análise das atas possibilitou compreender que esses sujeitos não queriam apenas o
direito à moradia, mas, sobretudo, à cidade. Nelas foram registradas as frequentes
demandas dos moradores por água, luz, esgoto, encascalhamento e asfaltamento de ruas,
colocação de meios-fios, calçadas, transporte coletivo, melhoria no sistema de saúde,
reforma de praças e escolas, limpeza de ruas e coleta de lixo23. Tais demandas apontam
que, naquele momento, nem todos tinham direito a esses equipamentos urbanos, ou o
acesso era, muitas vezes, um privilégio de quem morava na região central da cidade.
As condições podiam ser tão precárias para os moradores das vilas que um
requerimento para coleta de lixo da vila São Sebastião foi retirado de pauta porque,
segundo os vereadores, a coleta só é feita em ruas asfaltadas e este pedido poderia abrir
precedente para que outras vilas na mesma condição solicitassem tal coleta.24 Isso indica as
diversas dificuldades pelas quais passavam os muitos trabalhadores que viviam nas vilas de
Araguari.
Eram também recorrentes as solicitações para a instalação de telefones públicos nas
vias das cidades, especialmente nos bairros mais afastados do centro, além de serem
constantes os pedidos para instalação de aparelhos nos distritos que compõem o município.
Nesse momento, o telefone era um serviço caro, um artigo de luxo que poucos
podiam ter, por isso, o uso da Central Telefônica da Telemig não se restringia “aos de fora”
23
Essas e outras demandas apareceram com frequência nas atas da Câmara Municipal da década de 1980.
Sobre as que foram especificamente citadas acima, ver: Atas da Câmara Municipal, livros 24 a 29, de
19/09/1983 a 30/12/1988.
24
CÂMARA MUNICIPAL DE ARAGUARI. Atas da Câmara Municipal de Araguari, Reunião Ordinária,
30 maio 1983. Araguari, 1983.Livro n. 23, p. 118.
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ou aos trabalhadores dos sítios próximos à cidade, era também uma realidade para os
inúmeros moradores de Araguari que não possuíam linha telefônica e que, sequer, tinham
um telefone público próximo de suas casas.
Em relação ao serviço público de saúde, os problemas eram ainda mais graves. Nas
atas surgem solicitações de convênios com a Universidade Federal de Uberlândia para
“assistência às pessoas carentes e que não tem assistência previdenciária”25. Surgem
também reivindicações para construção de centros de saúdes nos bairros, aumento do
número de médicos e especialidades oferecidas, reformas nos centros já existentes, além de
denúncias sobre a precariedade dos atendimentos que levavam pacientes à morte26.
As filas no INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica e Previdência
Social – para conseguir atendimento médico era uma realidade que marcava as manhãs da
cidade. Era necessário madrugar para conseguir uma das poucas senhas disponíveis, entre
as também poucas especialidades oferecidas.
Essas experiências surpreendiam aqueles que imaginavam encontrar nesta cidade
alternativas concretas para suas necessidades. Os sonhos de um futuro promissor – que
haviam sido sonhados por meu pai, anos antes de nossa vinda a partir de notícias que
chegavam sobre a produção do café no cerrado mineiro –, também foram se transformando
frente à dura realidade que se impunha. Problemas para conseguir financiamento para a
agricultora, secas prolongadas, desconhecimento da tecnologia necessária à produção do
café no cerrado, orçamento apertado, dificuldade de acesso à saúde e escola pública para os
filhos foram alguns dos enfrentamentos compartilhados com outros trabalhadores de
Araguari, fossem eles moradores da cidade ou do campo.
A vivência dessas dificuldades fornecia contornos para as expectativas, embora
jamais as destruíssem, e isso pode ser vislumbrado no esforço constante dos trabalhadores
em ter seus direitos reconhecidos. A luta por direitos se dava de diferentes formas, seja por
meio de abaixo-assinados, seja pela organização de associações de moradores que
começaram a ser criadas.
25
CÂMARA MUNICIPAL DE ARAGUARI. Atas da Câmara Municipal de Araguari, Reunião Ordinária,
18 abr. 1983. Araguari, 1983. Livro n. 23, p. 68.
26
CÂMARA MUNICIPAL DE ARAGUARI. Atas da Câmara Municipal de Araguari, Reunião Ordinária,
17 mar. 1987. Araguari, 1987.Livro n. 27, p. 155.
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Embora os registros feitos nas atas da Câmara Municipal não traduzam as tensões
que envolviam as respostas dadas pelo governo municipal aos seus anseios, ao fornecer
pistas sobre quais eram as solicitações enviadas pelos trabalhadores, indicam que estes
lutaram pelo reconhecimento de seus espaços.
Essa luta por direitos certamente assustava. As propostas de governo participativo,
que marcou a campanha que levou o PMDB a vencer as eleições de 198227, e a proposta de
“lutar unido por maior êxito da cidade”, que aparece nos primeiros anos do governo e em
discursos na Câmara Municipal28, era permeada por tensões e tinha também seus limites.
Em uma das atas de 198429, na qual surgem divergências entre os vereadores sobre a
contratação pela Prefeitura de um presidente de associação, é possível perceber que
desavenças políticas poderiam dificultar a relação entre a Prefeitura e as associações.
Apoiar as ações do prefeito podia fazer com que alguns presidentes de associações
conseguissem cargos ou funções na Prefeitura em detrimento de outros, no qual, devido a
divergências políticas com o prefeito, sequer os pedidos da associação eram atendidos.
Assim, acatar as muitas reivindicações da população pode ser compreendido não apenas
como atendimento de seus direitos, mas também como a tentativa de estabelecer relações
de favor e controle da vida na cidade.
Nessa direção, chamou atenção a proposição nº 294/87, formulada com o objetivo
de suspender e cancelar a permissão de “trailers”, quiosques e barracas em praças e
logradouros públicos. Não sendo votada no dia em que foi proposta, abriu a discussão sobre
essa forma de trabalho presente nos espaços públicos da cidade, problema que deveria ser
resolvido com a alteração do Decreto 19/87 que, segundo o que consta na ata da reunião,
foi elaborado inicialmente para atender pedidos da população, oferecendo emprego direto e
indiretamente para mais de 200 pessoas30. Além dos “trailers”, incomodavam também “os
27
Entre 1983 e 1988 Araguari foi governada pelo prefeito Neiton de Paiva Neves (PMDB - Partido do
Movimento Democrático Brasileiro), redator-chefe da Gazeta entre 1964-1966. Na Câmara Municipal os
vereadores se dividiam em dois grupos organizados sob a legenda do PMDB e do PDS – Partido Democrático
Social, sucessor da extinta Arena.
28
CÂMARA MUNICIPAL DE ARAGUARI. Atas da Câmara Municipal de Araguari, 19 set. 1983 a 22
maio 1984. Araguari, 1983/1984. Livro n. 24.
29
CÂMARA MUNICIPAL DE ARAGUARI. Atas da Câmara Municipal de Araguari, Reunião Ordinária,
14 ago. 1984. Araguari, 1984. Livro n. 25, p. 41 (frente e verso).
30
CÂMARA MUNICIPAL DE ARAGUARI. Atas da Câmara Municipal de Araguari, Reunião Ordinária,
30 jun. 1987. Araguari, 1987. Livro n. 28, p. 18 (verso) e 19.
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equinos que andam soltos no centro da cidade”31, atrapalhando o trânsito e prejudicando sua
“beleza”.
Tais requerimentos informam muito mais sobre as disputas, as tentativas de
controlar a vida na cidade e o autoritarismo que marca as relações vividas, do que
simplesmente o atendimento aos seus direitos. Dentre eles destacam-se os debates sobre a
instalação na rodoviária do serviço de assistência ao migrante para “evitar a mendicância
em nossas ruas”32; a necessidade de organização de um comissariado do menor para o
combate à criminalidade de menores33 – questão que parece ter levantado preocupações
durante muito tempo, pois em 1987 foi aprovado o Projeto de Lei nº 03/87, que declarava o
ano de 1987 como o “Ano Municipal do Menor Carente” de Araguari34– ; demarcação dos
limites das feiras35; possibilidade da Secretaria de Saúde e Ação Social controlar os exames
das “senhoras e senhoritas que na periferia da cidade praticam a vida fácil, sendo
portadoras de várias doenças venéreas”36.
Compartilhando dessas mesmas perspectivas, se fizeram presentes nas páginas da
Gazeta do Triângulo argumentos que ratificavam essa necessidade de maior controle sobre
os trabalhadores. Interpretando as dificuldades pelas quais passava o país, a Gazeta trata a
situação de Araguari como caso de polícia:
Araguari recentemente tem assistido cenas terríveis de furtos ou
assassinatos horripilantes.
Até parece filme americano de terror. Mata-se para ver o sangue jorrar;
dilacera-se o corpo já inerte pela tara.
É o fim dos tempos.
Por isso seria necessário um policiamento ostensivo e bem armado.
Em cada bairro deveria ter um número suficiente de soldados patrulhando
constantemente as ruas.
Ouvindo os desconhecidos e exigindo a identificação, no momento.
31
CÂMARA MUNICIPAL DE ARAGUARI. Atas da Câmara Municipal de Araguari, Reunião Ordinária,
29 mar. 1988. Araguari, 1988. Livro n. 28, p. 162.
32
CÂMARA MUNICIPAL DE ARAGUARI. Atas da Câmara Municipal de Araguari, Reunião Ordinária,
26 abr. 1983. Araguari, 1983.Livro n. 23. Importa destacar que esta não é uma prática exclusiva da cidade de
Araguari. Sobre isso, ver Morais (2007), especialmente o terceiro capítulo.
33
CÂMARA MUNICIPAL DE ARAGUARI. Atas da Câmara Municipal de Araguari, Reunião Ordinária,
21 fev. 1984. Araguari, 1984.Livro n. 23.
34
CÂMARA MUNICIPAL DE ARAGUARI. Atas da Câmara Municipal de Araguari, Reunião Ordinária,
20 jan. 1987. Araguari, 1987.Livro n. 27.
35
CÂMARA MUNICIPAL DE ARAGUARI. Atas da Câmara Municipal de Araguari, Reunião Ordinária,
10 fev. 1987. Araguari, 1987.Livro n. 27.
36
CÂMARA MUNICIPAL DE ARAGUARI. Atas da Câmara Municipal de Araguari, Reunião Ordinária,
23 jun. 1987. Araguari, 1987.Livro n. 28, p. 14 (verso)
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POLICIAMENTO. Jornal Gazeta do Triângulo. Araguari, n. 5.087, 7 ago. 1983. A lei Fleury (Lei
5941/73), de que fala a reportagem, permitia que os réus primários aguardassem julgamento em liberdade.
Ver: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/1970-1979/L5941.htm>. Acesso em: 23 set. 2012.
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Fontes
AMORIM, Adalcindo de. Ruma à Terra. Painéis rurais. Araguari: Tipografia São José,
1972.
CÉSAR, Edmar. Afif Rade – Um marco da imprensa de Araguari. Goiânia: Kelps, 2005.
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ZILLI, Rosani Aparecida. Uma memória oculta. 1997. 88f. Monografia (Graduação em
História) – Instituto de História, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 1997.
Bibliografia geral
ARAÚJO, Flávia Aparecida Vieira de. (Re)configurações espaciais na cidade média: a
análise de Araguari no Triângulo Mineiro (MG). 2009. 299f. Dissertação (Mestrado em
Geografia) – Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal de
Uberlândia, Uberlândia, 2009.
___. Brasil. Mito fundador e sociedade autoritária. São Paulo: Editora Fundação Perseu
Abramo, 2000.
___. Cultura e democracia: o discurso competente e outras falas. São Paulo: Cortez, 2006.
INÁCIO, Paulo Cesar. Sudoeste goiano: seus trabalhadores, seus construtores, suas
memórias – nossas histórias. 2009. 229f. Tese (Doutorado em História) – Programa de Pós-
Graduação em História, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2009.
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