Jogo Na Educacao Matematica Rio de Janeiro
Jogo Na Educacao Matematica Rio de Janeiro
Jogo Na Educacao Matematica Rio de Janeiro
Matemática
Regina Célia Grando
Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC)
Introdução
Proposta de conversa:
1) O que entendemos por jogo na Educação Matemática
(prática e pesquisa);
2
• Por que tantas pessoas com dificuldades em
Matemática?
Angústias • Como ensinar matemática de forma que os
enquanto alunos entendam?
estudante e • Como ensinar matemática de forma “não
dolorida”?
professora • Como ensinar matemática de forma que faça
que ensina sentido aos alunos?
matemática • O jogo...uma possibilidade...por quê? Como?
• Sala de aula de matemática é cassino? Em
que o jogo pode ser interessante nas aulas
de matemática?
• Resolução de problemas – o jogo possibilita a experimentação
de diferentes estratégias, o levantamento de hipóteses, o risco, a
análise de possibilidades, o desafio, a investigação a partir dos
resultados, a tomada de decisões, a generalização (estratégia
Característica máxima, por exemplo), produção “do novo”.
JOGO conteúdo
(cultura lúdica) (problematizações)
Jogo de tabuleiro – Sjoelbak (Bilhar holandês)
Registro do cálculo de multiplicação
O processo de mediação
representa “como” o professor pode
colaborar com a análise de jogo pelo aluno.
Mediação
pedagógica Você fez uma boa jogada? Por quê? Quais
do professor opções de jogadas você tem? Será que a sua
estratégia sempre dá certo? Incentivar: jogar
pensando alto, análise de jogadas,
antecipações, etc.
A observação define “o quê” o
professor pode observar durante as
ações dos alunos no jogo.
Observações
O aluno demonstra interesse pelo jogo?
do professor Estabelece relações entre as partidas? Observa
regularidades e elabora estratégias? Demonstra
reconhecer as “jogadas erradas”? Levanta
hipóteses? A ação do aluno no jogo é
intencional, é planejada?
1)Os jogadores do grupo B, em uma jogada, conseguiram um total de 144 pontos, incluindo o
bônus. Qual a distribuição realizada pelos jogadores para obter essa pontuação?
Situações- 2) É possível dizer que nesta jogada os trinta discos foram encaçapados? Justifique.
Problema
escritas de
jogo
LUVISON,C.; GRANDO, R. Leitura e escrita nas aulas de matemática: jogos e gêneros textuais. Campinas, SP:
Mercado de Letras, 2018.
Quantidade de Palitos: 27
JOGO do NIM
Estratégia
máxima:
• Vivenciando atividades (análise de
possibilidades) –
• Intervenções pedagógicas com jogos
• 23 alunos do 3º ano do EF
Acaso, chance
• Escola pública municipal (Bragança Paulista,
e análise de SP)
possibilidades
no jogo • Jogo: Travessia do rio
(Luvison, Santos, 2013)
Beatriz: Prô, eu entendi. Nunca vai cair o 1, por isso que
não dá pra colocar aí e ganhá.
Cid: Mas nunca irá cair o 1?
Beatriz: Nunca vai cair o 1 (joga os dados para provar...)
Cid: Então você acha melhor não apostar no 1?
Beatriz: Ela é ruim para o jogador porque nunca vai ganhar.
[...]
Episódio Cid: Mas é só com o 1 que acontece isso?
Beatriz: Só. Bom, até agora é só esse número.
[...]
Cid: Mas porque vocês acham que não cairá o 1?
Beatriz: É sorte, prô, mais não pode colocar no 1, porque
nunca vai cair o número 1, porque não tem número 0 no
dado.
• Beatriz vai percebendo as
impossibilidades no jogo.
Entretanto, a apropriação de uma
linguagem e ideia probabilística
estava se formando.
• Beatriz percebe a impossibilidade
Episódio de dar soma 1, mas expressa essa
ideia por uma linguagem ainda em
construção: “É sorte, prô”.
• Completa: “porque não tem número
0 no dado”.
Outro episódio...
Cid: Quais números escolheram para apostar?
Beatriz: O 6, o 7, o 8 e o 9.
Cid: Por quê?
Beatriz: Porque eles saem mais.
Cid: Por que vocês acham que saem mais?
Beatriz: É sorte mesmo.
Cid: E você João?
João: A gente sempre colocava no 1, no 4, daí a
gente jogava e ia no 7, no 8, daí a gente ponhamo
no 6, no 7, no 8, no 9, daí sempre tá caindo agora.
Cid: Mas você acha que é sorte?
João: É muita sorte, pra cair nos número, porque
antes caía em outros número que a gente colocava
mais agora não cai mais.
João: A gente joga o dado e aí não cai
em alguns números, não sai, é mais
difícil.
Beatriz: Os melhores números prô, é o
6, 9, 7, 8 e 10.
Carlos: O pior é o 1.
Episódio Beatriz: Na minha opinião não é só o 1,
mais também o 2,3,4,5,11 e 12, então
prô não é questão de sorte é de
número, é o dado.
Marcos: É Beatriz, mais não tem como
saber, se joga jogou, é sorte, tem mais
azar do que sorte.
• Ideia frequentista de probabilidade: os
números que percebem que “saem mais”
são os que mais apostam;
• a linguagem vai sendo depurada: “A gente
Análise de joga o dado e aí não cai em alguns números,
possibilidades não sai, é mais difícil.” Vai do impossível (não
cai) para o pouco provável (é mais difícil)
no jogo
• nem todos os alunos estão no mesmo
movimento de pensamento. Marcos tem
uma ideia subjetivista de probabilidade: não
tem como saber, se joga jogou, é sorte
Papel da Narrativa da professora:
professora:
contribuir para que “Nesse sentido, propusemos que os
alunos registrassem suas jogadas, com
os alunos avancem o objetivo de que observassem a
nas hipóteses, frequência e percebessem que não é
análises, interessante apostar em determinados
números.”
conclusões...
Registro da aluna Giovana
Embora o registro ainda ofereça uma
concepção frequentista de probabilidade,
auxilia os alunos saírem de
interpretações somente subjetivistas e
oferece alguns recursos para levantar
hipóteses, como a organização de dados
em listas, tabelas e gráficos (gênero
textual).
Uma nova proposta...
“Pedimos aos alunos que, em grupos, fizessem as
possibilidades de jogadas de cada número presente no
tabuleiro do jogo.”
Segundo
• Um dos equívocos da educação básica, é
Watson (2006) desprezar as atividades com os dois
primeiros conceitos quando se trata do
terceiro, porque entre em contradição o
que se aprende na escola e o que se
observa fora dela.
O professor passa pelos estudantes entregando-lhes as folhas contendo o tabuleiro e
dois “botões de camisa” (um preto e um branco) que representam os reis
P: meninos hoje vamos jogar o Kings...
Pa: como é que joga? [outros ao mesmo tempo também indagam a mesma questão]
P: antes de iniciarmos o jogo gostaria de saber o que vocês acham que é este jogo?
Silêncio total... [alguns murmuram]
Do: tem dois botões e eu acho que é um pra cada...
P: e o tabuleiro?
Pe: uai! Tem 64 casas que nem o xadrez...
Bom, a priori, perceberam que o tabuleiro do Kings é semelhante ao tabuleiro do jogo
de xadrez.
Jogadores: P e D
Observando outros alunos, analisamos que eles sempre
iam às margens do tabuleiro com seus reis. Isso nos
chamou à atenção, pois era uma ação de fuga e não de
construção de situações de ataque.
• Pensando nos possíveis movimentos que os alunos poderiam realizar para alcançar
o seu objetivo, propus aos alunos que procurassem transcrever de uma maneira fácil
e simples de entender, como eles iriam retirar o carro amarelo do estacionamento. A
intenção era fazer com que os alunos criassem uma linguagem na qual pudessem
nos comunicar, afinal eu não estaria ao lado de todos ao mesmo tempo para que
eles pudessem descrever o que eles estavam fazendo, como estavam pensando e
como poderia ser detectado os erros e acertos, vindos de suas próprias reflexões.
(GOMIDE, 2012, diário de campo)
no jogo precisa de técnica e experiência e sempre o
carro amarelo sempre sai do estacionamento e também
tem outros automóveis o carro roxo o caminhão azul e
amarelo e o caminhão branco. Mais importante neste
jogo é ter calma e paciência. O jogo é jogado através
dos “leveis” e movimentações e mais importante os
pontos. (registro de um grupo de alunos)
Escrita na
resolução de
problemas
Professora Pesquisadora:
• No trabalho desenvolvido com o jogo Yellowout pudemos
desenvolver conceitos relativos ao espaço ocupado pelos veículos,
deslocamentos nesse espaço, relações de proporcionalidade de
tamanho dos veículos e as possibilidades de explicitação de resolução
do problema por meio de uma linguagem elaborada por meio de
códigos, legendas, desenhos, etc. Além disso, foi possível explorar
modos de pensar matematicamente característicos, como o
levantamento de hipóteses, investigação, experimentação, análise de
erros, re-elaboração lógica do procedimento de resolução, etc.
• Apenas jogar um jogo tem pouca contribuição
Eu trabalho para a aprendizagem em matemática. É todo o
com processo de mediação realizado pelo
professor, de discussão matemática realizado
joguinhos no no grupo de alunos, de registro e
final da sistematização de conceitos que possibilitam
um trabalho efetivo com a matemática a
minha aula... partir do jogo.
• Demanda tempo;
• Poucos jogos durante o ano, mas várias
vezes o mesmo;
• Jogo em grupos de 4 pessoas: provoca a
análise do jogo que é o que desejamos;
Todo esse • Professor: problematizador;
movimento... • Registro: forma de sistematização;
• “Jogar com competência”: atribuição de
sentido à matemática a partir do jogo.
regrando@yahoo.com.br