O Herdeiro Planejado Do CEO Gre - Middian Meireles
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deste livro pode ser utilizada ou reproduzida sob quaisquer meios existentes
sem autorização da autora. A violação dos direitos autorais é crime
norma culta, mas o estilo de escrita coloquial foi mantido para aproximar o
leitor dos tempos atuais.
ÍNDICE
ÍNDICE
SINOPSE
PRÓLOGO
CAPÍTULO 1
CAPÍTULO 2
CAPÍTULO 3
CAPÍTULO 4
CAPÍTULO 5
CAPÍTULO 6
CAPÍTULO 7
CAPÍTULO 8
CAPÍTULO 9
CAPÍTULO 10
CAPÍTULO 11
CAPÍTULO 12
CAPÍTULO 13
CAPÍTULO 14
CAPÍTULO 15
CAPÍTULO 16
CAPÍTULO 17
CAPÍTULO 18
CAPÍTULO 19
CAPÍTULO 20
EPÍLOGO
LEIA TAMBÉM
PRÓLOGO
AGRADECIMENTOS
SOBRE A AUTORA
OUTRAS OBRAS
RECADINHO
REFERÊNCIAS
SINOPSE
Ela quer ser mãe solo.
Um acordo.
Um contrato.
seu chefe e melhor amigo, Nikos, ela é surpreendida com uma proposta
inusitada: ele quer ser o pai do seu bebê, mas pelos métodos tradicionais!
eu fazia aquilo, não ali, claro, mas era a primeira vez que ansiava por uma
resposta positiva.
apressar um teste que tinha tudo para dar negativo, até porque talvez ainda
fosse cedo demais para ter uma resposta, ainda assim, aquele detalhe não
me impediu de ir à farmácia para comprar um e muito menos esperar
Ok, eu sabia que poderia não dar certo, mas alguma coisa tinha
mudado e meu coração dizia que talvez não fosse irracional ter tal
começar. Era como se existisse uma linha tênue entre antes e depois de tudo
aquilo se iniciar. E, definitivamente, tinha, já que a vida de antes parecia tão
distante e eu já não sabia dizer como seria assim que o tempo do teste
que respirar uma e outra vez. Apenas depois de conseguir criar coragem,
Por quê? Porque fiz a última coisa que deveria fazer: me apaixonei.
alguém, sei lá, de má índole ou por um cara que não desse a mínima
um dos dois, porque, convenhamos, lindo do jeito que era, gostoso pra
exaustivo. Motivo pelo qual fui forçada a reler o mesmo parágrafo mais de
uma vez, apenas para ter certeza de que tinha lido as palavras corretamente.
Sendo bem sincera, sequer tinha ideia de que tinha assimilado as últimas
sentia do mesmo modo, já que suspirou pelo que parecia ser a milésima vez
em um espaço de menos de meia hora. O que só confirmava um fato:
um dos principais motivos de nos darmos tão bem. O que também era ruim,
porque também implicava que erámos teimosos em persistir mesmo quando
fizesse muito o meu tipo, eu precisava confessar que aquela coisa meio nerd
em seus ternos sob medida que ele usava sempre que a agenda de reuniões
irresistível.
O que havia me feito resistir a ele no último ano em que trabalhamos
juntos estava além de mim. Afinal, o filho da mãe era lindo e gostoso pra
resistir a Nikos.
E ele é seu chefe, Max!, eu me lembrei, não pela primeira vez. Nem
mesmo a primeira naquela noite.
carnudos.
Não deveria, mas claro que eu, de certa forma, ainda ficava meio
mexida pela sua presença. Afinal, era Nikolaos Galanis, embora soubesse
tamanho que Nikos era, eu duvidava muito que ele tivesse problemas
naquele departamento, mesmo que fosse grego. Com uma beleza clássica,
ele era bonito de uma maneira puramente masculina. Um nariz com uma
E quando ele sorria? Ah, Deus, era uma tremenda de uma bofetada
libidinosa, o cara tinha as covinhas que deixavam a fileira de dentes brancos
perfeitos ainda mais charmosos. E sorrir era uma das coisas que ele mais
fazia, para o meu azar. Os olhos eram de um azul claríssimo, como o
apaixonado.
podia mesmo querer cair em tentação. Mas quem poderia me culpar diante
daquilo tudo? Sim, até mesmo as mais santas se veriam tentadas. Fora que
ele era carinhoso, atencioso, desde que nos conhecemos sempre fora
daquele jeito. Não ajudava em nada o fato de eu ter tido péssimos
relacionamentos e nenhum chegar perto de como ele era ou como me
tratava.
idiotas.
Não que eu não estivesse louca para mais com ele, porque Deus
sabia o quanto eu queria, mas simplesmente não podia. Estava em um novo
emprego. Um grande cargo na maior plataforma de streaming do mundo, a
Não apenas ganharia muito mais e teria uma autonomia quase sem limites
em minha nova posição, mas especialmente porque o meu novo chefe
deixara bastante claro desde o primeiro dia o seu interesse por mim.
Embora tivesse cerca de três anos a menos que eu e fosse filho único
de uma família bilionária, Nikos não se encaixava nos estereótipos de caras
como ele. Era maduro, extremamente inteligente, de uma competência sem
igual. Não era à toa que desde que assumira o comando da Galanix + o
faturamento triplicara, além de ter melhorado, e muito, a qualidade e
Chegava a ser covardia, porque, como se não bastasse, ele ainda era
irritantemente lindo e gostoso, o filho da mãe, o que tornava cada dia mais
amizade.
trabalho, só que, por passarmos tanto tempo juntos, muitas vezes virando
noites em viagens pelo mundo, eventos da indústria e tudo o mais, foi
lutando a cada dia contra a atração que sentia por ele. E mesmo que o fato
de negar meus sentimentos por ele por vezes me perturbasse, eu ainda assim
não conseguia pensar em viver uma vida que não fosse com ele presente e
ao meu lado.
me dava ainda mais motivos para repetir para mim mesma o meu discurso
e a sensação de seu corpo duro contra o meu deixou uma marca inegável.
onde serviu para cada um de nós uma bebida. — Pedi aquele macarrão do
Por ser rico e filho único, era de se pensar que ele não seria daquele
jeito, mas não poderia estar mais longe da verdade. Embora tivesse
atencioso com todos ao seu redor. Encantava qualquer pessoa que passasse
pelo seu caminho com seu carisma e o jeito tão dele de ser. Desde o simples
zelador, moça do café a grandes executivos e astros da indústria, Nikos era
sempre a atração por onde estivesse. Era ele entrar na sala e todas as
ele.
— Sim, isso será bom. Estou faminta — falei, após alguns instantes
de introspecção. Mas foi só quando notei Nikos parar o copo a caminho da
boca e o brilho predatório que vi surgir em seus olhos que me toquei que
os meus olhos com uma fome que não vi antes. O ar entre nós se tornou
Deus, o jeito que ele olhava para mim me deixava completamente em chamas!
— Er… Não lembro bem qual foi a última refeição decente que fiz
nos últimos dias — rapidamente completei e, em meio à minha tentativa de
para a minha vergonha, a menção da comida fez minha barriga roncar alto e
o rosto arder de tanto que esquentara.
— Por que faz isso consigo mesma? Já disse que não aceito que
fique sem se alimentar direito apenas para trabalhar. Será que tenho que te
não fosse nada de mais ao beber mais um gole, deixando as palavras dele
afundarem.
Uma estranha combinação de confiança e ansiedade passou por mim.
garganta.
comer, quando tenho muito a fazer. Além do mais, meu chefe pode ser
gostaria de pedir sua opinião sobre algo que pensava em fazer e já estava
Abri a boca e fechei uma e outra vez, sem saber como iniciar aquela
conversa, mas fui salva pelo som do telefone fixo da sua mesa tocando,
que tivesse conseguido que seu pedido tivesse chegado tão rápido. Mas o
tempo depois e nos sentamos à mesa de reunião no canto da sua sala, uma
das únicas superfícies livres ali naquele enorme espaço.
meia dúzia de pessoas, para dizer o mínimo. Não me incomodei com aquilo,
já que estava mesmo faminta e não me importaria de levar as sobras para
ele não concordar com a minha ideia, até porque a maioria das pessoas me
taxaria de louca, mas ele era meu melhor amigo. Eu não tinha mais
ninguém além dele. Queria que me apoiasse.
molho Ranch, mas ainda assim começou a comer, achei que era minha
melhor oportunidade de ter sua total atenção.
encará-lo, eu sabia que, pelo seu tom de voz preocupado, que eu tinha sua
total atenção.
— Sabe que estou há dois anos sozinha, né? — Por fim tomei
Quero dizer, já passei dos trinta. Não vai demorar para que eu faça quarenta
anos de idade.
Fiz uma pausa, forçando-me a comer mais uma porção da comida
para aparentar casualidade, e ele continuou a esperar, antes de eu
prosseguir: — Durante muito tempo, renunciei a tudo para fazer faculdade,
conquistar meu lugar na indústria, cuidava do meu pai também, mas não
deixei de estar aberta a relacionamentos. Só que sinto que o meu tempo
passou, Nikos. Meu relógio biológico está apitando. Não posso mais me dar
ao luxo de perder os anos férteis que ainda me restam para ficar esperando
pelo Príncipe Encantado que pode nunca chegar. — Bufei, pondo o garfo
sobre o prato ainda cheio, embora estivesse morrendo de fome, não
conseguiria mais comer nada enquanto não colocasse tudo para fora. Estava
nervosa demais. — Isso pode nunca acontecer. Diante do meu histórico
amoroso, estou começando a ter certeza de que não existe um homem para
A veia da sua testa pulsou e pela primeira vez desde que o conheci
Nikos pareceu um pouco sem palavras. E um pouco irritado também. Eu
jurava ter visto algo diferente em seus olhos, um brilho que não reconheci,
mas achei melhor ignorar. Talvez estivesse sem saber o que dizer, ou muito
Acho que é isso que vou fazer, Nikos. Eu quero um bebê, então serei mãe
solo.
CAP Í TULO 2
Diante de mim, era quase como uma zona de guerra, ambos os lados
do meu dia.
fizera. A partir dali, eu a queria não mais apenas trabalhando comigo, mas
tentativa da minha parte, porque Deus era prova do quanto vinha tentando,
inédito para mim, pois sempre consegui o que ou quem queria. Na verdade,
não conseguia me lembrar de uma época em que alguma coisa não era
palavra que não estava em meu dicionário, tampouco era uma que estava
acostumado a ouvir. Bem, para tudo tem uma primeira vez e ela foi a
minha.
desejo de tê-la em minha equipe, e com a proposta certa ela deu o braço a
torcer e veio trabalhar comigo.
Logo no início da nossa parceria, notei rapidamente que ela não era
A princípio, notei que não seria fácil fazê-la se render ao que sentia,
mas vinha sendo muito mais difícil do que imaginei. Naquela noite, ela
pediu para que aquilo não se repetisse e que fôssemos estritamente
antes de que ela se desse conta, erámos como melhores amigos. Amigos
que gostariam de ir para a cama com o outro, mas o tipo que falava sobre
dois, Max se fechava e se tornava uma maldita partida de xadrez, uma cuja
próxima jogada eu não sabia decidir. O que era uma merda, quando eu a
queria desesperadamente e não sabia o que fazer para mudar nossa situação.
Eu poderia ter qualquer mulher, eu sabia. E por um tempo as tive. O
dinheiro. A fama. O buffet livre de sexo. Era como eu vivia até então. Mas
foi só quando a conheci que notei haver mais. E eu queria aquele “mais”.
Conhecê-la foi como encontrar algo que nunca soube estar perdido. Foi
como traçar uma linha no papel e não lembrar o que havia antes da sua
chegada.
mesmo tentei a coisa do “sexo casual” uma única vez, mas não era como
antes. Nada de nirvana, orgasmos ou algo do tipo, apenas eu me sentindo
como se tivesse traindo-a, mesmo que não tivéssemos nada oficial. Por isso
desde então abracei a monogamia, era apenas eu e minha mão e um sério
caso de calos nos dedos e bolas roxas.
O que me aliviava um pouco era saber que eu não era o único a estar
sozinho naquele tipo de “relacionamento”, já que Max também não tinha
tido tanto divertimento no quarto quanto eu. Não que não houvesse tido
tentativas da sua parte, já que a morena era mais teimosa do que eu e tentara
fazer com que alguns relacionamentos fadados ao fracasso dessem certo.
Era apenas uma questão de tempo para dar merda ou até que ela admitisse a
si mesma que nenhum deles era eu. E, felizmente, sempre chegava o dia de
“dar adeus” a mais um babaca que se interpunha em meu caminho.
Não poderia dizer que tinha sido fácil vê-la saindo com outros caras,
— Acho que é isso que vou fazer, Nikos. Eu quero um bebê, então
ouvisse, que faríamos aquilo e tudo mais que quisesse, contudo, Max
pareceu envergonhada demais com a confissão e não me deu a chance de
dizer qualquer coisa. Apenas partiu, deixando-me completamente atordoado
e, quando tentei alcançá-la, era tarde demais.
maneira que ela me fazia sentir nos outros dias, com aquele olhar azul
Achei que dar-lhe um tempo talvez fosse bom para que clareasse os
pensamentos e refreasse os impulsos, por isso optei por não aparecer em sua
casa. Ainda assim tinha toda a intenção de conversar, deixar tudo às claras,
mostrar o que estava bem na sua frente.
parte jurídica do outro lado falar. Odiava aquela parte burocrática, mas
sabia que deveria participar e tinha certeza de que sozinhos teríamos muito
a discutir quando a reunião chegasse ao fim. E, com sorte, conseguiríamos
nos antecipar e discutir nosso próximo movimento, antes que a outra parte o
fizesse primeiro.
de mais um estúdio, mas a verdade era que compra dele renderia não apenas
uma imensa franquia para o nosso catálogo, mas também o direito de
para mim nos últimos anos. Eu brincava dizendo que era como escalar
limite.
Seu pai entende o que está em jogo, garoto. Ele trabalhou comigo. Não é
— Sim. Estou ciente do fato de que meu pai trabalhou com o senhor
ele não captasse meu tom condescendente. Se tinha uma coisa que eu
odiava era quando não me levavam a sério e me tratavam como um garoto,
decisão que estou fazendo agora. Aqui também somos uma família, e se
tenho uma certeza nessa vida, é que não poderia haver ninguém melhor para
viesse usar aquela carta, pois era no mínimo risível, para não dizer bizarro,
já que sabíamos muito bem a quantidade de denúncias de assédios e muitos
outros absurdos que foram abafados nos últimos anos por eles. Só que o
velho era a porra do cara por trás da empresa, e no momento também era o
tipo delirante de homem com o qual eu não podia discutir, caso quisesse
que o negócio se concretizasse. Não quando ele detinha 51% das ações da
valor a história que envolvia a Parvel, portanto o único que não acabaria
a pasta para o meu, Sven, que franziu o cenho assim que leu as demandas
ali escritas.
— Isso é uma piada? — Sven perguntou, antes de dar a pasta para o
entregou a mim.
o negócio. Nossa diretriz — uma das suas advogadas respondeu, uma com
Sven, apertando a ponta do nariz, menos paciente a cada vez que nos
sabíamos que tinha muito em jogo. Sven e sua equipe estavam acostumados
a lidar com esse tipo de coisa o tempo todo, já que sempre ficavam à frente
dos meus negócios em vista. Além de meu amigo, Sven era o melhor
medieval.
Ele poderia lidar com qualquer coisa, até mesmo aguentar meus
como meu pai sempre diz, um homem não pode tomar decisões de negócios
paparicado.
não tive tempo de pedir para ele se acalmar, porque estava muito ocupado
lendo o motivo da sua explosão e envolvendo minha mente em torno do
absurdo que eram aqueles termos. Absurdos de uma forma sem cláusulas
lembranças da noite anterior retornassem sem pedir licença. Ainda não acreditava
que tinha admitido meus planos para Nikos.
nem foi atrás de mim em seguida. O que agradeci, já que ainda não sabia o que
poderia lhe dizer quando já tinha tomado minha decisão.
Ainda assim, não preguei os olhos, e se quisesse me manter acordada
facilidade.
aliviada quando assim que cheguei ao trabalho soube que ele estava em uma
negociações e que em breve seria mais uma empresa adquirida pelo Império
Galanis. Ele adorava aquilo, era quase um esporte para Nikos.
Era uma resposta vaga, mas eu esperava que fosse o suficiente para que
não me pressionasse, já que eu não estava com disposição para confronto ou
qualquer coisa do tipo. Podia estar agindo como uma covarde, mas não me
comecei a preparar um banho quente para lavar aquele dia estranho de mim.
adicionar à minha noite relaxante seria um confronto com ele. Mas sabia que não
poderia ignorá-lo, nem mesmo se eu quisesse. Não apenas porque era meu chefe,
mas especialmente por ser meu amigo. Ele se preocupava comigo, não tinha
dúvidas daquilo. Só tinha que lhe garantir que estava bem, caso contrário,
hesitante.
— Ei, você está em casa? — Ele foi direto ao assunto e, antes que eu
impossível mentir. — Estou. Mas também estou cansada, Nikos. Não é o melhor
momento para mim. Podemos deixar para outra noite.
quisesse.
Quase uma hora depois, eu estava longe de estar relaxada como era o plano
inicial. Não demorou para a campainha tocar, mandando meu coração
recebê-lo, envolta em um robe de cetim cor de rosa sobre meu pijama. O cabelo
sorriso bonito que era sua marca registrada. Inclinando-se para me cumprimentar
influência, mas também daquele cara único que aprendi a admirar sob aquela
casca de perfeição.
— Entre. — Dei espaço para que passasse, mas por alguns segundos seus
olhos demoraram-se mais do que era educado pelo meu corpo, forçando-me a
engolir em seco.
um restaurante chinês chique que gostávamos, mas assenti ainda assim e segui
Fui até o armário pegar uma taça para ele e sentei-me na banqueta da ilha,
Fazer a coisa da conversa fiada enquanto tentava fingir que tudo sobre
aquele momento não era nada de mais era estranhamente irônico. Ainda assim
tentei.
— Espero não ter interrompido nada — foi o que ele disse, parecendo nem
banheira.
— Como se o pijama do Darth Vader[iii] que está embaixo desse robe fosse
— Ei! Não subestime meu lado nerd, porque não é um pijama da Princesa
Leia[iv], mas também é sexy pra caralho que uma mulher tenha bom gosto para
roupa de dormir. De qualquer forma, duvido que alguma coisa não fique sexy em
você. — Voltei a rir, tentando, em vão, ignorar seu costumeiro flerte, ao mesmo
tempo que ele sorvia da sua bebida, que manchou levemente seus lábios rosados.
pudesse ter junto com o vinho doce, deixando-o ficar na minha língua até senti-lo
aveludar.
desde que nos conhecemos. Tantas vezes, que Nikos já se fazia em casa, sabendo
muito bem onde ficava cada coisa, e eu me sentia da mesma forma na sua
cobertura milionária. Só que, por mais familiar que fosse a situação, de alguma
amizade desde a nossa última conversa. Ou talvez fosse apenas porque de alguma
maneira as coisas estavam mesmo diferentes com o grego e eu ainda não sabia
explicar por quê.
quebrou o silêncio depois de um tempo e, quando me viu abrir a boca para falar,
rapidamente completou: — E antes que enlouqueça, ou tente fugir de mim outra
vez, em momento algum desde que admitiu para mim seu desejo de ser mãe solo
naquele novo passo que pretendia dar. E ele tinha razão, nem mesmo lhe dei a
chance de dizer qualquer coisa antes de sair correndo.
tímida: — Você não acha que estou louca? — Lambendo os lábios, ele inclinou a
cabeça ainda rindo, enquanto me observava.
— Muito. Mesmo.
estou aqui.
quero você. Sobretudo que somos apenas amigos, quanto está obvio que há muito
mais entre nós.
bêbado ou algo assim. — Acenei em direção ao copo e foi o que consegui dizer,
num esforço de parecer afável, mas sabia que não tinha o mínimo estômago para
continuar com aquela brincadeira. Não quando o assunto era aquele.
sentir ancorada ali. Cada átomo do meu corpo gritando para que eu me acalmasse
e não deixasse as taças de vinho e dosagem de álcool serem maior que meu
autocontrole. O oceano azul grudado em mim forçou-me a engolir em seco,
— Ouça, sinto muito que isso pareça repentino. — O olhar dele suavizou,
sua expressão apologética quando colocou a mão sobre a minha. — Mas acho que
— Deixa eu ver se entendi. Você quer dizer que quer me ajudar a ter esse
filho? — indaguei sem conseguir fitá-lo, quase com medo da resposta.
— Com você.
Não adiantava esperar que me dissesse que era mentira, porque já tinha
entendido que falara sério. Um milhão de coisas eu gostaria de lhe dizer, bem
como um milhão de motivos me vieram a mente sobre como a proposta era
Los Angeles lá fora. A vista diante de mim desligando-me por alguns segundos
daquela conversa, daquele absurdo, repetindo sem parar os eventos das últimas
horas em minha cabeça.
dizer algum tempo depois, tentando manter um tom leve, embora por dentro
estivesse pirando.
— Sério que você está tão surpresa? — Sua voz estava mais próxima e
logo fui capaz de sentir seu calor, um leve toque de sua colônia amadeirada
— Olhe para mim — repetiu e, sem ter como escapar, forcei minha
atenção para ele. — Sim, você tem um péssimo histórico com relacionamentos,
mas nunca nos deu uma chance. Podemos fazer isso. E tudo mais. Juntos. Vamos
expressão imperturbável.
— Seja razoável, Nikos. Se você quer mesmo seguir adiante com tudo,
sim, acho que seguir meu conselho é a coisa mais sensata a se fazer. — Exalei,
minha paciência já no limite, e mal tinha começado o dia.
Ainda que estivesse irritado, não rebati, já que Sven era meu advogado e
estava cuidando dos meus interesses. E, bem, ele tinha uma parcela de razão,
de mim, a cadeira fazendo um gemido de alívio por perder seu peso de guarda-
costas. Caminhando em direção à janela, o homem inalou forte e pesadamente
enquanto pensava. Ele era um cara de poucas palavras, mais de ações, motivo
pelo qual eu entendia que ele precisava que eu tomasse uma decisão definitiva.
— Quem diabos ele pensa que é para exigir tal absurdo? — quase cuspi as
palavras, ainda inconformado com o rumo que as coisas tomaram. E não era a
primeira vez que me questionava aquilo. Tampouco esperava que fosse a última.
mais ocupou enquanto me encarava. Sua boca formando uma linha reta, as
narinas dilatadas.
— Não temos outra escolha. Ele não vai ceder. Se quer ir adiante, podemos
contratar alguém para fazer tudo dentro do prazo e daremos o que eles querem.
não arredará o pé. Não vacilará sobre essa cláusula. Ele tem essa vantagem e a
usará contra você.
— É absurdo.
Era, de fato.
costumavam tomar muitas decisões idiotas, até mesmo insanas, apenas porque
podiam se dar ao luxo. O mundo não dizia não a homens como Sr. P., mas
noite anterior, me afastei e fui para casa após me despedir com nada mais do que
Tinha certeza que, quando estivesse deitada em sua cama, ela imaginaria o
que lhe propus. Queria mesmo que imaginasse uma vida comigo. Eu sabia que a
gravidade da proposta a atingira como uma parede, uma com a qual ela não
esperava dar de encontro. Não que eu tivesse sido sutil sobre meus sentimentos
desde que nos conhecemos. Mas era a primeira vez que fui completamento aberto
caso não acontecesse, eu encontraria uma maneira de fazê-la ver o que estava
diante de si. De mudar de opinião, caso sua resposta fosse negativa. Sempre
consegui o que queria. E eu queria Max Black. Queria nós dois.
Ela só tinha que atravessar a Plataforma 9¾ [v] e confiar que essa viagem
daria certo. O que eu tinha certeza de que seria a melhor viagem de nossas vidas.
Embora tivesse esperado, desejado alguma reação, a única coisa que recebi
dela foi um silêncio ensurdecedor. Sem visitas. Sem mensagens. Tampouco
juntos, sem retorno. Falei com sua assistente, mas curiosamente ela estava sempre
Menos de um minuto depois, sorri para sua assistente atrás da mesa preta
brilhante que ficava na recepção do seu escritório, e ela estremeceu.
— Boa tarde, Sra. Dayse. Estou aqui para ver a Srta. Black. — Quando
abriu a boca para arrumar uma desculpa, me antecipei e levantei a mão para calá-
ridícula da sua chefe, ok? Sei muito bem que está na sua sala e estou indo vê-la
nesse momento. — Ela arregalou os olhos de pronto, fitando-me boquiaberta, ao
— Não se preocupe com isso. Sei que estava apenas cumprindo ordens. —
Pisquei para ela, antes de me dirigir até onde a pequena fujona estava.
abraçava suas curvas, o corte modesto parando um pouco acima do contorno dos
seios fartos e um colar de pérolas de grandes dimensões circundando o decote.
Como se sentisse meu olhar, seu profundo azul ergueu-se para encontrar o
meu através do amplo espaço, e ela emudeceu.
Max não disse nada depois de desligar, parecendo ainda em choque com a
minha intrusão na sua sala sem um convite. Não que eu precisasse de um, de
qualquer maneira. Com os olhos ainda trancados nos dela, segui até o pequeno
— Boa tarde, Sr. Galanis. Posso ajudá-lo em alguma coisa? — Sua voz
soou, formal, mas também suave e inabalável, trazendo uma formalidade que não
costumava usar comigo. Minha presença a deixou nervosa, mas ela estava
fazendo um excelente trabalho em esconder o fato. Contudo, eu a conhecia bem
seu lábio inferior, antes que ela franzisse a testa. As ondas morenas sedosas
caindo sobre o topo dos seios, enquanto ela expirava pesadamente e parecia
ponderar suas próximas palavras.
Minha mandíbula ficou tensa, mas não de raiva. Algo mais próximo da
impaciência dessas rodadas intermináveis de xadrez mental. Passara da hora de
acabar com esses jogos de merda.
— Bem, pena que essa não é uma decisão que cabe a você. — A resposta
— Pare de fugir. — Meu aviso férreo foi feito de forma clara, e ela piscou,
aturdida. De repente, se colocando na defensiva.
Max estava mentindo, nós sabíamos a verdade. Ela não estava totalmente
— Temo que você esperará para sempre, então. Porque obviamente minha
— Porque não quero. — Tentou, em vão, correr, mas o olhar que recebeu
de mim em resposta fizeram-na se dar conta de que era uma tentativa vã fugir.
Uma inspiração aguda passou por seus lábios abertos quando nossos
corpos quase se encontraram e ela engoliu em seco. Mas sua expressão era
impossível de ler. Os olhos, um azul metálico profundo, tentava esconder
qualquer menor sinal de emoção. Eu não encostei nela, mas seu corpo parecia
ansiar aquilo tanto quanto o meu. Ainda assim, ela era uma mulher com controle
total das emoções. Muito mais do que um rosto bonito e um corpo digno de uma
maratona de sexo.
volta para ela, esperando que daquela vez entendesse que não era um jogo para
mim.
— Nunca disse que era — lancei com um tom cuidadoso, firme. — Não
estou brincando com você, Max. Eu quero tudo com você. — Suas íris
iridescentes brilharam. Ela não disse nada por alguns segundos, mas enfim tomou
coragem para indagar: — Posso perguntar por quê? — sua voz soou baixa,
ininterrupta, como se temesse a resposta, uma contradição de si mesma de um
momento antes.
Eu poderia lhe dizer muitas coisas, mas nenhuma delas soaria melhor do
que a parte principal do motivo real que motivara que eu lhe propusesse aquilo.
— Porque quero isso há muito tempo, Max. Não finja que não sabe disso.
Dei pistas suficientes para você ao longo do caminho. — Sorri, mas ela não riu,
sequer piscou. Pelo contrário. Com olhos azuis tempestuosos sob as sobrancelhas
estreitas, ela descansou as mãos nos quadris.
— Sinto muito, mas não, obrigada. — Curta e doce, como se ela estivesse
dela, guiando meus lábios aos seus, os reclamando com força e desejo. O corpo
feminino se derreteu contra o meu, e um segundo depois sua língua dançou com a
minha, se encontrando em um emaranhado ansioso.
Como da única vez que nossos lábios se encontraram, não era nada
parecido com um primeiro beijo entre pessoas que nunca se tocaram, era mais
como um ato de desespero, fome, necessidade febril. Um reencontro.
O corpo gostoso se moldou ao meu como se tivesse sido feito sob medida e
não suportasse qualquer distância entre nós. Ela gemeu quando nossos quadris se
encontravam num ritmo suave, minha dureza pressionando-a, e, qualquer que
fossem suas preocupações, ficaram em segundo plano.
Ainda assim, a última coisa que queria era fazer com que se arrependesse
depois. Primeiro, queria que tivesse a certeza do que estava fazendo e não que se
deixasse levar pela paixão do momento. Por isso me obriguei a parar antes de que
—Vejo você amanhã, Max. Pense direito no que eu disse. Tenho certeza de
que sabe que não vai se arrepender. — Afastei-me rapidamente antes de sair pela
porta e não ousei olhar para trás, com medo de ceder.
perdidas incessantes que não atendi eram mesmo de Nikos, e eu não estava
errada. Devia ter imaginado que não aparecer para o trabalho o deixaria insano,
Sentindo-me ainda mais ansiosa do que já estava, por tantas razões que
retornar as ligações, mas, sim, ordenar minha mente inicialmente. Visto que
aquela não era a primeira noite que eu passava em claro.
No momento em que a luz da tela se apagou, o aparelho voltou a tocar.
Demorei três segundos para processar o nome piscando ali e mais um adicional
— Bom dia? Que história é essa de tirar o dia de folga e ainda não me
atender quando ligo? — foi o que ele perguntou de uma só vez, seu tenor de
veludo firme, um tanto incrédulo pelo pequeno ocorrido. Eu não costumava fazer
Segundo, porque eu era uma covarde mesmo. Embora tivesse fugido dele,
gostaria de entender o que o motivara a me fazer aquela proposta e tomar tal
atitude para provar seu ponto. Contudo, não consegui sequer colocar a cabeça no
lugar, quanto mais agir com tranquilidade.
A verdade é que, apesar de sentir tudo sob uma nova luz depois do nosso
beijo de tremer a Terra, tentava, em vão, enterrar profundamente aquela centelha
que me atingiu o peito. O corpo… tudo de mim. Eu não queria sentir nada
daquilo. Não podia. Sabia muito bem como poderia terminar aquela história,
então preferia pegar a saída à esquerda e tomar meu próprio rumo. Uma saída que
significava não apenas manter meu emprego, mas também o coração intacto.
Ele podia facilmente pegar o que quisesse, apenas para descartar o resto.
Como um leão devorando uma gazela e não deixando nada além de ossos antes de
fertilidade.
Ao longo do meu histórico fracassado em relacionamentos e no tempo
trabalhando com Nikos, tive de aprender a ignorar minha atração quase
insuportável pelo homem. O que fez com que eu me tornasse bastante habilidosa
no lance da Rainha da Negação.
— Espero que não tenha sido teimosa e que tenha feito exatamente o que
te disse para não fazer. — Meu silêncio deve ter sido resposta suficiente para ele,
porque pude ouvi-lo exalar forte, mas mantive-me calada sob seu escrutínio
desconfortável, mesmo que não pudesse me ver de fato. — Não importa, não vou
começar uma briga quando você claramente está fingindo que nada está
acontecendo. Tire seu dia de folga, se é o que precisa para colocar a cabeça no
lugar. Só espero te encontrar mais tarde no aniversário da minha mãe. Vamos
seus, considerando sempre indispensável ficarem juntos, sem falar nas datas
que comecei a trabalhar com o filho, que era impossível não me sentir acolhida
ou afeiçoada a eles. Eram como tios queridos, eu os adorava. Motivo pelo qual
não poderia, em hipótese alguma deixar de comparecer. Até porque, conhecendo-
palavra, quase como se quisesse me fazer acreditar que eu ficaria bem e poderia
carro.
Gaia estava linda e, como sempre, elegante, em seu cabelo curto quase
nos fazendo sentir queridos, benquistos. Era mesmo fácil se apaixonar pela
matriarca da família.
que estou aqui, não há como não a parabenizar novamente. — Dei-lhe outro
— Não tenho dúvidas de que vou gostar. Mal posso esperar para começar a
lê-lo mais tarde. — A voz saiu quase cantada, tamanha sua animação, e logo
recebi outro beijo carinhoso. Ao se afastar, vi-a abraçar o pacote quase como se
fosse precioso. E era exatamente como Gaia Galanis considerava aquelas páginas
que lia incansavelmente.
Como grega nata, a mãe de Nikos era apaixonada e valorizava todo tipo de
história e cultura que pudesse encontrar. E não apenas do seu país, mas de todos
os cantos do mundo. Ela costuma dizer que é no passado que está enraizado o
futuro. E, por isso, era tão ligada a qualquer tipo de manifestação antiga, fosse
Já que Nikos era seu único filho e desde que a conheci, ela meio que me
adotara, confessando sempre ter querido uma filha mulher, embora não tenha tido
sorte em conceber outro herdeiro. Por isso, vez ou outra marcávamos de nos
encontrar, algumas para almoçar, tomar um café, mas a maioria delas para irmos
juntas a sebos, antiquários, museus e até mesmo vendas de garagem. Sempre com
Eu me vi tão envolvida com sua paixão nisso tudo, que meio que acabei
me apaixonando um pouco por aquilo também. E o presente que lhe dei foi um
homens eram seus preferidos. Ela dizia serem os mais apaixonados por tudo e
quando tinham as duas características, eram um verdadeiro tesouro.
aproveitar para dar uma rápida espiadinha aqui, a fim de tentar conter a
ansiedade. Me cubra. — Ela piscou para mim, antes de se virar em seus altos
scarpins em direção à biblioteca.
Rindo, eu sabia que ela daria mais do que uma espiadinha e já que
demoraria mais do que dissera, não tinha alternativa, senão cobri-la como pedira.
Indo em direção aonde a festa parecia acontecer, segui o tilintar delicado dos
convidados brindando com suas taças de cristal. Observei ao longo do caminho o
Nikos usava um terno azul completo de três peças, e, meu Deus, o homem
vestido daquela maneira formal era um atentado ao bom comportamento. Era
mesmo um pecado, embora eu adorasse todas as facetas do seu guarda-roupa.
Era impossível olhar Nikolaos e não ter vontade de beijar aquela boca ou
contrário, pareceu inflar ainda mais o pequeno incêndio que se formara em meu
corpo.
grupo e logo abrira um sorriso enorme para me receber. Só que não me passara
desapercebido o rápido olhar observador que dirigiu ao filho, antes de vir me
cumprimentar de maneira tão calorosa quanto sua esposa fizera pouco antes.
espécie de fã do seu trabalho, do que construiu e fez. Ele era uma verdadeira
lenda. Só que nunca, em meus maiores sonhos, imaginei que por trás do grande
nome havia alguém tão incrível nas telas quanto fora delas.
Era mesmo uma pena que ele tivesse se aposentado tão cedo e eu não
tivesse tido a oportunidade de trabalhar com ele, porque eu sabia que poderia
aprender muito. Mas ele ensinara bem o filho, que fazia um trabalho incrível e
nunca dispensava o conselho daquele que o criou. Além de sempre estar por
dentro do que acontecia na empresa que fundara anos antes.
Dionísio Galanis ainda era bonito e charmoso de uma maneira única,
embora tivesse passado dos cinquenta, ainda preservava uma aura jovem. Eu
imaginava que no início da idade adulta ele era uma espécie arrasadora por onde
passava, e segundo as fotos que era possível encontrar on-line, era mesmo. A
esposa não teve chance, nem mesmo se quisesse.
sobrenome imponente. Não poderia ser mais perfeito, já que os olhos deles eram,
de fato, uma de suas características mais marcantes. Sem falar na beleza, claro.
mexia com o imaginário de muitas pessoas através dos séculos. Afinal, o conceito
de beleza surgiu na Grécia e foi conhecendo-os que entendi realmente o
significado da expressão “deus grego”. Claro que havia exceções, mas os Galanis,
O que eu achava de mais bonito em Dionísio era sua aura juvenil e atitude
tão simples e gentil. Deixando as roupas de grife de lado, ninguém poderia
imaginar que por trás daquele sorriso caloroso havia um homem tão incrível em
todos os aspectos. Ele lembrava um pouco meu pai, sempre alegre, animado,
perguntei o motivo de se aposentar tão cedo e Dionísio falou comigo sobre aquilo
a primeira vez, fiquei abismada com a coincidência, por ter os dois pensando da
mesma forma, embora fossem pessoas tão distintas.
Só que vendo-o ao lado da família e amigos, entendi que ele queria poder
ter a chance de viver aqueles momentos o máximo que pudesse. Tanto meu pai
quanto ele meio que tornaram a expressão um lema, um alerta de que a vida é
E eles tinham mesmo razão, já que meu pai acabou partindo muito novo e
fez questão de levar o lema a sério até o último segundo antes de morrer.
— Que Gaia não o ouça. Acho que você dormiria no sofá, caso o fizesse
— brinquei e ele riu gostosamente.
— Bobagem. De você ela não tem ciúmes. Mas vamos deixar isso entre
nós, para não ter qualquer chance. — Ele piscou, antes de recolher minha taça
baixa e vibrou no meu tímpano, ao mesmo tempo que trazia os lábios para
depositar um beijo no meu rosto. Perto, bem perto, próximo demais da minha
boca, um simples roçar que enviou borboletas ao meu estômago.
entregou uma nova taça com a bebida borbulhando e tratei logo de virar um gole,
necessitando de um pouco mais de álcool no meu sistema.
estavam em nós, mas não dava a mínima. Não era como se fosse a primeira
vez que as pessoas nos viam juntos, pelo contrário, já que por causa do
para falar.
Nunca fui do tipo inseguro, mas dizer que estava nervoso era
mim nos últimos dias, eu não tinha escolha a não ser pegar o que podia.
nossas taças para um garçom que passava, antes de nos levar em direção ao
escritório de meu pai. Fechando a porta atrás de nós, puxei o ar, mas ele não
veio. E por causa daquilo encontrei-me em silêncio por segundos quase
permaneceu ilegível.
— Por que eu? Sou apenas… eu. — Incapaz de evitar, eu sorri ante a
insegurança ridícula.
eu dizia em voz alta. Mas Max Galanis soava ainda melhor. Havia um anel
antes de voltar a atenção para uma pintura a óleo na parede, cujo nome do
que estava faltando na minha vida e não podia mais deixá-la dormir uma
noite sem que soubesse daquilo.
pena.
criança tirana?
bem o que quer. — Quando a vi suspirar, talvez prestes a voltar a fugir, fui
rápido em acrescentar: — Não sou outra coisa, senão persistente. E venho
esperando muito tempo para ter você.
Mas naquele momento, embora ela ainda tentasse negar, estava se abrindo
para a possibilidade, mesmo que não percebesse.
quanto antes.
mediterrâneas.
— Não estou atraída por você. — Ri com vontade dessa vez, antes
de me aproximar para colocar os lábios no seu ouvido e sussurrar: —
podia sentir a energia saltando entre nós. Era quase como se nossos corpos
estivessem falando um com o outro sem palavras. Ela podia fingir que não
queria nada daquilo, mas a verdade era que, o que sentíamos era muito
— Seu tom era neutro. Diferente. Ilegível. O que descrevia como ela tinha
estado nas últimas quarenta e oito horas desde que lhe propus ficarmos
juntos.
— Apenas pare, ok? Eu quero você. Quero nós dois. Quero ser o pai
do filho que quer ter. Quero tudo! Não adianta negar, porque é isso que vai
Ela riu, mesmo em meio às lágrimas que lhe escaparam, e sua risada
era doce, talvez aliviada. Senti que poderia ter quebrado algumas paredes
ali, mas poderia ser cedo para afirmar. Mas nunca, em meus trinta e dois
anos, recuei, e não estava prestes a fazer aquilo, especialmente quando tinha
certeza do que queria. E eu queria Max.
do que precisava, e com certeza agia quando o momento pedia ação. Não
brinquei quando disse que esperei demais por ela e foi uma tortura. As
seus.
desapareceram durante aquele breve beijo. O tilintar dos copos. O riso dos
porque nada mais importava além de nós. Eu queria mais. Queria mesmo
tudo.
sério.
Deslizando a outra para seus quadris, puxei Mari para mais perto,
— Estou falando sério. Mas tem que ser nos meus termos — ela
começou a falar. — Quero deixar as coisas mais privadas, não quero nosso
relacionamento abertamente público, afinal, trabalhamos juntos. Não quero
tipo um pré-nupcial. E se for para termos um filho mesmo, quero ter certeza
de que terei a custódia caso as coisas entre nós não deem certo. — Ela
respirou rapidamente, como se estivesse chegando a um acerto com aquela
— Não vamos nos separar, mas se é isso que você precisa que eu
concorde para que comecemos a praticar a coisa do filho, assino o que você
quiser — murmurei secamente, içando a sobrancelha, esperando novas
— Muito arrogante?
— Agora?
— Não vejo momento melhor do que esse. Meus pais estão aqui.
Puxei-a logo dali, porque estava falando sério, não confiava em mim
mesmo quando o assunto era Max. Enquanto caminhávamos de mãos
dadas, entre os convidados que não tiravam os olhos de nós, senti a dela
úmida na minha. Bem como a maneira que ela corava, quase sem conseguir
— Não fique assim. — Levei sua mão aos meus lábios para beijá-la e
deixar de rir, antes de assistir à reação de Max, que estava com o rosto mais
vermelho do que pouco antes, tamanho constrangimento.
— São meus pais, é pecado mentir para eles. — Ela revirou os olhos
de pronto e aproveitei para roubar-lhe um beijo rápido.
autêntico, porque era verdadeiro, mas a ideia de mentir para a minha família
era tão atraente quanto espetar meu pau com um espeto de churrasco. Além
do mais, não fui exatamente sutil com minhas intenções em relação a ela ao
sorrir enquanto falava, o que me deixou contente. Não tive dúvidas de que
adoraria a novidade. Ela sempre deixou claro que adoraria ter Max como
sua filha.
Minha mãe a abraçou, sem deixar de sorrir, e não consegui não fazer o
mesmo. Em parte, porque estava mesmo feliz, mas também porque o
constrangimento de Max era interessante e eu estava adorando aquilo tudo.
pendurado no ombro. Sua expressão era ilegível enquanto seu olhar pesava
sobre mim, as sobrancelhas alçadas, uma persuasão silenciosa. Um olhar
preocupado, consternado.
Uma pausa interminável pairou entre nós e abri a boca para falar,
mas quando o fiz, ele me cortou com um aceno de mão e a voz um pouco
rígida.
essa menina, você sabe. A temos como da família e temos certeza de que
você gosta dela também. Só, tome cuidado, ok? Talvez você esteja fazendo
as coisas certas pelos motivos errados. Acho melhor conversar com Max.
A voz do meu pai era firme, baixa, mas também havia um certo
pesar. Suas palavras foram como uma pílula amarga e irregular, bem difícil
de engolir. Eu sabia que ele tinha razão, só estava tentando me enganar que
tudo daria certo no fim.
Não apenas fomos o centro das atenções durante a noite, como Nikos,
sendo Nikos Não apenas fomos o centro das atenções durante a noite, como
Nikos, sendo Nikos, também não tirou os olhos de mim desde que cheguei à
festa. E seu olhar pareceu apenas se intensificar desde que assumimos nosso novo
tão cega a ponto de não perceber que Nikos de fato nutria mais do que uma
atração por mim durante todo esse tempo.
Não sabia responder, talvez tenha apenas preferido a ignorância cega, bem
como também não sabia como me sentir diante de tudo, especialmente porque
tudo estava acontecendo tão rápido. Nem minha mente, tampouco meu coração,
conseguiam acompanhar.
em quando, notei o seu corpo tenso, a mandíbula apertada. Eram raras as vezes
em que ele desviava para longe, mas seus olhos sempre retornavam para mim
Ele basicamente me fodeu com os olhos toda a noite. Então, nós tínhamos
ficcionalmente fodido e isso significava que a coisa real era o próximo passo
O chão parecia um pouco instável horas mais tarde. Eu não tinha certeza
de quanto álcool bebi, porque foi muito, a fim de acalmar os ânimos, claro, mas
não acho que estava bêbada. Um pouco tonta, talvez. Mas não bêbada. Ainda me
sentia plenamente capaz de tomar decisões, tanto imprudentes quanto não. Como
dali em diante. Mas qualquer dúvida que pudesse ter tido se esvaiu quando o
manobrista desapareceu para buscar nossos carros e Nikolaos me pressionou
contra a superfície mais próxima, reclamando a minha boca com a sua.
Fui obviamente pega de surpresa, mas não me fiz de rogada e o beijei de
volta, porque também queria aquilo. E mais. Também estava grata pelo lugar ao
nosso redor estar deserto e escuro, principalmente quando sua mão deslizou pelo
meu lado e parou em cima do meu decote, fazendo-me ansiar por mais do seu
toque.
—Max. — Meu nome saiu da sua boca como uma espécie de bênção e
maldição. E, porra, era demais para mim.
Deus, eu amava a maneira como ele dizia meu nome. Tão profundo e
— Você vai para casa comigo esta noite. — Ele não estava pedindo, apenas
avisando. Deveria haver alguma explicação biológica, se não psicológica, para
que aquele tom autoritário, de quem não dava brecha para contestação, não me
irritasse, mas, sim, excitasse.
como a sanidade.
Meu coração martelava no meu peito, e dei um passo para trás, abrangendo
apreensão e excitação. Meu corpo estava cheio de circuitos elétricos que eu era
capaz de sentir dos meus folículos do cabelo para as pontas dos meus dedos. Uma
mancha de calor entre as minhas coxas pulsava. Uma dor que não podia ser
sufocada.
Maldito grego!
— Você vem. Isso não está em discussão! — Suas mãos voltaram para a
minha cintura, puxando-me de volta para ele, beijando-me mais uma vez. Leve,
pulsando contra meu ventre, mas também a verdade por trás das palavras
proferidas em cada fibra do meu ser. Então obviamente eu não podia, nem
e no segundo seguinte estávamos ali, tirando nossas roupas com uma rapidez
impressionante.
segundos, enquanto nos víamos completamente desnudos pela primeira vez. Meu
estômago se agitou e quase ri de excitação. Era como a manhã de Natal e eu
estava vendo meus presentes serem desembrulhados. Cada célula do meu corpo
formigava, cada centímetro de mim desejando o que ele tinha para dar.
embasbacada, com água na boca. Muito parecido com o resto desta magnífica
criatura, seu pau não era pequeno. Muito pelo contrário. Não era à toa que o cara
era tão arrogante, com aquele corpo e aquele pau, era mesmo compreensível.
E, ok, talvez ele tivesse destruído algumas das minhas células cerebrais.
Pois tudo o que podia ouvir era o sangue correndo nos meus ouvidos. Eu não
queimando com o fogo que parecia vir dele. Cada célula do meu corpo podia
sentir. Era como se eu estivesse queimando viva por ele. Se me senti vulnerável
antes, estava completamente exposta àquele homem. Nada para cobrir meu corpo
e alma.
me provocava, abaixou a boca no meu ouvido para completar com tom baixo e
rouco: — E pensar que nem te fodi ainda e você já está assim.
como aqueles não eram destinados para pensar. Eles foram feitos para fazer.
Apreciar. Experimentar. E eu queria fazer tudo aqui, não importava a ordem.
sentir o calor subir pelo meu pescoço a partir da respiração dele espalhando-se
pela minha orelha. O calor do seu toque, o corpo dele contra o meu e a cadência
de sua voz agitando algo dentro de mim; uma fusão de eletricidade que
provando seus lábios, sentindo o poder em seu impulso, sentia-me sem fôlego,
mas completamente pronta para ele.
caminho sem volta e não serei mais cavalheiro! — Ele se afastou o suficiente para
perguntar, a mão dele descansando pesadamente em meu quadril, seu corpo ainda
contra o meu, como se não pudesse se afastar.
não quero isso, Nikolaos. — Ele congelou, o coração parecendo ser capaz de sair
do peito a qualquer instante. — Eu preciso disso! —acrescentei rapidamente,
sorrindo para ele, que pareceu recuperar o ar que tinha perdido.
— Bom Deus, mulher! Nunca mais me assuste desse jeito! Quase morri do
coração! O que seria uma lástima, porque nem teria te fodido antes de morrer! —
ele rosnou, antes de morder meus lábios e me carregar até a cama, enquanto eu
ria.
O riso morreu nos meus lábios no exato instante que ele se abaixou entre
as minhas coxas. A doce queimadura de sua barba de algumas horas contra a
minha pele, fazendo com que minhas pernas se afastassem mais, e eu me abrisse
Meu corpo relaxou com seu toque, entregando-me, ele navegando em cada
parte íntima minha com uma destreza única, como se já tivesse estado lá mil
vezes antes, só que tudo era brilhante, novo e mágico.
ele. Nikos me devorava em um ritmo único e não demorou para a minha mente
entrar em um espiral explosivo para fora da órbita. Balançando os quadris
descaradamente contra sua boca, busquei pelo meu prêmio e o grunhido que
disse a mim mesmo que faria essa noite ser sobre você…
— Estou falando sério. Queria que nossa primeira vez fosse especial, mas
você é a coisa mais sexy que já vi. E esperei tanto tempo por isso, que sinto que
se eu não puder estar dentro de você nos próximos três segundos, vou
enlouquecer! — soltou em um rosnado, e os olhos brilhando com as intenções
ele se posicionou em cima de mim, segurando a base de seu pênis com a mão
direita. Puxando uma respiração profunda, alinhou-se na minha entrada, meu
corpo tenso com antecipação.
Sua boca voltou à minha, no exato instante em que ele entrou em mim com
uma estocada escorregadia e ávida. Por um breve momento, senti-me como se
meu canal apertado, seu ritmo aumentando. As mãos de Nikos puxaram minhas
coxas para sua cintura, para que ele pudesse entrar mais fundo. Impulsos
crescendo mais e mais rápido, a mandíbula apertada e os olhos azuis brilhando
em luxúria.
Queria-o completamente fora dele, do mesmo modo que fazia comigo. Então o
instiguei, apertando seu pau propositalmente, fazendo-o rosnar.
Eu não tinha certeza de quanto tempo se passou, mas não queria que
acabasse. Poderia ficar ali toda a noite, debaixo dele, com ele dentro de mim, me
comendo, me amando, para sempre.
Com meus lábios nos dele novamente, os quadris batendo contra os meus
com uma necessidade tão feroz, que era tanto deliciosamente dolorosa, quanto
desesperadamente doce. O atrito quente entre nós enviou-me rapidamente para o
meu limite. Minha respiração pegando em minha garganta, minhas unhas cavando
batendo contra o meu como se fosse um só. Então estávamos presos em conjunto,
fundidos e sem ar. E naquele instante éramos dois amantes apaixonados. Gostei
braços, procurei pelo corpo macio que se moldou perfeitamente ao meu quando
dormimos quase ao amanhecer do dia, querendo mais, como um viciado.
Contudo, ao invés da pele aveludada e do seu calor, encontrei apenas o frio vazio.
irritante da manhã que deveria ser perfeita, mas logo tratei de ficar de pé, pois não
tinha tempo a perder. Lentamente, andei até o banheiro, mas conforme imaginei
cobertura, antes de descer para o piso inferior, quase rezando que estivesse lá nos
— Não é possível que tenha ido embora! — falei comigo mesmo, porque a
verdade era que, lá no fundo, eu já sabia que deveria ter previsto que ela fugiria.
Mesmo depois da noite que tivemos juntos, tinha que ter desconfiado que
Max não cederia tão facilmente ao que sentíamos um pelo outro. A filha da mãe
O que existia entre nós era loucura, fogo, paixão, mas também havia muito
sentimento envolvido, mesmo que tentasse negar. O que era completamente em
vão. Não era arrogância ou o fato de ser um babaca acostumado a ter a mulher
que queria, que me levava a pensar aquilo. Não, eu apenas sabia. Podia sentir a
Embora fosse novo, passei da fase de querer apenas mais uma. Não, eu a
queria. Com a gente era diferente. O que aconteceu nunca experimentei antes e
apenas cimentou o que eu já sabia ser verdade. Estávamos destinados, e como
bom grego eu acreditava fielmente naquilo. E, não, não havia como fugir do
conquistar seus sonhos. Só que por trás de toda armadura, também havia uma
mulher doce, tímida e até mesmo insegura, uma mulher completamente diferente
de qualquer uma que conheci. E aquela oposição, seus contrastes, eram
para não deixar meu sangue e temperamento grego levarem a melhor. Poucas
coisas me tiravam do prumo, mas uma delas era aquela mulher. Respirando
fundo, para não perder o controle que estava por um fio, tentei pensar
Eu queria dizer mais, mas a despeito de como me sentia, achei melhor não
pressionar por um simples texto. Segurando-me para não pirar, joguei o aparelho
no balcão da cozinha e comecei a me preparar um café, enquanto aguardava por
madrugada juntos, o que só me emputecia ainda mais, porque foi tudo. Bem além
dos meus sonhos mais loucos ou pervertidos. Nunca fui santo e já transei com
tantas mulheres que não conseguia contar, mas com Max foi como andar em uma
montanha-russa pela primeira vez. Aquela antecipação, a adrenalina, então o
mesma forma, por isso não me conformava que tivesse partido daquele modo.
entregue, mas não lida. Não ia e nem conseguiria ficar ali esperando por uma
réplica. Uma que poderia muito bem não vir, por isso virei o restante do líquido
escaldante na boca e subi para colocar uma roupa.
cara.
Em especial na conversa que tive com meu pai, antes de sair da sua casa na noite
anterior. Minha consciência dizia que ele estava certo, mas dada a maneira com
que Max agira aquela manhã, eu não tinha tanta certeza de que era uma boa ideia
desci direto para a garagem no subsolo. Há alguns meses, Max tinha dado
permissão permanente para que eu tivesse livre acesso, sem que eu precisasse de
manhã, era uma coisa boa, já que eu não estava com ânimo para que ela me
dispensasse sem nem mesmo se dignar a dizer aquilo pessoalmente.
Quando cheguei à sua porta, decidi tocar a campainha apenas por cortesia,
já que poderia muito bem usar a cópia da chave que tinha, mas decidi lhe dar a
vantagem de saber que eu estava ali. Ao menos deste modo poderia se preparar,
que eu apareceria. Max me conhecia bem demais para presumir que eu não
permitiria que ela tentasse fugir e que eu viria atrás dela para confrontá-la.
Minha respiração parou no exato instante que a porta se abriu. Mesmo sem
maquiagem alguma, com cara de quem quase não dormira, era linda demais, a
— Oi. — Seu tom saiu baixo, acanhado, e não gostei de como soou. Como
diretamente para a cozinha, onde deixei um saco de papel com nosso café da
manter a voz baixa, quando minha vontade era esbravejar ante aquele detalhe que
ela propositalmente se esquecera de me contar.
— Não tenho mais tanta certeza — ela começou a falar, contudo foi mais
rápida em continuar quando me viu abrir a boca para interrompê-la: — Acho que
não é uma boa ideia continuarmos com isso — disse simplesmente, deixando-me
pressionei, dessa vez não conseguindo controlar o timbre irritado, ao passo que a
encarava duramente, deixando-a ainda mais sem jeito.
Sério mesmo que ela achou que poderia vir com aquela desculpa para cima de mim?
— Então o que sugere? — continuei, tentando manter meu temperamento.
— Que apenas esqueçamos que estive dentro de você e a fiz gritar meu nome
inúmeras vezes enquanto gozava? E que muito em breve vai gemê-lo novamente?
Seu tom saiu tão formal, que era como se estivesse falando com um
estranho, e não comigo, com quem tinha intimidade e que ainda por cima fez
amor com ela a noite toda. O que, obviamente, me incomodou pra caralho.
Nós dois sabíamos que o que sentíamos não era unilateral. Tampouco um mero
tesão que foi aplacado depois de uma noite de entrega. Ela era teimosa e mesmo
depois do que vivemos e do divisor de água que representou, ainda assim Max
— Não, não estou delirando. Delirar é o que você fará no meu pau em um
instante, se continuar sendo teimosa! — grunhi, como um drogado que estava
prestes a alimentar seu vício e fazê-lo provar do próprio veneno.
entregavam.
Não queria ser rude, mas se fosse preciso usar meu poderio, eu o faria. Mas
a faria entender de uma vez por todas o que estava bem na sua cara.
— Não tem certeza de que não dará certo? — Eu repeti suas palavras,
incrédulo, porque a sensação que tinha era de que estávamos dando voltas.
era provar.
contra os meus, fazendo-a sentir minha dureza e eu respirá-la nas partes mais
profundas de mim, porque aparentemente não conseguia o suficiente.
que a beijei, meus dedos segurando sua nuca, a outra mão deslizando na sua
bunda, antes de levantá-la e levá-la até o sofá.
eletricidade pura, febril e incontrolável, como apenas ela era capaz de despertar.
Deitando-a no sofá, posicionei-me sobre seu corpo, as bocas ainda unidas em um
clamor quase violento. O beijo não era gentil, mas tão duro e impetuoso quanto
Deslizando a mão por cada parte dela que podia alcançar, continuei
reclamando sua boca com gosto de café e o seu próprio, viciante. Os lábios
desceram pelo seu pescoço, parando apenas em cima do amplo decote, chupando
a pele macia dos seus montes, enquanto minha mão começava seu caminho pela
parte externa da sua coxa.
sua calcinha. Meu dedo provocou a parte interna da perna dela, parando para
empurrar o tecido para o lado. Mordendo os lábios, ela jogou a cabeça para trás e
se esfregou em busca de mais, erguendo os quadris, toda fogosa, carente.
e dada a forma que parecia ansiar por mais, Max se sentia da mesma forma, por
isso me afastei apenas o suficiente para tirar sua roupa.
Como imaginei que faria, ela não protestou nem disse qualquer coisa,
mesmo nua diante de mim. Afastei-me o suficiente, não apenas para me despir,
mas também para admirar a perfeição de mulher que tanto me enlouquecia. Ela
me encarava abertamente, a luxúria suplantando o temperamento naturalmente
teimoso. Um que eu estava determinado a vencer.
conter. Tesão faminto, vontade de me perder no corpo lindo, que parecia ter sido
moldado para mim.
esconder, o que achei positivo, e antes que pensasse demais, tratei logo de calar
qualquer pensamento com um beijo. E o desejo por ela se espalhava ferozmente,
como nunca senti antes. Meus dedos voltaram a acariciá-la e, como já tinha
— Sou louco por você, Max. Como pode achar que isso entre a gente pode
— Não tenha. Desde o instante que te vi, sabia que precisava fazer com
que fosse minha.
O filtro que poderia ter entre meu cérebro e boca se foi, pois o desejo e a
forma que me sentia derrubaram qualquer barreira que poderia existir. Assim
como eu esperava fazer com ela.
— Preste atenção no que vou te dizer agora, Max. Tudo bem que tenha
medo, mas não fuja, porque vou provar que não há motivos para isso. E vou fazer
isso todos os dias, se preciso for. Agora apenas sinta que fomos feitos um para o
outro.
o, ao mesmo tempo que entrava nela, empurrando o suficiente para que sentisse a
cabeça do meu pau, mas em sua ânsia ela rebolou, como se precisasse de mais, e
eu dei.
Porra!
deixava ainda mais louco. As bocas se devoravam como se não pudessem ficar
longe, enquanto o ritmo da nossa foda acelerava, molhando nossos corpos de
suor, e ela se fechou como uma luva apertada à minha volta, suas paredes internas
convulsionando. Aumentei a velocidade e foi como ser atingido por uma descarga
elétrica, meu pau entrando e saindo de seu corpo, ao passo que ela me
sabia que não fez aquilo só fisicamente, mas também de forma metafórica. Eu
estava nela, sempre estive, e não deixaria que nosso destino fosse diferente.
Metendo nela mais algumas vezes, sem contenção, porque ela era gostosa
limite.
luxúria do próprio orgasmo que perdurava, mas eu não podia parar de admirá-la.
Linda, nua, entregue… minha. Mesmo que ainda estivesse dentro dela, sentia
como se não pudesse me manter perto o bastante e, sem conseguir me afastar,
abaixei-me para beijar sua boca para sussurrar: — Você não vai mais fugir de
seguinte surtando com tudo o que ele me fez sentir ao me levar para a cama
e meio que tentei fugir. Mas como grego obstinado que era, Nikos não me
deixou ir muito longe. E desde que provou seu ponto, não houve uma noite
desde então que não tenhamos passado juntos, fosse na minha ou na sua
casa.
Com cuidado, virei-me o suficiente para observar o rosto bonito
ainda achasse que estava cometendo uma besteira ao me envolver com ele.
dolorida na maior parte dos dias. Uma dor boa, uma que eu gostaria de
Eu não era burra, sabia bem que estava cruzando uma linha que
culparia a ele também, já que a forma que me olhava, abraçava, fazia amor
sentisse intimidada pelos sentimentos que ele me despertava. Mas não era
fácil.
A questão nunca fora sobre querer, afinal, teria de ser muito frívola
para não sentir nada por ele. O problema eram as diferenças, desde quem
ele era, a idade, em especial meu péssimo histórico de relacionamentos. Até
mesmo o familiar.
mais fez. Mas era mais do que sua aparência. Durante esses dias, aprendi a
amar a sua força, sua intensidade. Tudo nele.
Então por que sentia estar magoando-o com toda aquela defesa que insistia em manter de pé?
também me blindar. O que, por vezes, fazia com que pensassem que eu era
tipo a Rainha do Gelo.
suficientes de que ele não era só lindo, mas também gostoso a ponto de
fazer com que eu perdesse o sono quase todas as noites, me entregando a
ele.
No entanto, não era somente o sexo enlouquecedor, mas o dia a dia.
que, para alguém como eu, cética no que dizia respeito a príncipe encantado
real, mas também estupidamente carente, os pequenos gestos tornavam-se
calmo. Era uma espécie de tsunami, um que arrastava tudo que via pela
frente, incluindo o muro que construí em torno do meu coração.
Então, por mais que lutasse contra, era impossível dar-lhe apenas
uma ínfima abertura, quando ele não se contentava com pouco e parecia
— Sim, vamos fingir que é verdade e que você não estava aí, nos
que você tenha optado por trabalhar nos bastidores e não em frente à
câmera, porque obviamente que precisa praticar a coisa da mentira. Você é
ou parar de ser tão lindo. Ainda mais tão cedo, para eu conseguir me
blindar.
— Ai, ai, Max Black, sua sorte é que tenho muitas ideias de como
fazê-la engolir o que fala.
— Você está tendo muitas ideias sobre o que fazer comigo —
debochei e ele sorriu de modo perigoso.
Revirei os olhos para ele, um hábito que não tinha pretensão alguma
atrasando ultimamente.
o que Nikos queria, não sairíamos da cama para nada, apenas para comer e
ir ao banheiro.
cabeceira.
— Temos compromisso.
para casa, vão sobreviver por uns minutos a mais. Ou horas. — Balançou a
sobrancelha, sugestivo, e mordi os lábios para não rir.
Por mais tentada que estivesse, não poderia ceder, por isso virei-me
— Max.
Nikos finalmente ganhou minha atenção ao chamar meu nome e
gostasse tanto dos seus pais ou não estivesse tão nervosa com aquela visita
sobremaneira. Nikos não entendia. Não entendia a pressão que tinha sobre
não tinha que se preocupar com aquele problema, já que a única pessoa da
minha família que restara, era minha irmã mais velha, irmã que só estava
perderia muito tempo secando-o com a escova secadora. Fora que ainda
amarem mais. Só se você fosse minha irmã, o que nos faria viver um
incesto. — Ele fez uma careta enojada que se igualou à minha. — Além do
— Sim, é a segunda vez que você diz isso desde que acordei. Ao
menos dessa vez não fui chamado de prepotente. — Abri a boca para dizer
aquilo, mas ele me calou com outro beijo. — E, confesse, você gosta desse
você.
público, óbvio que, com seu jeito nada sutil, ele fez tudo ao contrário. Fez
Nas nossas saídas juntos, ele também não costumava ser nem um
Hollywood, afinal, acho que o mundo não estava preparado para ver o
fez estremecer.
— Tem certeza que vai só assistir? Ou você vai vir pegar o que quer?
— Ainda nem acredito que estão aqui! — foi o que minha mãe disse,
assim que nos recebeu na porta da sua casa para o almoço marcado e desmarcado
algumas vezes.
— Como se não nos visse quase o tempo todo — gracejei, porque a mulher
parecia não se conter ao nos cumprimentar. Como já fizemos muitas vezes, mas
era a primeira vez que nos encontrávamos desde que Max e eu assumimos um
relacionamento.
— Oh, pare com isso! Até porque, você vem monopolizando a minha
por ter mantido Max só para mim desde então. E duvidava muito que ela tinha
importei com sua efusividade. Ela sempre fora daquele jeito, amorosa ao extremo,
e eu a amava demais para achar ruim, pelo contrário. Em seguida foi até Max, que
Por ter perdido a mãe quando ainda era um bebê e não ter família por perto depois
que eu vinha tentando contornar aos poucos. E por mais teimosa que fosse, estava
começando a surtir efeito, já que, por ser filho de Gaia, eu era do tipo carinhoso
mesmo.
e veio até nossa casa! — Meu pai beijou e abraçou fortemente uma Max muito
vermelha, enquanto eu ria, nem qualquer pesar daquele drama de Baba.
apaixonado.
— Claro, porque você veio de cegonha. Olha para ela, até hoje ainda faz
com que eu me sinta do mesmo jeito. O mesmo bastardo sortudo que tirou a sorte
enquanto Max ficou ainda mais vermelha, envergonhada por estar na presença
dos meus pais, mesmo que não tivesse motivos para aquilo.
Por causa do meio em que fui criado, com uma grande família e na
indústria cinematográfica, era naturalmente sociável e meu pai costumava dizer
que eu nasci como uma máquina bem lubrificada e podia operar tudo e todos ao
meu redor.
Contudo, não tinha nada mais prazeroso para mim do que estar à vontade,
no meio dos meus, rindo, bebendo, conversando, sem me preocupar com nada.
compromissos de trabalho.
quitutes da nossa terra natal, naquele dia, ela pareceu ter feito propositalmente um
curso intensivo da nossa culinária com um pouco de tudo, como introdução para
Max. Motivo pelo qual tive a impressão de que minha deusa parecia estar prestes
a entrar em coma alimentar, já que não estava tão acostumada a comer tanto
quanto nós em uma única refeição.
vinho, Raki e frutas.[xvi] Uma prática bastante utilizada em nossa cultura e uma
forma que minha mãe encontrou de desejar formalmente boas-vindas para Max.
Max Black era linda de todas as formas, mas assistir ela emocionada e
sorrindo de modo tão feliz apenas solidificou a certeza que já existia em mim.
Oferecendo minha mão para segurar a dela, convidei-a para sentar-se no meu colo
e ela veio, ainda meio sem jeito, antes de nos beijarmos levemente.
Embora tivesse apenas nascido lá e tivesse sido criado nos Estados Unidos,
e nossos costumes fossem diferentes, ela sabia o que pequenos gestos como
aquele significavam.
Relacionar-se com alguém da minha origem era fazer aquilo com toda a
família também, porque para nós era sinônimo de eterno. Como todo grego,
aqueles, junto à mulher que eu queria para mim, por mais simples que fossem,
apenas me davam certeza dos planos que tinha para nós.
Apesar de saber que a queria há muito tempo, ter minha família sempre
fora algo que desejei para o meu futuro, mas não era algo urgente. Embora as
coisas tenham mudado desde que descobri que era a sua vontade, e mesmo que eu
fosse um planejador por essência, não me importava nem um pouco em ver meus
planos bagunçados, se aquilo significasse que a teria.
Eu queria aquilo. Um futuro. Sem fugas, físicas ou mentais. Queria ter a
chance de ver meus filhos nascerem e mais tarde correrem por aí; queria assistir
aos meus pais babando em seus descendentes, mimando-os como sabia que
fariam. O legado de um homem é tudo. Eu queria meu próprio legado. E Max era
parte daquilo, afinal, homem de família ou não, aquele desejo só poderia se
dos seus hobbys, que iam desde livros a objetos de antiguidade, coisas que as
Já eu, aceitei o convite de meu pai de ir até seu escritório e, por mais que o
lugar tivesse sido cenário para a primeira vez que Max aceitou que ficássemos
juntos, assim que a porta se fechou, esqueci tudo e soube que não era por acaso
— Pode falar, baba — falei sem rodeios, assim que me sentei na poltrona
em frente à dele.
Sempre tivemos uma relação franca como pai e filho. E por mais nervoso
que me sentisse, estava também curioso para saber o que tinha transmutado o
rosto de feliz e relaxado do velho Dionísio, para tão sério rapidamente, porque
— Sobre?
perguntas com outras, para que pudesse digerir e estar no controle das conversas e
negociações.
— Não vamos fingir que não sabe do que estou falando, Nikolaos. Falei
com você sobre isso no outro dia, no aniversário da sua mãe.
Eu não disse nada e ele tomou meu silêncio como resposta, pois quando
tornou a falar, seu tom não era mais tão relaxado quanto o de segundos antes.
— Olha, você está fazendo besteira e vai se arrepender disso. Fico feliz
que finalmente estejam juntos, de verdade, mas se quer que o relacionamento que
começaram dê certo, tem que ser sincero com ela em primeiro lugar. Construir
um desse modo, só vai levá-los para um inevitável e magoado fim. Sem
confiança, honestidade, não há paixão que suporte.
Engoli em seco, porque ele tinha razão, não dava para negar, mas também
não pude responder em um primeiro momento. Notando minha hesitação, nossos
olhares permaneceram conectados, o seu firme no meu, enquanto afundei ainda
mais na poltrona do outro lado da dele, como um menino que fora pego em
flagrante aprontando.
A taça de vinho ainda estava levemente segura entre meus dedos, uma
metáfora de como estava meu relacionamento com Max, que poderia facilmente
escapar e espatifar-se ao chão. E a última coisa que queria era que algo do tipo
acontecesse. Não apenas não queria, como também não podia permitir, caso
Porra!
Uma hora antes, nós comemos no jardim e então meu pai trouxe-me para o
escritório e passei a ter a sensação de que acontecera uma vida atrás, diante do
A parte racional em mim me dizia que tinha que seguir o conselho de meu
pai, mas meu instinto ecoava o tempo todo que a perderia. Eu me via cada vez
mais em conflito, mesmo sabendo que Max era adulta e tinha o direito de tomar
uma decisão sobre seu futuro sozinha. Mesmo que eu não fizesse parte dele.
fugir do que deseja. — A voz grave do meu pai cortou o silêncio que se
instaurara, soando introspectiva, de modo que não me atrevi a olhar na direção
dele.
Antes que pudesse confirmar ou falar qualquer outra coisa, meu pai
levantou-se da poltrona e andou até parar de frente para a janela. De onde eu
estava, não podia ver, mas sabia que dava vista para a estufa, a que mandou
construir para mamãe há alguns anos. Ele não teve vergonha de admitir que fizera
aquilo porque queria poder ter a chance de olhar para ela cuidando de suas flores,
quando estivesse ali, já que, segundo ele, vê-la não o deixava esquecer o que era
Apesar do tom enganosamente calmo, sabia que por dentro meu pai estava
tão preocupado quanto eu. Ele me olhava de um jeito sério, enquanto esperava
por uma resposta, e tentei adivinhar o que pensava, mas por fim desisti.
meses, mas somente da última vez que ele nos apresentou as exigências. Vamos
nos reunir essa semana novamente. Temos mais alguns detalhes para discutir com
nossos advogados.
Quase sorri quando ele disse aquilo, porque nem parecia que se aposentara
há alguns anos, diante do tom profissional que me dirigiu. Só que por mais que
soubesse que seria bom tê-lo comigo, ainda assim não conseguia me sentir
completamente aliviado. Talvez não me sentisse até resolver de uma vez aquela
situação. E eu esperava, sinceramente, saber o que fazer até lá, porque eu não
queria perdê-la.
Nunca.
CAP Í TULO 11
colecionava.
muito diretamente, não me sentia desconfortável quando aquilo era feito por
Gaia. Não apenas porque a adorava, mas sabia que ela não perguntava por
preocupação, pois não tinha muitas pessoas ao meu lado. Entretanto, desde
família. Que no caso resumia-se à minha irmã, mesmo que não fosse
alguém com quem eu pudesse de fato contar, nem para salvar-me a vida.
uma banda de rock, seguindo-o para onde fosse como uma espécie de
cedo, pois ela vivia constantemente preocupada com a filha mais velha. E
Eu não tinha mais do que quatro anos quando aquilo aconteceu, era
muito pequena, mas conseguia lembrar perfeitamente como as coisas
sem ligar, dar notícias ou sequer avisar que estava viva. Só entrava em
agonizando de preocupação.
apresentou. Quando eles brigavam, ela voltava dizendo que tudo estava
dizendo, mais do que alguns dias, e ela logo retornava para aquele ciclo
doentio, que era aquele mundo que ela amava e do qual não tentava sair.
demonstrar, ou apenas em respeito ao que ele sabia que nossa mãe gostaria,
papai demorou a dar o ultimato em Rachel. Quando o fez, eu já tinha oito
vivia uma vida para mim mesma, revezava-me entre o cuidado da nossa
casa, dele e das idas quase constantes com ele para o hospital.
palavra, jamais. Não quando sabia o preço que paguei por estar lá. Não era
exatamente o emprego dos sonhos, longe disso. Mas foi lá que descobri o
que queria fazer e independentemente de qualquer coisa, ou ajuda que
Depois de um tempo, ela foi localizada e então liguei para falar do estado
de saúde do nosso pai, porque achei que, embora não nos procurasse há
Quase não a reconheci, porque em nada tinha a ver com as fotos que
restaram na nossa antiga casa. E embora tivesse menos de quarenta, vestia-
se com roupas vulgares, maquiagem pesada no rosto cheio de Botox e uma
postura de rebelde, como uma adolescente desviada. A coloração vermelha
nos olhos azuis, que já haviam sido tão parecidos com os meus, não era de
— Sinto muito que tenha que passar por isso, minha querida. — O
toque gentil da mão de Gaia na minha, assim como o tom doce de quem era,
convívio, apenas fechou a porta para aquela relação tóxica que viviam. Pelo
próprio bem de vocês. E dela, claro, caso resolvesse realmente enxergar e
querer mudar de vida.
mundo.
querer ser ajudado também e não me parece o caso da sua irmã. Pelo
sentia nervosa, pensei por um instante no que falara. E no quanto era boba,
por ainda permitir que tivesse qualquer influência, mesmo que não
— A senhora acha mesmo? Que ela sabe que não vou dizer “não”?
— Com certeza, querida. Seu pai tomou uma decisão e por anos ela
— É verdade.
Nunca tinha pensado por aquele lado. Por quase dez anos, Rachel se
virou da forma que podia, sabe Deus como, já que nunca se dignou a
confidenciar e nem uma vez nos procurou, nem mesmo para pedir ajuda. Só
que, desde voltou, o círculo vicioso retornou junto com a atitude nunca
perdida.
se a dinâmica familiar está marcada por algum trauma ou por algum tipo de
relacionamento tóxico.
— Sei disso, mas não consigo simplesmente virar as costas para ela
seja, é parte do problema. E essa ajuda, pode auxiliá-la tanto com seus
próprios conflitos, quanto com o seu núcleo. Isso pode servir como uma
ponte para construir a relação das duas. Até mesmo beneficiar sua irmã,
Embora também soubesse que não era saudável fazer nada daquilo. Só que
acabei não vendo que, daquela forma, só a estava prejudicando ainda mais.
profissional, qualquer coisa, sabe que pode contar comigo. — Ela apertou
minha mão como gesto de apoio, um que senti em cada parte de mim. Em
— Não tenho tanta certeza disso — consegui dizer por fim, embora
não reconhecesse minha própria voz, tamanha a timidez.
maternais.
coisa que meu filho não sabe fazer é mentir. Claro que várias tentaram,
nesse mundo mais sincero do que Nikolaos. Bem, ele apenas não tinha
achado a pessoa certa.
resfolegar.
confessar tal coisa para ela, acabei por encará-la outra vez, esperando por
medo pode vir de traumas passados. Mas se o usarmos ao nosso favor, pode
servir de combustível para nos tornamos mais fortes. Além do mais, está
apaixonada, é normal se sentir desse modo.
— Acho que sempre fui. — Admiti para a mãe do cara, o que eu não
conseguia fazer nem para mim mesma, tampouco para ele. — Nikos não me
deu escolha, na verdade. Ele simplesmente chegou, sem pedir licença, e
fincou seu lugar em meu coração. Acho que ainda estendeu uma bandeira
da Grécia.
desconhecia.
deixava ter nenhuma dúvida de que o marido conseguira com sucesso o que
almejara no passado.
filho. Mas, querida, não tenho dúvidas de que aquele ali é igual, louca e
perdidamente apaixonado por você. Estava claro para mim desde o dia em
que te conheci, que ele tinha encontrado aquela com quem queria ficar. Não
sei se ele disse isso em palavras, se não, me desculpe adiantar, mas senti
que precisava ouvir isso. Só que quando o momento certo chegar, ele dirá e
não restará mais quaisquer dúvidas ou medos, de ambas as partes. Apenas a
dar uma chance de viver essa louca aventura juntos, aventura esta chamada
amor.
CAP Í TULO 12
também estava presente, conforme dissera que o faria em nossa última conversa.
mais determinado em fazer valer cada uma das imposições. Resumindo: aquela
negociação cada vez mais me parecia uma negociata do que outra coisa.
títulos da literatura cujos direitos detinham. Tornando nosso legado ainda maior,
empresa, mas era uma estratégia de negócios autossuficiente, uma que se pagaria
em pouco tempo. Dado o sucesso de suas franquias e a minha paixão pelos títulos
do Studio, em especial os super-heróis por quem cresci apaixonado e inspirado,
tridimensionais, trazendo para a vida real toda a magia vista apenas nas telas. As
possibilidades do que poderíamos fazer eram infinitas.
Contudo, até que ponto eu seria capaz de ir para transformar aquele sonho em realidade? Valeria à
pena arriscar o que tinha de melhor por um sonho ambicioso?
estipulações do contrato — completei por fim, apenas para deixar meu ponto de
vista claro, caso ele ainda não tivesse entendido. O que eu duvidava muito.
— Concordo com meu filho, Sr. P. Como já deve ter escutado, além de
nada ortodoxo, seus termos são risíveis, para dizer o mínimo — papai disse da
cadeira ao lado da minha, sem se intimidar nem um pouco também. Meu velho
também era muito conhecido por sua língua ferina e honesta. Até demais.
— Risíveis?
— Sim. Para não dizer outra coisa. O que não digo, em respeito por ter
sido uma espécie de mentor para mim — meu pai reiterou sem nenhum pesar, e o
bastardo assentiu, enquanto parecia ponderar suas palavras.
gana de aprendizado. Lá, ele conheceu o passo a passo, embora dissera que
também aprendeu o que não fazer, já que viu muitas coisas erradas e outras falhas
na Parvel.
Óbvio, pois não era à toa que rapidamente o Studio Galanix crescera e se
tornou maior que o próprio sonho e um sucesso sem precedentes. Muito mais pelo
esforço, dedicação e humildade do meu pai, do que qualquer outra coisa, mas
Para um grego deixar o amado país, sua casa, bem como toda a família
para trás, já era o suficiente para dizer o quanto a paixão que o movia era grande.
E, comprar a Parvel, também era um modo que encontrei para presenteá-lo. Uma
forma de lhe mostrar o quanto venceu, de modo que deteria o Studio onde tudo
começou. Não que ele precisasse de um lembrete, porque sabíamos o quanto era
vitorioso, era mais um troféu para si, dos muitos que merecia. Mas era um que
que talvez não devesse: — Além do mais, considero como uma espécie de
coação, ao vê-lo tentar impor uma pressa ao que espero o momento certo para
— Então agora existe uma namorada? — ele riu outra vez, o som falso,
fazendo minha mandíbula se apertar e fingi que não entender a insinuação em seu
tom.
— Fundei essa empresa quando era muito mais novo que você — ele
— Não posso mudar de mãos, sem ter a certeza de que continuará sendo o
Meu pai apertou a ponte do nariz, em um gesto nervoso. Nós sabíamos que
era uma besteira total. Uma tática para tentar nos fazer pagar mais, mesmo que já
tivesse conseguido e fosse quase uma estupidez da minha parte fazê-lo. Sr. P
estava pronto para vender, mas para seu azar, não existia ninguém com o poder
— Sou cauteloso com a minha vida particular. Prefiro deixá-la onde deve
ficar, no privado. E como você mesmo disse, estamos falando de negócios e não
da minha vida pessoal. — Rapidamente completei, tentando não soar grosseiro e
dei de ombros como se não fosse nada demais. — E pelo visto, o senhor não deve
para mim, não passam de fofoqueiros que tem fome de propagar inverdades, com
triviais do tipo.
Como as denúncias de assédio moral e sexual, que andavam circulando e sendo constantemente
abafados pela Parvel, claro!
nova propriedade em Bel Air[xx], uma mansão magnífica, com uma linda vista e
tenho certeza de que vão se apaixonar. Vamos adorar receber vocês, Gaia, e claro,
a sua eleita, Nikolaos.
Assim como aconteceu em relação aos meus pais, não estava nem um
pouco preocupado em tentar vender nosso relacionamento como autêntico,
porque de fato era. Para mim não existia nada mais verdadeiro do que meus
leão e qualquer descuido, por menor que fosse, poderia colocar em xeque todo
progresso que obtido juntos.
em rever Gaia, já que faz muito tempo que não se encontram — disse, referindo-
se a sua esposa e não me passou despercebida a leve contração de lábios que meu
pai deixou escapar, mas que rapidamente encobriu.
A verdade era que minha mãe não era muito fã da mulher, então costumava
fugir dos convites da esposa do velho. Claro, ela era gentil a cada encontro, mas
certamente não ficaria muito feliz quando soubesse que nem mesmo teria chance
de refutar a “convocação”.
alçarem, não muito convencido de que era uma boa ideia e fiz o mesmo com a
minha, em uma pequena persuasão silenciosa. Balançando a cabeça levemente,
ele disse com o simples gesto o que provavelmente gostaria de dizer sobre todo o
— Sim. Será interessante — meu pai completou, com um tenso sorriso nos
lábios.
olhar que me dizia que teria muito para ouvir quando a reunião enfim terminasse.
Enquanto o motorista dirigia para casa de Max mais tarde aquele dia,
refletia sobre tudo, depois conversar com meu pai por algum tempo após
finalizarmos a pauta do dia com o Sr. P. Não foi uma conversa fácil. Mais como
uma pílula difícil de engolir, mas achei mesmo ter sido necessário escutar tudo
que foi dito não apenas sobre o futuro da Galanix+, mas também o meu.
renunciar àquilo, por mais arriscado e ridículos que fossem os termos envolvidos.
verdade, mesmo que algumas das coisas não pudesse sequer mencionar, por causa
tínhamos. Caso ainda houvesse quaisquer dúvidas, ficaria feliz em lhe dizer com
palavras e provar a verdade, se preciso fosse. De muitas formas.
Girei a chave da sua fechadura, mais uma vez repetindo para mim mesmo
que mandaria trocar por uma por senha e digitais, por serem mais seguras, e me
Era mais uma manobra para tentar me acalmar, embora gostasse mesmo de
empurrei, embora matasse-me aos poucos seu lamento doloroso. E foi quando
abriu a boca para começar a falar, que entendi que não seria tão fácil contar toda a
verdade que pouco antes estava determinado a lhe abrir.
para lidar não apenas com meus problemas familiares, mas também
pessoais, embora nunca tivesse feito algum tipo de terapia antes, senti que
volta dos nove anos. Àquela altura, ele já tinha sido diagnosticado com
diabetes e começava a sofrer as consequências da doença. Eu não queria ser
profissional, coisas que mantive guardadas para mim mesma, acabou por
Como era esperado, não demorou para Rachel me procurar mais uma
vez pedindo ajuda. Não tinha mais quaisquer dúvidas sobre a toxicidade do
nosso relacionamento, porém a terapia também ajudou a fazer aquilo ainda
mais claro. Por mais difícil que fosse, resolvi seguir os conselhos recebidos
vivíamos.
estava fazendo um favor a nós duas por enfim adotar aquela atitude.
Claro, eu sabia que não seria fácil negar-lhe “ajuda” àquela altura,
— Você me deve!
Eu lhe devia?
Não fazia ideia do que, já que passei os últimos anos apagando seus
incêndios.
cabeça doentia, Rachel poderia me ver como uma espécie de rival, alguém
que roubou o lugar dela de filha. Só que, por mais egoísta que fosse da parte
dela vir a pensar daquele modo, algo dentro de mim dizia não ser ciúme o
motivo do que me disse.
que ela utilizara daquele subterfúgio e por causa daquilo deixara-me como
fiquei após ouvir aquelas palavras.
Claro, também podia não ser nada, apenas uma forma de autopunição
no qual vivíamos.
Como Rachel costumava estar constantemente longe de casa antes do
Tanto que tínhamos álbuns divididos por tema: idade; aniversários; viagens;
ano escolar… tudo era motivo para que inventasse uma nova categoria que
ainda não existia. Acho que dedicar-se ao hobby era a maneira que
sempre esteve diante de mim. Uma foto me chamou a atenção, uma que eu
já tinha visto tantas vezes, ainda assim não notara algo escondido.
Era do dia do meu nascimento, onde meu pai sorria comigo em seu
colo, um pequeno pacote rosado, embrulhado em uma manta e touca quase
da mesma cor.
Ele parecia feliz, orgulhoso e a imagem fez com que sentisse ainda
mais saudades do meu companheiro e melhor amigo. Foi então que me vi
acariciando com um único dedo o rosto dele eternizado no papel, que
nem um pouco jeitosa com o trabalho manual, como minha mãe costumava
ser. E na minha tentativa falha de consertar, acabei descolando o adesivo
maca.
Foi então que entendi tudo: Rachel não era realmente minha irmã,
Não sabia o que fazer a seguir. Tampouco o que pensar. Tinha tantas
perguntas e uma única pessoa poderia respondê-la, e, depois da nossa
última interação, eu não tinha tanta certeza de que conseguiria qualquer
ajuda.
ligação.
esperei o som da chamada, mas fui recepcionada pelo correio de voz. Não
era uma desistente, insistiria. Tentei outra vez e, depois de alguns toques,
ela finalmente atendeu.
Mas também existia a chance de ela bater o telefone na minha cara e manter
a verdade apenas para si, por puro desejo de se rebelar contra minha
negativa de ajuda.
O telefone ficou mudo e ainda assim era possível ouvir o som forte
suficiente para ser considerado como resposta, mas pelo visto ela tinha mais
a dizer e, com o coração acelerado, ouvi.
Passei a vida toda ouvindo aquilo, mas apenas porque achei que
Rachel já estava meio que perdida e eles eram mais velhos quando nasci.
Não esperavam que um novo bebê chegasse àquela altura, e fazia sentido, já
que quem me trouxe ao mundo foi Rachel, e não um milagre pré-
menopausa.
— Quando me ligou a primeira vez, achei que era por causa disso e
não porque papai estava doente. Depois você não disse nada e presumi que
diferente de mim. Ser mantida longe foi o mínimo que poderiam fazer para
que tivesse a vida que eu deveria ter lhe dado. Posso não ter melhorado
muito, mas as coisas eram ainda piores antes. Eu queria ter ficado com
você, mas seria ainda mais irresponsável da minha parte e eles a queriam.
Ter permitido que a adotassem talvez tenha sido a maior prova de amor que
lutava por uma golfada de ar, que parecia não ser capaz de vir.
Mesmo depois de tudo que dissera, ainda estava sem acreditar. Era
demais. E ainda que me considerasse uma pessoa forte, talvez não estivesse
tenha perdido a coragem quando mamãe morreu. Em defesa dele, acho que
talvez tenha pensado que seria mais um fardo para que carregasse sozinha.
Independentemente disso, você acabou bem, Max. Mais do que bem. Pode
parecer insensível e frio, mas hoje tenho mais do que certeza de que tomei a
fisicamente.
Ainda que tenhamos tido um breve tempo de convivência, sempre
amei meus pais e era grata por tudo o que fizeram por mim. Só que depois
Sinto que preciso estar com você… Não estou muito longe… Er… Posso?
forma. E entendo que não queira me ver agora, sei que estou longe de ser
perfeita e não tenho sido nada além do que um peso para você. Mas estou
falando sério e quero mudar isso. Sem máscaras, pedidos financeiros, sou
apenas eu, pedindo uma oportunidade para falarmos sobre isso quando
estiver pronta.
Não podia negar. Gostei de ouvir aquilo. Talvez, pela primeira vez,
família, Rachel.
mesma que me dera à luz e cujo o sangue corria em minha veias, por isso
tentava assimilar a descoberta, por isso não fui até ele recepcioná-lo como
ele o fez.
minha irmã. E como descobri que ela era na verdade quem me trouxera ao
disse que eu precisava relaxar e por isso nos preparou um bom banho.
minhas costas. Não era nada sexual ou urgente, mas uma proximidade e um
sentimento de pertencimento um ao outro. Uma conexão profunda. Um
mundo só nosso. Um em que eu estava aninhada em seu peito e
inevitavelmente sorri na fraca luz do ambiente.
quisesse me soltar. Também não queria que o fizesse, porque além de amar
me sentir protegida de tudo, talvez voltasse a desmoronar. E como uma
pessoa acostumada a aguentar a barra sozinha, ineditamente não queria
passar por aquilo sem ninguém. Queria fazer aquilo com ele.
Sentia-me melhor, mas a chocante descoberta ainda era demais para mim e
eu não queria pensar muito. Só ficar ali e fingir que não existia nada além
de nós.
sentisse pronta para dizer alguma coisa que não fosse relacionada ao
assunto.
Fugirmos um pouco?
— O que significa?
— Claro que é comigo! Amor, estamos juntos. Lógico que quero que
conheça minha família. Além do mais, é bonitinho que pense que tem uma
escolha de ir ou não. A única coisa aqui que está aberta à negociação é
irmos antes da festa passar uns dias relaxando na Ilha de Gaia.
— Convencido.
Nikos deu de ombros, mas não negou, porque sabia que eu estava
certa.
Embora tivesse nascido na Grécia, fui criado nos Estados Unidos durante
toda a minha vida. Só que não apenas meu sangue, mas também meu coração
O amor que um grego sente pela terra natal é tão intenso que até quem não
oportunidades e o tempo têm se tornado cada vez mais raros. O que é uma pena,
ideia tirarmos uns dias de “férias”, teríamos de retornar mais cedo do que o
esperado. Embora já tivesse prometido para Max que não demoraríamos a voltar.
naquelas mesmas areias. Max nua, me cavalgando à luz do luar seria uma
memória que carregaria para sempre. Bem como o desejo de viver tudo e muito
mundo. Talvez porque não tinha somente a ver com a aparência, mas, sim, com o
empinado, que me deixava louco. Aquele lado que me fazia desejar protegê-la
com a minha vida, se preciso fosse.
Porque era assim que uma pessoa que amava a outra se sentia.
E eu a amava.
Desesperadamente.
Loucamente.
— Por mais tentador que seja, sabemos que você nunca sairia da
Califórnia. Não apenas porque teria que desarraigar toda a sua empresa, mas
porque é lá que as coisas no nosso meio funcionam.
—Eu sei. — Exalei fortemente, porque sabia que ela tinha razão.
era sinônimo de Hollywood. Meu pai se fixou lá por esse motivo, caso contrário
nunca teria partido. Eu estaria mijando por todo o legado da minha família se
fizesse aquilo.
chegamos, não tirei meus olhos dela. Ainda assim queria mais.
fazia sentir menos culpado testemunhar que era recíproco o desejo dela de não se
Como quem não quer nada, ela levantou e se sentou, um pouco mais ereta.
Descansou um cotovelo na mesa, sua mão enrolada em uma taça quase vazia de
suco enquanto ela me bebia com o olhar. Meu coração se esqueceu de bater por
alguns segundos quando nossos olhos se encontraram. Sob a luz do sol, seus
olhos eram quase da mesma cor do mar com as menores manchas de marrom.
Fascinante, hipnótico. E de uma forma que não conseguia explicar, eles pareciam
dizer que não importava onde estivéssemos, aquela mulher era minha casa.
Então foi exatamente o que fiz e, sem aviso prévio, trouxe-a para o meu
colo, esmagando seus lábios com um beijo, ao passo que agarrava a bunda quase
nua. Correndo minha mão pela frente de suas coxas, segurei o monte de carne
mas minha mulher não parecia pensar da mesma maneira. Max se afastou com a
respiração forte, as bochechas rosadas e, ao pôr-se de pé, seu olhar caiu para a luz
piscando e o toque alto na chamada em espera.
— Max?
Seus olhos brilharam, da forma mais brilhante que poderia haver, e ela
sorriu timidamente. Não foi a primeira vez que senti como se quisesse dizer algo,
mas como das outras vezes, ela engolia o que queria falar e então se virou, antes
Eu tinha que contar tudo a ela. Não queria que achasse que estava
mentindo ou escondendo qualquer coisa. Muito menos que a estivesse usando de
alguma maneira. Só que, por mais certo que estivesse em não querer esconder
nada, especialmente depois do que descobrira sobre sua verdadeira origem
Meu tudo.
Era como se nada mais importasse quando estávamos juntos, porque meus
pensamentos sempre orbitavam ao redor dela, como se ela fosse a porra do sol. E
era mesmo.
Aquilo me atingiu com força. A enxurrada de razões reais pelas quais adiar
a conversa que tínhamos que ter poderia ser letal para nós. Não poderia permitir
que nada se interpusesse em nosso caminho. Só que, por mais sensato que eu
gostaria de ser, eu tinha a sensação de que ela precisava entender aquilo e ter a
Só que quando entrei no quarto, Max estava sentada na cama, vestida com
o roupão e uma toalha enrolada na cabeça, e, diferente de minutos antes, ela não
parecia ansiosa para estar a dois segundos de se tornar minha refeição sexual.
Pelo contrário, ela parecia arrasada, como se tivesse passado os últimos minutos
chorando.
— Ei, sou eu. — Levantei sua mão para a minha e beijei o topo. Ela
tremia.
Nem mesmo depois de descobrir que Rachel na verdade era sua mãe, Max
tinha ficado tão nervosa. Claro, não foi fácil para ela, ainda assim ela vinha
reagindo bem. Talvez por conta da terapia. Até aquele momento, ela estava
animada com a viagem. Então vê-la daquele modo estava me deixando cada vez
mais nervoso. Não fazia ideia do que esperar.
Virando para o outro lado, sua atenção estava voltada para o mar azul
visível pela porta de vidro da varanda.
— Eu te contei que comecei a trabalhar cedo, para ajudar com as despesas
de casa, certo? — A voz soava um pouco distante quando começou a falar, bem
como senti que ela estava.
lanchonete.
Max assentiu, mas ainda não estava olhando para mim. Não me aproximei
mais ou forcei, esperei seu tempo para que continuasse. Por mais que me matasse
por dentro.
e então fiquei. — Ela deu de ombros, como se não fosse nada de mais, mas o peso
que via no gesto me dizia que o contrário. — Trabalhava demais e o salário era
péssimo, mas não me queixava. Eu tinha o propósito de crescer e não seria aquela
— Eu conheci alguém.
sorriso triste que me dirigiu, embora ainda não tivesse coragem de me encarar.
— O cara era um figurão de lá… Bonito, charmoso. Ele me paquerou por
um tempo, mas nada muito alarmante, só era chato e um pouco incômodo. Não
manter sob controle. Mas parecia mais difícil a cada nova palavra que ouvia.
como resposta.
Rangi os dentes, a ponto de sentir dor, mas não me importei. Não quando
sabia muito bem para onde caminhava aquela conversa. E não gostava nem um
pouco.
com uma proposta. Eu não queria escândalo, até por conta da saúde frágil de meu
pai e também porque sabia que poderia dar um tiro no meu próprio pé e na
carreira que mal tinha iniciado. Muito menos ele queria o nome do próprio filho
na mídia, então propôs o seguinte: ele me conseguiria um emprego no setor em
outro lugar, custearia toda a minha graduação e como bônus ainda pagaria uma
espécie de indenização. Em troca, eu não faria nenhuma denúncia oficial e me
manteria calada. Tudo o que eu tinha que fazer era assinar.
mais quaisquer coisas para si, a trouxe para mim, colocando-a em seguida no meu
colo.
Eu não sabia o que dizer. Até porque não existe nada que possamos dizer
que diminuía a dor de quem passou por uma experiencia como aquela. Então,
com ela em meus braços, permiti que soubesse que eu estava ali.
— Por que nunca me contou? — eu quis saber, não reconhecendo o som
doloroso da minha própria voz.
— Como poderia? Você tinha dezoito anos, Max! Não tinha ninguém para
te apoiar! Imagino o medo que sentiu. Fez o que tinha que fazer. O que, naquele
momento, era o melhor para você. E nem se acontecesse agora eu a julgaria.
Jamais.
Max estava irredutível quanto àquela ideia e parecia ser um sentimento que
— Você era uma criança ainda. Não pode passar a vida se culpando pelo
erro de outras pessoas.
— Não, eu já era adulta. Deveria ter pensado melhor e não ter me vendido
para me calar. — A respiração dela acelerou e ela respirou fundo uma e outra vez,
uma das mãos se abanando.
— Não, você foi obrigada a se tornar adulta, é diferente. Você foi abusada
duas vezes. Tanto sexual, quanto psicologicamente, pelo filho da puta do seu
chefe que te pagou. — Meu tom saiu apertado e me ressenti pela forma que falei
ao avistar os olhos repletos de lágrimas e os cílios ainda úmidos, os lábios
trêmulos. — Não pode continuar se punindo. Não pode seguir carregando essa
culpa com você.
— Quem foi?
— Não quero trazer um problema que é meu para você, Nikos. Não é justo.
bufei em resposta. Tinha muitas ideias no momento. Nenhuma delas Max gostaria
de ouvir.
— Ainda não sei, mas não tenha dúvidas de que os farei pagar pelo que
— Não sei, Nikos… — Ela hesitou e senti que começava a ficar nervosa
novamente. — É muito. Preciso de um tempo.
não era justo com ela. Tirando uma mecha da sua testa, encostei os lábios ali,
antes de abraçá-la.
— Estou te contanto porque não quero que haja segredos entre nós.
maneira que me olhava quando me afastei, como se eu fosse a sua âncora, fez
com que me forçasse a respirar outra vez. Calando meus próprios tormentos,
esmaguei sua boca em um beijo apaixonado, esperando demonstrar nele tudo que
sentia.
— Nada nunca vai ficar entre nós. Vou resolver tudo. Só confie em mim.
As palavras que emiti não tinham peso na língua, mas pesavam meu peito,
dos Galanis. Como convivia há algum tempo com a família do meu namorado,
sabia o quanto eles valorizavam os seus, mas fiquei ainda mais surpresa desde o
Bastante família era apelido, a imensa sala era do tipo que preservava nos
acolhedora.
Além do mais, o que achei que seria uma “festinha”, não chegou perto de
descrever o evento, que era enorme. Ao notar meu espanto, Nikos reafirmou o
batismos e casamentos, que eram como o ponto alto da família e motivo célebre
para os reencontros.
E mesmo que a parte dos Galanis tenha seguido a tendência das famílias
distantes, a impressão era de que formavam uma única e grande família, de tanta
empatia e cumplicidade.
tantos tios e primos mais distantes, que minha cabeça já começava a dor um nó.
Por não ter muitos familiares, não estava acostumada a nada daquilo, e quando
Nikos notou que eu estava prestes a entrar em pânico, me arrastou de volta para
dentro da casa, com a desculpa de que precisava falar comigo um assunto urgente
de trabalho.
sido. Lógico, imaginei que ficariam interessados pelo nosso relacionamento por
Nikos nunca ter tido um antes, quanto mais apresentar para família. Ainda assim,
não estava pronta para questionamentos e muito menos respostas que nem eu
mesma tinha.
Antes de iniciarmos nosso relacionamento, Nikos disse que queria que nos
déssemos uma chance real. Nas palavras dele, queria o filho que pensei em ter de
modo solo e tudo mais. Embora tivéssemos começado a namorar, nunca mais
queria aquilo.
que não queria era que, caso ele tivesse mudado de ideia, não ser mais inteira no
fim. Não queria desaprender a ser inteira como me sentia antes dele.
Não que Nikos tivesse me dito alguma coisa que desse algum indício de
que queria terminar ou mudar qualquer coisa entre nós. Pelo contrário, ele não
tinha sido mais do que maravilhoso, em especial nos últimos dias. Só que há
algum tempo eu sentia que ele queria me contar algo, mas ainda assim não o
fazia. Por mais que quisesse pressioná-lo, também não queria abrir os olhos e
Queria que ele ficasse comigo por mim. Não apenas porque eu tinha certas
volta no lugar, mas ao menos achei que consegui. Afinal, tinha que voltar à festa
e não podia ficar ali trancada como uma covarde. E eu não era uma. Longe disso.
retocar maquiagem na bolsa, já que a minha tinha sido arruinada depois de lavar o
rosto, e eu terminava de reaplicar.
— Só um momento.
mais velha que ainda não conhecia. Mas uma que tinha visto em fotos: Ophelia
Galanis.
— Olha só… você não faz jus ao que meu neto disse, é ainda mais bonita
do que imaginei — ela soltou com um enorme sorriso, antes de abrir os braços e
me abrigar em um aperto forte. — Estou feliz de finalmente conhecê-la, Max.
Ela era uma bela senhora, do tipo que usava sua idade com graça e
mas forte, e carregava consigo a confiança de uma mulher que passou por muito,
mas saiu vitoriosa.
Não quis constrangê-la ou impor a minha presença. Na verdade, tive que puxar a
orelha de Nikos para que ele se afastasse. Meu menino estava aqui na porta como
um cão de guarda.
Ela riu, como se achasse não só muito engraçado, mas também fofa a
pouco. Talvez fosse por causa daquela ternura que emanava dela, que nos punha à
vontade rapidamente.
— Só queria falar com você sem ninguém por perto. E lhe dar as boas-
Engoli em seco, sem saber o que dizer. Aquela não era uma frase que eu
somos um punhado, então não ligue pelas perguntas e muito menos para a pressão
que deve ter sentido lá fora. Logo se acostumará.
Sabia que podia tentar negar para ser mais educada, mas tinha certeza de
que Ophelia não era do tipo de mulher para a qual poderíamos mentir. Talvez
fosse até pecado. Por isso me mantive calada, tentando manter a respiração sob
controle, enquanto a ouvia continuar.
— Não fique surpresa por hoje ser uma espécie de introdução sua à
família. Nikolaos pode ser meu neto caçula, mas sempre foi o mais determinado e
talvez o mais sensato também. Se está com você aqui, se a trouxe para o berço da
família, é porque não tem dúvidas dos seus sentimentos e da sua posição ao lado
dele.
— Er… obrigada — eu disse, um tanto sem jeito, porque o modo com que
ela me encarava enquanto dizia tudo aquilo era como se tentasse desvendar minha
alma.
Então a forma como sorriu ao me olhar de maneira engraçada me deixou
saber que ela estava pensando alguma coisa.
— O quê?
O quê? Como ela podia saber? A velha por um acaso era Onisciente?
Com a boca aberta, um tanto chocada, tive que respirar fundo outra vez,
para não pirar. Afinal, não tinha como estar óbvio, já que não estaria avançada,
Diminuí meu tom de voz para que ninguém nos ouvisse. Ainda não
conseguia processar as suspeitas, então não queria que outra pessoa soubesse sem
que eu tivesse certeza. Muito menos que tivessem ciência antes mesmo de Nikos.
Abri a boca, mas não consegui falar nada. O que poderia dizer? Pensei em
tudo o que aquilo poderia significar, mas não queria ficar me iludindo ou criando
perspicaz. — O que é?
— Não quero que ele fique comigo ou proponha casamento apenas porque
eu possa estar grávida — confessei, muito envergonhada.
— Ele propor casamento pelo bebê é muito antiquado. Se fosse apenas por
causa disso, existe uma coisa chamada guarda compartilhada. Casamento só
resiste quando se tem amor e ele cresceu dentro de um que não faltou. Conheço
meu neto, se ele está com você, é porque está apaixonado, não tem que se
preocupar com isso. Só espere o momento.
— Ele nunca disse isso… Não com palavras.
— Certas coisas não precisam ser ditas, apenas sentidas. Hoje em dia,
vocês, jovens, têm mais medo de sentir e tentar do que de passar a vida toda se
arrependendo por nada fazer. Amor é para os fortes, é preciso muita coragem para
deixar o outro entrar. Não tenha medo. Confie em você, minha querida. Em
vocês. Deixe o medo do lado de fora e permita que o amor entre.
com dois homens, que poderiam facilmente terem acabado de sair do catálogo
masculino da Armani. E foi olhando para ambos que compreendi exatamente a
definição da expressão “deuses gregos”.
Sem nem mesmo se apresentar, eu sabia que quem dissera aquilo foi Orion
— Sim, não se preocupe, podemos lidar com ele. Nós já sabemos tudo
sobre você. Na verdade, a impressão que tenho é que já a conhecia, de tanto que
meu primo falava de você.
Um tanto chocada com a revelação de Orion, abri a boca para falar, mas
voltei a encarar Nikos, que deu de ombros, como se não fosse nada de mais o fato
de ele ter falado de mim para os primos. Só que era. Era muito. Até porque eu
sabia que eles eram seus melhores amigos.
bastante tempo.
Rafael era, de longe, o mais fechado entre os três e pouco falava. Só que,
como todos eles, o bilionário do ramo joalheiro tinha um sorriso matador. Orion
Ainda assim, não me senti intimidada, notei que era apenas o jeito dele e
tom de azul único, como o Mar Egeu[xxiv], que dava o real significado ao
era engraçado ver que, mesmo sendo adultos, se intimidavam pela matriarca, que
vez ou outra puxava suas orelhas.
Como bons gregos, comiam bastante, bebiam muito também, falavam alto
e não tinham nada de frescura. Eram pessoas normais, só que com as contas
com Nikos e também acabar com a minha dúvida sobre a gravidez, mas as coisas
Primeiro, Rachel, que me ligava e mandava mensagens com cada vez mais
frequência, querendo me ver e conversar. Embora a viagem tivesse tido como o
Como se já não fosse o bastante achar que Nikos estava meio estranho, ele
teve que viajar um pouco depois que chegamos, por conta de umas negociações, e
pela primeira vez desde que ficamos juntos, me vi dormindo sozinha. E não foi
Nikos costumava fazer muitas coisas doces para mim. Ele mandou flores
algumas vezes. Ele me comprou uma escova de dentes para sua casa. Até mesmo
tinha dado um espaço no seu closet, onde eu mantinha algumas roupas, apesar do
fato de que, sempre que eu dormia na sua casa, vestir quaisquer peças de roupas
estava praticamente fora da equação. E ele dizia também que gostava de mim.
Queria confrontá-lo, perguntar sobre tudo que prometera antes, mas não
sabia como fazer isso. E talvez não quisesse realmente. Talvez o melhor mesmo
afundamento em meu estômago me dizia que eu estava certa e não podia negar a
verdade a mim mesma se tentasse.
Deveria ter sido mais racional, contudo, me envolvi mais do que deveria.
escritório no trabalho. Não era a primeira vez que eu fazia aquilo, não ali, claro,
mas era a primeira vez que ansiava por uma resposta positiva.
demais para ter uma resposta, ainda assim, aquele detalhe não me impediu de ir à
farmácia para comprar um e muito menos esperar finalizar meu expediente para
acabar com aquela dúvida.
Ok, eu sabia que poderia não dar certo, mas alguma coisa tinha mudado e
meu coração dizia que talvez não fosse irracional ter tal desconfiança de modo
prematuro. Talvez, apenas talvez, eu poderia estar mesmo certa e meu sonho
como se existisse uma linha tênue entre antes e depois de tudo aquilo se iniciar. E,
definitivamente, tinha, já que a vida de antes parecia tão distante e eu já não sabia
dizer como seria assim que o tempo do teste acabasse e eu tivesse a minha
resposta.
Quando o alarme soou, fechei os olhos e não consegui fazer mais do que
respirar uma e outra vez. Apenas depois de conseguir criar coragem, enfim,
encarei o bastão do exame de gravidez com sinal de positivo. Ali, em minhas
mãos, não apenas indicava que eu esperava o filho que sempre sonhei — e
planejei —, mas também que se esgotara meu tempo com aquele por quem de
modo inevitável me apaixonei.
Por quê? Porque fiz a última coisa que deveria fazer: me apaixonei.
Tão clichê quanto parecia, eu estava apaixonada pelo meu chefe. Aquele
pneus arreados.
Talvez pudesse ser pior, certo? Eu poderia ter me apaixonado por alguém,
sei lá, de má índole ou por um cara que não desse a mínima importância para
mim. Quem sabe um gogo boy ou um astro pornô. No entanto, ele não era nada
com cabelo escuro bagunçado, o corpo um tanto pornográfico, sem dúvidas ele
deveria ser tão viciante quanto alguma droga que nos tirava o discernimento.
E a verdade era que eu não tinha ideia de que me sentiria tão devastada por
ter de me afastar e voltar à minha vida. Uma que, embora tenha planejado
Assim que voltamos para Los Angeles, tive que viajar por alguns dias.
Após nosso tempo na Grécia, não era o que queria fazer, mas como se
zombasse dos meus planos, as negociações da compra de uma produtora me
Mesmo que nos falássemos todos os dias, comecei a sentir que a distância
entre não era apenas geográfica. Embora quisesse questioná-la sobre aquilo, não
toquei no assunto, até porque era o tipo de conversa que teríamos de ter
pessoalmente e por conta dos dias corridos, não tive sequer tempo hábil para falar
mesmo que eu não quisesse. Chegamos ao limite. Não podia adiar mais.
E foi só quando embarquei no jatinho aquela noite, que percebi que o meu
telefone estava silencioso o dia todo, mesmo depois que enviei uma mensagem
mais cedo, avisando que estaria de volta para casa. Ou seja, ou Max estava me
processo.
Meu estômago torceu, da forma como ele vinha fazendo durante toda a
semana, cada vez que pensava nela. Aquele peso doloroso no meu peito, me
fazendo sentir como outra pessoa. Uma que eu não gostava nem um pouco. Não
havia um pingo de alegria em mim. Ou sorrisos ou qualquer coisa boa. Apenas
um ser mal-humorado e aquilo não era eu.
Meu pai tinha razão durante todo o tempo. Eu deveria ter dito tudo antes
mesmo que começasse. Fui covarde e tive medo, ainda tinha, mas quando
Passei o voo inteiro me xingando. Uma coisa é cometer erros, mas outra
era conscientemente pavimentar o caminho para o nosso fim. Por isso, quando o
Sem me importar com a hora, fui direto para o prédio dela e mesmo que o
escuridão.
— Nikos?
— Voltei, amor.
Por um instante, nenhum de nós falou. Ali, me sentia uma bagunça. Tinha
vontade de brigar com ela por não ter me respondido ou atendido, por sentir que
queria me afastar. Mas então havia a atração. Uma espécie de força gravitacional
distância.
E parecia ser recíproco, porque ficamos nos encarando sem falar, mas a
forma como me observava dizia muito. Minha garganta travada por emoções que
não sabia descrever e então ela se aproximou, um tanto insegura, indecisa talvez e
mesmo que devesse manter o controle, a saudade levou a melhor e não consegui
resistir.
como ímãs. Minhas mãos a alcançaram e a puxei pela nuca, enquanto a outra a
pedindo mais.
confessar, mas não esperei por uma resposta, porque meus instintos eram muito
primitivos quando estava com ela.
Nunca era o suficiente com Max, então a peguei no colo e andei até o sofá.
Precisando desesperadamente dela, nos despi completamente e levei um momento
apreciando a beleza quase mítica através do luz do luar que entrava pela janela.
Meus dedos pastaram na curva dos seios cheios, e baixei meus lábios para chupar
os mamilos enrugados e chupei um e depois o outro.
Ela exalou, seu corpo derretendo nos meus braços. Suas pernas se
enrolaram em meus quadris quando a peguei no colo e nos deitamos no meio do
tapete macio, seu corpo nu pintado em faixas de luar e sombra. Mesmo no escuro,
meu polegar direito circulava seu clitóris. Meti cada vez mais fundo, sentindo seu
corpo se expandindo para me dar passagem. Seu interior cálido me acolhendo, me
Queria ser capaz de morar no calor de seu corpo apertado e nunca mais
sair.
controle, se buscando e quando sai quase todo e voltei a entrar nela, Max arqueou
dentro dela, me tornando escravo seu. Ainda assim não era o suficiente para
controlar o desejo e a necessidade furiosa que sentia. Eu queria mais. A fome que
me despertava não era só física, era uma necessidade de tê-la em mim. De tê-la
para sempre.
no peito ao invés disso, gemendo em seguida, tão faminta por mais quanto me
sentia.
Apenas ela.
A porra do meu autocontrole foi para o inferno, assim como a minha alma,
porque eu sabia que não havia mais retorno para mim. Com as mãos apoiadas no
meu peito, ela ondulou sobre meu pau, a cabeça jogada para trás e a boca,
entreaberta, entregue. Era a porra da melhor visão, minha mulher, minha parceira,
meu amor, se doando por completo ao prazer.
Perdida pelo ato, Max cavalgava-me sem pudores, somente luxúria. E eu
poderia ficar ali a noite toda, meu pau enterrado em sua buceta, observando a
maneira como os peitos dela saltavam enquanto me montava; a forma como o
rosto estremecia quando ela estava chegando perto de gozar, ouvindo os suaves
suspiros escapando dos lábios inchados.
investidas longas, com força, sentindo-a escorrer em mim. Era um ato duro, mas
também ansioso, exigente, mas também uma entrega completa de ambos. E a
forma que nos entregamos foi minha ruína.
impulso, e quando seu corpo ficou tenso, ela arquejou, ofegante. Empurrei mais
forte, impulsionando-a sem cessar, levando-a sobre a borda e o aperto do seu
sexo, prendendo-me dentro de si, fez a última barreira da razão ser destruída e ao
O gozo veio com uma força violenta. O ato me deixando tonto, rendido.
Tudo no momento nos unindo, fundindo, uma entrega sem chance de regresso
para ambos.
— Para onde mesmo estamos indo? — Max perguntou na manhã seguinte,
quando estávamos a caminho da casa do Sr. P., para a reunião “familiar” que ele
agendara semanas antes.
Depois dos últimos dias e a noite anterior, a última coisa que gostaria era
ter de sair para qualquer lugar sem conversar direito com Max e deixar tudo as
claras. Só que, infelizmente, tínhamos aquele compromisso que gostaria muito de
deixar passar, mas não poderíamos adiar.
Ainda assim, enquanto nos arrumávamos falei rapidamente com ela e disse
que assim que retornássemos para casa gostaria de ter uma conversa. Não adiaria
mais.
Só depois dos dias longe que me dei conta do quão fodido me sentia por
não trazer o que vinha lhe escondendo à superfície, ainda mais depois de tudo que
me contou sobre seu passado. Sabia que não seria uma conversa fácil, que de um
modo ou de outra ela ficaria magoada. Ainda assim estava determinado a
consertar as coisas. A amava e tinha certeza que começar uma vida a dois com
segredos não era uma boa ideia. Poderia até mesmo ser fatal para nosso
relacionamento.
significativa do ramo, já que teríamos uma franquia ainda maior para o nosso
catálogo, mas também o direito de distribuir grandes títulos e parcerias.
para o colo, para depois seguir para fora da janela, que dava vista para Bel Air.
Estávamos a caminho de onde ficava localizada a mansão que o Sr. P dissera ter
adquirido recentemente.
Infelizmente, meus pais não nos encontrariam lá, o que não era uma coisa
boa, já que não sabia como Max se sentiria na presença um tanto intragável dos
Parvel. Tendo que compactuar com aquele absurdo que ele nos meteu, mesmo
sem saber.
— Está tudo bem? — indaguei diante o silêncio pesado que se formara.
Dividi minha atenção com a estrada e nela, mas Max não voltou a me
encarar.
Era mentira, eu sabia, porque até então Max parecia bem. Estava até
mesmo bem-humorada depois ficarmos praticamente em claro nos amando.
Talvez tenha sido idiota o suficiente para pensar que vi as coisas entre nós
voltaram ao seu normal pela manhã, mas eu estava errado. E estava mais irritado
comigo mesmo do que com ela, porque de algum modo subestimei o abismo que
se formara e passei a achar que a noite anterior quebraria o gelo.
— Tem certeza de que está bem? — Nikos repetiu a pergunta pelo que me
pareceu ser a décima vez, e suspirei de modo descontente.
Estava tudo, menos bem. Tentei soar blasé, mas a última coisa que gostaria
de fazer era estar ali. Na verdade, preferia ir para o inferno, em vez disso. Queria
toca da raposa.
de repente, foi como se um abismo tivesse se aberto diante de nós. E, bem, eu, me
— Ah! Que bom que vocês finalmente chegaram! Sejam bem-vindos! Sou
Gina. — Uma mulher baixinha, com cabelos vermelhos e lustrosos curtos,
entusiasmo desmedido.
estampada nas revistas com esse belo rapaz — disse ela, beijando o rosto de
Nikos no ar. — Como vai, meu querido? Parece que há muito não o vejo.
— Cada dia melhor. Mas vamos entrar. Estão nos esperando na área da
piscina — ela soltou animada, antes de revirar os olhos. — Uma pena seus pais
ainda estarem na Grécia. Paul está em modo negócios com nosso filho, para
variar. O homem nem parece estar querendo se aposentar.
garganta, mas forcei para baixo a vontade de colocar todo o café da manhã para
fora. Não permitiria demonstrar qualquer fraqueza. Não deixaria que ambos me
vissem tremer ou fraquejar. Jamais deixaria que tirassem qualquer reação de mim.
seu olhar indo primeiro para Nikos, que, depois de cumprimentar Paul, ainda ao
telefone, estendeu a mão para fazer o mesmo com ele. Obviamente eles foram
amigáveis um com o outro, porque já se conheciam.
Sua atenção então mudou para mim, uma palidez contida tingindo o rosto
— E você é?
Claro que ele fingiria não me conhecer. Claro que fingiria não ser aquele
quem me assediara anos antes e fora o motivo pelo qual fui paga para me manter
em silêncio.
— Max Black.
daquela que ele provavelmente passara os últimos anos tentando esquecer, mas
que ainda assim estava na sua lista de pagamento. E o mesmo poderia dizer do
seu pai, que rapidamente desligou o telefone e se adiantou para vir até nós.
Embora ter qualquer contato com aquela família, o mínimo que fosse,
estivesse no topo da minha lista de coisas que nunca queria ter de fazer algum dia,
todos os olhos estavam em nós. Então eu não poderia ser rude ou mostrar sinal de
relutância.
— Idem.
A mulher que me tornei queria enfrentá-lo, mas não iria. Nem ele,
tampouco o filho assediador, mereciam a satisfação de me ver perder a linha.
— Que tal uma bebida? O que gostariam? — Gina ofereceu em seu papel
de anfitriã, parecia boa demais para aquela família.
minha escolha de bebida, mas me preocupar com o que pensavam sobre meu
pedido era a última coisa que se passava na minha cabeça no momento. Não
— Por que vocês não se sentam aqui? — Ela apontou para uma mesa farta
— Como foi em Nova Iorque? — Paul iniciou a conversa fiada, seu olhar
intenso como o laser passando rapidamente entre nós dois.
Algo sobre o ato pesando no meu peito de forma difícil, intrusiva. Mas
achei melhor ignorar, me forçando a manter a cara de paisagem, mentalmente
pensando em coisas do trabalho. Amava tanto o que fazia, que quase esqueci
Tão intenso, que chegou a arrepiar minha pele, mas não de um jeito bom.
Voltei minha atenção para a conversa entre o pai dele e meu namorado,
mas também notei que Nikos não parecia muito à vontade. Ele odiava conversa
fiada, ainda mais quando não estava confortável, então eu imaginava que aquele
Nikos deu de ombros como se não fosse nada de mais, e a velha raposa riu,
— Até se casar e a esposa começar a reclamar. Vai por mim, sei o que
estou dizendo, garoto. Sua mãe deve ter feito o mesmo que a minha está fazendo
e quem quer que você se case, inevitavelmente começará a reclamar tão logo
coloque uma aliança em seu dedo. Mesmo de barriga cheia, com cartões
ilimitados, nunca estão satisfeitas. Ainda não pretendia vender a empresa, mas é
Gina quem está pressionando para que me aposente, porque aparentemente ela
está cansada de todas as compras e idas ao Spa de beleza. Vai por mim, todas as
mulheres são assim.
fechar o negócio.
O que Paul não sabia era que Nikolaos não fazia ideia de sobre quem se
tratava a história que lhe contei. Afinal, a aparência era o que mais importava
para o chefe da Parvel. Por isso que ele pagara pelo meu silêncio e
provavelmente fazia o mesmo com muitas outras, porque os boatos eram grandes.
Para ele, enquanto a Parvel estivesse longe de escândalos, tudo estaria seguro.
— Não Max. Minha namorada não é assim. Além do mais, ela é tão
workaholic quanto eu. Não acho que alguém poderia entender mais do que ela.
— Nada, ele não quer dizer nada — Paul respondeu pelo filho, cortando-o,
ao passo que o encarava com um aviso no olhar.
Podia sentir que Nikos me observava com cautela, foi então que seu olhar
foi do meu para Cameron. E eu o conhecia o suficiente para saber que ela intuía
que algo estava errado. Sua expressão preocupada dizia exatamente aquilo e por
isso tratei de seguir em frente. Sr. P. chamou sua atenção e todos voltaram a
preparei para sair. Mas assim que abri a porta, dei de cara com aquele que por
muitos anos assombrou meus pesadelos.
minha pele em arrepios, arrepios nada bons. Ainda assim, tentei afastar as
sensações e me manter sob controle, mesmo que por dentro chorasse como uma
garotinha indefesa.
— Sei muito bem o que estão fazendo. Estão tentando me atingir. Estão
usando nosso envolvimento no passado para tentar conseguir o que querem. Não
gosto de ser manipulado. Não permitirei que continue a tentar me manipular de
forma alguma.
— Não sei do que está falando, Sr. Parvel. Até porque, segundo disse
minutos antes, nem mesmo sabia quem eu era.
— Não seja cínica, Max, você está ciente da cláusula do contrato com
Franzindo o cenho, algo no que disse, mesmo que não tenha desenvolvido,
me incomodou. Algo que pensei em abafar e ignorar, apenas me afastar, do jeito
que sempre fiz quando tinha a ver com aquele ser humano desprezível, ainda
assim não consegui.
— Não sei nada sobre cláusulas, Cameron. Embora não lhe deva satisfação
da minha vida, o que eu tenho com Nikolaos é real. Qualquer que seja o acordo
— É aí que você está errada. — Ele se inclinou para mais perto, seus dedos
deslizaram pelo topo da minha perna antes de agarrar entre minhas coxas. Em
pânico, tentei afastá-lo, não querendo que a cena do passado se repetisse, mas ele
era muito forte e perdi todas as forças quando sua boca encostou no meu ouvido.
— Tudo que quero, eu consigo. Sabe muito bem disso. Nikolaos Galanis quer a
Parvel, mas não vou permitir que as negociações sigam se você continuar com
ele.
— Não mudou nada, Max. Continua a mesma putinha que permite que
homens poderosos a usem como brinquedo. Acorda. Você não é nada especial, só
mais uma em sua cama. Ele só está com você porque foi exigência contratual.
Uma que meu pai fez questão de inserir, já que, segundo ele, quer que a empresa
onde Nikolaos só pode seguir com a compra da Parvel, caso se case. Você é
apenas um meio para um fim. Então vá por mim, saia agora. Direi que passou mal
e pediu para avisar. Mas essa porra de fingimento acaba nesse exato momento.
satisfeito consigo mesmo. Ao passo que cambaleei para trás, porque não esperava
por aquele golpe. Tampouco o que aquilo significava. Não queria acreditar em
suas palavras, ainda assim, foi como se o quebra-cabeça começasse a se montar e
infinito entre os fatos e o que eu gostaria de acreditar, mas a lógica acabou por
vencer.
Durante todo esse tempo, Nikos apenas me usou para conseguir o que
queria.
CAP Í TULO 18
mesmo fingindo que não, em Hollywood nada poderia ficar escondido por muito
tempo e eu sabia muito bem a quantidade de denúncias de assédios e muitos
outros absurdos que foram abafados nos últimos anos pelo seu maldito “Estúdio
familiar”.
Sim, ele deveria me agradecer por lhe pagar tanto e de fato querer cuidar
da empresa como alguém deveria ter feito desde o princípio. Alguém com
Além do mais, o cara era um machista, retrógrado, para não dizer misógino
e preconceituoso, que achava que apenas pelo fato de ser homem e rico era um
tipo de espécie superior, e que as outras pessoas deveriam beijar o chão que ele
pisava.
O velho tratava a esposa como um bibelô que deveria servi-lo e nada mais.
Gina Parvel poderia ser um pouco chata, irritante com sua mania de tentar ser
íntima, mas ainda assim eu sentia pena da coitada. Ela era carente, sequer tinha
voz. Vivia para “cuidar” da casa, marido e filho, além da própria imagem, que
tinha que estar sempre perfeita, enquanto ficava apenas calada ouvindo as
Cameron fosse exemplo para qualquer coisa, longe disso, pois para mim ele era
apenas um playboy irresponsável, que vivia à custa do nome e dinheiro da
família. Sequer fingia trabalhar, sempre na esbórnia. Nunca fez nada mais do que
usar o privilégio que tinha para viver eternamente uma vida de farra e festas
proibidas com mulheres e drogas. Sendo quase todas elas abafadas para não
porem em risco a reputação que o sobrenome trazia.
com aquilo. Não que não quisesse a empresa, apenas não gostaria de continuar
com aquele teatro ou ter de aguentar calado toda a merda que vinha deles.
Especialmente que qualquer coisa fosse usada como desculpa para colocar em
Max Black era mais importante que tudo. Era a mulher que eu queria para
mim, para ser a mãe dos meus filhos. Aquela com quem queria me casar e viver o
resto da minha vida.
Seguir com aquilo seria o mesmo que compactuar com os desejos insanos
de um escroto.
ficasse com raiva, gritasse comigo, mas não permitiria que qualquer culpa ou
chantagem ditasse como viver a minha vida.
Ou a nossa.
doido para sair dali, porque a merda que ele dizia era tudo, menos interessante. —
Acho que Max está demorando. Talvez seja melhor eu ir vê-la.
boca para não concordar, porque ele era mesmo um idiota e não precisava ser seu
amigo para dizer aquilo na cara dele. A educação Galanis não me deixava ser
aquela pessoa. — Encontrei Max no corredor e ela pediu para avisar que não
estava se sentindo bem e por isso ia embora. Disse para que não se preocupasse,
— O quê?
Não esperei que continuasse, mesmo que ele ainda estivesse falando, segui
até onde era o banheiro, embora, no fundo, intuísse que ela não estava mais lá.
Não era algo do seu feitio. Ela não faria aquilo por uma razão supérflua.
Ainda mais sem falar comigo ou se despedir. Ela não era assim.
— Uma pena que tivesse que ir. — A ênfase dada na última palavra não
encontro desastroso.
— Não, não acho que tenha sido nada disso — soltei, finalmente juntando
A maneira estranha que Cameron e ela trocaram olhares e a forma que Paul
Ou o mataria.
negociação, ele, assim como o filho, eram dois malditos covardes. Talvez o velho
fosse ainda pior que o assediador, pois era aquele que não apenas se fingia de
Eu queria agir. Queria fazê-los pagar. Queria arrancar seus sangues e seus
Apenas ações que venderia com prazer por centavos. Eu dizimaria o seu legado.
Poderia estar pagando caro pela Parvel, mas eram eles que pagariam ainda
mais no final. Eu os faria pagar por toda crueldade que infligiram na mulher que
eu amava.
Durante todo o caminho para casa de Max, tentei falar com ela, mas a
ligação ia direto para a caixa postal. Enviei mensagem, sem resposta. Por mais
frustrado e angustiado que me sentisse, não poderia sequer imaginar como Max
estava.
Eu tinha de encontrá-la.
Tinha que confessar tudo a ela, inclusive que sabia quem eram os malditos
que lhe fizeram tal mal e compraram o seu silêncio. Que me vingaria em seu
nome e os dizimaria.
Eu vivia em modo zumbi, sem saber como me mantinha de pé, mal comia
ou respirava, apenas esperava por ela. Todos ao meu redor estavam preocupados.
Minha mãe todos os dias me visitava, meu pai retornou à empresa, mas não me
Max não voltou para sua casa nem tornou a ligar o telefone desde então.
Nem mesmo um detetive particular foi capaz de achá-la, embora fosse um dos
melhores do ramo. Nada de check-in em hotel, movimentação bancária, troca de
fazendo um excelente trabalhado ocupando o lugar do meu pai, seu pupilo. Que
queria que a Parvel fizesse parte de algo tão grande como a Galanix + e que era
sua hora de descansar.
Ele, na dele.
Frio.
Cortante.
enxergar que era apenas uma peça do seu jogo. Passar bem, Nikolaos.
Sem esperar por uma resposta, ela desligou e fiquei um tempo olhando
para a tela, tentado a retornar. Mas intuí que não adiantaria de nada, que
provavelmente ela já tornara a desligar o telefone como vinha mantendo-o nas
últimas semanas.
— Problema algum.
Mais de um mês se passou até que enfim tivesse outra notícia dela. Não
que Max tivesse feito por livre e espontânea vontade, mas, sim, porque os homens
que contratei para que fizessem sua segurança e ainda se revezam fazendo plantão
em frente ao prédio dela me informaram que ela tinha acabado de desembarcar de
um táxi.
Mal respirei desde então. Foi somente o tempo de sair da reunião de que
participava, pegar o carro e ir até lá. Não queria que escapasse novamente. Não
sem me ouvir. Além do mais, tinha de vê-la, estava enlouquecendo a cada dia sem
saber do seu paradeiro ou como estava.
Passei tantos dias ensaiando o que diria quando finalmente a visse outra
vez e, prestes a encontrá-la, não fazia mais ideia de como começar. Toquei a
campainha e pude ouvir os passos do outro lado, seguidos pelo destravamento da
porta, que se abriu, e fiz o mesmo com a boca prestes a implorar que não a
fechasse sem me ouvir. Só que para minha surpresa não era Max quem estava
diante de mim.
teria me sentido tão confuso por ver Rachel em seu lugar. Poucas vezes estive na
presença da mãe biológica de Max, mesmo que até então pensássemos que se
tratava apenas da sua irmã irresponsável.
— Achei que fosse inteligente o suficiente para entender que ela não quer
falar com você, Nikolaos. — Foi o que a mãe de Max disse, parecendo não ter
intenção alguma de me convidar para entrar.
— Rachel, com todo respeito, mas se for isso que ela quiser mesmo, Max
contrário. Além do mais, não era para ela que eu devia explicações.
tanto. E me incluo nisso também. Se o que quer é apenas brincar e magoá-la, peço
para esquecê-la e seguir com a sua vida.
— Rachel, não tenho intenção alguma de magoá-la. Jamais tive. Só, por
favor, me deixe vê-la para explicar tudo.
Não sabia como consegui ter tanto autocontrole ao falar. Afinal, além de
não estar acostumado a ter nada interpondo meu caminho, não podia admitir que
o amor da minha vida estivesse tão perto e eu não pudesse sequer me aproximar
ou tentar remediar a situação fodida em que nos meti.
o dedo riste em minha direção. — Você tem cinco minutos. Caso contrário, você
pode ser um Galanis, um bilionário, a porra do dono do mundo, mas não vai
conseguir impedir uma mãe de afastar da filha aquele que a faz sofrer de uma vez
por todas!
CAP Í TULO 19
vomitar. Fechei os olhos com força, em uma tentativa de bloquear todo o resto,
me concentrando no zumbido do meu ouvido, no pensamento do abraço protetor
Debruçada sobre o vaso sanitário, coloquei todo o meu café da manhã para
fora, engasgando-me e vomitando até que não houvesse nada além de bile.
esfregar minha pele a fim de limpar a sensação de seu toque, e queimar minhas
roupas em seguida.
Enquanto lavava o rosto, me veio à mente a conversa na noite em que
confessei meu desejo de ser mãe solo. E Nikolaos, só depois de tanto tempo
estando ao meu lado, resolveu fazer alguma coisa e pedir uma chance para nós,
mesmo que tenha tido todas as oportunidades para fazê-lo. Deveria ter seguido
meus instintos e ignorado a investida e a proposta que me fez, contudo, deixei a
emoção dominar a razão e deu no que deu. A verdade era que tudo fazia parte de
autoconfiança que eu conhecia e adorava. Foi então que percebi que Nikolaos
Galanis era tão necessário para mim quanto respirar.
Queria ir até o homem que eu amava, pedir que negasse tudo, pois me
recusava a deixar aquele homenzinho nojento vencer. Só que, infelizmente,
Cameron estava certo. Não foi por querer estar comigo que Nikos fizera aquilo,
mas, sim, porque precisava. Eu era mesmo um meio para um fim. Tinha apenas
que aceitar.
Só saí do banheiro quando meu Uber chegou e passei o caminho todo me
segurando, metade por orgulho, metade por raiva, mas bastou vê-la de braços
abertos na portaria do meu prédio me esperando, que eu desmontei. Acho que não
chorava tanto desde a morte do meu pai, e o acúmulo de tentar sobreviver sozinha
tanto tempo cobrou seu preço.
Bem ou mal, Rachel era sangue do meu sangue. A única família que me
restara. A única com quem sentia em meu coração que poderia contar daquele
momento em diante. Eu não sabia o que teria sido de mim se não estivesse ali.
Como podia ter passado de uma viagem incrível em que vivi dias lindos
com o homem pelo qual me apaixonei e seria o pai do meu filho, para descobrir
— Ele me enganou, Rachel… Ele mentiu para mim… Era tudo mentira.
Ainda sem entender, Rachel me levou para dentro da minha própria casa e
outras pessoas. Mas era o que eu precisava, colocar para fora. Ainda assim lutei
para acalmar minha respiração. Se eu não fizesse aquilo, poderia ser prejudicial
para mim.
E para o bebê.
— Não sou conhecida como uma pessoa sensata, longe disso, mas achei
mesmo que Nikolaos não era uma pessoa ruim. Que ele gostava e cuidava de
você, mesmo que antes não tivessem um relacionamento amoroso.
fazer algo do tipo comigo. Ou com qualquer outra pessoa. Eu o tinha como um
exemplo de homem. Ele me levou para a sua casa, abrindo nosso relacionamentos
para os seus pais, e me apresentou toda a sua família…
Ainda era tão surreal começar a vê-lo daquela forma. Tudo com o que
Eu não queria e tampouco esperei o fim de nós. Não queria ir para longe,
dar certo. E eu estava grávida. Não me sentia pronta para desistir de nós dois
ainda, ainda assim não podia ignorar o que acontecera e dar uma chance para nós
como família.
Eu sabia que podia viver sem ele, mesmo que aquilo significasse uma vida
Não sentia vergonha de confessar que não fiquei daquele modo nem
mesmo depois do que aconteceu com Cameron. Claro, fui assediada, e isso não
Em um espaço de poucas horas, descobri estar grávida, encontrei meu algoz, fui
ameaçada, descobri ter sido enganada, fui estilhaçada e obrigada a me colar outra
vez.
Sabia que tinha que ser forte pelo meu bebê, mas, por um momento,
enquanto partia da minha própria casa sem destino, não sentia um grama de força
dentro de mim. E eu precisava de toda força que pudesse para enfrentar o que
viria.
dinheiro, repassado para cada um. Era uma ideia muito bacana e fiquei feliz de
pela primeira vez ver minha mãe biológica tentando mudar e fazer algo saudável
para si.
Por ser uma cidade pacata no interior do estado, não tinha muito para onde
ir, nem eu queria, já que não tinha vontade alguma de sair da cama. Os primeiros
dias foram os piores. Sempre tive orgulho de me achar forte, pois desde cedo tive
que aprender a cuidar de mim. Eu não me sentia forte por orgulho, mas porque
não havia alternativa, quando meu pai precisava ser cuidado mais do que eu.
vida não parou só porque eu havia parado a minha. Descobri que as negociações
da Galanix+ com a Parvel estavam quase no fim e foi então que decidi colocar
um ponto final no meu envolvimento com a empresa, porque não queria ter nada
receber o meu pedido de demissão. Bastou apenas um telefonema para que todas
as minhas certezas se embaralhassem. Então, mais uma vez, me forcei a me
lembrar de tudo.
— Não, não precisamos. Soube que está fechando o acordo com a Parvel.
Então que bom que conseguiu o que queria. Eu só fui muito tola para demorar a
enxergar que era apenas uma peça do seu jogo. Passar bem, Nikolaos — soltei, a
mágoa sufocada por tanto tempo emergindo e sem esperar tentasse me demover
da ideia, desliguei.
Além do mais, dentro de mim crescia uma vida. Uma com a qual tanto
sonhei, e eu não permitiria que qualquer obstáculo, fosse ele qual fosse, coração
desesperadamente de Nikos, mas sabia que não podia ceder à tentação de falar
com ele, muito menos vê-lo. Caso contrário, voltaria a me perder mais do que já
estava perdida. Mesmo que, no fundo, sentisse que ficar longe dele também era
um tipo de perda.
dentro de mim que merecia que eu enfrentasse o medo de frente e lutasse por
respeito, em primeiro lugar.
tentava empurrar a dor de lado por não ter Nikos comigo ali. Poderia não haver
espaço para nós dois, porque eu não podia desistir do tecido pelo qual fui feita,
mas ele era o pai do meu filho. Tinha direito de estar ali, merecia ter a escolha de
estar presente ou não. Por isso recusei fazer a ultrassom, mesmo que o médico
tivesse horário, e remarquei para o dia seguinte.
O coração batendo feito louco, minha garganta travada por emoções que eu
não sabia descrever. Eu não esperava me sentir tão conectada a alguém como me
sentia com ele. Além do mais, mesmo depois de tudo, não podia negar que sentia
a falta dele como louca.
Meu corpo tremia, não somente pela visita inesperada, mas pela forma que
me encarava: como se estivesse desesperado. A vontade de chorar retornou, mas
não me permiti. Lágrimas não serviriam de nada. Eu precisava ser forte para
enfrentar tudo. Para enfrentá-lo.
mais tão determinada estando frente a ele. Pelo contrário, sentia-me mais frágil do
que me achava antes. Pequena, e não por causa da altura, mas pela situação.
Nikos pareceu abalado com a minha resposta fria, ainda assim não se
intimidou.
— Nada do que disser mudará o fato que você só ficou comigo porque
queria fechar um negócio. Nada mudará o fato de que me enganou todo esse
tempo.
com um aceno cortante com a mão. Não podia tê-lo ainda mais perto de mim.
Não suportaria.
— Se não foi isso, o que foi então?
— Nunca foi por falta de desejo da minha parte. Desde que me pediu para
que não misturássemos as coisas após nosso primeiro beijo, apenas respeitei seu
desejo. Embora tivesse toda a intenção de fazê-la mudar de ideia, por isso nunca
me afastei. Sempre estava arranjando desculpas para estar com você, porque eu
queria. Porque a queria… Porra, eu basicamente vivi como um eremita desde
então! Era quase um maldito monge! Você comentou comigo sobre sua decisão
de ser mãe solo na noite anterior à conversa sobre da cláusula do contrato com a
Parvel. Eu já tinha toda a intenção de te fazer a proposta de ficarmos juntos, antes
mesmo de você sair pela porta do meu escritório, e foi por isso que fui no dia
Pensei por alguns segundos sobre tudo o que ele estava me contando e, por
mais que sentisse que era sincero, ainda assim não mudava nada entre nós. Ainda
— Acredito que talvez não tenha sido sua intenção, ainda assim o fez de
qualquer modo. E talvez eu tenha me enganado ainda mais.
Eu não queria fazer a pergunta seguinte, mas tinha que fazer. Precisava
saber a resposta.
finalmente ceder.
— Queria ter dito desde o início, mas tinha receio de te assustar mais do
que já estava quando te propus o acordo. A última coisa que gostaria era afastá-la
de mim e não queria perdê-la, porque tinha medo pra caralho disso. Apesar de
todo o medo, ainda assim tinha intenção de contar, mas as coisas foram
acontecendo, nos atropelando, e toda vez que estava perto de fazê-lo, algo me
impedia.
— Porque mentir para mim era mais fácil. — Minha voz soou gelada,
como se fossem adagas.
não apenas no rosto bonito, mas na forma como se portava. Seu olhar não saiu do
meu, ainda assim não podia simplesmente esquecer o que aconteceu ou que ele
seguiu com o negócio depois de tudo. Mesmo após saber quem eram os Parvel e o
diante das minhas razões, tudo o que eu queria naquele momento era me jogar em
seus braços e fazer com que ele me beijasse até que tudo desaparecesse da minha
mente, corpo e alma.
Nikolaos me encarou e havia tanta emoção em seu rosto que senti vontade
de chorar.
Desviei o olhar do dele. Não podia esquecer que, mesmo com tudo que
Aquelas palavras. Aquelas com que tanto sonhei e pelas quais esperei. Não
conseguia mais abrir minha boca para argumentar, porque o que conseguia ver era
que vivi em uma realidade paralela. Um mundo de fantasias. Um que não existia
realmente.
Eu o amava também, era fato, mas não sabia se poderia mais confiar nele
como parceiro. E quando lhe contasse sobre a gravidez, nunca teria certeza se
estaria ao meu lado pelo bebê ou por nós dois. Querendo ou não, haveria sempre
doeu em mim vê-lo sofrendo tanto quanto eu me sentia padecer. Era como ter o
alma.
— Não, Max. Não acabou — ele soltou, sem conseguir mascarar o tom
Duas semanas se passaram desde que Nikos saiu da minha casa e não tive
Era de Nikos, mas não dizia nada, era apenas o link de um site.
Eu precisava v ê -lo.
CAP Í TULO 20
meu coração para absolver aqueles nojentos por tudo que infligiram a tantas
pessoas. Nada poderia apagar o que cada vítima passou e ainda passava.
Ainda assim, eu estava ali para garantir que pagassem pelo que lhes
fizeram.
No mundo do entretenimento, a destruição da reputação de alguém e
Gostaria de acreditar que Max foi a única que sofreu com a família
assumir a empresa. Logo tantos casos apareceram e eu não fiz mais do que
escalão do Studio.
mim. Ainda assim, não sabia qual passo dar a seguir. Sentia-me mais fraco
a cada dia, embora aquilo também alimentasse meu rancor e desejo de
Eu lutaria para tê-la, faria aquilo até o último segundo, mas se não
tivesse seu direito assegurado. Não importava que me sentisse rasgado por
dentro, nem que nunca mais haveria chance para nós, eu queria ter certeza
Foi isso que me fez aumentar sua segurança, mesmo que ela não
soubesse. Cogitei que talvez pudessem tentar atingi-la por minha causa,
mas não achava que arriscariam fazer qualquer coisa, quando todos os olhos
estavam neles. Seria burrice demais. Mas com a segurança da minha mulher
incansavelmente, mas não o atendi. Qualquer coisa que ele tivesse a dizer
deveria ser feito através dos advogados, só que levando em consideração a
quantidade de acusações que começaram a chegar, ele deve ter pensado
melhor e recuou.
que lhes paguei fosse durar muito. Planejei tudo e tinha toda a intenção de
que ele perdesse cada centavo com as indenizações das vítimas e em
honorários advocatícios em uma tentativa de defesa. O que seria perda de
tempo, porque pretendia deixá-los sem nada. E, Cameron, bem, atrás das
grades com um bilhete só de ida para o inferno.
— Desculpe, Sr. Galanis. Sei que pediu para não o incomodar, mas
também deixou ordens sobre a Srta. Black — minha secretária, Hannah,
acelerado, certo de que não podia ser verdade. Não havia nem mesmo meia
hora que tinha lhe enviado o link com a notícia sobre a Parvel. Achei que
saudades, fiquei calado, estudando seu rosto, antes descer pelo seu corpo.
Foi então que meu olhar caiu na barriga levemente avantajada.
— Sim.
— Loucura é você sequer achar que eu não faria qualquer coisa por
você. Eu disse que resolveria tudo.
alguma. Fora que não vai demorar muito tempo para que eles fiquem sem
Seu corpo, cheiro, tudo nela trazendo de volta o ar que eu precisava. Bem
como a batida do meu coração.
porta.
não. Sei que te machuquei e, mesmo que eu tenha que passar o resto da vida
— Não só por causa dele. Até porque nem sabia que estava grávida e
estava determinado a cumprir tudo o que te disse. Mas por sua causa,
corpo parecendo relaxar. Sem desviar os olhos dos meus, com a expressão
devorar das línguas, a fome que não mudou, apenas aumentou com a
— Eu que tenho que pedir desculpas, tantas. Deveria ter sido sincero
desde o princípio. Você não merecia ter sido mantido às escuras. Muito
menos se sujeitar a dividir o mesmo ar que aqueles crápulas nojentos!
nunca por causa de uma maldita cláusula contratual. Apenas nós dois.
Agora três.
— Max Black, por mais que eu tenha planejado fazer isso tantas
vezes, nunca consegui encontrar palavras para fazer esse pedido, porque
nada me pareceu bom o suficiente. Então não tenho frases prontas ou gestos
nos conhecemos, eu sabia. Sabia que era você. E quanto mais tempo
passava ao seu lado, mais certeza eu tinha em meu coração. Não quero que
seja apenas minha namorada ou mãe do meu filho. Quero que seja minha
mulher. Minha parceira. Para sempre. Case-se comigo, meu amor. Vamos
apenas tornar oficial o que em meu coração sempre foi verdade.
Com a mão na boca e as lágrimas caindo sem cessar, ela sorriu,
Deslizei o anel no seu dedo, antes de ela jogar os braços em volta dos
meus ombros e me beijar. Na verdade, essa não era uma palavra forte o
suficiente. Ela me reclamou, e deixei, porque pertencia a ela mesmo.
Bem ali.
Naquele exato instante, porque não podia mais esperar, ainda que
tivéssemos a vida toda pela frente.
EP Í LOGO
— Você está linda, filha — Rachel sussurrou, olhando com amor minha
imagem vestida de noiva refletida no espelho de corpo inteiro.
mulher diante de todos. A ilha de Gaia fora escolhida para celebrar o nosso dia, e
eu não podia estar mais feliz por poder fazermos aquilo de modo íntimo, rodeados
apenas da família.
celebrados em um domingo para dar boa sorte, então ali estávamos, em um lindo
domingo ensolarado.
com oito meses, mas por conta da gravidez gemelar, a qualquer hora elas
poderiam vir. Tentei fazer com que Nikos esperasse até que elas nascessem, mas
ele estava irredutível, dizendo que suas herdeiras viriam ao mundo com os pais
casados.
ele.
Por isso minha sogra e eu, bem como as Galanis do sexo feminino, meio
que corremos contra o tempo para tentar fazer a celebração dar certo. Organizar
um casamento grávida, trabalhando sem parar e ao mesmo tempo participando do
desmantelamento público dos Parvel foi no mínimo difícil.
ali naquele momento. Naquele que seria o dia mais feliz da minha vida.
— Onde mais poderia estar? Obrigada por me permitir estar com você,
apesar de tudo.
desde que descobri sobre ser sua filha biológica e parecia ser outra mulher desde
então. Uma da qual eu vinha tendo muito orgulho.
Claro, eu sabia que o caminho para o perdão ainda seria árduo, mas
estávamos trabalhando naquilo. Ainda não conseguia me referir a ela como mãe,
talvez demorasse a fazê-lo. E ela parecia entender, cada coisa no seu tempo.
noivo está meio impaciente, ameaçando romper pela porta e levá-la carregada, se
demorar mais.
Ri alto, embora soubesse que era a mais pura verdade. Nikolaos parecia
mais ansioso do que eu e não escondia o fato de ninguém. O que só foi
Eu estava pronta brigar com ele pela quebra do protocolo, mas quando ele
— Faremos isso juntos. Porque sempre será assim, você e eu. Juntos.
Depois da quebra dos pratos, parte da prática grega para afastar os maus
ponta do tecido e dançamos juntos, mas então partimos para a clássica dança dos
E em meio à risada que dei ao escutar uma sacanagem dita pelo meu
marido no ouvido, senti uma dor dilacerante que parecia ser capaz de me rasgar
ao meio. Quando Nikos olhou para mim, suando, gemendo, sabia que nossas
mundo. Nossas pequenas deusas gregas, que poderiam ter acabado com a festa e
atrasado nossa lua de mel, mas chegaram para coroar nossa felicidade e fazer o
— Elas são lindas, não são? — A voz da minha esposa era um sussurro
apaixonado, enquanto olhava para nossas filhas, brincando com os primos ao
que ela tanto amava e gostava de paparicar. A velha não podia estar mais feliz.
Até mesmo Rachel estava ali, já que parecia ser outra.
mães quando se tornavam avós. Talvez fosse o caso de Rachel, que era para as
netas o que nunca fora antes para a filha: amorosa e dedicada. Ela vinha se
cuidando desde que Max soube a verdade, não saíra da linha uma só vez e morava
nenhuma ajuda financeira nossa, até mesmo frequentava uma terapia de grupo
para uma casa maior, em seu tempo vago fazia questão de estar presente. Até
mesmo para supervisionar as babás e nos deixar mais tranquilos quando saíamos.
Claro, mãe e filha ainda tinham seus problemas para resolverem, mas
vinham mantendo um relacionamento saudável. O que só as tornava cada dia
mais próximas.
— Não, não puxaram. Elas são a sua cópia e você está apenas me
provocando por ter um esperma superpotente.
Eu ri, porque Max tinha razão, e eu era um bastardo arrogante por não
esconder o orgulho do fato. Atena e Hera eram mesmo duas miniaturas minhas.
Não tinham absolutamente nada da mãe. Eram Galanis em todo o sentido da
palavra.
Ri com vontade, ainda mais orgulhoso. Max estava falando aquilo com um
bico lindo, porque, a última ultrassom que fizemos, na semana anterior, fomos
mostrar para minha mãe, como fazíamos a cada vez, e ela ficou chocada quando
olhou a imagem. Só depois foi até suas caixas de recordações e, após procurar por
um tempo, nos mostrou o exame que fizera quando estava grávida de mim e
vimos que até mesmo na ultrassom nosso filho já era a minha cara.
— Amor, tenho certeza absoluta de que não houve nenhuma reclamação da
sua parte de participar mais do que ativamente do processo.
Naquela noite, ela usava um vestido floral longo, que marcava suas curvas
da gravidez.
profundamente na sua boceta e não permitir que pense em nada além do meu pau.
— Já não deixamos claro que sou apenas realista? — Ela revirou os olhos
para o seu pau. Você pode ficar tonto e como uma excelente esposa não posso
permitir que passe mal. — Ela riu de sua própria piada, enquanto eu começava a
arrastá-la dali, tentando segurar o rosnado que ameaçou me escapar.
Só que nem mesmo dei mais do que três passos, antes de Max parar de rir
e paralisar.
— Uh… Amor… Er… Acho que o passeio que prometeu vai ter que
esperar um pouco. Talvez uns meses.
— Por quê?
—É… uma coisa engraçada, mas minha bolsa acaba de estourar — ela
— Por favor, não faça uma cena — sussurrou e a ignorei, antes de carregá-
la em meus braços.
— É, pelo visto seus filhos gostam de fazer uma entrada triunfal. Obrigada
pelo belo presente de aniversário, meu querido — Yayá, disse sem conseguir
deixar de sorrir.
Até me tornar pai, não entendia exatamente o poder que aqueles serezinhos
tinham e o quanto éramos capazes de amá-los. A magnitude do amor que sentia
por eles era mais avassaladora do que um maremoto. Tudo com eles assumiu um
Max riu alto e foi um maldito alívio vê-la relaxada e feliz daquele jeito,
porque os últimos minutos antes da chegada do nosso menino foram uma espécie
de tortura para mim. Eu não sei como ela fazia aquilo. Ela era basicamente a
Mulher Maravilha.
E, depois de duas gravidezes, vômitos, oscilações de humor e dos partos,
eu não tinha dúvidas de que o que sentia por aquela mulher era amor, porra. Eu
estava empenhado em passar o resto da minha vida amando-a do jeito que ela
Minha família, planejada ou não, era tudo para mim. E não tinha dinheiro
Cinco dias, cinco testes e, agora, eu estava prestes a ter minha quinta
Grávida e apavorada, era como eu estava, o que não devia ser uma
boa combinação para o bebê.
O bebê.
estar grávida e ter um bebê no meu colo, com bracinhos, perninhas, uma
interesse de seu filho pródigo poderia recair justo em mim, que não passava
pudesse me escutar do lado de fora, algo que não era difícil. Com aquelas
paredes finas, ela poderia ouvir até mesmo meus batimentos cardíacos, se
uma surpresa bonita para seu par romântico. Talvez isso funcionasse em
mas que agora me dava náuseas, e então encarar minha mãe como se minha
Amigas há uns bons anos, sempre estamos juntas nas Bienais da vida e se você já nos
encontrou alguma vez, com certeza nos viu grudadas em algum momento. Até mesmo tirando sarro,
nos gongando. rs Juntas, dividimos apartamento, cama, roupas, sapatos, makes, risadas, sonhos e até
opiniões.
E foi justamente por conta da nossa aproximação e cumplicidade tão singular, que passamos
a nos considerar irmãs. Sempre damos um jeito de ficar conectadas, mesmo que estejamos uma em
cada canto do país e com seus próprios dramas pessoais. Juntas, desabafamos, rimos, nos colocamos
Por conta da intimidade, também vivemos nos metendo nos livrinhos uma da outra, seja para
betar, fazer uma capa, revisão, ou mesmo sugerindo mudar algo e dar pitaco na história, o que nos
deixa de alguma forma envolvidas nos trabalhos de cada uma, mesmo sem planejar.
Então na última Bienal resolvemos levar para o papel (e a tela) e tornar essa parceria tão
especial mais do que oficial. Uma parceria que surgiu em meio a uma conversa a base de álcool,
dancinhas, cantorias e grandes planos, delírios e muitas gargalhadas.
Juntas decidimos fazer algo só nosso, onde os mocinhos farão você se deliciar e as mocinhas
te inspirar.
IMPÉRIO GALANIS, é um projeto em parceria entre nós 3. Como falei antes, a ideia surgiu
com o propósito de lançarmos um romance clichê inédito, inspirado nos romances de banca que tanto
Obrigada, migas. Por embarcarem nessa aventura comigo. Já estou pronta e ansiosa para a
próxima...
Nunca posso deixar de agradecer também a minha família, meus pais, meu marido e filhos.
Obrigada por estarem comigo a cada passo, por entenderem a ausência e apoiar-me sempre. Amo
Minhas princesas lindas e eternas em meu coração, leitoras maravilhosos, por cada palavra
linda e amiga, obrigada por cada livro, cada e-book comprado, mas principalmente por me
permitirem viver esse sonho de escrever para vocês. S2
E quero agradecer também a você, que me deu a oportunidade de contar mais uma história,
que me acompanha a cada loucura, que me permite continuar a sonhar... Obrigada!
Beijos,
SOBRE A AUTORA
MÍDDIAN MEIRELES
Com milhões de leituras em suas obras nas plataformas digitais, a
baiana Míddian Meireles, passou dos 30 e já soma mais de 20 livros
paixão sempre foi escrever e desde cedo decidiu usar a criatividade para
contemporâneos, que vão dos chick lits, passando pelo erótico e até mesmo
divertidas comédias românticas.
Contato: contato@mimeireles.com