Lideranca e Produtividade
Lideranca e Produtividade
Lideranca e Produtividade
PRODUTIVIDAD
E
DERSON DA SILVA LOPES
JR. NOEMI CORREA BUENO
ADMINISTRAÇÃO DA ENTIDADE MANTENEDORA (INSTITUIÇÃO
ADVENTISTA DE EDUCAÇÃO E ASSISTÊNCIA SOCIAL NORTE BRASILEIRA-
IAEASNB)
PRODUÇÃO DO CONTEÚDO
1
Gerenciamento do
tempo e produtividade
A partir desse cenário, teóricos passaram a estudar sobre como ajudar nesse dilema
em que o sentimento de insuficiência influencia no aumento e acúmulo de
atividades, e, consequentemente, na sobrecarga, porém ao invés das pessoas
sentirem-se satisfeitas após esse esforço, o sentimento de inapropriação continua
imperando. Nesse sentido, o conceito de produtividade passou a ser acompanhado
por teorias e técnicas que visualizam novas formas de alcançar altos patamares,
respeitando os recursos existentes, de maneira a favorecer sentimentos de bem-estar
e satisfação no decorrer da realização dos projetos.
Conceito de produtividade
A produtividade consiste no desempenho dos processos relativos a uma determinada
atividade, sejam elas pessoais sejam organizacionais. Conforme Renato Lobo (201, p.
117), esses processos podem ser avaliados a partir de uma análise da relação entre o
volume produzido e os recursos necessários a essa produção; assim, quanto melhor
for a produtividade, melhor será a relação entre o volume produzido e os recursos
consumidos.
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filhos pode ser sinônimo de um dia produtivo,
c
o
t
s
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e
enquanto, para outro, produtividade é ter passado
t
t
5 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
o dia trabalhando, atendendo clientes, respondendo e-mails. Ou, ainda, para alguém,
um fim de semana produtivo pode ser compreendido como dias em que houve
dedicação às atividades físicas e de lazer, enquanto para essa mesma pessoa, um dia
de semana produtivo pode significar aumentar as vendas. Em todos os casos, existe a
relação resultados obtidos x recursos aplicados, mas para cada um deles há um tipo
de resultado específico, que depende dos objetivos estabelecidos.
Assim, é possível definir produtividade de uma forma mais específica, apontando
como sendo a “melhor forma de usar energia, intelecto e tempo conforme tentamos
obter as recompensas mais significativas com o mínimo de esforço desperdiçado. É
um processo de aprendizado sobre como ter sucesso com menos estresse e
dificuldade. É realizar algo sem sacrificar tudo o que importa no caminho”
(DUHIGG, 2016, p. 10).
Administrar recursos e atividades laborais tem sido um grande desafio para os dias
contemporâneos, nos quais novas atividades extras surgem diariamente tanto no
ambiente corporativo, como no ambiente pessoal. Considerando esses aspectos, é
nossa função verificar como podemos gerir melhor nossas ações de forma mais
responsável de maneira a obtermos uma produtividade efetiva e que mantenha o
equilíbrio das dimensões e áreas da vida e/ou das organizações.
O paradoxo da produtividade
Com os avanços da tecnologia, alcançamos um alto grau de produtividade (como
mencionado acima), em que a tecnologia permite acesso às informações e à
conectividade em âmbito global, facilitando o desenvolvimento da indústria, da
medicina, da educação, e até mesmo da política (sendo possível expor governos
corruptos e ações não condizentes com a ética, por exemplo). São inegáveis as
contribuições e a necessidade da tecnologia para o avanço da produtividade.
Conforme Paulo Kretly, Kory Kogon e Adam Merrill (2016, p. 04) afirmam, “é ao
mesmo tempo mais fácil e mais difícil do que nunca atingir uma produtividade
extraordinária e ter senso de realização na vida”. Essa dicotomia acontece porque ao
mesmo tempo em que existe muita contribuição, por outro, o fluxo constante de
informações demanda muita tarefa e atenção para atividades nem sempre
importantes, mas que impactam no uso dos recursos de tempo e de energia, fazendo
com que as pessoas se sintam cada vez mais sobrecarregadas. Aliás, a própria
facilidade de exploração e utilização das novas tecnologias com acessos inclusive via
celular compõe uma estratégia de dispersão e procrastinação. Ainda conforme os
autores, o paradoxo da produtividade gira em torno de 3 desafios:
Além desses fatores, ainda é possível mencionar o fato de não possuir metas ou
propósitos. Quando não existem metas, as atividades perdem o sentido e isso causa
desmotivação. Traçar um plano consciente do resultado que se pretende alcançar é
necessário para que haja motivos para que determinada ação seja realizada, caso
contrário, não há por que ser feita. A famosa conversa entre Alice e o Gato de
Cheshire (no filme Alice no País das Maravilhas) aponta bem essa questão:
8 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
Por fim, salientamos ainda a questão de ser multitarefa. Realizar várias atividades ao
mesmo tempo afeta a produtividade. É viável, sim, realizar duas tarefas ao mesmo
tempo, mas isso acontece apenas para atividades que não exigem concentração, pois
não é possível focar em mais de uma coisa exatamente ao mesmo momento. É
necessário foco para ser altamente produtivo em atividades que demandam
memória, atenção e raciocínio. Alguém até pode realizar três tarefas
concomitantemente, mas certamente, obterá melhor resultado se fizer cada atividade
separadamente.
Procrastinação
Nesse paradoxo da produtividade, vale apontarmos a respeito do conceito de
procrastinação, que consiste em “deixar para depois” uma tarefa que poderia ser
realizada naquele momento, mas é adiada por uma hora, um dia, um ano ou até
mesmo uma vida. A procrastinação pode envolver diferentes áreas com diferentes
graus de importância, assim, pode estar presente na preguiça para lavar louça, para
montar um currículo, ir ao médico, fazer uma atividade física, estudar para aulas ou
até mesmo realizar uma atividade importante no ambiente profissional.
◊ Não colocar metas, ou seja, não deslumbrar como os objetivos podem ser
alcançados a partir de tarefas menores ou os passos a serem dados para
alcançar os objetivos, nem definir os prazos de realização de cada uma
dessas etapas.
◊ Fazer tudo ao mesmo tempo (ou ser multitarefa, como já colocado acima).
9 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
Delegue
OP
MI
Responder emails
L
AI
Marcar uma
VI
entrevista Limpar a
Elimine
RT
Escrever um artigo
Programe Ver TV
Terminar o Aprender algo Ler todos os emails
novo Fazer um Olhar o Facebook
Após essa classificação, é possível descartar (ou pelo menos adiar ou delegar) as
tarefas que não são importantes, nem urgentes, e até mesmo as urgentes e não
importantes, focando primeiramente nas atividades importantes e urgentes e,
posteriormente, nas atividades importantes, mas sem urgência. A tendência humana
é adiar a realização de uma atividade importante, até que ela se torne urgente,
quando o ideal é que as atividades importantes sejam supridas o quanto antes, pois
assim há maior controle de um cronograma.
Em relação a isso, Stephen Covey (2017, p. 41) elaborou uma Matriz do Tempo
classificando os quadrantes da Matriz de Eisenhower, o quadrante 1, referente às
atividades urgentes e importantes, é considerado como de crises e incêndios; o
quadrante 2 se refere às tarefas importantes e urgentes contendo, portanto, ações
planejadas e estratégicas; o quadrante 3 é o das atividades urgentes e não
importantes, consiste em interrupções; enquanto o 4, das ações não urgentes e não
importantes consiste em tarefas desnecessárias que apenas consomem tempo. Essa
classificação pode ser visualizada na Figura 2.
11 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
N ET Estratégias e
AT
ações
Crises e
R
OP planejadas
MI
incêndios
R
OÃ
Fonte: Adaptado,
N
tempo
“Existe algo que podemos fazer, e as pessoas mais felizes são aquelas
que conseguem fazê-lo no limite máximo de sua capacidade. Nós
podemos estar completamente presentes. Podemos estar inteiros
aqui. Podemos dar toda nossa atenção à oportunidade que está diante
de nós”.
Por fim, vale compreender onde a energia de vida está sendo depositada, e aprender
a investir essa energia em coisas que irão agregar satisfação, valor e/ou qualidade
12 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
de vida, pois quando investimos em tarefas desse tipo, a energia investida retorna
ainda maior. Assim, gerenciar o tempo, as tarefas, a energia e os hábitos é essencial
para alcançar alta produtividade. Isso permite uma maior otimização do tempo e um
direcionamento sobre o que deve ser feito e a ordem de prioridade. Permite também
melhor distribuição da energia para que a mente e o corpo tenham a energia
suficiente para a realização de cada atividade.
Em outras palavras, produtividade não requer apenas a realização das tarefas certas,
mas fazê-las com efetividade.
Como exemplo de aplicação desses conceitos, podemos citar uma empresa que
mensalmente possui 80 contas para pagar. Quando o funcionário responsável por
essa atividade paga todos os meses as 80 contas, ele está sendo eficiente, pois está
cumprindo sua função, respeitando o prazo e os recursos da instituição. Porém, se ele
cadastra as contas em débito automático, economizando seu tempo futuro, ele está
sendo eficaz, já que otimizou essa atividade.
O desenvolvimento da eficácia torna-se, portanto, um importante desafio a ser
alcançado. Conforme Stephen Covey (1989), existem sete hábitos que conduzem a um
resultado desse tipo. Os hábitos são:
Por fim, a efetividade refere-se a fazer certo as coisas certas, com excelência. Dessa
forma, engloba os conceitos de eficiência, eficácia e de qualidade, promovendo a
melhoria contínua. Uma atividade efetiva além de fazer a coisa correta da maneira
ética e adequada ainda analisa a raiz do problema, executa ações preventivas e
realiza uma análise de encerramento. Isso faz com que o círculo vicioso de um
problema seja eliminado.
Como você poderá notar, esses conceitos serão retomados e trabalhados no decorrer
desta disciplina.
Nesse sentido, para visualizar e analisar esses momentos, podemos utilizar como
parâmetro quatro dimensões da natureza humana. Vale lembrar que mesmo quando
há destaque em alguma delas, para o alcance da produtividade todas devem estar
equilibradas. Essas dimensões são:
Para adquirir produtividade é importante que haja um equilíbrio entre todas essas
dimensões, sem que nenhuma seja negligenciada, afinal, essas áreas são interligadas
e uma depende da outra. Aliado a esse conceito das quatro dimensões, Geronimo
Theml (2016) aponta que existem quatro elementos essenciais da felicidade: realização
pessoal, realização profissional, realização financeira e equilíbrio.
Sobre isso, Theml (2016, p. 21) propõe 4 perguntas que devem ser autoaplicadas e que
permitem avaliar cada um desses elementos:
1. Você sente que descobriu seu propósito de vida, que vive por sua
missão, e que se sente pleno como pessoa? (Realização Pessoal).
2. Você tem um trabalho que está contribuindo com uma causa maior?
Sente que seu trabalho tem significância, e que por meio dele exercita
seus melhores talentos na potencialidade máxima? Sua atividade
profissional respeita seus valores e das pessoas que você convive? Você
sente prazer e gratidão ao fazer essa mesma atividade todos os dias?
Seu trabalho faz você se sentir vivo e desafiado a querer melhorar, não
porque precisa ser melhor, mas porque ama o que faz? (Realização
Profissional).
3. Você já alcançou todas as conquistas materiais que gostaria, de modo
que suas reservas financeiras atuais sejam maiores do que você precisa
materialmente falando? (Realização Financeira).
4. Sente-se equilibrado em todos os papéis que exerce na vida, como
pessoa, filho(a), pai/mãe, amigo(a), marido ou mulher, e tem tempo de
qualidade para as pessoas que ama, para fazer o que gosta e para cuidar
de si mesmo? (Equilíbrio).
16 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
Vale apontar que as tarefas de produção, ou seja, aquelas que fazem parte do rumo
para a conquista dos sonhos, podem ser divididas em tarefas com margem e sem
margem. As tarefas sem margem são aquelas cumpridas com o prazo muito apertado
e, por isso, quando concluídas a sensação de quem a cumpriu é de que precisou
“apagar um incêndio” e que necessita acelerar seu ritmo para cumprir a próxima
tarefa, não gerando tempo de aproveitar os méritos da conclusão dessa atividade (ou
seja, possuem características semelhantes com atividades importante e urgentes, já
estudadas neste módulo).
Criar esse hábito não é fácil, pois como já foi abordado, o paradigma da
produtividade levou a humanidade a um patamar de excesso de informações e
compreensão errônea do que é importante e o que é urgente ou até mesmo da ideia
de incompatibilidade entre dever e prazer. Não é atoa que autores de livros sobre
produtividade iniciam suas obras abordando sobre como estavam sobrecarregados e
como não tinham tempo para
17 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
Você não está sozinho(a) nessa jornada, e lembre-se de que o equilíbrio é fundamental
para termos bons resultados, seja na área profissional seja no contexto pessoal.
2
Fundamentos da liderança
L iderança é um dos temas mais debatidos no meio
empresarial.
No entanto, a liderança vai muito além de uma função, ela se aplica a diversas áreas
de nossas vidas. Não é por acaso que Maxwell (2015) define liderança como sendo
influência. Ou seja, todas as vezes que você influencia alguém, está exercendo
liderança. Em casa, no trabalho, na comunidade, qualquer ambiente em que esteja
inserido e influenciando pessoas, você está liderando, mesmo que não ocupe uma
função específica que lhe confira o poder de supervisão. Por essa razão, Covey (2008)
afirma que a principal atividade de um líder é comunicar às pessoas sua contribuição
pessoal de maneira tão clara que elas consigam ver por si mesmas, sem dúvida um
trabalho de influência.
Ser empático, justo e consciente nas ações não significa ser carismático. O carisma
pessoal pode ajudar, mas não é uma condição para a liderança. Muitas pessoas,
consideradas antipáticas têm exercido papéis de destaque na liderança no mundo.
Esse pensamento está relacionado também ao mito de ser um líder nato. É um fato de
que algumas pessoas possuem dons de nascença que facilitem a liderança, mas
liderar é uma disciplina que pode ser aprendida por qualquer pessoa e que vai ser
aprimorada na medida da frequência com que é praticada.
Liderança Corporativa
A liderança no contexto corporativo possui particularidades em relação à liderança
no sentido amplo. O líder empresarial está preocupado em desenvolver pessoas e
aumentar o potencial de cada indivíduo, mas esse não é seu único papel. Cada líder
da empresa possui metas e resultados a entregar e precisa equilibrar seu trabalho com
o desenvolvimento das pessoas com a busca pelas metas estabelecidas. O líder eficaz
entrega os resultados que a empresa precisa através de seu grupo de colaboradores.
Esse é um dos motivos pelos quais ser um líder é mais complexo do que ser um
executor. Quem executa tarefas depende apenas de si mesmo para ser bem-sucedido,
quem lidera depende primordialmente do resultado de sua equipe. O líder
empresarial enfrenta prioritariamente os seguintes imperativos (CHIAVENATO &
SAPIRO, 2010):
Conduzir pessoas para resultados: Como os resultados do líder são obtidos através
das pessoas, ele precisa ser capaz de preparar e impulsionar as pessoas para alcançar
as metas em equipe.
Influenciar pessoas através do poder pessoal: A autoridade formal tem seu papel, mas
não é através dela que o líder obtém os melhores resultados. O poder pessoal de
engajamento e influência possui maior probabilidade de conduzir as pessoas para o
rumo desejado.
Reconhecer e localizar talentos: Uma grande demanda atual das empresas é encontrar
as pessoas qualificadas para compor seu time. Descobrir e atrair as pessoas certas e
alocá-las corretamente é um grande desafio dos líderes e a habilidade de reconhecer e
localizar talentos deve ser desenvolvida para não apenas manter seus colaboradores,
mas encontrar novas pessoas quando necessário.
Inspirar lealdade e confiança: A confiança é a base para a liderança. O líder deve ter
integridade e confiar nas pessoas para que seu time também confie nele e na empresa.
A lealdade do grupo virá à medida que a empresa se tornar um ambiente de
confiança mútua e respeito ao indivíduo.
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distinta das pessoas que compõem
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a organização. Além disso é
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e
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fundamental recrutar, selecionar e
S
Ênfase em práticas éticas: As ações dos líderes estratégicos deve fortalecer a prática da
ética na empresa, servindo de norma, referência e exemplo. Para isso ele pode utilizar
se da criação e desenvolvimento de um código de ética organizacional, disseminar
esse conjunto de práticas por toda a organização, criar métodos para auferir o
alinhamento das pessoas com os princípios estabelecidos, e desenvolver um
ambiente que torne a organização um lugar agradável de se trabalhar.
líder estratégico não pode descuidar das métricas de sua empresa, para certificar-se
de manter cada indicador em um índice saudável de desenvolvimento.
Liderança x Gerenciamento
De maneira simplificada, Covey (2005, p. 96) define a tarefa de liderar como,
“comunicar às pessoas seu valor e seu potencial de forma tão clara que elas acabem
por vê-los em si mesmas”. Podemos ainda complementar essa definição
acrescentando que liderança está relacionada às habilidades que um indivíduo
desenvolve, capazes de inspirar, influenciar e transmitir valores e potenciais a outras
pessoas e/ou grupos sociais por meio de diferentes formas, as quais no contexto da
esfera profissional, o canal disponível para disseminá-las é a organização. Para
entendermos melhor o papel da organização nesse processo, vamos observar
algumas de suas características particulares descritas por Covey (2005):
É importante destacar que não existem organizações sem pessoas, e que também não
há organizações sem objetos, fluxos e processos, por isso, para que sejam
bem-sucedidas, as organizações precisam ser lideradas e gerenciadas.
Abstraímos deste entendimento algo óbvio, ou seja, que somente pessoas podem
fazer escolhas, coisas não, porém, isso nem sempre é considerado na formulação das
políticas de organizações, e consequentemente consolidado e executado.
O mundo moderno tem se tornado a cada dia mais complexo. As crises econômicas
locais e globais, a velocidade do alcance das redes sociais, a chegada das novas
gerações no mercado de trabalho, o aumento da concorrência, a escassez de mão de
obra realmente
26 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
Diante deste contexto, para que sejam vencedoras e alcancem grandeza, as empresas
precisam de líderes que sejam gerentes, e gerentes que sejam líderes. No entanto, ao
observarmos a conjuntura organizacional global, percebemos que as empresas não
têm explorado todo seu potencial, e com isso não têm sido realmente grandiosas, e a
resposta talvez esteja justamente no desequilíbrio dessas duas esferas: liderança e
gerenciamento.
Refletindo sobre esse contexto, Covey (2005, p.107) apresenta os quatro problemas
crônicos das organizações e seus sintomas:
Vale observar que o ser humano é dotado de quatro esferas: espírito: deixar um
legado, significado; mente: aprender, realizar propósitos, crescimento e
desenvolvimento pessoal; corpo: viver, ser ativo, sobreviver; coração: amar,
potencializar, relacionar se. Se observarmos com cuidado os problemas crônicos
listados na sequência, vamos perceber que tais problemas estão relacionados às
quatro esferas.
Esse conjunto de problemas vai ficando mais claro a medida que avançamos nos
estudos da liderança organizacional. Negligenciar o gerenciamento das coisas é
deixar a organização à deriva, sem direcionamento, sem controle, sem indicadores,
fadada a maus resultados. Já negligenciar a liderança é ter nas organizações equipes
de pessoas de alta performance, porém, subaproveitadas, desanimadas, oferecendo
muito menos do que poderiam para resultados.
Para combater esses efeitos negativos, um líder eficaz precisa desenvolver atividades
que atendam as quatro esferas do ser humano, e assim reverter o quadro negativo
instalado na organização de modo a liberar o melhor potencial e talento das pessoas.
Covey (2015) destaca quatro papéis cruciais que um líder deve assumir:
4. Fortalecer: focar o talento nos resultados, não nos métodos, então sair do
caminho das pessoas e ajudá-las quando isso for solicitado.
Liderança Nível 5
O conceito da Liderança Nível 5 foi proposto por Collins (2013) em sua análise
das empresas que possuíam desempenho muito superior ao de empresas do mesmo
setor no mesmo período. Essas companhias, como Gillette, Kimberly-Clark, Wells
Fargo e Abbot Laboratories, cresceram o triplo da média de seus concorrentes por
pelo menos 15 anos. Comparando o estilo de liderança exercido nessas empresas,
Collins (2013) encontrou o mesmo perfil nas empresas consideradas vencedoras, o
perfil que foi denominado nível 5.
Os estilos de liderança foram classificados por Collins (2013) em 5 níveis,
conforme figura a seguir:
28 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE Os 5 níveis da Liderança
Nível 5
Executivo de nível cinco
Constroi um ótimo duradouro por meio de uma mistura paradoxal de humildade
e determinação pessoal.
Nível 4
Líder eficaz
Catalisa o empenho dos colaboradores numa visão clara e contagiante. Persegue
de forma vigorosa esta visão e estimula níveis de desempenho superiores.
Nível 3
Gestor competente
Organiza as pessoas e os recursos para alcançar de forma eficaz e eficiente
determinados objetivos.
Nível 2
Membro produtivo de equipe
Contribui com capacidades individuais para os objetivos do grupo e trabalha de
forma eficaz com outras pessoas em contexto de equipe.
Nível 1
Indivíduo altamente competente
Faz contribuições produtivas por meio do seu talento, dos seus conhecimentos,
das suas capacidades e de bons hábitos.
O líder considerado nível 5 reúne as habilidades dos outros quatro tipos de líderes
classificados, mas, soma a essas características a humildade e a determinação de
vencer com seu time. O maior objetivo desses líderes é criar projetos excelentes e
independentes, ou seja, que não necessitem de sua presença para continuar
acontecendo. Por essa razão, esses líderes estão preocupados em deixar um legado na
empresa que permaneça mesmo após sua partida da organização.
Como se pode perceber, o paradoxo nesse conceito de liderança está no fato de que a
humildade e cooperativismo desse líder não diminuem sua busca por resultados, ele
deseja ardentemente alcançar suas metas e levar a organização aos mais altos
patamares de performance. Seu foco não permite tolerância com a incompetência e é
implacável na cobrança, mas isso ocorre de maneira respeitosa, transparente e justa.
Uma importante mensagem do conceito da liderança nível 5 é que a liderança
organizacional precisa estar focada em resultados, pois isso garante sua real
credibilidade.
30 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
Inspire confiança
Como conectar-se aos valores das pessoas e inspirá-las a oferecer seu melhor?
Além desses custos visíveis decorrentes dessa crise de confiança, existem os custos
não mensuráveis, como a retenção de recursos por parte de investidores
internacionais que ficam temerosos de aplicá-los no Brasil, o desaquecimento da
economia, uma vez que os consumidores têm receio de consumir em virtude de um
cenário econômico instável no aumento da inflação devido à instabilidade
econômica, elevação dos gastos públicos de custeio e anticrises, desemprego entre
outros.
Ainda em 2015 foi possível acompanhar na mídia um escândalo envolvendo uma das
maiores empresas do mundo, a Volkswagen, que adulterou mais de 11 milhões de
veículos para que fossem aprovados em testes relativos ao meio ambiente. Além das
multas que podem chegar a 18 bilhões de dólares, os prejuízos para a marca são quase
incalculáveis. (EXAME, 2015).
Covey (2005) ao responder tal questionamento cita como exemplo uma instituição
bancária, a qual prestou consultoria. Segundo o autor, os resultados e balanços
contábeis eram ruins e a equipe estava desmotivada. Ao analisar cuidadosamente
todo o quadro da instituição, Covey identificou um problema que até então parecia
ter pouca repercussão para o presidente, que era casado e estava tendo um caso com
uma das funcionárias.
31 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
Diante desta descoberta ficou evidente nessa consultoria que o mal desempenho das
equipes era decorrente dessa conduta inapropriada no caráter de seu principal
“líder”, pois como os integrantes das equipes poderiam confiar em alguém com um
caráter duvidoso?
Sendo assim fica claro concluir que ninguém pode forçar a confiança, ou seja, não é
possível obrigar alguém a confiar em nós, uma vez que a confiança é decorrente de
um processo mútuo. Esse processo não ocorre espontaneamente, precisa ser
cultivado, sua criação, maturação e materialização não é tarefa fácil, principalmente
em se tratando de processos que envolvam reconquistar a confiança perdida.
O caráter tem a ver com aquilo que nós somos. Está relacionado a integridade,
maturidade e mentalidade de abundância.
A integridade tem a ver com coerência, ser correto em todas as esferas de sua vida.
Conta-se que um casal passou no drive-thru de um fast food para pegar um lanche.
Ao sair com o pacote, abriram e perceberam que havia uma grande quantidade de
dinheiro dentro do pacote. Eles retornaram para devolver o dinheiro. Os funcionários
ficaram surpresos e muito felizes, pois alguém, por engano, havia entregue o pacote
com dinheiro para ser levado ao banco em lugar do lanche.
A confiança não pode ser fruto apenas do caráter. Covey (2017) cita um brilhante
exemplo. Um paciente/enfermo ao se submeter a um procedimento cirúrgico
certamente não confiará em um profissional apenas por ter bom caráter, pois também
estará preocupado com sua competência.
A competência é aquilo que uma pessoa é capaz de fazer. Está relacionada com
conhecimento, interdependência e habilidades. Conhecimento é a capacidade de
enxergar o quadro geral, de forma holística de como as partes estão relacionadas.
Interdependência é a compreensão de que podemos e devemos colaborar uns com os
outros para obtermos os resultados. As habilidades são as ferramentas pelos quais as
pessoas alcançam resultados, pautadas em sua capacidade de fazer acontecer
(COVEY, 2017). Caráter e competência são igualmente necessários, mas insuficientes
se tomados isoladamente.
3
Liderança e comprometimento
A grande questão é que, embora as pessoas estejam sempre envolvidas, elas não
estão necessariamente sempre engajadas e comprometidas. Você pode usar seu poder
hierárquico para obrigar alguém a fazer alguma atividade, mas nunca terá o poder de
obrigá-la a gostar disso e fazer com dedicação.
O Compartilhamento da Visão
Como compartilhar a visão de maneira a evocar o engajamento da equipe?
Visão Compartilhada
Todo esse contexto tem um grande impacto nas empresas, especialmente no que
tange às mudanças estratégicas. Antigamente, após fazer estudos analíticos e
determinar o realinhamento e reposicionamento estratégico, a empresa podia
simplesmente apresentar para os colaboradores quais eram suas tarefas e eles as
executariam. Hoje, caso queiram um trabalho dedicado e que realmente contribua
para a empresa, é preciso primeiro engajar o grupo em torno da ideia, para depois
apresentar-lhe seu papel no programa. É justamente neste ponto que a visão
compartilhada tem um papel preponderante no processo da mudança estratégica.
O problema corrente com a visão é que muitas vezes ela está restrita à mente de
poucas pessoas na empresa, quando não na mente de apenas uma pessoa. Como
vimos anteriormente ao analisar o empreendedor, em muitos negócios alguém tem
uma grande visão para seu produto, serviço ou empresa e passa a agir de acordo com
aquela visão, esquece, porém, de compartilhar aquela visão com seus colaboradores e
por isso não consegue conquistar o coração deles para seu plano. Sem ser
corretamente compartilhada, a visão nunca será realizada ou será perseguida por
pouco tempo.
Para Senge (2008) a visão compartilhada é muito mais que uma ideia. Ela é uma força
que impulsiona o coração das pessoas, um poder impactante. As pessoas podem até
se empolgar com ideias simples, mas uma grande visão bem compartilhada passará a
ser vista como existente e palpável para todo o grupo.
Como ter as pessoas certas? Em primeiro lugar, contrate as pessoas certas. A maioria
dos problemas que as empresas encontram com colaboradores poderiam ter sido
previstos em um processo competente de recrutamento e seleção. Seja criterioso ao
buscar alguém para sua organização. Analise seus valores, sua história, os desafios
que aceitou e as transformações que provocou. Verifique também se os valores
pessoais da pessoa estão alinhados com os valores da organização.
Em segundo lugar, para se ter as pessoas certas é preciso liderar da maneira certa.
Pessoas qualificadas e comprometidas são grandemente visadas pelo mercado, dado
a sua raridade. Portanto,
mesmo que você contrate
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as pessoas certas, se não as
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liderar da maneira correta,
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A visão compartilhada deverá mostrar para todos que as mudanças estratégicas que
estão sendo propostas precisam ser feitas para que a empresa continue crescendo,
sendo competitiva e descobrindo novos mercados. Todos precisam enxergar que
pessoalmente serão beneficiados com a nova estratégia. Poucas pessoas estarão
dispostas a se engajar em uma mudança que resultará no fim do seu emprego. Isso
não quer dizer que uma mudança estratégica não pode produzir uma redução de
pessoal, isso é bastante comum em determinados setores e mercados, no entanto, as
pessoas que farão parte das mudanças mais importantes precisam ser pessoas que
irão permanecer na organização.
Senge (2008) afirma que a medida que a visão é construída por todos, conjugada em
um pensamento comum e inspiradora em seu poder transformador, não é mais a
visão que pertence às pessoas, mas as pessoas que pertencem à visão. É exatamente
nesse ponto que a empresa extrapola a identidade de seus fundadores ou executivos
e passa a ter vida própria e energia para enfrentar o mercado externo na direção de
seus objetivos.
O Trabalho do Líder
A função de liderança não é fácil por concentrar uma grande expectativa sobre seus
ocupantes. Por um lado, a organização espera que o líder mantenha sua equipe
engajada, satisfeita e produzindo, tenha custos de operação baixo, seja responsável
pelo crescimento e dedicada à visão organizacional. Por outro lado, os colaboradores
esperam que o líder cuide deles, ajude-os em seu trabalho, contribua para seu
crescimento e seja solidário aos seus problemas quando confrontado com os objetivos
da empresa.
Senge (2008) lembra que os líderes são, antes de tudo, seres humanos com as mesmas
falhas e dificuldades que qualquer outro. Um peso excessivo é colocado sobre os
líderes quando os resultados estão abaixo do esperado, quando as mudanças não
ocorrem ou quando grandes talentos deixam a organização.
Grandes líderes desenvolvem com o tempo resiliência e resistência para lidar com
essas pressões sem perder seu entusiasmo. O problema é que muitas vezes a função
do líder acaba sendo desvirtuada, algumas vezes pela empresa, outras pelos
colaboradores e algumas até pelos próprios líderes. Foco na autoridade, no comando
e em ser um emissor de ordens faz do líder o mesmo que um capataz, quando na
verdade deve ser um agente transformador interno.
O líder precisa ser capaz de gerar uma visão de futuro que seja motivadora e
compartilhada, ao mesmo tempo em que faz com que seus colaboradores tenham
uma percepção clara da realidade. Senge(2008) sugere que o líder deve atuar de
maneira diferente e assumir novos trabalhos no âmbito das empresas que estão
sempre aprendendo e, por consequência, dispostas a mudar suas estratégias em
busca de maior crescimento.
Embora essas não sejam características ruins e sejam até boas para um líder, não são
as definições essenciais de liderança. Para Senge (2008) o verdadeiro líder nem
sempre é visto e admirado por todos. O líder na organização preparada para a
mudança precisa ter o papel fundamental de projetista.
O trabalho prévio e discreto de um projetista não tem o mesmo brilho que a posição
de comando, mas tudo em uma organização tem relação com ele. De que adianta o
comandante ordenar que o navio vire a estibordo, se o projetista o planejou para
virar só a bombordo? Um piloto terá seu potencial sempre limitado pela capacidade
projetada de um veículo.
O líder professor é aquele que ajuda as pessoas a terem uma visão clara da realidade,
com uma percepção ampliada que dê a elas um poder de ação maior. Longe de ser
uma figura de pedestal, ele se parece muito mais com o mentor ou facilitador. Essa
ação de aprendizado não é dirigida apenas ao outro, mas, o bom líder professor sabe
que ele também deve estar atento e buscar o seu próprio desenvolvimento.
Esse frequentemente é um ponto negligenciado por muitos líderes. Devido ao seu alto
grau de responsabilidade, o líder acaba consumindo todo seu tempo em sua atividade
prática e não se planeja para aprender. Ao assumir essa postura, ele vai perdendo seu
contato com
a dinamização do
conhecimento, com
as novas práticas
difundidas no
mercado e corre o risco
de em pouco tempo
deixar de ser relevante.
Drucker (2001) defende
que o líder tem que ser um
agente da mudança através de
seu próprio desenvolvimento,
provocando outros a refletir e
repensar os processos sob a ótica
dos novos conhecimentos.
o
t
s
r
e
t
t
42 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
Vale ressaltar que conhecimento não se obtém apenas de maneira formal. Leituras de
livros, artigos, revistas, visitas a empresas do mesmo setor em outras regiões ou
países, pesquisas intencionais realizadas na internet e a abertura provocada da mente
para tudo que ao redor tenha relação com sua atividade, são grandes fontes de
aprendizado e transformação.
Diferente do que você está acostumado a ver nos filmes e novelas, em que o
mordomo aparece apenas como alguém que abre a porta para as visitas e serve a
mesa, o mordomo em sua função real é um administrador da vida de uma outra
pessoa. Mordomo é alguém que administra todos os bens e estilo de vida de um
proprietário, que serve a essa pessoa como líder e condutor de seus negócios e vida
pessoal.
O líder condutor está relacionado com a imagem do líder servidor. Ele cria condições
e remove obstáculos para que os outros cresçam. Novamente entra em cena a figura
do facilitador. O líder ajuda sua equipe a encontrar a visão de futuro que melhor se
ajuste às suas ideias do que seja felicidade, porque sabe que pessoas envolvidas em
projetos que realmente acreditam, buscam dentro de si a energia necessária à
consecução dos mesmos. Nesse trabalho sutil, às vezes despercebido, o líder-regente
tem clara noção do impacto que sua liderança causa sobre os colaboradores, mas nem
sempre estes o percebem.
Uma importante teoria desenvolvida nos anos 1990 por Kim e Mauborgne sobre a
análise estratégica relacionada a competitividade é a teoria do oceano azul. Na visão
desses autores, existem dois contextos de competição no mercado, o oceano vermelho
e o oceano azul.
Os oceanos azuis, por outro lado, são contextos mercadológicos ainda não
explorados. Podem ser novos mercados ou simplesmente novos nichos dentro do
mesmo ramo de atuação. Por acontecer em um contexto sem grande
competitividade, por ser disputado por um número muito menor de competidores
ou até mesmo explorado por uma empresa e com diferenciação em sua atuação, o
oceano azul tem possibilidade infinitamente maior de rentabilidade e crescimento.
Estudos com diversas empresas revelaram que embora representem apenas 14% dos
negócios lançados estudados, os negócios focados no oceano azul foram responsáveis
por 62% dos lucros (KIM; MAUBORGNE, 2005).
Uma comparação entre o oceano vermelho e o oceano azul fica mais clara na figura 1:
Nesse contexto, verificamos que o líder ocupa a função fundamental de ser o agente
provocador dessa mudança. Ele constrói a estratégia da empresa com sua equipe,
estabelece parâmetros, permanece atento ao mercado, provoca a avaliação, estimula a
mudança e coordena os processos de alinhamento e posicionamento.
Essa responsabilidade, no entanto, não deve ser confundida com a ideia do líder com
grande poder e personalidade, mas sim do líder atuante e inquieto que trabalha com
seu time para perseguir suas metas e crescimento.
t
Por outro lado, o líder oceano azul está sempre atento
s
r
e
t
t
h
a novas oportunidades de servir na organização, e
S
novas ideias e responsabilidades, criando novos significados para a sua função. Seu
valor não é atribuído pela tabela de mercado, mas pelo valor que ele agrega ao time. É
capaz de trabalhar menos, com menos stress e ainda assim produzir resultados
muitos superiores ao da maioria dos líderes.
O problema é que a grande maioria das pessoas não utiliza seus talentos, não
desenvolve suas habilidades, muitas vezes nem sequer as descobre.
Para Covey (2005, p. 40), existem alguns dons que são gerais para todos os seres
humanos e são os mais importantes, são eles:
A liberdade de escolha está ligada com a própria essência do ser humano. Define sua
capacidade de conduzir a vida. É a habilidade de escolher o rumo de sua vida, ou
seja, cada pessoa pode reinventar-se e mudar seu futuro, influenciando os outros ao
seu redor e também as situações (COVEY, 2005).
Esse primeiro dom possibilita que outros sejam utilizados, pois abre espaço para a
compreensão de quais barreiras precisam ser transpostas e as habilidades que serão
necessárias para vencer os desafios.
A capacidade de escolher está relacionada com o fato de que as pessoas não são
apenas resultado de seu passado, influência genética ou do tratamento que recebem
de outros,
46 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
mas sim de suas escolhas que vão definir suas ações e com isso determinar seu
presente e construir seu futuro (COVEY, 2005).
As leis naturais são os princípios que regem a natureza e o planeta. São postulados
imutáveis que garantem nossa sobrevivência no planeta, tais como a gravidade,
produtividade da terra, oxigênio e outros. Você não pode mudar essas leis e quanto
mais cedo aprender a se adaptar corretamente a elas, melhor será sua convivência
com o meio ambiente.
Além desses três dons oferecidos a todos, cada pessoa tem seus talentos exclusivos e
características próprias. Ao descobrir esses fatores particulares, você pode definir sua
contribuição única.
das pessoas. Quando falamos de paixão aqui, estamos nos referindo aos fatores que o
motivam a levantar cedo todas as manhãs e ir para o trabalho. Trabalhar em algo que
não goste certamente irá diminuir sua perspicácia e enfraquecer sua contribuição.
◊ Existe algo que você poderia fazer e que criaria grande valor para a equipe?
A junção desses quatro elementos revela minha contribuição única, aquilo que
somente eu posso fazer de melhor para minha organização, como demonstra a figura
a seguir.
NECESSIDADE
Qual a
necessidade?
VOZ
CONSCIÊNCIA O que O que eu adoro fazer?
devo fazer? faço melhor?
Sua
contribuição
única
Fonte: Covey,
2005.
PAIXÃO
O que
TALENTO
Após descobrir sua contribuição única, o próximo passo é escrever sua declaração de
contribuição. A declaração de contribuição descreve que contribuição significativa
você quer fazer, em seu atual cargo, no trabalho. Diferente de sua declaração de
missão, que define quais suas aspirações e expectativas para toda sua vida e legado a
ser deixado, a declaração de contribuição é circunscrita a um tempo, cargo e
organização específicos, o que significa que ela é dinâmica e estará sempre sendo
alterada conforme o contexto de sua vida pessoal e profissional.
49 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
Um erro comum que cometemos é pensar que somente pessoas em cargos elevados,
ou ligados a ONG’s e dedicadas a causas sociais é que possuem uma contribuição.
Seja qual for seu cargo, por mais simples que ele possa parecer, por mais básica que
seja sua empresa ou mais burocrática que seja sua atividade, existe uma contribuição
única que você pode oferecer e ao exercê-la você não apenas irá impulsionar sua
organização, mas inspirar outros a fazer o mesmo.
Que tal dedicar algum tempo para refletir e construir sua declaração de contribuição?
Faça uma análise profunda de seus talentos, sua paixão, necessidades de sua
empresa e da consciência do que você pode fazer e rascunhe uma declaração, para
depois reler, refinar, imprimir e colocar em um lugar de destaque onde possa ser
sempre vista e servir de inspiração para seu trabalho.
1. Talentos
◊ O que você faz com excelência?
3. Necessidade
◊ Que necessidade você vê em sua equipe?
◊ Existe algo que você poderia fazer e que criaria grande valor para a equipe?
4. Consciência
◊ O que tornaria seu trabalho mais significativo para você?
Conclusão
Chegamos ao final desse ebook. Nele analisamos a importância das pessoas no
processo de realinhamento e reposicionamento estratégico, pois as pessoas são a
alavanca da empresa. Vimos também que para que tenhamos pessoas engajadas nas
mudanças estratégicas precisamos compartilhar de maneira correta e abrangente a
visão e desenvolver uma cultura de mudança constante.
4
Liderança e resultados
No entanto, um desafio ainda maior para os líderes é fazer com que esses
planejamentos sejam executados. Frequentemente as empresas despendem milhares
de reais na elaboração de sólidos planejamentos estratégicos, mas falham de maneira
brutal ao torná-los realidade. Por essa razão, o fator execução passou a ser um
diferencial competitivo das organizações e condição fundamental para o sucesso no
mercado.
Liderança e Execução
O Desafio da Execução
Desenvolver um plano e não executar não é um “privilégio” organizacional, é uma
deficiência encontrada em muitas pessoas. Muitos executivos, embora a própria
definição da função pressuponha alguém que execute, possuem sérias dificuldades
em fazer com que os planejamentos realmente aconteçam e alcancem os resultados.
As estatísticas revelam que a maioria das empresas não executa corretamente e por
consequência não alcança seus resultados. De acordo com as pesquisas (COVEY,
2008):
Com esses números não é difícil entender porque tão poucas empresas conseguem
alcançar os resultados esperados. Diversas organizações têm enfrentado esse
problema ao redor do mundo. Aetna, AT&T, British Airways, Campbell Soup,
Compaq, Gillette, Hewlett-Packard, Kodak, Lucent Technologies, Motorola, Xerox e
outras mais
53 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
Na General Electric (GE), por muitos anos, os líderes foram escolhidos baseado em
sua capacidade em quatro itens: Energia – vontade e automotivação para o trabalho;
Energização – capacidade de transmitir energia para seu time; Estofo – capacidade de
receber impactos e amortecê-los sem transmitir na mesma intensidade para o time; e
Paixão – amor e dedicação ao trabalho. Apesar de fazer essa seleção com critérios
bastante elevados, o CEO percebeu que ainda assim colocava executivos para liderar
que não alcançavam os resultados desejados. Então decidiram inserir mais um fator
de avaliação: Execução – a capacidade de atingir resultados. Após esse acréscimo na
análise, o índice de acerto na escolha de líderes subiu dramaticamente (WELCH,
2005).
◊ Em geral os gerentes são treinados para planejar e não para executar, o que faz
com que na maioria dos casos o planejamento e a execução sejam tratados
em fases completamente diferentes e por pessoas desassociadas.
◊ Ter uma clara compreensão de que a criação da estratégia afeta sua execução;
Essas lacunas dificultam ou até mesmo impossibilitam que as empresas vençam seus
desafios, alcancem seus resultados e se tornem realmente organizações excelentes. A
análise e conhecimento dos elementos que impactam e também dos desafios
55 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
Aprimoramento da Execução
A busca e alcance de resultados tem sido um tema constante no meio empresarial. A
questão chave para as empresas é como atingir resultados sólidos, consistentes e
sustentáveis. Resultados sólidos são aqueles que possuem representatividade
financeira e mercadológica, ou seja, o lucro obtido é percentualmente significante em
relação ao faturamento, produto ou serviço oferecido ocupando percentual
significativo do mercado alvo. Consideramos consistentes os resultados que possam
ser repetidos constantemente, o sucesso que conhecemos, as ações que o geraram e
podemos repeti las de maneira sistemática. Resultados são classificados como
sustentáveis quando o custo de seu alcance possui viabilidade de continuidade, isto
quer dizer que, os investimentos em pessoas, divulgação, estrutura e projeção da
marca não superam o resultado oferecido e podem ser mantidos pela empresa por
longo prazo.
Para que esses resultados desejados sejam alcançados, é primordial que as empresas
desenvolvam um sistema que garanta a realização do planejamento em seu dia a dia.
Chiavenato e Sapiro (2010) apresentam seis fatores fundamentais que contribuem
para o aprimoramento da execução organizacional:
◊ Liderança Estratégica: O líder estratégico precisa ser o CEO, o presidente da
empresa. O processo estratégico precisa ser guiado pelo líder maior da
empresa, para que tenha credibilidade de todo o grupo. Obviamente todo o
time precisa ser envolvido, diretores, gerentes, supervisores e colaboradores
em geral. Os liderados tendem a considerar mais importantes as atividades
nas quais percebem um engajamento mais intenso da alta cúpula da
organização.
o
os colaboradores. Entusiasmo,
t
s
r
e
t
h
motivação, inspiração, coordenação,
S
empresa é comum e uma das causas das falhas de execução. Esse processo garante
que exista uma integração entre as pessoas responsáveis por elaborar o planejamento
e aquelas que irão operacionalizar as ações previstas no plano.
É importante ressaltar que embora foco e organização possam ser fundamentais para
organizar as atividades de forma a obter resultados, não basta ter um foco bem
definido e não caminhar para ele, não fazer com que ele aconteça.
Bossidy e Charan (2008) afirmam que a liderança que não possui a disciplina da
execução não é completa, pois sem a capacidade de executar, as demais características
de um líder se tornam inúteis. As empresas não são capazes de cumprir seus
compromissos ou se adaptar às mudanças constantes do mundo se seus líderes não
estiverem praticando a disciplina da execução em todos os níveis. A execução tem
que ser parte constante da estratégia, ela será o link entre as aspirações e os
resultados. Existem, nesse contexto, sete comportamentos fundamentais para o líder
que promove a execução (BOSSIDY & CHARAN, 2008):
Conheça a Si Próprio
As pessoas são diferentes e funcionam de maneira diferente. O líder precisa conhecer
a si mesmo para entender sua melhor maneira de entregar resultados. Para isso é
60 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
importante que ele conheça seus pontos fortes e fracos para explorar ao máximo os
pontos fortes e cercar-se de pessoas que compensam seus pontos fracos. Conhecer a
si mesmo implica também em autodesenvolvimento constante, ampliando suas
habilidades e encontrando novas e inovadoras maneiras de alcançar resultados.
Líderes que se tornam obsoletos diminuirão a probabilidade se serem substituídos
por pessoas mais habilitadas.
Sistemas de Execução
Existem diversos estudos que analisam e propõem sistemas para viabilizar o
atingimento de resultados nas organizações. Três sistemas em especial têm sido
bastante utilizados por empresas ao redor do mundo e merecem consideração: As 4
Disciplinas da Execução, o Balanced Scorecard e o Gerenciamento de Projetos.
As 4 Disciplinas da Execução
McChesney, Covey e Huling (2012) realizaram um importante estudo envolvendo
centenas de organizações em âmbito mundial. A partir das falhas e dificuldades no
alcance de resultados dessas organizações, os autores desenvolveram um sistema
chamando “As 4 disciplinas da Execução”, que pode aumentar de maneira
exponencial a capacidade que as empresas têm de atingir suas metas.
A Apple, marca mais valiosa do mundo e com valor de mercado suficiente para
comprar quase todas as empresas existentes na bolsa de valores brasileira, é um
grande exemplo de capacidade de seleção de oportunidades. Ao contrário de outras
empresas, a Apple escolheu poucos produtos e serviços e buscou ser a melhor neles.
As medidas de direção são ações que, ao serem realizadas de maneira consistente, vão
movimentar a organização para alcançar a MCI. Podemos ilustrar a medida de
direção como uma alavanca que move a rocha chamada MCI.
◊ Simples;
A grande virtude do sistema Execução é garantir que a MCI seja alcançada. Mas isso
jamais acontecerá se o processo não for acompanhado continuamente. Não
poderemos evitar que as diversas atividades operacionais e burocráticas aconteçam
na organização, mas precisamos garantir que as atividades relacionadas à MCI sejam
executadas para que nosso resultado seja alcançado. É nesse momento que entra a
disciplina número quatro.
O sistema execução não é uma cura para todos os males organizacionais, veremos
outros sistemas muito importantes. No entanto, a ausência desse sistema tornará
outros esforços inúteis, pois os resultados mais importantes da empresa serão
ignorados. Um alerta importante: As disciplinas da execução só funcionam se forem
utilizadas em conjunto e nessa ordem. A ausência de uma delas ou a utilização em
ordem diversa pode comprometer sua eficácia.
dos planos de ação em
desenvolvimento e priorização
das novas frentes de melhoria a
serem trabalhadas.
A Nortegubisian, empresa do Paralelamente ao ciclo de
ramo de consultoria e reuniões, as equipes foram
treinamento, realizou um projeto submetidas a treinamentos para
de estruturação e implantação aplicação de ferramentas
do modelo de gestão e melhoria básicas da qualidade. Esta
contínua, baseado nas 4 iniciativa melhorou a visão crítica
disciplinas da execução. Uma da equipe para resolução de
revisão do modelo de negócios problemas e consequentemente
foi empreendida, implicando no para a proposição de soluções
desdobramento dos indicadores cada vez mais assertivas. Como
estratégicos em indicadores resultado do trabalho de um ano
táticos e operacionais para de parceria, a operadora logística
permitir a atuação sobre as conseguiu reverter o cenário de
medidas de direção. Reuniões de prejuízo e retomou o ponto de
gerenciamento estratégico equilíbrio operacional.
foram implantadas para
apresentação dos indicadores do Fonte: Nortegubisian, 2016
mês, apresentação dos status
65 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
Balanced Scorecard
O Balanced Scorecard (BSC) é um placar que procura determinar de maneira
balanceada e equilibrada as prioridades da empresa. Essa ferramenta aborda as
metas da empresa em 4 perspectivas: financeira, clientes, processos internos e
aprendizado e inovação.
Kaplan e Norton (2009) apresentam um processo para que o BSC seja utilizado como
catalisador dos resultados:
Gerenciamento de Projetos
Embora sempre presente no contexto da administração, o gerenciamento de projetos
tomou força mais intensamente nas últimas duas décadas. O crescimento das
demandas de tecnologia, implantação de sistemas e expansão da construção civil em
série, reacenderam a necessidade de técnicas especializadas para garantir os
processos eficientes e sucesso na conclusão de projetos (LOPES-JR, 2014).
Referências bibliográficas
BONATTO, B. Produtividade ao longo da história. In: VERONEZE, S. Gestão pessoal
para produtividade. São Paulo: Pragmata, 2017.
COLLINS, J. Empresas Feitas para Vencer. São Paulo: HSM Editora. 2013
2008.
71 LIDERANÇA E PRODUTIVIDADE
COVEY, S. R. Os sete hábitos das pessoas muito eficazes. Nova Cultural: São Paulo, 1989.
DRUCKER, P. Desafios gerenciais para o século XXI. São Paulo: Pioneira, 2001. 168
p. ISBN 8522102007.
2009.
KIM, W.C.; MAUBORGNE, R. A Estratégia do Oceano Azul. São Paulo: Elsevier, 2005.
THEML, G. Produtividade para quem quer tempo: aprenda a produzir mais sem ter
que trabalhar mais. São Paulo: Gente, 2016.