Visão Biopsicossocial e Qualidade Slide
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RETENÇÃO DE PESSOAS
Crédito: Disobeyart/Shutterstock.
Vale mencionar também que uma quarta dimensão, a espiritual, pode ser
acrescida às três anteriomente apresentadas.
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como efeito de disfunções do organismo ou causado por patógenos, a exemplo
de vírus e bactérias. O adoecer pode também ser efeito de fatores psicológicos,
que podem causar efeitos na dimensão física do organismo. Assim como
condições sociais, econômicas e ambientais podem ser agentes causadores de
doenças. Portanto, observar o ser humano sob a perspectiva da visão
biopsicossocial nos faz compreender que existe uma relação dinâmica e
indissolúvel entre as dimensões biológica, psicológica, e social e qualquer
alteração em uma dessas dimensões impacta fortemente na outra, como ilustra a
figura a seguir.
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É então que, à luz desse modelo, há que se pensar políticas e práticas que
promovam o bem-estar na dimensão física, olhando atentamente as questões da
ergonomia, da qualidade do posto de trabalho e na qualidade do cuidado com a
presença de doenças musculoesqueléticas, entre outras. Mas também a atenção
redobrada a questões como estilo de gestão, ambiente livre de assédios, sejam
estes de ordem moral, sexual ou intelectual, livre de ações que possam incorrer
em danos existenciais. Isso sem contar na adequada gestão do estresse no
ambiente de trabalho.
Somente olhando os aspectos dinâmicos que efetivamente contribuem
para a criação e manutenção da saúde no ambiente de trabalho é que se pode
gerar políticas que promovam a qualidade de vida no trabalho, a qualidade e a
saúde do ambiente psicossocial refletido com toda certeza no clima
organizacional, na imagem que o talento faz da empresa, no grau de engajamento
e comprometimento deste, assim como na produtividade e na imagem da
organização como marca empregadora.
“Escolha um trabalho de que gostes, e não terás que trabalhar nem um dia
na tua vida”. Essa afirmação, atribuída a Confúcio, filósofo nascido na China no
ano 551 a.C. e que influenciou profundamente o pensamento oriental, à primeira
vista pode remeter ao prazer e à leveza de exercer uma atividade laboral
congruente com os valores, motivadores, características e inclinações pessoais.
Mas pode também remeter a uma faceta oculta, na qual o trabalho pode ser
considerado um peso ou uma condenação.
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trabalho era o mesmo que condenar essa pessoa à dor, exaustão e sofrimento.
Sensação até hoje experimentada por uma legião de pessoas em relação às suas
atividades laborais.
Contudo, quando se trata de reter talentos, é essencial olharmos trabalho
enquanto póiesis, poesia, palavra empregada pelos hedonistas gregos,
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O que distingue a ideia de trabalho como noção de prazer ou pesar, passa
inegavelmente por múltiplos fatores, a exemplo de oportunidades e escolhas que
a pessoa faz ao longo da vida. Mas passa também pela gestão do ambiente físico
e psicossocial do trabalho, como ilustra Figura 4.
A saúde do ambiente físico de trabalho demanda que a organização
considere os riscos ambientais, “agentes físicos, químicos e biológicos existentes
nos ambientes de trabalho que, em função de sua natureza, concentração ou
intensidade e tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do
profissional” (Unifal, s.d.).
Assim, é essencial que a organização realize uma gestão de riscos eficaz,
de modo a assegurar que o profissional esteja livre de exposição (ou a faça com
toda a proteção devida) de fatores e eventos que possam colocá-lo em situação
de vulnerabilidade e comprometer sua integridade física e ou psíquica.
Riscos Características
Provenientes de diversas formas de energia, tais como: temperaturas
extremas, vibrações, ruído, pressões anormais, radiações ionizantes,
Físicos
radiações não ionizantes, infrassom e ultrassom, nanopartículas, entre
outros.
Provenientes da exposição a substâncias, compostos ou produtos que
possam penetrar no organismo pela via respiratória ou que, pela
natureza da atividade de exposição, possam ter contato ou ser
Químicos
absorvidos pelo organismo por meio da pele ou por ingestão, a
exemplo de fumaças, gases, vapores, solventes, sílica, amianto,
pesticidas e produtos químicos em geral.
Provenientes de diversos tipos de microrganismos que possam
infectar o indivíduo por vias respiratórias, contato com a pele ou
Biológicos
ingestão, a exemplo de vírus, bactérias, bacilos, fungos, protozoários
e parasitas, entre outros.
Provenientes de máquinas e equipamentos sem proteção, arranjo
Acidentes
físico inadequado, ferramentas inadequadas ou defeituosas,
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iluminação inadequada, probabilidade de explosão e incêndio,
armazenamento inadequado e animais peçonhentos, entre outras
situações que possam promover ocorrência de acidentes.
Provenientes de esforço físico intenso, levantamento e transporte
manual de peso, postura inadequada, tarefas repetitivas, ritmo
Ergonômicos
excessivo, trabalho em turno e noturno, excessivas jornadas de
trabalho e outras situações causadoras de stress físico e/ou psíquico.
Organização Problemas na
Ausência de
deficiente do distribuição de Falta de respeito
clareza
trabalho tarefas
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Observe que os riscos psicossociais são assinalados pela presença de
elementos promotores de estresse nas relações interpessoais e do profissional
em relação ao trabalho e a empresa. De acordo com Gramms e Lotz (2017):
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De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), qualidade de vida
é a “percepção do indivíduo sobre sua posição na vida, no contexto da cultura e
do sistema de valores nos quais ele vive em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações” (OMS, 1995). Qualidade de vida pode
também ser conceituada como o
Crédito: Fizkes/Shutterstock.
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Você sabia que a Qualidade de vida:
Domínio Características
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Engloba a capacidade de gerenciamento das tensões e do estresse, a
Emocional
autoestima e o nível de entusiasmo em relação à vida.
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Quadro 3 – Instrumentos genéricos e específicos
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Instrumento desenvolvido no contexto de envelhecimento da
população mundial, com o objetivo de promover melhorias na
qualidade do trabalho, na qualidade de vida e bem-estar e
Índice de capacidade para o favorecer a perspectiva futura de uma vida ativa e com
significado. Avalia a percepção que o trabalhador sobre suas
trabalho (ICT)
condições para executar o seu trabalho no momento presente
ou em um futuro próximo, em função das exigências das
tarefas, de seu estado de saúde e de sua capacidade física e
mental.
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experiências, competências gerencias e mesmo integração social (França, 2004,
p. 175).
Limongi-França (1996) desenvolveu o Modelo BPSO-96 para avaliar a
QVT, um modelo de qualidade de vida no trabalho particularmente útil para nortear
as organizações a construírem suas políticas e atuar na gestão de qualidade de
vida no trabalho. Alicerçada no modelo e visão biopsicossocial, acrescenta a
dimensão organizacional para investigar e extrair indicadores que permitam
realizar a gestão da qualidade de vida no trabalho.
Figura 7 – Equilíbrio
• Mapa de riscos
O atendimento às • Sipat
necessidades físicas do • Refeições • Higiene,
colaborador; de • Serviço médico interno segurança e
BIOLÓGICA
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A qualidade do ambiente
psicossocial no que tange • Processo de seleção
aos relacionamentos, • Processo de avaliação
inclusão, tolerância a de desempenho • Recrutamento e
PSICOLÓGICA
• Direitos legais
A oferta de benefícios • Atividades associativas • Serviço social
sociais, sejam estes e esportivas • Grêmio esportivo
SOCIAL
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TEMA 5 – GESTÃO DO CLIMA ORGANIZACIONAL
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Figura 8 – Clima organizacional
Crédito: Oatawa/Shutterstock.
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eminentemente subjetivos, “traduzindo” a subjetividade em parâmetros objetivos,
que permitem analisar resultados de forma padronizada.
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gestor imediato; trabalho em equipe; integração entre departamentos da
organização; supervisão/liderança/estilo gerencial; treinamento/desenvolvimento;
carreira; possibilidade de progresso e realização profissional; segurança e
“estabilidade” no emprego; processo decisório; estrutura organizacional; imagem
externa; ética e responsabilidade social; fatores promotores de satisfação; fatores
promotores de insatisfação e o índice geral de satisfação com a empresa e o
trabalho (Luz, 2003).
Uma pesquisa de clima pode ser realizada de modo formal e informal; tanto
a pesquisa formal, alicerçada em instrumentos testados e periodicamente
aplicada, mas também a pesquisa informal, espontânea, fruto do olhar atento do
gestor:
Crédito: Fizkes/Shutterstock.
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Outro ponto a destacar é testagem e validação do instrumento de pesquisa.
Realizar um pequeno piloto, analisar resultados e avaliar se de fato o instrumento
dá conta e pesquisa aquilo que é relevante, em linguagem clara é fundamental
para o êxito do processo.
É importante que a organização promova uma campanha, com o objetivo
de sensibilizar aos respondentes, apresentando o propósito e os ganhos mútuos
oriundos das informações coletadas. É fundamental também assegurar o sigilo do
respondente para que este possa se expressar livremente.
Após a aplicação da pesquisa, chega o momento da tabulação e do
levantamento das informações. É importante realizar o maior número de
cruzamentos de dados possíveis, como por exemplo: por pergunta; por variável;
por conjunto de variáveis; por série histórica de variáveis; por região; por diretoria;
por departamento; por unidade de fabricação, fábrica ou loja; por regime de
trabalho; por nível hierárquico; por tempo de serviço; por sexo; faixa etária; por
resultado global – Índice Geral de Satisfação ISG; por série histórica de ISG; por
sugestões para tornar a organização um lugar melhor para se trabalhar, entre
outros.
Após a análise dos relatórios, é fundamental que a organização promova
uma divulgação dos resultados. Entre os aspectos favoráveis dessa ação,
destacamos a transparência. Ao divulgar os índices e os itens promotores de
insatisfação, fica claro que a empresa não está “varrendo a sujeira para debaixo
do tapete”, mas sim acolhendo tal aspecto como um dado de realidade. A
aceitação do resultado, isento de juízo de valor, é o primeiro passo para a
condução da mudança. E, ao divulgar os índices e itens promotores de satisfação,
a empresa enfatiza os aspectos positivos, o que permite ao profissional olhar para
os ganhos e benefícios que a organização oferece.
E caso sejam apontadas necessidades prementes de intervenção, a
realização de um plano de ação e a execução das ações de melhorias. É essencial
que a empresa crie uma campanha que apresente todas as intervenções e
melhorias realizadas em virtude da pesquisa de clima. E por quê?
É possível que a organização implemente todo um conjunto de melhorias
sem o que os colaboradores se apercebam. Por isso é essencial criar campanhas
de divulgação chamando a atenção para as mudanças, campanhas que remetam
a comemoração, pois ao comemorar os resultados obtidos, se estabelece um
reforço positivo, que aumenta a satisfação. Os trabalhadores se percebem
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ouvidos e atendidos em suas solicitações. Sem contar que fortalece a
credibilidade no instrumento e a confiabilidade em relação à parceria, tendo em
vista a conquista dos resultados e a geração de valorização do humano na
organização.
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REFERÊNCIAS
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