Xavier Gonçalves, 2014

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Revista Amazônica de Ensino de Ciências | ISSN: 1984-7505

NOTA CIENTÍFICA EDUCATIVA

A RELAÇÃO ENTRE A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E


A ESCOLA

The relationship between scientific dissemination


and the school
Jhonatan Luan de Almeida Xavier1
Carolina Brandão Gonçalves2

(Recebido em 02/12/2013; aceito em 10/08/2014)


RESUMO: Desmistificar a ciência é uma preocupação do divulgador científico
especialmente na atualidade. O foco deste trabalho está na divulgação científica como
colaboradora do processo de ensino-aprendizagem no ambiente escolar. Para tanto,
realizamos uma pesquisa bibliográfica sustentada em discussões teóricas relacionadas aos
temas da divulgação científica e da escola, enquanto auxiliar e colaboradora da divulgação
da ciência. Ao longo do texto buscamos identificar a evolução do espaço escolar até chegar
à configuração atual e a sua relação com a divulgação científica. Concluímos que a
divulgação científica no contexto escolar é importante para a democratização do ensino de
ciências, e de que os meios de comunicação contribuem para expansão da ciência na
sociedade.
Palavras Chave: Divulgação Científica. Escola. Educação. Ciência.
ABSTRACT: To demystify the science is a concern of scientific popularizer especially
nowadays. The focus of this work is on the scientific dissemination as a collaborator of the
teaching-learning process in the school environment. Thus, we performed a literature search
based on theoretical discussions related to the themes of scientific dissemination and school,
while assisting and collaborating to the popularization of science. Throughout the text we aim
to identify the evolution of school space to reach the current configuration and its relation to
science dissemination. We conclude that the science dissemination in the school context is
important for the democratization of science education, and that the media contribute to
expansion of science in society.
Key words: Scientific Dissemination. School. Education. Science .

Introdução

O presente artigo busca apresentar questões sobre a divulgação científica que,


segundo Bueno (2011), objetiva levar os conhecimentos científicos a uma parcela
maior da sociedade através dos programas de rádio e de televisão, além da mídia
impressa, com o intuito de popularizar o ensino de ciências e aproximar os cientistas
da comunidade em geral.
Visando a um melhor entendimento sobre o papel da divulgação científica, um breve
esclarecimento será apresentado ao leitor sobre a distinção entre comunicação
científica e a divulgação científica e seus objetivos em relação ao público.
1
Acadêmico do curso de Graduação em Pedagogia, Universidade do Estado do Amazonas, Manaus,
Amazonas, Brasil. E-mail: xavier.jhonatan@hotmail.com
2
Pedagoga do Museu Amazônico/UFAM, Professora Doutora do Programa de Pós-Graduação em
Educação e Ensino de Ciências na Amazônia. Universidade do Estado do Amazonas, Manaus,
Amazonas, Brasil. E-mail: krolina_2@hotmail.com
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Os meios de comunicação atuam como um importante aliado dos cientistas, uma


vez que eles podem chegar a um público em que muitas vezes as publicações
científicas não conseguem chegar. Porém, em alguns casos é necessário um
preparo especial dos jornalistas para que não haja erros ao relatar um fato científico
aos espectadores. Em meio a esse dilema as mídias mostram-se uma ferramenta
importante para a popularização da ciência e para a alfabetização científica de um
modo geral.
Como o foco deste trabalho é a divulgação científica na escola, será possível
observar a evolução do espaço escolar ao longo dos tempos e como o ensino de
ciências procurou se adaptar diante do modelo de escola existente na atualidade,
onde os alunos são ágeis e as aulas precisam ser dinamizadas buscando um melhor
aprendizado em sala. Através desse processo de readequação da escola,
percebemos que cresce a valorização de práticas pedagógicas que incentivem o
ensino científico entre os profissionais de educação, a fim de que aconteça o
envolvimento entre divulgação científica e o espaço escolar, mediante os mais
variados gêneros e tipos de estratégias de sensibilização para a ciência.
A inclusão de atividades de divulgação científica nas escolas enquanto instrumento
de ensino funcionam como um complemento importante para os livros didáticos, pois
as atividades proporcionam aos alunos a prática dos conhecimentos aprendidos na
teoria. Evitando assim interpretações equivocadas de fatos científicos e uma ampla
visão acerca do assunto.
Consideramos importantes os trabalhos sobre os métodos de divulgação científica
nas escolas, seu valor para o acesso dos estudantes às informações científicas e o
seu papel fundamental como incentivo ao surgimento e novos talentos para a área
de ciência e tecnologia.

Conhecendo o papel da Divulgação Científica


Ainda há na sociedade uma parcela da população pouco familiarizada com os
termos científicos, que frequentemente confunde a „Divulgação Científica‟ e a
„Comunicação Científica‟. Faz-se então necessário um breve esclarecimento sobre
as características de cada modalidade. Embora o objetivo principal de ambas seja
levar informações científicas às pessoas, a metodologia e o público-alvo de cada
uma fazem com que haja diferenças entre elas.
A divulgação científica utiliza recursos como programas de rádio e TV ou jornais
impressos, além de livros e similares para levar os saberes científicos a uma parcela
da população, em sua maioria não familiarizada com o ensino de ciências. Apesar
de ser comum algumas emissoras noticiarem informações consideradas polêmicas e
abusarem do sensacionalismo, o jornalismo científico é um bom exemplo de como a
ciência é divulgada pela mídia. Já a comunicação científica leva as informações a
um público específico e geralmente familiarizado com os termos e teorias da ciência
comumente utilizadas pelos profissionais da área. Esse tipo de comunicação é feito
em mostras, palestras, simpósios com temas fixos.
Bueno (2010, p. 02) especifica as características de cada modalidade:
A divulgação científica compreende a [...] utilização de recursos,
técnicas, processos e produtos (veículos ou canais) para a
veiculação de informações científicas, tecnológicas ou associadas a
inovações ao público leigo (BUENO, 2009, p.162). A comunicação

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científica por sua vez, diz respeito à transferência de informações


científicas, tecnológicas ou associadas a inovações e que se
destinam aos especialistas em determinadas áreas do
conhecimento.

Trabalhar com divulgação científica, nem sempre, é um processo fácil. Diferente da


comunicação científica, onde há um público que já tem, de certa forma, um
conhecimento do processo de produção em ciência e tecnologia, o público-alvo dos
profissionais da divulgação científica muitas vezes a desconhece ou não tem ideia
de como a ciência acontece. Por esta razão, há necessidade de buscar o
entendimento dos conhecimentos científicos. A preocupação em tornar o
conhecimento científico compreensível ao público não especializado faz com que o
divulgador procure estratégias comunicativas que permitam o entendimento das
mensagens.
Assim, explicações, exemplifições, comparações, metáforas,
nomeações, além da própria escolha lexical e utilização de recursos
visuais são exemplos de elementos didatizantes empregados pelo
divulgador no ato de compor o seu texto. Tais estratégias discursivas
tendem, portanto, a aproximar o leitor da temática abordada
(LEIBRUDER, 2003, p. 234).
Parece-nos que o maior desafio da divulgação científica é encontrar uma forma de
apresentar a ciência para as pessoas de um modo dinâmico, prático e interativo.
Nesse sentido, a divulgação científica tem como uma de suas funções principais
facilitar a alfabetização científica, ou seja, aproximar os produtores de ciência e
tecnologia do cidadão comum, contextualizando os fatos e resultados de pesquisas
com a realidade das pessoas. De uma maneira geral, as divulgações científicas
devem priorizar as informações que realmente importam para o seu público-alvo
respeitando sempre o nível de instrução, faixa etária dos ouvintes e as experiências
que eles trazem consigo aprendidos no convívio diário com os outros e no acúmulo
dos anos de escola.
O tratamento dado às atividades de divulgação científica também pode ser um
diferencial, pois geralmente os cientistas são tratados como pessoas além das
nossas capacidades, ou fazem algo que uma pessoa comum dificilmente poderá
fazer. A imagem do cientista precisa ser humanizada para que as pessoas acreditem
que a ciência é um fenômeno social, onde todos são capazes de se envolver no
processo de produção do conhecimento. Atitudes como essas aumentam o diálogo e
diminuem as rupturas que ainda há entre sociedade e cientistas.

A parceria entre cientistas e os meios de comunicação


Por falar a um público bastante amplo, os profissionais do jornalismo tornam-se
parceiros dos cientistas no processo de popularização da ciência. “O discurso
jornalístico, enquanto um discurso de transmissão de informação caracteriza-se num
primeiro momento, pela objetividade, clareza, e concisão da linguagem”
(LEIBRUDER, 2003. p.232).
Por esse motivo o jornalismo no rádio e na TV necessitam de um preparo especial
para codificar ou recodificar as informações especializadas e levá-las a um público
maior. Infelizmente, nem sempre há esse preparo, os programas, geralmente,

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buscam a simples audiência, o que acarreta especulações e equívocos nas leituras


dos discursos científicos pela grande massa da sociedade (BUENO, 2010).
A divulgação científica realizada nas emissoras de TV deve buscar simplificar e
aproximar as informações científicas dos espectadores, para que assim o seu
entendimento seja pleno, pois quando a ciência não é veiculada corretamente corre
o risco de ser mistificada ou especulada incorretamente.
O mito científico se aloja onde o racional não alcança mais. Nesse
sentido, é pertinente tratar do mito científico veiculado por intermédio
da televisão. Pois, a ciência à medida que se torna mais complexa,
se distancia dos homens e dá margem a explicações míticas. Isso
porque, quanto maior a distância entre a fonte de informação e o seu
destinatário, maior o espaço para as explicações míticas se alojarem.
É nesse espaço, então, que a indústria cultural passa a reproduzir
discursivamente mitos (SIQUEIRA, 1999, p.72).
Ainda assim há que se reconhecer o papel fundamental dos veículos de
comunicação na função de democratizar o acesso ao conhecimento científico e para
facilitar a alfabetização científica de modo geral. O chamado jornalismo científico é
um exemplo de parceria que dá certo para o maior acesso das informações
científicas pelo público em geral através das coberturas de eventos científicos,
divulgação de descobertas na área de ciência e tecnologia, e fornecimentos de
explicações de modo geral.
É importante observar que mesmo que o rádio e a televisão sejam grandes
exemplos de veículos de divulgação científica, não são os únicos. Recursos como os
livros didáticos utilizados nas escolas e atualmente até peças de teatro voltadas à
ciência são exemplos de divulgação bem como propagandas publicitárias e a rede
mundial de computadores. O que se nota na realidade brasileira, é que as mídias,
mesmo que algumas vezes de forma fraca ou inadequada, exercem importante
papel no processo de popularização da ciência.

O espaço escolar: local de democratização do ensino


Há um consenso atual de que a escola e o espaço que a cerca deve ser instrumento
socializador do conhecimento, envolvendo todas as áreas de estudo. Mas para que
isso aconteça o ambiente escolar precisa ser planejado e adequado de modo a
permitir a participação democrática de todos:
O tema da escola democrática e autônoma está inserido no debate
mais geral a respeito do processo de democratização na educação e
está em discussão em diversos setores educacionais em todo o país.
A democratização da escola não é uma proposição nova, pois já
apareceu em outros momentos da História da Educação no Brasil,
sempre ligados aos desejos de melhoria na qualidade do ensino e de
democratização da sociedade (ABRANCHES, 2003, p.43).
A configuração de um espaço escolar adequado ao ensino de ciências e que
atendesse a demanda educacional se deu aos poucos. Se, num primeiro momento,
os alunos só contavam com a sala de aula, posteriormente poderiam contar com
espaços como a biblioteca, onde as leituras e as pesquisas escolares poderiam ser
realizadas. Em seguida, mais modificações poderiam ser vistas com a integração
dos chamados jardins de observação e do museu escolar (FARIA FILHO, 1998).

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O pátio escolar também significou um marco importante para a estrutura da escola,


pois se tornou um local possível à interação entre os alunos e os demais agentes da
escola e onde se desenvolvem ações coletivas que auxiliam na aprendizagem dos
estudantes.
Em se tratando de divulgação da ciência na escola, o pátio da instituição torna-se
um grande aliado para a interação entre o conhecimento científico e a comunidade
escolar. Nele acontecem as feiras de ciências e tecnologia, onde é possível abrir a
escola à participação da comunidade mais ampla, como pais, moradores e todos os
interessados pelas atividades oferecidas na ocasião.
Atualmente a estrutura escolar tem tentado se adaptar às novas tecnologias, com a
inserção de diversos laboratórios, como os de informática e os de ciências. É um
passo importante, visto que incentiva o ensino prático, especialmente na área de
ciência e tecnologia, auxiliando nas ações voltadas à alfabetização científica. O
papel do professor com a chegada das tecnologias inforcomunicacionais também foi
alterado, pois houve a necessidade de repensar, adequar ou modificar suas
metodologias de ensino, o que consequentemente mudou também a percepção dos
alunos em relação ao conteúdo dado.
A infraestrutura da escola, tanto o prédio físico como os objetos que nela devem ter
como os projetores, computadores e laboratórios entre outros, devem buscar auxiliar
o professor nas mudanças que ele, eventualmente, necessitar para uma melhor
divulgação dos conhecimentos.
Essa infraestrutura deve estar a serviço de mudanças na postura do
professor, passando de ser uma “babá”, de dar tudo pronto,
mastigado, para ajudá-lo, de um lado, na organização do caos
informativo, na gestão das contradições dos valores e visões de
mundo, enquanto, do outro lado, o professor provoca o aluno, o
“desorganiza”, o desinstala, o estimula a mudanças, a não
permanecer acomodado [...] (MORAN, 2004).
A importância do espaço escolar para aprendizagem de ciências é evidente, e sua
participação na vida da comunidade e alunos proporciona uma nova visão sobre as
possibilidades de aprender dentro e fora da sala de aula. Considera-se importante
acabar com a rotinização da aula, em que temos um professor falante e um aluno
ouvinte, e contribuir para a formação de um aluno que seja crítico, criativo e
especialmente curioso para os fenômenos científicos. Fatores importantes para o
surgimento de novos talentos na área de ciências.

A escola como incentivadora da divulgação científica

Quando a divulgação científica está voltada ao âmbito educacional seu objetivo se


refere à ampliação do conhecimento e da compreensão do público sobre o processo
científico, e procura fazer com que os indivíduos se envolvam na solução de
problemas relacionados a fenômenos cientificamente estudados, como também
estimular a curiosidade como atributo humano (GIL 1988, apud MENDES, 2006,
p.96).
A curiosidade é o fator principal que leva os alunos e cientistas a descobrirem e a
produzirem novidades nos campos científicos. O pensamento imaginativo está
ligado de tal forma à realidade concreta que os profissionais de educação precisam
refletir sobre práticas para poderem incentivar o processo de criação na mente dos
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alunos e através da educação científica levá-los a concretizar os frutos de seus


estudos, visando a uma divulgação científica inovadora no espaço escolar.
Gurgel e Pietrocola (2011) nos alertam para a temática que envolve ciência e
imaginação e a necessidade de ser utilizada de acordo com os compromissos
científicos:
Contudo, a imaginação para ser “científica”, não pode ser uma
atividade puramente livre, por mais que seja um ato bastante
complexo e de grande subjetividade, por se relacionar com a
construção simbólica mental do indivíduo, não pode estar
desvinculada dos compromissos e dos valores da ciência (2011, p.
95).
Na atualidade, diversos debates sobre o melhor método para ensinar ciências nas
escolas tem sido motivo de indagações. Frente às grandes possibilidades que a
divulgação científica dispõe para as escolas, o maior desafio seria como incorporar
as atividades de divulgação científica no currículo escolar? Parece-nos importante
compreender a relação entre educação, ciência e tecnologia na produção e
divulgação de conhecimentos científicos.
Incentivar o aluno a pesquisar, inclusive a partir dos recursos tecnológicos, como a
Internet, também pode favorecer o ensino e a aprendizagem e, de certa forma,
permitir maior autonomia aos estudantes. Porém, o professor tem um papel
importante nesse processo, pois a tecnologia por si só não é suficiente para
desenvolver o pensamento critico do aluno.
De modo geral o que encontramos, na realidade, são métodos ultrapassados e na
maioria das vezes incapazes de formar cidadãos que se posicionem corretamente
em relação à ciência, pois falham ao estimular o trabalho individual, e esquecem-se
de que a produção do conhecimento é fruto, sobretudo de uma coletividade. Deixam
de lado a interação, que é importante ferramenta para a produção de novos saberes.
Os livros didáticos com frequência continuam a priorizar a quantidade ao invés da
qualidade, a memorização ao invés da exploração das dúvidas, e a leitura passiva
em detrimento da atividade reflexiva que impulsiona a ação.
Certamente, conhecer as teorias e estudá-las é importante no processo de
aprendizagem, mas a partir do momento em que é proporcionada ao estudante a
oportunidade de se envolver em experiências concretas que os ajudem a
compreender melhor os aspectos teóricos discutidos na aula, essa aprendizagem
adquire maior significado para o estudante. Nesse sentido, faz-se necessário que a
escola esteja aberta às múltiplas oportunidades de ensinar e aprender, que leve em
consideração as novas linguagens, originadas, por exemplo, a partir dos recursos
digitais. O mundo está mudando, e a escola também há de se transformar.
Consideramos importante que seja disponibilizado tempo nos currículos escolares
para permitir que os alunos explorem, observem, testem teorias, descubram e
questionem os conhecimentos que lhes são apresentados, não apenas memorizar
fatos da história das ciências.
Falar de ciência com jovens ou adultos é totalmente diferente quando feito com
crianças. As atividades devem procurar sempre respeitar cada faixa etária e o ano
escolar de cada público. Buscar atividades voltadas à familiarização dos estudantes
com os nomes científicos é uma medida importante no processo de divulgação
científica. Seja através de iniciativas simples, como a fixação de placas com os
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nomes científicos das árvores como ocorre em algumas cidades, ou a um maior


incentivo para a realização de feiras de ciências, que favorecem os alunos a produzir
experimentos na área, além da produção de literaturas especialmente focadas no
público estudantil.
Na educação infantil as possibilidades aumentam, pois a ciência torna-se uma
valiosa ferramenta para fomentar a curiosidade, que é própria dessa etapa, para o
ensino de ciências. Trabalhos que procurem desvendar algumas curiosidades que
pairam sobre a mente das crianças nessa fase poderiam ser melhor explorados,
como as estações do ano, as temperaturas, a gravidade e os sentidos humanos.
Fazer divulgação científica com crianças contribui para ampliar o desejo das novas
gerações para produção e construção da história da ciência. Trabalhar com livros,
filmes, artigos, e no caso das crianças com recursos lúdicos estimulam a
sensibilidade e a socialização, tornando o conhecimento científico mais atrativo,
dinâmico e próximo da realidade.
O ensino formal em ciências como processo de divulgação científica, realizado
desde as séries iniciais, pode ser um passo decisivo para o desenvolvimento
científico, pois pode aumentar as chances de as crianças e jovens se interessarem
pela ciência e futuramente produzir conhecimentos que melhorem a qualidade de
vida da sociedade, visto que esse deve ser o objetivo principal da ciência.

Considerações Finais
O propósito deste trabalho a priori foi buscar esclarecer questões pertinentes acerca
do ensino de ciências nas escolas, um assunto que cada vez mais entra em pauta
nas práticas dos docentes nas salas de aula. Como resultado, observamos que as
atividades de divulgação científica nos mais diversos meios em que ocorrem são
estratégias importantes para a democratização do ensino de ciências para a
sociedade, pois podem atuar como motivação à curiosidade científica e incentivar ao
surgimento de novos trabalhos relacionados à temática.
Notamos a importância da divulgação científica para a comunidade escolar, pois ela
desmistifica a ideia de que a ciência é algo distante e feita para poucos, além de
estimular o senso crítico da sociedade diante da produção científica atual.
Acreditamos que a popularização da ciência tornou-se importante para a formação
do cidadão contemporâneo, que sente a necessidade de buscar o conhecimento.
Firma-se o desafio de ampliar a divulgação científica mediante os diversos meios de
comunicação e da escola.

Referências
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Paulo: Cortez, 2003.
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25551998000100010&script=sci_arttext>. Acesso em: 11 Jul.2013.
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