19 Ee-Na-Educacao-Infantil
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NA EDUCAÇÃO INFANTIL
UFSCar – Universidade Federal de São Carlos
Reitora
Profa. Dra. Ana Beatriz de Oliveira
Vice-Reitora
Maria de Jesus Dutra dos Reis
Fabiana Cia
Laura Borges
Cia, Fabiana.
C565e Educação especial na educação infantil / Fabiana Cia, Laura
Borges. --Documento eletrônico. -- São Carlos : EDESP-UFSCar,
2023.
47 p.
ISBN – 978-65-89874-64-5
Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Introdução
2 – Atividades lúdicas
As atividades lúdicas na Educação Infantil dizem respeito principalmen-
te à exploração do meio e aos estímulos de objetos/materiais (PANIAGUA;
PALACIOS, 2007). Para que as crianças consigam explorar ao máximo as ati-
vidades propostas, é importante que o professor planeje a sua organização.
As atividades em grupo nas faixas etárias menores são mais difíceis de
serem conduzidas, pois requerem contato visual e atenção às instruções do
adulto, além da espera por sua vez de participar, dependendo da proposta.
Por se tratar de crianças pequenas, dificilmente todas permanecerão senta-
das aguardando enquanto o adulto explica ou conduz a atividade. Portanto,
é necessário que as atividades elencadas, além de estarem alinhadas ao ob-
jetivo da proposta pedagógica, estejam compatíveis às capacidades lúdicas
da turma (PANIAGUA; PALACIOS, 2007).
Em relação aos instrumentos utilizados nas atividades lúdicas, destaca-se
a importância da repetição. Para que as crianças reconheçam/reproduzam/
explorem um material, é preciso que façam essa ação por diversas vezes,
possibilitando a incorporação de seu significado e seu uso real e simbólico.
Nessas situações, podem-se realizar pequenas surpresas, atribuindo interes-
se e motivação à tarefa (NUNES, 1995; PANIAGUA; PALACIOS, 2007).
Pode-se citar como exemplo quando o professor oferece uma alternativa
diferente para a realização de desenhos (tintas e tecido ou giz e folhas tex-
turizadas). Para que as crianças se apropriem dessas ferramentas, precisam
ser expostas a estas por várias vezes, em situações diversificadas, de modo a
promover a internalização e generalização do instrumento para suas diversas
possibilidades.
frequente que crianças procurem o colo das professoras. Assim, tão impor-
tante quanto tranquilizar, conversar e brincar com o bebê, o colo do adulto
também pode fazer parte da rotina, trazendo afeto, amparo e possibilitando
o contato com diversas formas de linguagem (corporal, facial, gestual etc.).
Além disso, o colo constitui-se um lugar privilegiado para conhecer e explo-
rar o mundo, permitindo o estímulo da atenção compartilhada com o adulto,
criando uma triangulação (quando a criança olha para algo que está sendo
apontado pelo adulto ou quando a criança aponta algo para que o adulto
olhe) (CARPENTER; NAGELL; TOMASELLO, 1998; PANIAGUA; PALACIOS,
2007).
É importante que os professores de crianças pequenas estabeleçam
momentos em que podem ter contato com as crianças, por exemplo, por
meio de brincadeiras, ao cantar uma música, ao se comunicar com a criança
etc. Entretanto, momentos coletivos/em grupo dificultam esse contato, pois
não há adultos suficientes para o número de crianças na turma. Por isso, é
preciso ter uma mescla de atividades mais individualizadas e em grupo.
Uma alternativa é promover e incentivar propostas, eventos e oficinas
que envolvam os familiares dos pequenos na escola. Nessa ideia, em grupo,
cada responsável realiza a interação junto à sua criança, e os professores
podem se juntar àquelas cujos pais não conseguiram comparecer. As fa-
mílias, além de terem a possibilidade de participar desse momento, terão
seu repertório de estímulos e interação com a criança ampliado, podendo
replicá-lo em casa (AZEVEDO, 2014).
Ainda na proposta junto ao adulto, brincadeiras e jogos fáceis e intera-
tivos podem ser utilizados, pois permitem, por meio da linguagem simples,
o contato com repetição, turnos, discriminação de sons, ritmo, entonação,
marcação dos gestos e coreografias, além da cumplicidade, confiança e di-
versão. São exemplos: “bate palminhas”; “serra-serra-serrador”; “formigui-
nha”; e outras cantigas ritualizadas presentes em todas as culturas (PANIA-
GUA; PALACIOS, 2007). Tais cantigas, ao serem trabalhadas na escola, além
de permitirem que as crianças as apresentem em casa, envolvendo todos da
família nesse processo de interações entre adultos e crianças, estabelecem
um vínculo entre esses ambientes.
Em linhas gerais, é imprescindível que haja uma programação que com-
bine e alterne entre as atividades de cuidado, de estimulação e de interação
com o adulto. Ao pensar nessa programação, é importante que se tenham
estabelecidos as ações a serem desenvolvidas e os objetivos destas. Muitas
Unidade 2: Metodologia e Avaliação na Educação Infantil | 25
1 – Centros de interesse
Essa proposta baseia-se na ideia de trabalhar diferentes conteúdos e as-
pectos do desenvolvimento (linguagem, cognição, psicomotricidade, socia-
lização) de forma abrangente e significativa, em torno de temas de interesse
das crianças. Contudo, essa atividade não pode se transformar em série de
lições/tarefas descontínuas e superficiais oferecidas aos alunos ao longo do
ano. É preciso haver coerência, frequência e estabelecimento de objetivos
concretos para com os alunos e para com as atividades (PANIAGUA; PALA-
CIOS, 2007).
No trabalho com temáticas de festas (por exemplo, festa junina, dia dos
pais e carnaval), as atividades costumam se tornar um eixo organizador da
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2 – Pequenos projetos
A partir dessa ideia, permite-se resgatar o que os centros de interesse
têm de melhor: a abrangência de conteúdos e o desenvolvimento de ati-
vidades variadas em torno de um tema que motiva as crianças. O projeto
prevê que o tema de interesse estudado parta da criança, o que traz moti-
vação para o aprendizado. Também permite que o professor trabalhe outros
temas, como ensino de numerais, letras, meio ambiente etc. (PANIAGUA;
PALACIOS, 2007).
Quando se pensa em projetos, as atividades passam a estar relacionadas
à temática destes, assim como a coleta de dados e de informações. Soma-
-se o fato de que a família também pode e deve ter um papel na ajuda de
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3 – Cantinhos
Normalmente, são as crianças que escolhem os cantinhos que querem
explorar e a forma como conduzirão as atividades naquele cantinho. No en-
tanto, o professor pode fazer a distribuição de certas crianças, caso perceba
que estas preferem somente determinados tipos de cantinhos e nunca par-
ticipam dos demais (de construção ou de faz de conta, por exemplo), uma
vez que cada cantinho pode trabalhar e estimular habilidades diferentes,
ou mesmo no caso de o professor desejar que os grupos de crianças sejam
mesclados e mais heterogêneos (PANIAGUA; PALACIOS, 2007).
Outro ponto de destaque seria a mediação do professor. O professor
pode mediar as atividades que achar necessário, por exemplo, oferecen-
do exemplos de como as crianças poderiam explorar os materiais daquele
cantinho ou explicando algumas regras. Vale destacar também que, nessa
metodologia, a ação do professor deve priorizar o protagonismo, cuidando
para dar atenção igualitária a todos os cantinhos (PANIAGUA; PALACIOS,
2007).
Os cantinhos, para serem efetivos, precisam ter planejamento quanto
ao ambiente físico, com divisões entre eles e materiais que indiquem tais
divisões (como cartazes, cortinas etc.). Os materiais dentro dos cantinhos
também devem ter a mesma qualidade e atratividade. Se as crianças se
deparam com um cantinho com brinquedos quebrados ou com materiais
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escassos, por exemplo, irão preferir se direcionar para cantinhos com mate-
riais e objetos mais atrativos, ou mesmo começarão a se dispersar.
Há professores que usam os cantinhos entre as atividades que as crianças
realizam, outros utilizam como centros das atividades. O que precisa sempre
ser considerado são os objetivos dos cantinhos (com troca de materiais para
atingir tais objetivos), assim como formas de avaliar a efetividade das ativida-
des desenvolvidas dentro deles (PANIAGUA; PALACIOS, 2007).
4 – Oficinas
As oficinas são estratégias que podem ser implementadas com foco
em pequenos grupos, na sala toda ou mesmo como forma de garantir que
crianças de diferentes faixas etárias consigam realizá-las, integrando os alu-
nos da escola, de forma geral. Normalmente, as oficinas são focadas num
objetivo, com sequenciamento de atividades para se alcançar um resultado
(PANIAGUA; PALACIOS, 2007). Por exemplo, oficina de artes, oficina de tea-
tro, oficina de robótica etc.
A depender da temática da oficina, a escola pode ter a contribuição de
um profissional externo ao quadro docente. Precisa haver clareza dos obje-
tivos propostos com a oficina, de preferência que foquem nas necessidades
do alunado (PANIAGUA; PALACIOS, 2007). Alguns exemplos seriam: propor
oficinas de massinhas de modelar a fim de estimular a motricidade das crian-
ças e a criatividade; fazer uma oficina de contação de histórias a fim de esti-
mular a linguagem e a socialização das crianças; elaboração de brinquedos
de sucata para estimular a criatividade e motricidade, em condições de falta
de material e sobras de itens descartáveis/recicláveis. Nessas propostas, não
se deve valorizar apenas o produto final, e sim todos os processos e elemen-
tos envolvidos no trabalho feito com os alunos.
troca de informações pode ocorrer via familiar (sendo uma ponte entre
profissionais e escola, mas isso pode sobrecarregá-los) ou diretamente
dos profissionais com a escola – nesse caso, é preciso cuidar para não
excluir os familiares nesse processo;
• buscar traçar metas e objetivos claros e que sejam estabelecidos em
conjunto. A família deve estar presente na discussão de objetivos a serem
trabalhados com a criança do PAEE. Assim como se deve ouvir a família
ao longo do processo de execução das ações para saber a opinião dela
sobre os ganhos comportamentais e de desenvolvimento dos filhos ou
mesmo sobre alterações que poderiam ser requeridas. A relação entre
família e profissionais escolares deve ser de parceria e escuta de ambos
para conseguir entender as necessidades da criança;
• indicar e orientar quanto à busca por materiais, recursos, auxílios,
atendimentos, tratamentos e acompanhamento por outros profissionais.
A escola pode ser uma fonte de suporte social para os familiares de crian-
ças PAEE, na medida em que oferece encaminhamentos, informações ou
busca de profissionais de acordo com as necessidades das famílias e da
criança em desenvolvimento;
• oferecer cursos de formação continuada para os professores e
demais agentes escolares. Os professores e demais agentes escolares
podem necessitar de orientação ou formação que auxilie na criação de
estratégias para se relacionarem com os familiares;
• ou seja: receptividade, respeito, acolhimento e inserção nas propos-
tas da escola.
Tais estratégias são aplicadas para que familiares e escola tenham uma
relação de confiança, independentemente de a criança ser ou não do PAEE.
No entanto, muitos dos exemplos elencados aqui focam na relação família e
escola da criança do PAEE, em decorrência da especificidade da formação.