Apostila Comunicação Mercadológica
Apostila Comunicação Mercadológica
Apostila Comunicação Mercadológica
COMUNICAÇÃO
MERCADOLÓGICA
2020
2
A Comunicação Mercadológica
PUBLICIDADE
Publicidade pode ser definida como “any paid form of nonpersonal presentation
and promotion of ideas, goods, or services by an identified sponsor” através dos mais
diferentes veículos de comunicação. (KOTLER, P. & KELLER, 2016, p. 582). É ainda o
principal meio de promover vendas em massa, embora tenha perdido espaço no
investimento global da comunicação mercadológica para estratégias que permitem melhor
segmentação do público e outras que puderam ser amplificadas graças à evolução do
ambiente tecnológico.
A publicidade está relacionada diretamente ao século XX, quando se transformou
em uma importante força econômica, social e cultural. Ao influenciar comportamentos,
estilos de vida, hábitos e valores, ela, de certa forma, foi a “voz” que propagou o discurso
da “modernidade” - propiciada pelos avanços capitalistas - e da “felicidade” de participar
1
Em edição mais recente de Marketing Management, Kotler e Keller (2016, p. 578) propõem uma
classificação agregando as tipologias em três grandes conjuntos: Comunicação de Massa, Comunicação
Digital e Comunicação Pessoal. Entretanto, temos dificuldade de compreender uma separação entre os
contextos digital e analógico - no inglês online/offline - na comunicação mercadológica contemporânea.
Com essa ressalva não pretendemos dizer que os autores desconheçam ou não abordem a área sob uma
perspectiva integrada entre os ambientes, mas justificar porque não elegemos olhar o fenômeno a partir da
sua proposta mais recente, mesmo entendendo a sua pertinência metodológica.
4
2
É claro, que mesmo no século XX, há casos de campanhas que questionaram justamente estes valores e
buscaram posicionar a publicidade da marca em relação à realidade não tão bela do mundo. Talvez o
exemplo mais famoso sejam as campanhas de Oliviero Toscani para a Benetton, pórem são uma minoria. No
livro A Publicidade é um Cadáver que nos Sorri, de 1995, o criativo relata a sua experiência e seu ponto de
vista sobre o assunto.
5
3
Mídia aqui se refere a forma como é definida no campo da comunicação mercadológica, ou seja, como
suporte da mensagem comercial.
4
A Hotwired, 1994 a 1999, foi a primeira revista comercial da internet.
6
5
Nas mídias tradicionais o custo do espaço publicitário é definido pelo índice de audiência no caso dos meios
eletrônicos e pelo índice de circulação quando se trata de meios impressos.
6
De acordo com informações do suporte do Google, proprietário do Youtube desde 2006, disponível em
https://support.google.com/youtube/answer/2467968?hl=pt#. Consultado em 17 de maio de 2018.
7
7
A plataforma pode ser acessada em https://ads.google.com/intl/pt-PT_pt/home/ e é de fácil manuseio.
8
Mas também defendeu medidas regulatórias, como obrigar as empresas “logo que
possível, a inscrever de forma clara e legível a menção ‘publicidade comportamental’ na
publicidade em linha dessa natureza, e uma janela informativa contendo uma explicação
básica sobre esta prática. ” (PARLAMENTO EUROPEU, 2010, p.12). Em maio de 2018,
entrou em vigor o novo Regulamento Geral de Proteção de Dados da União Europeia,
com impactos na atividade publicitária. Ela é expressamente citada no ponto (58) das
considerações, quando é abordado o Princípio da Transparência, ou seja, a exigência de
“que qualquer informação destinada ao público ou ao titular dos dados seja concisa, de
fácil acesso e compreensão, bem como formulada numa linguagem clara e simples” e o
documento completa:
8
“A publicidade comportamental online constitui uma prática que consiste em direcionar anúncios
publicitários específicos para determinados consumidores, de acordo com o seu comportamento online
anterior, ou seja, é destinada a um grupo, classe ou categoria de consumidores de acordo com uma base de
dados a respeito dos mesmos elaborada a partir de interesses previamente demonstrados. Deste modo, os
fornecedores conseguem cada vez mais alinhar seus anúncios publicitários em relação aos supostos interesses
de seus destinatários” (ALVES, F., 2016, p. 2014). Basta procurar por um local de férias ou um produto
eletrônico, que percebemos que os anúncios relacionados passam a nos “perseguir” em todos os nossos
movimentos na rede.
9
dados pessoais estão a ser recolhidos, como no caso da publicidade por via
eletrónica. (UNIÃO EUROPEIA, 2016, L 119/11)
Por se tratar de uma “técnica de difusão de anúncios publicitários online que visam
os potenciais interesses dos utilizadores” (ICAP, 2014, p.20), o discurso dirigido ao
consumidor, quando este está informado sobre a coleta de seus dados para fins comerciais,
é sempre de que é beneficiado pelo processo. Pressupõe-se assim que ele será impactado
por anúncios de produtos que de fato necessita ou deseja e não por mensagens aleatórias e
sem relevância. No canto direito superior das publicações Adsense há um botão que, ao ser
clicado, leva o internauta a uma página de suporte do Google, com informações sobre o
sistema de personalização da publicidade e políticas de privacidade, além de link para a
plataforma Adssettings.9 Nela, cada indivíduo pode gerenciar suas próprias preferências
como alvo de publicidade comportamental, “Make the ads you see more useful to you
when using Google services. ” O consumidor não poderia ser mais colaborativo. Há ainda
como desabilitar os anúncios difundidos por personalização através da ferramenta Your
Online Choice10, mas sua interface não é tão amigável.
Em abril de 2018, o Facebook, outro provedor de publicidade comportamental e
contextual, com o objetivo de adequar-se às novas regras do regulamento europeu, pediu
aos seus usuários em escala mundial que revisassem as configurações de privacidade e as
informações de como a rede social usava os dados pessoais coletados. Entre as escolhas,
estava a permissão ou a recusa da publicidade comportamental. O Facebook explicou11 da
seguinte forma as consequências de cada decisão:
9
https://adssettings.google.com
10
Disponível em www.youronlinechoices.com/uk/opt-out-help. É possível desabilitar anúncios apenas de
algumas empresas ou o sistema como um todo. Na página, o internauta recebe o seguinte aviso: “ If you
choose to opt out of behavioural advertising using the opt out page, it is important to remember that it does
not mean that you will no longer receive advertising when you are using the internet. However, it does mean
that the advertising you see displayed on the websites that you visit will not be customised to you and your
interests and may be less relevant to you.” Acessado em maio 2018.
11
Disponível na página de configuração pessoal de anúncio de cada usuário no Facebook.
10
12
Aliás os perfis com o maior número de seguidores são desse tipo tradicional de celebridade. A atriz
brasileira Marina Ruy Barbosa com mais de 37 milhões de seguidores no Instagram (@marinaruybarosa) é
um caso bem-sucedido de monetização de canal pessoal na plataforma, nele predominam os posts
patrocinados. Uma das ações mais repercutidas foi a transformação de uma viagem romântica com o noivo à
Tailândia e ao Qatar em um evento publicitário. Os fãs puderam acompanhar os vários momentos do casal
através de diversas postagens pagas por grifes de roupas, joias e cosméticos, locais visitados, restaurante e
hotéis, até a revelação da designer do anel de noivado seguiu a lógica. De acordo com a imprensa foi usado
uma tabela que cobrava entre 30 a 40 mil reais por post (em torno de 7,5 a 10 mil euros) e a estimativa é que
somente naquelas duas semanas a atriz tenha faturado um milhão de reais com posts pagos e permutas.
(CATRACA LIVRE, 2016). A viagem foi muito balada por revistas e sites de celebridades que reproduziam
diversas publicações do instagram de Ruy Barbosa, como a revista Capricho destinada a adolescentes do sexo
feminino que apresentou a história para suas leitoras como um conto de fadas, um sonho para qualquer
menina, sem, no entanto, abordar a comercialização dos momentos que usaram para ilustrar a matéria
(https://capricho.abril.com.br/famosos/marina-ruy-barbosa-e-pedida-em-casamento-durante-viagem-
romantica-a-tailandia/).
11
todos público, o que faz de todos nós potenciais influenciadores", declarou o relações
públicas português João Belo 13 em entrevista ao Jornal de Notícias (OLIVEIRA, S.
2018). Para Clay Shirky (2011) é justamente essa característica a grande evolução
trazida pelas novas tecnologias, “precisamos repensar o conceito básico de mídia: ela
não é apenas algo que consumimos; é algo que usamos” e explicita:
13
Sócio-fundador da Naughty Boys, agência de assessoria mediática que conta com várias celebridades
portuguesas em seu portifólio. O site da empresa é https://www.naughtyboys.pt/.
14
Primo (2009) aborda a questão da celebridade a partir da tipologia apresentada por Chris Rojek na obra
Celebridade (2008) e conclui que, na maior parte das vezes, os blogueiros atingem no máximo o renome, mas
não chegam a se tornar celebridades.
12
moda foram as percursoras desse movimento que se espalhou pelas mais diversas áreas
temáticas e por toda a web.
Isso porque eles ocupam um espaço no ambiente digital que havia sido
deixado vazio: enquanto a mídia tradicional não chegava às mídias sociais
digitais, a informação de qualidade disponível em fóruns, blogs e redes era
produzida pelos próprios usuários (…) Entre esses internautas, aqueles que
se destacaram tiveram que passar pelo processo de construção de
legitimação e reputação. Tornaram-se amigos-experts nos mais diversos
assuntos.
15
https://www.youtube.com/user/SirKazzio. Acessado em maio de 2018, quando tinha exatamente 5.082.901
inscritos.
16
Uma curiosidade é que de acordo com o raking publicado pelo Portal Ekonomista, em janeiro de 2018, os
três canais portugueses do Youtube com mais seguidores são ligados a jogos. Depois do SirKazzio, vem o
D4rkFrame, com mais de 3,5 milhões de seguidores, e Fer0m0nas, acima dos 3 milhões de inscritos.
Disponível em: http://www.e-konomista.pt/artigo/youtubers-portugueses-mais-populares/
17
https://youtu.be/2QW-Rqx8RwE.
18
Plataforma de compilação de dados digitais e públicos, oferecendo dados estatísticos e de performances
dos diversos canais web. Acessível em https://socialblade.com/
19
https://www.youtube.com/user/whinderssonnunes
13
digital influencer não pode ser visto mais apenas como prática de nicho, já atingindo, em
muitos casos, números compatíveis com a comunicação de massa.
Nas marcas que investigamos durante o doutorado - Cachaça 51, Catuaba
Selvagem, Licor Beirão, Skol e Super Bock - esse recurso não apareceu de forma
significativa. Mesmo assim, achamos interessante apresentar como exemplo, para ilustrar
esta apostila, o uso que fizeram da ferramenta durante o nosso período de análise, que foi
entre agosto de 2017 e fevereiro de 2018 (TORRES, L. 2019).
A Cachaça 51 é uma das patrocinadoras originais do canal multiplataforma digital
Travel & Share, dos viajantes brasileiros Rômulo Pereira e Mirella Rabelo, o que é
coerente com a estratégia de internacionalização da marca. O casal percorre o mundo desde
2014 em sua “carrinha” - meio de transporte e casa - com pouco dinheiro e compartilha
suas aventuras através de vídeos no seu canal no Youtube20..Em 2020, ele atingiu a marca
de um milhão de inscritos e os influencers agora viajam de motorhome. Paralelamente ao
planejamento da expedição e com o objetivo de viabilizá-la financeiramente, o casal criou
uma agência de marketing digital. Através dela produz conteúdo para as marcas parceiras
não necessariamente ligado à viagem. A patrocinadora master é a Nissan, que inclusive
forneceu o automóvel Frontier para o início da jornada, e estava presente com destaque na
maioria dos vídeos-episódio da dupla. Para a Cachaça 51, eles criam drinks e produzem
fotografias para ilustrá-los, tendo como cenários diferentes locais do mundo. O material é
publicado no site da marca21.
20
https://www.youtube.com/channel/UCk6RUGsfWI-3kPrDlMUfvfQ
21
http://cachaca51.com.br/receita
14
22
https://www.youtube.com/watch?v=ENpM6TKxnOM
23
https://www.youtube.com/watch?v=mZ8ei0PMiqs e https://www.youtube.com/watch?v=O4DEtP_t8x8
24
Jout Jout, Maíra Medeiros, Tia Má, Muro Pequeno, Lorelay Fox, Hel Mother, Ana Maria
Brógui e Manual do Homem Moderno.
25
https://www.youtube.com/user/joutjoutprazer. A youtuber aborda as questões ligadas ao feminismo com
bom-humor e irreverência, abordando com naturalidade as questões mais polêmicas. Ela raramente usa
maquiagem e suas roupas são bastante simples, como se estivesse conversando com o público na intimidade
de sua casa. Ela se refere aos seus seguidores como “Família Jout Jout”.
26
Vários portais, principalmente os especializados reportaram o sucesso do vídeo, como por exemplo Geek
Publicitário (https://geekpublicitario.com.br/24972/skol-youtubers-carnaval/), Medium
(https://medium.com/n%C3%A3o-faz-a-fr%C3%ADgida/carnaval-sem-ass%C3%A9dio-skol-aposta-em-
15
Fonte: www.youtube.com/user/joutjoutprazer
youtubers-para-falar-sobre-respeito-3291d2a8032c), B9 (http://www.b9.com.br/85361/skol-aposta-em-
comerciais-regionais-e-parcerias-com-youtubers-para-o-carnaval/).
27
https://www.youtube.com/watch?v=CwwjjYmUj3U
28
A aproximação da marca a temáticas identidárias é alvo de polêmica constante dentro de suas redes, sendo
uma questão que apareceu com muita relevância em nossa análise.
16
elaborados oito filmes publicitários. Mas o que nos interessa nesse ponto é que as peças na
internet foram diferentes das veiculadas na televisão, o que a agência FNazca 29,
responsável pela conta, chamou de “versão meme” e explicou: “o digital terá uma versão
especial que mistura o filme com memes das rainhas da internet, Gretchen e Palmirinha. É
o jeito Skol de amplificar nas redes sociais o assunto em pauta e mostrar que está na hora
de romper padrões e preconceitos. ” (FNAZCA, 2017).
As webcelebridades foram inseridas para, de forma bem-humorada, reagirem com
aprovação ou desaprovação à fala das personagens. No Facebook a imagem das duas foram
utilizadas também para responder aos comentários no post que veiculou o comercial
“Saia”30, uma das peças da campanha, em 1º de novembro de 2017.
Palmirinha e Gretchen, diferente dos casos citados até aqui, não têm na produção de
conteúdo31 sua principal força na internet, mas na apropriação que os usuários fizeram de
suas imagens para a produção de memes e gifs. Lançadas ao estrelato no mundo digital
pela ação dos próprios internautas, elas tornaram-se presenças marcantes no ambiente
virtual brasileiro.32 Apesar de personalidades completamente diferentes - Palmira Onofre33
29
www.fnazca.com
30
Versão para TV - https://www.youtube.com/watch?v=jOZ9udA4Ss8.
Versão mídias digitais - https://www.youtube.com/watch?v=lD9y9lANcAU
31
Mas é importante destacar que ambas são ativas nas redes sociais. Palmirinha produz muito conteúdo sobre
culinária. Sua página oficial no Facebook “Vovó Palmirinha” (https://www.facebook.com/vovopalmirinha/)
tem mais de 600 mil fãs. No Instagram (https://www.instagram.com/vovopalmirinha/?hl=pt), ela conta com
mais de 490 mil seguidores. Já a página oficial da Gretchen no Facebook
(https://www.facebook.com/GretchenInternacionalDIVA/) tem mais de 60 mil seguidores. Por sua vez, no
Instagram (https://www.instagram.com/mariagretchen/?hl=pt) é acompanhada por mais de 1 milhão e 100
mil internautas, além de mais de 70 mil no Twitter (https://twitter.com/GretchenCantora?lang=pt_pt),
número semelhante ao da Palmirinha na plataforma (https://twitter.com/VovoPalmirinha?lang=pt_pt).
32
Gretchen principalmente ultrapassou os limites do público brasileiro. A fama de “rainha do memes”
resultou inclusive em sua participação no vídeoclipe “Swish Swish”, uma pareceria da cantora norte-
17
limites entre as modalidades são cada vez mais tênues e a classificação dos novos formatos
torna-se um desafio. No entanto, a nosso ver, a publicidade é um dos elementos
constituintes desse novo cenário da comunicação mercadológica, não o todo.
Passamos então ao próximo grupo de ferramentas elencados por Kotler e Keller
(2006).
PROMOÇÃO DE VENDAS
A Promoção de Vendas é um “key ingredient in marketing campaigns” (KOTLER,
P. & KELLER, K. 2016, p. 622) e em seu conceito mais básico tem como objetivo
incrementar as vendas de determinado produto em um curto período de tempo. É um
“action-oriented marketing event whose propose is to have a direct impact on the behavior
of the firm´s customers.” (BLATTBERG, R. & NESLIN, S., 1990, p. 3). Diferente de
outras áreas da comunicação mercadológica, que propõem construir a reputação da marca e
o relacionamento com o cliente a médio e longo prazo, a promoção de vendas busca um
retorno mais imediato; “Whereas advertising offers a reason to buy, sales promotion offers
an incentive. ” (KOTLER, P. & KELLER, K. 2016, p. 622). Robert Blattberg e Scott
Neslin (1990) definem a promoção de vendas como um conjunto de técnicas de incentivo
utilizadas para estimular o aumento da velocidade e do volume das compras, podendo ser
dirigida ao consumidor final ou ao revendedor.
Há muitos instrumentos à disposição do planejamento de promoção de vendas que
oferecem benefícios concretos ao consumidor, desde ações mais simples - como uma
política de descontos – até os mais sofisticados concursos culturais, que envolvem
dinâmicas complexas de implementação. Sem procurar abordar todas as possibilidades,
Cobra (2009, p. 321) identifica como principais as seguintes ferramentas: preços
promocionais; cupons e vale-brindes; prêmios, concursos e jogos; amostras; programas de
fidelização, sendo que cada uma delas compreende múltiplas táticas, que devem ser
aplicadas de acordo com o objetivo de marketing desejado, o estágio de vida do produto e
o público foco da ação. Várias dessas técnicas são combinadas com outras modalidades de
comunicação – publicidade, marketing direto, relações públicas – para alcançar mais
efetividade.
No auge da era da publicidade de massa, que de forma alargada podemos localizar
na segunda metade do século XX, a promoção de vendas era muitas vezes vista pelos
profissionais da área como uma atividade menos nobre dentro do composto da
comunicação de marketing. Afinal seus efeitos em geral são de curto prazo, pouco
20
Desta forma, a promoção de vendas foi se tornando cada vez mais central nos
esforços de marketing. Percebeu-se também que os resultados positivos da promoção de
vendas, quando bem planejada, não estão limitados ao curto prazo e que ela possui
inclusive capacidade de fortalecer ou mesmo principiar o relacionamento com o público.
Sendo assim, Kotler e Keller (2016, p. 623) resumem os objetivos da promoção de vendas
dirigida ao consumidor final37.
35
No artigo Sales Promotion (2006), os autores fazem um rigoroso levantamento das pesquisas publicadas
até então sobre os efeitos de curto e longo prazo da promoção de vendas, especialmente as realizadas nos
revendedores.
36
É necessário destacar que a promoção de vendas não é a única ação de marketing realizada nas superfícies
comerciais para estimular a compra de um produto. As técnicas de merchadisinhg, “toda a ação visando à
exposição do produto no ponto-de-venda” (COBRA, M. 2009, p. 321), como a determinação do local em que
ele será exposto, em que altura das prateleiras, entre várias outras táticas também têm potencial para
influenciar comportamentos de consumo, como a compra por impulso, por exemplo.
37
Há uma separação de objetivos e estratégias entre a promoção de vendas dirigida ao consumidor, ao
revendedor e à força de vendas.
21
and attracting switchers away from competitors’ brands. If some of the brand
switchers would not have otherwise tried the brand, promotion can yield
long-term increases in Market share. Ideally, consumer promotions have
short-run sales impact and long-run brand equity effects.
38
“Technologies such as loyalty cards, electronic media at the point of sale, and electronic shopping
assistants are likely to have an impact on how retailers use promotions, e.g. to better target consumers.”
(GEDENK, K., NESLIN, S. & AILAWADI, K., 2006, p. 346).
39
O uso do conteúdo produzido pelo usuário é uma das principais características do marketing digital e a
promoção de vendas é uma das formas de explorar esta produção.
22
pelo número de “curtidas” que a imagem tiver. Assim, em busca do benefício, ele aciona
toda a sua rede de contatos.
Outra tática que aparece com frequência é a participação na promoção em redes
sociais estar condicionada à “marcação” de amigos ou a seguir a página da marca 40. No
entanto, a utilização desses recursos com a intenção de ampliar a base de seguidores da
página é questionável em relação a uma real geração de valor para o espaço. “Muitos não
se dão conta que aquela promoção de “Curta e Compartilhe”, que gerou centenas de
compartilhamentos, não trouxe fãs de qualidade, muito menos conversões. Por isso, o
primeiro passo é foco em fãs de qualidade” (PORTO, C., 2015, p. 87). Ou seja, aqueles
que estão de fato interessados no conteúdo produzido pela marca.
Quando as redes sociais despontaram no universo digital, houve um esforço grande
voltado ao crescimento do número de adeptos para sinalizar o sucesso do perfil. Porém,
com o desenvolvimento do marketing digital percebeu-se que esse dado não tinha reflexo,
necessariamente, em engajamento e interação com a marca. Alguém levado a “curtir”
determinada página devido a uma ação de promoção de vendas pode nunca mais voltar a
acessá-la já que o seu interesse foi apenas imediato. Dessa forma outras métricas, como
comentários, compartilhamentos e cliques nas postagens, tornaram-se mais relevantes na
avaliação da eficácia da comunicação mercadológica em redes sociais da internet.
Isso não quer dizer que a promoção de vendas seja uma ferramenta de marketing
inadequada para as redes sociais, mas que é preciso refletir sobre a pertinência da prática
como forma de inflar o tráfego no perfil através de condicionantes de participação. Em
todo caso, a situação precisa ser analisada de acordo com as características específicas de
cada negócio. Independentemente dos objetivos, a proposta deve estar de acordo com as
regras estabelecidas pelas plataformas e com a legislação vigente do país para o qual ela é
dirigida. Não há restrições ao uso das redes sociais para a divulgação e o estímulo à
participação em promoções realizadas fora do ambiente das mesmas. No entanto, quando
esta ocorre dentro da rede e a dinâmica se dá através de seus mecanismos - como a
40
O fato de o meio ainda ser bastante novo, o baixo custo de utilização, a facilidade para produzir e divulgar
conteúdos resultaram em várias práticas abusivas na promoção de vendas em redes sociais, tanto por
amadorismo de alguns anunciantes quanto pelo uso com má fé, buscando por exemplo se apropriar dos dados
dos internautas. Um dos casos de maior repercussão no Brasil aconteceu em 2015 quando um perfil falso da
Apple prometia sorteio de celulares da marca, mediante curtir a página, compartilhar a promoção e preencher
um cadastro com dados pessoais. (https://extra.globo.com/noticias/celular-e-tecnologia/pagina-falsa-da-
apple-no-facebook-atrai-internautas-com-suposto-sorteio-de-iphones-17691306.html). Reconhecer esse tipo
de armadilha é uma das competências importantes da comunicação em redes sociais.
23
Conexões de amigos e linhas do tempo pessoais não devem ser usadas para
administrar promoções (por exemplo, frases como: “compartilhe em sua
linha do tempo para obter entradas adicionais” ou “compartilhe na linha do
tempo de seu amigo para obter entradas adicionais” não são permitidas). 42
EVENTOS E EXPERIÊNCIAS
Seguimos então para a modalidade de comunicação mercadológica Eventos e
Experiências. Trata-se de atividades planejadas para propiciar uma interação do público
com a marca em tempo real. Seja em ambientes offline, online ou integrados, os
consumidores são convidados a mergulhar na “experiência da marca”. Na virada do
milênio, Bernd Schmitt (1999, p. 3) afirmou que estava em curso uma revolução “that will
change de face of marketing forever” e que a experiência (experimental marketing) iria se
sobrepor ao marketing tradicional focado principalmente na comunicação de massa. O
autor apontou três movimentos paralelos que estavam impondo a necessidade de uma nova
abordagem para a área no século que se aproximava: 1) a onipresença da tecnologia da
informação, 2) a supremacia da marca, 3) a integração entre comunicação e
entretenimento.
Schmitt (1999) destaca que experiências e eventos são ferramentas eficazes na
busca de envolvimento emocional com o público, qualidade considerada cada vez mais
importante nas estratégias de marketing. “Customers want to be entertained, stimulated,
41
Em relação ao Instagram, não são disponibilizadas informações específicas sobre promoção de vendas na
Central de Ajuda aos Anunciantes, mas em geral, como pertence ao grupo Facebook, segue os mesmos
princípios de exploração comercial. O Twitter, a outra rede que compõe a nossa análise, também não
apresenta questões específicas sobre a atividade no sítio dedicado aos anunciantes da plataforma, porém há
pontos gerais ligados à comunicação paga que precisam ser observados.
42
https://www.facebook.com/policies/pages_groups_events
43
https://www.easypromosapp.com/
44
https://woobox.com/
24
The essential difference between emotion and reason is that emotion leads to
actions while reason leads to conclusions. The distinction between reason
and emotion is so steeped in tradition that for centuries reason was believed
to reside in the brain and emotion in the heart. But now we know that the
heart is just a pump. The emotions share their home in the brain with reason.
(CALNE, D., 1999, p. 236)
Events and experiences offer many advantages as long as they have the
following characteristics: 1. Relevant - A well-chosen event or experience
can be seen as highly relevant because the consumer is often personally
invested in the outcome. 2. Engaging - Given their live, real-time quality,
events and experiences are more actively engaging for consumers. 3.
Implicit - Events are typically an indirect soft sell.
Como já havia sido vislumbrado por Schmitt (1999) há duas décadas, as novas
tecnologias ampliaram o espaço para esta modalidade de comunicação. O desenvolvimento
da web 2.0 e a chegada das redes sociais da internet oportunizaram o surgimento de novas
formas de imergir o consumidor na “experiência da marca” e também a ampliação da
visibilidade de ações realizadas em espaços físicos, com a possibilidade inclusive de
transmissão ao vivo através de plataformas como Facebook e Instagram.
A realização de eventos e experiências online através das redes sociais tornou-se uma
importante opção para engajar o público com a marca. A título de exemplo, apresentamos
brevemente o caso Plantão do Amor, campanha do bombom Sonho de Valsa 46, por ela ter
sido bastante inovadora e reunir características que revelam o potencial desses meios para
a comunicação mercadológica. Além do mais, é considerada pela mídia especializada a
primeira ação de real time marketing do Brasil. (DIAS, K., 2016).
45
Levinson (1984) apresentou o estudo como uma boa alternativa para os pequenos negócios que não têm
verbas para anunciar nos meios de comunicação de massa. No entanto, com os novos meios trazidos pelas
inovações tecnológicas, a divulgação das ações pode ser potencializada e mesmo as grandes empresas
passaram a usar as táticas do marketing de guerrilha.
46
O bombom Sonho de Valsa completou 80 anos em 2018 e não é exagero dizer que ele faz parte da
memória afetiva de uma significativa parcela da população brasileira. A guloseima de waffle, recheio de
massa de castanha de caju e cobertura de chocolate com a sua embalagem clássica de papel laminado rosa,
conquistou o mercado nacional. Há décadas é líder do segmento de bombons no Brasil, com participação em
torno de 40% nas vendas por unidade, de acordo com dados da consultoria Nielsen. Lançada pela Lacta em
1938, atualmente a marca faz parte do portfólio da Mondelez - gigante multinacional do ramo de alimentos
(Dias, K., 2016)
26
Entre 2013 e 2015, a Sonho de Valsa realizou quatro edições da campanha. A primeira
aconteceu em 12 de junho - data em que é comemorado o Dia dos Namorados no país - e
teve a seguinte dinâmica: uma equipe de profissionais de diversas áreas ligadas à
criatividade ficou literalmente à disposição dos consumidores nas redes sociais da marca
para ajudar, oferecer dicas e ideias sobre questões relativas à data comemorativa durante
oito horas consecutivas. À medida que surgiam as demandas dos participantes, a equipe
buscava inovar no atendimento. A campanha se configurava enquanto era executada e, de
certa forma, foi formatada pelo próprio público. (TORRES, L., BORGES, G.,
AMERICANO, A., 2017).
A fanpage da marca no Facebook 47 serviu como ponto de referência e as ações foram
expandidas por diversas outras redes sociais da internet, nas quais a comunicação era ainda
mais personalizada. O Facebook foi o canal escolhido para a divulgação das informações
gerais sobre o Plantão do Amor e era onde a comunidade em torno da marca interagia. Nas
outras redes aconteceram ações principalmente focadas em poucos indivíduos - muitas
vezes apenas no casal alvo daquela mensagem específica. No entanto, várias dessas
iniciativas foram utilizadas nas peças publicitárias divulgadas pós-campanha. Os resultados
da primeira edição foram considerados tão positivos, que a Sonho de Valsa decidiu
continuar com o projeto nos anos seguintes. De acordo com dados divulgados pela própria
empresa, mais de cinco milhões de pessoas foram impactadas. (SONHO DE VALSA,
2015).
47
https://www.facebook.com/sonhodevalsa/
27
interação entre os internautas, as telas e a equipe de criação que deu forma final à
campanha. Assim, as habilidades midiáticas dos consumidores foram essenciais para a
geração de um conteúdo realmente interativo e colaborativo. De certa forma foi a demanda
e o conhecimento de redes sociais pelos internautas que guiaram os rumos da comunicação
e motivaram a equipe realizadora a utilizar canais inicialmente não previstos para a ação,
como o WhatsApp. O resultado final da experiência é um produto construído de forma
coletiva e compartilhada pelo público e pela marca.
Em relação aos objetos de estudo da nossa tese (TORRES, L. 2019), Eventos e
Experiências é uma estratégia bastante relevante para o setor de bebidas alcóolicas. A
modalidade, aliás, é bastante aderente a essa categoria de mercado principalmente por dois
motivos destacados que são inerentes ao setor, um de característica prática e o outro ligado
diretamente à persuasão. O primeiro são as restrições impostas à divulgação publicitária de
bebidas alcoólicas, assim a organização de eventos em ambientes controlados e com
limitação etária é uma alternativa adequada para as empresas da área.
A segunda questão relaciona-se com o próprio caráter de experiência contido no apelo
desse tipo de mercadoria. Promover o consumo do álcool é sobretudo estimular os sentidos
e as sensações. A categoria está conectada ao prazer, às festas, às reuniões de amigos, aos
momentos de diversão e celebração. Desse modo, a criação de eventos e experiências é um
modo de agregar esses valores a marcas específicas, além de outros conceitos caros aos
consumidores-alvo de cada uma, procurando produzir memórias positivas no público.
Por outro lado, como o abuso no uso do produto pode acarretar consequências
negativas e colocar em risco a segurança e a saúde dos indivíduos, há o desafio de associar
o consumo com responsabilidade a essa estratégia tão centrada no emocional. A questão é
bastante complexa uma vez que o exagero, o “romper os limites”, não é percebido sempre
de maneira desfavorável pelo público, às vezes gera inclusive identificação – “estamos
juntos” – como pudemos verificar em vários comentários nas redes sociais da Catuaba
Selvagem, por exemplo.
As cervejarias Skol e Super Bock procuram vincular suas imagens ao cenário musical,
especialmente jovem, através da promoção ou patrocínio de várias atividades na área. Há
mais de vinte anos a marca portuguesa dá nome a um dos principais festivais de verão do
país, o Super Rock Super Bock. A descrição na homepage oficial expressa com clareza os
valores aos quais procura se associar:
28
48
Especialmente em 2015 quando completou duas décadas e recebeu uma exposição de fotografia sobre a
história do festival, com curadoria da fotógrafa Rita Carmo. (http://blitz.sapo.pt/principal/update/20-anos-de-
super-bock-super-rock-uma-historia-contada-em-fotografias=f97113);
49
Os links a seguir são alguns exemplos das diversas matérias publicadas pela imprensa portuguesa onde o
termo é utilizado para caracterizar o festival: https://www.musicaemdx.pt/2017/07/07/super-bock-super-rock-
2017-nem-de-grandes-nomes-se-faz-este-festival/;
https://www.publico.pt/2015/07/15/culturaipsilon/noticia/super-bock-super-rock-regressa-hoje-a-cidade-
1702134; https://www.comunidadeculturaearte.com/super-bock-super-rock-deftones-agitaram-seu-jorge-
acalmou-e-fatboy-slim-dancou/
50
O Festival é organizado pela empresa especializada Música no Coração. Site:
http://www.musicanocoracao.pt
51
https://www.superbocksuperrock.pt/
52
https://www.facebook.com/sbsr/
53
https://www.instagram.com/superbocksuperrock/?hl=pt
54
https://twitter.com/sbsr
55
https://www.sbsr.fm/
29
56
http://superbockcasadacerveja.pt/pt/pt/
30
concertos de aniversário foram transmitidos ao vivo nos perfis da Super Bock no Facebook
e no Twitter, assim os fãs puderam acompanhar e interagir com a celebração onde quer que
estivessem.
“Festa 90 Anos”
Facebook Super Bock – 14/09/2017
mais do que propiciar a comercialização exclusiva em pontos de venda nobres, permite que
ela estabeleça conexões com o público em momentos de celebração, confraternização e
alegria. Nos grandes eventos é comum que sejam criados espaços próprios de interação
direta com a marca e várias ações customizadas. Nas festas juninas de 2017, por exemplo,
as principais cidades ligadas às festividades receberam a Vila Skol com DJ e passeio de
balão. Também foi lançada uma edição especial da lata da cerveja, que foi adaptada para
que ela pudesse fazer parte de uma brincadeira tradicional da época, o “correio elegante”.
Desse modo, podia-se escrever mensagens na parte de trás da embalagem e enviá-la para
alguém que estivesse na festa.
A SkolCachu em BH
Fonte: Divulgação Skol
58
http://entretenimento.band.uol.com.br/bandfolia/noticias/100000899807/garoa-de-glitter-em-sao-paulo-
veja-como-funciona.html.
59
De acordo com as informações veiculas na imprensa, a ideia surgiu da tradição dos mineiros de frequentar
cachoeiras no feriado, assim como a chuva de glitter em São Paulo seria uma referência à “terra da garoa”.
Desse modo, a Skol segue sua estratégia de comunicação regionalizada, levando em consideração a cultura
de cada lugar.
33
Por fim, citamos a ativação realizada em Porto Alegre: o Nordestão60 Skol para
refrescar o público, ou seja, um ventilador gigante instalado junto a uma pista de dança.
Quanto mais pessoas no espaço, mais forte ficava o vento, podendo atingir a velocidade
máxima de 60 km/h. A atração foi itinerante e passou por quatro locais da capital gaúcha.
Entre as estratégias de divulgação, a marca inseriu peças de mídia exterior nas praias do
Estado simulando tubos de captação de vento.
Essas só foram algumas das ações de entretenimento realizadas pela Skol no Carnaval
2018 para aproximar os foliões da marca através de experiências, que sempre consideraram
especificidades locais. Além de envolver os consumidores, essas intervenções, devido à
criatividade, originalidade e logística, geraram bastante interesse na impressa nacional,
regional e especializada, resultando assim em muita mídia espontânea para a marca. Além
disso, com publicações em seus perfis sociais o público participante ampliou o alcance das
campanhas, difundindo-as através de hashtags e “marcações” de amigos, da marca, dos
locais e dos eventos. Em suas redes sociais, a Skol em si não repercutiu essas atividades
realizadas no Carnaval, porém o assunto se fez presente através da iniciativa dos
internautas.
MARKETING DIRETO
O Marketing Direto é o próximo grupo da comunicação mercadológica a ser
discutido. Trata-se da forma mais dirigida e pessoal de abordar o consumidor através da
mediação de um canal de comunicação, por esse motivo sempre dependeu de uma boa base
de dados. Tradicionalmente as ferramentas dessa modalidade eram constituídas de malas
diretas, catálogos, telemarketing, televendas. O advento das tecnologias digitais e do Big
Data “has given marketers the opportunity to learn even more about consumers and
develop more personal and relevant marketing communications”. (KOTLER, P. &
KELLER, 2016, p. 597). Desse modo, a modalidade ganhou mais atenção em um mundo
em permanente estado de conexão e com um maior desenvolvimento dos mercados de
nicho. Para Kotler e Amstrong (2016, p. 536), “direct marketing continues to become more
Internet-based, and digital direct marketing is claiming a surging share of marketing
spending and sales.”
O marketing direto tem como vantagens normalmente um menor custo em relação a
outras formas de comunicação, a possibilidade de se direcionar exatamente ao público-alvo
60
Nordestão é uma gíria gaúcha para os ventos fortes que sopram no litoral do Estado, principalmente à
tarde.
34
desejado, inclusive chamando cada um pelo nome, e interagir diretamente com ele. Para
Kotler e Keller (2016, p. 597), as principais caraterísticas da modalidade são:
Os avanços tecnológicos que propiciam cada vez mais canais de contato direto e
pessoal com os consumidores, bem como a sofisticação das técnicas de coleta e
interpretação de dados – vivemos no “world of data mininig” (JENKINS, H. 2018) -, nos
permite vislumbrar que em pouco tempo veremos a fragmentação em larga escala de
conteúdo de marketing por indivíduo. Sendo assim, o marketing direto visa ir além da
segmentação, na busca da maior personalização possível.
A chegada da internet comercial trouxe a popularização do correio eletrônico, a
primeira ferramenta digital de marketing direto. O entusiasmo inicial com o novo meio,
que tornou possível atingir de forma dirigida um grande número de pessoas a um custo
bem inferior aos dos recursos até então disponíveis, fez com que muitas empresas
abusassem do seu uso. As caixas de correio dos internautas passaram a ser inundadas de
mensagens não solicitadas e que, em muitos casos, não lhes interessavam. A prática
recebeu o nome de spam e os provedores desenvolveram mecanismos de filtragem com o
objetivo de minimizar o problema, apesar de não raras vezes também bloquearem
comunicações desejadas.
Ironically, email marketing may be its own worst enemy. The Internet
drastically lowers communication costs – an underlying driver of high email
marketing ROI61 relative to other channels. In turn, low production costs
spur greater production, inducing entry to the industry by legitimate and not-
so-legitimate marketers, further increasing the volume of email messages
sent. As a result, consumers are awash in a sea of ads and information, some
useful and some not. (PAVLOV, O.; MELVILLE, N. & PLICE, R., 2008, p.
1191)
61
ROI, sigla em inglês para “Return Over Investiment”.
35
62
“Permission-based e-mails are in wide use because of widespread consumer complaints about unsolicited
e-mails (known as "spam"). Now, in most cases, the recipient provides explicit consent to receive direct e-
mails and, in some countries, this is a legal requirement” (ELLIS-CHADWICK, F. & DOHERTY, N., 2012,
p. 843).
36
technology that most of us will ever own.” (KRUM. C., 2010, p. 6-7). De acordo com
Cezar Kolodziej (2014), “mobile is the most personal touch point in which brands can
really establish a worthwhile connection with their attentive audiences”
Sempre a deslocar-se geograficamente com o seu proprietário, os aparelhos móveis
permitem que esse seja alcançado onde quer que esteja inclusive com mensagens baseadas
em sua localização. “Mobile communications can be very time-sensitive and reflect when
and where a consumer is” (KOTLER, P. & KELLER, K. 2016, p. 597). A tecnologia
mobile permite a realização de marketing direto em tempo real, relacionado a um lugar
particular, através de técnicas de Proximity or Based Location Marketing (KRUM, C.,
2010), que se relaciona aos avanços no campo do Geomarketing. Coro Yrigoyen (2003, p.
7) ressalta que este localiza-se na interseção das áreas do marketing, geografia e ciências
da informação, podendo “ser definido como un sistema integrado por datos, programas
informáticos de tratamiento, métodos estadísticos y representaciones gráficas destinado a
producir una información útil para la toma de decisiones”.
Desse modo, assistimos ao surgimento de novas técnicas e ao crescimento
exponencial do Mobile Marketing (KANTAR & MMA, 2016) que, se não pode ser
considerado um canal exclusivo de marketing direto, tem grande parte de suas estratégias
focadas na modalidade e, podemos dizer, revolucionou a comunicação dirigida
(AMIRKHANPOUR, M., VRONTIS, D. & THRASSOU, A., 2014). A Mobile Marketing
Association (MMA) (2009) conceitua63 o campo da seguinte forma: “Mobile Marketing is
a set of practices that enables organizations to communicate and engage with their
audience in an interactive and relevant manner through and with any mobile device or
network.” Abordaremos então rapidamente outras ferramentas de marketing direto em
plataformas móveis.
O Short Message Service (SMS) está bem na origem do Mobile Marketing ainda na
década do 1990 (AMIRKHANPOUR, M., VRONTIS, D. & THRASSOU, A., 2014). O
formato baseado apenas em texto de até 160 caracteres, representa uma forma barata, de
criação simples e rápida de se chegar ao consumidor, sem que haja dependência de
conexão com a internet. O progresso tecnológico permitiu a evolução da ferramenta para
Multimedia Message Service (MMS) que comporta também conteúdo rich media, tal como
vídeo, slideshow de imagens, áudio, entre outros recursos. Aplicativos de troca de
mensagens (por exemplo, WhatsApp, Facebook Messenger), via plataformas móveis,
63
Desde 2009 não houve outra atualização do conceito pela associação global.
37
64
A Skol, por exemplo, criou para a marca Skol Beats um gadget que é uma assistente virtual inteligente
para a “balada”: a Smart Beat. O dispositivo tem formato de garrafinha e pode ser sincronizado com o
telemóvel e as redes sociais do proprietário. Ele interage com voz, dá recomendações diversas de acordo com
a programação definida, sugere playlists, organiza contatos e mensagens, além da capacidade de integrar-se a
plataformas de serviços como Uber. As peças foram distribuídas por sorteio em maio de 2018 através de
hotsite próprio, aliando dessa forma marketing direto e promoção de vendas.
(https://www.skolbeats.com.br/smartbeats/).
38
importante ressaltar que a maior parte do acesso às redes sociais ocorre através de
dispositivos móveis (HOOTSUITE´S, 2018, p.9), para os quais suas interfaces foram
adaptadas, com o objetivo de simplificar a navegação em telas menores, e disponibilizas
através de aplicativos.
FORÇA DE VENDAS
A quinta modalidade de comunicação com o mercado a apresentarmos é a Força de
Vendas que é baseada na interação humana. “Personal Selling is the interpersonal arm of
marketing communications.” (KOTLER, P. & AMSTRONG, G. 2016, p. 500). É, sem
dúvida, a forma mais antiga de promover produtos. Kotler e Keller (2016, p. 616)
argumentam que a Força de Vendas de uma empresa desempenha tipos diferenciados de
funções - das mais simples às mais criativas -, porém todas fundamentais para as vendas e
para a imagem da marca, dentro da estratégia de mercado definida. São elas: entregas;
pedidos; educativa - que tem como principal finalidade estabelecer vínculos e/ou explicar
sobre o produto, caso dos representantes comerciais -; técnica - consultores por exemplo;
geração de demanda; e solução de problemas.
Personal selling is the most effective tool at later stages of the buying
process, particularly in building up buyer preference, conviction, and action.
It has three notable qualities: 1. Customized - The message can be designed
to appeal to any individual. 2. Relationship-oriented - Personal selling
relationships can range from a matter-of-fact selling relationship to a deep
personal friendship. 3. Response-oriented - The buyer is often given
personal choices and encouraged to directly respond. (KOTLER, P. &
KELLER, K., 2016, p. 597)
RELAÇÕES PÚBLICAS
Com as Relações Públicas (RP) fechamos o círculo do mix da comunicação
mercadológica. Em uma delimitação mais alargada, podemos inferir que as Relações
Públicas são o ramo da comunicação profissional que cuida da imagem das organizações
perante os seus públicos quaisquer sejam eles. Grunig e Hunt (1984, p. 6) em sua clássica
definição sintetizam: “[PR is the] management of communication between an organization
and its publics”. Desse modo, é responsável por gerenciar o relacionamento das
instituições sejam privadas, públicas ou do terceiro setor com uma pluralidade de atores
sociais65, tais como: seu público interno, órgãos governamentais das três esferas de poder,
imprensa e a mídia de modo geral, sociedade civil organizada, opinião pública, acionistas,
revendedores, e mesmo com os consumidores. Obviamente, a tipologia dessa lista é
adaptada de acordo com a necessidade de cada negócio, levando-se em conta sua vocação,
o tamanho do empreendimento, a localização geográfica, entre outras variáveis.
Assim as Relações Públicas sempre desempenharam um papel importante para o
marketing. No entanto, devido a uma série de fenômenos que se potencializaram nas
décadas finais do século XX, as ferramentas de RP ganharam cada vez mais espaço nos
planos de comunicação mercadológica. São eles: a ascensão das marcas como principal
ativo a ser comunicado ao mercado; o relacionamento transformar-se em palavra-chave
para a atitude perante aos clientes; a crescente percepção de que a imagem das empresas
impacta diretamente sobre as suas vendas e o aumento dos canais de contato direto com o
consumidor.
The fact is that a great brand is more than simply a great marketing
campaign or product. Increasingly, brands will reflect the deeper
personalities, culture, and behaviors of the organization that gives birth to
65
Na literatura da área há um grande número de conceituações elaboradas tanto por acadêmicos ou
profissionais que não nos cabe discutir nessa apostila. Gisela Gonçalves (2010, p. 3) realizou um exame das
principais referências, ressaltando que estas se distinguem entre descritivas e normativas, e concluiu que:
“Muitas mais definições se poderiam enunciar mas a conclusão mais consensual continuaria a ser que as
relações públicas são responsáveis por gerir a relação de uma organização com os diferentes actores sociais –
vulgarmente apelidados de ‘públicos’ através da comunicação planificada.”
40
Nesse contexto foi-se trilhando o caminho, não livre de conflitos66, para uma
abordagem sinergética das áreas da comunicação corporativa. “A partir dos anos 80 surge
uma nova tendência na gestão da comunicação que olha para as relações públicas e para o
marketing como funções integradas. ” (GONÇALVES, G. 2010, p. 15). Nas palavras de
Kunsch (1986, p.133), “a comunicação integrada começa a ser hoje uma realidade, não
podendo mais fazer uma separação entre comunicação institucional e a comunicação
mercadológica, como não se pode separar o produto ou serviço da organização. ”
Cientes desse quadro mais amplo de inter-relação entre relações públicas e
marketing dentro do composto da comunicação organizacional – que também é constituído
pela comunicação interna e administrativa67 “que devem formar um conjunto harmonioso,
apesar das diferenças e das especificidades de cada setor. ” (KUNSCH, M., 1997, p. 115) -
neste momento nosso foco será nas relações públicas enquanto instrumento de
comunicação com o mercado. Kotler e Keller (2016, p. 596) apresentam três qualidades
gerais que a modalidade oferece ao marketing:
1. High credibility - News stories and features are more authentic and
credible to readers than ads. 2. Ability to reach hard-to-find buyers - Public
relations can reach prospects who prefer to avoid mass media and targeted
promotions. 3. Dramatization - Public relations can tell the story behind a
company, brand, or product.
66
Em artigo de nome bastante sugestivo Marketing and Public Relations. Should they be partners or rivals,
Philip Kotler & William Mindak (1978, p. 13) já apresentam os debates em torno da questão e a disputa por
delimitação de espaço. “Where does marketing end and public relations begin? Where does public relations
end and public affairs bengin? The increasingly boundaries have led to conflict among the departaments.
Usually they use to operate independently wtih little teamwork or to bicker over resouces and strategies. Yet
marketing and public relations are the major external funcions of the firm. Both functions start their analysis
and planning from the point of veiw of satisfying ourside groups. Both are relative newcomers on corporate
scene. Both normally operate separately, at some loss in overall effectiveness.”
67
As duas são focadas no público interno da empresa. A comunicação administrativa visa organizar todo o
fluxo e redes de informação para o cumprimento das atividades da organização, enquanto a comunicação
interna tem como finalidade a integração da empresa e seus funcionários. (KUNSCH, M. 1997).
41
2002: The Fall of Advertising & the Rise of PR. Os autores apontam para uma saturação da
publicidade - que estaria em declínio e perdido sua credibilidade devido ao
bombardeamento constante e intenso do público. Sendo assim, as ações de RP seriam mais
adequadas para a construção da imagem das marcas. Mesmo sendo possível julgar
discutíveis algumas das considerações apresentadas, assim como o tom muito definitivo
adotado, é significativo que autores e consultores expoentes da área do marketing 68 passem
a enfatizar o papel das relações públicas no contexto da comunicação mercadológica. 69
68
Em especial, Al Ries, considerado um dos principais pensadores do marketing. Junto com Jack Trout, é
responsável pela disseminação do termo Posicionamento a partir da década de 1970, um dos mais relevantes
conceitos para a área de marketing, que foi difundido internacionalmente no clássico Positioning, the Battle
for your Mind, publicado pela primeira vez em 1981.
69
Talvez a publicação dos Ries tenha sido a mais contundente, mas ocorre em um ambiente em que
investigadores de marketing e as próprias empresas questionam a predominância absoluta da publicidade na
comunicação de marketing.
70
Press ou Kit Release, Marketing de Guerilha, Conferências de Imprensa, Eventos Especiais, Entrevistas
Exclusivas, entre outras.
42
71
“Agora, a 51 vai ser uma good ideia mundial”, assim Nizan Guanaes, publicitário responsável pelo projeto
de internacionalização da Cachaça 51, um dos profissionais mais reconhecidos do Brasil, resumiu os
objetivos da empreitada em reportagem da Revista Istoé sobre o assunto. (RODRIGUES, L., 2004).
43
72
Em Brand Sense, Martin Lindstrom (2007) aborda a importância dos apelos sensoriais para a construção da
identidade das marcas. Para Roberts (2004), a exploração dos sentidos no marketing visa a um dos principais
atributos das lovemarks, que é a sensualidade.
44
(2002, p. 57) ressalta que a estratégia também se converte em resultados positivos para os
negócios.
The success of these programs from a business perspective has been widely
acknowledged - with 83 percent of consumers saying that they have a more
positive image of a company that supports a cause they care about and a full
two thirds saying that if price and quality are equal, they will purchase a
brand associated with a good cause.
Although public relations still capture only a small portion of the overall
marketing budgets of many firms, PR can be a powerful brand-building tool.
45
Especially in this digital age, the lines between advertising and PR are
becoming more and more blurred. For example, a brand Web site, blogs,
brand videos, and social media activities are advertising or PR efforts? All
are both.
Os autores apontam uma relação direta entre a ascensão das novas tecnologias de
comunicação e o fortalecimento das técnicas de relações púbicas no campo do marketing.
Formatos híbridos gerados a partir das diversas modalidades já existentes também
contribuíram para adequar a comunicação mercadológica ao surgimento da cultura
participativa no ambiente mediático. Pela primeira vez tornou-se possível para as marcas
dirigirem-se a uma audiência em larga escala através de canais próprios - ou seja, sem a
necessidade de comprar espaço nos veículos tradicionais de comunicação - e de, através
deles, gerenciar o relacionamento com os seus públicos.
Be the message and the medium. Marshall McLuhan had it right when he
said, “The medium is the message.” But now the aphorism is flipped. The
message is the medium because of several contemporaneous developments,
including: the advent of social media, the rapid and wide dissemination of
information, democratic access to audiences, and the emergence of big data.
Brands have at least as much ability to organize audiences and deliver
relevant messages as traditional broadcast and print media.
(MILLWARDBROWN & WPP, 2013, p. 19)
mudança de paradigma, pois a organização passava a ter uma morada virtual a qual o
público podia acessar onde quer que estivesse e a qualquer hora do dia.
Novos desafios surgiram, como o de desenvolver estratégias para levar o público
até a comunicação da empresa e possuir teor suficientemente interessante para retê-lo o
maior tempo possível. Então, mais do que informações, os sites passam a disponibilizar
histórias e entretenimento. A atualização também se apresentou como questão relevante
nesta fase inicial da comunicação organizacional na internet. Pois, como motivar as
pessoas a retornarem ao sítio se o que oferece é estático? A produção de conteúdo começa
a tornar-se um dos mais importantes pilares do marketing digital, assim como os sistemas
de filtragem e buscas.
Todavia, o desenvolvimento da web 2.0 trouxe novas opções mais interativas,
participativas e informais. Entramos assim na era das mídias sociais, “plataformas na
Internet construídas para permitir a criação colaborativa de conteúdo, a interação social e o
compartilhamento de informações em diversos formatos. ” (TELLES, A. 2011, p. 8). As
homepages, muito identificadas com a primeira fase da internet, onde ainda predominava o
fluxo unidirecional da comunicação, passaram a ser vistas como canais muito formais,
pouco dinâmicos e de baixo tráfego dentro da evolução do contexto da comunicação
digital, sendo apontadas como mais relevantes para marcar uma posição institucional da
organização no ambiente virtual do que meio de relacionamento e promoção de marketing.
Para Kotler, Kartajaya e Setiawan (2012, o. 24), “a ascensão das mídias sociais” é
um dos principais avanços tecnológicos que propiciaram o advento do marketing 3.0,
fundamental na composição da “era da participação e do marketing colaborativo” (p. 23).
O consumidor passa a ser visto como sujeito ativo na construção da mensagem e da
imagem da marca - o termo prosumer entra em voga - e como mobilizar a sua participação
torna-se uma nova questão para o planejamento da comunicação mercadológica. Afinal, do
que vale uma ação realizada em mídia social se o público não se animar a interagir?
“Marketers can´t simply muscle their way into consumers’ digital interactions – they need
to earn the right to be there.” (KOTLER, P. & AMSTRONG, G, 2016, p. 546).
As marcas que há muito pouco tempo estavam habituadas a conduzirem a relação
de comunicação passam agora, no novo ecossistema mediático, a precisarem de dividir um
pouco desse poder com o público. O gerenciamento da marca no ambiente online tornou-se
essencial, pois mesmo que ela não ofereça um espaço para o consumidor manifestar-se,
este encontrará outros canais de expressão, onde poderá compartilhar suas opiniões e
experiências com produtos e serviços.
47
Perhaps the biggest advantage of social media is their engagement and social
sharing capabilities. Social media are especially well suited to creating
costumer engagement and community – for getting costumer involved with
the brand and with each other. More than other channels, social media can
involve customers in shaping and sharing brand content and experiences.
(KOTLER, P. & AMSTRONG, G., 2016, p. 546)
Para Telles (2011, p.7) mídias sociais em sua definição mais simples significam
“permitir conversações”. São um conjunto de formatos caracterizados pela horizontalidade
da comunicação e o acesso democratizado à produção e interação com o conteúdo, como
blogs, wikis, plataformas de compartilhamento de áudio, imagem, vídeo, apresentações,
livros, listas, além dos sites de relacionamento ou redes sociais. Desse modo, mídia social é
um termo mais abrangente “is the superset and is how we refer to the various media that
people use to communicate online in a social way.” (SCOTT, D. 2010, p. 38), sendo as
redes sociais uma categoria contida nesse espectro mais amplo. “Social networking occurs
when people create personal profile and interact to become part of a community of friends
and like-minded people and to share information.” (SCOTT, D. 2010, p. 38).
Dentro do ambiente de várias mídias sociais é possível estabelecer redes sociais,
porém plataformas como Facebook, Tumblr, Instagram, entre várias outras, tem essa
finalidade como característica principal, ou seja, “focam em reunir pessoas, os chamados
membros, que uma vez inscritos, podem expor seu perfil com dados como fotos pessoais,
textos, mensagens e vídeos, além de interagir com outros membros, criando listas de
amigos e comunidades. ” (TELLES, A., 2011,).
A comunicação nas redes sociais, sob a perspectiva do marketing, demanda
necessariamente estimular os internautas a ter uma postura atuante diante das mensagens e
tem características que lhe são peculiares, entre as quais destacamos: conteúdo gerado pelo
usuário e colaborativo; partilhamento de experiências; formação de comunidade de marca;
engajamento; interatividade; propagabilidade; comunicação em tempo real; geomarketing;
influenciadores digitais; comunicação multiplataforma.
Como pudemos perceber, a comunicação mercadológica passou por profundas
mudanças nas últimas décadas impulsionadas pelas transformações tecnológicas e sociais.
O consumidor tornou-se parte ativa do processo, expressando direta e livremente a sua
opinião por canais diversificados, o que amplia sua influência sob os demais membros do
48
REFERÊNCIAS
BLATTBERG, Robert & NESLIN Scott (1990). Sales Promotion: Concepts, Methods, and
Strategies. Englewood Cliffs, N.J.: Prentice Hall.
BOUÇAS, Cibelle (2018, 19 jan.). Ambev diz que vai ampliar o patrocínio ao carnaval
desse ano. Valor Econômico. Disponível em
http://www.valor.com.br/empresas/5269161/ambev-diz-que-vai-ampliar-patrocinio-ao-
carnaval-neste-ano.
CALNE, Donald (1999). Within Reason: Rationality and Human Behavior. New York:
Pantheon Books.
CENP – Conselho Executivo das Normas Padrão (2017, set./out./nov.). Pesquisa Revela
que Comissão Tradicional Volta a Ganhar Espaços nos EUA. CENP em Revista. Ano 13,
nº 52.
COBRA, Marcos (2009). Administração de Marketing no Brasil (3ª ed.). Rio de Janeiro:
Elsevier.
DIAS, Kadu (2016, 28 mar.) Sonho de Valsa [blog]. Mundo das Marcas. Disponível em
http://mundodasmarcas.blogspot.com/2006/05/sonho-de-valsa-o-sabor-do-amor.html.
Consultado em maio de 2016.
ELLIS-CHADWICK, Fiona & DOHERTY, Neil (2012, jun.). Web advertising: The role of
e-mail marketing. Journal of Business Research. V. 65, issue 6, p. 843-848.
https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2011.01.005.
ERTEL, Lurdente (2018, 23 jan.). Brasileiro tem um dos 10 canais de Youtube mais
seguidos do mundo. Forbes Brasil. Disponível em
http://forbes.uol.com.br/colunas/2018/01/brasileiro-esta-no-ranking-dos-10-canais-do-
youtube-mais-seguidos-do-mundo/.
FARINHA, Ricardo (2016, 29 nov.) Já se pode ouvir a Super Bock Super Rock FM. NiT.
Disponível em https://nit.pt/coolt/musica/ja-se-pode-ouvir-a-super-bock-super-rock-fm.
GEDENK, Karen, NESLIN, S. & AILAWADI, Kusum (2006). Sales Promotion. In:
KRAFFT, M. & MANTRALA, M. Retailing in the 21st Century: current and future trends
(pp. 345-359). Heidelberg: Springer.
GODIN, Seth (1999). Permission Marketing: turning strangers into friends and friends
into customers. New York: Simon & Schuster.
GONÇALVES, Gisela (2010). Introdução à Teoria das Relações Públicas. Porto: Porto
Editora.
GRUNIG, James & HUNT, Todd (1984). Managing Public Relations. Nova Torque, Holt,
Rinehart & Winston.
HOOTSUITE´S (2018). Social Media Trends 2018: Hootsuite’s annual report on the latest
global trends in social media [pdf]. Disponível file:///C:/Users/Alvaro/Desktop/gd-
SocialTrends-en-3-1.pdf.
JENKINS, Henry (2018, 24 jan.). Millenials, New Media and Social Change (Part Three)
[blog]. Confessions of na Aca-Fan. Disponível em:
http://henryjenkins.org/blog/2017/12/19/millenials-new-media-and-social-change-part-
three. Consultado em fevereiro de 2018.
KOTLER, Philip & AMSTRONG, Gary (2016). Principles of Marketing (17ª ed.). Boston:
Pearson Prentice Hall.
KOTLER, Philp & KELLER, Kevin (2006) Administração em Marketing (12ª ed.). São
Paulo: Pearson Prentice Hall.
KOTLER, Philp & KELLER, Kevin (2016). Marketing Management. Boston (15ª ed.).
Pearson Education Ltda. 15ª edition.
KRUM, Cindy (2010). Mobile Marketing: finding your consumer no matter where there
are. Indianopolis: Pearson Education Inc.
LEVINSON, Jay (1984). Guerrilha Marketing: secrets for making big profits from your
small business. Boston: Houghton Miffilin Company.
LINDSTROM, Martin (2007). Brand Sense: how to build powerful brands through touch,
taste, smell, sight & sound. London: Kogan Page Limited.
MACHADO, Monica, BURROWES, Patrícia & RETT, Lucimara (2017). Para Ler a
Publicidade Expandida: em favor da literacia mediática para a análise dos discursos das
marcas. Anais XXVI Encontro Anual da Compós, São Paulo, SP.
MENDONÇA, Heloísa (2017, 21 ago.). Com ou sem crise, a ‘marvada’ está lá. A caninha
51 vende 374.00 doses por hora no Brasil. El País Brasil. Disponível em
https://brasil.elpais.com/brasil/2017/08/01/politica/1501602483_038913.html.
MILLWARDBROWN & WWP (2013). BrandZ Top 100: most valuable brands 2013
[report.pdf]. Disponível em
https://www.millwardbrown.com/brandz/2013/top100/docs/2013_brandz_top100_report.p
df
MURAD, Fernando (2016, 16 mar.). Skol abraça a música em busca de conexões. Meio &
Mensagem. Disponível em
http://www.meioemensagem.com.br/home/marketing/2016/03/16/skol-abraca-a-musica-
em-busca-de-conexoes.html. Consultado em dezembro de 2017.
OLIVEIRA, Sara (2018, 27 jan.). Influenciador Digital Social: isso já é uma nova
profissão. Jornal de Notícias. Disponível em
https://www.jn.pt/pessoas/interior/influenciador-social-digital--isto-ja-e-uma--nova-
profissao-9079073.html.
PAVLOV, Oleg; MELVILLE, Nigel & PLICE, Robert. (2008) Toward a Sustainable
Email Marketing Infrastructure. Journal of Business Research, v. 61, nº 11, pp. 1191 -
1199. https://doi.org/10.1016/j.jbusres.2007.11.010.
RIES, Al & RIES, Laura (2002). The Fall of Advertising & the Rise of PR. New York:
HapperCollins.
ROBERTS, Kevin (2004). Lovemarks: o futuro além das marcas. São Paulo: M. Books do
Brasil Editora Ltda.
SCHMITT, Bernd (1999). Experimental Marketing: how to get customers to sense, feel,
think, act and relate to your company and brands. New York: The Free Press.
SCOTT, David (2010). The New Rules of Marketing & PR: how to use social media, blogs,
news releases, online vide, and a viral marketing to reach buyers directly. Danvers: Wiley.
SEGRETO, Paul (2010, ago.). Simplifying Social Media for Optimum Results [oficial
website]. Internacional Franchising Association. Disponível em
https://www.franchise.org/simplifying-social-media-for-optimum-results.
VAZ, Tatiana (2018, 4 fev.). Marketing segue o bloquinho no Carnaval. Folha de São
Paulo. Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2018/02/marketing-segue-
o-bloquinho-no-carnaval.shtml.