APOSTILA
APOSTILA
APOSTILA
DE IPATINGA
1
Thiago Henrique Sampaio
Doutorando em História (2020-) e Mestre (2015-2018) e graduado em História (2011-2014)
pela Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP/Assis). Mestre (2018-
2021) e graduando em Letras (2015-2018) pela mesma instituição. Especialista em
Formação Didático-Pedagógica para Cursos na Modalidade a Distância (2019-2021) do
convênio existente entre a Universidade Virtual de São Paulo (UNIVESP) com a UNESP.
Membro do Núcleo de História Econômica da Faculdade de Ciências e Letras
(UNESP/Assis), do Núcleo Interdisciplinar de Estudos Africanos e Afro-brasileiros
(UNESP/Assis), do grupo Religiões e Trajetórias das Experiências Missionárias em África:
Arquivos, Acervos e Pesquisas sediado na Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas
(UNIFESP), do Núcleo de História da África Contemporânea (UNIFESP) e do grupo
Economia e Política dos Impérios Ibéricos (sécs. XV-XX) da Cátedra Jaime Cortesão
(FFLCH/USP). Foi editor-chefe da Revista Faces da História - Revista Discente do Programa
de Pós-Graduação de História UNESP-Assis (ISSN: 2358-3878) no ano de 2017 e atualmente
faz parte do Conselho Editorial deste periódico. Faz parte da equipe gestora do GT
Estadual de História da África (ANPUH/SP), nos anos de 2016-2018 exerceu a função de
Segundo Secretário e no biênio 2018-2020 exerço a função de Primeiro Secretário, função
que manteve no biênio de 2020-2022. Possui experiência nas áreas de História da África,
História Contemporânea e Teoria Política. Trabalho com os temas de colonialismo,
imperialismo, neocolonialismo, imprensa em África, assimilação, discurso político e
colônia.
HISTÓRIA MODERNA
1ª edição
Ipatinga – MG
ANO
2
FACULDADE ÚNICA EDITORIAL
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem
Autorização escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
3
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Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão do conteúdo
aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar ícones ao lado dos textos.
Eles são para chamar a sua atenção para determinado trecho do conteúdo, cada um
com uma função específica, mostradas a seguir:
4
SUMÁRIO
01
1.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 7
1.2 O HUMANISMO ............................................................................................................ 8
1.3 RENASCIMENTO E SUAS FASES .................................................................................. 11
1.4 A ARTE RENASCENTISTA ............................................................................................. 13
1.5 O RENASCIMENTO NO RESTO DA EUROPA............................................................... 16
FIXANDO CONTEÚDO ................................................................................................ 17
02
2.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 22
2.2 O INÍCIO DA REFORMA PROTESTANTE: MARTINHO LUTERO .................................... 23
2.3 A REFORMA CALVINISTA ........................................................................................... 28
2.4 A REFORMA NA INGLATERRA: O ANGLICANISMO .................................................. 29
2.5 A REFORMA CATÓLICA: A CONTRARREFORMA....................................................... 31
2.6 AS GUERRAS RELIGIOSAS NA EUROPA ..................................................................... 33
FIXANDO CONTEÚDO ................................................................................................ 36
03
3.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 39
3.2 TEÓRICOS DO ABSOLUTISMO .................................................................................... 40
3.3 O ABSOLUTISMO NA FRANÇA ................................................................................... 43
3.4 O ABSOLUTISMO NA INGLATERRA ............................................................................ 46
3.5 O MERCANTILISMO .................................................................................................... 48
FIXANDO CONTEÚDO ............................................................................................... 51
04
4.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 55
4.2 INSTRUMENTOS E CONDIÇÕES DA EXPANSÃO MARÍTIMA ..................................... 56
4.3 O INÍCIO DAS GRANDES NAVEGAÇÕES: SÉCULO XIV AO XVI .............................. 58
4.4 INGLATERRA, FRANÇA E HOLANDA NAS GRANDES NAVEGAÇÕES ...................... 64
FIXANDO CONTEÚDO ............................................................................................... 66
05
5.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 71
5.2 OS FILÓSOFOS DO ILUMINISMO ................................................................................ 72
5.3 O ILUMINISMO E A ECONOMIA ................................................................................ 78
5.4 DESPOTISMO ESCLARECIDO ...................................................................................... 79
5.5 AS CONSEQUÊNCIAS DO ILUMINISMO..................................................................... 81
FIXANDO CONTEÚDO ................................................................................................ 84
06
6.1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 89
6.2 O PIONEIRISMO INGLÊS ............................................................................................. 90
6.3 AS MUDANÇAS SOCIAIS ........................................................................................... 92
6.4 O IMPACTO DA INDUSTRIALIZAÇÃO NAS CIDADES ................................................ 95
6.5 A LUTA DOS TRABALHADORES ................................................................................... 97
FIXANDO CONTEÚDO .............................................................................................. 100
5
CONFIRA NO LIVRO
6
HUMANISMO E RENASCIMENTO UNIDADE
1.1 INTRODUÇÃO
01
O Renascimento foi um momento histórico que aconteceu no final da Idade
Média e começo da Idade Moderna na Europa. Ele foi um movimento cultural,
artístico e científico que queria romper com os valores estabelecidos pela
sociedade medieval.
A Europa, nos séculos XI ao XIII, devido o aumento da produção agrícola e a
expansão comercial e urbana passou por um grande processo de
desenvolvimento. No início do século XIV, esses avanços econômicos passaram
por um desaceleramento que entre alguns motivos podemos listar a peste negra e
a guerra entre França e Inglaterra conhecida como Guerra dos Cem Anos. De
acordo com Sevcenko (1996, p. 07-08) a:
7
Diferente do restante do continente europeu, as partes norte e central da
Itália estavam com um processo desenvolvimento econômico por serem áreas
extremamente urbanizadas do continente. Essas cidades eram extremamente
mercantis e geravam um grande fluxo de riquezas.
O enriquecimento dessas localidades como Veneza, Gênova e Florença
permitiu que vários comerciantes e banqueiros prosperassem e a atividade
manufatureira aumentasse nessas localidades.
Importantes famílias dessas localidades tornaram-se financiadores de obras
de artes. Era uma maneira de mostrar seu poder e riqueza, essa prática ficou
conhecida como mecenato. Os artistas financiados por esses indivíduos
começavam a expressar em suas obras novos valores diferentes do final da Idade
Média.
Os valores teológicos, que marcaram o período medieval, começaram a ser
substituídos por valores individualistas e colocaram o homem como centro de todas
as medidas. A região da Itália tornou-se o principal centro dessa renovação que a
Europa passaria entre os séculos XIV ao XVI.
1.2 O HUMANISMO
8
importantes pensadores da antiguidade como Platão, Pitágoras, Plotino e
Aristóteles. Assim, diversos valores da Antiguidade Clássica foram retomados. De
acordo com Perry (1991, p. 271):
9
interpretações cristã que afirmava que o sol girava em torno do planeta Terra
(teoria geocêntrica). Outros cientistas como Johannes Kepler e Galileu Galileu
defenderam posteriormente a teoria de Copérnico.
10
1.3 RENASCIMENTO E SUAS FASES
11
Trecento (século XIV) – marcado pela transição entre os valores da época
medieval para o renascimento Renascentistas. O Renascimento nesse
momento teve início nas regiões italianas e tendo como principais centro
Veneza, Florença e Gênova. Na literatura temos como importante escritor
Dante Alighieri, que escreveu A divina comédia, e, na pintura, Giotto di
Bondone.
Quattrocento (século XV) – época de prosperidade em diversas partes do
continente europeu e os valores renascentistas espalham-se pelo continente
chegando a outros países como Espanha, Portugal, França e Inglaterra.
Florença, administrada pela família Médici, tornou-se a principal região
renascentista da Europa. Para Johan Huizinga, o Quattrocento “dá-nos a
impressão de uma cultura renovada que tivesse quebrado as algemas do
pensamento medieval”. (HUIZINGA, 1985, p. 327). Os Médici patrocinaram
importantes artistas nesse momento como Sandro Botticelli e Donatello.
Cinquecento (século XVI) – conhecido como Idade de Ouro do
Renascimento é marcado pelo maior esplendor das obras renascentistas e
tem como principais artistas de destaque Leonardo da Vinci (1452-1519),
Michelangelo (1475-1564) e Rafael Sanzio (1483-1520). Nesse momento, a
região da Itália passou por uma forte crise econômica devido à luta política
de suas cidades-Estados. Roma substituiu Florença como principal centro do
Renascimento e a influência dos principais artistas desse momento marcaram
profundamente a produção artística do mundo ocidental nos séculos
posteriores.
12
Figura 2: Leonardo da Vinci
Figura 3: Michelangelo
A arte durante a Idade Medieval tinha como uma de suas principais marcas
a religiosidade. Os artistas queriam demonstrar em suas obras valores da moral cristã
e por isso suas imagens tinham um caráter didático em suas representações.
Elas tinham aspectos bidimensionais e são estáticas, as personagens são
representadas em posições frontais e sem expressões definidas. Não havia
preocupação com a perspectiva ou com detalhes e nem rebuscamentos.
Com o Renascimento, as obras passaram por importantes transformações. A
estética da reprodução das figuras começou a ser uma das preocupações dos
13
intelectuais. Desta forma, pintores, arquitetos e escultores renascentistas buscaram
conhecer novas técnicas que eram provenientes de cálculos matemáticos e
buscavam conhecer melhor a anatomia humana. Para Sevcenko (1994, p. 27), “a
arte renascentista é uma arte de pesquisa, de invenções, inovações e
aperfeiçoamentos técnicos. Ela acompanha paralelamente as conquistas da física,
da matemática, da geometria, da anatomia, da engenharia e da filosofia”.
Uma das principais marcas das pinturas renascentistas foi a técnica da
perspectiva. Ela era baseada em cálculos e possibilitava que os objetos fossem
retratados como se tivessem profundidade. Os pintores buscavam criar um ponto
de fuga para criar esse efeito. Como podemos observar na imagem abaixo:
14
Figura 5: Davi de Michelangelo
15
1.5 O RENASCIMENTO NO RESTO DA EUROPA
16
FIXANDO CONTEÚDO
a) O retorno aos valores do mundo clássico, na literatura, nas artes, nas ciências e
na filosofia.
b) A valorização da experimentação como um dos caminhos para a investigação
dos fenômenos da natureza.
c) A possibilidade de uma estreita relação entre os diferentes campos do
conhecimento.
d) O fato de ter ocorrido com exclusividade nas cidades italianas.
e) O uso da linguagem matemática e da experimentação nos estudos dos
fenômenos da natureza.
2. (UDESC 2008) A história da cultura renascentista nos ilustra com clareza todo o
processo de construção cultural do homem moderno e da sociedade
contemporânea. Nele se manifestam, já muito dinâmicos e predominantes, os
germes do individualismo, do racionalismo e da ambição ilimitada, típicos de
comportamentos mais imperativos e representativos do nosso tempo.
(SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento. São Paulo: Atual, 1987.)
17
( ) Ao formular princípios como o humanismo, o racionalismo e o individualismo, o
movimento renascentista estabeleceu as bases intelectuais do mundo moderno.
( ) A cultura renascentista consagrou a vitória da razão abstrata, instância
suprema de toda a cultura moderna, pautada no rigor das matemáticas que
passaram a reger os sistemas de controle do tempo, do espaço, do trabalho e
do domínio da natureza.
( ) Em meio a esse processo, transformações socioeconômicas culminaram na
substituição de pequenas oficinas de artesãos por fábricas, assim como as
ferramentas simples foram trocadas pelas novas máquinas que então haviam
surgido.
18
seu domínio sobre a natureza e sobre o espaço geográfico, através da pesquisa
científica e da invenção tecnológica, os cientistas também iriam se atirar nessa
aventura, tentando conquistar a forma, o movimento, o espaço, a luz, a cor e
mesmo a expressão e o sentimento. (SEVCENKO, N. O Renascimento. Campinas:
Unicamp, 1984.)
6. (URCA 2017/1) Pouco depois de 1300 havia começado a decair a maioria das
instituições e dos ideais característicos da época feudal. A cavalaria, o próprio
feudalismo, o Santo Império Romano, a autoridade universal do papado e o
sistema corporativo iam aos poucos enfraquecendo. O nome tradicionalmente
aplicado a essa civilização, que se estende de 1300 a cerca de 1600, é o de
Renascença. Sobre este período, podemos apontar corretamente como fatores
formadores:
a) O isolamento completo da Europa que evitou as influências das civilizações
sarracena e bizantina.
b) A decadência do comércio interno e externo da Europa.
c) A redução do tamanho das cidades e de suas áreas de influências.
d) A renovação do interesse pelos estudos clássicos nas escolas dos mosteiros e das
19
catedrais.
e) O desenvolvimento de uma atitude crítica, inspirada na filosofia acomodada da
escolástica.
20
d) Pela inexistência de estudos da anatomia humana, já que essa era uma
proibição expressa da Igreja Católica;
e) Pela invenção da imprensa, ainda no século XV, o que gerou uma sociedade
alfabetizada, em sua maioria.
21
REFORMA PROTESTANTE E UNIDADE
CONTRARREFORMA
2.1 INTRODUÇÃO 02
A principal instituição durante o período medieval foi a Igreja Católica que
conseguiu manter sua unidade. Entre os princípios dessa unidade estavam a
infalibilidade papal e o papel que o clero teria entre intermediários do plano terreno
e Deus. Os dogmas religiosos eram impostos para a sociedade e as opiniões
contrárias aos ensinamentos religiosos da instituição eram conhecidas como
heresias. De acordo com a Igreja, as heresias eram ideias ofensivas à religião
cristã e se opunham às vontades de Deus.
Com o fim da Idade Média, a Igreja Católica Romana começou a ser
condenada pelo seu comportamento devido aos desvios de conduta do clero.
O clero desfrutava de muitos privilégios e uma vida extremamente confortável
comparada ao restante da população. Além da intromissão na vida política da
sociedade como, por exemplo, papas que tomavam lado em conflitos entre países
europeus.
Nesse momento final da Idade Média, a Igreja passou por uma profunda
crise espiritual que se intensificou ao longo do século XVI. Os críticos da instituição
afirmavam que ela se transformou em um balcão de negócios devido às vendas
de cargos, relíquias de santos e das chamadas indulgências. Além disso,
moralmente, o clero não praticava muito dos ensinamentos religiosos como, por
exemplo, o celibato, muitos tinham famílias e os filhos tinham privilégios sociais.
Segundo Skinner (1996, p. 339)
22
Igreja posicionou-se favoravelmente a Espanha e “partilhou” o mundo entre os
países ibéricos, fato que deixou os outros reinos europeus irritados com os
posicionamentos políticos da instituição.
As críticas à Igreja se acentuaram com o desenvolvimento da prensa no
século XV devido às interpretações das Escrituras Sagradas (a Bíblia). O texto
bíblico era escrito em latim e os exemplares eram confeccionados nos mosteiros,
feitos pelos monges copistas. As interpretações do livro sagrado eram exclusivas dos
membros do clero. Com a prensa, o acesso a Bíblia tornou-se mais fácil a
população e começou a ser produzida em línguas vulgares, como francês, italiano,
castelhano, alemão e russo. O exemplar impresso dispensava a presença do clero e
permitia uma reflexão pessoal do cristão sobre o que estava escrito, assim os fiéis
poderiam ter um contato direto com a Bíblia sem precisar de intermediários sobre os
ensinamentos divinos.
Nesse caldeirão de motivações somou-se a insatisfação da burguesia que
estava surgindo e os nobres contrários ao poder do clero diante da sociedade. Os
burgueses não conseguiam expandir seus negócios e acumular riquezas devido a
condenação da prática da usura e a nobreza esbarrava na Igreja sobre as
limitações dos poderes temporais e arrecadação de tributações exercida pelo
clero.
23
Figura 6: Martinho Lutero
24
21. Erram, portanto, os pregadores de indulgências que afirmam que
a pessoa é absolvida de toda pena e salva pelas indulgência do
papa.
22. Com efeito, ele não dispensa as almas no purgatório de uma
única pena que, segundo os cânones, elas deveriam ter pago nesta
vida.
23. Se é que se pode dar algum perdão de todas as penas a
alguém, ele, certamente, só é dado aos mais perfeitos, isto é,
pouquíssimos.
24. Por isso, a maior parte do povo está sendo necessariamente
ludibriada por essa magnífica e indistinta promessa de absolvição da
pena.
[...]
27. Pregam doutrina humana os que dizem que, tão logo tilintar a
moeda lançada na caixa, a alma sairá voando.
28 Certo é que, ao tilintar a moeda na caixa, podem aumentar o
lucro e a cobiça; a intercessão da Igreja, porém, depende apenas
da vontade de Deus. [...]
33. Deve-se ter muita cautela com aqueles que dizem as
indulgências do papa aquela inestimável dádiva de Deus através da
qual a pessoa é reconciliada com Deus.
[...]
36. Qualquer cristão verdadeiramente arrependido tem direito a
remissão de pena e culpa, mesmo sem carta de indulgência.
[...]
43. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou
emprestando ao necessitado, procedem melhor do que se
comprassem indulgências.
44. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pessoa
se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna
melhor, mais apenas livre da pena.
[...]
75. A opinião de que as indulgência papais são tão eficazes a ponto
de poderem absolver um homem [...] é loucura.
86. Por que o papa, cuja fortuna hoje é maior do que a dos ricos
Crasso, não constrói com seu próprio dinheiro ao menos a Basílica de
São Pedro, em vez de fazê-lo com o dinheiro dos pobres fiéis?
[...] (LUTERO, 2005, p. 119-120.)
25
que todo o cristão teria para levar os ensinamentos das Sagradas Escrituras).
O papa, em 1520, declarou que 41 teses de Lutero eram consideradas
heresias e pediu que o monge se retratasse. Entretanto, ao receber o documento
papal, o queimou em vias públicas e como consequência disso foi excomungado
pela Igreja.
Devido a grande repercussão que causou sua atitude e a impossibilidade de
se fazer um Concílio para o debate de suas ideias, Lutero começou a escrever
obras que seriam a base de uma nova religião, que ficou conhecida como Igreja
Luterana.
Entre os princípios dessa nova religião estavam que os poderes terrenos eram
separados do poder religioso, que as instituições eclesiásticas eram passíveis de
erros por serem feita por humanos, que o batismo não retirava o pecado original
das crianças, defendia que as missas fossem feitas em línguas vulgares para a
compreensão das pessoas e que o sacramento da eucaristia não se transformava
no corpo de Cristo.
Lutero foi fortemente perseguido pelos católicos e passou o resto da sua vida
protegido pelos nobres da região de Wittenberg, Alemanha. Lutero só saiu da
região em 1546 quando veio a falecer em sua cidade natal, Eisleben.
A difusão do luteranismo ganhou espaço em muitos religiosos, burgueses e
nobres que começaram a seguir suas doutrinas e a se denominar cristãos luteranos.
Devido a forma de protesto aos ideais adotados pelo Lutero, esses cristãos ficaram
conhecidos como protestantes. Entre os principais pontos de defesa dos
protestantes estava a tradução da Bíblia para outras línguas para possibilitar o
acesso a todas as pessoas. De acordo com Hill (1987, p. 104):
26
direta com Deus e o culto aos santos e a Maria foram desvalorizados. As missas
luteranas eram mais participativas e o celibato não era obrigatório. Os únicos
sacramentos considerados válidos pelos pastores luteranos eram a eucaristia e o
batismo.
A expansão do luteranismo atingiu outros países como a Dinamarca,
Noruega, Suécia, Suíça e atingiu países com forte tradição católica como a
Espanha, Portugal e França.
27
2.3 A REFORMA CALVINISTA
João Calvino foi membro de uma família burguesa suíça e era francês.
Estudou Direito e tornou-se conhecedor das línguas e culturas clássicas. Foi
fortemente influenciado pelas obras de Lutero e tornou-se crítico das ações
cometidas pela Igreja Católica.
28
outras condenadas. De acordo com Calvino (2006, p. 86-89):
A Reforma na Inglaterra foi liderada pelo rei Henrique VIII que, em 1527,
solicitou a anulação do seu casamento ao papa para casar-se novamente com
uma aristocrata chamada Ana Bolena. Roma recusou a anulação do casamento
29
devido a primeira esposa de Henrique VIII ser parente da família real católica
espanhola. Devido a recusa do papado de anular seu casamento, foi estabelecida
uma igreja independente de Roma na Inglaterra: a Igreja Anglicana.
A Igreja Anglicana foi aprovada em 1534 pelo Ato de Supremacia e era uma
Igreja vinculada ao poder do monarca inglês, no qual era seu chefe supremo e
retirou os poderes papais do clero existente em territórios ingleses. O anglicanismo
foi constituído por uma série de combinações entre elementos do catolicismo e do
luteranismo que variou ao longo dos séculos. O celibato era voluntário do clero,
foram mantidos a eucaristia e o batismo como sacramentos, condenou-se a venda
das indulgências, as missas deveriam ser celebradas em inglês e crítica a venda de
relíquias de santos.
30
2.5 A REFORMA CATÓLICA: A CONTRARREFORMA
31
que deveriam ser retirados de circulação e proibida sua leitura entre os católicos,
conhecida como index.
Os reinos católicos auxiliavam o Tribunal do Santo Ofício na execução das
penas dos condenados que poderiam ser degredados, prisões ou até mesmo
execuções públicas.
A disciplina eclesiástica sofreu alteração com o Concílio de Trento e com isso
a venda de cargos eclesiásticos tornou-se proibida. Além disso, o papa teve seus
poderes fortalecidos e com isso mantinha-se o sistema de hierarquia presente na
Igreja.
Em 1534, foi fundada a Companhia de Jesus, por Inácio de Loyola, que foi
um importante instrumento da Contrarreforma. Seus integrantes ficaram conhecidos
como jesuítas e sua organização interna assemelhava-se a órgãos militares. Eles
tiveram um importante papel na catequização de povos da Ásia, África e América
e na ação educativa dessas populações. De acordo com Vainfas (2013, p. 99):
32
Se a atenção do homem medieval se focalizava no céu, e a do
homem da Renascença neste mundo, a atenção dos homens do
século XVII estava voltada para dentro, residindo na natureza e nas
emoções do próprio ser humano. A expressão cultural desse período
introspectivo, centralizado no homem, é geralmente chamada
Barroco.
Acesso
em: dia mês ano. Além disso, indicamos que assistam o filme Lutero que retrata a vida do
monge durante a Reforma Protestante disponível no seguinte link https://bit.ly/3DiXZpA.
Acesso em: dia mês ano.
33
Na Inglaterra, com a morte de Henrique VIII ocorreram diversas mudanças
religiosas bruscas. Eduardo VI, que o sucedeu, estimulou os cultos anglicanos. Maria I
restabeleceu o catolicismo como religião oficial na Inglaterra, causando sérios
conflitos religiosos no país. Posteriormente, Elizabeth I declarou o anglicanismo como
religião oficial da monarquia.
Elizabeth I fortaleceu o anglicanismo como religião oficial, entretanto outros
grupos religiosos presentes no território inglês fizeram várias críticas à política da
rainha. Esse grupo era de calvinistas que ficaram conhecidos como puritanos
porque acreditavam que tinham a missão de purificar a religião anglicana das
tradições que mantinha do catolicismo. Outro grupo religioso que se opunha à fé
anglicana foram os presbiterianos que reivindicavam uma remodelação da
estrutura da Igreja anglicana com maior liberdade nas paróquias.
Tanto puritanos quanto presbiterianos foram perseguidos pelo poder
monárquico. Além deles, católicos mantinham uma oposição do controle da
monarquia na Igreja, eles ficaram conhecidos como recusantes e com a ajuda de
militares espanhóis conseguiram se rebelar na Irlanda entre os anos de 1579 a 1581.
Após esse conflito, ocorreu uma intensificação da perseguição de católicos
nos territórios ingleses e o culto católico passou a ser considerado uma afronta à
monarquia inglesa e crime de alta traição. Como demonstração de poder da
monarquia inglesa, em 1587, a rainha escocesa Maria Stuart, que tinha apoio da
Espanha, foi condenada e executada com outros católicos. Mesmo após esse
episódio, o conflito entre católicos e a casa monárquica não cessaram na
Inglaterra e se intensificaram ao longo das décadas seguintes.
Diferente do que acontecia no restante do continente europeu, nos países
ibéricos (Espanha e Portugal) a presença protestante quase não foi sentida.
Entretanto, a perseguição a judeus e a muçulmanos se intensificou nessa localidade
durante o século XVI. A fé católica foi imposta a esses grupos que existiram nesses
países e diversas punições e execuções foram feitas para condenar religiões que
não fossem cristãs.
34
Fonte: Wikipedia. Disponível em: https://bit.ly/3DdN2FS.
Acessado em 23 de maio às 14h58.
35
FIXANDO CONTEÚDO
1. (PUC - MG) Diante do avanço do protestantismo, o papa Paulo III convoca o XVIII
Concílio Ecumênico da Igreja Católica, reunido em Trento, na Itália, a partir de
1545, apresentando como resultados, exceto:
a) o reconhecimento do batismo e do casamento como únicos sacramentos
válidos.
b) a instituição dos seminários destinados à formação dos clérigos.
c) o fortalecimento da autoridade pontifical através da infalibilidade do Papa.
d) a adoção do latim como língua litúrgica oficial da Igreja Católica.
e) a determinação do celibato clerical e o combate aos movimentos heréticos.
36
despeito das características que conferem especificidade a cada uma delas,
observam-se elementos que as aproximam entre si. Um desses elementos é a:
a) celebração dos cultos nas línguas faladas pelos fiéis.
b) ausência de hierarquia eclesiástica.
c) tolerância em relação às demais religiões cristãs.
d) afirmação da primazia da igreja sobre o Estado.
e) crítica às estruturas sociais vigentes.
37
de Trento (1545), tentou barrar o avanço protestante, alterando os dogmas da fé
católica.
38
ABSOLUTISMO E MERCANTILISMO UNIDADE
3.1 INTRODUÇÃO
03
Desde a Idade Média, os reis começaram a buscar conquistar mais poder
em relação as nobrezas locais. Na época da Baixa Idade Média, os reis
aumentaram o número de seus funcionários e começaram a contar com um
exército profissional.
Os reis começaram a ser assessorados por conselheiros que ajudavam a
estabelecer políticas econômicas e sociais para todo o reino.
Esse aumento de poder real buscou intensificar a tributação e buscaram ter
maior controle também sobre a Igreja. As finanças pessoais reais e do Estado
começaram a se confundir. Essa forma de governo se intensificou entre os séculos
XV ao XVIII e era a forma dominante dos reinos europeus, ela ficou conhecida
como Absolutismo.
A base de apoio do poder real absolutista durante a Idade Moderna era
derivado das longas transformações decorrentes do feudalismo. Nobreza e
burguesia começaram a apoiar a centralização política e o aumento do poder
real, cada grupo com seus próprios interesses. A burguesia dependia das medidas
reais para aumentar seus lucros e negócios, já a nobreza pedia ajuda do real para
conter as revoltas camponesas que estavam se intensificando no período de
transição entre a Idade Média e a Moderna.
O rei para aumentar as riquezas do Estado procurou adotar diversas medidas
econômicas que ficaram conhecidas como mercantilismo. Além disso, as práticas
de colonização para o continente americano foram intensificadas nesse período. A
exploração da América foi vista como uma forma dos reinos aumentarem suas
economias.
39
Figura 11: O terceiro estado sustentando a nobreza e o clero
40
indivíduos que o compunham. Para Maquiavel, apenas um rei dotado de inúmeros
poderes conseguiria resolver os problemas políticos e econômicos da sociedade
(MAQUIAVEL, 2006).
Maquiavel defendia ainda que não política não importava do indivíduo ser
ético ou não. Para ele, questionar a ética na esfera política era algo dos valores
cristãos que buscavam suprimir o poder de decisão do soberano (MAQUIAVEL,
2006).
Thomas Hobbes, na Inglaterra, escreveu o livro Leviatã que acreditava que a
tendência natural da sociedade era viver em conflito de todos contra todos,
apenas por um “contrato” social entre a realeza e a população poderia haver um
Estado forte que equilibraria os problemas sociais. De acordo com o autor:
41
acordo com Bossuet (1994, p. 67), “como não há poder público sem a vontade de
Deus, todo governo, seja qual for sua origem, justo ou injusto, pacífico ou violento, é
legítimo, todo depositário de autoridade, seja qual for, é sagrado; revoltar-se contra
ele é cometer sacrilégio”. Bossuet (1994, p. 62) ainda completa que
Três razões fazem ver que este governo é o melhor. A primeira é que
é o mais natural e se perpetua por si próprio... A segunda razão... é
que esse governo é o que interessa mais na conservação do Estado
e dos poderes que o constituem: o príncipe, que trabalha para o
Estado, trabalha para os seus filhos, e o amor que tem pelo seu reino,
confundindo com o que tem pela sua família, torna-se-lhe natural... A
terceira razão tira-se da dignidade das casas reais... A inveja, que se
tem naturalmente daqueles que estão acima de nós, torna-se aqui
em amor e respeito; os próprios grandes obedecem em repugnância
a uma família que sempre viram como superior e à qual se não
conhece outra que se possa igualar... O trono real não é o trono de
um homem, mas o trono do próprio Deus... Os reis... são deus e
participam de alguma maneira da independência divina. O rei vê de
mais longe e de mais alto; deve acreditar-se que ele vê melhor, e
deve obedecer-se-lhe em murmurar, pois o murmúrio é uma
disposição para a sedição.
42
real carregava, o rei tinha a missão de ‘civilizar’ seu reino.
43
Como ministro da economia francês foi escolhido Jean-Baptiste Colbert que
ficaria responsável pelo aumento da produção francesa na manufatura. Foi criado
um exército real permanente e com rígida disciplina. Ele reforçou a ideologia de
Bossuet sobre a figura sagrada dos reis e revogou o Édito de Nantes, onde voltou a
prática de perseguição aos protestantes. Com a volta dos conflitos entre católicos e
protestantes, diversos nobres e burgueses huguenotes deixaram o país e isso abalou
a economia francesa. Além disso, no plano de política externa, a França se
envolveu em diversos conflitos com a Inglaterra que abalaram mais sua economia
que estava entrando em ruínas.
De acordo com Elias (2001, p. 88-89):
Luís XIV ficou conhecido como Rei Sol e lhe é atribuída a frase “o Estado sou
Eu”, que expressaria o controle de todas as diretrizes de forma absoluta por uma
única pessoa. O culto à imagem ganhou muita força durante o seu reinado. De
acordo com Ribeiro (1994, p. 06-08):
44
grandeza do rei. Pode ser alardeando a proteção, num modelo
paternalista, que tutela o povo. [...] Nossa sociedade talvez ainda
esteja na mesma galáxia cultural inaugurada por Luís 14. [...] Não
deixa de ser interessante, acostumados que estamos a considerar o
Antigo Regime como um tempo remoto, objeto só de nossa
curiosidade, perceber que em algum ponto a fábula fala de nós. E
que nossa sociedade continua marcada pela retórica e a
teatralidade que Luís 14, 300 anos atrás, inventou.
Uma outra forma de ostentação de poder exercida por Luís XIV foi a
construção do palácio de Versalhes, onde foram dadas grandes festas para a
nobreza e o clero. Além da criação de academias e patrocínio de diversos artistas
e intelectuais em várias áreas artísticas como, por exemplo, pintura, ciências,
literatura e arquitetura. Vale assinalar, que muitas obras produzidas nesse momento
acabaram exercendo uma forma de crítica a coroa francesa pela sua vida de
soberba e luxuosidade devido aos gastos para a manutenção das festas e do
próprio palácio de Versalhes.
Após a morte de Luís XIV, quem o sucedeu foi seu neto Luís XV (1715-1774)
que em sua administração intensificou os gastos com conflitos internacionais como,
por exemplo, a Guerra dos Seis Anos (1756). Esse conflito trouxe uma humilhação
45
para a França que ao perder parte de suas colônias na América. Em 1754, subiu ao
poder Luís XVI (1754-1793) onde a crise social se intensificou no país e levou à
eclosão da Revolução Francesa (1789) que acabou com a sociedade do Antigo
Regime.
46
A indústria naval inglesa foi desenvolvida nesse momento após a aprovação do Ato
de Navegação. Isso levou a Inglaterra a aumentar sua frota naval que começou a
rivalizar com a da Holanda, desencadeando um conflito entre os dois países na
qual os ingleses saíram vitoriosos.
Em 1658, Cromwell veio a falecer e o país entrou em uma crise política até
1660. O novo Parlamento restaurou a monarquia e coroaram o filho de Carlos I
como novo rei inglês, cujo nome foi Carlos II (1640-1685).
Carlos II buscou aumentar o poder absoluto do rei inspirado no modelo
francês. O parlamento dividiu-se em um grupo de maioria burguesa que defendia o
parlamento e eram contrários ao rei (Whigs) e outro formado por anglicanos que
defendiam os poderes absolutos do rei (Tories).
O rei veio a falecer em 1685 e não deixou herdeiros ao trono, quem assumiu
foi seu irmão Jaime II. Ele era católico e defensor do absolutismo, causando uma
revolta nas duas alas existentes no Parlamento inglês. Em 1688, teve início a
Revolução Gloriosa no qual os dois partidos se uniram contra o rei e se aliaram a
Guilherme de Orange, que era marido da filha de Jaime, governante da Holanda e
protestante.
Com apoio dos parlamentares, Guilherme de Orange, invadiu a Inglaterra
em 1688 e fez com que o rei Jaime II fugisse para a França. Guilherme assumiu o
trono inglês com o título de Guilherme III e jurou a Declaração de Direitos (Bill of
rights), que obrigava o rei a respeitar as leis, liberdades individuais, o parlamento e
reduzia a autoridade real. Na Declaração de Direitos foram assinalados que:
47
8. Que devem ser livres as eleições dos membros do Parlamento.
9. Que a liberdade de expressão, e debates ou procedimentos no
Parlamento, não devem ser impedidos ou questionados por qualquer
tribunal ou local fora do Parlamento.
10. Que não deve ser exigida fiança excessiva, nem impostas multas
excessivas; tampouco infligidas punições cruéis e incomuns.
11. que os jurados devem ser devidamente convocados e
nomeados, e devem ser donos de propriedade livre e alodial os
jurados que decidem sobre as pessoas em julgamentos de alta
traição.
12. Que são ilegais e nulas todas as concessões e promessas de
multas e confiscos de pessoas particulares antes da condenação.
13. E que os parlamentos devem reunir-se com frequência para
recuperar todos os agravos, e para corrigir, reforçar e preservar as leis
(ISHAY, 2006 p. 171-173).
3.5 O MERCANTILISMO
48
do que importava, desta forma sua balança comercial mantinha-se
favorável;
Protecionismo – os Estados adotavam medidas para a proteção dos seus
mercados coloniais e internos. Produtos manufaturados eram incentivados
sua produção para concorrer com produtos estrangeiros;
Intervenção estatal – o Estado atuava em vários setores da economia e
estimulava a fabricação de produtos manufaturados, a quantidade de
produtos que circulavam e comercializavam, além dos preços e taxação dos
produtores.
49
um forte protecionismo. Seu protecionismo estava na alta tributação de produtos
estrangeiros e chegou a proibir certos produtos de circularem em territórios ingleses.
O mercantilismo também foi empregado fortemente na colonização da
América. Com a expansão marítima, os Estados Absolutistas buscaram aumentar
suas atividades mercantis para os espaços da América, estabelecendo colônias na
localidade.
As colônias tinham obrigação de fornecer matéria-prima para a produção
de mercadorias manufaturadas e a exploração de metais preciosos. Além disso,
elas eram um importante mercado para o consumo dos produtos manufaturados
fabricados em países europeus.
Essa política de exploração da Europa para as colônias na América fazia
parte do pacto colonial e faziam parte das políticas colonialistas europeias. A
colonização da América acelerou o processo de aumento comercial dos países
europeus, muitas riquezas foram retiradas nesse processo do território americano e
mandado para os países colonizadores para se concentrar nas mãos de ricos
comerciantes mercantis, fortalecendo e enriquecendo a classe burgueses que
estava em acelerada ascensão econômica na Europa.
50
FIXANDO CONTEÚDO
51
ao recrutamento de mercenários estrangeiros, em grande escala, devia-se à
necessidade de:
a) conseguir mais soldados provenientes da burguesia, a classe que apoiava o rei.
b) completar as fileiras dos exércitos com soldados profissionais mais eficientes.
c) desarmar a nobreza e impedir que esta liderasse as demais classes contra o rei.
d) manter desarmados camponeses e trabalhadores urbanos e evitar revoltas.
e) desarmar a burguesia e controlar a luta de classes entre esta e a nobreza.
52
burguesia mercantil de Gênova e Veneza.
53
a) supressão dos monopólios comerciais, possibilitando o desenvolvimento das
manufaturas nacionais.
b) quebra das barreiras regionalistas do feudo e da comuna, agilizando e
integrando a economia nacional.
c) abolição das formas de exploração das terras típicas do feudalismo, tornando a
sociedade mais dinâmica.
d) ascensão política do grupo burguês, que passa a gerir o Estado segundo seus
interesses particulares.
e) ausência efetiva de instrumento de controle, quer no plano moral ou temporal,
sobre o poder do rei.
54
AS GRANDES NAVEGAÇÕES UNIDADE
4.1 INTRODUÇÃO
04
Desde a Baixa Idade Média, a Europa passava por uma profunda crise
econômica e que sofreu pioras com as revoltas camponesas, com a peste negra e
a Guerra dos Cem Anos que afetaram drasticamente as atividades comerciais e
demográficas da população no continente.
Na segunda metade do século XV, os comerciantes europeus tiveram novas
limitações em suas atividades comerciais com o Oriente. Com a queda de
Constantinopla, em 1453, com os otomanos foi bloqueado o comércio oriental no
Mar Mediterrâneo. Outro fator que influenciou a queda do crescimento econômico
nesse momento foi a queda de metais preciosos devido às minas existentes no
continente não aguentarem a demanda existente.
Nesse contexto problemático no continente europeu, houve a necessidade
de busca de novas rotas comerciais para o Oriente devido às chamadas
especiarias como a noz-moscada, açafrão, canela e de metais preciosos que eram
extremamente valorizados na Europa.
A criação de novas rotas comerciais não era apenas um interesse comercial
da burguesia mercantil. Mas se tornou um interesse da Igreja, da nobreza e das
monarquias. A garantia de mercados consumidores, fornecimento de matérias-
primas, difusão do cristianismo eram as bases de sustentação da expansão marítima
no século XV.
A Igreja Católica, que vinha passando por uma crise interna desde a Baixa
Idade Média, acreditava em novas formas de ampliação do cristianismo e sua
influência para outros povos através da catequização. Já os nobres, enfraquecidos
devido aos conflitos com os camponeses, buscavam aumentar suas terras e
enriquecer socialmente.
Com o Absolutismo, os monarcas conseguiram construir condições para
poderem organizar viagens de exploração para a realização das Grandes
Navegações. A centralização política e a arrecadação de novos impostos
ajudaram no fomento dessas enormes expedições. Além disso, o apoio dos reis aos
navegantes evidencia-se pela expansão e possibilidade de novos caminhos e terras
55
que poderiam ser agregados aos seus Estados.
Seja pela madeira de que dependia para sua construção, seja pelos
caminhos do mar em que navegava – orientado pelo mapa do céu-
sujeito aos ventos, correntes e marés, o navio também tirava da
natureza suas formas estruturais. E foi quem sabe na esperança de
vê-los flutuar, como as gaivotas, embalados sobre as ondas de mares
revoltos, que os construtores navais acabaram assemelhando a proa
dos navios aos peitos das aves oceânicas.
56
O navio – como os pássaros – devia valer-se dos ventos para
enfrentar – como os peixes – a resistência das águas, precisando
assumir essa dupla natureza para poder viajar espremido entre o céu
e o mar, seu motor e suporte. [...] E é assim, exatamente por essa sua
natureza tão particular, que o navio deixa os estaleiros para se pôr
nos caminhos que abriu para a história (MICELI, 2008, p. 82-83).
57
4.3 O INÍCIO DAS GRANDES NAVEGAÇÕES: SÉCULO XIV AO XVI
58
Figura 13: Viagens marítimas portuguesas e espanholas nos séculos XV e XVI
Pedro Álvares Cabral, em 1500, seguiu em direção às Índias, mas chegou nas
59
terras que viriam a se chamar Brasil. Além disso, nos séculos XV e XVI, os portugueses
alcançaram terras no continente asiático como no Japão, China e Indonésia. Nas
localidades que chegavam, os portugueses criavam postos comerciais e iniciavam
a formação de redes comerciais. A Igreja apoiou a criação desses
estabelecimentos e buscou com seus missionários converter os povos nativos ao
catolicismo. Dessa forma, deu-se início a formação de um vasto Império Marítimo
na região do Atlântico.
Figura 14: Impérios Coloniais no século XVII
60
localidade de índios. Em 1493, retornou a Espanha e realizou outras viagens para
localidade, mas acreditava que havia chegado no Oriente e não descoberto um
novo continente. De acordo com Ferro (1996, p. 23), as viagens de Colombo tinham
um forte interesse na busca de riquezas:
Por certo, ele revela que o ouro, ou melhor, a busca deste, está
onipresente em toda sua primeira viagem. A 15 de outubro de 1492,
escreve em seu diário ‘Não quero parar, a fim de ir mais longe visitar
muitas ilhas e descobrir ouro’.
Cristóvão Colombo não só espera enriquecer pessoalmente, junto
com seus marinheiros, como quer também que seus financiadores, os
reis da Espanha, enriqueçam ‘a fim de que possam compreender a
importância da empresa’. Portanto, a riqueza o interessa, acima de
tudo, por significar o reconhecimento de seu papel de descobridor.
Porém, essa sede de dinheiro justifica-se mais ainda por uma
vocação religiosa que é nada menos do que a expansão do
cristianismo. No seu diário, em data de 26 de dezembro de 1492, ele
explica que ‘espera encontrar ouro, em tal quantidade que os reis
possam antes de três anos preparar e empreender ir conquistar a
Santa Casa’.
A reconquista de Jerusalém, foi esse um dos objetivos de Cristóvão
Colombo, obcecado pela ideia de Cruzada.
61
navegação e atravessou a América do Sul e chegou às Filipinas no Oceano
Pacífico, em 1521. Ele não conseguiu completar a viagem e foi substituído pelo
navegador Sebastião Elcano que retornou ao continente europeu no ano seguinte.
Essa viagem foi a primeira que comprovou a esfericidade do planeta Terra.
62
Figura 16: Tratado de Tordesilhas (1494)
63
Independente das características inerentes a cada povo encontrado
ao longo da aventura marítima, ao chegaram ao Índico os
portugueses precisaram conviver com o choque cultural e, mais
tarde, enfrentando problemas de ordem interna, decorrentes da
flutuação econômica internacional, tiveram que enfrentar
dificuldades advindas dos desentendimentos culturais acumulados
desde a viagem inaugural de Vasco da Gama. A despeito da
tolerância cultural esperada por parte de um povo eclético, devido
à própria formação do Estado português, quando os lusos chegaram
à Índia só conseguiram distinguir entre fiéis e cristãos em potencial,
recusando-se a admitir as peculiaridades apresentadas pelos povos
do local.
64
colônia na atual região de Québec, Canadá. Essa primeira tentativa de
colonização na localidade não teve êxito. No século seguinte, a França deu início à
colonização de algumas áreas do atual Estados Unidos e Canadá.
O período de expansão marítima holandesa teve início já na época de sua
tentativa de independência da Espanha. Comerciantes holandeses tinham uma
presença massiva no norte da Europa. Isso possibilitou que os holandeses
conseguissem concorrer nas disputas marítimas com os reinos ibéricos.
No século XVII, os holandeses conseguiram chegar na região da atual
Indonésia e iniciaram seus projetos de colonização. Diversos territórios portugueses
na Ásia foram conquistados pelos holandeses na Índia, China e Ceilão. Desta forma,
os holandeses tornaram-se os principais comerciantes no continente asiático. Além
disso, fundaram nessa época, a Companhia das Índias Ocidentais em busca de
conquistar partes da América Portuguesa e algumas possessões lusitanas na África.
Apenas em 1654, os holandeses foram expulsos da América Portuguesa, mas
conseguiram manter algumas possessões na região do Caribe. Nesse momento,
realizaram importantes empreendimentos de tráfico de africanos escravizados na
localidade. A área do Caribe, também foi colonizada por ingleses e franceses no
século XVII e seus lucros eram atingidos com as plantações de algodão, tabaco e
principalmente cana-de-açúcar.
65
FIXANDO CONTEÚDO
66
b) 1, 2 e 3;
c) 3, 4 e 5;
d) 1, 3 e 4;
e) 2, 4 e 5.
67
lado de um novo crescimento de sua população, o efeito mais importante dos
grandes descobrimentos foi a alta geral dos preços...”
68
7. (Enem 2014) “Todo homem de bom juízo, depois que tiver realizado sua viagem,
reconhecerá que é um milagre manifesto ter podido escapar de todos os perigos
que se apresentam em sua peregrinação; tanto mais que há tantos outros
acidentes que diariamente podem aí ocorrer que seria coisa pavorosa àqueles
que aí navegam querer pô-los todos diante dos olhos quando querem
empreender suas viagens.”
J. P. T. Histoire de plusieurs voyages aventureux. 1600. In: DELUMEAU, J. História do
medo no Ocidente: 1300-1800. São Paulo: Cia. das Letras, 2009 (adaptado).
69
e) A viagem de Colombo permitiu a superação das rotas comerciais com as Índias
Orientais contornando a África, pois o comércio passou a ser
predominantemente no Atlântico Norte.
70
O ILUMINISMO UNIDADE
5.1 INTRODUÇÃO
05
No século XVII, nos Países Baixos ocorreu as primeiras manifestações do que
posteriormente seria chamado de Iluminismo, era publicado tratados contra a Igreja
Católica e as monarquias absolutistas. Nesse local existia uma forte liberdade de
pensamento e expressão, um dos motivos disso era que o país era uma república
diferente do restante da Europa que eram regimes absolutistas.
Dois dos mais importantes precursores do pensamento do Iluminismo foram
John Locke e René Descartes, que viveram por algum tempo nos Países Baixo.
Locke defendia a liberdade de consciência e a tolerância às práticas religiosas,
propunha a separação de poderes entre Estado e Igreja. Já René Descartes ficou
conhecido pela sua famosa frase “Penso, Logo Existo” (Cogito ergo sum) que seria a
base do pensamento filosófico do século XVIII. Descartes defendia que o método
racional e as reflexões possibilitariam a busca pela verdade e a razão era o ponto
de início de toda a construção de conhecimento. Todo conhecimento deveria ser
investigado e testado, apenas aqueles que comprovassem eficiência deveriam ser
tidos como verdadeiros.
Outros intelectuais foram precursores do pensamento iluminista como, por
exemplo, Isaac Newton que acreditava na existência de leis universais para a
ciência e a razão era a forma eficaz de demonstrá-las.
Posteriormente, conhecido como ‘Século das Luzes’, no século XVIII diversos
intelectuais, filósofos e cientistas queriam mudar o mundo através da razão, ou seja,
o pensamento racional. Esse movimento ficou conhecido como Iluminismo.
Os filósofos do Iluminismo acreditavam que seus ideais iriam ‘iluminar’ a
sociedade. Essa nossa de luz, foi inspirada nos aspectos da Antiguidade, pois Platão
acreditava que a luz simbolizava o verdadeiro conhecimento. A razão e o pensar
foram fortemente defendidos por esses intelectuais. De acordo com Falcon (1991, p.
37):
71
de um pensamento ‘tradicional’ – de suas formas e conteúdos.
Afinal, é através da crítica do existente que se poderá produzir o
novo e o verdadeiro. Os preconceitos, as superstições, os ídolos [...]
constituem barreiras ou véus que ocultam/encobrem a verdade,
impedindo o caminho até ela.
72
da Monarquia Absoluta. Mas com uma condição: que o rei ilustrado
derramasse os benefícios das ‘luzes’ sobre o povo ainda inculto e
fizesse progredir as ciências, as artes e a economia para se alcançar
a felicidade na Terra [...]. Por cada crise política e social, no meio da
anarquia geral, ‘é preciso que um homem apareça e seja capaz de
restabelecer a autoridade do Estado e impor a disciplina sobre a
barbárie’. Foi o caso de Henrique IV, Luís o Grande e Luís XIV. ‘A
governação não pode ser boa senão através de um poder único’.
73
religião e a política não podem ser tratadas como algo único. Montesquieu
defendia ainda a divisão dos poderes de um Estado em três (legislativo, judiciário e
executivo).
Montesquieu acreditava que o Regime Absolutista era violento e corrupto,
fazendo com que a sociedade não tivesse transformação e mantinha a pobreza
para grande parte da comunidade. Ao defender a divisão em três poderes,
acreditava que o exercício desses poderes não poderia ser de uma única pessoa,
pois isso evitaria o abuso de poder. Dessa forma, percebe-se que Montesquieu
defendia uma forma mais equilibrada de Estado, no qual um poder poderia
controlar o outro e manteria a sociedade equilibrada. De acordo com Montesquieu
(1962, p. 168):
74
Já em 1751, Denis Diderot e D’Alembert organizaram a obra conhecida
como Enciclopédia que era composta por 28 volumes e abordava diversos assuntos
do campo da filosofia, das artes, da política, da economia, da geografia e das
ciências. Diversos intelectuais do século XVIII escreveram verbetes para a obra
como, os já citados aqui, Voltaire, Montesquieu e Rousseau.
75
Darnton (1996, p. 17-18):
76
todos nasciam bons. A sociedade primitiva, de acordo com Rousseau, era uma
sociedade perfeita, pois viviam pelas leis da natureza e era igualitária, não havendo
desigualdade social e todos tinham o necessário para a sobrevivência. Para
Rousseau (1979, p. 259):
Os melhores reis querem ser maus, caso lhes agrade, sem deixar de
ser senhores. Será grato a um pregador político dizer-lhes que, sendo
sua força a do povo, seu maior interesse estará em ver o povo
florescente, numeroso, temível: eles sabem muito bem que isso não é
verdade. O seu interesse pessoal estará principalmente em ser o
77
povo fraco, miserável, e nunca possa oferecer-lhes resistência.
(ROUSSEAU, 1973, p. 94-95.)
Comparado com outros filósofos do iluminismo, Rousseau foi uma voz solitária
ao defender a República, pois muitos intelectuais acreditavam que a monarquia
deveria ser apenas reformada assim como o restante da sociedade.
78
Essa forma de pensar a economia recebeu o nome de liberalismo
econômico e teve como um dos seus principais representantes o pensador Adam
Smith. De acordo com seus ideais,
79
julgamento – voltados para o bem do Estado e do povo, conforme
sua concepção de bem.
80
Na Rússia, Catarina II buscou modernizar a administração pública,
reformou a cidade de São Petersburgo, na época capital do Império, tomou terras
da Igreja Ortodoxa e buscou construir hospitais e escolas para a população do
reino. Apesar dessas medidas, a nobreza continuou tendo privilégio sobre as terras
na Rússia. Catarina II teve forte contato com os pensadores iluministas Voltaire,
D’Alembert e Diderot.
Entre 1740 a 1786, a Prússia, região da Alemanha, foi administrada por
Francisco II que buscou a modernização da economia e chegou a escrever alguns
textos inspirados nos ideais Iluministas.
O mundo atual foi moldado com vários princípios dos ideais do Iluminismo do
século XVIII. De acordo com Falcon (1991, p. 06-07):
81
‘século das Luzes’ [...] – para nós, hoje, o Iluminismo reveste-se de
muitas outras significações.
Podemos, por exemplo tentar compreender, o Iluminismo como
culminação de um processo, ou como um começo. Enquanto ponto
de chegada, o Iluminismo aparece como o clímax de uma trajetória
cujos começos se identificam com o Renascimento, mas que só alça
voo realmente com a Revolução Científica do século XVII.
Considerado como um ponto de partida, o Iluminismo passa a
constituir o primeiro momento de uma aventura intelectual que
também é nossa. [...]
Somente hoje, de fato, de uma forma ou de outra herdeiros do
Iluminismo. E o somos em escala bem mais significativa do que muitos
parece dispostos a reconhecer ou assumir; pois, quer como estilo de
pensamento, quer como realidade política, o fato é que o Iluminismo
ainda vive.
82
separação de poderes da Igreja e do Estado, ou seja, existe uma sociedade laica.
No campo científico, o pensamento iluminista permitiu avanços tecnológicos
e científicos que perduram até os dias de hoje. Após o século XVIII, a ciência
deveria ajudar a promover o desenvolvimento da sociedade por meio do progresso
e melhorar a vida da população. Pensamento que esteve presente fortemente no
século XIX, como veremos em História Contemporânea.
83
FIXANDO CONTEÚDO
1. (UFF 2010) O escritor e filósofo francês Voltaire, que viveu no século XVIII, é
considerado um dos grandes pensadores do Iluminismo ou Século das Luzes. Ele
afirma o seguinte sobre a importância de manter acesa a chama da razão:
“Vejo que hoje, neste século que é a aurora da razão, ainda renascem algumas
cabeças da hidra do fanatismo. Parece que seu veneno é menos mortífero e que
suas goelas são menos devoradoras. Mas o monstro ainda subsiste e todo aquele
que buscar a verdade arriscar-se-á a ser perseguido. Deve-se permanecer ocioso
nas trevas? Ou deve-se acender um archote onde a inveja e a calúnia
reacenderão suas tochas? No que me tange, acredito que a verdade não deve
mais se esconder diante dos monstros e que não devemos abster-nos do
alimento com medo de sermos envenenados”.
84
3) A descoberta da perspectiva e a valorização de temas religiosos marcaram as
expressões artísticas durante o iluminismo.
4) Em Portugal, o pensamento iluminista recebeu grande impulso das descobertas
marítimas.
85
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos
debates acadêmicos.
4. (Enem 2017) Fala-se muito nos dias de hoje em direitos do homem. Pois bem: foi
no século XVIII — em 1789, precisamente — que uma Assembleia Constituinte
produziu e proclamou em Paris a Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão. Essa Declaração se impôs como necessária para um grupo de
revolucionários, por ter sido preparada por uma mudança no plano das ideias e
das mentalidades: o Iluminismo. (FORTES, L. R. S. O Iluminismo e os reis filósofos. São
Paulo: Brasiliense, 1981 (adaptado)).
Correlacionando temporalidades históricas, o texto apresenta uma concepção
de pensamento que tem como uma de suas bases a:
a) modernização da educação escolar.
b) atualização da disciplina moral cristã.
c) divulgação de costumes aristocráticos.
d) socialização do conhecimento científico.
e) universalização do princípio da igualdade civil.
86
ideias iluministas elaboradas pelos filósofos da época.
c) foi uma tentativa bem intencionada, embora fracassada, das monarquias
europeias reformarem estruturalmente seus Estados.
d) foram os burgueses europeus que convenceram os reis a adotarem o programa
de modernização proposto pelos filósofos iluministas.
e) foi uma tentativa, mais ou menos bem sucedida, de algumas monarquias
reformarem, sem alterá-las, as estruturas vigentes.
87
a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas
ainda existentes.
b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que
outrora foi da filosofia.
c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que
almejam o progresso.
d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos
éticos e religiosos.
e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos
debates acadêmicos.
88
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL UNIDADE
6.1 INTRODUÇÃO
06
Durante a Idade Média e a Idade Moderna, os produtos manufaturados
eram feitos por artesãos em suas corporações. Entre os séculos XVI e XVII, houve
uma forte expansão das atividades econômicas e comerciais na Europa e boa
parte da produção de manufaturados começou a ser realizada em âmbito
doméstico.
Ao longo do tempo, a organização do trabalho passou por várias mudanças.
No século XV, o modo de produção era artesanal. O trabalhador dominava todas
as etapas da produção. Com o aumento da demanda, mais pessoas começaram
a participar na produção e com o seu crescimento, as oficinas ajudaram no
desenvolvimento das manufaturas no qual ampliaram o controle dos empresários
sobre o trabalhador.
Ao longo do século XVIII, grandes inovações tecnológicas foram realizadas
na Inglaterra como, por exemplo, a criação da máquina de fiar, a máquina a vapor
e outros. Essas mudanças causaram severas transformações na rotina de trabalho e
deram origens ao processo conhecido como Revolução Industrial. E por que
consideramos ela um processo de Revolução? De acordo com Fernandes (1981, p.
01):
89
No final do século XVIII, enquanto a revolução pela liberdade e
igualdade acontecia na França e se propagava por toda a Europa,
um tipo diferente de revolução, a revolução na indústria,
transformava a vida. No século XIX, a Revolução Industrial difundiu-se
pelos Estados Unidos e pelo continente europeu. [...]
Novas formas de energia, particularmente o vapor, substituíram a
força animal e os músculos humanos. Descobriram-se maneiras
melhores de obtenção e utilização de matérias-primas, e implantou-
se uma nova forma de organizar a produção e os trabalhadores – a
fábrica. No século XIX, a tecnologia avançou [...] com um ímpeto
sem precedente na história humana. A explosão resultante na
produção e produtividade econômicas transformou a sociedade
com uma velocidade surpreendente.
90
Braudel [...] nos explica que não foram as populações estritamente
agrícolas que forneceram a mão de obra barata para a Revolução
Industrial, mas si aquelas populações de regiões pobres de
agricultura decadente. Segundo ele, as novas culturas forrageiras,
que caracterizam o novo sistema de cultura, exigem solos leves
(arenosos), o que transforma as regiões que os contém em terras
ricas da Inglaterra. Por outro lado, as regiões de solos pesados
(argilosos), até então consideradas as melhores para o cultivo de
cereais, pouco adaptáveis às culturas de forrageiras, são
condenadas pela baixa do preço do trigo provocada pelos altos
rendimentos obtidos com o novo sistema nas regiões de solos leves.
Estas regiões que se tornam desfavorecidas vão procurar se
reequilibrar sobretudo através da indústria artesanal rural [...] A partir
do momento que a manufatura capitalista urbana se afirma (final do
século XVIII) este artesanato será destruído, liberando a mão de obra,
composta de pequenos artesão e de um proletariado mais ou menos
habituado às atividades artesanais, que irá se constituir no ‘exército
industrial de reserva’, à disposição do capital.
91
geral.
92
Íamos para o trabalho às seis da manhã sem nada para comer e
sem fogo para nos aquecer. Por cerca de um ano nós nunca
paramos para café da manhã. O café da manhã era trazido para a
fábrica em canecas de lata em grandes bandejas. Era leite, mingau
e bolo de aveia. Eles traziam isso, e cada um pegava uma lata e
tomava seu café como podia, sem parar de trabalhar. Fazíamos
uma parada ao meio dia, e tínhamos uma hora para o almoço, mas
tínhamos que fazer a faxina durante aquela hora. Levávamos cerca
de meia hora para limpar e colocar óleo nas máquinas. Então íamos
comer o almoço, que cinco dias por semana era torta de batata.
93
em curso, com a introdução do sistema de fábrica, crianças trabalhavam nas minas
de carvão e nas fábricas, “quase todas doentias, franzinas, frágeis, além de
andarem descalças e malvestidas. Muitas não aparentavam ter mais de 7 anos’,
escreveu um médico, sobre as que trabalhavam em uma fábrica de Manchester.
As jornadas eram longas, tanto quando as dos adultos, variando de 12 a 18
horas diárias. Os salários eram muito baixo, apenas um complemente para a
pequena renda familiar; e as fábricas, sujas, escuras, malventiladas.
Embora o trabalho infantil não fosse novidade já nessa época, segundo
Thompson [...] a diferença entre o que era antes realizado, no âmbito familiar e o
sistema fabril, é que este último herdou as piores feições do sistema doméstico,
numa situação em que não existiam as compensações do lar, utilizando o trabalho
de crianças pobres, explorando-as com brutalidade tenaz.
94
Os serões em família são frequentemente ocupados por jogos de
cartas e dados. [...] os serões são um momento privilegiado para a
música e o teatro de amadores. Entre amigos, não raro formam-se
grupos de instrumentistas ou cantores que se encontram com
regularidade, na casa de um ou de outro, principalmente na
província, onde as diversões culturais são mais restritivas.
95
As cidades cresciam em ritmo acelerado como as indústrias e vários
problemas começaram a acontecer devido à habitação e saúde pública serem
precárias (?). Em lugares mais pobres, não havia escoamento de esgoto, sem
calçadas e lixos acumulados. Muitas pessoas moravam em uma mesma residência
e isso facilitava a propagação de doenças respiratórias oriundas das fábricas. De
acordo com Thompson (1987, p. 187):
96
Figura 23: Rain, steam and speed de J. M. W Turner (1844)
97
pagar um advogado, ela realizou a própria defesa. De acordo com o autor ela,
98
política, mas as reivindicações não foram acatadas.
Posteriormente, novas cartas foram enviadas ao Parlamento solicitando a
criação de leis trabalhistas. Entretanto, mais uma vez o Parlamento se recusou e isso
gerou greves e motins por toda a Inglaterra. Só a partir de 1842, foram conquistados
alguns direitos aos trabalhadores como a redução da jornada de trabalho.
Aos poucos, os trabalhadores começaram a organizar associações.
Inicialmente elas receberam os nomes de trade unions que eram formadas por
diferentes profissionais de várias áreas. As trade unions foram as bases das
organizações sindicais que surgiram ao longo do século XIX.
Sobre a organização dos trabalhadores, Thompson (2008, p. 294) assinala
que:
99
FIXANDO CONTEÚDO
Das opções abaixo listadas, o país que melhor preenche o espaço acima é:
a) Alemanha
b) Holanda
c) Itália
d) Inglaterra
e) Espanha
100
submeteram os trabalhadores a formas autoritárias de disciplina e a uma
determinada hierarquia.
b) ocorreu graças ao investimento em pesquisa tecnológica de ponta, feito pelos
industriais que participaram da Revolução Industrial.
c) nasceu do apoio dado pelo Estado à pesquisa nas universidades.
d) deu-se dentro das fábricas, cujos proprietários estimulavam os operários a
desenvolver novas tecnologias.
e) foi única e exclusivamente o produto da genialidade de algumas gerações de
inventores, tendo sido adotada pelos industriais que estavam interessados em
aumentar a produção e, por conseguinte, os lucros.
101
e) preocupação em aumentar a produção, respeitando-se o limite da força física
do trabalhador.
Este texto revela um dos aspectos das mudanças oriundas do processo industrial
inglês no final do século XVIII e início do século XIX. A partir do conhecimento
histórico, pode-se afirmar que:
a) os trabalhadores foram beneficiados com a diminuição da jornada de trabalho
em relação à época anterior à revolução industrial.
b) a racionalização do tempo foi um dos aspectos psicológicos significativos que
marcou o desenvolvimento da maquinofatura.
c) os empresários de Londres controlavam com mais rigor os horários dos
trabalhadores, mas como compensação forneciam remuneração por
produtividade para os pontuais.
d) as fábricas, de modo em geral, tinham pouco controle sobre o horário de
trabalho dos operários, haja vista as dificuldades de registro e a imprecisão dos
relógios naquele contexto.
e) os industriais criaram leis que protegiam os trabalhadores que cumpriam
corretamente o horário de trabalho.
102
e) o acordo comercial conhecido por Tratado de Methuen, que estabeleceu a
abertura de mercados alemães.
103
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 01 UNIDADE 02
QUESTÃO 1 D QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 B
QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 C
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 D QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 A
UNIDADE 03 UNIDADE 04
QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 A
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 A
QUESTÃO 3 D QUESTÃO 3 D
QUESTÃO 4 B QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 B QUESTÃO 8 B
UNIDADE 05 UNIDADE 06
QUESTÃO 1 C QUESTÃO 1 E
QUESTÃO 2 B QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 A
QUESTÃO 4 E QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 B
QUESTÃO 6 A QUESTÃO 6 B
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 A
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 B
104
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