Soldagem Na Industria Do Petroleo
Soldagem Na Industria Do Petroleo
Soldagem Na Industria Do Petroleo
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Autores
Clóvis Ribeiro Rodrigues
Arno Giuseppe Cersosimo
José Paulo Silveira
Stênio Monteiro de Barros
Mariana Marchiori Franco
Janyne Rodrigues Hammerle
Gilmar Zacca Batista
Guilherme Boechat Baptista Bastos de Oliveira
Revisores
Carlos Eduardo Aguiar Lima Rodrigues
Marcelo de Deus Oliveira
Marcelo Fronzaglia Ferreira
André da Silva Pelliccione
Rodolfo Vivacqua
Nathalia Mota Pereira
AUTORES
Clóvis Ribeiro Rodrigues
Arno Giuseppe Cersosimo
José Paulo Silveira
Stênio Monteiro de Barros
Mariana Marchiori Franco
Janyne Rodrigues Hammerle
Gilmar Zacca Batista
Guilherme Boechat Baptista Bastos de Oliveira
REVISORES
Carlos Eduardo Aguiar Lima Rodrigues
Marcelo de Deus Oliveira
Marcelo Fronzaglia Ferreira
André da Silva Pelliccione
Rodolfo Vivacqua
Nathalia Mota Pereira
ORGANIZADORA
Nathalia Mota Pereira
PROLEGÔMEROS
Há alguns anos, um aluno do curso de formação em engenharia de inspeção fez uma
constatação fundamental para que iniciasse esse projeto de construção de um livro de
soldagem com foco na aplicação. Ele me disse: “Adorei tua aula e didática, apresentou
uma fundamentação teórica importante dos aspectos gerais soldagem, mas quando
cheguei na área percebi que não sabia soldar.” Esse feedback inusitado mudou comple-
tamente minha forma de perceber e, consequentemente, abordar a formação na área de
soldagem na Petrobras.
Decorrente disso, este livro tem por objetivo ser uma ferramenta de trabalho para os pro-
fissionais que atuem nas áreas de projeto, fabricação, construção e montagem, inspeção
e manutenção na indústria do petróleo. As informações, que serão aqui discutidas, terão
um foco na aplicação do conhecimento de soldagem em que as diversas disciplinas, como
processos de soldagem, qualificação de procedimentos, metalurgia da soldagem, descon-
tinuidades de juntas soldadas, entre outros, serão inter-relacionados com a prática. Além
de procurar mostrar a forma com a qual esses conceitos inter-relacionados interferem na
qualidade final da junta soldada. Não visa trazer uma fundamentação teórica extensa, so-
mente os aspectos suficientes para o entendimento das diversas aplicações mostradas.
Para a sua elaboração, foram compilados diversos documentos, como apostilas, normas
e especificação técnicas, notas de aula, exercícios de cursos, monografias, dissertações
e teses, dentre outros. Esses documentos foram criados pelos autores que atuam nas
mais diversas áreas de atuação, mostrando a pluralidade da soldagem nessa indústria
tão peculiar. Foram consultados e utilizados, também, diversos materiais didáticos de
professores do Brasil e exterior, informações disponibilizadas pelos fabricantes de con-
sumíveis e equipamentos de soldagem, institutos de pesquisa, como o Senai IST Solda e
TWI, parceiros da tecnológicos da Petrobras, além de alguns livros consagrados.
Esse formato, muitas vezes redundante ao longo dos capítulos, foi intencionalmente
adotado para ratificar a compreensão desses principais conceitos de soldagem para que
sejam mais facilmente consolidados pelos profissionais que aplicam a soldagem em
qualquer instalação na indústria do petróleo.
Infelizmente, ainda não foi possível abordar todos os aspectos que julgo necessário para
atingir todas as aplicações da indústria do petróleo, todavia temos nesse livro um bom
começo e, com certeza, melhorias e revisões aparecerão nas próximas edições. E todas
as contribuições que visam corrigir algum equívoco dos autores ou acrescentar alguma
informação relevante serão muito bem-vindas.
Clóvis Rodrigues
crr@petrobras.com.br
Prolegômeros
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
SUMÁRIO
Prolegômeros.............................................................................................................................. 4
1. Introdução .............................................................................................................................11
1.1 Conceitos Gerais ........................................................................................................................................14
1.2 Materiais Base ............................................................................................................................................19
1.3 Noções de Terminologia de Soldagem .................................................................................................23
1.4 Noções de Simbologia de Soldagem .....................................................................................................44
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
2.4 Processo de soldagem com utilização de eletrodo tubular consumível e proteção gasosa adicional
(arame tubular) / Fluxes Cored Arc Welding (FCAW) ............................................................................ 150
2.4.1 Equipamentos de soldagem ...................................................................................................... 155
2.4.2 Tipo de corrente elétrica ............................................................................................................. 156
2.4.3 Tipos de Transferência Metálica do Processo FCAW ............................................................ 156
2.4.4 Variáveis de soldagem ................................................................................................................. 160
2.4.5 Classificação dos consumíveis: arame e gás de proteção ................................................... 160
2.4.6 Classificação do arame ................................................................................................................ 162
2.4.7 Classificação do gás de proteção .............................................................................................. 166
2.4.8 Descrição das descontinuidades induzidas pelo processo ................................................. 167
2.4.9 Aplicações especiais .................................................................................................................... 168
2.5 Processo de soldagem com eletrodo consumível com arco submerso / Submerged Arc
Welding (SAW) ......................................................................................................................................... 168
2.5.1 Equipamentos .............................................................................................................................. 170
2.5.2 Parâmetros na soldagem SAW .................................................................................................. 172
2.5.3 Consumíveis ................................................................................................................................... 177
2.5.4 Contenção da raiz fundida na soldagem com chanfro......................................................... 180
2.5.5 Variações do processo Arco Submerso.................................................................................... 180
2.5.6 Arame Frio (Cold Wire Addition)................................................................................................ 182
2.5.7 Arame Quente (Hot Wire Addition) .......................................................................................... 182
2.5.8 Adição de pó Metálico (Metal Powder Addition) ................................................................... 183
2.5.9 Processo Strip Cladding .............................................................................................................. 183
2.6 Processo de soldagem por fricção ...................................................................................................... 185
2.6.1 Soldagem por fricção convencional ......................................................................................... 185
2.6.2 Friction Stir welding (FSW) ......................................................................................................... 186
2.6.3 Friction hydro pilar processing (FHPP) .................................................................................... 187
2.6.4 Costura por fricção (Friction Stitch Welding)......................................................................... 189
2.7 Processos de soldagem híbridos ........................................................................................................ 189
2.7.1 Processo de soldagem híbrido LASER-MAG........................................................................... 191
2.7.2 Processo de soldagem híbrido Plasma-MIG ........................................................................... 193
2.7.3 Processo de soldagem híbrido LASER-TIG ............................................................................. 195
2.7.4 Equipamentos utilizados nos processos Híbridos ................................................................ 196
2.8 Resumo dos processos de soldagem ................................................................................................. 196
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
3.7 Influência da temperatura inicial da peça ......................................................................................... 218
3.8 Influência do aporte térmico ............................................................................................................... 223
3.9 Soldagem em vários passes (multipasse)......................................................................................... 226
3.10 Estudo da poça de fusão .................................................................................................................... 228
3.10.1 Volatilização ................................................................................................................................ 231
3.10.2 Reações químicas ....................................................................................................................... 231
3.10.3 Absorção de gases ..................................................................................................................... 232
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
5.3.4 Métodos Térmicos ........................................................................................................................ 338
5.3.5 Correção das Deformações após soldagem ........................................................................... 361
5.3.6 Práticas de Controle de Deformação em Soldagem ............................................................. 366
5.4 Medição de Tensões Residuais ............................................................................................................ 372
5.4.1 Métodos Semi-destrutivos: Método do Furo Cego e do Método do Anel ....................... 374
5.4.2 Métodos Destrutivos ................................................................................................................... 376
5.4.3 Métodos Não Destrutivos por Técnicas de Difração ............................................................ 378
5.4.4 Métodos Não Destrutivos: Outros Métodos .......................................................................... 382
5.5 Efeitos das Tensões Residuais de soldagem .................................................................................... 383
5.5.1Trincamento assistido pelo meio ............................................................................................... 384
5.5.2 Resistência à Fadiga..................................................................................................................... 387
5.6 Introdução à simulação de soldagem ................................................................................................ 395
5.6.1 Acoplamento dos fenômenos físicos na simulação de soldagem .................................... 397
5.6.2 Fluxograma do Processo de Simulação ................................................................................... 403
5.6.3 Modelagem Geométrica das Peças........................................................................................... 404
5.6.4 Análise Térmica do CWM ............................................................................................................. 410
5.6.5 Modelos cinemáticos para transferência de calor de soldagem........................................ 418
5.6.6 Condições de contorno................................................................................................................ 420
5.6.7 Simulação do Comportamento da Poça de Fusão ................................................................ 424
5.6.8 Simulações de Transformações Metalúrgicas e de Propriedades Mecânicas ................. 425
5.6.9 Partição da taxa de deformação ............................................................................................... 426
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
6.5.1 Susceptibilidade do Material de Base a Decoesão Lamelar ............................................... 582
6.5.2 Formas de Mitigar a Decoesão Lamelar .................................................................................. 585
6.6 Descolamento (Disbonding) ................................................................................................................ 586
6.7 Endurecimento por Deformação em Aços Ferríticos (Strain Aging)........................................... 593
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
1
1.Introdução
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
1. Introdução - 10
1. INTRODUÇÃO
Há registros históricos muito antigos de união de peças, como as mitológicas imagens
de Apolo, Deus da Guerra, forjando arma na Figura 1.1 ou hieróglifos encontrados no
antigo Egito representando a brasagem de peças na Figura 1.2.
Figura 1.1 - Apolo forjando armas (Apollo in the Forge Figura 1.2 - Hieróglifos de brasagem no Egito. Fonte:
of Vulcan). Fonte: VELÁZQUEZ, 1630. EGYPT, c1987.
Saiba Mais
Para saber de mais informações sobre a história da soldagem clique nos links:
» https://www.youtube.com/watch?v=smKKTH4WvFk
» 1940 https://www.youtube.com/watch?v=nYpDi4zgdgQ
Provavelmente, entre estes acontecimentos, o marco mais significativo tenha sido a sol-
dagem do gasoduto do Texas - Nova Jérsei nos anos 1930, pois mudou o conceito de
união por soldagem uma vez que muitos não acreditavam que seria possível fazer soldas
de qualidade superior. Essa soldagem estrutural de um equipamento com fluido infla-
mável abriu a possibilidade de execução de todas as juntas soldadas atuais.
Cada processo de soldagem deve ser capaz de gerar energia capaz e suficiente para unir
as peças a ser soldadas, remover as contaminações oriundas das superfícies a serem uni-
das e evitar que o meio ambiente externo altere as propriedades do metal de solda. Um
correto controle de transformação de fases é necessário de forma que as propriedades
desejadas sejam alcançadas.
1. Introdução - 11
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
As contaminações, tanto do metal de solda quando do metal de base, as tensões mecânicas
geradas e as transformações metalúrgicas podem ser extremamente danosas para as pro-
priedades finais da junta soldada. Por isso, uma correta seleção do processo de soldagem
para cada aplicação deve ser considerada. Porém, como o foco é a aplicação industrial, as
buscas por processos de alta produtividade podem e devem ser consideradas para a melho-
ria da produtividade sem comprometer, em hipótese nenhuma, a qualidade da junta soldada.
Porta eletrodo ou
Eletrodo
tocha
consumível ou
não consumível
Peça de trabalho
Cabo eletrodo
1. Introdução - 12
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
O metal fundido, em altíssimas temperaturas, reage fortemente com a atmosfera for-
mando óxidos e nitretos, que prejudicam as propriedades mecânicas e metalúrgicas
do metal de solda solidificado.
Decorrente disso, é necessária uma atmosfera protetora de forma a não permitir que
os gases da atmosfera reajam com o metal fundido. Também graxas, oxidação, pintura,
produtos de corrosão, ou seja, sujeiras em geral, danificam essas propriedades.
1. Introdução - 13
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
1.1 CONCEITOS GERAIS
A garantia da qualidade de uma junta soldada na indústria é fundamental para que
sejam atingidas as propriedades de resistência mecânica e tenacidade exigidas pelos
códigos de projeto de equipamentos e estruturas.
Assim, a integridade de uma junta soldada depende da correta seleção dos processos
de soldagem para soldar cada material, com os parâmetros de soldagem adequados,
de forma a minimizar as tensões residuais oriundas do processo para não dar origens a
descontinuidades que se tornem defeitos por superarem a tenacidade do material.
Alguns indicadores podem ser importantes antes de que seja efetuada a soldagem do
material.
1 2 3 4 5 6 7 8
diagrama de fases que traz as informações referentes às fases microconstituintes
presentes para cada material, que interferem nas suas propriedades mecânicas;
Assim, os documentos técnicos e normas de soldagem são utilizados para trazer uma pa-
dronização da execução do processo de soldagem e garantir essa qualidade necessária. Os
documentos técnicos visam padronizar a forma de soldar para cada utilização, com a pa-
dronização de materiais, como a definição de materiais bases e consumíveis, procedimentos
e pessoas. Por isso, todas etapas de soldagem, como o planejamento, execução, controle,
registro e certificação da soldagem, estão contempladas nos documentos técnicos. São apli-
cados em todas as etapas, como projeto, fabricação, construção e montagem e manutenção.
1. Introdução - 14
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
A soldabilidade é um conceito difícil de ser expresso, pois, além das térmicas e das ca-
racterísticas do material, está relacionada com o processo de soldagem utilizado, com o
projeto e sua facilidade de construção e montagem, facilidade do soldador em realizar a
técnica de soldagem mantendo a sanidade, ou seja, isenta de defeitos. A Figura 1.5 tenta
mostrar um pouco dessa complexidade correlacionando alguns conceitos.
Material a ser
soldado
Soldabilidade Confiabilidade
dos materiais da peça
soldada
SOLDABILIDADE
DO COMPONENTE
Processos de Projeto,
soldagem normas e C&M
Viabilidade de
soldagem da peça
Figura 1.5 - Soldabilidade de um componente metálico. Fonte: BATALHA, 2003, p. 17, adaptado pelos autores.
O material deve poder ser soldado sem a ocorrência de falhas na junta soldada e, ainda
assim, apresentar os requisitos mínimos de tensão e tenacidade exigidos pelo código de
projeto nas condições de operação.
1. Introdução - 15
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Qual o aço mostrado da Tabela 1.1 que você entende que tenha melhor soldabilidade?
Aço 1 Aço 2
C 0,12 0,21
S 0,027 <0,002
P 0,017 0,021
Si 0,20 0,28
Mn 0,65 1,32
Ni 0,03 0,05
Cr 0,02 0,04
Mo 0,02 <0,005
V 0,03 <0,01
Cu 0,03 0,005
Nb <0,005 0,024
Ti <0,01 0,002
Al <0,001 0,047
CE IIW 0,24 0,45
Fonte: o autor
Para responder essa pergunta, clique no ícone e entenda o conceito de soldabilidade que
devemos sempre fazer na soldagem dos aços carbono.
Informação Importante
Geralmente, ao efetuar a análise de soldabilidade de um aço carbono, a avaliação do
carbono equivalente é suficiente para esses materiais. O carbono equivalente é uma
medida da influência dos elementos de liga na temperabilidade do material durante a
operação de soldagem e é calculado na N-133 (PETROBRAS, 2017) com a equação(1):
1. Introdução - 16
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Entretanto, podem ser suscetíveis à trinca induzida pelo hidrogênio (trinca a frio), es-
pecialmente quando aumentamos o CE e/ou na soldagem de chapas grossas. A trinca
induzida por hidrogênio é a principal descontinuidade esperada na soldagem de aços de
matriz ferrítica ou martensítica e posteriormente será melhor entendida.
A conclusão mais lógica seria de que o Aço 1 normalmente seja mais soldável por apre-
sentar um menor valor de carbono equivalente (CE). Todavia, para que essa análise de
soldabilidade seja efetuada de forma correta, temos que, necessariamente, avaliar a
condição de contorno de cada junta a ser soldada.
Dessa forma, quando avaliamos uma junta de topo em um aço de grande espessura, a
descontinuidade mais esperada e provável é a trinca induzida pelo hidrogênio, fazendo
com que o Aço 1 tenha, efetivamente, uma melhor soldabilidade por ter um menor valor
de carbono equivalente.
TIH
Todavia, em uma solda autógena com alta restrição realizada com um processo de alta
densidade de energia, como o Laser, em uma junta de topo, a descontinuidade esperada
em função do mais elevado teor de enxofre é a trinca de solidificação, fazendo com que
o Aço 2 seja mais soldável. Soldagem autógena é aquela que não tem metal de adição.
TS
1. Introdução - 17
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Outra condição de contorno que faz com que o Aço 2 seja mais soldável é em uma junta
com penetração total com alta restrição e alta espessura em uma junta em ângulo. A
decoesão lamelar é esperada em função da relação do manganês e do enxofre formar
sulfeto de manganês, que fica alongado em função da laminação da chapa.
DL
TS
Esse simples exercício de avaliação revela que a melhor ou pior soldabilidade de um ma-
terial depende, fortemente, do material, das condições de soldagem e da aplicação do
componente soldado.
A Figura 1.9 ressalta que há uma interdependência entre as diversas variáveis, eviden-
ciando a complexidade do processo de soldagem em uma junta soldada.
1. Introdução - 18
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
PROPRIEDADES DA
JUNTA SOLDADA Metal de
base
Contaminantes
Microestrutura Composição
química
Interfere na Composição do
consumível
modifica a Geometria da Fluxo ou gás
junta
compõe
Ciclo térmico afetam
Arame
Condições de Parâmetros de
soldagem soldagem
Técnicas de
soldagem
Figura 1.9 - Representação de um fluxograma de propriedades mecânicas da junta soldada. Fonte: BONNET,
1980, p. 209-27, adaptado pelos autores.
Cada código de projeto traz os requisitos específicos e adequados para que os seus
equipamentos trabalhem nas condições operacionais requeridas, como os requisitos de
soldagem prescritos por eles.
Atenção
1. Introdução - 19
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
A metalurgia tradicional separa os materiais em função da composição química, como
os aços carbono classificados pela American Iron and Steel Institute, como AISI 1045 e
8630, por característica microestrutural, como os aços inoxidáveis austeníticos, marten-
síticos e duplex, ou por nome comercial, como a liga Inconel 625 ou a liga Hastelloy.
Esses materiais supracitados atendem aos requisitos do ASME II (2010) e serão apresen-
tados os P-numbers dos materiais mais significativos utilizados na indústria do petró-
leo a seguir.
Os aços cromo-molibdênio (Cr-Mo), que são utilizados, geralmente, de 400 ºC a 650 ºC,
têm os PN conforme a Tabela 1.2.
1. Introdução - 20
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Tabela 1.2 - P-number dos aços cromo-molibdênio.
1 aço carbono máx.: 0.030 % C, 0.060 % Si, 1.70 % Mn, 0.045 % S, 0.045 % P
1. Introdução - 21
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Descrição dos metais base mais usados na indústria do petróleo
P-number
(composição química e limites de resistência)
5B aço 5 % to 10 % Cr, 1 % Mo
9A aço 2 % níquel
10A limite de escoamento 75 ksi (515 MPa) ≤ 105 ksi (725 MPa) - (aço Mn, V)
10C limite de escoamento 81 ksi (560 MPa) ≤ 83 ksi (570 MPa) (aço C, Mn, Si)
limite de escoamento 87 ksi (600 MPa) ≤ 110 ksi (760 MPa) (aço 18 % Cr a 29 % Cr, 1.5
10H
% Mo a 4.5 % Mo, 3 % Ni a 8 % Ni—aço inoxidável duplex)
limite de escoamento 0 ksi (415 MPa) ≤ 70 ksi (485 MPa)S (aço superferrítico 26 % Cr
10I
a 27 % Cr, 1 % Mo)
limite de escoamento 70 ksi (485 MPa) ≤ 80 ksi (550 MPa) (aço superferrítico 29 % Cr,
10J
4 % Mo)
limite de escoamento 70 ksi (485 MPa) ≤ 85 ksi (585 MPa) (aço superferrítico 26 % Cr
10K
a 29 % Cr, 3 % Mo a 4 % Mo, 2 % Ni a 2.5 % Ni)
11A aço baixa liga—temperado e revenido
11B aço baixa liga—temperado e revenido, 105 ksi (725 MPa) min.
15F limite de escoamento 90 ksi (620 MPa) (11 % Cr, 2 % W, 0.5 % Mo)
41 limite de escoamento 50 ksi (345 MPa) ≤ 70 ksi (485 MPa) níquel não ligado
1. Introdução - 22
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Descrição dos metais base mais usados na indústria do petróleo
P-number
(composição química e limites de resistência)
65 ksi (450 MPa) ≤ 109 ksi (750 MPa) liga NiFeCr (21 % Ni a 49 % Ni, 15 % Fe a 46 % Fe,
45
20 % Cr a 33% Cr, 1.5 % Mo a 7 % Mo, 18 % Co, 3 % W, 2.3 % Cu a 3 % Cu, Nb, Al, Ti, N)
70 ksi (485 MPa) ≤ 90 ksi (620 MPa) liga NiCrSi (35 % Ni a 37 % Ni, 19 % Cr a 28 % Cr,
46
1.25 % Si a 2.7% Si, 30 % Co)
2 1 3 4
431––Zona
2 Metal afetada
Zonadebase
fundida- Apelo
ligação -zona nãofundida
A- zona
Acalor
zona afetada
Naligação
-de ZAC,
oucomo
metaljáde
corresponde
envolve citando
aàbase se
anteriormente,
região
zona refere
que aoametal
esteve
fundida. É ocorrem
que
que,nãomodifica-
sofreua
momentaneamente
região durante
modificações
ções de estrutura
no estado
soldagem, metalúrgicas.
líquido
foi ou deentre
e cuja
aquecida constituição
Excluem-se
as linhasdo
solidificação metal
as alterações
resultou
liquidus que
da está
mecânicas,
sendo
cessação
e solidus. soldado.
ou os
Para como,Opuros,
por
afastamento
metais calor
exemplo,
da proveniente
fonte asa
de
se reduz
deformações
da soldagem
calor.
uma Pode seréeaobtida
superfície. ascausa
tensõesprincipal
em residuais.
um oudessas transformações.
vários passes.
1. Introdução - 23
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
As juntas soldadas, que podem ser de topo ou em ângulo, são representadas na Figura 1.11.
Ângulo do chanfro
Ângulo
do bisel
Ângulo do
chanfro e
Bisel ângulo do
Abertura Raio do bisel
da raiz chanfro
Abertura da raiz
Figura 1.11 – Nomenclatura relacionadas aos chanfros em ângulo e de topo da junta soldada.
Fonte: N-1438, 2009, p. 20.
A dimensão para solda em chanfro (groove weld size ) é a distância da face à raiz da solda
(ou entre faces, nas juntas soldadas em ambos os lados) excluídos o reforço de solda ou o
excesso de penetração. Geralmente, é a própria espessura do componente a ser soldado.
Já na solda em ângulo, a sua dimensão para soldas em ângulo de pernas iguais é o com-
primento dos catetos do maior triângulo retângulo isósceles que pode ser inscrito den-
tro da seção transversal da solda. Para soldas em ângulo de pernas desiguais, são os
comprimentos dos catetos do maior triângulo retângulo que pode ser inscrito dentro da
seção transversal da solda, conforme Figura 1.12. Para obtenção do limite de resistência
da junta soldada, ele será calculado a partir da garganta efetiva.
1. Introdução - 24
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Convexidade
Garganta real
Perna e
dimensão
Perna e
Garganta efetiva
dimensão
TS
Garganta teórica
Figura 1.12 – Soldagem em ângulo com dimensões. Fonte: N-1438, 2009, p. 22.
Chanfro em J (single J groove) Chanfro em duplo J (double J groove) Chanfro em duplo U (double J groove)
Chanfro em U (single-U groove) Chanfro em V (single-V groove) Chanfro em duplo V ou X (double-V groove)
Chanfro em J (single-J groove) Chanfro em duplo J (double-J groove) Chanfro reto (square groove)
Figura 1.13 – Tipos de chanfro da junta soldada. Fonte: N-1438, 2009, p. 24.
1. Introdução - 25
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Passe é progressão unitária de uma operação de soldagem ao longo de uma junta ou
operação de revestimento. Um passe é composto de um ou mais cordões de solda loca-
lizados no mesmo eixo.
Por sua vez, camada é a deposição de um ou mais passes consecutivos dispostos lado a
lado, aproximadamente no mesmo plano. Na Figura 1.14 (direita), observamos um passe
correspondendo a uma camada.
29 28 27 26 8
22 23 24 25 7
21 20 19 18 6
14 15 16 17 5
13 12 11 4
8 10 9 3
5 7 6 2
3 4 1
1 2
A soldagem pode ser efetuada em diversas posições, desde a condição plana, condição
horizontal, nas condições verticais ascendente ou descendente, dependendo da técnica
necessária para cada processo, e na condição sobre cabeça. As tubulações e dutos sol-
dados, quando estão na condição fixa, podem apresentar uma combinação entre algu-
mas dessas posições, como na soldagem de um tubo na posição horizontal. A soldagem
pode iniciar na posição plana, seguir pelas posições vertical descendente e sobre cabe-
ça, e terminar na posição vertical ascendente e plana, a depender do seu diâmetro e do
processo de soldagem a ser utilizado, Figura 1.15.
1. Introdução - 26
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Cada processo tem um ângulo de trabalho e de deslocamento específicos e podem ser
observados na Figura 1.16.
Ângulo de
trabalho
Ângulo de
deslocamento
Eixo da solda
Figura 1.16 - Representação dos ângulos de trabalho e de deslocamento. Fonte: N-1438, 2009, p. 21.
1. Introdução - 27
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Clique nos números abaixo.
9.Falta
Delaminação
de fusão
9
6. Deposição
3. Falta de Falta de fusão 8. Dupla
Falta de fusão 1.Falta
Porosidade
de fusão insuficiente Falta de fusão
laminação
fusão
8
6 2. Inclusão
Falta de fusão
3 1b 1a 1c
Falta de fusão
5. Mordedura
o11.
ãsufTrincas
ed atlaF
1d
2a
5 2a
o11.
ãsufTrincas
ed atlaF 1.Falta
Porosidade
de fusão
o11.
ãsufTrincas
ed atlaF
2. Inclusão
Falta de fusão o11.
ãsufTrincas
ed atlaF
4
10
7
4. Falta de
10. de
Dobra Falta de fusão
Falta fusão penetração
7.Falta
Sobreposição
de fusão
Figura 1.17 – Terminologia das descontinuidades. Fonte: API 577, 2004, p. 23.
1. Introdução - 28
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Importante!
Figura 1.18 – Terminologia das descontinuidades: (a) falta de penetração, (b) inclusão de escória,
(c) porosidade. Fonte: adaptada de QUITES, 2009.
Importante!
1. Introdução - 29
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Este gás pode ser proveniente de umidade, da atmosfera ou gás de proteção. Os poros
são observados nas radiografias como esses pontos circulares mais escuros. Pode assu-
mir as formas de um poro isolado, poros distribuídos aleatoriamente, alinhados, de for-
ma alongada, entre outras, Figura 1.19. Não é considerado um defeito tão crítico como
um defeito planar (trinca, falta de fusão) em virtude da sua forma globular. As principais
causas de formação de porosidade são:
1. umidade ou contaminação do metal de base;
2. tensão alta, grande comprimento do arco;
3. fechamento de arco abrupto;
4. falha na vazão do gás de proteção da poça de fusão (insuficiente ou em excessiva);
5. eletrodo ou fluxo úmidos;
6. furo ou rachaduras na mangueira de gás de proteção;
7. oxidação no consumível;
8. volatilização de compostos oriundos do processo.
Porosidade em duto
Porosidade alinhada
com trinca
Porosidade alongada
Figura 1.19 – Imagens de porosidades afloradas Fonte: AWS VIW-M, 2008, p. 2-2 a 2-4.
1. Introdução - 30
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
A falta de fusão é a fusão incompleta entre a zona fundida e o metal de base ou entre
passes da zona fundida, podendo estar localizada na zona de ligação, entre os passes
e na raiz da solda, Figura 1.20 e Figura 1.21. A radiografia apresenta uma linha escura
contínua que delimita a região com falta de fusão.
Falta de fusão
Falta de fusão
em chanfro
Falta de fusão
entre cordões
Figura 1.20 – Fotos de falta de fusão Fonte: AWS VIW-M, 2008, p. 2-2 a 2-4.
1. Introdução - 31
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Falta de fusão
Figura 1.21 – Terminologia das descontinuidades – falta de fusão. Fonte: ADAPTADA DE QUITES, 2009.
1. Introdução - 32
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
A falta de penetração é insuficiência de metal na raiz da solda, Figura 1.22 e Figura 1.23.
Observamos duas linhas escuras no centro da radiografia representando a falta de pe-
netração. As principais causas para a falta de penetração são:
Penetração
incompleta
Figura 1.22 – Fotos de falta de penetração Fonte: AWS VIW-M, 2008, p. 2-2 a 2-4.
1. Introdução - 33
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
(a) Falta de penetração
Figura 1.23– Terminologia das descontinuidades – falta de penetração. Fonte: ADAPTADA DE QUITES, 2009.
1. Introdução - 34
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Mordedura é depressão sob a forma de entalhe, no metal de base acompanhando a mar-
gem da solda, Figura 1.24 e Figura 1.25. Na radiografia observamos uma região mais
escura que representa a mordedura, mas, em alguns casos, ela pode ser confundida com
inclusão de escória alinhada. As principais causas para ocorrência de mordeduras são:
Figura 1.24 – Foto de mordedura. Fonte: AWS VIW-M, 2008, p. 2-2 a 2-4.
1. Introdução - 35
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Mordedura
Figura 1.25 - Terminologia das descontinuidades – mordedura. Fonte: ADAPTADA DE QUITES, 2009.
1. Introdução - 36
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
E inclusão de escória é qualquer material não metálico retido na zona fundida, podendo
ser alinhada, agrupada ou isolada. A escória fica aprisionada no metal de solda pela de-
ficiência na limpeza ou pela geometria do cordão de solda que impossibilita uma limpeza
adequada, Figura 1.26(a). As trincas longitudinais e transversais podem ser observadas
na Figura 1.26(a) e Figura 1.26(b) pontual entre os passes. Quando aparece continua-
mente, pode estar associada com parâmetros de soldagem inadequados, como tensão
muito baixa. Já a inclusão de tungstênio está relacionada com a soldagem com o toque
acidental do eletrodo de tungstênio inerte na poça de fusão no processo Gas-Shielded
Tungsten Arc Welding (GTAW) Figura 1.23(c). Outros exemplos são apresentados nas Fi-
guras 1.27 e 1.28.
Figura 1.26 – Terminologia das descontinuidades – inclusão (a) trinca (b) inclusão de óxido e (c) de tungstênio.
Fonte: ADAPTADA DE QUITES, 2009.
1. Introdução - 37
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Steel grade: 2205
Plate thickness: 15 mm
Welding method: FCAW
(against round backing)
Joint design: Half V-joint
α = 30o
D = 2 mm
C = 3 mm
Wekling position: PB
Figura 1.28 – Junta soldada com inclusão de escória. Fonte: AWS VIW-M, 2008, p. 2-2 a 2-4.
1. Introdução - 38
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Deposição incompleta
Figura 1.30 – Juntas soldada com deposição incompleta. Fonte: AWS VIW-M, 2008, p. 2-2 a 2-4.
A sobreposição é uma descontinuidade superficial que atua como entalhe causado pela so-
breposição e falta de fusão do metal de solda na superfície ou na raiz. A causa é geralmente
provocada pela excessiva velocidade de soldagem principalmente no processo GMAW utili-
zando como gás o argônio. As Figuras 1.31 e 1.32 ilustram esta descontinuidade.
1. Introdução - 39
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Sobreposição
Figura 1.31 – Juntas com sobreposição. Fonte: AWS VIW-M, 2008, p. 2-2 a 2-4.
Figura 1.32 – Juntas soldada com sobreposição. Fonte: AWS VIW-M, 2008, p. 2-2 a 2-4.
1 2 3 4 5 6
cuidado na abertura do arco (inclusão de tungstênio) ou utilização de equipamentos de
técnica
limpeza
aumentar
remover de
da deposição
escória
a ocorrosão
acabamento ângulo
côncavo evitando-se
entre
das
do passes;
juntas;
metal
do de de
cordão um
base; passe
solda com remoção
facilita excessivada
oscilação
escória.lateral;
alta frequência que permitam abertura do arco sem tocar a peça;
1. Introdução - 40
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
A penetração excessiva é um pequeno reforço de raiz ou concavidade são normalmente
toleradas. Como regra básica, não é permitido excessivo reforço da raiz porque se torna
um local preferencial para falhas, como:
Figura 1.33 – Juntas com concavidade (a) e penetração excessiva (b). Fonte: ADAPTADA DE QUITES, 2009.
A dupla laminação não é um defeito de soldagem, contudo chapas com dupla lami-
nação provocam decoesão lamelar (esforço de contração no sentido da espessura
− força trativa).
1. Introdução - 41
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
É uma descontinuidade no material de base alinhada e paralela à superfície do metal.
Essa região pode apresentar descontinuidade microestrutural (separação) ou baixa re-
sistência mecânica. São formadas por vazios de gás ou inclusões não metálicas no lin-
gote e transferidos para as chapas quando laminadas. É encontrada geralmente através
do corte da chapa a quente – chama - ou através de ensaios não destrutivos (ultrassom
- UT, líquido penetrante - LP, partículas magnéticas - PM).
Figura 1.34 – Dupla Laminação. Fonte: AWS VIW-M, 2008, p. 2-2 a 2-4.
Furo na solda
Imperfeição localou
napenetração Imperfeição
Imperfeição
de local na
excessiva
superfície do metal local na superfície
superfície do de
do metal
localizada resultanteda
base resultante daabertura
perfuração metal
base
do banho
do arco de base
resultanteresultante
da da
abertura abertura
do arco
de fusão duranteelétrico do arco elétrico,
a soldagem, Figura 1.36; elétricoFigura 1.35;
Junta soldada
Imperfeição localde
natopo cujas superfícies
superfície do metal de
das peças
base apresentam-se
resultante desalinhadas,
da abertura do arco
excedendo a configuração
elétrico do projeto,
Figura 1.38;
4. Desalinhamento
1. Introdução - 42
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Figura 1.35 – Abertura de Arco. Figura 1.36 – Perfuração na Raiz.
Fonte: AWS VIW-M, 2008, p. 2-2 a 2-4. Fonte: AWS VIW-M, 2008, p. 2-2 a 2-4.
Embicamento
1. Introdução - 43
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
1.4 NOÇÕES DE SIMBOLOGIA DE SOLDAGEM
Nas diferentes culturas, são adotados símbolos para representar informações comuns,
que são entendidas por todos. Os hieróglifos eram perfeitamente entendidos pelos
egípcios, apesar de serem para nós inteligíveis. Mesmo na cultura moderna, as letras
árabes e chinesas, para nós ocidentais, não são compreendidas.
da seta
referência
lado
Cauda do símbolo
(pode ser omitida
quando não se usar Linha de chamada (seta
nenhuma referência) ligando a linha de
(N) referência com o lado
da seta no membro da
Número de soldas por pontos, junta ou lado da seta
Símbolo de solda da junta.)
(símbolo básico de costura, stud, tampão (plug) ou
fenda (slot) ou soldas por projeção.
solda ou referência
de detalhe de solda a Elementos nesta área
ser consultado) permanecerão como mostrado
quando a cauda e flecha são
invertidos.
1. Introdução - 44
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
A estrutura básica dos símbolos é uma linha de referência, uma cauda e uma seta,
Figura 1.41.
Linha de referência
Cauda
Seta
Figura 1.41 - Estrutura básica dos símbolos de soldagem. Fonte: PECLY, 2012.
9. Passe de cobrejunta
1. Introdução - 45
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
No. Denominação Ilustração Símbolo
Figura 1.42– Representação dos chanfros. Fonte: MECHANICAL, 2013, traduzido pelos autores.
1. Introdução - 46
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
A representação de solda em ângulo e soldagem de revestimento, entre outras, são
mostradas na Figura 1.44. São muito utilizadas nos desenhos da indústria do petróleo,
bem como símbolos de soldagem em todo o contorno e solda de campo na Figura 1.45.
Solda de um
Solda
Solda no lado com Cobre-junta,
em todo Perfil
campo projeção no espaçador
contorno
lado oposto
Serão mostrados alguns exemplos que auxiliarão o entendimento dos principais símbo-
los de soldagem.
Neste primeiro exemplo, observamos dois símbolos muito utilizados, o que mostra que
a soldagem do tubo deve ser realizada em todo o contorno e o símbolo de solda em
ângulo com uma perna de 1/8”.
1/8
A Figura 1.46 traz a diferença entre a soldagem de campo, representada pela bandeira e
pela soldagem em oficina, que pode ser no pipe shop, fábrica, manutenção de um equi-
pamento, entre outros.
1. Introdução - 47
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Dique seco
Oficina X
5 5
5
5
Figura 1.47 – Representação da soldagem de mesmo lado e lado oposto de uma solda em ângulo com uma
perna de 5 mm. Fonte: PECLY, 2018.
1. Introdução - 48
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
60o
60o
60o
60o
Figura 1.48 – Representação da soldagem de mesmo lado e lado oposto de um chanfro em V com ângulo de
chanfro de 60º. Fonte: PECLY, 2018.
A abertura de raiz de 3 mm é mostrada nesta Figura 1.49, que também representa uma
solda de topo com ângulo de bisel de 60º.
60o
3
60o
3
Figura 1.49 – Representação da soldagem com uma abertura de raiz de 3 mm em um chanfro em V com ângu-
lo de chanfro de 60º. Fonte: PECLY, 2018.
1. Introdução - 49
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
muito rápida. É muito comum a remoção de cordões de solda de passes de raiz cujas
propriedades não estão adequadas às exigências de projeto.
Figura 1.50 – Diferença entre solda com projeção do lado oposto e solda com goivagem no passe de raiz.
Fonte: PECLY, 2018.
200
6 200-300
4 200-300 200
300
300
200
200
300
300
4 6 200
4 6 200
Figura 1.51 – Representação de uma solda em ângulo de soldas descontínuas com pernas diferentes de 4 e
6 mm com 200 mm de comprimento Fonte: PECLY, 2018.
1. Introdução - 50
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Esta representação, Figura 1.52, de símbolos compostos com uma sequência de opera-
ções com uma seta quebrada, indica o local exato onde o chanfro deverá ser realizado.
Assim, a sequência de soldagem faz com que, inicialmente, deva ser feito um chanfro de
45º, o seu enchimento, em uma segunda etapa, e finalizando com uma solda em ângulo
de 5 mm de perna.
45o
45o
45o
Figura 1.52 – Representação de uma solda com símbolos compostos em uma solda em ângulo com penetra-
ção total em um ângulo de 45º e perna de 5 mm.
Fonte: PECLY, 2018.
1. Introdução - 51
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
1o
2o
3o
Os ensaios não destrutivos também são representados por símbolos. Nas representa-
ções indicadas no Quadro 1.1 e na Figura 1.54, observamos em (a) a representação de
um ensaio de líquido penetrante em 50% da extensão da solda. Na (b), um ensaio de
partículas magnéticas de 2000 mm de extensão na solda. A (c) traz a representação de
um ensaio visual em 75% da extensão total da solda. E, por fim, a (d) traz a necessidade
de se efetuar o ensaio radiográfico em 1000 mm da solda.
Quadro 1.1 – Relação entre a simbologia das normas Petrobras e AWS A2.4 (2012). Fonte: PECLY, 2018.
1. Introdução - 52
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
PM 2000
LP 50%
RAD 1000
EV 75%
Figura 1.54 – Símbolos de ensaios não destrutivos
Fonte: PECLY, 2018.
Importante!
Diversas outras representações são utilizadas, contudo estas acima foram citadas
com o intuito de facilitar o entendimento das demais.
1. Introdução - 53
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
2. INTRODUÇÃO AOS PROCESSOS DE SOLDAGEM
Uma variável fundamental para a garantia de execução de juntas soldadas de qualidade que atendam
aos requisitos de projeto é a correta seleção dos processos de soldagem. Por isso, os principais proces-
sos de soldagem serão abordados, bem como essas características que os diferenciam para cada aplica-
ção na indústria do petróleo
Analisando a história dos processos de soldagem, Gráfico 2.1, vemos que o arco elétrico foi descoberto
no começo do século XIX, todavia somente foi utilizado para a soldagem no início do século XX, com o
processo de soldagem a arco com utilização de eletrodos revestidos.
Número de processos desenvolvidos, cumulativo
Plasma-MIG
40
MIG/MAG Duplo pulso
MIG/MAG Duplo-Arame e MIG-laser
MIG-Brazing
Fricition stir welding
Laser
TIG multieletrodo
30 MIG/MAG Pulsado
MAG curto-circuito controlado
Plasma
Feixe de elétrons
Atrito
Eletrogás
Eletroescória
Explosão
20 Ultrassom
MIG/MAG
TIG
Arco submerso
10
A fim de incrementar a produtividade, foi criado o processo de soldagem com arco submerso, entretanto
ele tinha limitação de utilização pela posição. Ainda nos anos 1930, foram criados o processo de solda-
gem com a utilização de eletrodos inertes de tungstênio com proteção gasosa adicional e o processo de
soldagem com eletrodo consumível com proteção gasosa adicional. Esses processos formaram a base
de utilização na indústria nacional durante todo o século XX e se constituem em uma parcela importante
no século XXI. Novos processos foram sendo criados a partir dos anos 1950, buscando atingir melhorias
específicas para cada aplicação.
Entre eles, destacamos os processos por atrito, processos laser, processos híbridos e automação dos
processos que têm recebido um foco especial na pesquisa para aplicação na indústria do petróleo.
No Brasil, ainda estamos buscando a utilização de técnicas mais modernas nos processos de fabricação,
construção e montagem e manutenção, Gráfico 2.2. Os processos manuais tendem a ser substituídos
por processos de mais alta produtividade.
2. Introdução aos
55
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
SMAW GMAW SAW FCAW
Mil toneladas
6.000
5.000
4.000
3.000
2.000
1.000
0
1998 2001 2004 2007f 2010f 2013f
Gráfico 2.2 - Parcela de utilização dos processos de soldagem. Fonte: ESAB, 2006 apud ANDRADE, 2007, p. 27.
Saiba Mais
Um vídeo introdutório de processos de soldagem a arco elétrico pode ser observado em:
https://www.youtube.com/watch?v=jQddm3YONNc
https://www.youtube.com/watch?v=TeBX6cKKHWY&list=PLC24CB553EC13610E&index=2
Importante!
2. Introdução aos
56
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.1 PROCESSO DE SOLDAGEM ELETRODO REVESTIDO / SHIELDED
METAL ARC WELDING (SMAW)
O processo de soldagem a arco elétrico com eletrodos revestidos é, ainda hoje, um dos mais importan-
tes. Pois, além de ser o mais antigo, apresenta uma versatilidade significativa para a aplicação industrial,
como na manutenção onshore e offshore.
É o processo mais tradicional e, geralmente, é aplicado com maior segurança pelos soldadores e
pela indústria em geral.
A soldagem com o processo eletrodo revestido é obtida pelo estabelecimento de um arco elétrico na ex-
tremidade de um eletrodo metálico revestido e a peça que está sendo soldada − metal de base, Figura 2.1.
DIREÇÃO DE
Eletrodo revestido
SOLDAGEM
Alma
Revestimento
Gás de
proteção Poça de fusão
gerado
Escória
Arco
Metal
de solda
Metal base
Figura 2.1 - Esquema representativo do processo de soldagem SMAW. Fonte: OS AUTORES, 2019.
O eletrodo revestido consiste em um arame metálico (alma), que conduz a corrente elétrica e fornece metal de
adição para o preenchimento da junta, recoberta por um revestimento. Esse revestimento é uma mistura de
diferentes materiais fusíveis, que tem por função iniciar e estabilizar o arco elétrico, proteger a poça de fusão
e o metal de solda da atmosfera, ajustar a composição química do cordão e eliminar as impurezas do metal
de solda pela formação de escória, garantindo as propriedades mecânicas e metalúrgicas da junta soldada.
Ao iniciar o arco elétrico, é gerada uma quantidade de calor suficiente para fundir a alma, o revestimento
e o metal base, formando a poça de fusão. O metal fundido do eletrodo é transferido através do arco até
a poça de fusão do metal de base, formando, assim, após sua solidificação, o metal de solda depositado.
A proteção, contra ação da atmosfera, é obtida através da geração de gases oriundos da queima do re-
vestimento e da formação da camada de escória. À medida que o arco elétrico se desloca sobre o metal
de base, a poça de fusão se solidifica formando o cordão de solda e a escória protetora, que tem como
função controlar o resfriamento da junta soldada e proteger o cordão de solda da oxidação atmosférica,
influenciando no aspecto final do cordão, Figura 2.2.
2. Introdução aos
57
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.2 - Cordão de solda com escória realizado pelo processo SMAW. Fonte: WELD VISION, 2014.
A soldagem com eletrodos revestidos é usada na fabricação e montagem de diferentes equipamentos e es-
truturas, tanto em oficina como no campo. Pode ser utilizada em grande número de materiais, tais como: aços
carbono, aços de baixa liga, média e alta liga, aços inoxidáveis, alumínio, cobre, níquel e suas respectivas ligas.
O processo é de baixo custo, versátil e de fácil aprendizagem, entretanto apresenta baixa produtivi-
dade pela necessidade de constante troca de consumível (também há perdas, pois o consumível não é
integralmente utilizado).
Saiba Mais
https://www.youtube.com/watch?v=elmDvqdeMKI
https://www.youtube.com/watch?v=2537L5H7NiY
2. Introdução aos
58
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Fonte de energia
Eletrodo
Porta
consumível
eletrodo
Metal de base
+ -
Grampo
Ligação da peça à fonte
Ligação da fonte ao eletrodo
Figura 2.3 - Representação do esquema de alimentação de SMAW. Fonte: OS AUTORES, 2018
Importante!
2. Introdução aos
59
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Tensão
Tensão
em vazio
“Slope”
Corrente de
curto circuito
Corrente
Gráfico 2.3 - Característica da fonte de corrente constante. Fonte: MODENESI, 2009, p. 5.
A tensão em vazio V0 é da ordem de 50 a 100 volts. Valores mais elevados de tensão em vazio facilitam
a abertura do arco, sua manutenção ou reignição, no caso de soldagem com corrente alternada, mas
representam um risco maior para o soldador em termos de choque elétrico. Após a abertura do arco,
essa tensão em vazio cai para o valor de trabalho, entre aproximadamente 17 e 36 volts e a corrente de
soldagem se aproxima do valor selecionado. Porém, por questões de segurança, essa tensão é limitada a
100 volts. Tanto esta quanto a tensão de circuito aberto são características da fonte de soldagem.
As fontes de energia utilizadas para soldagem exercem grande influência sobre o desempenho de
um processo de soldagem (qualidade e produtividade). Deve transformar a energia da rede, que é
de alta tensão e baixa corrente em energia de soldagem, que é de baixa tensão e alta corrente.
Entre as fontes para soldagem com esse processo, Figura 2.4, o transformador para corrente alternada é
a configuração mais simples e barata, tanto do ponto de vista do investimento inicial como de operação
e manutenção. No caso da corrente contínua, duas configurações tradicionais podem ser utilizadas: uni-
dades geradoras e/ou transformador-retificadoras. A primeira é usada mais extensivamente para tra-
balhos em canteiros, particularmente onde um suprimento elétrico adequado não é disponível. Em caso
contrário, os retificadores tendem a ser preferidos, em virtude de sua operação silenciosa, baixo custo
de operação e reduzida manutenção, devido ao número mínimo de partes móveis.
2. Introdução aos
60
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.4 - Fontes de soldagem. Fonte: SENAI, 2011.
Como esse é um processo manual, as variações do comprimento do arco elétrico irão ocorrer durante
a soldagem decorrentes do consumo constante do eletrodo revestido, diminuição do seu tamanho e
da movimentação do soldador para manter esse comprimento do arco constante. Para compensar essa
variação do arco elétrico, as fontes de soldagem utilizadas, são fontes com características de saída do
tipo corrente constante. O Gráfico 2.4 apresenta a curva característica de saída (característica estática)
de uma máquina de solda do tipo corrente constante, também conhecida como curva tombante.
Tensão,V
Curva característica
para fonte de corrente
Ponto de
∆V operação
Corrente, A ∆I
Gráfico 2.4 - Curva tombante. Fonte: adaptado de https://demet.eng.ufmg.br/laboratorios/laboratorio-de-
-soldagem/ acessado em 18/03/2018
2. Introdução aos
61
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Nesse tipo de fonte, as variações no comprimento do arco podem resultar em grandes alterações na
tensão que são compensadas por pequenas variações na corrente. Mesmo no caso de curto-circuito
(eletrodo tocando a peça), o valor da corrente sobe até um valor relativamente baixo, suportável pela
máquina durante um pequeno intervalo de tempo.
O comprimento do arco e o tipo de eletrodo revestido determinam o valor da tensão do arco. Se o com-
primento do arco for alongado, a tensão do arco aumenta e a corrente diminui até a extinção do mesmo.
A mudança na corrente, que é produzida por mudanças no comprimento do arco, é determinada pela
inclinação da curva tensão-corrente (Gráfico 2.4), dentro da faixa de corrente utilizada, Quadro 2.1.
Quadro 2.1- Fontes de soldagem relacionadas com a aplicação. Fonte: SENAI, 2011.
Importante!
2. Introdução aos
62
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.1.1.2 Porta-Eletrodo
O porta-eletrodo ou alicate para fixação dos eletrodos é um acessório usado para fixar mecanicamente o
eletrodo possibilitando a passagem segura da corrente elétrica de soldagem para o eletrodo revestido,
Figura 2.5. A especificação do porta-eletrodo é realizada em função da faixa de corrente elétrica a ser
conduzida pela variação do diâmetro da alma do eletrodo a ser utilizado. Deve-se, ainda, levar em consi-
deração fatores ergonômicos, como leveza e facilidade de manuseio. As garras do porta-eletrodo devem
estar sempre em bom estado de conservação, o que ajudará a evitar os problemas de superaquecimento
e má fixação do eletrodo, podendo vir a soltar-se durante a soldagem.
2. Introdução aos
63
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
O diâmetro dos cabos, Figura 2.7, depende da corrente de soldagem, do ciclo de trabalho do equipamen-
to, do comprimento total dos cabos do circuito e da fadiga do operador. Enquanto para os três primeiros
itens seria ideal o cabo com o maior diâmetro possível (menor chance de superaquecimento para os dois
primeiros e menor perda de corrente para o terceiro), no último item é exatamente o oposto, devido ao
peso dos cabos e consequentemente a fadiga do soldador.
2. Introdução aos
64
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Corrente Alternada – (CA) - É obtida a partir do estabelecimento de uma diferença de potencial
elétrico entre dois terminais (polos), cuja polaridade (sentido de passagem real de corrente elé-
trica por um trecho do circuito elétrico) é alternadamente positiva e negativa. Geralmente, não é
muito utilizada nas aplicações de campo.
Corrente Contínua – (CC) - A corrente contínua é definida como a que se obtém a partir do estabe-
lecimento de uma diferença de potencial entre dois terminais cujas polaridades são invariáveis no
tempo. As características principais são apresentadas no Quadro 2.2.
Corrente contínua
2. Introdução aos
65
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Corrente contínua polaridade inversa (CC+) - Nessa configuração, temos o eletrodo conectado no polo
positivo da fonte de soldagem e a peça obra conectada no polo negativo, Figura 2.8, fazendo com que o
eletrodo consumível fique mais quente do que a peça a ser soldada, proporcionando maiores penetra-
ções do cordão de solda e menores taxas de deposição. Os elétrons se deslocam da peça para o eletro-
do. Essa configuração é a comumente utilizada na soldagem com o processo SMAW.
Fonte de energia
Eletrodo
+
-
+ -
Polaridade inversa
Figura 2.8 - Eletrodo com polaridade inversa. Fonte: OS AUTORES, 2018.
Corrente contínua polaridade direta (CC-) - Nessa configuração, teremos o eletrodo conectado no
polo negativo da fonte de soldagem e a peça obra no polo positivo, Figura 2.9.
Produz uma maior taxa de deposição com uma menor profundidade de penetração. Elétrons des-
locam-se do eletrodo para peça.
2. Introdução aos
66
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Fonte de energia
Eletrodo
-
- +
Polaridade direta
Figura 2.9 - Eletrodo com polaridade direta. Fonte: OS AUTORES, 2018.
+ -
+
- h1
h2 h3
Figura 2.10 - Influência do tipo de corrente e da polaridade na penetração. Fonte: OS AUTORES, 2018.
Para o processo SMAW, é necessário um cuidado quanto à corrente, pois o excesso de corrente provoca a
quebra do revestimento isolante (chegando ao rubro) em função da dilatação interna da alma metálica,
comprometendo a qualidade final do depósito (perda de elementos químicos e proteção).
A alma do eletrodo revestido de aço inoxidável austenítico, por exemplo, apresenta baixo coeficiente de
condutibilidade térmica, alto coeficiente de expansão térmica e sofre grande aquecimento por ser mais
resistivo à passagem da corrente (necessita apurado controle da corrente para garantia da integridade
do revestimento).
2. Introdução aos
67
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.1.3 Consumíveis
O único material consumível desse processo de soldagem é o eletrodo revestido. Ele é constituído por
uma vareta metálica, a alma, com diâmetro entre 1,5 e 8 mm e comprimento entre 23 e 45 cm, recoberta
por uma camada de fluxo, o revestimento, conforme ilustra a Figura 2.11.
Ponta
de arco Revestimento
Ponta de
contato ponto
de pega
Alma
metálica
2. Introdução aos
68
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Os revestimentos apresentam diversas funções.
Função elétrica
Função mecânica
metalúrgica e -operatória
- Em - Durante
O revestimento,
trabalhos com a alternada,
ao fundir,
corrente fusão
criados
uma eletrodos,
atmosferaocorre
utilizando-se gasosa emque
um eletrodo sua extremidade
protege
sem uma
a alma fun-
revestimento
e sem nenhum outro tipo de proteção, é impossível estabelecer um arco elétrico. Porém, graças àa
depressão
dida e a poça que
de chamamos
fusão contrade ocratera.
oxigênio A eprofundidade
nitrogênio do dessa
ar. Elecratera tem
formará, influência
também, uma direta sobre
escória com-
facilidade
posta
ação de utilização
de carbonatos
ionizante do eletrodo,
e silicatos,
dos silicatos que sobre
contidos énomais asleve
dimensões das gotas
que o ametal
revestimento, fundido
passagem e aecorrente
da viscosidade
que protegerá da escória.
o banho
é facilitada entreUm
deo
eletrodo
fusão
eletrodonãoedea boa
peçaqualidade
somente contradeve
a soldar. apresentar
a oxidação a crateramas
e nitretação, maistambém
profundacontra
e as gotas mais finas. Além
um resfriamento disso,
rápido. A
a cratera
escória servirá também
constitui um isolantepara guiar as
térmico quegotas
terádo as metal fundido.
seguintes funções:
Ele deve possibilitar abrir e estabilizar o arco, regular a penetração e diminuir a produção de salpicos.
Ainda, deve aproduzir
- permitir liberaçãoumados escória
gasesque solidifique
retidos apósdo
no interior o metal
metalde solda, comevitando
depositado, viscosidade
comeisto
tensão na
a for-
interface
Assim,
mação com o metal
a presença
de poros; de solda adequadas
do revestimento e serpermitirá:
no eletrodo facilmente destacável.
a utilização
- desoxidar de tensões,
a poça mesmo em trabalhos com corrente alternada (40 a 80 V), possibilitando
de fusão;
assim uma redução do consumo de energia no primário e um considerável aumento da segurança
-dominimizar
soldador;a taxa de resfriamento do cordão, diminuindo a possibilidade de têmpera do cordão;
- fornecer elementos
a continuidade de ligas em eletrodos
e, consequentemente, sintéticos, que
a estabilidade são aqueles eletrodos cuja alma é de aço
do arco.
carbono e os elementos de liga são aportados pelo revestimento.
“Quando aplicados no exterior, devem ser certificados por OCP acreditado pelo
INMETRO ou por OCP estrangeiro, previamente aprovado pela PETROBRAS,
segundo o ISO GUIDE 65”.
Esse órgão no Brasil é a Fundação Brasileira de Tecnologia de Soldagem (FBTS), segundo as normas de
qualificação AWS, como, por exemplo:
2. Introdução aos
69
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Clique nos itens.
1 2 3 4 5 6 7 8
A AWS criou um padrão para a identificação dos eletrodos revestidos que é aceito, ou pelo menos conhe-
cido, em quase todo o mundo. Devido à sua simplicidade, essa é a especificação mais utilizada no mundo
atualmente para identificar eletrodos revestidos. A seguir, o exemplo para os consumíveis segundo a
normas AWS 5.1.
EXX(X)YZ
Onde:
A Erro! A Tabela 2.1 apresenta o limite de resistência para as principais classes de eletrodos revestidos.
E60xx 60.000
E70xx-X 70.000
E80xx-X 80.000
E90xx-X 90.000
E100xx-X 100.000
E110xx-X 110.000
E120xx-X 120.000
Tabela 2.1- Exemplos de eletrodos com seus limites de resistência mínimos. Fonte: AWS A5.1, 2012, p. 4.
2. Introdução aos
70
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Informação Importante
Notas:
(1) Os corpos de prova são preparados em condições padronizadas especialmente no que se
refere ao pré-aquecimento, temperatura entre passes e tratamentos térmicos.
(2) Valor exigido para os eletrodos E6010, E6011.
(3) Valor exigido para os eletrodos E6012, E6013.
(4) Valor exigido para os eletrodos de aço carbono.
Os demais valores correspondem aos eletrodos de baixa liga.
O terceiro algarismo especifica as posições em que o eletrodo pode ser empregado com resultados sa-
tisfatórios. Conforme mostra o Quadro 2.3.
Eletrodo Posições
Exx1x-X Todas
Exx2x-X Horizontal (em ângulo). Plana
Exx3x Plana
No Quadro 2.4, são apresentados exemplos de revestimentos com os tipos de corrente mais adequados,
e no Quadro 2.5 para os aços cromo-molibdênio.
Exx10-X Alta celulose aglomerado com silicato de sódio CC+ (polaridade inversa)
CA
Exx11-X Alta celulose aglomerado com silicato de potássio
CC+ (polaridade inversa)
Óxido de titânio aglomerado com silicato de CA
Exx13-X
potássio. CC ambas as polaridades
Quadro 2.4 - Exemplos de eletrodos com especificações dos revestimentos e tipos de corrente.
Fonte: ASME sec. II part C, p. 36, 2019.
2. Introdução aos
71
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Eletrodo Composição aproximada
Exxxx-A1 C-0,5%Mo
Exxxx-B1 0,5%Cr-0,5%Mo
Exxxx-B2 1,25%Cr-0,25%Mo
Exxxx-C1 2,5%Ni
Exxxx-C2 3,5%Ni
Exxxx-C3 1,0%Ni
Exxxx-B3 2 1/4%Cr-1%Mo
Exxxx-D1 1,5%Mn-1,5%Mo
Exxxx-D2 2%Mn-1,5%Mo
Aço de alta resistência baixa liga. Para atender aos requisitos de liga
do grupo “G”, o metal de solda não diluído deve ter pelo menos um
Exxxx-G
dos elementos (Mn, Ni, Cr, Mo e V). Requisitos químicos adicionais
podem ser acordados entre o comprador e o fornecedor.
Quadro 2.5 - Designação da composição química. Fonte: ASME sec. II part C, p. 36, 2019.
2. Introdução aos
72
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Clique nos itens.
Revestimento Ácido
básico
celulósico
oxidante
rutílico
O revestimento celulósico
básico produz produz uma escória
cordões de solda fina
comdurante
baixo ateor
soldagem, o que possibilita
de hidrogênio o uso
e excelentes desse
proprie-
ÉOumrevestimento
revestimento oxidante
adebase édeconstituído
utilizaçãoóxidos decom
geral, ferro,
de pó de
50% dede
manganês,
ferro e óxido
rutilo. de de
A sua titânio
manganês.
ou deésilício,
penetração Por ter
média,fazem
características
com com que
escória a
fa-
dades mecânicas
eletrodo na posição (emvertical
especial descendente.
a tenacidade Esse
comumente
revestimentomedidaproduz
pela um
resistência
cordão deao solda
impacto).
com Esse
uma
cilmente
escória
oxidantes,destacável
apresente e de rápida
ele se combina
caráter ácido, osolidificação.
com volumosa,
hidrogênioleve Éeum eletrodo
diminuindo
com de fácil manipulação
alta destacabilidade.
o percentual desse e derazoavelmen-
Penetração
elemento propriedades
no metal de
tipo de penetração
grande revestimento e confere
é indicadoao eletrodo boa facilidade
para aplicações de altade uso. Devido a essas
responsabilidade, paracaracterísticas,
soldagem de ogran-ele-
mecânicas
te
solda.
boa,Por não
de compatíveis
taxaisso, deposição é com
um nicho importante a aplicação
elevada, limitadaindustrial.
de aplicação
a posição
dessederevestimento
soldagem plana é nos
e horizontal.
desenvolvimentos
Para evitar
da
des espessuras
trodo com revestimento
e para estruturas
celulósicode é alta
muitorigidez.
utilizadoÉ também
na soldagem
o maisdo usado
passenadesoldagem
raiz de oleodutos
de aços de e
trinca
soldagem
de solidificação,
subaquática émolhada
importante como o metal
mostrado
baseno terGráfico
teores2.5.
de carbono e impurezas mais baixos.
composiçãoEsses
gasodutos. químicaeletrodos
desconhecida
são limitados
ou de pior
à aplicação
soldabilidade,
aos nãocomo
suscetíveis
os aços aos
de alto
modos
teordedefragilização
carbono e/
outrincamento
e enxofre. Revestimentos
pelo hidrogênio básicos
porque
são introduzem
altamente higroscópicos,
grandes quantidades
ou seja, absorvem
de hidrogênio
comnofacilidade
metal de a
umidade do ambiente, requerendo cuidados especiais de armazenagem
solda. e secagem, Figura 2.12.
i
tíl
Ox
s
Re
sic
2. Introdução aos
73
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.1.6.1 Estufas
A estufa para armazenagem ou recebimento de eletrodos revestidos, eletrodos nus, eletrodos tubula-
res, varetas e fluxos deve dispor de meio de aquecimento, termômetro e higrômetro. Essas estufas não
devem ser ligadas diretamente na fonte de soldagem. As estufas para secagem de eletrodos revestidos
e fluxos, em especial os básicos, devem dispor de resistências elétricas, para controlar e manter a tem-
peratura de até 400 ºC, e de termômetro, termostato e respiro com diâmetro superior a 10 mm e devem
seguir o esquema de secagem da Figura 2.12.
Estufa de armazenamento
Temperatura interna 10ºC acima da externa
Temperatura não deve ser inferior à 20ºC
2. Introdução aos
74
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Estufa de secagem Estufa de manutenção Estufa portátil
A estufa para secagem de eletrodos revestidos básicos deve ter prateleiras perfuradas ou em forma de
grade, afastadas das paredes verticais de, no mínimo, 25 mm.
As estufas para manutenção da secagem de eletrodos revestidos devem dispor de termômetro, termos-
tato e de resistências elétricas, para controlar e manter a temperatura de até 200 oC. As estufas para
manutenção da secagem de eletrodos revestidos devem ter prateleiras furadas ou em forma de grade.
A estufa portátil para manutenção da secagem (cochicho) de eletrodos de revestimento básico deve dispor de
resistências elétricas, para garantir a temperatura entre 80 oC e 150 oC, e ser de uso individual de cada soldador.
As estufas devem estar calibradas, conforme Figura 2.13, e referenciada na N-133 (PETROBRAS, 2017).
1 2 3 4 5
2. Introdução aos
75
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Para eletrodos, arames, varetas, fluxos:
1 2 3 4 5
» identificação da embalagem,
» nome do fabricante,
» classificação AWS correspondente,
» diâmetro do eletrodo,
» número do lote ou corrida,
» data de fabricação,
2. Introdução aos
76
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
b. controle de recebimento:
2. Introdução aos
77
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.17 - Destacamento com exposição da alma. Fonte: SENAI, 2011.
2. Introdução aos
78
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
d. identificação de eletrodos, Figura 2.21:
E8018 - C2
Distância ≤ 65 mm
Os principais modos de transferência metálica podem ser classificados como globular, curto-circuito e
goticular (spray, aerossol). O modo de transferência metálica dos eletrodos revestidos é essencialmente
uma função da composição do revestimento devido aos parâmetros de soldagem a serem utilizados. O
modo de transferência para eletrodos ácidos ou oxidantes é basicamente spray, para os eletrodos rutí-
licos é menos spray que nos eletrodos ácidos ou oxidantes, e, em eletrodos básicos, ocorre através de
gotas grandes (FELIZARDO, 2003).
A transferência metálica depende do tipo de fluxo e da polaridade de corrente, como mostrado na Figura 2.22.
2. Introdução aos
79
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.22 - Transferência metálica de cada tipo de revestimento.
Fonte: BHATT, 2016, traduzido e adaptado pelOS AUTORES.
Decorrente da corrente que circula no condutor, um campo magnético se forma, conforme mostrado na
Figura 2.23.
Uma parte da corrente que circula no condutor reage com esse campo magnético, desviando-se e cur-
vando-se. A esse fenômeno chamamos de sopro magnético e causa excesso de respingos, dificuldades
no controle da poça de fusão e da escória, pela deflexão do arco, falta de fusão ou de penetração. Pode
ser evitado:
» utilizando corrente alternada, mantendo o arco o mais curto possível, reduzindo, se possível, a
corrente de soldagem, soldando na direção de um ponto de solda já executado;
» colocando um cabo terra em volta da peça e fazendo com que a direção do campo magnético neu-
tralize o efeito causador do sopro, entre outros;
» reduzindo a velocidade de soldagem, porosidades e qualidade da solda depositada.
2. Introdução aos
80
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Eletrodo
Concentração de
Direção do linhas de campo
Eletrodo
sopro Saída de
magnético
corrente
Solda
Concentração de
Indução Peça linhas de campo
magnética
Diâmetro dodeeletrodo
Polaridade
Corrente
Comprimento
Velocidade do
soldagem
arco
A
O polaridade
velocidade
Diâmetro
comprimento
intensidade influencia
de soldagem
do eletrodo,
dadocorrente
arcoonaatipo
forma
deve eser
soldagem
de a dimensão
e soldagem tal
a espessura que
manual dopermita
da
é também poça ao
érevestimento
controlado dearco
fusão,
importante
pelo ficar
além
indicam ligeiramente
soldador
efeito de eafetar
a faixa
controlador
dependeoàtipo
frente
da de
de corrente
da transferên-
da poçasua
penetração
sua
ideal
habilidade
para de
da
utilização.
cia
solda,
e
fusão.
experiência.
e adaSe
estabilidade
largura
aDesse
velocidade
O comprimento
emodo,
dodoreforço
for
arco
a seleção
muito
elétrico.
do
muito
cordão,
alta,
do eletrodo
pequeno
A opolaridade
além
cordãoda
deve
doproduzido
diluição.
arco
inversa
levarcausa
em
Valores
(+)
será
consideração
um produz
estreito
arco
de corrente
intermitente,
maior
eadeespessura
penetração,
que
aspecto
ultrapassam
comdoinsatisfatório,
interrupções
enquanto
metalasafai-
ser
a
xas
enquanto
recomendadas
soldado,
polaridade
frequentes aque, semesmo
posição
direta
e até a(-)
pelo
velocidade
de fabricante
permite
soldagem fore baixa,
opodem
sua extinção,
penetraçãotipo torna-se
danificar
quando
de
menor,
junta difícil
o como revestimento
eletrodo controlar
empregado.
taxa “gruda”
de fusão ana
epoça
ocasionar
A soldagem
maior.
peça deCom
fusão,
acorrente
perda
resultando
originando
fora de dealternada,
posição
um resistência
em es-
cordão um
(posições a
cordão
mecânica
treito elargo,
diferentes
penetraçãocom
da
da com
eum
junta, mordeduras
aposição
taxa
reforço
além
deplana)
fusão é efeita
excessivo.
são escória
de permitir
médias,
Por dificilmente
preferencialmente
a formação
outro
maslado,
existe
deumaremovível,
respingos.
vantagem
comprimento além
com eletrodos
No dede
deentanto,
poder excesso
arco
menor
utilizarde
eletrodos
muito penetração.
diâmetro
eletrodos
longo
de diâmetros
causa
do
maiores
que
um o
utilizado
arco
e semsuportam
maiores
correntesna
direção
posição
mais e concentração,
plana, mais
elevadas.
valores devido muitos
à maiorrespingos
elevados dificuldade
de e proteção
corrente, de
dese controlar
acordo deficiente,
com aaspoça o que
de fusão.
favorece
instruções a formação
do fabricante. A
de porosidade.
posição Como também
de soldagem orientação, é umo comprimento do arco
fator a considerar deve se
quando ficar
querentre 0,5 e 1,1avezes
determinar o diâmetro
corrente. Assim,
para
da alma
as posições
do eletrodo.verticais e sobre cabeça é melhor trabalhar com valores de corrente menores, ao
passo que, para a posição plana, é preferível o valor máximo para o eletrodo.
2. Introdução aos
81
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.1.9 Alteração dos parâmetros de soldagem
O processo de soldagem com SMAW, quando comparado com outros, apresenta poucos parâmetros com
possibilidade de regulagem. Os efeitos de cada uma são mostrados no Quadro 2.7.
Poros se o
Achatado e Irregular com
V0 alto Irregular Alta Regular eletrodo não for
deformado muito respingos
adequado
Quadro 2.7 - Influência das variáveis elétricas no cordão de solda. Fonte: SENAI, 2011.
Um exemplo para uma faixa de aplicação de alguns tipos de eletrodos revestidos pode ser observado na
Tabela 2.2.
Taxa de
AWS Diâmetro, mm Faixa de corrente, A Corrente ótima, A Rendimento, %
deposição, kg/h
2,5 60 – 80 75 0,7 72
E6010
3,2 80 – 140 100 – 130 0,9 – 1,0 76 – 69
E7010
4,0 90 – 180 140 – 170 1,3 – 1,5 76 – 64
E7010-G
5,0 120 - 250 160 - 190 1,5 – 1,6 75 – 70
2. Introdução aos
82
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Taxa de
AWS Diâmetro, mm Faixa de corrente, A Corrente ótima, A Rendimento, %
deposição, kg/h
E7018
E7016-1
E7018-A1
E7018-1 2,5 65 – 105 90 0,8 66
E7018-G 3,2 100 – 150 120 – 140 1,2 – 1,2 72 – 71
E7018-W1 4,0 130 – 200 140 – 170 1,4 – 1,7 74 – 75
E8018-G 5,0 185 – 270 200 - 250 2,2 – 2,4 75 – 76
E8018-B2
E9018-M
E9018-G
As características gerais de aplicação dos diversos revestimentos dos eletrodos revestidos estão citadas
no Quadro 2.8.
2. Introdução aos
83
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
A Figura 2.24 mostra o aspecto dos cordões de SMAW com a variação dos parâmetros de soldagem. As
variações de tensão, velocidade e corrente (amperagem) têm uma influência muito grande na qualidade
final do cordão e, consequentemente, na junta soldada.
Figura 2.24 - Variação dos parâmetros de soldagem em cordões. Fonte: OS AUTORES, 2018.
- Comprimento excessivo
do arco elétrico; - Uso de materiais limpos e
- Alta velocidade de secos;
soldagem; - Uso de equipamentos em
Porosidade
- Utilização do metal de boas condições;
base sem limpeza - uso de parâmetros de
adequada; soldagem adequados.
- eletrodo úmido.
- Manipulação inadequa-
da do eletrodo;
- Limpeza deficiente - Manipulação correta do
entre passes; eletrodo;
Inclusões - Projeto inadequado - remoção adequada da
(difícil acesso à junta a escória dos passes de sol-
ser soldada); dagem anteriores.
- pequenos ângulos de
bisel.
2. Introdução aos
84
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Descontinuidade Representação gráfica Causas Ações corretivas
- Controle da velocidade de
- Soldagem rápida.
soldagem;
- Preparação inadequada
- Preparação correta da
da junta;
junta;
Falta de penetração - Corrente elétrica muito
- Escolha da corrente ade-
baixa;
quada para soldagem;
- eletrodos com grandes
- escolha do eletrodo ade-
diâmetros.
quado.
- Técnicas de soldagem
errada; - Mudança da técnica de
Trinca na raiz - material inadequado soldagem;
para este tipo de - troca do material.
soldagem.
- Técnicas de soldagem
erradas; - Mudança da técnica de
Trinca na garganta - Material inadequado soldagem;
para este tipo de solda- - troca do material.
gem.
2. Introdução aos
85
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Descontinuidade Representação gráfica Causas Ações corretivas
- Alta quantidade de
hidrogênio retido na
- Controle da umidade do
solda (elevada umidade
ar, tratamento do eletrodo
do ar, eletrodos úmidos e
Trinca na margem e limpeza da superfície;
superfícies sujas);
- controle do nível de ten-
- Microestrutura frágil;
sões residuais.
- nível de tensões residu-
ais elevados.
- Alta quantidade de
hidrogênio retido na
- Controle da umidade do
solda (elevada umidade
ar, tratamento do eletrodo
do ar, eletrodos úmidos e
Trinca sob cordão e limpeza da superfície;
superfícies sujas);
- controle do nível de ten-
- Microestrutura frágil;
sões residuais.
- nível de tensões residu-
ais elevados.
2. Introdução aos
86
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2 PROCESSO DE SOLDAGEM COM UTILIZAÇÃO DE ELE-
TRODO INERTE DE TUNGSTÊNIO E PROTEÇÃO GASOSA
ADICIONAL (TIG) / GAS TUNGSTEN ARC WELDING (GTAW)
A abreviação TIG está relacionada ao gás de proteção e ao eletrodo utilizado, Tungsten Inert Gas. Tam-
bém é conhecido pela sigla GTAW, que significa “Gas Tungsten Arc Welding”, ou seja, soldagem a arco
com proteção gasosa e eletrodo de tungstênio.
O GTAW é utilizado tradicionalmente em aplicações que requeiram uma qualidade superior. O Processo
GTAW utiliza como fonte de calor um arco elétrico mantido entre um eletrodo não consumível de tungs-
tênio, ou liga a base desse metal, e a peça a soldar, Figura 2.25. A proteção da região de soldagem é feita
por fluxo de gás inerte, ou misturas de gases inertes, que também tem a função de transmitir a corrente
elétrica quando esse gás é ionizado durante o processo.
Gás de
proteção
Eletrodo de
tungstênio
Arco
Metal de Metal
adição depositado
Metal base
Os gases inertes mais utilizados são o argônio e o hélio ou suas misturas. São usados para proteger a
poça de fusão, a zona de solda e a extremidade do eletrodo da atmosfera ambiente.
As soldas no processo GTAW podem ser realizadas com adição de material (ou sem) denominada de
solda autógena. Na solda autógena, a poça de fusão é formada somente pelo metal de base e o gás de
proteção, pois somente ocorre a fusão do metal de base. O metal de adição são varetas que serão lista-
das na unidade de consumíveis.
2. Introdução aos
87
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.26 - Alimentação do arame no GTAW. Fonte: WELD REALITY, c2001.
Saiba Mais
https://www.youtube.com/watch?v=uO5pVLOAmD4
https://www.youtube.com/watch?v=4wa6VNs0QGI
Há pouco ou nenhum salpico ou fumaça. A camada da solda é suave e uniforme, requerendo pouco ou
nenhum acabamento posterior. A soldagem GTAW pode ser usada para executar soldas de alta qualida-
de na maioria dos metais e ligas, apesar da baixa produtividade. Não há nenhuma escória e o processo
pode ser usado em todas as posições. Requer soldadores com grande habilidade.
» um porta-eletrodo com passagem de gás e um bico para direcionar o gás protetor ao redor do arco
e um mecanismo de garra para energizar e conter um eletrodo de tungstênio, denominado tocha;
» um suprimento de gás protetor;
» um fluxímetro e regulador-redutor de pressão do gás;
» uma fonte de energia − Corrente Constante (CEF).
» um suprimento de água de refrigeração, se a pistola é refrigerada a água.
2. Introdução aos
88
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Fonte de
energia Cilindro
de gás
Metal de
adição
Tocha
120
+ -
Peça de
trabalho
Figura 2.27 - Equipamentos de GTAW. Fonte: autores.
Arco longo
∆V Arco curto
Corrente, A ∆I
Gráfico 2.6 - Curva característica de corrente constante para GTAW. Fonte: adaptado de https://demet.eng.
ufmg.br/laboratorios/laboratorio-de-soldagem/ acessado em 18/03/2018
2. Introdução aos
89
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Essa energia necessária pode ser fornecida, CA ou CC, tanto por transformadores/retificadores quanto
por geradores ou inversoras.
As fontes para GTAW apresentam tanto uma resposta em queda, para fontes do tipo com controle mag-
nético, quanto resposta de saídas aproximadamente de corrente constante, para fontes controladas ele-
tronicamente.
Na soldagem manual, em locais onde não seja possível a colocação de um pedal para controle da corrente,
as fontes magnéticas oferecem uma alternativa para fazê-lo através do deslocamento do comprimento
do arco. Entretanto, devido ao seu demasiado tempo de resposta, essas fontes não são utilizadas em
processos com corrente pulsada. A maior parte dessas fontes é considerada como um circuito aberto de
controle, isto é, não há resposta dos parâmetros do processo para a própria fonte. Dessa forma, elas têm
menor repetitividade, precisão e resposta, além de serem menos eficientes e maiores. Suas vantagens
estão na simplicidade de operação, baixa manutenção em ambientes industriais e relativo baixo custo.
A escolha da fonte para GTAW dependerá do tipo de corrente que será utilizada no processo: cor-
rente alternada senoidal e de onda quadrada, corrente contínua ou corrente contínua pulsada.
2.2.1.5 Cabos
São acessórios utilizados para conectar e transportar a corrente elétrica da fonte de energia ao grampo
que é fixado na peça a ser soldada. Devem ser flexíveis e de fácil manipulação. São constituídos de vários
fios de cobre ou de alumínio enrolados e envolvidos por um revestimento isolante e flexível (material
dielétrico − borracha), Figura 2.28. Durante a operação de soldagem, os cabos devem ser mantidos de-
senrolados para evitar a queda de tensão e aumento de resistência por efeito Joule.
» corrente de soldagem;
» ciclo de trabalho do equipamento;
» comprimento total dos cabos do circuito.
2. Introdução aos
90
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.1.6 Tochas GTAW
(1) Bocal: é fabricado normalmente de material cerâmica em vários tamanhos e formatos para atender às
mais variadas geometrias das juntas a serem soldadas. Tem a função de proteger a ponta do tungstênio
e direcionar o fluxo do gás de proteção.
(2) Eletrodo de tungstênio: não consumível, sua função é estabelecer o arco elétrico, não fornecendo
metal de adição para a poça de fusão.
O Sistema Gás Lens é um acessório empregado na tocha com o objetivo de ajudar a promover o esco-
amento em regime lamelar. Permite ainda ao soldador ou operador afastar um pouco mais a tocha em
relação à peça durante a soldagem, melhorando a visualização da poça em locais de difícil acesso. As
lentes de gás necessitam de limpeza frequente e devem ser de excelente qualidade de fabricação. Uma
determinada tocha utilizando lente de gás permite maior vazão de gás de proteção do que a mesma
tocha sem o dispositivo.
Este dispositivo aumenta a proteção gasosa na poça de fusão, evitando a contaminação do cordão de
solda mesmo em situações e/ou posições especiais. Esse sistema possibilita um melhor fluxo lamelar da
cortina de gás de proteção ao sair do bocal da tocha, podendo reduzir em até 50% a dispersão do fluxo
do gás de proteção, proporcionando menor sensibilidade às correntes de ar, reduzindo o risco de possí-
veis defeitos no cordão de solda. Diversos tipos de tocha podem ser observados na Figura 2.29.
2. Introdução aos
91
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.29 - Tipos de tocha de GTAW. Fonte: COLLIER, [2014].
No processo GTAW, o arco elétrico é a fonte de calor necessária para se executar a soldagem, sendo res-
ponsável pela formação da poça de fusão e aquecimento do eletrodo.
Para realizar a abertura do arco elétrico, o espaço entre o eletrodo e a peça deve-se tornar capaz de con-
duzir a corrente elétrica (ionizável).
A Figura 2.30 representa a tensão de circuito aberto, tensão de curto-circuito e tensão de trabalho.
2. Introdução aos
92
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.2.1 Características Térmicas do Arco Elétrico
O arco elétrico de soldagem transforma a energia elétrica em energia térmica com grande eficiência. São
atingidas altas temperaturas no arco, conforme mostra o perfil térmico (isotermas) abaixo. O arco elétrico
gera calor e também radiação eletromagnética de alta intensidade, nas faixas do infravermelho, luz visível
e ultravioleta, necessitando, portanto, de proteção visual com filtros apropriados para seu manuseio.
2. Introdução aos
93
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
O eletrodo fica a uma distância aproximada de 2 a 5 mm a peça, dependendo da regulagem da fonte de
alta tensão. e então, é realizada uma descarga elétrica múltipla que ioniza o gás e permite a passagem
da corrente de soldagem.
O eletrodo é encosta-
O eletrodo é encostado
do na peça e a tocha é Preservação do eletrodo de
na peça e “riscado” rapi-
Objetivo levemente retirada na tungstênio e efeito de limpe-
damente na peça para a
posição inclinada até a za a cada meio ciclo
abertura do arco
abertura do arco
2. Introdução aos
94
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Corrente contínua, A
Diâmetro do
Bocal do gás, mm Corrente alternada, A
eletrodo, mm Polaridade direta Polaridade
(CC-) inversa (CC+)
Os valores acima são baseados na soldagem com argônio e usando os eletrodos EWTh-2 e o eletrodo EWP
Utilizando este tipo de ligação, o eletrodo de tungstênio fica conectado no terminal positivo do equipa-
mento de soldagem, onde o eletrodo de tungstênio irá aquecer mais comparado com a polaridade direta
(CC-). Essa configuração de corrente e polaridade é aplicada em situações em que se deseja pouca pe-
netração e eficiente remoção de óxidos da superfície da peça soldada. Na prática, não é muito utilizada.
Corrente alternada
Na corrente alternada, o sentido da corrente se inverte a cada metade de ciclo. O eletrodo de tungstê-
nio e a peça serão sucessivamente positivo e negativo, proporcionando um balanceamento do calor. A
camada de óxidos, principalmente os óxidos refratários de altas temperaturas, formada na superfície do
metal de base será removida durante o ciclo positivo no eletrodo. A corrente alternada é utilizada para
soldagem das ligas de alumínio e magnésio.
O Quadro 2.11 mostra a relação de calor na poça em função do tipo de corrente e polaridade. Apresenta,
também, a penetração, aplicação e capacidade do eletrodo.
2. Introdução aos
95
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
TIPO DE CORRENTE CC- CC+ CA
Polariadade Negativa ou direta Positiva ou inversa Alternada
Fluxo de elétrons
e íons
&
el
el
Característica de
el
ns
ns
ns
ét
ét
ét
ío
ro
ro
penetração
ío
ío
ro
ns
ns
ns
Ação de limpeza dos óxidos Negativa ou direta Positiva ou inversa Alternada
70% na peça 30% na peça 50% na peça
Balanço de calor no arco (aprox.) 30% no eletrodo 70% no eletrodo 50% no eletrodo
Penetração Estreita e produnda Rasa e superficial Média
Aço, cobre, prata, aço inox austenítico Correntes baixas para evitar fusão da Alumínio, aços inoxidáveis
Aplicação e ligas resistentes ao calor ponta do eletrdo de tugnstênio austeniticos, magnésio
Excelente Empobrecido Bom
Capacidade do eletrodo 3,2 mm - 400 A 6,4 mm - 120 A 3,2 mm - 225 A
Quadro 2.11 - Fluxo de elétrons em GTAW e calor na peça. Fonte: redenhado de SENAI, 2011.
Quando expostos ao ar, metais, como o alumínio e o magnésio, exigem uma saída de soldagem CA por
causa da formação de uma camada de óxido que funde a uma temperatura muito mais alta do que o
metal base. Por exemplo, o óxido de alumínio derrete a cerca de 1982oC enquanto o alumínio derrete a
apenas 648oC. Se não for removida, a camada de óxido pode inibir a fusão de solda adequada e a fluidez
da poça. Felizmente, a corrente alternada de onda quadrada fornece uma ação de “limpeza”. A porção
positiva do eletrodo (EP) do ciclo CA - onde a corrente flui do trabalho para o eletrodo - na verdade “ex-
plode” os óxidos da superfície. Isso então permite que a porção negativa do eletrodo (EN) do ciclo, onde
a corrente flui do tungstênio para a obra, funda o metal base e funda a junta soldada.
Dessa forma, pode-se definir o controle de equilíbrio na faixa de 0 a 10, ou limpeza máxima até pene-
tração máxima, respectivamente, com o ajuste fino da duração da porção EN do ciclo CA de 45 a 68 por
cento. Em outras palavras, você está gastando 68% do ciclo de CA (que é 1/60 de segundo) colocando
energia na peça de trabalho. Soldagem TIG com a utilização de inversores, estendem o controle de equi-
líbrio ainda mais, permitindo tempos de duração EN de 30 a 99 por cento.
2. Introdução aos
96
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Reduzindo a porção EN do ciclo:
Na soldagem de alumínio limpo, um bom ponto de partida seria “7”. Para uma Dinastia, defina EN entre
60 e 75 por cento. Em todos os casos, faça soldas práticas em mock ups antes de soldar para determinar
as melhores configurações de controle de equilíbrio. Por último, pode ser útil manter um diário de suas
configurações favoritas de controle de equilíbrio e parâmetros de soldagem. Observe o tipo de material,
espessura, configuração da junta, posição de soldagem, tipo e diâmetro de tungstênio e aplicação.
No catálogo da fonte Dynasty™ 400 and 800, a Miller mostra a influência desses parâmetros na caracte-
rística do cordão e efeito de limpeza, Quadro 2.12.
2. Introdução aos
97
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Quadro 2.12 - Controle dos parâmetros de onda de CA e sua influência na limpeza e característica do cordão.
Fonte: https://www.millerwelds.com/equipment/welders/tig-gtaw/dynasty-800-tig-welders-m30129 acessado
em 07/08/2021
2.2.5 Consumíveis
A vareta é o metal de adição que é aportado à poça de fusão manualmente e pode ser fabricada de uma
variedade muito grande de metais e ligas. A vareta selecionada é, normalmente, similar ao metal de
base, acrescido de desoxidantes. Além da vareta, no caso de mecanização ou automação do processo
GTAW, o consumível pode ser apresentado na forma de bobina.
2. Introdução aos
98
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Clique nos itens.
AWS A 5.7 AWS A 5.9 AWS A 5.10 AWS A 5.12 AWS A 5.14
AWS A 5.14
5.7 – –Eletrodos
5.9
5.10
5.12 Eletrodosede
evaretas
varetaspara
paraa(2010);
tungstênio asoldagem
soldagemdos
docobre
do aços
alumínio
níquel
Inoxidáveis
e ligas
e ligas
e ligas dedede
(2010);
níquel
alumínio
cobre (2010);
(2010); (2010);
AWS A 5.16 AWS A 5.18 AWS A 5.19 AWS A 5.21 AWS A 5.22
AWS A 5.22
5.16 – Eletrodos e varetas para
5.18
5.19
5.21 com fluxo internode
a soldagem para
do
dos
das a soldagem
revestimento
titânio
ligas
aços carbono
de
e ligas detitânio
magnésio aços
(2010);
de
(2010); inoxidáveis
(2010); (2010);
(2010);
5.30 –– Eletrodos
AWS A 5.28
5.24 Insertes para soldagem
e varetas para dos aços carbono,
a soldagem aços
deecromo-molibdênio,
do zircônio
dos aços baixa
ligas liga
de zircônio aços inoxidáveis,
(2010); (2010);
ligas de níquel e ligas de cobre (2010).
(1)
Onde:
Dígito 1 – As letras ER referem-se ao consumível da forma de eletrodo, vareta ou arame, aplicável
em processos de soldagem GMAW, GTAW e PAW (Plasma Arc Welding, soldagem a plasmma);
Dígito 2 – Limite de resistência à tração do metal depositado em Ksi (1Ksi = 1000psi).
Dígito 3 – A letra S designa vareta ou arame sólido;
Dígito 4 – Este sufixo indica a composição química do arame ou vareta.
2. Introdução aos
99
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.5.3 Inserte consumível (Consumable Insert)
Tipo de consumível previamente conformado ou conformado no campo, desenvolvido para utilização no
passe de raiz, sendo utilizado na soldagem de tubos, ligações tubo espelho ou outros tipos de junta de
chanfro. Também pode ser utilizado para solda de encaixe.
Os insertes para soldagem do passe de raiz foram desenvolvidos inicialmente para a soldagem de tubu-
lações em submarinos nucleares pela necessidade de se obter excelente qualidade no passe de raiz. A
raiz apresenta uniformidade e suavidade de contorno da superfície externa (juntas com acesso apenas
por um lado) com ausência total de irregularidades.
Os insertes são especificados conforme a norma AWS A 5.30 (2007), que define os insertes para solda-
gem dos aços carbono, aços cromo-molibdênio, aços inoxidáveis, ligas de níquel e ligas de cobre.
Logo após a montagem dos insertes, as juntas devem ser isoladas (cobertas) para evitar oxidação.
Quando insertes são empregados, pela característica de montagem da junta, a diluição no passe de
raiz pode ultrapassar de 50%, quando comparado à soldagem sem inserte que geralmente não passa
de 25%, devendo este efeito ser analisado antes do seu emprego (propriedades mecânicas, corrosão,
trincas). Para alumínio, insertes não são recomendados.
Quando utilizando insertes, a vazão de purga pode ser reduzida e, caso a purga não seja utilizada, os
inserts de aço carbono e baixa liga devem conter elementos desoxidantes.
Argônio Hélio
Boa ignição (facilidade de abertura do arco), baixa Ignição difícil (dificuldade na aberuta do arco), esta-
tensão e alta estabilidade do arco - facilmente ioniza- bilidade rui e arco mais quente - potencial de ioniza-
do, potencial de ionização de 15,7 eV ção mais elevado de 24,5 eV
Baixa condutividade térmica - 0,015 W/(m.K), menor Alta condutividade térmica - 0,130 W/(m.K), maior
penetração, adequado à soldagem de chapas finas e penetração, recomendado para a soldagem de gran-
médias, penetração na forma de nariz des espessuras e materiais de alta condutividade
térmica, penetração tipo concha
Densidade maior do que o ar (1,784 g/L), necessita de Densidade menor do que a do ar (0,09 g/L) - vazão
menor vazão para a proteção do arco e maior resis- de proteção de 2 a 3 vezes maior do que a do argônio
tencia à corrente lateral
Usado em CA e CC, maior ação de limpeza em CA Geralmente CC com eletrodo toriado, menor ação de
limpeza em CA, mais caro, por isso utillizado somente
quando necessário
2. Introdução aos
100
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Observação: a utilização de uma vazão de gás excessiva, em um bocal com pequeno diâmetro, acar-
retará uma velocidade de saída tão alta que o fluxo gasoso deixa de ser laminar, e entra em regime
turbilhonar, ocasionando o arraste de ar atmosférico para a poça de fusão.
Além das misturas de argônio e hélio, outras misturas são aplicáveis, e a sua relação pode ser observa-
da na Figura 2.33 a este processo como a mistura entre o gás hidrogênio e o argônio. A mistura do gás
hidrogênio ao gás argônio (95% Ar + 5% H2) aumenta o poder de transmissão de calor, a penetração, o
molhamento da poça (reduz a tensão superficial), a forma da poça (reduzindo mordeduras), permite que
a soldagem seja realizada com maior velocidade e apresenta ligeira ação redutora de óxidos (reduzindo
a oxidação superficial). O hidrogênio é um elemento quimicamente ativo e, entre todos os elementos
conhecidos, o menos denso.
Misturas de argônio e hidrogênio podem ser utilizadas na soldagem dos aços inoxidáveis austeníticos e
ligas de níquel. Entretanto, não devem ser utilizadas em aços carbono e aços ligados por causa da pos-
sibilidade de trinca a frio. Quando o percentual de hidrogênio na mistura for alto, há probabilidade de
formação de porosidade no metal depositado em aços ferríticos, ligas de alumínio, ligas de cobre e na
soldagem multipasses de ligas de níquel e aços inoxidáveis austeníticos.
O nitrogênio (N2) está presente na atmosfera terrestre em torno de 78%, sendo considerado um gás qui-
micamente inerte a temperatura ambiente. Entretanto, se torna ativo à alta temperatura (combinando
com outros elementos).
2. Introdução aos
101
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
O nitrogênio (livre de oxigênio) pode ser utilizado na soldagem do cobre, em que esse gás é totalmen-
te inerte. Pode ser empregado apenas como gás de purga no processo GTAW na soldagem dos aços
inoxidáveis austeníticos, entretanto reduz o teor de ferrita delta, podendo apresentar comportamento
desejável ou não em função do percentual de ferrita delta existente no material base e/ou no consumível
(diluição). Não deve ser utilizado na soldagem dos aços carbono e aços liga pela formação de nitretos.
Quando misturado ao argônio, favorece a estabilidade e ignição do arco. Entretanto, na prática, a ignição
com nitrogênio ou mistura acelera o desgaste do eletrodo de tungstênio.
De forma geral, o gás de proteção deve ser selecionado em função do material de base a ser soldado e a
presença de qualquer tipo de impureza no argônio ou hélio deve ser rigorosamente limitada e evitada.
O gás deve ser isento da presença de vapor da água, oxigênio, nitrogênio e hidrocarbonetos, principal-
mente quando se tratar da soldagem de materiais altamente refratários (materiais não ferrosos com
alto ponto de fusão), como o tungstênio, cromo, nióbio, tântalo e molibdênio e metais reativos, como o
titânio, zircônio e berílio.
SG - BXYZ - %%%
5G -B
Onde:
SG - significa
significagás
gásde
deproteção.
proteção.
B –- representa o gás de
principal da mistura.
proteção que será empregado durante a soldagem.
XYZ – representam os gases, em menor quantidade, que fazem parte da mistura gasosa. A colocação
Exemplo:
de cada gás na sequência XYZ está relacionada com a quantidade de cada um, em ordem decrescente.
SG – A, onde o A, de acordo com a classificação AWS, significa o gás argônio.
/ % / % / % - representa a porcentagem em ordem decrescente dos gases que fazem parte da mistura.
Exemplo:
2. Introdução aos
102
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.6.2 Escolha do Gás de Proteção
Devem ser considerados os seguintes fatores para selecionar o gás de proteção: as características dos
gases, do metal de base, espessura da chapa, penetração, geometria do cordão e acabamento. Veja
exemplos no Quadro 2.13.
Aço Inoxidável Austení- Argônio utilizado em chapas finas e o hélio quando exige ele-
tico vada penetração em chapas espessas.
2. Introdução aos
103
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Metal base Tipo de corrente Eletrodo Gás
Quadro 2.14 - Tipo de eletrodo de tungstênio para cada material. Fonte: adaptada de SENAI, 2011.
Figura 2.34 - Esquema de cores dos eletrodos de tungstênio. Fonte: SENAI, 2011.
2.2.8.1.1 EWP
Eletrodo de tungstênio puro, contendo no mínimo 99,5% de tungstênio. Em relação aos demais eletro-
dos ligados ou dopados, apresentam menor capacidade de conduzir a corrente elétrica.
Apresenta menor custo e é utilizado na soldagem do alumínio, magnésio e ligas, pois em corrente alter-
nada apresenta boa estabilidade de arco.
Pela inversão da corrente em corrente CA, a ponta do tungstênio apresenta geometria arredondada.
2. Introdução aos
104
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.8.1.2 EW-Th, EW-Ce EW-La
Estes eletrodos dopados são utilizados na soldagem em corrente contínua, apresentam adição de 0,8%
a 2,2% de materiais que aumentam a capacidade de emissão de elétrons, como o óxido de tório/tória,
óxido de cério/céria e o óxido de lantâneo/lantana, respectivamente. Além da maior emissividade (faci-
lidade de emitir elétrons) e capacidade de conduzir corrente, apresentam maior facilidade de abertura
de arco, estabilidade operacional e maior resistência à contaminação da poça. Podem ser utilizados em
maiores intensidades de correntes que o consumível de tungstênio puro (menor diâmetro) e são mais
resistentes ao desgaste, mantendo a forma geométrica da ponta por mais tempo.
Os eletrodos dopados com óxido de cério ou lantânio foram desenvolvidos como alternativa ao óxido de
tório, pois, diferentemente deste, não apresentam nenhuma radioatividade.
A soldagem com eletrodo com óxido de tório deve ser evitada em locais confinados sem boa exaustão
por longo período de tempo (desgaste).
2.2.8.1.3 EW-Zr
O tungstênio dopado com 0,25% de óxido de zircônio apresenta emissividade intermediária se compa-
rado ao desempenho do puro com os dopados acima. É utilizado em CA, em juntas onde não é aceitável
qualquer contaminação.
2.2.8.1.4 EWG
Estes são consumíveis que apresentam terras raras ou outros elementos a critério do fabricante e não
atendem a nenhuma das especificações acima. O Quadro 2.15 resume as principais aplicações dos ele-
trodos de tungstênio.
Argônio ou argônio-hélio,
CC- Toriado ou zirconado
argônio-hidrogênio (máx.
Aço inoxidável Todas
5%)*
AC Toriado
Argônio
Níquel e
Todas CC- Toriado Argônio
ligas de níquel
Quadro 2.15 - Tipos de corrente recomendada para diferentes tipos de eletrodos de tungstênio e diferentes
tipos de materiais. Fonte: OS AUTORES, 2018.
2. Introdução aos
105
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.8.2 Ângulo da ponta do eletrodo de tungstênio
O eletrodo é afiado, geralmente, por meio de esmerilhamento, Figura 2.35. Arcos erráticos podem ser
obtidos através de uma afiação inadequada.
Inadequado Adequado
1=
1,5.D
1 = 2.D Arco instável Arco estável
Ponta deve
ser plana
Na Figura 2.36, pode ser observada a influência do ângulo da ponta do consumível (para duas seções
circulares do diâmetro da ponta) na penetração utilizando argônio. Fica evidente que, para os eletrodos
afiados com ângulos agudos, o arco tende a sair lateralmente, reduzindo a penetração final.
Figura 2.36 - Forma do arco e perfil da zona de fusão como função da geometria da poça de fusão no ar puro
(150A, 2,0 s, solda spot na chapa) com CC-. Fonte: AWS C5.5, 2003, p. 17.
2. Introdução aos
106
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Na soldagem com corrente contínua e polaridade negativa (eletrodo no polo negativo), recomenda-se,
de uma forma geral, a afiação como mostra a Figura 2.35
Na soldagem com corrente alternada, em diâmetros iguais ou superiores a 1,6 mm, recomenda-se a afia-
ção abaixo. Durante a soldagem, forma-se uma esfera (calota) na extremidade do eletrodo. A Figura 2.37
mostra a ponta do eletrodo de tungstênio para soldagem em CA.
Compsição da Corrente e
Eletrodo Aplicações Gás de proteção
vareta, % polaridade
Quadro 2.16 - Aplicações das varetas GTAW em aços carbono. Fonte: SENAI, 2011
e catálogo de consumíveis ESAB, 2018.
2. Introdução aos
107
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Compsição Corrente e Gás de
Eletrodo Aplicações
da vareta, % polaridade proteção
C < 0,03
Si - 0,50
Vareta solida, inoxidavel, indicada
Mn - 1,80
para soldagem de aços inoxidáveis,
2,4 100% Ar
ER309L Cr - 24,00 indicada para soldagem de aços dis- CC-
3,2 (EN 439 I1)
similares, apresenta boa resistência à
Ni - 13,0
corrosão.
Mo < 0,30
Cu < 0,30
2. Introdução aos
108
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.38 - GTAW orbital. Fonte: SATURNO, 2012.
Saiba Mais
https://www.youtube.com/watch?v=hjwDIn5EBeM
2. Introdução aos
109
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.10.2 TIG Arame Quente (Hot Wire)
O processo GTAW arame quente é automatizado e a soldagem é realizada basicamente na posição plana.
Além da maior taxa de deposição em relação ao processo GTAW (arame frio), permite maior velocida-
de de soldagem, sendo comumente empregado em soldas de revestimento (weld ovelay). O Gráfico 2.7
apresenta uma comparação de aplicação referente à produtividade para o processo GTAW convencional
com a aplicação arame quente.
GTAW
arame quente
com oscilação
Taxa de deposição
GTAW
arame quente
GTAW
arame frio
Energia de soldagem
Gráfico 2.7 - Taxas de deposição TIG com arame quente e frio. Fonte: OS AUTORES, 2018.
As principais características do TIG arame quente (hot wire), mostradas na Figura 2.40, são:
2. Introdução aos
110
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.40 - GTAW arame quente. Fonte: SATURNO, 2012. Imagem localizada em: http://www.arcmachines.
com/news/case-studies/advances-automatic-hot-wire-gtaw-tig-welding acessado em 10/03/2021.
2. Introdução aos
111
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.42 - Aspecto visual dos cordões de solda com diferentes fluxos. Fonte: https://www.researchgate.net/
publication/232884304_Ferritic_Stainless_Steel_Welding_with_the_A-TIG_Process acessado em 31/12/2019.
TEMPERATURA, K
4000 à 1000 1
10000 à 16000
16000 à 24000 2 3
> 24000
5
4
1 - gás de plasma
4 - keyhole
2 - arco plasma
5 - poça de fusão
3 - gás de proteção
2. Introdução aos
112
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.10.5 GTAW utilizando Arame Tubular (Flux Cored Filler Metal)
A AWS, na especificação A 5.22 (2010), apresenta duas classificações para aços austeníticos para solda-
gem GTAW com arame tubular. Na primeira AWS RXXXT1-5, a soldagem é realizada com argônio puro e,
na segunda AWS RXXXT1-G, não há restrição quanto ao tipo de gás. A soldagem de alguns aços inoxidá-
veis com arame tubular foi especialmente desenvolvida como meio de eliminar a necessidade de purga,
uma vez que o fluxo forma uma camada de escória protetora isolando a raiz.
Essa escória por vezes pode comprometer o desempenho da junta em serviços corrosivos ou em alta
temperatura pela formação de frestas e provocar corrosão. Partículas de escorria, do mesmo modo que
as contaminações com o ferro, agem como células de corrosão (material menos resistente a corrosão).
A escória em alta temperatura (> 540 ºC) reage com o meio oxidante formando ataque pelo flúor. Em
meios redutores com enxofre, a escória absorve enxofre causando sulfidação, o qual leva a corrosão ou
uma potencial falha.
Dois modos de alimentação do arame podem ser utilizados, Figura 2.44 e Figura 2.45:
Arame Arame
Metal depositado
2. Introdução aos
113
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.45 - Modo de alimentação com consumível conduzindo (twin wire GTAW).
Fonte: ZHANG et al., 1999, p. 3.
O processo GTAW também é utilizado para revestimento externo e interno de tubos de pequeno
diâmetro e interno de peças de geometria complexa.
2. Introdução aos
114
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Maiores informações desse processo pode ser observada https://tiptigusa.com/video-gallery/
A tocha apresenta uma adaptação para possibilitar essa soldagem e está representada na Figura 2.47.
Saiba Mais
https://www.youtube.com/user/labsolda/videos
2. Introdução aos
115
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.10.8 TOP TIG
Este processo inovador, baseado no processo TIG e adaptado às restrições automáticas, oferece exce-
lente resultado em materiais finos. O design exclusivo da tocha garante um bom acesso e soldagem
multidirecional para aplicações em robôs.
O processo TOPTIG permite uma boa produtividade com velocidade de deslocamento equivalente à sol-
dagem MIG.
Vantagens do processo:
» boa velocidade de soldagem;
» sem respingos;
» alta qualidade;
» solda em todas as posições;
» acessibilidade à tocha.
A principal inovação vem da alimentação do metal de enchimento diretamente através do gás de prote-
ção do bico, precisamente onde as temperaturas são mais altas, Figura 2.47. Esse conceito garante alta
taxa de deposição e velocidade de soldagem. Além disso, a compactação da tocha simplifica o acesso à
junta de soldagem e a programação de trajetórias.
TOP TIG
TIG
convencional
Figura 2.48 – Tocha TOPTIG. Fonte: adaptado de THE BELGIAN, 2016 apud MENEZES, 2016, p.18.
2. Introdução aos
116
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Saiba Mais
https://www.youtube.com/watch?v=0eUusPYT3Uo - Labsolda
Vazão baixa Vazão alta Bocal Corrente baixa, velocidade excessiva, velocidade
de gás de gás pequeno excessiva de deposição, ângulo de bisel fechado
Mordedura
vento
2. Introdução aos
117
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.11.1 Porosidade
A porosidade é o vazio formado pelo aprisionamento de gás durante a solidificação da poça de fusão,
podendo ser esférico ou cilíndrico (alongado), Figura 2.50.
2. Introdução aos
118
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.11.2 Falta de fusão
A falta de fusão acontece devido à técnica de soldagem inadequada, Figura 2.51. Suas causas são:
» corrente insuficiente;
» manipulação incorreta da tocha;
» emprego inadequado da junta;
» preparo inadequado da junta;
» velocidade excessiva de deposição.
Em peças cujos critérios de projeto exijam requisitos de fabricação mais restritos, a existência da falta
de fusão não pode ser tolerada, exigindo-se a remoção da região defeituosa com posterior reparo. Para
evitar sua formação, deve-se atuar no sentido de se eliminar suas causas.
O contato acidental do eletrodo de tungstênio com a poça de fusão faz com que a extremidade do ele-
trodo de tungstênio possa fundir-se, transformando-se numa gota de tungstênio, que é transferida à
poça de fusão, Figura 2.52.
2. Introdução aos
119
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.11.3 Falta de penetração
É a falta de metal de adição na raiz da solda, e suas causas são:
» preparação inadequada da junta, impedindo que a sua raiz possa ser atingida;
» corrente insuficiente;
» rapidez excessiva de deposição do cordão;
» manipulação incorreta da tocha.
2.2.11.4 Mordedura
É a fusão do metal de base na margem do cordão de solda, sem ocorrer o enchimento dessa área, resul-
tando na formação de uma reentrância nessa região, Figura 2.53.
2. Introdução aos
120
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.2.11.5 Trinca de cratera
Trincas de cratera ocorrem quando uma cratera não é preenchida antes da extinção do arco. Isso faz com
que as arestas exteriores da cratera esfriem mais rapidamente do que o centro da cratera, gerando ten-
sões suficientes para formação de uma trinca.
A variação dos parâmetros de soldagem tem resultados diferentes e afetam a qualidade da junta solda-
da, Figura 2.54 e suas características no Quadro 2.18.
Figura 2.54 - Cordões com diversos parâmetros de soldagem, A – solda adequada, B – velocidade muito alta,
C – velocidade muito baixa, D – voltagem muito alta, E – voltagem muito alta, F – corrente muito baixa e G –
corrente muito alta. Fonte: MILLER, [20-].
2. Introdução aos
121
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Tipo de operação Equipamentos
- Manual ou mecanizada - Fontes de energia
- Unidade de alta frequência
Características do processo - Sistemas de refrigeração
- Taxa de deposição - 0,2 à 1,3 kg/h - Cilindro de gás de proteção
- Espessura soldada - 0,1 à 50 mm - Tocha GTAW
- Posição de soldagem - todas
-Tipo de junta - todas Custo do equipamento
Diluição - metal de adição 2 a 20% - 1,5 x (manual) e 10 x (mecanizado)
- Faixa de corrente - 10 à 400 A * soldagem com eletrodo revestido = 1
Consumíveis
- Vareta
-Gases de proteção e purga
- Eletrodo de tungstênio
Vantagens Limitações
- Produz soldas de alta qualidade - Processo com baixa taxa de deposição
- Soldar praticamente todos os materiais - Impossibilidade de soldagem em locais com cor-
- Poça de fusão “calma” rente de ar
- Aporte controlado, menor ZAC e distorção - Possibilidade de inclusão de tungstênio da solda
- Faz passe de raiz - Emissão intensa de radiação ultravioleta
Segurança
- Proteção ocular
- Proteção da pele para evitar queimaduras pela radição, contato e choques
Quadro 2.18 - Características do GTAW. Fonte: adaptado pelos autores de SENAI, 2011.
A proteção do arco e da poça fundida vem de um gás, ou mistura de gases, alimentado externamente,
o qual pode ser inerte ou ativo. Os gases inertes seriam aqueles que não reagem quimicamente com o
metal de solda (geralmente Argônio e Hélio), enquanto os ativos são aqueles que têm reatividade quí-
mica moderada e controlada (tais como o CO2, misturas Ar ou He + CO2, podendo ter adições de O2 e, em
menor escala o N2). A aplicação de gases inertes é necessária na soldagem de meias de base altamente
formadores de óxidos, como o alumínio e titânio e aços inoxidáveis, Figura 2.55.
2. Introdução aos
122
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
O GMAW é um processo semiautomático quando a condução da tocha é manual, contudo pode ser apli-
cado de forma mecanizada (automática) quando o seu movimento for realizado por uma máquina (car-
rinho ou robô).
Cilindro
de gás
Fonte de Rolo do arame
energia metal de adição
Tracionador
Bocal do gás
Contato
elétrico
25V Gás de
- +
proteção Arco
Metal de
adição
Metal de solda Metal de
base
Saiba Mais
https://www.youtube.com/watch?v=twUAa5LWUvk
2. Introdução aos
123
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.3.1.1 Fonte de soldagem para o processo GMAW
A fonte de soldagem é responsável pelo fornecimento de energia elétrica ao processo, podendo ser um
gerador ou um retificador, ambos com característica de tensão constante. As fontes têm grande influ-
ência no desenvolvimento da soldagem GMAW, como na qualidade, produtividade e custo do processo.
Após os ajustes da fonte de soldagem, estabelecidos pelo procedimento de soldagem através do solda-
dor/operador de soldagem, a fonte fornece uma autorregularem automática das características elétricas
do arco. Então, as únicas ações de controle do soldador é a velocidade de soldagem e o ângulo e a direção
da tocha.
A fonte deve ter capacidade de gerar maiores intensidades de corrente, decorrente da maior densidade
de energia necessária para o processo. Nos casos em que a intensidade de corrente seja elevada, as to-
chas são refrigeradas a ar ou água.
Fonte de energia de
tensão constante
2
1
∆V
Tensão, V
∆I
Corrente, A
Gráfico 2.8 - Curva característica de tensão constante. Fonte: OS AUTORES, 2019
2. Introdução aos
124
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.3.1.3 Cabos
São acessórios utilizados para conectar e transportar a corrente elétrica da fonte de energia ao grampo
que é fixado na peça a ser soldada. Devem ser flexíveis e de fácil manipulação.
Para valores mais elevados de corrente, existem tochas refrigeradas à água. A água de arrefecimento
circula desde o conector até o suporte do bico de contato.
Devido à necessidade de tornar o conector universal, foi criado o euro–conector, Figura 2.57, que faz as
ligações do arame, do gás de proteção, da água refrigerante e do acionamento elétrico entre a tocha
propriamente dita e o alimentador de arame de uma forma segura e intercambiável.
2. Introdução aos
125
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.57 - Euro conector. Fonte: SENAI, 2011
São de cobre eletrolítico, com um custo mais baixo, ou de ligas de cobre, como a liga cobre/cromo/zircô-
nio usada para aumentar a vida útil do bico. Não existe uma padronização de forma e tamanho, depende
do fabricante e do formato da tocha.
2. Introdução aos
126
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.3.1.6 Bocais e difusores de gás
Caracterizam-se por direcionar o fluxo de gás de proteção, essa função esta garantida pelos difusores.
Por esse motivo, os usuários devem observar o estado dos difusores e dos bocais. Difusores ausentes,
quebrados ou entupidos e bocais obstruídos por excesso de respingos ou com a ponta danificada não
garantem um fluxo de gás de proteção uniforme, proporcionando porosidades e dificuldades de opera-
ção, Figura 2.59.
Antirrespingos podem ser aplicados nos bocais para prevenir o acúmulo de material no bocal ou até
mesmo realizar limpezas por meios mecânicos.
2. Introdução aos
127
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.3.2 Classificação dos consumÍveis: arame e gás de proteção
Os arames de soldagem são constituídos de metais ou ligas metálicas que possuem composição quími-
ca, dureza, condições superficiais e dimensionais controladas.
Os arames de aço carbono usados com proteção de CO2 contém maiores teores de silício e manganês em
sua composição, devido à sua ação desoxidante.
A seleção do arame é feita em função da composição química do metal de base, do gás de proteção, da
composição química e das propriedades mecânicas desejadas da solda.
No Brasil, a norma mais empregada é a AWS, como indicado na tabela abaixo para cada tipo de arame:
AWS A 5.14
5.7 – –Eletrodos
5.9
5.10 Eletrodoseevaretas
varetaspara
paraaasoldagem
soldagemdo
dos
docobre
aços
alumínio
níquel
Inoxidáveis
e ligas
e ligas
e ligas dedede
(2017);
níquel
alumínio
cobre (2018);
(2017); (2017);
AWS A 5.15
5.16 – Eletrodos revestidos
5.18
5.19 e varetas para
e varetas
a soldagem
para adas
do
dos
soldagem
titânio
ligas
aços carbono
de
edo
ligas
magnésio
ferro
de
(2017);
fundido
titânio
(1992);
(2013);
(1990);
AWS A 5.22
5.24 ––Eletrodos
5.28
5.21 Eletrodoseevaretas
varetascom
parafluxo interno para
a soldagem dos a soldagem
do revestimento
de zircônio
aços deebaixade
ligas aços
(2011);
liga
de inoxidáveis
zircônio
(2005). (2014);(2012);
2. Introdução aos
128
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Por exemplo, na norma AWS A5.18 (2017), arames de aços carbono e baixa liga, a identificação é apre-
sentada:
ERXXXS-ZZ
Onde:
E = indica ser um eletrodo para soldagem a arco;
R = que o material também pode ser usado como varetas (“rod”) para TIG;
XX = a resistência mínima à tração do metal depositado em mil libras por polegada ao quadrado
(kpsi), sendo usualmente 70 ou 80 para aços ao carbonao e de 80 a 120 para ações baixa liga;
S = representa ser um arame maciço (C = indicaria ser um arame com alma de pós de ligas (compó-
sito).
ZZ = qualifica a composição química nominal do arame (um dígito para ação ao C, ou mais dígitos
para aços de baixa liga).
Os gases de proteção usados na soldagem, por sua vez, são classificados em função de suas composi-
ções químicas. Estão classificados na especificação AWS A5.32 (2011). A regra de identificação desses
gases está descrita no capítulo do GTAW.
CO2 Ar He Ar-He
Figura 2.61 - Detalhe da penetração do cordão com diferentes gases de proteção. Fonte: OS AUTORES, 2019.
O CO2 é utilizado, sempre que possível, por ser mais barato e em aplicações rotineiras. Apesar de ser
inerte à temperatura ambiente, na presença do plasma de arco e da poça de solda fundida, é reativo.
Na alta energia do plasma do arco, a molécula de CO2 se rompe em um processo conhecido como disso-
ciação, resultando em monóxido de carbono e na liberação de oxigênio. Isso ocorre na região do ânodo
CC+ do arco. Na região do cátodo CC, que é invariavelmente a peça de trabalho do GMAW, os elementos
liberados da molécula de CO2 passam pelo processo de recombinação. Durante a recombinação, níveis
mais elevados de energia existem e são responsáveis pelo profundo e amplo perfil de penetração que
caracteriza o uso de dióxido de carbono.
2. Introdução aos
129
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Argônio+CO2 é a mistura de gás binário mais comumente encontrada para soldagem de aço carbono,
principalmente em aplicações com requisitos de tenacidade. Todos os quatro modos tradicionais de
transferência de metal GMAW são usados com misturas binárias de argônio/CO2. Eles também tiveram
sucesso em aplicações GMAW pulsadas em aço inoxidável, em que o CO2 não excede 4%. A transferência
spray requer teores de CO2 menores que 18%. As combinações de argônio/CO2 são as preferidas quando
a carepa é uma condição de soldagem inevitável. À medida que a porcentagem de CO2 aumenta, aumen-
ta também a tendência de aumentar a entrada de calor e o risco de queima. Combinações de argônio /
CO2 até 18% de transferência de spray pulsado por suporte de CO2. A transferência de curto-circuito é
um modo de entrada de baixa temperatura de transferência de metal que pode usar combinações de ar-
gônio / CO2. O ideal é que esses modos se beneficiem do CO2 em níveis maiores ou iguais a 20%. Deve-se
ter cuidado com níveis mais altos de argônio com transferência de metal por curto-circuito.
O Quadro 2.19 mostra os diferentes materiais e seus respectivos gases utilizados para soldagem pelo
processo GMAW.
8, 15, 20, 25 ou
Aço carbono e
*** 100% 50% de CO2 no *** ***
baixa liga
argônio
Quadro 2.19 - Tipo de gás recomendado para cada tipo de material. Fonte: ESAB, c2018.
2. Introdução aos
130
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.3.4 Tipos de Transferência Metálica do Processo GMAW
No processo GMAW, existem duas classes de transferência metálica, Figura 2.62.
Curto-
Globular Spray
circuito
Figura 2.62 - Três maiores modos de transferência do GMAW. Fonte: os autores, 2018.
Os fatores que mais influenciam nos modos de transferência são o tipo e a intensidade de corrente, o
diâmetro e a composição do eletrodo, o comprimento energizado do arame eletrodo e o gás de proteção.
Existem duas teorias que explicam a transferência metálica. A teoria do equilíbrio das forças estáticas (para
correntes abaixo da corrente de transição), Figura 2.63, e a teoria da instabilidade de pinch, Figura 2.64.
Geralmente, essa teoria ocorre em transferências por voo livre (globular e spray).
2. Introdução aos
131
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Eletrodo Corrente
deletrodo
Fem Fem
Fσ Fσ
Fan
Fpl Fpl
Fg
Onde:
Fg + Fpl + FEM = Fσ + FV
A teoria da instabilidade pinch ocorre quando a transferência metálica se dá por curto-circuito. O efeito
Pinch é um estrangulamento momentâneo da gota líquida na extremidade do arame que ocorre em fun-
ção dos efeitos eletromagnéticos da corrente, quando há curto-circuito.
2. Introdução aos
132
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
P = A2
Eletrodo
Corrente
Força pelo
efeito
Pinch
» globular;
» por curto-circuito;
» goticular ou spray (ou ainda pulverização axial);
» com arco pulsado.
Saiba Mais
Você pode assistir os vídeos de transferência do arco abaixo para entender melhor esse
processo:
https://www.youtube.com/watch?v=F_xr7rTVYSU
https://www.youtube.com/watch?v=UYmoTUIFDVs
2. Introdução aos
133
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.3.4.1 Transferência Globular
Ocorre para baixas densidades de corrente e qualquer tipo de gás de proteção entre os utilizados em
soldagem. A gota que se forma na ponta do eletrodo nu tem o diâmetro maior que ele, daí a dificuldade
em soldar fora de posição, Figura 2.65.
A quantidade de calor aportada na peça a ser soldada tem um valor intermediário, comparando-se com
os outros modos de transferência. Esse tipo de transferência pode gerar falta de penetração, refor-
ço excessivo do cordão, instabilidade, respingos e cordões de solda menos regulares em comparação à
transferência por curto-circuito e spray.
O uso mais comum da transferência globular é com arame de aço carbono e gás de proteção CO2. Essa
combinação proporciona boa penetração e qualidade satisfatória.
2. Introdução aos
134
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.66 - Modo de transferência por curto-circuito. Fonte: A SOLDAGEM, [?].
A gota que se forma na ponta do eletrodo nu toca a poça de fusão, formando um curto-circuito. A gota
é puxada para a poça de fusão pela tensão superficial desta e, por isso, esse modo de transferência é
adequado para todas as posições.
A quantidade de calor colocada na peça é bem menor que a da transferência globular, sendo assim reco-
mendada para soldar chapas finas.
A penetração é pequena, a poça de fusão é menor e há instabilidade do arco (apaga e acende). Apresenta
menor quantidade de salpico quando comparado à transferência globular. É o modo de transferência
mais suscetível à falta de fusão. É importante que o equipamento possua controle de indutância dispo-
nível ao usuário, Figura 2.67.
2. Introdução aos
135
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Corrente de soldagem
C.C.: Petríodo de curto circuito
Corrente média
Tempo 1 2 3 4 1
1 2 3 4 1
Estricção do Metal
Curto metal por transferido e
Poça Crescimento
Arco circuito pinching arco
líquida da gota reestabelecido
A estabilidade do arco está relacionada com sua utilização dentro de valores aplicáveis e podem variar
com o tipo do gás e esses são vistos no Quadro 2.20.
Quadro 2.20 - Faixa ótima de corrente de curto ciucuito para vários diâmetros de arame.
Fonte: adaptado de FORTES, 2005, p. 5.
Saiba Mais
https://www.youtube.com/watch?v=_hdsd3dFWN8 – Laprosolda
https://www.youtube.com/watch?v=OAD3HNoIRX4 - Labsolda
2. Introdução aos
136
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
A Figura 2.68 representa esquematicamente o funcionamento do processo. Para manter a estabilida-
de do arco e ter uma contribuição no calor, uma corrente de base, entre 50 e 100 ampères, é mantida.
Diferente do que acontece no processo por curto-circuito, em que a corrente tende ao infinito com a
diminuição da tensão, a corrente é rapidamente reduzida para assegurar um curto sólido eletrodo. Uma
corrente que vai gerar o estrangulamento, pinch, é aplicada para fundir e destacar a gota da ponta do
eletrodo. A fonte calcula eletronicamente o momento em que a gota vai se desprender e reduz a corrente
para valores entre 45-50 amperes, eliminando um respingo explosivo como na transferência convencio-
nal curto-circuito.
Uma elevada corrente de pico é aplicada após o restabelecimento do arco elétrico, que é ativado ocasio-
nando um alto aquecimento do metal de base, garantindo uma fusão perfeita e ajustando o comprimen-
to de arco adequado. Finalmente, uma exponencial corrente de cauda (tail-out) é aplicada para regular
o calor imposto à peça, reduzindo a corrente de pico até o nível de base lentamente. A corrente de base
fornece um controle fino do aquecimento da poça.
Figura 2.68 - Esquema de tensão no processo de curto-circuito controlado. Fonte: adaptado de http://www.
abs-soldagem.org.br/centraladm/docs/revistas/Ensino.pdf acessado em 04/10/18.
2. Introdução aos
137
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.3.4.4 Transferência Goticular (Spray)
Ocorre para elevadas densidades de correntes, quando se usa argônio ou misturas ricas em argônio como
gás de proteção. Embora seja ainda possível transferência por spray com mistura Ar + 25%CO2 qualquer
variação nos parâmetros de soldagem pode alterar o modo de transferência, sendo por isso considerado
como seguro e mais estável o emprego de mistura com limite máximo de 20%CO2, Figura 2.69.
A gota que se forma na ponta do eletrodo nu tem o diâmetro menor que o próprio eletrodo e é axial-
mente direcionada. Nessa transferência o metal de adição fundido se transfere através do arco como
gotículas finas para poça de fusão.
A quantidade de calor colocada na peça para a solda é bastante elevada, sendo esse modo de transfe-
rência adequado para soldar chapas grossas. No caso da soldagem de aço carbono, solda-se nas posi-
ções plana e horizontal.
Essa transferência caracteriza-se pela alta tensão, alta velocidade de alimentação do arame e alta cor-
rente, proporcionando alta taxa de deposição. A penetração é bem elevada e o arco bastante suave. A
poça de fusão apresenta maiores dimensões e fluidez em relação à solda feita por curto-circuito. Deve
ser destacado que, embora proporcione grande penetração, apresenta menor quantidade de salpicos
quando comparado à transferência globular.
2. Introdução aos
138
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Para um dado diâmetro de arame, o tipo de transferência metálica muda de globular para goticular a
uma determinada intensidade de corrente. A essa corrente dá-se o nome de corrente de transição glo-
bular/goticular, Gráfico 2.9 e Gráfico 2.10.
GLOBULAR SPRAY
Corrente de transição
300
Número de gotas por segundo
Volume
10
100
0,5
500 Região
Tensão no arco, V
Gráfico 2.10 - Guia geral para as faixas apropriadas e tensão do arco para a transferência globular e curto-
-circuito com arames sólidos de 0,6; 1,2 e 1,6 mm. Fonte: redesenhado pelOS AUTORES http://www.abs-solda-
gem.org.br/centraladm/docs/revistas/Ensino.pdf acessado em 04/10/2018.
2. Introdução aos
139
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.3.4.4 Transferência com Arco Pulsado
Neste modo de transferência usa-se fonte de corrente constante. A transferência é do tipo goticular. O
equipamento de soldagem gera dois níveis de corrente.
No primeiro, a corrente de base (Ib) é tão baixa que não há transferência, mas somente o início da fusão
do arame. No segundo, a corrente de pico (Ip), é superior à corrente de transição globular/pulverização
(It), ocasionando a transferência de uma única gota.
Com isso, consegue-se uma transferência com característica de pulverização, porém com uma corrente
média bem menor. A quantidade de calor colocada na peça é bem menor quando comparada com a da
transferência goticular convencional; por isso, solda-se espessuras bem menores e consegue-se soldar
em todas as posições, Figura 2.70.
FREQUÊNCIA DE PULSO
Número de pulsos por segundo
Pico
Corrente de soldagem
Base
Figura 2.70 - Corrente pulsada. Fonte: FLAGG, [2016], p. 9, traduzido pelos autores.
2. Introdução aos
140
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.3.5 Perfil de temperatura no arco
Quando o metal de solda apresenta uma variação nos gases, a temperatura na gota transferida varia
e, com isso, verificamos que, quanto maior o tamanho da gota, menor a sua temperatura, apesar
de a temperatura do arco ser maior na mistura com menos argônio. Assim, para o arco mais quente,
observamos um aumento no reforço e um consequente aumento na sua penetração, Figura 2.71.
Figura 2.71 - Sequência de distribuição de temperatura no plasma em diferentes instantes. a) Ar, b) 75% Ar, c)
50% Ar d) 25% Ar. Fonte: RAO et al., 2010, p. 5715.
2. Introdução aos
141
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
O comprimento do arco no processo GMAW é uma variável que deve ser controlada com rigor. Compri-
mentos de arco muito curtos na soldagem em spray com gás argônio na proteção pode experimentar
momentos em curto-circuito, que causam flutuações no arco, permitindo a entrada de nitrogênio e oxi-
gênio, produzindo porosidade.
Se o arco é muito longo, tende a andar (oscilar), afetando o perfil de penetração e a superfície do cordão
ou causar porosidade por causa da contaminação do ar atmosférico.
No caso do arco enterrado (buried arc) com gás CO2, um grande comprimento de arco produz salpico
excessivo, e um muito curto provoca curto-circuito e instabilidade do arco.
0,8 70 a 180 A
1,0 90 a 220 A
1,2 100 a 270 A
Aço carbono e aço baixa liga
1,6 190 a 360 A
2,4 280 a 490 A
3,2 270 a 580 A
0,8 60 a 180 A
1,0 80 a 200 A
Aço inoxidável 1,2 90 a 260 A
1,6 170 a 320 A
2,4 250 a 450 A
0,8 70 a 170 A
Cobre e ligas de cobre 1,2 90 a 250 A
1,6 150 a 400 A
2. Introdução aos
142
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Vazão de gás de proteção, L/min
20
18
Alumínio
16
14
12
Aço
10
8
19 17 15 13 11 0 100 200 300 400
Diâmetro dos bocais, mm Corrente, A
Gráfico 2.11 - Vazão do gás com diferentes diâmetros de bocais. Fonte: http://www.asmtreinamentos.com.br/
downloads/soldador/arquivo63.pdf acesso 09/10/18. Adaptado pelOS AUTORES.
O tipo de gás a ser utilizado está diretamente relacionado com o material que se quer soldar e sua espes-
sura. Seguem algumas tabelas com a relação de material e o gás utilizado, Quadro 2.22 e Quadro 2.23. Os
gases ativos mais comumente utilizados para a soldagem com GMAW em aços carbono são o CO2 e mis-
turas de Ar + 20-25% de CO2. O CO2, ao se dissociar em CO e 02, apresenta altas velocidades de soldagem,
penetração profunda, uma transferência globular indesejável, grande quantidade de respingos com boas
propriedades mecânicas do metal depositado. Para minimizar esse efeito reativo do CO2 e principalmente
melhorar as propriedades de impacto do metal depositado, ele é misturado com o argônio.
2. Introdução aos
143
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Já para soldagem com transferência por spray ou pulsado a carta de seleção abaixo apresenta os gases
mais adequados, Quadro 2.23.
10-90
Alumínio x X
25-75
85-15
80-20
98-2 >90<5<10
Aço carbono 75-25 x
95-5 95-2,5-1,5
Pulsado
95-5
Aços inoxidá- 99-1
x x 92-8 97-2-1
veis 98-2
>90<5<10
Acima de
Aço baixa liga 98-2 2,5-96-1,5
2,4 mm
95-2,5-1,5
Cobre e bronze
x X
ao silício
Metais reati-
x x
vos, Ti e Zr
Quadro 2.23 – Carta de seleção de gases de proteção para a soldagem MIG/MAG com transferência por aeros-
sol e aerossol pulsado. Fonte: adaptado de FORTES, 2005, p. 22.
Uma representação um pouco diferente da apresentada em Figura 2.61, mostra o perfil do cordão tam-
bém é afetado pelo gás de proteção variando o percentual de CO2, conforme observado na Figura 2.72.
O stickout é a distância entre a extremidade do bocal e a ponta do eletrodo, mas, apesar de ser um termo
vastamente usado na indústria, não exerce nenhuma influência direta no processo.
2. Introdução aos
144
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Bocal
Bico de
contato
Arame
consumível
Comprimento
do arco
Metal de
base
Figura 2.73 - Representações das distâncias na soldagem. Fonte: OS AUTORES, 2019.
Quando ocorre o aumento desse comprimento, a velocidade de fusão do eletrodo também se torna
maior devido ao efeito Joule, como visto no Quadro 2.24. Se o comprimento do eletrodo livre for muito
pequeno, o calor gerado não será suficiente para fundir o eletrodo adequadamente; por outro lado, se
for muito elevado, o arco tornar-se-á instável e a proteção gasosa deixará de existir, ocasionando o apa-
recimento de poros no cordão de solda.
2. Introdução aos
145
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.3.6.5 Influência da Velocidade de Soldagem
A velocidade de soldagem está diretamente relacionada com a quantidade de energia cedida à junta;
quanto maior a velocidade, menor a quantidade de calor cedida por unidade de área, Figura 2.74.
100 80 50 20
Figura 2.74 – Efeito da velocidade de soldagem nos perfis do cordão para mesmas corrente e tensão,
em cm/min. Fonte: OS AUTORES, 2019.
Velocidades muito baixas podem causar alterações metalúrgicas na estrutura do material devido à concen-
tração de calor em uma determinada área. Por outro lado, velocidades excessivas podem provocar algumas
descontinuidades de soldagem, como: mordeduras, falta de fusão, falta de penetração, Figura 2.75.
2. Introdução aos
146
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.3.6.6 Influência da Corrente
A transferência do metal e o controle da taxa de fusão do eletrodo são influenciados pela intensidade de
corrente. O emprego de eletrodos de materiais resistivos, como o aço não ligado, com baixas correntes,
apresenta uma relação linear entre a intensidade de corrente e a velocidade de alimentação. Entretanto,
à medida que a intensidade de corrente aumenta, essa relação se modifica, tendendo para uma curva,
especialmente no caso de arames com diâmetro menor. Isso acontece devido ao efeito Joule, respon-
sável pelo calor na ponta do eletrodo, e que influencia de modo significativo a taxa de fusão. Aumen-
tando-se a intensidade de corrente e mantendo-se constantes as outras variáveis, o cordão de solda
apresenta aumento de penetração e de largura, Gráfico 2.12.
20
18
Taxa de fusão, kg/min
16
14
12
m
m
m
10
m
8
0,
mm
0,
8
1,1 m
6 1,6 m
4
2
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400 450
Corrente, A
Gráfico 2.12 - Diferentes valores de corrente para os diferentes diâmetros de arame relacionados com a veloci-
dade de alimentação. Fonte: adaptado de http://www.yourarticlelibrary.com/welding/gas-metal-arc-welding/
top-7-variables-of-gmaw-metallurgy/96942 acesso 8/10/18.
No caso de soldagem de materiais de baixa resistividade, como, por exemplo o alumínio, o efeito Joule é
menos acentuado. Desse modo, é possível perceber que a relação entre intensidade de corrente e velo-
cidade de alimentação é relativamente linear.
O comprimento do arco elétrico e a corrente são responsáveis pela concentração e intensidade de calor
para a peça a ser soldada. A estabilidade do arco é mantida pela manutenção do comprimento do arco a um
valor constante. O comprimento do arco é de difícil medição e proporcional à tensão. Por isso, a medição da
tensão, uma forma indireta do comprimento do arco, é usada como parâmetro de soldagem,Quadro 2.25.
2. Introdução aos
147
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
T
Cor ens
ren ão 18 V 20 V 22 V 24 V 26 V 28 V 30 V 32 V 34 V 36 V
te
150 A
200 A
250 A
300 A
Quadro 2.25 - Efeitos da corrente e tensão em perfis de solda (GMAW com 100% CO2 em um aço carbono).
Fonte: OS AUTORES, 2019.
É possível perceber as diferenças entre as técnicas existentes quanto à posição da tocha em relação ao
eixo vertical e a penetração na posição plana:
Empurrando Puxando
(forehand technique) (backhand technique)
A técnica puxando
empurrando(backhand technique)
(forehand resulta
technique) em em
resulta maior penetração
menor (mais
penetração quente),
(menos maiorediluição
quente) em um
e um cordão
cordão com perfil
com perfil mais estreito.
mais largo. Arco posicionado
Arco direcionado na direçãono
dasentido contrário
soldagem, parte àdodireção de soldagem
calor aportado pre-
(sobre a poça). Utilizado em chapas grossas (maior penetração).
aquece simultaneamente as bordas do chanfro. Utilizado em chapas finas pelo controle da poça (me-
nor poça).
2. Introdução aos
148
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
~20º ~20º
DIREÇÃO DE DIREÇÃO DE
SOLDAGEM SOLDAGEM
A soldagem robotizada utilizando arames tubulares do tipo metal cored é também um exemplo de apli-
cação desenvolvida recentemente, Figura 2.77.
2. Introdução aos
149
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Falta de penetração
Porosidade e falta de fusão
Figura 2.77 - Descontinuidades induzidas pelo processo GMAW. Fonte: adaptado de Senai, 2011 pelos autores.
O arame utilizado nesse processo tem características diferentes do arame usado no processo GMAW. O
seu interior contém um fluxo composto por materiais inorgânicos e metálicos que possui várias funções,
entre as quais a melhoria das características do arco elétrico e de transferência do metal de solda, prote-
ção da poça de fusão e em alguns casos a adição de elementos de liga desoxidantes, além de atuar como
formador de escória, semelhante ao SMAW, Figura 2.78.
2. Introdução aos
150
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.78 - Esquema de fabricação dos arames tubulares e detalhamento da seção metálica.
Fonte: MYERS, 2015, p. 15, traduzido pelos autores.
A proteção do arco elétrico e da poça de fusão pode ser feita somente pela queima do fluxo em pó con-
tido no interior do arame (arames tubulares autoprotegidos) ou, além dessa proteção, pela utilização de
um gás de proteção adicional semelhante ao GMAW. É utilizada a nomenclatura de Flux-Cored Arc Wel-
ding gas-shielded (FCAW-G) para o processo com proteção gasosa adicional e de Flux-Cored Arc Welding
gas-shielded (FCAW-S) para os autoprotegidos, Figura 2.79.
Arame tubular
Arame
tubular
Fluxo Fluxo Gás de
interno interno proteção
Gás de Escória gerado
proteção Escória Escória
líquida solidificada líquida
externo Poça líquida
Metal de solda
Figura 2.79 - Soldagem com arame tubular com proteção gasosa e auto protegido. Fonte: ESAB, c2018.
2. Introdução aos
151
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Saiba Mais
Para maiores informações e visualização do processo você pode acessar os vídeos abaixo:
https://www.youtube.com/watch?v=TPSQJXqSwTg
https://www.youtube.com/watch?v=uO5pVLOAmD4
https://www.youtube.com/watch?v=bA1ON_Y2tVo&list=TLPQMDEwMzIwMjF58g0O7S-
bBdg&index=3
Devido à relativa baixa penetração proveniente da aplicação do FCAW-S, esse processo é apropriado
para soldas em ângulo no campo, em lugares confinados como as oficinas, necessita maiores cuidados
em relação à grande quantidade de geração de fumos quando comparado a outros processos. De for-
ma geral, pela característica de baixa tenacidade do metal depositado, em grande parte dos arames, o
API limita o emprego do processo FCAW-S, utilizando apenas em estruturas metálicas e desde que seja
especificado valor mínimo de impacto na classificação do consumível empregado. Razoáveis valores de
hidrogênio e oxigênio (600 a 1000ppm) são comuns no FCAW-S, embora atualmente alguns fabricantes
disponibilizem consumíveis com boas propriedades mecânicas, inclusive tenacidade para determinadas
aplicações. De forma geral, consumíveis autoprotegidos apresentam no fluxo grande quantidade de ele-
mentos desoxidantes que influenciam de forma negativa na tenacidade da junta soldada, apresentando
baixos valores de resistência ao impacto.
Já no FCAW–G, a pistola para utilização do processo apresenta maior dimensão em relação à utilizada
pelo processo autoprotegido. Utilizando o FCAW com proteção de gás, não há restrição quanto ao uso
em equipamentos pressurizados pela API. Entretanto, quando existir exigência de impacto ou dureza,
essas propriedades devem ser verificadas antes da soldagem para validar o procedimento de soldagem.
Pequenas variações na matéria-prima ou no percentual de microelementos empregados no fluxo po-
dem acarretar significativas mudanças nas propriedades mecânicas. O procedimento de soldagem deve
representar a real condição de campo para que possam ser avaliados aspectos que podem influenciar
em futuros defeitos e reparos, como o acesso à tocha, sanidade do depósito, facilidade de remoção da
escória e visualização da poça em função do tipo de chanfro.
2. Introdução aos
152
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
A taxa de deposição é significativamente maior do que as obtidas no processo SMAW e GMAW , Quadro 2.26.
Velocidade Taxa de
Processo Parâmetros Velocidade
relativa deposição estimada
1,2 mm
FCAW 200 A 26 cm/min 2,5 2,81 kg/naa
23 V
1,2 mm
GMAW 150 A 15 cm/min 1,5 1,64 kg/naa
22 V
4,0 mm
SMAW 150 A 10 cm/min 1 1,5 kg/naa
23 V
Existe, ainda, o metal core, considerado GMAW pelo ASME por não ter fluxo, que é um eletrodo com
núcleo de metal, geralmente constituído por um fluxo em pó de aço carbono e outros metais e ligas.
Estabilizadores e intensificadores de arco podem ser facilmente adicionados, fornecendo uma janela
operacional mais ampla para o soldador, Figura 2.80.
A representação de como as impurezas são arrastadas para a escória estão na Figura 2.81.
2. Introdução aos
153
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.81 - Impurezas subindo para a superfície formando escória. Fonte: OS AUTORES, 2018.
O processo de soldagem FCAW, assim como o GMAW, é um processo semiautomático quando a condu-
ção da tocha é manual. Contudo, pode ser aplicado de forma mecanizada (automático) quando o seu
movimento for realizado por uma máquina (carrinho ou robô), cujas diferenças nos metais de solda são
mostradas na Figura 2.82.
2. Introdução aos
154
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.4.1 Equipamentos de soldagem
Os equipamentos no processo FCAW são bastante semelhantes aos usados no GMAW. Por exemplo: A
fonte de energia, os cabos, a tocha de soldagem, o bico de contato, bocais e difusores de gás e o sistema
de alimentação dos arames têm a mesma aplicabilidade em ambos os processos.
A principal diferença entre os arames tubulares e os arames sólidos, como resultado de sua estrutura, é
que os arames tubulares são menos resistentes e podem se deformar e sofrer danos mais facilmente que
os arames sólidos. Por isso, deve ser dada uma atenção especial ao sistema de alimentação, Figura 2.83.
Roldanas de grande diâmetro geralmente produzem melhor alimentação que roldanas pequenas. A ra-
zão para isso, evidentemente, é que uma parte mais longa do arame entra em contato com o entalhe
da roldana e que a força de alimentação que é aplicada pode ser aumentada sem causar aumento na
deformação do arame.
O número de roldanas, o perfil do entalhe da roldana, o projeto do dispositivo de pressão nas rolda-
nas e as características de superfície das roldanas têm um efeito decisivo na alimentação do arame.
Empregar quatro roldanas em vez de duas apresenta a vantagem imediata de dobrar a superfície de
contato das roldanas com o arame. Desse modo, uma pressão menor com quatro roldanas exerce a
mesma força de tracionamento no arame que um par de roldanas com uma pressão maior. Conse-
quentemente, é possível evitar a deformação indesejável do arame tubular empregando um sistema
de alimentação com quatro roldanas.
Arames tubulares são melhores tracionados com roldanas ranhuradas ou recartilhadas, que podem ser
operadas com pressões menores, Figura 2.84. É sempre importante tomar cuidado para não aplicar uma
pressão excessiva, pois isso aumenta o risco de causar danos ao arame tubular. Além disso, se as ranhu-
ras ou recartilhas das roldanas estiverem marcando a superfície do arame tubular, ele pode agir como
uma lima e, por sua vez, danificar o bico de contato.
2. Introdução aos
155
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.84 - Roldana recartilhada. Fonte: Senai, 2011.
As vantagens econômicas provenientes do emprego de arames tubulares são claras, porém devem ser
feitas algumas considerações quanto aos modos de transferência do metal de solda para que sejam
alcançados os melhores resultados, especialmente quando não são necessariamente aplicáveis compa-
rações diretas com arames sólidos. As escolhas do consumível e do diâmetro relativamente à aplicação
proposta são importantes aspectos a serem considerados na seleção do processo. O esquema mostra
um esquema da transferência metálica no processo FCAW, Figura 2.85.
2. Introdução aos
156
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Arame
tubular
Fluxo
Gás de
proteção
Metal
Poça líquido
fundida
Arco
Na soldagem com arames tubulares, as variações comuns dos gases de proteção, fontes de energia e
tipos de arames têm efeitos significativos, que podem produzir basicamente três diferentes modos de
transferência de metal através do arco: spray ou aerossol, globular e curto-circuito. A transferência por
spray/aerossol e a globular requerem correntes relativamente altas, enquanto a transferência por cur-
to-circuito usa normalmente correntes médias e baixas. Cada modo de transferência de metal de solda
tem suas limitações e vantagens específicas. Arames tubulares metálicos comportam-se de forma simi-
lar aos arames sólidos relativamente aos modos de transferência, contudo o aumento da corrente não
altera o modo de transferência metálica, pois é uma propriedade inerente ao projeto do consumível. Em
geral, arames tubulares rutílicos apresentam, em função da corrente, os modos de transferência por
aerossol para altas correntes e um misto de aerossol e globular (pode ser chamado de “falso aerossol”)
para baixas correntes, enquanto que arames tubulares básicos operam normalmente com transferência
globular a correntes elevadas e curto-circuito para correntes mais baixas, Figura 2.86.
Metal Auto-
Rutílico Básico
cored protegido
Figura 2.86 - Formas típicas de transferência na soldagem com arames tubulares. Fonte: adaptado http://de-
met.eng.ufmg.br/wp-content/uploads/2012/10/fisica_da_soldagem1.pdf acessado em 09/03/2021
2. Introdução aos
157
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.4.3.1 Transferência Globular
Usando-se correntes de soldagem relativamente baixas, bem como tensões de soldagem altas, ocorrerá
a transferência metálica do tipo globular.
No modo de transferência globular, os gases ricos em CO2 são usados para proteger o arco e a região de
soldagem. O arame se aquecerá demasiadamente e formarão grandes gotas de metal fundido, que será
transferido através do arco em glóbulos impulsionados pela força do arco. Nem sempre as gotas serão
direcionadas à poça de fusão e por isso haverá excessivos respingos no impacto com o material de base
ou com a poça de fusão. Por isso, esse tipo de transferência deve ser evitado tanto para arames sólidos
quanto para arames tubulares.
A necessidade de correntes relativamente altas com os modos de transferência por aerossol e globular
limita sua aplicabilidade. Esses modos de transferência não são recomendados para a soldagem de se-
ções de pequena espessura porque a penetração na junta e as taxas de deposição são excessivamente
altas, resultando em perfuração ou em deposição excessiva.
Entretanto, com a transferência por curto-circuito, a corrente média e as taxas de deposição podem ser
limitadas empregando-se fontes de soldagem que permitam ao metal de solda ser transferido atra-
vés do arco somente durante os intervalos de curtos-circuitos controlados ocorrendo a taxas um pouco
maiores do que cinquenta por segundo. Aplicar uma indutância menos agressiva é a prática mais usual
que pode ser utilizada para variar o aumento de corrente de tal maneira que as erupções que ocorrem
imediatamente após o curto-circuito não causem respingos excessivos.
Esse modo de transferência consiste em uma transferência axial de várias centenas de pequenas gotas
de metal de solda por segundo. É necessário o argônio ou misturas de gases ricas em argônio para pro-
teger o arco. O eletrodo positivo com corrente contínua (CC+) é quase sempre empregado e a corrente
tem que estar acima de um valor crítico relacionado com o diâmetro do arame. A transferência do metal
de solda é muito estável, direcional e essencialmente livre de respingos. A aparência da solda é muito
boa, sendo que aporte térmico e força do arco superior asseguram excelente fusão lateral e penetração
com uma reduzida incidência de defeitos. Esse modo é habitualmente empregado em situações em que
são possíveis e desejáveis taxas de deposição máximas, Figura 2.87.
2. Introdução aos
158
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.87 - Transferência por spray no FCAW. Fonte: OS AUTORES, 2019.
Como forma de minimizar o alto aporte térmico do FCAW, o arco pulsado também é utilizado nesse pro-
cesso, como mostrado na Figura 2.88.
1 2 3 4 1
3
Corrente, A
2
4
1 1
Tempo, ms
Figura 2.88 - Transferência com Arco Pulsado. Fonte:
2. Introdução aos
159
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.4.3.4 Vantagens e limitações do FCAW
Como vantagens, podemos citar a alta taxa de deposição, boa fusão e penetração, bom aspecto do cor-
dão, capacidade da utilização de grandes diâmetros de arames, pouco ou nenhum respingo (depende da
regulagem da máquina).
Já como limitações, temos a utilização para espessuras acima de ½” nas posições plana e horizontal. A
fonte de energia pode apresentar diversos aspectos construtivos, em termos de projeto e caracterís-
ticas operacionais, de acordo com seu fabricante e capacidade. Porém, deve ter saída do tipo corrente
constante, com capacidade e tipo de corrente adequados para os eletrodos utilizados. Sabendo que a
tensão em vazio ou em circuito aberto é a tensão existente nos bornes de saída da máquina quando não
há fornecimento de corrente.
O dióxido de carbono não é ativo na temperatura ambiente. Contudo, quando ele é aquecido a altas tem-
peraturas pelo arco elétrico, se dissocia formando o monóxido de carbono (CO) e o oxigênio (O2)
O oxigênio proveniente dessa dissociação irá reagir com os elementos do metal fundido oxidando-os.
Assim, materiais desoxidantes são adicionados ao fluxo do eletrodo para compensar os efeitos oxidan-
tes do CO2.
2. Introdução aos
160
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Conheça as vantagens e desvantagens.
» Já as desvantagens são:
» maior quantidade de respingos;
» banda de tensão estreita – a regulagem da máquina é crítica.
A mistura mais empregada tanto para arames tubulares quanto para arames sólidos é a Ar + 15 - 25%
CO2, que, embora mais cara, traz vantagens que certamente justificam seu uso.
» E as desvantagens são:
» maior calor irradiado;
» algumas vezes podem ser requeridos sistemas de refrigeração.
2. Introdução aos
161
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.4.6 Classificação do arame
Os consumíveis são classificados pela AWS quanto ao tipo de enchimento, uso de gás de proteção, tipo
de corrente, posições de soldagem, composição química e propriedades mecânicas do cordão de solda.
Os arames tubulares necessitam cuidados similares aos eletrodos revestidos, no sentido de evitar a oxi-
dação. Assim, embalagens especiais a vácuo são necessárias.
São denominados de arames metal-cored arames tubulares que não utilizam fluxo, mas sim um pó
metálico de enchimento, geralmente pó de ferro ou ferro-ligas. A quantidade de escória gerada é mí-
nima, há maior taxa de deposição, o que traz vantagem na soldagem mecanizada em alta velocidade.
Outras aplicações para arames metal-cored são a soldagem de inoxidáveis e aplicação de revestimen-
tos contra desgaste.
Na soldagem com arame tubular, o modo de transferência é influenciado pelos elementos que cons-
tituem os diversos tipos de fluxo do arame. Os fluxos são os de composição metálica, de composição
rutílica, de composição básica.
O arame tubular com fluxo de composição rutílica geralmente proporciona a transferência por spray.
Uma parte do fluxo se decompõe em gases de proteção e a outra parte restante é transferida para a poça
de fusão formando uma camada de escória protetora do cordão de solda.
» altas correntes, produzindo poucos respingos e uma aparência regular do cordão de solda;
» altas taxas de deposição;
» remoção da escória se dá sem esforço, sendo muitas vezes autodestacável;
» ideal para soldagem de equipamentos pesados;
» utiliza a corrente contínua polaridade inversa;
» rápida solidificação, facilitando a soldagem fora de posição.
A transferência proporcionada por arames básicos, mesmo não sendo facilmente encontrados comer-
cialmente, acontece por curto-circuito, com corrente baixa e, quando a corrente é mais elevada, o modo
de transferência é goticular.
» alta taxa de deposição (até 90%), produzindo taxas de deposição mais altas que outros arames
tubulares com fluxo não metálico;
» fina camada de escória, facilmente destacável, reduzindo a ocorrência de inclusões de escória;
» operam preferencialmente com corrente contínua polaridade direta.
Os arames com fluxo de composição metálica possuem características semelhantes aos arames sólidos.
Na soldagem com correntes baixas, a transferência se dá por curto-circuito e com correntes mais eleva-
das, por spray. A transferência com correntes elevadas proporciona altas taxas de deposição e uma poça
de fusão fluída, sendo uma grande dificuldade para os soldadores adaptar-se a essa característica do
processo, Gráfico 2.13.
2. Introdução aos
162
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2,8 mm
10 2,4 mm 3,2 mm
TAXA DE DEPOSIÇÃO (kg/h) 2,0 mm
1,6 mm Posição plana
8 automática
1,2 mm
6 Posição plana
semi-automática
4
Posição
Horizontal
0
100 200 300 400 500 600 700 800
CORRENTE (A)
Gráfico 2.13 - Relação entre a corrente de soldagem e taxa de deposição.
Fonte: FORTES, 2004, p. 42, adaptado pelOS AUTORES.
As especificações da AWS destinadas aos consumíveis para soldagem pelo processo FCAW são as seguintes:
AWS A 5.15
5.20 –– eletrodos
5.22
5.29 arames tubulares
e aramesde
inoxidáveis
tubulares
aço carbono
baixa liga
para
(2012);
(2010).
(2005);
soldagem de ferro fundido (2016);
2. Introdução aos
163
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Indica ‘eletrodo’
Indica a tensão mínima à tração (x10 ksi ou
x10 MPa) do metal depositado
Designa a posição de soldagem - 0 (plana e
horizontal) e 1 (todas)
Designa que o eletrodo é tubular com fluxo
não metálico
Indica usinabilidade ou gás de proteção,
polaridade ou tenacidade não especificadas
Designa mistura ‘M’, a supressão o gás é
CO2 ou autoprotegido
Indica o requisito de tenacidade de 27J à
-40ºC
Designação de hidrogênio difusível,
opcional.
EXXT - XM J HX
Figura 2.89 - Sistema de classificação segundo a AWS para consumíveis de aço carbono e baixa liga.
Fonte: AtraSME II part C.
Para os eletrodos baixa liga é acrescentada a essa classificação, após a letra T, um número que indica a
composição química do metal depositado, para aço carbono no Quadro 2.27 e baixa liga no Quadro 2.28.
2. Introdução aos
164
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Quadro 2.28 - Classificação dos eletrodos para aços de baixa liga. Fonte: Senai, 2011.
Os diferentes tipos de arames tubulares são encontrados no mercado, com diferentes seções transversais.
A quantidade de fluxo no interior dos arames varia entre 15 a 30% em peso, podendo chegar a 50% para
arames especiais, com menor seção metálica. Seções mais complexas, mais difíceis de fabricar e com
custos mais elevados, podem apresentar melhores características operacionais, como um aquecimento
mais homogêneo ao longo da seção transversal, resultando em transferência metálica mais regular.
Um aspecto muito importante que deve ser levado em conta quando a contratação dos serviços de sol-
dagem é feita nas instalações do contratante é o consumo de energia elétrica por peso de metal de solda
depositado comparando diferentes processos de soldagem, Gráfico 2.14.
25
20 SMAW
15
kW / kg
10
GMAW
5 FCAW
0
0 50 100 150 200 250 300 350 400
Percentual
Gráfico 2.14 - Consumo de energia comparativo por processo considerando o metal de solda depositado.Fonte: Mini-
curso ESAB, 2003, slide 54. https://www.passeidireto.com/arquivo/47903105/arames-tubulares-mini-curso-pt-2
2. Introdução aos
165
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.4.7 Classificação do gás de proteção
Os gases de proteção usados na soldagem, por sua vez, são classificados em função de suas composi-
ções químicas. Estão classificados na especificação AWS A5.32 (2011). A regra de identificação desses
gases está descrita no capítulo do GTAW.
Os gases de proteção podem ser de origem atômica, como o argônio e o hélio, ou moleculares como o
CO2. Eles ainda se dividem quanto à composição, que pode ser simples contendo apenas um tipo de gás,
ou podem ser compostos por misturas, possuindo dois ou mais tipos de gases em sua composição. Perfis
de penetração dos cordões de solda do processo GMAW para diferentes gases utilizados, Figura 2.90.
Efeito do gás de proteção nos perfis de penetração dos cordões de solda feitos através do processo
FCAW, utilizando diferentes tipos de gases.
O Quadro 2.29 mostra os diferentes materiais e seus respectivos gases utilizados para soldagem pelo
processo FMAW.
Quadro 2.29 - Tipo de gás recomendado para cada tipo de material. Fonte: ESAB, c2018.
2. Introdução aos
166
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.4.8 Descrição das descontinuidades induzidas pelo processo
O Processo FCAW se destaca por apresentar metal depositado de relativa qualidade e solda com boa
aparência visual, principalmente com o FCAW-S. A qualidade da solda produzida por esse processo de-
pende do tipo de eletrodo utilizado, do método (com proteção gasosa ou autoprotegido), das condições
do metal de base, do projeto da junta e do procedimento de soldagem.
Quadro 2.30 - Descontinuidades em soldas realizadas por FCAW. Fonte: Senai, 2011.
2. Introdução aos
167
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Além das causas acima, a soldagem semiautomática de bocais, juntas em T, etc., através dos processos
FCAW e GMAW, favorece a falta de fusão, pelo difícil acesso e posicionamento da tocha.
Na soldagem pelo processo FCAW, o posicionamento da pistola através das técnicas empurrando e ver-
tical são menos suscetíveis à inclusão de escória, contudo a maior penetração é obtida pela técnica de
puxar a poça de fusão.
No processo de soldagem Submerged Arc Welding (SAW), o arco elétrico é formado por uma corrente
elétrica que passa entre o eletrodo de arame sólido ou tubular e a peça de trabalho sob a proteção de um
fluxo granular fundido, Figura 2.91. O calor produzido pelo arco elétrico e transferido pelo fluxo fundido
funde o metal de adição (arame) e o metal de base, formando a poça de fusão.
Nesse processo não há arco visível, o arco fica submerso no fluxo formado por um material granulado,
pois parte do fluxo não funde e sobrenada a porção fundida. Além de proteger o arco elétrico e a poça
de fusão, o fluxo pode fornecer elementos desoxidantes e conter elementos de adição que modificam a
composição química do metal depositado. Com o deslocamento do eletrodo ao longo da junta, o fluxo
fundido sobrenada e se separa do metal de solda líquido, na forma de escória.
2. Introdução aos
168
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
1. Metal líquido
2. Escória líquida
3. Escória solidificada
4. Fluxo
5. Metal de solda
solidificado
3 2 4
5
1
Saiba Mais
https://www.youtube.com/watch?v=3cmhZ992twY
https://www.youtube.com/watch?v=-UlnKzc84EI
A escória formada tem a função de proteger o metal de solda recém-solidificado, pois se encontra em
alta temperatura o que lhe torna muito reativo com o oxigênio da atmosfera. Essa escória é relativamen-
te espessa e facilmente destacável.
Nesse processo, o fluxo é distribuído por gravidade à frente do arco elétrico ou concentricamente ao ele-
trodo. Esta independência do par arame-fluxo é outra característica do processo que o torna diferente dos
processos com SMAW, GMAW e FCAW. No SAW, esta separação permite que se utilizem diferentes compo-
sições arame-fluxo, de modo a selecionar combinações que sirvam a um projeto de junta em especial.
2. Introdução aos
169
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
O processo SAW geralmente é automático e um dispositivo é utilizado para deslocar o cabeçote de sol-
dagem. Raramente, pode ser semiautomático, quando o alimentador de fluxo e a pistola de soldagem
constituem um conjunto que é manipulado pelo operador de soldagem ao longo da junta, esta operação
é dificultada pela não visualização do arco, diminuindo a eficiência do processo. As maiores produtivida-
des do processo são alcançadas quando o processo é automatizado.
A Figura 2.92 abaixo mostra uma representação da execução de uma solda com a alimentação do fluxo
no mesmo bocal do eletrodo com a remoção do excesso na soldagem de um equipamento ou duto de
grande diâmetro.
Figura 2.92 – Representação esquemática da alimentação do fluxo no mesmo bocal do eletrodo. Fonte: adap-
tado de https://projtec.pt/2020/05/12/processos-de-soldagem-arco-submerso-saw/ pelos autores, 2019.
2.5.1 Equipamentos
O equipamento para o SAW é constituído por fonte de energia, tocha de soldagem, alimentador de ara-
me, sistema de controle, dispositivo para alimentação do fluxo, par de cabos elétricos e uma garra de
fixação do cabo à peça.
Pode ser vista na Figura 2.93 a representação esquemática do arranjo de montagem do processo.
2. Introdução aos
170
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Clique nos itens.
3
4
1101 90.3 80.5
1
859 30.3 5 2
3 - Alimentador de arame
2. Introdução aos
171
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Saiba Mais
https://www.youtube.com/watch?v=-UlnKzc84EI
https://www.youtube.com/watch?v=Zc3Fu1AVCjc
https://www.youtube.com/watch?v=7srOHVAjyGU
Tabela 2.4 - Faixas de correntes associadas aos diâmetros dos arames. Fonte: OS AUTORES, 2019.
A Figura 2.94 mostra o perfil dos cordões de SAW com a variação da corrente.
2. Introdução aos
172
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Velocidade de soldagem automática
Arame de 5,6 mm, 34 V e 0,76 m/min
Figura 2.94 - Influência da corrente no perfil do cordão de solda do SAW. Fonte: adaptado de https://www.lincol-
nelectric.com/en-us/support/process-and-theory/Pages/variables-weld-penetration.aspx pelos autores, 2019.
2.5.2.2 Tensão
Mantendo-se os demais parâmetros constantes, pode-se verificar visualmente o efeito da variação da
tensão no cordão de solda, Figura 2.95. A tensão influencia o formato da secção transversal do cordão e
sua aparência externa. O aumento da tensão resultará em um cordão mais largo e baixo reforço. O uso da
tensão abaixo do especificado produzirá um cordão estreito e alto.
2. Introdução aos
173
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Velocidade de soldagem automática
Arame de 5,6 mm, 850 A e 0,76 m/min
27V 45 V 34V
Figura 2.95 - Influência da tensão no perfil do cordão de solda do SAW, arame de 5,6 mm, corrente fr 850 A e
velocidade de 0,76 m/min Fonte: adaptado de https://www.lincolnelectric.com/en-us/support/process-and-
-theory/Pages/variables-weld-penetration.aspx pelos autores , 2019.
2. Introdução aos
174
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Velocidade de soldagem automática
Arame de 5,6 mm, 850 A e 84 V
Figura 2.96 - Influência da velocidade de soldagem no perfil cordão de solda do SAW. Fonte: adaptado de
https://www.lincolnelectric.com/en-us/support/process-and-theory/Pages/variables-weld-penetration.aspx
pelos autores, 2019.
2.5.2.4 Polaridade
O eletrodo com polaridade inversa (CC+) produz melhor penetração e um cordão mais bem feito. Já a
polaridade direta (CC-) proporcionará uma maior taxa de deposição com diminuição da penetração,
muito comum na soldagem de revestimentos ou aços de baixa soldabilidade onde é desejável reduzir a
diluição. O eletrodo positivo é normalmente o mais utilizado.
2. Introdução aos
175
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Velocidade de soldagem automática
600 A, 30 V e 0,76 m/min
Figura 2.97 - Influência do diâmetro do arame no perfil do cordão de solda do SAW. Fonte: https://www.lincol-
nelectric.com/en-us/support/process-and-theory/Pages/variables-weld-penetration.aspx OS AUTORES, 2019.
Quando o comprimento do eletrodo livre aumenta a tensão do arco aumenta, ou seja, a tensão do arco é
diretamente proporcional ao comprimento que a corrente percorre pelo eletrodo entre o bico de contato
e a peça.
2. Introdução aos
176
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.5.3 Consumíveis
Os consumíveis para soldagem por arco submerso são os fluxos e o arame-eletrodo.
2.5.3.1 Fluxo
As funções do fluxo no processo de soldagem SAW são formar escória, que tem como função proteger
a poça de fusão contra a ação atmosférica; estabilizar o arco elétrico; promover a desoxidação, promo-
vendo a limpeza do metal líquido; isolante térmico e controlar o acabamento e a geometria do cordão de
solda. Geralmente o fluxo não agrega elementos de liga à poça, mas há exceções como no caso dos aços
inoxidáveis.
Quanto aos fluxos fundidos, são aqueles que os constituintes da matéria prima são misturados e inte-
gralmente fundidos em um forno elétrico. O banho fundido é vazado e resfriado (sofrendo choque tér-
mico com fluxo de água ou sendo o fluxo reduzido em partículas de diferentes tamanhos). Observa-se as
seguintes vantagens nos fluxos fundidos: homogeneidade química excelente, a poça de solda não evolui
gases, os finos (partículas menores do fluxo, provenientes de um reaproveitamento, que não proporcio-
nam as condições propícias para o processo) podem ser removidos, e não são higroscópicos.
Quanto às limitações dos fluxos fundidos, podemos citar o custo de fabricação elevado e a falta de pos-
sibilidade de adição de elemento de liga.
Para a fabricação do fluxo aglomerado é primeiramente feita uma pesagem das Matérias-Primas, se-
guida pela Mistura a Seco, depois aglomeração com Silicato de Sódio, secagem a 150ºC, sinterização a
600 - 800ºC, resfriamento à temperatura ambiente e finalmente a classificação granulométrica.
As vantagens apresentadas por este tipo de fluxo são: menor custo, embalagem, possibilidade do uso
de desoxidantes e adição de elementos de liga, apresentam camada de fluxo mais espessa na zona de
solda, a escória formada destaca-se facilmente e baixo custo de fabricação.
Quanto às principais limitações, pode-se dizer que os finos não devem ser totalmente removidos, os
fluxos aglomerados são higroscópicos e a poça de solda pode absorver gases.
A AWS A 5.9 (Eletrodos e varetas para a soldagem dos aços Inoxidáveis), a AWS A5.17 (Arames e fluxos
para soldagem SAW de aço carbono), a AWS A 5.22 (Eletrodos e varetas com fluxo interno para a solda-
gem de aços inoxidáveis) e a AWS A5.23 (Arames e fluxos para soldagem SAW de aço baixa liga) são as
especificações dos fluxos e arame para o processo SAW.
2. Introdução aos
177
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Indica fluxo para a soldagem com arco submerso
FSXXX - ECXXX - HX
Figura 2.98 - Classificação dos fluxos. Fonte: OS AUTORES, 2019.
Os fluxos
Os fluxosneutros
ligadoscontêm
ativos são aplicados
usados nana
pequenas soldagem
soldagem
quantidades de:de
revestimento
multipasse, duro,
sem limite
manganês e/oude aços inoxidáveis
espessura,
silício que sãonos e revestimento
seguintes
utilizados com equi-
ob-
pamentos,
jetivo de desoxidar a poça, evitando defeitos como porosidade e trincas. São usados na soldagem na-
inox em açosestruturas
carbono. e materiais: tanques criogênicos, vasos de pressão, plataformas offshore, em
vios, aços passe
um único de altaou
resistência, temperados
em dois passes e revenidos,
na soldagem açosbotijões,
de rodas, baixa-liga (Cr-Mo,
perfis, Mn-Mo,
tubos, emendaNi). de chapas
e caldeiraria leve.
Como no processo eletrodo revestido, o fabricante deve informar a curva de temperatura de secagem e
a temperatura de manutenção necessária para retirar a umidade presente no fluxo. A superfície onde o
fluxo será depositado deve ser limpa previamente (~300mm de cada lado) e deve estar isenta de umida-
de. O fluxo não utilizado deve ser peneirado (espaçamento não maior que 3,2mm) para retirar pequenos
pedaços de escória fundida e outros corpos estranhos e ressecado segundo orientação do fabricante.
2.5.3.2 Arames
Os arames-eletrodos são arames sólidos ou tubulares, fornecidos na forma de carretéis ou bobinas. Os
arames são produzidos por trefilação e apresentam um revestimento especial de cobre, semelhante ao
utilizado nos arames para o processo de soldagem MIG/MAG; têm a função de proteger contra a oxidação.
Corrente, tensão e velocidade de soldagem são as três mais importantes variáveis da soldagem por arco
submerso, Figura 2.99 e Figura 2.100.
2. Introdução aos
178
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
600
400
mm
2,4
300
m
m
2
mm
3,
200 4,0
m
5,0 m
m
100 6,5 m
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600 1800 1800
Corrente, A
Figura 2.99 – Taxa de fusão do arame em função da corrente alternada e do diâmetro do eletrodo. Fonteht-
tp://www3.esab.com.br/literatura/apostilas/Apostila%20Arco%20Submerso.pdf
30
m
m
25 5,0
m
Taxa de fusão, kg/h
m
m
5
m 6,
0
20 4,
m
m
15
2
3,
m
10 m
4
2,
0
0 200 400 600 800 1000 1200 1400 1600
Corrente, A
Figura 2.100 – Taxa de deposição em função da corrente e do diâmetro do eletrodo. Fonte: http://www3.esab.
com.br/literatura/apostilas/Apostila%20Arco%20Submerso.pdf.
2. Introdução aos
179
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.5.4 Contenção da raiz fundida na soldagem com chanfro
O processo de maneira geral é caracterizado pelas altas densidades de corrente e apresenta formação
de grandes poças de fusão. Da mesma forma, o processo não apresenta resfriamento rápido (escória
isolante), então, a poça de fusão é mantida em estado líquido (fluido) por um razoável período de tempo
quando comparado a outros processos. Esta por sua vez não apresenta sustentação e resistência, ten-
dendo a escorrer (a raiz da solda necessita ser suportada até total solidificação). Os métodos abaixo para
contenção da raiz são os mais utilizados:
2. Introdução aos
180
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.101- Soldagem SAW com chanfro estreito. Fonte: Imagens cedidas por Ronaldo Cruz, 2015.
Alimentador Porta
fluxo
Bobina de
arame
1101 90.3 80.5
Fonte de
energia
Cabo de
Sistema de retorno
controle Tocha
859 30.3
2. Introdução aos
181
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.5.5.4 Arco Tandem
O Arco Tandem é um processo onde cada arame é ligado à sua própria fonte e é alimentado pelo seu pró-
prio alimentador, possui taxa de deposição de até 20kg/h e geralmente o cabeçote guia possui corrente
continua com polaridade inversa e os demais cabeçotes guiados possuem corrente alternada devido ao
efeito do sopro magnético.
859 30.3
859 30.3
É muito comum que o eletrodo-guia trabalhe com CC+ para garantir melhor penetração e os demais
eletrodos com CA, para garantir o enchimento e melhor acabamento do cordão. Esse tipo de montagem
evita deflexão do arco elétrico ou sopro magnético.
A deposição pode ser aumentada em 50% a 100% e geralmente é utilizado em soldagem de revestimento.
2. Introdução aos
182
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.5.8 Adição de pó Metálico (Metal Powder Addition)
A adição de pó metálico é empregada em alguns tipos de consumíveis e a composição química do pó
deve ser avaliada para atender o objetivo final da obra. Quando pó metálico é utilizado na soldagem por
arco submerso a taxa de deposição pode ultrapassar a 70%. A penetração e a diluição são reduzidas o
torna a soldagem com adição de pó metálico atrativa para soldagem de revestimento.
O pó metálico pode ser adicionado à frente ou diretamente dentro da poça de fusão, geralmente
por gravidade ou com utilização de um campo magnético. A Figura 2.104 mostra os dois sistemas de
alimentação.
Pó
metálico Fluxo
Fluxo Pó
metálico
Escória Escória
Metal de Metal de
solda solda
Figura 2.104 - Pó metálico sendo adicionado à poça de fusão. Fonte: OS AUTORES, 2019.
O processo ESW utiliza uma escória fundida condutora que protege e funde o arame se depositando
continuamente no metal base. O arco elétrico é somente utilizado para fundir a escória, Figura 2.105. O
aporte de calor é muito alto, gerando uma ZTA muito grande. Todavia, na soldagem de revestimentos,
baixos valores de diluição indicam este processo para esta aplicação.
2. Introdução aos
183
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Fluxo
Escória
solidificada
Metal de
solda
Escória
Metal de
fundida
solda líquido
Figura 2.105 – Representação esquemática do processo ESW convencional. Fonte: OS AUTORES, 2019.
O Strip Cladding é a variação de dois processos baseados na condutividade de escória, Figura 2.1074.
Figura 2.106 - SAW strip cladding e ESW strip cladding. Fonte: Aula de processos de soldagem,
Marcy Saturno, Especialização em Soldagem, 2017.
2. Introdução aos
184
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Assim sendo, os eletrodos em forma de fita possuem cerca de 0,5mm de espessura e de 30 a 120mm de
largura. Nesse processo, o metal depositado possui aspecto de cordões planos com mínima diluição no
metal base, Figura 2.107.
Figura 2.107 - Cordões de solda feitos por Strip Cladding. Fonte: Aula de processos de soldagem,
Marcy Saturno, Especialização em Soldagem, 2017.
A qualidade da solda é dependente do tipo de material, das características da junta, dos parâmetros de
soldagem e dos tratamentos pós-soldagem.
Ainda objetos de estudos na indústria do petróleo, há os métodos não convencionais, como Friction Stir
Welding (FSW), Friction Hydro Pillar Processing (FHPP) e Friction Stitch Welding.
2. Introdução aos
185
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
a área de contato aumenta, até que 100% da área fique em contato. Isso continua por um tempo predefi-
nido, ou até que uma quantidade de deslocamento, também predefinida, seja atingida. A força de fricção
é mantida ou aumentada (força de forjamento) durante um tempo predeterminado após a rotação ou
translação cessar. A solda está assim completa. Em soldagem por fricção direta, existem dois mecanis-
mos diferentes de controle para determinar o fim do ciclo de soldagem. Por um lado, o processo pode
ser finalizado quando um tempo pré-ajustado de soldagem é atingido. Por outro lado, a quantidade
total de deslocamento pode ser usada para determinar o término do processo. É necessária a remoção
do excesso de metal deformado.
Figura 2.108 - Friction Stir Welding. Fonte: GUEDES, 2015, p. 5, traduzido e adaptado pelOS AUTORES.
Esse processo apresenta uma ZAC menor, uma vez que o metal de solda não atinge a temperatura de
fusão. A zona de mistura, em função da grande deformação e temperatura elevada, possui uma micro-
estrutura com grãos bem refinados com boas propriedades mecânicas.
Apesar do excelente potencial de aplicação, em especial na soldagem de dutos e tubulações, esse pro-
cesso ainda não tem um horizonte de aplicação de curto prazo.
No entanto, o FSW está associado a vários defeitos específicos. A sua utilização com temperaturas de
soldagem insuficientes, devido a baixas velocidades de rotação ou altas velocidades de deslocamento,
gera falta de fusão contínuas, além de limitar a ação de forjamento da ferramenta.
2. Introdução aos
186
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
O projeto do pino, cujo material resistente à abrasão em altas temperaturas, pode ser um limitante da
aplicação para soldagem em aço carbono.
A peça
Boas deve ter eixomecânicas
propriedades de simetria
na condição como soldada.
Necessidade de ajuste
Soldagem autógena mais
com preciso, menos
possibilidade sensível ao
de soldagem comdesalinhamento
passe único.
Orifício geradoem
ZAC pequena nafunção
saída da
doferramenta,
baixo aportenecessidade de chapa apêndice.
Equipamentos
Alta velocidaderobustos capazes de aplicar grandes forças necessárias para a soldagem.
de soldagem.
Limitações
Facilmente de espessura para soldagem de aço carbono, máximo de 12 mm.
automatizável.
Soldagem em todas as posições, sem a formação de poça de solda.
Boa aparência de solda.
Facilidade de se efetuar soldas dissimilares sem grandes problemas metalúrgicos.
Pode usar materiais mais finos com a mesma força articular.
Maior segurança devido à ausência de vapores tóxicos ou respingos de material fundido.
Dessa forma, com uma escolha apropriada de pressão e velocidade relativa, os planos de cisalhamento
são induzidos a mover-se axialmente, de forma que o material de adição entre em contato íntimo com
a parede interna da cavidade. Devido à fricção e a deformações a que o material é submetido, a solda
acontece entre as paredes da cavidade e o consumível, num tempo entre 5 e 20 segundos, dependen-
do do material, da velocidade relativa, da pressão axial e da profundidade da cavidade. A Figura 2.109
apresenta um esquema mostrando o princípio do processo.
2. Introdução aos
187
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.109 - Friction hydro pilar processing. Fonte: LESSA et al., 2016, p. 929.
Por ser um processo em estado sólido, a soldagem por fricção, diferentemente dos processos a arco
elétrico, não é afetada pela pressão ambiente e por isso espera-se que o processo possa ser empregado
com sucesso mesmo em profundidades superiores àquelas comumente utilizadas para a passagem de
oleodutos. Na verdade, a soldagem por fricção já tem sido usada com êxito no reparo e manutenção de
estruturas de conexão nas indústrias offshore e naval há alguns anos.
A ausência de uma zona de fusão é também uma característica do processo FHPP. Severos problemas
envolvidos em soldagem por fusão, como já mencionado, são reduzidos ou praticamente não existem.
FHPP está bem adaptado para automatização e controle remoto, uma vez que o ciclo de soldagem é
pré-programado e não é preciso que o operador tenha habilidades, uma vez que não há necessidade de
ajustar parâmetros ao longo do ciclo de soldagem, Figura 2.110.
2. Introdução aos
188
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.110 - Escoamento de material durante a costura por fricção. Fonte: BULBRING, [2012], p. 2.
Figura 2.111 - Esquema da costura por fricção em um passe / Costura por fricção com mais de um passe.
Fonte: MARINHO, 2010, slide 37.
Uma definição simples e objetiva dos processos de soldagem híbridos é a associação física de dois pro-
cessos de soldagem, de maneira a aproveitar as características mais atrativas de cada processo. A apli-
2. Introdução aos
189
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
cação de dois ou mais processos de soldagem tem sido um dos objetivos da indústria nos últimos anos.
O motivo desse interesse é obter um aumento de produtividade empregando processos de soldagem
com suas tochas configuradas em tandem, ou com os arcos elétricos numa mesma poça de fusão com
a disposição híbrida, ou utilizar as tochas operando simultaneamente em uma configuração geminada.
Muitos pesquisadores concentraram seus estudos na soldagem híbrida por Light Amplification by Sti-
mulated Emission of Radiation (LASER) ou LBW (laser beam welding) e por plasma com outros processos
de soldagem, como o Metal Inert Gas / Metal Active Gas (MIG/MAG) e o Tungsten Inert Gas (TIG).
Após alguns anos de estudo, o processo de soldagem híbrido LASER-TIG apresentou bons resultados no
que diz respeito ao aumento de penetração e melhor estabilidade de arco, com baixos custos de opera-
ção. Atualmente, o processo de soldagem híbrido LASER-MIG é foco de estudos devido ao seu grande
interesse na indústria naval e automotiva. Elevadas velocidades de soldagem sobre chapas espessas, e
em único passe, explicam esse interesse. O processo de soldagem híbrido Plasma-MIG tem como grande
vantagem a independência entre o aporte de calor do arco plasma e do material de adição depositado
pela tocha MIG, o que facilita a manipulação da geometria do cordão de solda.
O processo de soldagem híbrido Plasma-LASER é um dos mais recentes e permite uma deposição de
material precisa e controle do aporte de calor. O processo de soldagem híbrido TIG–MIG permite o au-
mento da velocidade de soldagem, maior penetração e uma solda mais limpa, com menos respingos e
melhor aparência do cordão de solda se comparado com o processo de soldagem MIG/MAG convencio-
nal. A maioria dos processos de soldagem aplicados na configuração em tandem corresponde a tochas
de soldagem de mesmo processo, como cabeçotes de soldagem por arco submerso e tochas MIG/MAG
acopladas em tandem.
Processo de soldagem
Processo de
Processo de híbrido LASER-TIG,
soldagem híbrido
soldagem híbrido com LASER tipo gás,
com soldagem
de baixa potência,
Plasma-LASER, por fricção FSW,
utilizando dióxido de
em 1998; assistido por feixe
carbono como meio
de LASER, em 2002.
ativo, em 2001;
2. Introdução aos
190
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Por que utilizar processos de soldagem híbridos?
Figura 2.112 - Soldagem híbrida Laser- MAG. Fonte: THE LINCOLN ELETRIC COMPANY, [2011], p. 1, traduzido
pelOS AUTORES.
2. Introdução aos
191
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
LBW GMAW
Figura 2.113 - Comparação entre as poças de fusão nos processos de soldagem por LASER e MIG/MAG.
Fonte: OS AUTORES, 2019.
Uma comparação das micrografias dos processos laser e GMAW facilita o entendimento da contribuição
de cada processo com o metal de solda final, Figura 2.114
Figura 2.114 - Macrografias de aços soldados com laser (esq). MAG (centro) e híbrido laser com MAG (dir.).
Fonte: Senai, 2011.
2. Introdução aos
192
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
O arranjo da tocha é mostrado na Figura 2.115
Figura 2.115 - Tocha turbo laser e tocha MIG/MAG para soldagem MIG-Laser. Fonte: SenaI, 2011.
VANTAGENS DESVANTAGENS
os altos custos
» aberturas operacionais;
de raízes desalinhadas até certo ponto não seria problema;
o cabeçote
» altas de soldagem
velocidades mais complexa;
de soldagem;
a orientação
» menores da tocha
tempos de soldagem
de fabricação e, tem que ser mantida de
consequentemente, modo a não alterar o perfil da soldagem;
custos;
excesso dede
» soldagem geração de fumosem
peças espessas metálicos e salpicos podem danificar as lentes;
único passe.
» o número de variáveis de soldagem aumenta.
2. Introdução aos
193
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Outros benefícios do processo Plasma-MIG, em relação ao processo MIG-MAG convencional, são o uso
de maiores velocidades de soldagem, menor distorção, por apresentar uma menor zona afetada pelo
calor, melhor aspecto de cordão de solda, com menos respingos e maior penetração. A utilização de ro-
bôs industriais de soldagem, que possibilitam operações em altas velocidades, em peças com geometria
complexa, também é uma possibilidade.
Figura 2.116 - Desenho esquemático de uma tocha para soldagem Plasma - MIG, com destaque para os com-
ponentes principais. Fonte: RESENDE; FERRARESI, 2007, p. 3.
No conceito original das tochas de soldagem Plasma-MIG, utiliza-se um eletrodo de tungstênio, o mes-
mo das soldagens plasma e TIG, para geração do arco plasma. Nesse conceito, o eletrodo é localizado
ao lado do bico de contato MIG, como ilustrado na Figura 2.117. Em função do alto desgaste do eletrodo
de tungstênio em atmosferas oxidantes, o gás de plasma utilizado nesse tipo de pistola deve ser de na-
tureza inerte. Normalmente utiliza-se argônio, hélio ou uma mistura destes, sendo que a utilização de
misturas de argônio com gás hidrogênio também é citada na literatura. O gás de proteção pode ser de
natureza ativa, já que esse fluxo não entra em contato com o eletrodo de tungstênio. Misturas de argônio
com dióxido de carbono são empregadas como gás de proteção na soldagem de aço carbono. Na solda-
gem de não ferrosos, normalmente, utiliza-se argônio puro ou misturas com hélio.
2. Introdução aos
194
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
Figura 2.117 - Exemplo de tocha comercial para o processo Plasma-MIG. Fonte: RESENDE; FERRARESI, 2007, p. 3.
Uma limitação do processo híbrido LASER-TIG é a formação de porosidade devido à falta de gás de pro-
teção para o feixe de LASER. Visto que o feixe de LASER não pode ter uma proteção gasosa coaxial ao
eixo do feixe, pois este ficaria instável, a solução é a injeção de gás de proteção incidindo lateralmente
ao feixe de LASER.
2. Introdução aos
195
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
2.7.4 Equipamentos utilizados nos processos Híbridos
Uma tendência recente tem sido a combinação dos tipos de fonte abaixo descritos de modo a aumentar o
desempenho das fontes de energia a um menor custo. As fontes de energia controladas por transistores
anto no primário como no secundário, possuem características operacionais especiais. Outra tendência
muito importante observada nas fontes transistorizadas é a substituição progressivo de sistemas físi-
cos (hardware) de controle por sistemas baseados em programação (software). Essa tendência, já obser-
vada em diversos outros tipos de equipamento, permite uma crescente flexibilidade ao equipamento e
uma grande capacidade de atuar no processo de soldagem, particularmente na transferência de metal.
2 a 20%
Diluição 25 a 35% (adição) 100% 10 a 30% 20 a 50% 20 a 50%
(sem adição)
Quadro 2.31 - Resumo das características dos processos de soldagem. Fonte: https://docplayer.com.br/
18175521-Universidade-federal-do-rio-grande-do-norte-curso-de-engenharia-de-materiais-topico-intro-
ducao-aos-processos-de-fabricacao-dos-metais.html.
2. Introdução aos
196
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
A aplicabilidade de cada processo em cada faixa de espessura em diferentes materiais pode ser vista no
Quadro 2.32.
Alumínio e I X X X
ligas M X X
G X
Abreviações: F - fina < 3mm, I - intermediária 3-6mm, M - média 6-19mm, G - grossa > 19mm.
2. Introdução aos
197
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
processos de soldagem
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
3. TRANSFORMAÇÕES ASSOCIADAS À FUSÃO – METAL DE
SOLDA E ZONA AFETADA PELO CALOR
Como já visto, o calor necessário para a fusão dos materiais a serem unidos – metal base e metal de
adição - provém de um arco elétrico. Esse calor não determina somente o tamanho (volume) da poça de
fusão, mas também as temperaturas da junta soldada, o tempo de solidificação da poça de fusão e as
velocidades de resfriamentos, tanto da poça de fusão quanto da zona afetada pelo calor (ZAC).
A velocidade de resfriamento vai determinar o tempo no qual cada região, em especial da ZAC, tem
para sofrer as transformações metalúrgicas que podem ou não danificar significativamente as pro-
priedades da junta soldada. Ou seja, essas transformações em cada faixa de temperatura de uma junta
soldada determinam a sua sanidade, uma vez que o calor da poça de fusão, metal de base e metal de
adição, vai determinar a rapidez das variações de temperatura e, consequentemente, da taxa de resfria-
mento em cada região dessa junta.
Saiba Mais
https://www.youtube.com/watch?v=LWRaJfufCdE&t=500s
https://www.youtube.com/watch?v=-Vszxfz0kuI
Metals and Alloys, lecture 3, Solidification - Bhadeshia
ou lendo
Nucleation - MIT
Fundamentals of solidification
Welding Solidification and Microstructure
Solidificação dos metais - e-Disciplinas USP
https://demet.eng.ufmg.br/laboratorios/laboratorio-de-soldagem/
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 199
Afetada pelo Calor
Figura 3.1– Poça fundida na soldagem SMAW. Fonte: WCWELDING. Arc welding tips and tricks! Disponível em:
https://www.wcwelding.com/arc-welding-tips.html. Acesso em: 8 out. 2018.
A poça de fusão pode ser observada para cada processo nos vídeos:
https://www.youtube.com/watch?v=Q1zcW3pyyG0 e
SMAW
https://www.youtube.com/watch?v=rBWnZ4TkU4w
https://www.youtube.com/channel/UCR_L4XxyFfRdoyvZ_874M5g ,
GTAW https://www.youtube.com/watch?v=UNAAhwieNhU e
https://www.youtube.com/watch?v=6LSLV8QRgMA
https://www.youtube.com/watch?v=Qqf4k-cIA5s e
GMAW
https://www.youtube.com/watch?v=_hdsd3dFWN8
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 200
Afetada pelo Calor
3.2 Zona fundida – ZF
Região efetivamente fundida na junta soldada, composta pelo metal depositado mais as regiões de ma-
terial de base que são incorporados pela fusão ou apenas pelo material de base fundido. Possui proprie-
dades mecânicas, como resistência mecânica e tenacidade, superiores ao metal base como requisito das
principais normas de qualificação de procedimento.
Importante!
Em outras palavras, a ZAC, Figura 3.2, é a região compreendida entre a zona de ligação e o metal de base
que não sofreu nenhuma modificação microestrutural significativa que originasse alguma mudança sig-
nificativa nas propriedades mecânicas e/ ou a resistência à corrosão.
Figura 3.2 – Representação de ZAC em solda em ângulo. Fonte: SGS MSI, c2018, adaptado pelos autores, 2019.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 201
Afetada pelo Calor
3.4 Aspecto térmico da soldagem
O fundamento da união por soldagem a arco elétrico é baseado na fusão do metal base com o metal de
adição, na maioria dos casos é aplicável, de uma forma muito localizada visando à formação de uma poça
de fusão.
Saiba Mais
O aporte de calor, ou energia de soldagem, é definido como a relação entre a potência que a fonte intro-
duz (arco elétrico) na peça e a velocidade de deslocamento dela. Em outras palavras, é a quantidade de
energia transferida à junta por unidade de comprimento.
O aporte de calor pode ser alterado teoricamente através da variação dos valores da tensão do arco,
corrente, na linguagem do campo amperagem, e velocidade de soldagem. Entretanto, para um mesmo
processo de soldagem, essas variações são limitadas em função do diâmetro do consumível, do tipo de
fonte (corrente constante ou tensão constante) e pelas características construtivas dos consumíveis.
Os consumíveis sempre devem ser utilizados dentro da faixa de tensão e de corrente indicada pelo fabri-
cante, ou seja, a faixa na qual podem trabalhar sem trazer efeitos deletérios como perda de resistência
mecânica (sanidade do cordão- defeitos) ou perda de resistência à corrosão (volatilização de elementos
químicos).
Parte da energia fornecida não é absorvida e depende do processo de soldagem utilizado. Assim, cada
processo apresenta um rendimento térmico, η, que deve ser considerado no cálculo da energia absorvi-
da, também chamada de energia líquida, Figura 3.3.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 202
Afetada pelo Calor
U.I
Hfornecida=
vsoldagem
a
id
ec
rn
fo
a
gi
er
En
Energia absorvida H = aporte térmico
I = corrente de soldagem
U = tensão no arco
U.I v = velocidade de soldagem
Habsorvida= η η = rendimento térmico
vsoldagem
Para os processos convencionais, o rendimento normalizado é dado pela Quadro 3.1. Todavia, os pro-
cedimentos de soldagem qualificados não consideram o rendimento na sua formulação, pois somente
atrelam os parâmetros de soldagem que são vinculados ao processo executado.
O limite de aporte térmico estabelecido nas normas deve ser avaliado com cuidado. Quando não estiver
vinculado a um processo de soldagem, deve ser aplicado um valor de rendimento teórico para que sejam
comparados diferentes processos. Entretanto, quando estiver relacionado com cada processo específi-
co, pode ser utilizado sem restrições para aquele processo. Nesse caso, quando for utilizado um proces-
so de soldagem diferente do estabelecido e que não esteja citado na norma, uma conversão de aporte
deve ser feita considerando os valores teóricos de eficiência.
Importante!
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 203
Afetada pelo Calor
Processo Eficiência de transferência
GTAW
Modo de baixa corrente, CC- 0,40-0,60
Modo de alta corrente, CC- 0,60-0,80
CC+ 0,20-0,40
CA 0,20-0,50
PAW
Modo de fusão direta 0,70-0,85
Modo Keyhole 0,85-0,95
GMAW
Modo de transferência globular e curto circuito 0,60-0,75
Modo de transferência spray 0,65-0,85
SMAW ou FCAW 0,65-0,85
SAW 0,85-0,99
ESW 0,55-0,85
LBW
Superfícies reflexivas ou vapor 0,005-0,50
Modo Keyhole 0,50-0,75 +
Quadro 3.1 – Rendimento dos principais processos a arco elétrico.
Fonte: MESSLER, 2004, p. 137, adaptado e traduzido pelos autores.
A Figura 3.4 apresenta uma série de fatores que levam à perda de ener-
gia durante a operação de soldagem com eletrodo não consumível. Entre elas estão:
1 2 3 4 5
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 204
Afetada pelo Calor
Metal de Eletrodo Condução
adição não pelo eletrodo
consumível
Condução
pelo vapor Vapor Radiação luminosa
metálico
Condução
pelo
consumível
Condução pelo
respingo
Convecção
Convecção
na poça
Condução
pelo peça
Figura 3.4 - Causas de perda de energia térmica durante a soldagem de uma peça.
Fonte: MESSLER, 2004, p. 135, adaptado pelos autores.
Cada processo de soldagem apresenta uma densidade de energia, ou seja, uma quantidade de energia
por área de aplicação, Figura 3.5. Os processos de menor densidade de energia têm um menor rendi-
mento térmico, o que faz com que tenhamos uma maior dissipação de calor na peça aumentando, por
exemplo, a extensão da ZAC.
Soldagem
W/m2
1014 1 impossível
Vaporização
1012
2 Feixe de Vaporização e
elétrons condução
Laser
1010
Plasma 3. Condução
Condução
108 3 com fusão
com fusão
Arco
6
10
Soldagem Condução
impossível
4 sem fusão
104
Processo de soldagem
Figura 3.5 – Densidade de energia por processo de soldagem.
Fonte: redenhada de MODENESI; BRACARENSE, 2012, p. 4.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 205
Afetada pelo Calor
Essa diferença provoca comportamentos distintos nas juntas soldadas com relação à sua qualidade.
Quanto maior a densidade de energia melhor a qualidade da solda, melhor a penetração, maior a
velocidade de soldagem, porém o custo do equipamento é muito superior. Assim, deve ser avaliado
se o aumento do custo do equipamento se justifica em função do ganho advindo das melhorias de
produtividade. Todavia, em materiais susceptíveis à transformação martensítica, deve-se ter um cui-
dado especial considerado o efeito da taxa de resfriamento na utilização desses processos, de forma
a evitar formação de trincas.
Na Figura 3.6 e Figura 3.7, é possível verificar que a energia de soldagem na peça diminui à medida que a
densidade de energia aumenta. Isso se deve ao fato de a região aquecida por uma densa fonte de calor
ser mais concentrada, ou seja, mesmo que o calor aplicado a ela seja mais intenso, a região de aplicação
é bem menor, e isso é refletido no valor da energia de soldagem.
Aumento:
Danos na peça
Energia de soldagem na peça
Número de passes
Soldagem
ZAC
a gas
Soldagem
a arco
Aumento:
Penetração
Velocidade de soldagem
Qualidade da solda
Custo do equipamento
Soldagem de
alta energia
» quanto maior a densidade de energia, mais eficiente é o aquecimento e mais estreita é a lar-
gura da ZAC.
» quanto menor a densidade de energia, mais calor é transferido para a peça e maior é a ZAC,
Figura 3.7.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 206
Afetada pelo Calor
102
Energia de soldagem
Tamanho ZAC, mm
101
10
0
10 102 103 104
Densidade de energia, kW/cm2
Figura 3.7 – Tamanho da ZAC em função da densidade de energia.
Fonte: redesenhado de Metals handbook
Temperatura, K
28000
26000
24000
22000
20000
18000
16000
14000
12000
Figura 3.8 – Perfil de temperatura do arco para uma simulação de 200 A de corrente e
comprimento do arco de 10 mm. Fonte: OS AUTORES, 2019.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 207
Afetada pelo Calor
O ciclo térmico é considerado fundamental no entendimento da metalurgia da soldagem, decorrente de
uma distribuição de temperatura não linear na soldagem, Figura 3.9. Observe a figura e clique no ícone
para entender a variação de temperatura.
Informação Importante
O ponto de máxima temperatura se localiza sob a fonte de calor, Q. No limite da poça de fu-
são, a peça está na temperatura de fusão, Tfusão. Todavia, se considerarmos o aquecimento
da peça a ser soldada, um gradiente térmico muito severo é observado, que vai de tem-
peratura superiores à temperatura de fusão do metal na poça de fusão até a temperatura
ambiente em uma pequena porção do material.
Velocidade Fonte de
de soldagem calor, Q
Poça de espessura, g
T fusão
Tfusão x
A temperatura no metal de base próximo à fonte de calor de soldagem é alta, muito localizada e, de-
corrente disso, a análise da forma como esse calor se distribui na peça a ser soldada é fundamental
para prevermos as transformações metalúrgicas que acontecem no metal de solda e, especialmente,
na ZAC, que conforme definido anteriormente é a região na qual transformações metalúrgicas que
interferem nas propriedades mecânicas da junta soldada acontecem e devem ser controladas.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 208
Afetada pelo Calor
Formação da gota,
transferência metálica
Formação do
e reação com os gases
arco - plasma
Poça de
fusão
1450ºC
Zona Afetada
pelo Calor Transferência
por condução
Figura 3.10 – Ilustração da interação da fonte de calor com o metal de base e as diferentes regiões da solda-
gem, como zona de fusão, zona afetada pelo calor e metal de base. Fonte: os autores, 2021 .
Quando observamos uma fonte de calor estática, as isotermas se localizam concêntricas à fonte de calor.
Numa fonte móvel, como no caso da soldagem, elas assumem a forma elíptica e serão tão mais alonga-
das quanto maior for a velocidade de soldagem.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 209
Afetada pelo Calor
200ºC
200ºC
600ºC
1000ºC 600ºC
1400ºC
1000ºC
1400ºC
Fonte de
calor estática Fonte de calor
em movimento
Direção de
soldagem
Figura 3.11 - Distribuição de temperatura em relação à fonte de calor na condição estática e na condição de
soldagem com a fonte se movimentando com a direção de soldagem. Fonte: OS AUTORES, 2018.
No instante que a poça de fusão atinge sua temperatura máxima, há uma distribuição de temperatura ao
longo do eixo x, cujo ponto zero se localiza nesse ponto de pico em tempos crescentes de t1 a t5, Figura
3.12. A essa distribuição de temperaturas denominamos de repartição térmica.
Temperatura
t1
Tfusão
t2
t3
t4
t5
Distância, x
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 210
Afetada pelo Calor
Observamos, também, a delimitação da ZAC, Figura 3.13, que será proporcional ao aporte térmico, ao
aumento da temperatura inicial, à condutividade térmica e inversamente proporcional à espessura no
modo de extração de calor bidimensional, como será visto adiante.
Tmáx
Tfusão
Tlimite ZAC
ZAC ZAC
Metal de
solda
líquido
De uma forma analítica, considere um ponto A aleatório na junta soldada, definido pela sua distância ao
centro da solda e pela sua posição em relação à espessura. O calor da operação de soldagem provoca,
nesse ponto, variações de temperatura como indica a Figura 3.14. A tangente da curva θ2 nos dá a taxa
de resfriamento, que é fundamental para estimarmos as transformações metalúrgicas que podem
ocorrer durante o processo de soldagem.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 211
Afetada pelo Calor
θmáx
A
θ1
Temperatura, θ
Vθ
θ2 2
tresfriamento
Tempo, t
Figura 3.14 – Representação do ciclo térmico em um ponto aleatório do material base.
Fonte: OS AUTORES, 2018.
A variação de temperatura em função do tempo, θ= f(t), Figura 3.15, é o ciclo térmico no ponto conside-
rado. A curva permite a determinação de:
Tmáx
Tfusão
Temperatura
Tp1
p1 x tempo
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 212
Afetada pelo Calor
Com essas duas funções, torna-se possível o estudo das transformações metalúrgicas no estado sólido
que acontecem em uma junta soldada. O ciclo térmico possibilita a interpretação ou previsão das trans-
formações, enquanto a repartição térmica permite determinar a extensão das zonas onde se passam
tais fenômenos.
Importante!
Teoricamente as velocidades de resfriamento decrescem à medida que a distância “x” aumenta. Entre-
tanto, do ponto de vista prático e para a faixa de temperatura onde ocorrem os fenômenos de têmpera
que possibilita a transformação martensítica, pode-se considerar a velocidade de resfriamento – ou o
tempo de resfriamento – como constante em toda a extensão da zona afetada pelo calor.
As equações de Rosenthal, Equação 1 e Equação 2, fornecem um modelo matemático que permite esti-
mar o fluxo térmico de soldagem e são de fácil utilização. As principais variáveis de entrada são:
1 2 3 4
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 213
Afetada pelo Calor
Para conhecer as equações de Rosenthal, clique no ícone e veja a Equação 1 e 2:
Informação Importante
(1)
(2)
Onde:
A diferença principal entre as duas equações reside no fato da primeira ser independente da espessu-
ra - tridimensional – e a segunda dependente da espessura – bidimensional, como pode ser observado
na Figura 3.16. Isso quer dizer que quando aumentamos a espessura em fluxo de calor bidimensional a
temperatura da junta varia mais rápido, os ciclos de aquecimento e resfriamento se tornam mais seve-
ros. No fluxo tridimensional, a espessura não influencia, pois, a extração de calor se dá também ao longo
da espessura. Ambas as equações dependem da condutividade térmica do material a ser soldado.
A Figura 3.16 mostra um esquema de fluxo de calor em uma chapa fina. Existem situações inter-
mediárias que não supridas por nenhuma das duas equações, e outras abordagens numéricas
devem ser consideradas.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 214
Afetada pelo Calor
Q Q
Extração de calor bidimensional
Q Q
O tempo Δt8/5 é uma variável bastante utilizada para prever se o material, ferrítico ou martensítico,
apresenta risco de apresentar microestruturas frágeis na ZAC, transformadas a partir das altas taxas
de resfriamento. Mede o tempo necessário para que a junta soldada resfrie entre 800 e 500 oC. É nessa
faixa de temperatura na qual as transformações de austenita em ferrita, martensita e/ou bainita ocor-
rem. Observe a diferença:
» menores valores de Δt8/5 têm maiores taxas de resfriamento, o material esfria mais rápido, aumen-
tando a possibilidade de ocorrer transformações martensíticas;
» maiores valores de Δt8/5 têm menores taxas de resfriamento, o material esfria mais lentamente,
aumentando a possibilidade de ocorrer transformações da austenita em altas temperaturas (como
ferrita, agregado de ferrita e carboneto, entre outros).
O entendimento das relações existentes na variação do aporte térmico, da temperatura inicial (preaque-
cimento) e da espessura faz com que possamos predizer o Δt8/5 de modo a controlarmos o resfriamento
do material, minimizando a possibilidade de obtenção dessas microestruturas mais frágeis. Adicional-
mente, considere que a transformação martensítica não irá ocorrer na soldagem de aços com carbono
equivalente mais baixos, conforme será mostrado adiante.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 215
Afetada pelo Calor
Informação Importante
3)
Onde:
(4)
(5)
Essas equações permitem que sejam elaboradas algumas considerações relevantes com relação às
variáveis de soldagem. A taxa de resfriamento (δT/δt), onde T é temperatura e t é tempo, pode ser
influenciada pela temperatura inicial, aporte térmico e espessura a ser soldada.
O regime térmico da operação de soldagem depende de fatores associados à peça a ser soldada e ao
procedimento de soldagem, como:
» o aporte térmico,
» a espessura da peça a ser soldada e
» a temperatura inicial dessa peça.
A taxa de resfriamento tem uma importância diferente nos processos de Soldagem.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 216
Afetada pelo Calor
Clique nos itens para conhecê-los.
Como
Na a soldagem
Na soldagem dos aços
dos aços carbono,
inoxidáveis baixa, necessitamos
duplex, médiadevemos
austeníticos, e alta liga
de deuma
terum matriz
altaferrítica
controle ainda
taxa ou
demais martensítica
rígido da para
resfriamento se
taxa
constituem
de nos
resfriamento, materiais
pois mais
taxas de significativos
resfriamentos que são
altas soldados
promovem na
um
evitarmos a sensitização da junta soldada que pode promover a sua corrosão.indústria
desbalanço do petróleo,
de fases a
comtrinca
um in-
au-
duzida
mento dapelo hidrogênio
fração é a de
de volume principal
ferrita,descontinuidade a ser analisada
que diminui a resistência mecânicae oe controle da taxa
de corrosão, ou umade res-
taxa
friamento se torna
de resfriamento fundamental.
lenta que permitePara que ocorra,
a precipitação detemos que ter
fase sigma, presença
que, além dede hidrogênio,
diminuir tensõesà
a resistência
residuais
corrosão, trativas
fragilizaefortemente
microestrutura
a liga.susceptível, martensita ou bainita. Dessa forma, diminuindo a
taxa de resfriamento, podemos minimizar as transformações microestruturais e favorecer a difusão
do hidrogênio para fora do metal de solda.
Assim, o perfeito entendimento e controle dos principais fatores que interferem na taxa de resfriamen-
to são imprescindíveis para a execução de uma junta soldada adequada para as condições de aplicação
impostas pelos códigos de projeto.
» a diminuição da espessura faz com que, para o mesmo aporte térmico, a chapa aqueça mais di-
minuindo a taxa de resfriamento;
» de maneira análoga, com o aumento da espessura, o volume de material do componente faz com
que o calor dissipe mais facilmente.
Em chapas grossas, a temperatura na superfície oposta à soldagem é igual à temperatura ambiente.
Pela Figura 3.17, pode ser visto que, a partir de determinada espessura, a influência do aumento da es-
pessura deve ser desprezada, ou seja, não influenciará na velocidade de resfriamento (o lado contrário à
soldagem está sempre à temperatura ambiente).
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 217
Afetada pelo Calor
Taxa de resfriamento
Espessura
Figura 3.17 - Influência da espessura na velocidade de resfriamento. Fonte: OS AUTORES, 2018.
Essa última consequência é o objetivo do preaquecimento, o qual favorece a difusão - escape do hi-
drogênio. Por isso, o preaquecimento é utilizado para diminuir a possibilidade de trinca a frio, con-
forme será melhor detalhada adiante. Pelo mesmo motivo o código ASME restringe a soldagem em
temperaturas (da peça) inferiores a 10 °C.
A temperatura inicial, bem como o preaquecimento, interfere na taxa de resfriamento. Para compre-
ender essa afirmação, clique no ícone e veja um exemplo que irá nos auxiliar a entender esse efeito da
temperatura inicial.
Informação Importante
Ao soldarmos um duto de 10” e 12 mm de espessura, com aporte térmico constante, é in-
tuitivo que ele irá resfriar mais rápido se for soldado em uma região fria, como no Alasca do
que se ele for soldado em uma região quente, como no Saara ao meio-dia. Em alguns casos,
será necessário retardar a taxa de resfriamento de uma forma mais expressiva efetuando o
aquecimento da peça a ser soldada em uma temperatura superior a ambiente, para minimi-
zar a formação de fases endurecedoras, como a martensita e bainita.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 218
Afetada pelo Calor
A determinação de níveis adequados de preaquecimento para a prevenção de trincas induzidas pelo hi-
drogênio depende de um conhecimento preciso da composição do metal base e, consequentemente do
seu carbono equivalente – CE, e da composição química do metal de solda.
A fórmula do IIW para o CE é representada na N-133 e é aplicável aos aços com CE na faixa de 0,30 a 0,70,
segundo a ISO TR 17671-2:2002.
No caso da soldagem de aços carbono e aços carbono-manganês em que os demais elementos dessa
fórmula não forem indicados, apenas o carbono e o manganês, deve ser adicionado 0,03 ao valor cal-
culado para considerar os elementos residuais. Nas situações em que aços de diferentes CE ou graus
estiverem sendo soldados, o maior valor de CE deve ser usado.
Os procedimentos devem ser qualificados para evitar trincas a frio, com tempos de resfriamento maio-
res impossibilitando a formação de microestruturas endurecidas e suscetíveis. Esses podem envolver o
controle do resfriamento pela aplicação de um pós-aquecimento na conclusão da soldagem, tipicamen-
te de 300⁰ C a 100⁰C, de forma a minimizar essa ocorrência de trinca a frio pelo favorecimento da difusão
do hidrogênio.
Importante!
Considerações semelhantes se aplicam à trinca a frio no metal de solda. Embora o seu endurecimento
ocorra em menor grau, é provável que os níveis reais de hidrogênio e tensão sejam maiores do que na
zona afetada pelo calor. Em geral, os procedimentos de soldagem selecionados para evitar trincas de hi-
drogênio na ZAC também evitarão trincas no metal de solda. No entanto, sob algumas condições, como
alta restrição, metais base com baixo CE, seções espessas ou metal de solda com adição de elementos de
liga, a trinca por hidrogênio do metal de solda pode se tornar um mecanismo dominante.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 219
Afetada pelo Calor
A garantia mais eficaz para evitar trincas no hidrogênio é reduzir a entrada de hidrogênio no metal
de solda a partir dos consumíveis de soldagem. Com esse controle, não é necessária temperatura de
preaquecimento maiores de 20°C, podendo - como mostra os exemplos no Quadro 3.2 - ser aumentada
usando metais de adição com menor teor de hidrogênio. E a espessura combinada pode ser calculada
conforme a N-133.
mm mm mm mm
> 15 25 50 40 80
10 ≤ 15 30 55 50 90
5 ≤ 10 35 65 60 100
Quadro 3.2 - Escala de Hidrogênio. Fonte: ISO 17671-2, Tabela A-1, 2002, adaptado pelos autores.
As condições de soldagem para evitar trincas de hidrogênio nos aços carbono-manganês foram defini-
das na forma gráfica do Quadro 3.3 para a faixa normal de composições, expressa em CE, e essas condi-
ções devem ser seguidas para todos os tipos de juntas, sempre que possível.
As condições foram estabelecidas para ter em conta as diferenças de comportamento entre os diferen-
tes aços da mesma CE, considerando as variações normais as análises de composição dos métodos. Eles
são válidos para evitar trincas da ZAC e de metais de solda na maioria das situações de soldagem.
HD
Escala de hidrogênio
ml/100 g de metal depositado
> 15 A
10 ≤ 15 B
5 ≤ 10 C
3 ≤ 5 D
≤ 3 E
Quadro 3.3 - Escala de Hidrogênio. Fonte: ISO 17671-2, Tabela A-2, 2002, adaptado pelos autores.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 220
Afetada pelo Calor
A seguir, são fornecidas orientações gerais sobre a seleção das escalas de hidrogênio apropriadas em
função de valores habituais a do processo de soldagem.
COMBINAÇÕES DE
ELETRODOS CONSUMÍVEIS DE ARAMES SÓLIDOS
CONSUMÍVEIS ARAME
REVESTIDOS ARAME TUBULAR E PARA SOLDAGEM A
E FLUXO DE ARCO
BÁSICOS METAL-CORED GMAW OU GTAW TIG
SUBMERSO
Eletrodos revestidos
As combinações
Consumíveis básicos podem
de consumíveis
de arame ser eusados
e arame fluxo com
de arcoas escalas
sersubmersoBcom
apodem
D,asdependendo
ter níveis da
de classificação do
hidrogênio cor-
Os arames sólidos paratubular
soldagem metal-cored
GMAW ou GTAW podem podem usados
ser usados comescalas B aD,
a escala D,contudo
dependendo da
em con-
consumível
respondentespelo
classificação àsfabricante
do escalas
arame Bdo eletrodo.
a D,
definida embora
pelo Eletrodos rutílicos ou
mais tipicamente
fabricante. celulósicos
sejam devem
a escala ser usados
C. Portanto, com a escala
precisam A.
ser ava-
dições específicas podem ser classificados na escala E.
liados em cada condição de combinação. Os fluxos de arco submerso podem ser classificados pelo fa-
bricante, mas isso não confirma necessariamente que uma combinação fluxo/arame também atenda à
mesma classificação.
A escala E pode ser também considerada apropriada para alguns arames e alguns eletrodos revestidos
básicos, mas somente após uma avaliação específica. Ao alcançar esses baixos níveis de hidrogênio, de-
ve-se considerar a contribuição do hidrogênio da composição do gás de proteção e da umidade atmos-
férica da soldagem.
A série de gráficos da norma ISO 17671-2, Figura 3.18, mostra um excelente indicativo de temperaturas
de preaquecimento para a soldagem com eletrodo revestido com eficiências menores que 95% e entre
95% e 110% e para cordões únicos retilíneos, segundo a escala de hidrogênio do Quadro 3.2.
Note que quanto maior a escala de hidrogênio, menor deve ser o valor o carbono equivalente para
uma dada condição de preaquecimento e que, para valores maiores de carbono equivalente, mais al-
tas são as temperaturas de preaquecimento aplicáveis. Quando o modo de extração de calor muda de
bidimensional para tridimensional, ponto em que a reta fica paralela ao eixo das ordenadas, o aporte
térmico não aumenta independentemente do aumento da espessura combinada.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 221
Afetada pelo Calor
Figura 3.18- Condições para a soldagem de aços com os valores de carbono equivalente e escala de
hidrogênio apresentados nas tabelas. Fonte: ISO 17671-2, Tabela A-2, 2002, adaptado pelos autores.
O Quadro 3.4 mostra que se pode fazer uma inferência do aporte térmico para os eletrodos revestidos
pela medição do comprimento do depósito para cada diâmetro do eletrodo.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 222
Afetada pelo Calor
Quadro 3.4 – Aporte térmico em função do comprimento do cordão de solda e diâmetro do eletrodo.
Fonte: ISO 1717671-2, 2002, p. XX.
Importante!
O procedimento de soldagem influencia tanto o ciclo térmico como a repartição térmica. Suas di-
versas variáveis podem ser reunidas num só parâmetro: a energia de soldagem, isto é, a quantidade
de Joules por comprimento de solda. Por exemplo, a soldagem com eletrodo revestido é realizada com
energias entre 0,5 kJ/mm e 4 kJ/mm.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 223
Afetada pelo Calor
Com o aumento da energia de soldagem, diminuem o gradiente de temperatura e a velocidade de res-
friamento. O tempo de permanência em alta temperatura aumenta com a energia.
Se o aporte térmico for aumentado, aumentamos a energia da junta em uma determinada fração do
tempo e a junta aquece mais. Esse maior aquecimento faz com que, mantidas todas as outras variá-
veis constantes, a peça permaneça quente por mais tempo, diminuindo a taxa de resfriamento. De uma
forma contrária, a diminuição do aporte térmico faz com que a energia da junta seja menor, aquecendo
menos a junta e ela esfrie mais rapidamente.
A influência dessas três variáveis na taxa de resfriamento está mostrada na Figura 3.19.
Causada por:
* Aumento do aporte térmico
Tfusão * Diminuição da espessura (2D)
* Aumento da temperatura inicial
Temperatura
to a
en x
m ta
ria da
sf o
re içã
de inu
m
Di
Tambiente
Tempo
Figura 3.19– Representação esquemática da diminuição da taxa de resfriamento em função da espessura,
temperatura inicial e aporte térmico. Fonte: OS AUTORES, 2018.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 224
Afetada pelo Calor
Em geral, a tenacidade tem comportamento contrário.
Taxa de resfriamento
Figura 3.20 – Influência da taxa de resfriamento na tensão de escoamento ou de ruptura.
Fonte: OS AUTORES, 2018.
Uma abordagem pertinente é sobre a forma como se consegue o aumento do aporte térmico. Como
pode ser visto na Figura 3.21, o perfil do cordão de solda é muito diferente para a mesma energia de sol-
dagem, e essa diferença repercute também no comprimento da ZAC, bem como na extensão das peças
sob influência das tensões residuais.
p
p
(a) (b)
Figura 3.21 – Efeito das alterações nos parâmetros de soldagem na geometria dos cordões de solda com uma
energia de soldagem de aproximadamente 1,8kJ/mm (esquemático). Condições de soldagem: a) 800A, 26V e
12mm/s e b) 125A, 26V e 1,7mm/s. Fonte: redenhado de MODENESI, 2018.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 225
Afetada pelo Calor
3.9 Soldagem em vários passes (multipasse)
A maioria das operações de soldagem envolvidas na indústria do petróleo envolve múltiplos passes,
isto é, deposições sucessivas de metal de solda. Cada passe superpõe seu ciclo térmico aos preceden-
tes, provocando a evolução das estruturas e propriedades da solda, Figura 3.22.
TA 3
Tfusão 1
2
TA 2
1 A
Temperatura, T
TA 3
tA 1
tA 2
tA 3
Tempo, t
Figura 3.22 – Ciclo térmico da soldagem em vários passes. Fonte: autores.
Considerando diferentes pontos em uma junta soldada, Figura 3.23, é possível observar o efeito dos
passes sucessivos em três pontos distintos da junta soldada.
1. No ponto 1, mais próximo da raiz, a temperatura máxima é atingida no primeiro passe e os passes
subsequentes apresentam uma influência cada vez menor por estarem cada vez mais afastados.
2. No ponto 2, o primeiro passe e terceiro passes exercem uma pequena influência na temperatura e
o segundo passe leva o atingimento da temperatura de pico nesse ponto.
3. Por sua vez, no ponto 3, as temperaturas de pico vão crescendo à medida que os passes se apro-
ximam, e, no último passe, por não estar tão próximo, a temperatura é um pouco menor.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 226
Afetada pelo Calor
Tfusão
Temperatura 1 2 3
3 3 3º 3 3º
3
2 2º 2 2º 2 2º
2
1º 1 1º 1 1º 1 1º
1
Figura 3.23 – Ciclo térmico da soldagem em vários passes. Fonte: OS AUTORES, 2018.
Se o tempo entre esses sucessivos passes for curto, a temperatura de início de cada passe tende a se
elevar, diminuindo, em consequência, a velocidade de resfriamento. Dessa forma, aumentará o tempo de
permanência em temperaturas mais elevadas, e também a dimensão da ZAC aumentará.
Tanto o metal de solda como a ZAC podem voltar a ultrapassar a temperatura de transformação e com
essa velocidade de resfriamento menor. Com isso, o processo de soldagem pode contribuir com a pre-
cipitação de carbonetos, nitretos, outras fases deletérias e crescimento de grão excessivo em função
do aumento do tempo de permanência em altas temperaturas.
Decorrente disso, um limite superior na temperatura entre os passes é utilizado, denominado de tempe-
ratura interpasse máxima ou somente temperatura interpasse. A temperatura interpasse máxima pode
ser empregada também para promover a recristalização ou o revenimento do passe anterior, Figura 3.24.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 227
Afetada pelo Calor
ZAC do
Região de grãos metal de Região de grãos
colunares solda colunares
ZAC do
metal de base Zona de ligação
Figura 3.24 – Sobreposição dos passes com recristalização (revenido) do passe anterior.
Fonte: POPE, 2002, adaptado pelos autores.
A formação da poça de fusão depende, além das reações no arco, de uma série de fatores.
1 2 3 4 5 6
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 228
Afetada pelo Calor
As temperaturas envolvidas no processo de transferência, exemplificado no GMAW, são observadas na
Figura 3.25.
Gota no arco
Temperatura do arco
~ 2400ºC
~10000ºC
Destacamos as forças motrizes para o fluxo de fluido, como pela convecção das forças de Buoyancy, pelo
movimento de convecção forçada pelas forças de Lorentz, pela tensão de cisalhamento induzida pelo
gradiente de tensão superficial das forças de Marangoni, pelas forças de cisalhamento e turbulência
induzidas pelo jato de plasma, Figura 3.26. Além disso, há a evaporação de metal na poça, que pode levar
a uma perda de elementos de liga no metal de solda, e a explosão de metal transferido (droplet).
Atenção
Com todos esses elementos, vemos que a avaliação da poça de fusão é muito
complexa e não será avaliada nas aplicações soldadas de campo, uma vez que os
fabricantes de consumíveis levam em conta os estudos sobre a poça de fusão na
formulação das condições de soldagem de seus eletrodos.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 229
Afetada pelo Calor
Eletrodo
Arco elétrico
Força de Força de
arraste do arraste do
plasma plasma
Força de Buoyancey
Figura 3.26 – Esquema das forças atuantes na poça de fusão.
Fonte: Adaptado e traduzido pelos autores de Grong
Contudo, vale ressaltar o efeito do enxofre nas forças de Marangoni, Figura 3.27. Este elemento, ge-
ralmente, se não controlado, se torna vilão para a maior parte das aplicações de metalurgia, mas nos
percentuais permitidos pelas normas de projeto, exerce uma importante função no aumento da tensão
superficial no interior da poça de fusão, melhorando a penetração, como pode ser observado na com-
paração entre as situações mostradas na Figura 3.27. Dessa forma, quando a proporção adequada de
enxofre é administrada, a temperatura no centro da poça fica mais elevada.
Tesnão superficial γ
Tesnão superficial γ
2 1
Direção de
soldagem
1 2
Temperatura T Temperatura T
1 1
2 2
Figura 3.27 – Forças de Marangoni nas poças de fusão devido a tensão superficial.
Fonte: DONG; LU; LI; LI, Y., 2011, traduzido e adaptado pelos autores.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 230
Afetada pelo Calor
A temperatura no interior da poça varia, atingindo seu valor máximo sob a fonte de calor, Figura 3.28.
Observe:
Com
prime o
C
(a-a) nto direção de
2700 soldagem
(a-a)
2600
) 2500
-b c)
ura
(b -
larg
(c (b-b)
2400
2300
2200
(c-c)
2100
2000
1900 forma do
cordão final
1800
Figura 3.28 – Representação esquemática das temperaturas na poça de fusão do processo GTAW.
Fonte: AUTORES, 2019.
Durante a breve permanência no estado líquido, o metal de solda sofre alterações em sua composição
química que podem ser atribuídas às causas descritas a seguir.
3.10.1 Volatilização
É a perda considerável quando a pressão de vapor do metal é elevada na temperatura de soldagem. Se a
temperatura é próxima do ponto de fusão, as perdas são desprezíveis. Entretanto, onde a temperatura
é elevada, as perdas podem ser apreciáveis. Por isso, uma função dos consumíveis é compensar essas
perdas de elementos de liga.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 231
Afetada pelo Calor
Os valores elevados dos limites de escoamento e resistência da zona fundida na soldagem com SMAW,
GMAW e SAW, são consequência da adição de elementos desoxidantes e dessulfurante. Em contrapar-
tida, o exagero desses elementos, como Mn e Si, aumentam a dureza das juntas soldadas fazendo com
que fiquem mais susceptíveis a mecanismos de fragilização, como a trinca induzida pelo hidrogênio e a
corrosão sob tensão, que serão abordadas mais adiante. As reações entre escória e metal líquido tam-
bém possibilitam a adição de elementos de ligas a partir de ferro ligas presentes nos revestimentos,
eletrodos sintéticos, e fluxos.
Atenção
Importante!
O nitrogênio e hidrogênio têm baixa solubilidade após a solidificação. Com isso, teores
elevados desses elementos podem gerar poros ou supersaturação do aço, levando a uma
fragilização.
O hidrogênio, quando fica retido no metal de solda, pode se difundir para a ZAC e, por isso, merece
uma atenção especial na soldagem de aços carbono e aços inoxidáveis ferríticos, Figura 3.29. Gera uma
fragilização bem conhecida, a trinca induzida pelo hidrogênio ou a trinca a frio. Pequenas adições de
H2 podem ser feitas ao gás de proteção para aços inoxidáveis austeníticos, pois estes não sofrem fra-
gilização pelo hidrogênio e o H2 aumenta a temperatura do arco. No alumínio, em função da baixíssima
solubilidade, gera porosidade.
Na soldagem de aços inoxidáveis duplex, pequenas adições de N2 podem ser feitas ao gás de prote-
ção, pois o nitrogênio é um elemento de liga desses aços. Além desses, outros gases podem ser absor-
vidos, como o oxigênio, argônio e CO2.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 232
Afetada pelo Calor
Parte fria da poça Parte quente da poça
Dessorção para o hidrogênio Absorção do hidrogênio atômico
controlado pela pH2 controlado pelo pH
no ambiente da fase gás na coluna do arco
Metal de pH2
solda líquido pH
Hidrogênio trapeado
no metal de solda
O oxigênio pode gerar inclusões de óxidos e perda de elementos de liga por oxidação. Um nível alto
de inclusões prejudica a tenacidade, porém existe uma quantidade ótima dessas partículas que facilita a
obtenção de uma microestrutura desejável no metal de solda (ferrita acicular). Pequenas e controladas
quantidades de O2 podem ser adicionadas ao gás de proteção, como no GMAW e FCAW, na soldagem dos
aços com o intuito de melhorar a estabilidade do arco.
Essas considerações nos mostram a importância do controle dos gases a fim de que evitemos descon-
tinuidades nos metais de solda. O Quadro 3.5 traz os principais gases com suas origens e os materiais
influenciados com a sua presença.
3. Transformações Associadas à
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Fusão – Metal de Solda e Zona 233
Afetada pelo Calor
4
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
4. TRANSFORMAÇÕES DURANTE A SOLIDIFICAÇÃO
O processo de solidificação tem início quando a temperatura do metal líquido é suficientemente bai-
xa para que a energia entre os átomos (atração) supere a energia cinética. O líquido é constituído de
uma estrutura atômica periódica de curto alcance e repleto de defeitos, como as lacunas ou vazios. Essa
grande quantidade de defeitos dá elevada mobilidade ao líquido, não permitindo que este apresente
grande resistência às tensões cisalhantes (fluidez).
Saiba Mais
https://www.youtube.com/watch?v=LWRaJfufCdE&t=500s
https://www.youtube.com/watch?v=-Vszxfz0kuI
Metals and Alloys, lecture 3, Solidification - Bhadeshia
ou lendo
Nucleation - MIT
Fundamentals of solidification
Welding Solidification and Microstructure
Solidificação dos metais - e-Disciplinas USP
https://demet.eng.ufmg.br/laboratorios/laboratorio-de-soldagem/ - Metalurgia da Sol-
dagem acessados 08/06/2021.
4.1 Solidificação
Núcleos recém-germinados na massa líquida necessitam atingir um determinado raio crítico (r*) para
que o processo possa prosseguir . Caso contrário, o núcleo será dissolvido na massa líquida. Aos núcleos
não dissolvidos serão agregados outros átomos da massa líquida, mantendo a orientação cristalográfica
do pequeno cristal.
A Figura 4.1 mostra o balanço energético entre a energia livre de volume x energia livre superficial. A
energia de volume favorece a formação do núcleo, enquanto a energia de superfície (sólido/líquido) ten-
de a dissolver o pequeno cristal (separação). A parcela referente à energia de volume é negativa em
função de ser termodinamicamente favorável, enquanto a parcela da interface/superfície é positiva (ne-
cessita ser vencida).
4. Transformações
235
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Figura 4.1 - Variação da energia livre com o tamanho da partícula e a influência das energias livres de
superfície e volumétrica. Fonte: SODERO, [2016], p. 5, adaptado pelos autores.
Saiba Mais
Quanto menos compacto for o plano cristalográfico da interface (sólido/líquido), maior facilidade en-
contrará um átomo da massa líquida em se incorporar à interface sólida (crescimento). O crescimento
é sempre mais fácil na direção dos planos menos compactos, sendo este o motivo que, nos metais de
estrutura cristalina cúbica (CCC e CFC), o crescimento máximo é segundo a direção <100> da aresta do
cubo. No caso específico do crescimento de um cristal na massa líquida (sem substrato), o crescimento
se dá nas três direções possíveis no sistema cúbico.
4. Transformações
236
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Na solidificação, os grãos tendem a crescer na direção perpendicular à poça de fusão porque esta é
a direção de máximo gradiente térmico (função ΔT/d) e de máxima extração de calor segundo uma
direção preferencial <100> no caso dos metais CCC e CFC.
Informação Importante
Quando a nucleação é homogênea, que ocorre sem a presença de um substrato, a energia
livre para que seja atingido o raio crítico e iniciado o processo de solidificação é maior do que
na heterogênea, que inicia a partir de um substrato.
∆G Líquido
r*
∆G*hom Superfície
∆G*het
Barreira energética a ser vencida
para iniciar a solidificação. Na
homogênea essa é maior.
r* raio
Nucleação
Nucleação heterogêna
Crescimento
epitaxial homogênea
Figura 4.2 – Comparação da energia livre de Gibbs para solidificação homogênia e heterogênia com a energia
de soldagem. Fonte: http://pruffle.mit.edu/~ccarter/3.21/Lecture_24/ adaptado pelos AUTORES, acessado
em 18/03/2021.
4. Transformações
237
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Os grãos na soldagem crescem de forma diferente do que no processo de fundição ou lingotamento.
Durante a solidificação de uma peça fundida, o molde tem a função de resfriador, não influenciando a
granulação do material, que depende principalmente da velocidade de resfriamento e do número de
gérmens. Em soldagem, a estrutura de solidificação se desenvolve como um prolongamento dos grãos
da zona de ligação, pois crescem de forma colunar a partir dos grãos parcialmente fundidos, Figura 4.3,
mantendo a sua orientação cristalográfica <100> e tamanho de grão.
Diferentes
orientações
dos grãos
prévios
Direção de crescimento
Estrutura cristalina Exemplos
preferencial
Aço inoxidável austenítico, ligas de
Cúbica de faces centradas (CFC) <100>
alumínio
Quadro 4.1 – Direção preferencial de crescimento dos principais estruturas cristalinas. Fonte: OS AUTORES, 2018.
4. Transformações
238
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
O crescimento epitaxial é um crescimento competitivo de grãos , pois o movimento da poça de fusão
ao se afastar desloca de forma contínua a interface sólido/líquido, obrigando os grãos recém-nucleados
a encurvar durante o processo de crescimento de maneira a manter a direção perpendicular à interface,
tornando possível que um grão menos favorecido inicialmente possa ter seu crescimento facilitado pelo
deslocamento da interface sólido/líquido (crescimento competitivo entre os grãos). Esse fato faz com
que a energia de crescimento seja menor e com que os próprios grãos prévios sirvam de nucleadores de
um crescimento homogêneo, crescimento epitaxial. Assim, a energia livre necessária para nucleação
dos novos gérmens é igual a zero.
Em uma poça de fusão, o deslocamento da poça de fusão gera isotermas que definem limites de
temperatura, em função da posição da fonte de calor. A isoterma mais fácil de ser identificada é a
linha de fusão, cuja temperatura está exatamente na temperatura de fusão do material.
A Figura 4.4 mostra que o gradiente térmico G (∆T/x) é máximo na direção transversal e mínimo na região
longitudinal, e mostra, também, na representação das isotermas, a velocidade de solidificação (∆x/∆t),
que é máxima no centro do cordão de solda e mínima na lateral, representado nos grãos esquemáticos
em azul. Sendo:
» T, a temperatura;
» x, a distância representada pelo tamanho de grão colunar; e
» t, o tempo.
erat
ura de
Tem
p
i r e ção em
D ldag
so
l
dina
gitu
Lon
tam
an
co ho do o do r
lun g anh Tra
ar rão tam coluna
grão nsve
rsa
l
4. Transformações
239
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Poça líquida
Linha de fusão
Velocidade de
soldagem, v Tmáx
R Linha de centro
G v.c
osα
α
v=R
Figura 4.5 – Relação da velocidade de solidificação, velocidade de soldagem e gradiente térmico. Fonte: OS
AUTORES, 2018.
Para compreender melhor a figura anterior, clique no ícone e entenda a relação em que é dada a veloci-
dade de solidificação (R).
Informação Importante
A velocidade de solidificação (R) é dada pela seguinte relação:
Quando α = 0º → cos 0 = 1
Quando α = 90º
4. Transformações
240
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
O movimento da poça de fusão ao se afastar desloca de forma contínua a interface sólido/líquido, obri-
gando os grãos recém-nucleados a encurvar durante o processo de crescimento de maneira a manter a
direção perpendicular à interface, tornando possível que um grão menos favorecido inicialmente possa
ter seu crescimento facilitado pelo deslocamento da interface sólido/líquido (crescimento competitivo
entre os grãos), Figura 4.6.
Crescimento
Direção de epitaxial
soldagem
<100>
Poça líquida
Crescimento
competitivo
Figura 4.6 – Representação esquemática do crescimento epitaxial e crescimento competitivo segundo o plano
<100>. Fonte: OS AUTORES, 2018.
Temos diversas subestruturas de solidificação que podem se formar durante a soldagem mostrada es-
quematicamente na Figura 4.7. A planar se forma em condições de alto gradiente térmico e tem uma
frente de solidificação que não dá tempo de os elementos serem expulsos do metal solidificado.
1. planar;
2. celular;
3. colunar dendrítica;
4. equiaxial dendrítica.
Em contrapartida, a microestrutura equiaxial dendrítica se forma em gradientes térmicos menores e os
núcleos conseguem se formar no interior do metal líquido.
4. Transformações
241
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
baixa
GxR - estr
GxR - estrutura
G/R determina a morfologia da
G/R estrutura de solidificação
GxR determina o tamanho da
e resfriam
utu
Taxa de crescimento, R
estrutura de solidificação
sfriamento
grosseira
ento
o
tic
drí
en
co
ld
ti
drí
xia
en
uia
d
ar
Eq
lu n lar
Co Celu
alta
Planar
G/R
Gradiente de temperatura, G
Figura 4.7 – Relação da taxa de crescimento, gradiente térmico e estrutura de solidificação formada. Fonte:
KOU, 2003, p. 166, adaptado pelos autores.
Podemos associar baixo gradiente térmico a um alto aporte térmico, maior tamanho da ZAC, menor veloci-
dade de soldagem. Por sua vez, o alto gradiente térmico associamos a baixos aportes, menores tamanhos
de ZAC, maiores velocidades de soldagem. Metais com baixo coeficiente de condutividade térmica tendem
a reduzir o gradiente térmico e apresentar maior largura de ZAC. Materiais que dissipam com muita faci-
lidade o calor, maior condutividade térmica, tendem a apresentar menor largura de ZAC (para os mesmos
processos a arco e mantendo todos os demais parâmetros constantes, quando possível).
1 2 3 4 5
4. Transformações
242
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
O gradiente térmico é sensível ao processo de soldagem e a condutividade térmica do material. Já a
velocidade de solidificação é função do processo de soldagem.
O gradiente térmico é reduzido quando são empregados processos de alta intensidade de corrente ou
aporte térmico. O preaquecimento e a temperatura de interpasse reduzem o gradiente térmico. Quanto
maior a intensidade da fonte (menor a área aquecida), maior o gradiente G. Quanto maior a velocidade
de resfriamento e velocidade de soldagem, maior o gradiente térmico G. Assim, a zona fundida, além da
granulação grosseira, tem uma estrutura orientada conforme a curvatura das isotermas e a velocida-
de da fonte de calor ou, com maior precisão, da relação entre a velocidade de soldagem e a velocidade
de solidificação.
A granulação grosseira e a orientação da estrutura exercem uma influência marcante sobre as proprieda-
des mecânicas da zona fundida. Torna-se mais fácil a propagação da fratura frágil (transgranular), que se
constata pela diminuição da tenacidade. A segregação da zona fundida pode ocupar uma posição desfavo-
rável em relação às tensões de contração da solda. Também, descontinuidades do metal base – por exem-
plo, a dupla-laminação – podem se propagar pelo metal fundido em direção à superfície da peça.
A Figura 4.8 faz uma correlação entre as subestruturas de solidificação e o gradiente térmico em um
cordão de solda.
DIREÇÃO DE
SOLDAGEM
Centro da solda
Maior R
Equiaxial dendrítico Menor G
Colunar dendrítico
Menor G
Maior R
Celular
Zona de Ligação
Metal base
Figura 4.8 - Relação da taxa do crescimento, gradiente térmico e estrutura de solidificação formada.
Fonte: KOU, 2010, p. 202, adaptado pelos autores.
4. Transformações
243
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
A Figura 4.9 representa uma região com crescimento dendrítico em uma simulação tridimensional.
Atenção
4. Transformações
244
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Macroestrutura
Contorno
de grão
Grão
Estrutura
Microestrutura cristalina
Grão
Figura 4.10 – Peça sendo representada do macro para o micro. Fonte: adaptado de https://demet.eng.ufmg.br/
laboratorios/laboratorio-de-soldagem/ acessado em 06/08/2021.
Durante o resfriamento, após solidificar-se, os grãos colunares austeníticos do metal de solda irão se
transformar em constituintes microestruturais, que determinarão suas propriedades mecânicas a tem-
peraturas mais baixas. O Quadro 4.2 traz as principais microestruturas dos aços ferríticos.
Saiba Mais
4. Transformações
245
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
CONSTITUINTE CÓDIGO DESCRIÇÃO REPRESENTAÇÃO
4. Transformações
246
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
CONSTITUINTE CÓDIGO DESCRIÇÃO REPRESENTAÇÃO
Quadro 4.2 – Constituintes da zona fundida de aços ferríticos e microestruturas formadas do metal de solda.
Observe no diagrama CCT, apresentado na Figura 4.11, a formação da precipitação das fases a partir de
um grão austenítico. A ferrita poligonal de contorno de grão se forma, seguida da ferrita com segunda
fase alinhada. Nas inclusões, há a nucleação da ferrita acicular. A configuração da microestrutura final
será intimamente ligada com a taxa de resfriamento, ou seja, com a relação com a energia de soldagem,
espessura e preaquecimento.
4. Transformações
247
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Temperatura
de grão
contorno
Ferrita de se g u n da
Ferrita delinhada
fase a
Austenita r
acicula
Ferrita
Bainita
Martensita
Tempo
Figura 4.11 - Representação esquemática do CCT do metal de solda de um aço carbono baixa liga.
Fonte: KOU, 2003, p. 232, adaptado pelos autores.
Na soldagem de campo da maioria dos materiais, não temos necessidade de avaliar a microestrutura
do metal de solda nos processos de fabricação e construção e montagem, exceção que esta avaliação
seja feita pelo código de projeto ou pela norma N-133 (PETROBRAS, 2017).
Informação Importante
Estudos apontam que o metal de solda dos aços carbono que apresenta uma microestrutura
composta de ferrita acicular em percentual aproximado de 70 a 80% apresenta as melhores
propriedades de tenacidade, representados nos ensaios Charpy. A ferrita acicular nucleia
em sítios de óxidos; por isso, valores entre 250 e 450 ppm são necessários para que esta
fase nucleie.
A Figura 4.12 traz uma representação esquemática da energia de impacto em diversos percentuais de
carbono. Os valores máximos de energia de impacto, neste esquema simulado, estão por volta de 70%
de ferrita acicular, e os valores não trazem efetivamente uma relação com o aumento e diminuição do
percentual do carbono, o que aconteceria numa medição real.
4. Transformações
248
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Energia de impacto Charpy
Na manutenção e inspeção, muitas vezes temos que fazer esta avaliação microestrutural. Bem como
na análise de falhas, a microestrutura do componente soldado pode identificar a causa da falha.
As propriedades mecânicas, como os limites de escoamento e resistência dessa região, tenacidade à fra-
tura e dureza, como a resistência à corrosão podem apresentar modificações substanciais em relação ao
material de base não afetado, podendo influenciar ou comprometer o desempenho da junta em opera-
ção. As tensões residuais e a fragilização da ZAC, principalmente nos aços, podem resultar em defeitos,
como trincas logo após a soldagem ou em operação.
Em outras palavras, a zona termicamente afetada é a região compreendida entre zona de ligação
e o metal de base que não sofreu nenhuma modificação microestrutural significativa (mudança
significativa nas propriedades mecânicas e/ ou a resistência à corrosão),Figura 4.13 .
4. Transformações
249
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
A representação dos tamanhos de grão com a distância da linha de fusão é mostrada na Figura 4.13. As
regiões que atingem uma temperatura de pico maior têm um crescimento de grão acentuado, enquanto
as regiões com temperatura mais próximas da temperatura de austenitização têm um refino do grão.
1 2 3
Tamanho de grão
1
Temperatura
2
3
2
Distância do cordão
3
Tempo
Figura 4.13 – Crescimento de grão na ZAC e função das temperaturas de pico. Fonte: Sindo Kou, 2009
1 2 3
Resistência ou dureza
1 2 3
Temperatura
Distância do centro
Tempo
Figura 4.14 – Efeito do aporte térmico no tamanho de grão e dureza. Fonte: Sindo Kou, 2009
4. Transformações
250
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
4.4 Variações no Comportamento da ZAC em função do modo de en-
durecimento da liga
Como grande parte das aplicações de soldagem são em aços carbono, os conceitos relacionados à sua
soldagem e comportamento mecânico e metalúrgico são fundamentais. Essas ligas são, principalmente
as com carbono equivalente mais elevados, endurecíveis por transformação de fases. Além dessas, te-
mos as ligas endurecidas por precipitação e deformação, que terão comportamentos semelhantes e as
ligas sem transformações alotrópicas.
Como o ciclo térmico da soldagem é muito agressivo, impondo às regiões da ZAC taxas de aqueci-
mento e resfriamento mais rápidas e tempos de permanência muito ínfimos, as transformações de
fase, que aconteceriam em condições de equilíbrio, podem não acontecer.
Dessa forma, para exemplificar esse conceito, não necessariamente uma estrutura é austenítica por es-
tar acima da temperatura AC3, pois vai depender fortemente do tempo de permanência em cada tem-
peratura. Esse conceito deve estar presente para todas as transformações, como para as reações de
precipitação e dissolução, recristalização e recuperação, entre outras.
Região de
interesse 1. Região de grãos2. Região de 3. Região
4. Região
Falta de fusãoFalta de fusão FaltaFalta
de fusão
de fusão
metalográfico grosseiros grãos finos intercrítica
subcrítica
3 4
4. Transformações
251
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
4.4.1.1 Zona de crescimento de grão (grãos grosseiros - RGG)
O aquecimento localizado da soldagem faz com que adjacente à linha de fusão haja uma região de cres-
cimento de grãos, Figura 4.16, que, na maior parte dos materiais, é onde aparecem as transformações
metalúrgicas e mecânicas mais significativas. Por isso, o seu entendimento é tão importante e será mais
bem detalhado a seguir.
Repartição térmica
Temperatura de fusão
Crescimento de grão
ais
s eq uiaxi
Grão
Figura 4.16 – Representação da região de grãos grosseiros de uma ZAC. Fonte: os autores,2021
Essa região compreendida no diagrama de fases entre a temperatura de fusão e 1200 ºC, localizada ime-
diatamente adjacente à linha de fusão, experimenta as temperaturas mais altas por um maior intervalo
de tempo. A austenita, após recristalização total, sofre grande crescimento de grão.
Após o resfriamento, essa região tende a apresentar alta resistência à tração, baixa ductilidade e baixa
resistência ao impacto. Além disso, essa região, que devido aos grãos grosseiros , apresenta alta tem-
perabilidade que favorece a formação da martensita no resfriamento, para os aços com maior carbono
equivalente (região de alta temperabilidade favorece a formação da martensita no resfriamento pelo
grande tamanho de grão da austenita).
Região aquecida pouco acima da região onde há austenitização do total da microestrutura, no diagrama,
situada entre pouco acima de AC3 até aproximadamente 1200 ºC.
4. Transformações
252
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
No aquecimento, ao passar por AC3, há recristalização total a baixa temperatura e não há tempo para o
crescimento de grão da austenita, apresentando finos grãos equiaxiais , nucleados na nessa austenita.
Nessa faixa de temperatura, algumas partículas (precipitados) não são dissolvidas e atuam efetivamen-
te impedindo o crescimento dos grãos. Dessa região, caso o material não sofra um resfriamento extremo
ou se trate de um aço ligado (formação de martensita), espera-se alta resistência à tração, boa dutili-
dade e boa resistência ao impacto (os grãos refinados geralmente são menores que o material de base).
Observação
Alguns autores denominam as zonas de grãos grosseiros e grãos finos como zona
ou região supercrítica.
Compreendida no diagrama de fase entre AC1 e AC3, onde há transformação parcial da austenita. A
ferrita não se transforma, havendo somente dissolução da perlita. Essa região parcialmente recristaliza-
da apresenta grãos muito finos apenas pela transformação da perlita em austenita e geralmente não
apresenta variação significativa nas propriedades mecânicas em relação à zona de grãos finos.
Entretanto, um aço de microestrutura ferrita e perlita, quando aquecido até a zona intercrítica, a perlita
(0,8% C - eutetoide) transforma-se em austenita e, dependendo da taxa de resfriamento imposto à aus-
tenita, a microestrutura resultante pode ser constituída de ilhas de constituintes duros, como martensi-
ta ou bainita envolvidas por ferrita não transformada (macia).
4.4.1.4 Zona Super Revenida (aços temperados e revenidos) e subcrítica (ou Zona de
Esferoidização) - SC
A correta formulação dos consumíveis e gases de soldagem faz com que o metal de solda não seja, na
maioria das vezes, o local preferencial de falhas na soldagem. Os fabricantes de consumível estabelecem
a melhor condição de aplicação para os seus consumíveis, diminuindo as ações dos envolvidos na reali-
zação de soldas de campo, considerando o metal de solda.
Na maior parte das vezes, a análise da microestrutura está associada a uma condição de análise de
falha de equipamento ou de avaliação do estado do componente em uma soldagem de manutenção.
4. Transformações
253
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Como visto acima, nos aços de alta resistência ou ligados a taxa de resfriamento da junta soldada
altera consideravelmente a microestrutura da ZAC, bem como a região da ZAC. A Figura 4.17 mostra
a diferença da taxa de resfriamento nos pontos 1 e 2, que podem ser, por exemplo a região de grãos
grosseiros e região de grãos refinados, respectivamente. Clique nos itens da imagem e observe que:
» Na terceira curva CCT, a taxa de resfriamento é muito elevada, fazendo com que o tempo de res-
friamento propicie a formação de uma estrutura martensítica em toda a região da ZAC que sofreu
austenitização.
» A primeira curva CCT tem uma taxa de resfriamento menor fazendo com que o tempo seja longo o
suficiente para que eliminar a possibilidade de transformação martensítica na ZAC.
1
2
Figura 4.17 – Microestrutura esperada em função de diversas taxas de resfriamento de uma aço carbono.
Fonte: os AUTORES, 2021
O tempo de transformação depende das características dos materiais. No caso específico dos dutos
termomecanicamente processados, a taxa de deformação e a quantidade de elementos de ligas em so-
lução sólida e precipitados interferem na cinética de transformação de fases.
Em todas as representações esquemáticas, a ZAC parece grande. Entretanto, a interface entre o metal
fundido e o metal de base está na temperatura de fusão, e o severo gradiente térmico da junta soldada faz
com essas transformações aconteçam uma porção muito pequena, poucos milímetros, do metal de base.
4. Transformações
254
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Importante!
A Figura 4.18 mostra micrografias das regiões da ZAC em cada região da ZAC. A CG-HAZ é a ZAC de grãos
grosseiros, FG-HAZ é a ZAC de grãos refinados e IC-HAZ é a ZAC intercrítica.
Figura 4.18 – Metal de solda e ZAC de um aço de baixo carbono. Fonte: https://www.researchgate.net/profile/
Antonio-Do-Silva-Alves-2/publication/328965366/figure/fig1/AS:693265057726467@1542298678947/Ex-
perimental-representation-of-heat-affected-zone-HAZ-regions-root-pass-welding-of-an.png acessado em
18/07/2021
4. Transformações
255
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
A sobreposição dos passes, apresentada na Figura 4.19, faz com que uma diminuição do tamanho de
grão, aumentando o limite de resistência e a tenacidade, seja observada.
1400
Região de grãos grosseiros Região de grãos grosseiros
1200 ZAC-RGG ZAC-RGG reaquecida RGG
Temperatura, ºC
400
200
0
Tempo
Região de grãos grosseiros Região de grãos grosseiros
ZAC-RGG inalterada ZAC-RGG reaquecida RGG
4. Transformações
256
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
4.4.2 ZAC DE LIGAS NÃO ENDURECÍVEIS POR TÊMPERA
Estes aços não apresentam a transformação martensítica. As taxas de resfriamento usuais de soldagem,
devido à sua composição química, não são suficientes para que a microestrutura da ZAC se transforme
em martensita.
4.4.2.1 Micrografia
A ZAC apresenta várias regiões cuja estrutura e constituição depende das temperaturas atingidas.
Essas regiões da ZAC já foram mostradas na Figura 4.15.
A avaliação correta das fases presentes em uma junta soldada deve ser efetuada com um diagrama de
resfriamento contínuo (Continuous Cooling Transformation - CCT) específico, avaliando a taxa de res-
friamento para a formação das fases.
Atenção
AA região
região de
dogrãos
A região de grãosrefinados apresenta
grosseiros,
parcialmente granulação
duranterepresenta
transformada a soldagem, fina devido à austenitização
superaquecida, faz com quetotal,
essa porém sem
granulaçãotempo
gros-
A região metal de base corresponde ao metaluma
queaustenitização
durante parcial
a soldagem pelo
não aquecimento
apresentou entre A1
alterações
suficiente
e AC3, quepara
seira de crescer
austenita,
provoca
significativas.
apósos
o grãos e,
a subdivisão
Observe a Figura portanto,
resfriamento,
dos
4.19.
se de excelentes
atingiram propriedades
transforme
grãos que em estrutura mecânicas,
celular e
o estado austenítico.de Os em especial
Widmanstättem
grãos a tena-
– que
que sofreram
austenitização
cidade.
se Apóspela
prolonga vão apresentar
o resfriamento,
zona fundida uma estrutura
obtemos
através uma de ferrita
estrutura
da epitaxia. e perlita,
de ferrita e os demais
e perlita fina. não vão modificar o seu
estado inicial.
4. Transformações
257
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
γ
γ+α
α + Fe3 C
γ
γ Durante a
γ
soldagem
Austenita Austenita Austenita Ferrita
+ Ferrita + Perlita
Após o
resfriamento
Ferrita Ferrita Ferrita + Ferrita
+ Perlita + Perlita Perlita em ilhas + Perlita
Figura 4.20 – Representação das transformações de fase em um aço não temperável. Fonte: OS AUTORES, 2018.
Estes materiais são aplicados em condições de aplicação sem grandes exigências de resistência mecâni-
ca. Todavia, a tenacidade pode ser prejudicada em soldagem cujo tamanho da ZAC seja aumentado por
apresentar uma região de grãos grosseiros maior. Como sabido, o aumento do tamanho de grão prejudi-
ca a resistência mecânica e tenacidade.
Evidentemente, para que se processe a regeneração estrutural, é necessário que a temperatura de cada
passe atinja, no resfriamento, valores inferiores ao ponto de transformação, antes da deposição do pas-
se subsequente. A elevação excessiva dessa temperatura aumenta o tempo de permanência do ciclo
térmico, contribuindo para o crescimento de grão. Decorre desses fatos a importância do controle e da
limitação da temperatura entre passes.
4. Transformações
258
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
4.4.3 Soldagem de aços com alto carbono equivalente temperáveis
Em função da composição química do aço e da velocidade de resfriamento, determinada pelo ciclo térmi-
co, a soldagem pode provocar a têmpera tanto na zona afetada pelo calor como na zona fundida.
4.4.3.1 Micrografia
As regiões da zona afetada pelo calor que foram austenitizadas total ou parcialmente, apresentam,
após o resfriamento, martensita e perlita fina. Predominando uma ou outra, em função da velocidade
de resfriamento do tempo de permanência. É claro que onde houve austenitização parcial, aparecem,
ainda, os grãos de ferrita. Na zona fundida, poderão aparecer estruturas idênticas se o metal depositado
tiver temperabilidade suficiente, tendo em vista as condições de soldagem.
A representação esquemática do diagrama de fases, Figura 4.21, traz uma RGG completamente mar-
tensítica, facilitado pelo maior tamanho de grão que faz com que essa região seja mais temperável que
as demais. A RGF também é martensítica, mas com alguma perlita fina que se forma. A austenita que se
forma na região parcialmente transformada recristaliza em forma de perlita fina.
γ+α
α + Fe3 C
γ
γ Durante a
γ
soldagem
Austenita Austenita Austenita Ferrita
+ Ferrita + Perlita
Após o
resfriamento
Martensita Martensita Ferrita + Ferrita
+ Perlita fina Martensita + Perlita
Figura 4.21 – Representação das transformações de fase em um aço temperável. Fonte: OS AUTORES, 2018.
4. Transformações
259
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
4.4.3.2 Propriedades mecânicas
Analogamente ao que acontece no tratamento térmico, o resfriamento rápido de uma junta soldada
“tempera” a ZAC, em especial a RGG, e provoca um aumento da sua resistência mecânica e fragilidade.
Em alguns casos, é proposital, como na soldagem dos aços temperados e revenidos, como no aço ASTM
A517 grau F. Para isso, o ciclo térmico é ajustado para que sejam atingidas as propriedades desejadas.
Contudo, em grande parte das aplicações, a “têmpera” é um efeito colateral da adição de elementos
de liga que visa obter propriedades não relacionadas à temperabilidade. O aço cromo-molibdênio, por
exemplo, tem adições de cromo e molibdênio para melhorar a sua resistência à fluência, porém tem o
inconveniente de aumentar sensivelmente a temperabilidade da liga. Nesse caso, as condições de sol-
dagem são escolhidas para atenuar esses inconvenientes da têmpera.
Informação Importante
A medição da dureza é uma inferência da resistência mecânica do material que pode ser
aplicada em campo no controle de qualidade e, por isso, é muito utilizada. Quanto maior
o tempo de resfriamento, menor a dureza da junta. Em tempos longos, a dureza da junta
praticamente independe do teor de carbono. Percebemos, também, que o incremento do
carbono leva um incremento da dureza da junta, em especial, em ∆t8/5 menores.
500
0,3%C
400
0,1%C
Dureza, HV
300
0,03%C
200
100
0 10 100
∆t8/5, s
Figura 4.22 – Esquema da variação da dureza com o tempo de resfriamento entre 800 e 500°C para diferentes
teores de carbono. Fonte: OS AUTOR, 2019.
4. Transformações
260
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Nestes aços temperados e revenidos, a existência de uma faixa superrevenida de menor dureza não
compromete a resistência global da junta soldada, Figura 4.23. As bordas mais resistentes limitam a
deformação da faixa compensando sua menor resistência. Entretanto, esse efeito, chamado de consoli-
dação, só é válido para faixas relativamente estreitas.
Contudo, em aplicações em que as juntas devem apresentar resistência a quente sob regime de flu-
ência, as regiões expostas entre AC3 e AC1, ou mesmo logo abaixo da temperatura crítica AC1, podem
apresentar redução de vida útil.
Região
Dureza, HV
superrevenida
x, mm
A escolha das condições de soldagem para a obtenção de propriedades previamente estabelecidas pode
ser feita por meio de diagramas de transformação CCT (diagrama de resfriamento contínuo). Os aços
temperáveis possuem carbono equivalente mais elevado, o que faz com que as curvas do CCT sejam des-
locadas para a esquerda, aumentando a possibilidade de transformação martensítica na ZAC, conforme
Figura 4.24.
Em alguns casos, a utilização de preaquecimento pode ser necessária para aumentar o tempo ∆t8/5.
Mas no aço Cr-Ni-Mo SA508Gr.4N, apresentado na Figura 4.24, é possível observar que, mesmo com
tempos de resfriamento elevados, há transformação martensítica.
4. Transformações
261
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Figura 4.24 – Diagrama CCT do aço SA508Gr.4N austenitizado a 860°C.
Fonte: YANG, et al., 2018, traduzido pelos autores.
Nesses casos, um tratamento térmico de alívio de tensões (TTAT) ou tratamento térmico pós soldagem
(TTPS) pode ser necessário de forma que sejam reestabelecidas as condições previstas nos códigos de
projeto para aplicação desse material, como por exemplo em reatores de Cr-Mo que operam em altas
temperaturas, as quais foram degradadas pelo processo de soldagem. As condições de TTAT estão des-
critas nos códigos de projeto para cada material e cada aplicação.
Convém lembrar que, apesar de serem muito mais aderentes que os diagramas de equilíbrio e os dia-
gramas TTT, os diagramas de transformação isotérmica ou de resfriamento contínuo não se aplicam,
com precisão, às soldas. A falta de homogeneização da austenita durante a soldagem é a razão principal
dessa restrição. Outra diferença é que nesses diagramas a temperatura de exposição da austenita se dá
à baixa temperatura, logo acima de AC3.
4. Transformações
262
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
25
Tempo de resfriamento - ∆t8/5, s
t
50
25 50
Espesura da chapa - t, mm
Figura 4.25 – Valores de ∆t8/5 em diferentes espessuras e sua influência com a variação do aporte térmico.
Fonte: adaptado de https://demet.eng.ufmg.br/laboratorios/laboratorio-de-soldagem/ acessado
em 06/08/2021.
Essa influência da composição química na possibilidade de têmpera das soldas dos aços carbo-
no, carbono-manganês e microligados pode ser expressa em função do carbono equivalente - CE
representado a seguir e já visto anteriormente.
O carbono equivalente é muito útil para a avaliação da soldabilidade relativa desses aços. Por exemplo,
aços com carbono equivalente menor do que 0,41, conforme a N-133 (2017), raramente necessitam de
cuidados especiais para evitar a trinca induzida pelo hidrogênio no campo.
Contudo, apesar de ser amplamente utilizada nas aplicações soldadas, existem diversas fórmulas que
determinam esse índice de temperabilidade, sendo cada uma mais adequada a cada família de apli-
cações. A fórmula do IIW utilizada na N-133 (2017) foi concebida para aços com faixa de aplicação
entre 0,30 e 0,50% de carbono, apesar de ser utilizado em percentuais menores. Observe os grupos na
Tabela 4.1:
4. Transformações
263
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
À medida que o CE diminui, o pré-aquecimento crítico e o aporte térmico diminuem, contudo, esses
valores de referência dependem da equação utilizada e da aplicação. Ou seja, os aços com menores
CE podem ser soldados com menores temperaturas de preaquecimento e uma mais ampla faixa de
aporte térmico.
Valor de CE
Grupo Equação
Aço A* Aço B* Aço C*
4. Transformações
264
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Valor de CE
Grupo Equação
Aço A* Aço B* Aço C*
*Aço C Si Mn P S Cr Mo Ni B Cu Nb V
A - Estrutural
0,247 0,35 0,68 0,014 0,012 - - - - - - -
(YP350)
B - Offshore
0,09 0,17 0,17 0,005 0,002 - - 0,27 - 0,25 0,01 -
(YS350)
C - Duto (API X65) 0,05 0,25 0,25 0,005 0,001 - 0,21 0,32 - - 0,05 -
A têmpera, evidenciada nas aplicações de campo pela medição de valores elevados de dureza, acarreta
inconvenientes como a fragilidade intrínseca da martensita quando associada com teores elevados de
hidrogênio, e altas tensões residuais podem levar à trinca a frio. Além disso, a variação de dureza no local
da solda atua como entalhe metalúrgico, diminuindo a resistência à fadiga da peça.
Importante!
Para avaliar a temperabilidade, pode ser estimada uma taxa de resfriamento crítica (TRC):
(2)
Essa variação de microestrutura é facilmente observada nas soldas de campo pela medição da dureza.
Os métodos de dureza Poldi e rebote não são mais aceitos pela N-133 (2017), que tem um anexo de medi-
ção de dureza. Essa restrição advém de a área de análise ser maior do que o tamanho da ZAC e, por isso, a
dureza do metal de base estaria “mascarando” o resultado dessa dureza. Somente o método de campo de
impedância ultrassônica (UCI) é permitido pela sua melhor confiabilidade. Durezas acima de 300 HV devem
ser avaliadas com cuidado, e a condição de aplicação deve ser considerada.
4. Transformações
265
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
4.4.4 Ligas endurecidas por Solução Sólida
Consideraremos como ligas endurecidas por solução sólida apenas aquelas que não apresentam en-
cruamento e que, quando submetidas ao ciclo térmico de soldagem, não apresentam endurecimento
adicional por mudança de fase, ou seja, não há mudança alotrópica de fase durante o ciclo térmico e nem
precipitações significativas com intuito de aumentar a resistência mecânica. Pode ser o caso do cobre e
algumas ligas de cobre, como os latões (Cu – Zn), alguns aços inoxidáveis ferríticos (Fe-C-Cr), alguns aços
austeníticos (Fe- C-Cr-Ni), ligas de níquel e alumínio recozido.
O grande problema dessas ligas é o crescimento de grão, que, em alguns casos, pode reduzir a
tenacidade e resistência final da junta, exceto nos materiais de microestrutura austenítica (CFC).
As ligas
As ligas endurecidas
de alumínio encruadas apresentam
por encruamento grãos
quando grosseiros
aquecidas equiaxiais
podem na região
apresentar ouosadjacente
não mudançaà zona fun-
de fase.
As ligas de alumínio (principalmente) quando empregadas em projetos utilizam valores de resistên-
dida,
O aço onde o material experimentou temperaturas mais altas e grãos de pequeno tamanho nas regiões
cia do carbono
material laminado
no estadoarecozido
frio e algumas ligas de
(localmente alumínio
a junta) representam
para esse grupo.
o cálculo mecânico.
mais afastadas da ZAC. Observe a Figura 4.26.
O aço carbono encruado por sua vez apresenta duas regiões distintas de recristalização por apresentar
mudança de fase. A primeira ocorre acima de Ac1 (completada acima de Ac3 com a transformação auste-
nita). A segunda recristalização se dá abaixo de Ac1 apenas pelo efeito térmico no material encruado e é
devida à recristalização da ferrita encruada (ferro alfa), conforme a Figura 4.26.
4. Transformações
266
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
a) Repartição térmica b)
Crescimento de grão
ad os Recristalização
along Recuperação Ductilidade
s
Grão
Figura 4.26 - Repartição térmica dos materiais encruado e influência da resistência de ductilidade. Fonte:
adaptado das aulas de metalurgia da soldagem do Giovani Dalpiaz no curso de Especialização em engenha-
ria de soldagem 2018 da UP.
Este grupo compreende as ligas de alumínio não tratadas termicamente, como a liga Al-Mg e al-
guns aços laminados a frio ou demasiadamente encruados por calandragem.
4.4.5.1 Micrografia
A zona afetada pelo calor apresenta duas regiões de granulação grosseira, fazendo que a microestrutu-
ra bainítica, obtida para os aços de mais alta resistência, seja perdida. A mais distante da zona fundida
corresponde ao crescimento de grão, que ocorre em temperatura superior à de recristalização. Se o aço
ou a liga metálica não tiver ponto de transformação, existirá uma região superaquecida única e mais
extensa, Figura 4.27.
4. Transformações
267
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
γ
γ+α
Recristalização ~ 0,5.Tf
Recuperação ~ 0,3.Tf
α + Fe3 C
γ
γ Durante a
γ
soldagem
Austenita Austenita Austenita Ferrita Ferrita
+ Ferrita + Perlita + Perlita
Após o
resfriamento
Ferrita Ferrita Ferrita + Ferrita Ferrita
+ Perlita + Perlita Perlita em ilhas + Perlita + Perlita
Figura 4.27 - Zona afetada pelo calor de um aço encruado. Fonte: OS AUTORES, 2019.
4. Transformações
268
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
4.4.6 Ligas Endurecidas por Precipitação
Estas ligas apresentam precipitação distribuída na matriz com objetivo de aumentar a resistência
mecânica e a dureza.
Estas ligas apresentam, na região adjacente à ZAC, uma região onde os precipitados foram totalmente
ou parcialmente dissolvidos pela exposição a altas temperaturas acima da linha solvus (solubilidade),
permanecendo em solução sólida em virtude do rápido resfriamento imposto pelo ciclo térmico de sol-
dagem, como num tratamento térmico de solubilização, Figura 4.28. Logo, não há tempo suficiente para
a difusão dos átomos ou, em outras palavras, para que os átomos precipitem.
Tempo de
envelhecimento
ráp
Res o em á
nto
id
fria
e
cim
me gua
e
nto
Aqu
Estrutura recozida com Precipitados dissolvidos Envelhecimento correto com Superenvelhecimento com
precipitados grosseiros retidos em solução sólida finos precipitados dispersos precipitados grosseiros nos
nos contornos de grão supersaturada no interior do grão contornos de grão
Figura 4.28 – Diferenças na microestrutura de uma liga aquecida acima da linha de solubilidade resfriada lenta-
mente e resfriada bruscamente seguida por permanência em temperatura de envelhecimento. Fonte: os autores
Mais distante da zona de fusão, o material experimenta temperaturas abaixo da linha de solubilidade,
na região bifásica, havendo o superenvelhecimento dos precipitados, cuja região pode ser observada na
Figura 4.29. No superaquecimento há coalescimento dos precipitados (aumento de tamanho) e redução
da quantidade de precipitados distribuídos na matriz. Nessas ligas, da mesma forma que as ligas en-
cruadas, há redução localizada nas propriedades mecânicas .
Atenção
Algumas técnicas podem ser utilizadas após a soldagem para restaurar a resis-
tência, mas sempre apresentam alto custo e nem sempre são viáveis (solubilização
seguida de envelhecimento do conjunto soldado ou apenas o envelhecimento
da junta ou a soldagem do material de base solubilizado, mas estas últimas não
alteram a região superenvelhecida).
4. Transformações
269
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Esses materiais devem ser soldados com pequeno aporte de calor para que a região com reduzida resis-
tência mecânica atinja a menor área possível. Algumas ligas de alumínio, como a liga da série Al-Mg-Zn,
endurecem à temperatura ambiente, permitindo a recuperação da resistência ou dureza pelo menos na
região mais próxima à zona fundida, na região solubilizada.
Figura 4.29 – Representação das regiões da ZAC em uma junta soldada. Fonte: OS AUTORES, 2019.
4.4.7.1 Micrografia
A zona afetada pelo calor caracteriza-se pela granulação grosseira, que se estende à zona fundida atra-
vés da epitaxia e do crescimento competitivo dos grãos. No caso particular do aço inoxidável austenítico
AISI 304 (18%Cr-10%Ni), ainda ocorre a precipitação de carboneto de cromo na faixa correspondente às
temperaturas entre 420 e 870°C tornando o aço sensível à corrosão intergranular, conforme Figura 4.30.
4. Transformações
270
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
γ+δ
γ
γ+C
Durante a
soldagem
Austenita Austenita Austenita
Após o
resfriamento
Austenita Austenita Austenita
+ Carbonetos
Figura 4.30 - Zona afetada pelo calor de uma liga metálica não transformável, aço inoxidável austenítico 304.
Fonte: OS AUTORES, 2019.
A ausência de transformação impede a regeneração estrutural, quer por meio de tratamento térmico,
quer pela soldagem multipasse. A estrutura grosseira e orientada aumenta consideravelmente a fragili-
dade dos metais de estrutura cúbica de corpo centrado.
A estrutura cúbica de face centrada, em função da sua maior possibilidade de deformação, apresenta
ductilidade suficiente mesmo com o crescimento dos grãos. É o caso, por exemplo, dos aços inoxidáveis
austeníticos, cuja soldabilidade é satisfatória.
4. Transformações
271
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
4.4.8 Soldagem dos metais termomecanicamente processados
Os metais termicamente processados são àqueles que sofrem um encruamento seguidos de um resfria-
mento acelerado com o intuito de diminuir o tamanho do grão ferrítico, cerca de até 5 mícrons. A preci-
pitação de partículas induzidas por deformação, nos intervalos entre passes durante o processamento
termomecânico, inibe ou mesmo suprime a recristalização estática da austenita. Na fabricação para que
as propriedades mecânicas de resistência e tenacidade fossem atingidas, na zona afetada pelo calor da
solda, são submetidos à recristalização e ao crescimento de grão, Figura 4.31. Essas transformações
podem estar associadas à modificação alotrópica, como no caso dos aços.
γ+α
α + Fe3 C
γ
γ Durante a
γ
soldagem
Austenita Austenita Austenita Ferrita
+ Ferrita + Perlita
Após o
resfriamento
Ferrita Ferrita Ferrita + Ferrita
+ Perlita + Perlita Perlita em ilhas + Perlita
Figura 4.31 - Zona afetada pelo calor de uma liga termomecanicamente processada. Fonte: OS AUTORES, 2019.
4.5 DILUIÇÃO
A zona fundida está diretamente associada à diluição . Entende-se como diluição a participação do me-
tal de base na constituição da zona fundida, ou seja, metal de adição mais o metal de base fundido pela
operação de soldagem em uma solda bead on plate , Figura 4.32 e em uma solda de topo com chanfro e
duplo V, Figura 4.33.
4. Transformações
272
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
Cálculo da diluição do metal base na área da
seção transversal do cordão de solda
A
B
B
diluição (%) = .100
B+A
Figura 4.32 – Cálculo de diluição N-1438. Fonte: Nortec N-1438
A - metal de adição
B - metal de base
B
diluição (%) = .100
B+A
Figura 4.33 – Determinação da diluição em uma solda com chanfro X. Fonte: OS AUTORES, 2019.
4. Transformações
273
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
A diluição por sua vez é função do processo de soldagem empregado . Por exemplo, com eletrodo re-
vestido, a diluição é da ordem de 30%, enquanto, na soldagem a arco submerso, pode atingir 60% ou uma
soldagem autógena, sem metal de adição, 100%. Além disso, é influenciada pela polaridade do processo.
Na soldagem
Na soldagem dedametais
raiz, uma penetração
revestimento, amaior
é desejável
dissimilares, umaé necessária
diluição ébaixa com
diluição,
um dado uma
para maior diluição
que seja
indispensável para paraa que
atingida
a previsão dosseja possível
composição quí-
constituin-
a penetração
micae dos
tes completa.
materiais mais
propriedades O passe de raiz, por apresentar uma diluição maior, é crítico, uma vez
nobres com uma quantidade menor de passes. Um exemplo clássico é o empre-
da solda. que os ele-
mentos adicionados no consumível para manter uma boa qualidade do metal de solda terão
go do diagrama de Schaeffler na soldagem dos aços inoxidáveis ou em ligas de níquel e será mais bem uma menor
participação.
abordado a seguir.
4. Transformações
274
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
Durante a Solidificação
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
5. TENSÕES RESIDUAIS ORIUNDAS DA SOLIDIFICAÇÃO
Nos processos de fabricação, construção & montagem e manutenção de estruturas, vasos de pressão,
tubulações e plataformas utilizam-se, amplamente, os processos de soldagem a arco.
Para conhecer esses processos, clique no ícone e entenda as consequências que podem ser geradas.
Informação Importante
São caracterizados, essencialmente, por uma alta concentração de calor em um ponto loca-
lizado. Como consequência desse calor localizado, ocorre o aquecimento das regiões circun-
vizinhas que estão submetidas a um severo gradiente de temperatura na peça soldada, as-
sociado a um ciclo de dilatação e contração volumétrica. A consequência é que, quando for
não controlado de forma adequada, pode haver tanto prejuízo nas caraterísticas mecânicas
do metal – tenacidade, dureza, resistência mecânica - como na ocorrência de distorções e/
ou tensões residuais. Isso leva a peça a ficar susceptível a fenômenos como trincamento por
hidrogênio, fratura frágil, redução da vida à fadiga, susceptibilidade a corrosão sob tensão
além da instabilidade dimensional.
Esta falta de integração, comunicação ou interação entre as partes resulta, muitas vezes, em retrabalho,
atraso e custos não contabilizados.
Além disso, como consequências dos processos de soldagem, se destacam a instabilidade dimensional
e as deformações. Desta forma, tornam-se necessários procedimentos de correção, com um custo asso-
ciado, que incluem tanto métodos mecânicos como também métodos térmicos antes, durante e após a
montagem. E, ainda, sem considerar a característica de cada material, que interfere diretamente na sua
soldabilidade e nas suas propriedades mecânicas e metalúrgicas.
Uma vez que os parâmetros, como aporte térmico, velocidade, direção e sequenciamento de solda-
gem, restrições estruturais de projeto e provisórias, condições de projeto de junta, controlam a nível
final de distorção, a utilização de métodos que prevejam esses efeitos se mostram com grande valia
na otimização do processo.
A previsão de distorções, durante muito tempo, foi efetuada de modo empírico. A simulação numérica
de soldagem teve seu início em 1980, época que a modelagem era limitada pela capacidade dos recursos
computacionais da época, forçando os pesquisadores a reduzir o custo computacional através de muitas
simplificações e premissas. Ao longo dos anos 1980, 1990 e 2000, com o desenvolvimento dos recursos
computacionais, modelos de solda multipasse, modelos de condução de calor e fonte térmica puderam
ser implementados, além de modelagens, configurações e geometrias cada vez mais complexas.
5. Tensões residuais
276
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A aplicação de Simulação Computacional de Soldagem (CWM – Computational Weld Mechanics) tem se
mostrado como uma técnica que tem por objetivo integrar o projeto mecânico ao projeto de fabrica-
ção e suas disciplinas correlatas.
Atualmente, o estado da arte na simulação de soldagem considera ainda as tensões residuais como um
aspecto de importância. Com isso, há o direcionamento para o modelamento de transformações de es-
tado sólido em ligas especiais através do método dos elementos finitos, eventualmente auxiliado pela
utilização de recursos e métodos de otimização avançados com a integração de diversas ferramentas
de simulação. Esta vanguarda torna mais fácil e funcional a integração entre os engenheiros projetistas
e os engenheiros de soldagem (fabricação, montagem e manutenção) durante a vida em operação dos
componentes soldados, Figura 5.1.
Projeto de
Projeto estrutural
Especificação de
soldagem e ENGENHARIA
qualificação de
material procedimentos DE SOLDAGEM
PROJETO
Elaboração de Execução da
procedimentos de soldagem e
execução da avaliação dos
fabricação ou C&M desvios
Figura 5.1 – Falta de Integração no Projeto de Equipamentos Soldados. Fonte: Os autores, 2019.
Decorrente do aquecimento localizado e pontual, que ocorre na soldagem, a contração do metal de sol-
da, com a diminuição da temperatura, gera tensões residuais e deformações de soldagem.
5. Tensões residuais
277
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Saiba Mais
https://www.imetllc.com/training-article/residual-stress/
https://www.twi-global.com/technical-knowledge/faqs/residual-stress
https://www.researchgate.net/publication/303788758_Review_on_Welding_Residu-
al_Stress
https://www.sciencedirect.com/topics/chemistry/residual-stress
https://www.youtube.com/watch?v=eF7zyL9vlEc&t=14s
https://www.youtube.com/watch?v=4qyNZW6OHK0
As tensões residuais são tensões internas, auto equilibradas, sempre presente após o término da solda-
gem e podem gerar falhas estruturais nos componentes.
Quando uma barra metálica é aquecida localmente livremente sem restrições, esse aquecimento loca-
lizado, representado, nesse exemplo, por uma resistência elétrica na Figura 5.2, faz com que a barra se
dilate e contraia livremente, sem gerar nenhuma tensão.
5. Tensões residuais
278
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Barra com restrição Barra com restrição
Barra livre na dilatação na dilatação e
longitudinal contração
longitudinal
Temperatura
ambiente
Aquecimento
localizado
Temperatura
ambiente
O aquecimento localizado na barra, fará com que apareçam tensões elásticas em função da restrição
imposta que impede a barra de se dilatar conforme a equação:
Já o terceiro caso apresenta comportamento idêntico ao segundo até o final do aquecimento. Todavia,
em função da restrição à contração imposta, no resfriamento as tensões de compressão são reduzidas e
tornam-se nulas acima da temperatura ambiente pois, devido à sua deformação plástica, a região cen-
5. Tensões residuais
279
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
tral deveria apresentar um comprimento menor do que o original, como no segundo caso. Com a conti-
nuação do resfriamento, tensões de tração passam a atuar até que o limite de escoamento, agora sob
condições de tração, seja atingido no ponto D. A partir desta temperatura, a parte central da barra passa
a deformar plasticamente até atingir a temperatura ambiente.
Após concluído o resfriamento, a diferença de comprimento entre a situação dois e três será acomo-
dada pelas deformações elásticas que gerarão tensões residuais. Na região central que foi aquecida,
essas tensões serão trativas e de valor próximo ao do limite de escoamento do material. Na região
não aquecida, para se manter o equilíbrio de forças, existirão tensões de compressão de valor igual à
metade da tensão na região central, mostrada Figura 5.3.
σescoam
E D
Tensão
A
0
B
-σescoam
Temperatura
Figura 5.3 – Variação da tensão na barra do centro. Fonte: os autores, 2018
Atenção
5. Tensões residuais
280
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
xpa nsão
nte de e
o e ficie
C
Mó
dul
od
e ela
stic
ida
de
me nto
escoa
de
Limite
Lim
ite d
e ru
ptur
a
Temperatura
Figura 5.4– Variação das propriedades físicas e mecânicas do aço carbono com a temperatura.
Fonte: adaptado de linertos autores, 2018.
5. Tensões residuais
281
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Clique nos ítens.
QUENTE
Imediatamente após
Imediatamente FRIO FRIO
após a soldagem
FRIO
Imediatamente
Imediatamenteapós
após o
o resfriamento se
resfriamento se a FRIO FRIO
contração fosse
a contração fosse
possível
Imediatamente
Imediatamenteapós
após o
resfriamento com a
o resfriamento com
contração impedida
a contração impedida Região
tracionada
tração Tensão
compressão residual
Figura 5.5 – Formação de tensão residual durante a soldagem. Fonte: os autores, 2018
5. Tensões residuais
282
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Considerando uma fonte de calor se deslocando a uma velocidade constante sobre uma chapa plana de
aço, pode ser constatado, Figura 5.6:
1 2 3 4
Seção CC’, com a queda da temperatura, a zona fundida tende a contrair, mas sofre restrição
pelo metal de base. Tensão trativa começa a ser observada no cordão (pela ocorrência prévia
de deformação plástica na expansão).
Temperatura Tensão
Direção de soldagem
AA’
A A’
Metal líquido
B B’
BB’
C C’
D D’ CC’
DD’
Figura 5.6 – Esquema de representação da temperatura e tensões residuais com a passagem da poça líquida.
Fonte: adaptado de Easterling
5. Tensões residuais
283
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Essas tensões geradas em uma junta soldada podem ser longitudinais, transversais ou no sentido da
espessura, conforme representado na Figura 5.7.
tração
Tensões
longitudinais
x
compressão
Tensões
transversais
x
compressão tração
z
Tensões na
espessura
compressão tração
Figura 5.7 - Distribuição de tensões residuais longitudinais, transversais e ao longo da espessura de uma
solda. Fonte: adaptado de linert
Conforme analogia, uma peça soldada se assemelha ao sistema de barras aquecidas. A repartição térmi-
ca mostra, Figura 5.8, que a zona aquecida acima de TZDP sofre deformações plásticas, analogamente à
barra B, determinando o aparecimento das tensões residuais de contração. O nível de tensões depende
do grau de restrição da estrutura, na direção considerada.
Na maioria dos casos, a restrição é total na direção longitudinal do cordão de solda. Verificações ex-
perimentais confirmam que nessa direção as tensões são muito próximas do limite de escoamento.
Não dispondo de rigidez suficiente, as peças se deformam tendendo a aliviar as tensões residuais. As
deformações são proporcionais à extensão da zona plastificada, de forma ilustrativa representada por
três vezes a largura do cordão.
5. Tensões residuais
284
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
T
TZDP
L x
Zona deformada
plasticamente
σ
Tensão de escoamento
Tensão transversal
Tensão lontitudinal
~3L ~3L
Figura 5.8 - Distribuição de tensões residuais longitudinais e transversais de uma solda entre peças livres.
Fonte: adaptado de Macherauch e WohlfartOS AUTORES, 2019
5. Tensões residuais
285
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Efetivamente, as tensões residuais e deformações resultantes da soldagem aparecem em condições
muito mais complexas que no modelo da barra aquecida. O movimento da fonte de calor, a variação do
grau de restrição à medida que a solda é depositada e a soldagem em vários passes são os principais fa-
tores eliminados pela simplificação. Entretanto, apesar de sua relativa simplicidade, a analogia permite
conclusões úteis, tais como:
»
Clique nos números para conhecê-las. .
1 2 3 4 5
A contração de solidificação não tensiona a peça soldada. A falta de continuidade do meio só-
lido não possibilita a ação de forças. Em vista disso, ao avaliarmos as deformações, devemos
nos reportar às dimensões da zona plastificada e não da zona fundida da solda.
5. Tensões residuais
286
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Para entender como essas variáveis influenciam, clique no ícone e compreenda o processo.
Informação Importante
Sua superfície será resfriada com maior intensidade do que o seu interior, mesmo consi-
derando um resfriamento realizado somente pelo ar ambiente. Desta forma, além do gra-
diente de temperatura ao longo da largura e do comprimento do conjunto soldado, será,
também, estabelecido um gradiente de temperatura ao longo da espessura da solda. Este
gradiente de temperatura poderá ocasionar deformação plástica localizada e, consequen-
temente, tensões residuais (“quenching residual stresses”). Ocorrerá um nível elevado de
tensões residuais deste tipo quando a junta soldada apresentar elevado gradiente de tem-
peratura ao longo da espessura – por exemplo no caso de chapas espessas – e baixo limite
de escoamento nesta faixa de temperatura.
Considerando, apenas para efeito de raciocínio, o resfriamento superficial mais rápido como única fonte
de tensão residual atuante, obter-se-á uma distribuição de tensões residuais de compressão na super-
fície em equilíbrio com tensões residuais de tração na região interna ao cordão.
A Figura 5.9 ilustra o efeito do resfriamento superficial mais intenso no estabelecimento de tensões re-
siduais transversais (σt) decorrentes de um aquecimento localizado – por meio de chama oxiacetilênica
– numa chapa de aço carbono estrutura, e se aplica perfeitamente a soldagem a arco. Neste caso, como
são resultados experimentais, as curvas correspondem à soma dos vários efeitos que produzem tensões
residuais.
5. Tensões residuais
287
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Região aquecida ou fundida
y t
σl
mm
36
σt x
100mm
-24 -20 -16 -12 -8 -4 -40 4 8 12 16 20 24 -24 -20 -16 -12 -8 -4 -40 4 8 12 16 20 24
Distância a partir da linha de centro da Distância a partir da linha de centro da
-80 região aquecida, mm -80 região aquecida, mm
-40
-24 -20 -16 -12 -8 -4 -40 4 8 12 16 20 24 -24 -20 -16 -12 -8 -4
-80
4 8 12 16 20 24
-80
Distância a partir da linha de centro da
Distância a partir da linha de centro da região aquecida, mm
região aquecida, mm
θ = fusão
σt, N/mm2 σt, N/mm2
θ = fusão t = 10,0 mm
80
40 Resfriamento = água toda chapa
t = 2,5 mm
40
Resfriamento = ar comprimido
toda chapa -24 -20 -16 -12 -8 -4 4 8 12 16 20 24
-40
-24 -20 -16 -12 -8 -4 4 8 12 16 20 24
-80 -80 Distância a partir da linha de
centro da região aquecida, mm
-120 -120
-40
-24 -20 -16 -12 -8 -4 4 8 12 16 20 24
-80
-120
-160
Figura 5.9 – Tensões residuais a partir do centro da solda em diversas condições de resfriamento e temperatu-
ras iniciais para uma mesma chapa. Fonte: adaptado de Macherauch e Wohlfart
5. Tensões residuais
288
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A transformação de fase da austenita para ferrita, bainita e, em especial, para martensita, ocorre com
aumento de volume. Desta forma, numa junta soldada, o material da zona fundida (ZF) e da zona afetada
pelo calor (ZAC) que sofrem transformação de fase tenderá a se expandir. Todavia, será impedido, pelo
menos na direção longitudinal da solda, pela porção restante do material mais frio e não transformado.
Explica-se, então, a geração de tensões residuais de compressão na região transformada e de tração na
região não transformada.
Este efeito será mais acentuado quando a região transformada possuir uma área reduzida e quando a
transformação de fases ocorrer em temperaturas relativamente baixas, isto é, quando na temperatu-
ra de transformação de fase o material já tiver um valor elevado de limite de escoamento.
No resfriamento superficial, quando não ocorre transformação de fase como nos aços inoxidáveis e ligas
de Ni, as fases mais frias da peça possuem volume menor que as fases mais quentes, o resfriamento dife-
rencial da superfície imprime uma restrição compressiva às porções mais internas do metal. Ao se resfriar,
as porções mais internas acabam por ter sua contração restringida pelas porções externas criando um
estado de tensões residuais trativo interno e compressivo, externo, conforme ilustrado na Figura 5.10.
temperatura
centro
superfície
tensão
tempo
centro
compressão tração
tempo
superfície
Figura 5.10 – Ilustrações das Tensões Residuais Compressivas na Superfície. Fonte: os autores, 2018.
5. Tensões residuais
289
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
temperatura
centro
superfície
tensão
tempo
superfície
compressão tração
tempo
centro
Figura 5.11 - Ilustrações das Tensões Residuais Trativas na Superfície. Fonte: os autores, 2018.
σt, N/mm2
200
100
-200
-300
-400
Figura 5.12 – Variação das tensões residuais transversais medidas superficialmente a uma junta soldada por
EBW de um aço Maraging de 6,0 mm de espessura e velocidade de soldagem 3900 mm/min. Fonte: adaptado
de Macherauch e Wohlfart
5. Tensões residuais
290
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Atenção
Foi comprovado, experimentalmente, que é válida a superposição linear de cada efeito, na determinação
do estado de tensões residuais resultante, Figura 5.13. Sua aplicação torna mais fácil o estudo deste
estado complexo de tensões.
σT y
σL
C σT x
x
σT σT
R T
x x
σT σT σT
C+R C+R+T C+R
x x x
Figura 5.13 – Sobreposição linear dos efeitos de contração, resfriamento superficial e transformações
de fase na tensão transversal. Fonte: adaptado de Macherauch e Wohlfart
Todavia, o que pode ser uma estimativa válida é considerar apenas a superposição dos estados resultan-
tes de tensão para cada efeito.
5. Tensões residuais
291
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.1.3.1 Solda Multipasse de uma Chapa Espessa
A Figura 5.14 representa a geometria de uma simulação de uma solda e o posicionamento da localização
de retirada de corpos de prova em uma chapa espessa de espessura t para uma solda de topo multipasse
de forma a representar as direções das tensões residuais apresentadas nos gráficos da Figura 5.15.
t
Corpos de prova
simulados
longitudinais raiz
z
Figura 5.14 – Geometria de Experimento e Simulação - Solda Multipasse de uma Chapa Espessa.
Fonte: adaptado de Ueda
Essa Figura 5.15 ilustra as tensões residuais todas através da simulação e da medição ao longo da super-
fície e da superfície oposta à da solda.
Importante ressaltar, que nas regiões próximas à região da solda, as tensões são de natureza trativa,
enquanto nas regiões mais distantes são de natureza compressiva.
200 200
σy
0 0
-200 -200
σx
Distância y, mm Distância y, mm
Figura 5.15 – Tensões residuais na superfície e na superfície oposta. Fonte: adaptado de Ueda
5. Tensões residuais
292
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oriundas da solidificação
A Figura 5.16 ilustra a distribuição das tensões residuais na direção da espessura, sendo a figura da es-
querda na linha de centro da solda e a figura da direita a 20 mm da linha de centro da solda. Note-se que
o nível de tensões decai à medida que se distancia do centro da solda.
0 0
posição posição
y=0 y = 20 mm
σy σy
Distância z, mm
Distância z, mm
25 25
σx σx
50 50
Figura 5.16 – Tensão residual na direção da espessura: à esquerda: na linha de centro da solda e à direita a
20mm da linha de centro da solda. Fonte: adaptado de Ueda
Tensão Tensão
longitudinal transversal
5. Tensões residuais
293
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Na Figura 5.18 é ilustrada a geometria da solda e dos corpos de prova que foram removidos e sujeitos em
uma medição simulada do estado de tensões para o caso de uma solda em junta em ângulo.
7 mm
z
As tensões residuais obtidas através dessa simulação ao longo da superfície do corpo de prova, estão
apresentadas na Figura 5.19. Novamente, note-se que nas regiões próximas à região da solda, as ten-
sões são de natureza trativa, enquanto que nas regiões mais distantes são de natureza compressiva.
500
z
σx
Tensão residual, MPa
250
y
σz σy
0
-200
0 50 100
Distância y, mm
Figura 5.19 – Tensões residuais a o longo superfície do corpo de prova. Fonte: adaptado de Ueda
5. Tensões residuais
294
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
E a Figura 5.20 ilustra a distribuição das tensões residuais na direção da espessura. Neste caso, é interes-
sante notar que ocorre um comportamento similar ao daquele ao longo da superfície, Figura 5.19, visto
que a geometria é similar.
500
σx z
Tensão residual, MPa
250 y
σz
σy
0
-200
-20 0 50 100
Distância y, mm
Figura 5.20 – Tensão residual na direção da espessura: à esquerda: na linha de centro da solda e à direita a
20mm da linha de centro da solda. Fonte: adaptado de Ueda
Tubo de 2"
r φinterno= 49,5
φexterno= 60,5
5 6
3 4 5,5
z 2
1
800
Figura 5.21 – Geometria de e Sequencia de Solda entre Tubos de 2”. Fonte: adaptado de Ueda
5. Tensões residuais
295
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oriundas da solidificação
A Figura 5.22, por sua vez, ilustra o estado de tensões residuais axiais sem e com a aplicação de heat
sink na superfície interna da tubulação. Note-se que na superfície interna, o estado de tensões axiais é
invertido de trativo para compressivo.
σz (MPa)
300
Na Soldagem
superfície heat sink
-60 0 60
Soldagem
z (mm)
convencional
Superfície -200 0 200
externa
-40
superfície externa
z
400 superfície interna
Na superfície
interna
Soldagem
heat sink
-700
Figura 5.22 – Tensões Residuais Axiais sem e com a Aplicação de Heat Sink na Superfície Externa e Interna da
Tubulação. Fonte: adaptado de Ueda
A Figura 5.23, de forma similar à Figura 5.22, ilustra o estado de tensões circunferenciais axiais sem e
com a aplicação de heat sink na superfície interna da tubulação e a inversão do estado de tensões na
superfície interna em juntas entre tubos de 4”, que apresentam campos de tensão com cerca similarida-
de, todavia com certo grau de redução do nível de tensões, devido ao tratamento térmico induzido pelos
passes adicionais.
5. Tensões residuais
296
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oriundas da solidificação
σz (MPa)
Na 500
superfície
externa
Soldagem
heat sink
-60 0 60
Soldagem z (mm)
convencional -200 0 200
Superfície
externa
-400
superfície externa
z
Na 400 superfície interna
superfície
interna
Soldagem
heat sink
-600
Figura 5.23 – Tensões Circunferenciais Axiais sem e com a Aplicação de Heat Sink na Superfície Externa e Inter-
na da Tubulação. Fonte: adaptado de Ueda
Isto é, quanto maior o nível de restrições, maior será o nível de tensões residuais, Figura 5.24. A dis-
torção ocorre quando a peça soldada não possui estabilidade suficiente e é consequência do alívio
estrutural do nível de tensões.
5. Tensões residuais
297
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oriundas da solidificação
Deformação
Tensão
Tensões residuais
Livre .. ... ... Engastada
Figura 5.24 – Comparação do Efeito do Nível de Restrição nas Deformações e Tensões Residuais nos limites
em uma peça com liberdade de movimento e outra engastada. Fonte: os autores, 2018.
Distorções e tensões residuais são fenômenos que ocorrem de forma acoplada. As distorções resultam
do alívio natural das tensões residuais quando não há restrição das peças. Para compreender esse pro-
cesso, clique no ícone e entenda o motivo da ocorrência dos fenômenos.
Informação Importante
Ocorrem devido ao ciclo térmico de aquecimento e resfriamento localizado ser restringido
pelas partes adjacentes que sofrem um ciclo térmico mais brando, isto é, são aquecidas por
condução e as temperaturas de pico são menores que as da poça de fusão. O fenômeno de
encolhimento do metal líquido produz distorções na solda e pode ser prejudicial para a mon-
tagem da estrutura, Figura 5.25. No aquecimento, o calor da tocha causa um espessamento
do metal de solda na área do ponto aquecido. Já no resfriamento, a área do ponto resfriado
possui menos volume do que tinha anteriormente no interior da chapa. Esta redução causa
um metal de solda encolhido que “puxa” o metal base da cincunvizinhança.
5. Tensões residuais
298
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oriundas da solidificação
Arco
AQUECIMENTO RESFRIAMENTO
Figura 5.25 – Efeito do encolhimento na distorçã. Fonte: adaptado de Lincoln
Importante!
Existem vários métodos para corrigir distorções que podem ser adotados desde o projeto, como, tam-
bém, durante a montagem e a fabricação. Podem ser, simplesmente, mecânicos ou envolver a aplica-
ção de temperatura.
A contração da zona plastificada provoca deformações que se manifestam conforme mostrado na Figura 5.26.
5. Tensões residuais
299
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oriundas da solidificação
Clique nos itens.
Distorção
angular Encurvamento Ondulação
Desta forma, é necessário a introdução de dispositivos que viabilizem esta soldagem, os dispositivos
auxiliares de soldagem, impondo uma restrição a esse movimento.
5. Tensões residuais
300
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oriundas da solidificação
12h
Posição de 9h 3h
soldagem em dutos
6h
Contração do
metal de solda
5. Tensões residuais
301
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oriundas da solidificação
A influência do grau de restrição está diretamente relacionada com a geometria da peça e é um parâ-
metro a ser observado . Deve ser utilizado de forma que se equilibre o nível de tensões residuais com o
nível de deformações e com a susceptibilidade ao trincamento. Isto pode ser feito através da utilização
de dispositivos provisórios de soldagem, pré-deformação, pré-tensionamento, bem como do sequen-
ciamento de união das peças.
Importante!
Muitas vezes, são métodos paliativos e devem ser seguidos de correção mecânica
ou tratamento térmico de alívio de tensões, TTAT.
O grau de restrição das peças durante a soldagem – aquecimento e resfriamento – será, em resumo, o prin-
cipal fator determinante da intensidade das tensões residuais. Considere que, quanto maior for o grau de
restrição durante a soldagem menor será a deformação e mais elevado será o nível das tensões residuais.
120º
o
tid
es
rev
150
60º
do
tro
Ele
45º
0
0 2,0 4,0
Contração transversal (mm)
Figura 5.29 – Contração transversal de juntas de topo em soldagem sem restrição. Fonte: adaptado de Lincoln
5. Tensões residuais
302
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oriundas da solidificação
Em soldas de topo em chapas de aço, variando a espessura e considerando a preparação dos chanfros, é
possível calcular matematicamente essa contração em função da área de metal depositado. O resultado
foi a equação 5.1 que é uma expressão simples para estimativa da distorção transversal.
(5.1)
Onde Aw é área da seção transversal da zona fundida, Ap é área da seção transversal da peça e t é espes-
sura da solda, Figura 5.30.
AP AW
t
Isso pode ser observado na Figura 5.31, que quanto maior a seção transversal da zona fundida, maior
será a contração transversal.
4,0
Contração transversal (mm)
60º - Chanfro V
2,0
6 12 18 25 31 37
5. Tensões residuais
303
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oriundas da solidificação
A contração transversal é desprezível para soldas em ângulo. A abertura de raiz é um fator que in-
fluencia a distorção transversal. Todavia, conclui-se que nenhum dos modelos apresenta resultados
satisfatórios exatos, principalmente à medida que se variam parâmetros como espessura e velocida-
de de soldagem.
Em uma primeira aproximação, cada 16 mm2 de seção transversal de zona fundida provoca uma contra-
ção transversal de 6,35 mm. Os principais fatores de influência são:
1 2 3
O martelamento das soldas (peening), à exceção do primeiro e último passes, pode evitar grande parte
da deformação. Por outro lado, o martelamento excessivo é prejudicial.
A Figura 5.32 apresenta os resultados para o tipo de montagem assinalado no topo da figura, na avalia-
ção da contração longitudinal de soldas de ângulo em chapas de aço carbono.
5. Tensões residuais
304
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oriundas da solidificação
1500
750
600 mm2
400 mm2
280 mm2
180 mm2
0 75 mm2
25 mm2
Como regra básica para estimativa da contração longitudinal, em aços-carbono, utiliza-se a proporção
mostrada na equação 5.2:
(5.2)
É diretamente proporcional à relação entre a seção transversal da zona plastificada e a seção res-
tante da peça. Pode-se observar que a contração longitudinal tende para um valor aproximadamente
constante, quando para a determinada área de zona fundida (Aw ), a área da seção transversal das peças
soldadas (Ap ) exceder os valores indicados pela linha tracejada.
5. Tensões residuais
305
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oriundas da solidificação
Atenção
O cálculo isolado da contração longitudinal induz a resultados falsos, visto que esse
fenômeno ocorre de forma acoplada com a deformação angular.
A fórmula evidencia as medidas preventivas da deformação angular. Quando soldas de tamanhos dife-
rentes, depositadas em distâncias também diferentes da linha neutra, deve-se procurar equilibrar os es-
forços de contração soldando, por exemplo, em primeiro lugar, os cordões mais próximos da linha neutra.
Quando possível, durante o projeto, os cordões maiores devem ser localizados próximos à linha neutra.
Para a solda cordão sobre chapa - bead on plate, o modelo de Horst Plug se aproxima dos resultados
experimentais para espessuras maiores e o modelo de Okerblom é o que mais se aproxima dos resulta-
dos experimentais para soldas de topo, apresentando maior dispersão com o aumento da velocidade
de soldagem.
5. Tensões residuais
306
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Conheça os modelos e suas equações:
MODELO DE MODELO DE
HORST PLUG OKERBLOM
O modelo de Okerblom
Horst Plugéérepresentado
representadopela
pelaequação
equação5.4
5.3:
1 = 235η yy q
= 9830 A 5.4))
((5.3
R EI υW ,,
IE
Sendo:
Onde:
Todavia, segundo o The Procedure Handbook of Arc Welding (LINCOLN ELECTRIC COMPANY, 2000 ), para
vigas esbeltas, a deformação longitudinal pode ser estimada pela seguinte equação 5.5:
(5.5)
,
Onde:
5. Tensões residuais
307
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oriundas da solidificação
5.2.5 Distorção Angular em Soldas de Topo (Embicamento)
A deformação angular de soldas de topo é representada pelo ângulo entre as chapas unidas.
Atenção
Não existe modelo que represente de forma adequada a deformação angular. O que
se sabe, é que a penetração tem um grande efeito na distorção angular de juntas
por soldas de topo, Figura 5.33.
0,06
solda
300 mm
600 mm
0,05
0,04 5 (V- simples)
0,03 4
Embicamento (rad)
0,02 60º
3
t1
0,01 19 mm t3
t2
0 2 3
-0,01
Corpo de
t1 (mm) t2 (mm)
-0,02 prova
1 8,5 8,5
1 (Duplo-V) 2 11 6
0 5 10 15 20 25 30 35 40 3 13 4
4 15 2
Massa do metal depositado por unidade de
comprimento do metal de solda (g/cm) 5 17 0
t3 = 2 mm
Uma avaliação feita em corpos de prova do tipo anel vazado concluiu que, para o tipo de corpo de prova
ensaiado, o mínimo embicamento será obtido para uma preparação tendo a seguinte relação em 5.6:
(5.6)
5. Tensões residuais
308
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oriundas da solidificação
ângulo
do chanfro
t1
Espessura
da junta
Nariz
da solda
t3
t2
abertura
de raiz
Figura 5.34 – Geometria do chanfro duplo V. Fonte: os autores, 2019.
Para peças finas, a deformação angular pode ser calculada pela fórmula 5.7:
(5.7)
Onde:
» Δ - Deflexão (in)
» As – Área total, em seção transversal, dos cordões de solda (in2 ).
» d – Distância do centro de gravidade dos cordões de solda à linha neutra da peça (in)
» L – Comprimento da peça (in). Considerando-se a soldagem ao longo de toda a peça
» I – Momento de inércia da peça
Estudos do empenamento em cordões sobre chapa, que visavam determinar o comprimento e espessura
mínima e determinaram a curva, são ilustrados na Figura 5.34, onde B é a largura da chapa e L o comprimento.
Assim, um painel construído a partir de 2 chapas de largura B = 0,5m e comprimento L = 1m : B/L = 0,5 , sol-
dadas topo a topo apresentará empenamento após soldagem se a espessura das chapas for inferior a 3 mm.
5. Tensões residuais
309
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A recomendação é utilizar o gráfico da Figura 5.35 de forma a estimar grosseiramente a susceptibili-
dade à flambagem, pois não existem referências nem prática divulgada sobre o assunto.
7 B=0
L
6
Tensão 5
residual B = 0,5
L
4
B B = 1,0
3 L
Compressão Tração
2
1
0
L 0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Largura B em metros
Figura 5.35 – Espessura crítica de Watanabe e Satoh para o empenamento de solda de topo.
Fonte: adaptado de Watanabe e Satoh
Segundo a Lincoln Eletric Company (1973 ), pode-se estimar a deformação angular através da equação 5.8:
(5.8)
W t W
ω
Deformação
ângular
ω Deformação
ângular
5. Tensões residuais
310
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A deformação angular em estruturas navais compostas é conforme a geometria ilustrada na Figura 5.37.
φ0
SEM RESTRIÇÃO
δ φ0
t
l
χ
COM RESTRIÇÃO
Figura 5.37 – Aspectos de Deformação Angular em Estruturas Navais. Fonte: adaptado de Lincoln
(5.9)
Onde:
» δ é o deslocamento;
» é o comprimento entre as juntas T;
» x é a distância de uma das juntas T;
» ϕ é a deformação angular;
» φ é deflexão a uma distância x da solda de ângulo;
5. Tensões residuais
311
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A relação entre as deformações angulares de estruturas com e sem restrição: φ e φ0 é dada na equação
5.10:
-1
1 2D
φ = φ0 1 + (5.10)
C ,
Onde:
» E é o módulo de Young;
» υ é o coeficiente de Poisson;
» D é rigidez da chapa com espessura t , dada por (5.11):
(5.11)
(5.12)
,
Sendo:
» t é a espessura, em mm;
» Wec é o peso de eletrodo consumido por unidade de comprimento de solda, em g / c
m .
Importante!
5. Tensões residuais
312
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A deformação final de uma estrutura soldada é, em resumo, influenciada pelo seu grau de rigidez e
pela extensão da zona plastificada durante a soldagem, bem como as propriedades mecânicas e me-
talúrgicas do material.
1 2 3 4
Limite de Escoamento (σY) – o limite de escoamento influencia de forma direta no nível de
tensões residuais após a soldagem. Isto é, quanto maior for o limite de escoamento, maior o
nível de tensões residuais e maior a susceptibilidade às distorções.
Dentro das próprias famílias de materiais existe uma certa variabilidade das propriedades mecânicas e
térmicas, conforme ilustrado no Quadro 5.1.
α k σY E
(10-6 m/(m K)) W/(m K) MPa GPa
Quadro 5.1 – Coeficiente de Expansão Térmica, Condutividade Térmica, Tensão de Escoamento e Módulo de
Elasticidade para Diversos Materiais. Fonte: os autores, 2019.
Os efeitos das propriedades entre materiais são possíveis de serem verificados na tabela comparativa
de deformação, Tabela 5.1. A partir de uma referência unitária, cada propriedade é referenciada para os
demais materiais dessa tabela.
5. Tensões residuais
313
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Coeficiente de Condutividade Tensão de Módulo de
Metal
Expansão Térmica Térmica Escoamento Elasticidade
Tabela 5.1 – Coeficiente de Expansão Térmica, Condutividade Térmica, Tensão de Escoamento e Módulo de
Elasticidade para Diversos Materiais – Comparativo. Fonte: os autores, 2019
Peças ou estruturas em aços inoxidáveis serão mais susceptíveis a distorção quando comparadas com
peças em aço carbono. No caso de peças de alumínio, o maior coeficiente de expansão térmica é com-
pensado pela maior condutibilidade térmica. Peças em Inconel 625, assim como aços de alta resistência,
tenderão a ter maiores níveis de tensão residual ou de distorção pela maior tensão de escoamento.
Comparaçãodo
Comparação
»»» Comparação doAço
do AçoCarbono
Aço Carbonocom
Carbono como
com ooAço
AçoInoxidável
de Alta Resistência
Alumínio
Neste caso, a única propriedade que influencia significativamente a deformação é o limite de escoa-
mento. Portanto, uma estrutura construída
Propriedade
Propriedade Aço em aço de alta resistência necessitará
Carbono
Aço Carbono Alumínio
Aço menores espessu-
Inoxidável
ras e apresentará um maior nível de tensões residuais do que a mesma construção em aço carbono.
Consequentemente,
αE a estrutura construída 1em aço de alta resistência provavelmente
aproximada apresentará
(↑ 1deformação)*
1
maior deformação em soldagem.
kσy 1 1 4 (↓ deformação)
1
Ek 1 1 0,33
0,33(↑(↑deformação)
deformação)
σy 1 1 Varia muito**
α 1,5 (↑ deformação)
Tabela 5.3 – Propriedades comparativas entre aço carbono e aço inoxidável Fonte: os autores, 2019
Tabela 5.2 – Propriedades comparativas entre aço carbono e aço inoxidável. Fonte: os autores, 2019
* Como a temperatura de fusão do aço carbono é consideravelmente superior à do alumínio, a influência desta propriedade
será desprezada.
A estrutura construída com aço inoxidável tenderá a deformar mais, considerando-se as mesmas
** influência desprezada
dimensões e mesmas energias de soldagem.
Como vemos os fatores que afetam a deformação na soldagem do aço carbono e alumínio pratica-
mente se anulam.
5. Tensões residuais
314
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.2.7.2 Extensão da Curva de Repartição Térmica
A deformação em soldagem dependerá, basicamente da dimensão da zona plastificada – ZP – que, por
sua vez, dependerá da extensão da curva de repartição térmica. Como já visto, diversos fatores afetarão
a extensão da curva de repartição térmica.
A ação destes fatores deve ser vista em conjunto. Por exemplo, o pré-aquecimento aumenta a contra-
ção pelo alargamento da zona plastificada, entretanto, proporciona um resfriamento mais regular que
tende a reduzir as deformações. O número de passes pode aumentar a contração, mas, à medida que a
solda é depositada, o grau de restrição tende a conter esta tendência.
Conforme a Figura 5.38, já no processo de fabricação são introduzidas tensões residuais, dependendo do
processo, como fundição, forjamento, laminação, etc.
5. Tensões residuais
315
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Histórico do carregamento com a fabricação
Manuseio HISTÓRICO Armazenamento
Chapa laminada Empilhamento HI
Transporte ST
CO Ambiente ÓR
RI Ambiente IC
S TÓ O
HI
IMPACTO
Tratamento de
Processo de superfície
manufatura Jateamento
Fundido Lubrificação
Forjado Revestimentos
Rolado
etc. Serviço metálicos
etc.
Distorções
Tensão residual
HISTÓRICO
IMPACTO
HISTÓRICO
IMPACTO
Fratura
Fadiga
Corrosão
Usinagem Corte
Retifica Chama
Fresa Plasma
Torno Mecânico
IMPACTO etc.
HI Conexão
ST Conformação CO
ÓR Soldada ÓRI
IC
O Estampagem IST
Rebitada Calandragem H
Colagem HISTÓRICO Extrusão
Parafusada etc.
etc.
figura 5.38 - fluxograma do processo de aplicação de métodos de mitigação de tensões residuais e distorções.
Fonte: adaptado os autores Brust, 2019
Importante!
5. Tensões residuais
316
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Existe uma grande gama de métodos para a mitigação de tensões residuais e de distorções oriundas
do processo de soldagem. Esses podem ser utilizados individualmente ou em conjunto, dependendo do
projeto da peça. O que importa, nesse processo, é a redução do nível de tensões residuais e a mitigação
ou remoção corretiva das distorções em conjunto com aspectos como produtividade e custos.
Muitas vezes, dependendo de opções de custo e aplicabilidade, vários métodos e estratégias podem
ser aplicadas, incluindo correções dimensionais após a fabricação.
» Reduzir ao mínimo a quantidade de metal depositado. Utilizar chanfros com abertura e espaça-
mento (gap) menor possível, desde que não impeçam a correta fusão da raiz ou dos passes ante-
riores. Não havendo contraindicação de ordem metalúrgica, os eletrodos de maior diâmetro são
recomendados para que a taxa de deposição seja alta e o número de passes o menor possível. Essa
recomendação advém do fato que a soldagem efetuada com um maior número de passes, para uma
mesma espessura e geometria de chanfro, produz um maior volume de material retransformado
pelos passes subsequentes, tanto na ZAC como o metal de solda. Isso faz com que a tensão resi-
dual da junta seja aumentada. Entretanto, em soldas heterogêneas, utilizando metal de adição de
matriz austenítica, como não há transformação de fase no metal de solda, a soldagem multipasse
com menor corrente é recomendada para produzir uma menor tensão residual diminuindo o tama-
nho da ZAC. Além disso a matriz austenítica possui maior capacidade de deformação, havendo uma
acomodação das tensões por essas deformações locais de cada passe.
» Usar chanfros duplo–V e duplo-U, pois a solda, em ambos os lados, possibilita o equilíbrio dos
esforços de contração. Os chanfros podem ser simétricos ou assimétricos. No primeiro caso, os
cordões devem ser depositados alternadamente nos dois lados.
» Evitar excesso de material nas soldas em ângulo. Em se tratando de chapas finas, como nos fundos
de tanque, adotar sequências especiais de soldagem.
5. Tensões residuais
317
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Clique nos itens.
Flange Flange
integral soldado
Estrutura Estrutura
forjada soldada
5. Tensões residuais
318
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
a. Posicionar as soldas o mais próximo possível do eixo neutro da peça (Figura 5.40).
eix
eix
on
on
eu
eu
tro
tro
Maior deformação
Eixo neutro
Menor deformação
Eixo neutro
5. Tensões residuais
319
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Duas peças idênticas podem ser mantidas solidárias, por ponteamento ou através de grampos, for-
mando um conjunto simétrico e possibilitando a soldagem balanceada em relação ao seu eixo neutro
(soldagem “back-to-back”). Este método é particularmente interessante quando o conjunto for tratado
termicamente para alívio de tensões antes da liberação de cada peça, Figura 5.42 e Figura 5.43.
Atenção
Grampo Cunha
Figura 5.42 – Montagem em Conjunto. Fonte: os autores, 2019.
Figura 5.43 – Aplicação de uma cunha em uma junta soldada. Fonte : apostila UPS
5. Tensões residuais
320
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.3.1.4 Quantidade de Metal Depositado
O grau de restrição, o projeto da junta e da peça bem como as formas de acoplamento estão diretamente
relacionados com a geometria da peça e a rigidez do sistema. Quanto maior for a quantidade de metal
depositado maior será a energia transferida à peça e, consequentemente, teremos uma maior extensão
da zona plastificada e uma maior deformação em soldagem.
As deformações em soldagem poderão ser minimizadas, pela redução ao mínimo da quantidade de me-
tal depositado, desde que seja possível a adoção das seguintes medidas preventivas:
reforço
excessivo
reforço
excessivo
2. utilizar chanfros com abertura e espaçamento (“gap”) pequenos, compatíveis com a penetração com-
pleta (Figura 5.45). Os processos de soldagem devem estar com os parâmetros bem controlados, pois
esta prática pode promover falta de fusão e penetração, tanto na raiz quanto entre os passes;
30º
3,0
Figura 5.45 – Abertura e espessamento de chanfros. Fonte: os autores, 2019
5. Tensões residuais
321
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
3. não havendo contraindicação de ordem metalúrgica, preferir os eletrodos de maior diâmetro mi-
nimizando o tamanho do cordão e o aporte térmico imposto. Todavia, vale ressaltar que eletrodos
maiores têm maior dificuldades em soldarem chanfros estreitos;
4. um dos aspectos mais importantes quanto ao metal depositado é que a distorção devido à contração de
resfriamento é proporcional ao seu volume. Além disso, ainda existem aspectos como tempo de prepara-
ção de junta e facilidade de acesso ao soldador ou à máquina de solda automatizada. Para chapas espes-
sas, reduzir o ângulo de abertura e aumentar o espaçamento ou utilizar a preparação do tipo U. Porém,
neste caso, normalmente a menor deformação é obtida com a adoção de chanfros duplos – V duplo ou U
duplo – ou, sempre que possível a utilização de chanfros estreitos – narrow gaps (Figura 5.46);
Reduzir o ângulo de
abertura Chanfro em U
5. Tensões residuais
322
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.3.1.5 Administração do Número de Passes
Existem opiniões controversas referentes a essa forma de se evitar distorções. Em uma junta efetuada
sem restrições, geralmente, o nível final de distorções é diretamente proporcional ao número de passes.
Todavia, efetuar uma junta com poucos passes de grande volume propicia um alto nível de contração
de resfriamento. A execução de vários passes de menor volume adiciona restrição paulatinamente à
peça, propiciando um menor nível de restrição. Passes de grande volume ainda aumentam considera-
velmente o risco de flambagem em chapas finas.
Por exemplo, peças idênticas podem ser soldadas uma contra a outra constituindo conjuntos simétricos
ou efetuando a soldagem por ambos lados e terão valores diferenciados de tensões e distorções.
Outra técnica que exemplifica esse efeito é o passe a ré. Segundo a N-1438 (2013), a sequência na qual
os cordões de solda são executados em sentido oposto ao da progressão da soldagem, de forma que
cada cordão termine no início do anterior, formando ao todo, um único passe.
Importante!
5. Tensões residuais
323
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Os processos automáticos possibilitam a soldagem com alta velocidade e, comparativamente aos pro-
cessos manuais, normalmente provocam menores deformações pelos seguintes motivos:
» maior quantidade de metal é depositada por passe, acarretando menor número de passes para
completar a junta soldada;
» maior é a regularidade da soldagem, obtendo-se, devido à sua continuidade, uma distribuição mais
uniforme de temperatura (Figura 5.48).
Figura 5.48 – Isotermas produzidas pela soldagem manual e automática. Fonte: os autores, 2019.
Desta forma, espera-se obter a menor deformação em soldagem utilizando-se um processo de solda-
gem automático e a máxima velocidade compatível com a deposição de cada passe.
5. Tensões residuais
324
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Antes da soldagem
Figura 5.49 – Balanceamento pela sequência de soldagem do chanfro simétrico. Fonte: os autores, 2018.
O que ocorre nesse processo é que, à medida que a junta vai sendo efetuada, aumenta-se o grau de
restrição e, através do balanceamento, compensa-se progressivamente as contrações de resfriamento
individuais de cada passe. Pode-se aplicar este procedimento também em juntas em ângulo, além de se
poder preparar juntas assimétricas ou mesmo metodologias de pré-tensionamento, que será abordado
a seguir.
5. Tensões residuais
325
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Neste caso, a utilização de chanfros duplos – V duplo ou U duplo é recomendada. Para entender a reco-
mendação, clique no ícone compreenda a utilização dos chanfros.
Informação Importante
A possibilidade de efetuar a solda em ambos os lados possibilita equilibrar ou compensar os
esforços de contração. Os chanfros podem ser simétricos ou assimétricos. No primeiro caso,
os cordões podem ser depositados alternadamente nos dois lados. É importante frisar que
na soldagem multipasse também se verificará uma variação do grau de restrição durante a
deposição de cada passe.
A realização de uma correta sequência de soldagem em um chanfro assimétrico também contribui para
a diminuição das tensões residuais, Figura 5.50.
5 6
1 4
2
3
Figura 5.50 – Sequência de soldagem do chanfro assimétrico. Fonte: os autores, 2018.
O lado a ser preenchido por último tem maior volume de metal depositado para compensar a restri-
ção imposta pela primeira solda.
A sequência de soldagem nos recipientes cilíndricos deve levar em conta a diferença de rigidez para es-
forços internos e externos, Figura 5.51, para espessuras maiores do que 25 mm.
5. Tensões residuais
326
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
50º
6
2 4
25
3 2
60º
Interno
C
A
B
Externo
Figura 5.51 – Soldas de topo em recipientes cilíndricos. Fonte: os autores, 2018.
Atenção
Considerar que, quanto maior o grau de restrição, durante a soldagem, mais elevado será o nível de ten-
sões residuais. Adotar o mínimo de restrição, utilizando, quando possível, a pré-deformação.
5. Tensões residuais
327
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.3.2.3 Sequenciamento da Soldagem
A estratégia de sequenciamento da soldagem se baseia no princípio de que é possível controlar a distor-
ção através do enrijecimento estratégico de partes da junta de forma sequencial. Pode ser realizada com
passe à ré ou mesmo com passes intercalados, dependendo da peça e da junta.
Passe a Ré ou Passe de
Solda intermitente
Pelegrino (“Back-Step “Skip Welding”
Welding”)
em junta em ângulo
“Skip
SoldaWelding”
Passe – Diferentemente
aintermitente
Ré ou Passe em
de junta
Pelegrino do passe
em ângulo a ré,
(Figura
(“Back-Step nestaNas
5.54). técnica
Welding”), cada
5.52.intervalo
configurações
Figura corresponde
detécnica
Esta junta, asconsiste ànadeposi-
quais não são ne-
solda-
ção de
cessáriasum eletrodo,
soldagem que é soldado
contínuas, segundo
como no casoa Figura
de 5.53.
soldagem Convém
de um ratificar
casco
gem no sentido contrário do tradicional, mantendo a sequência de cordões. de que
um nesta técnica
equipamento, fica
esta uma
prá-
lacuna entre dois
tica é bastante passes subsequentes,
interessante, desde que aserá de comprimento
resistência de umseja
do componente eletrodo.
atingida com estes cordões.
Figura 5.54 – Junta em ângulo representando na solda contínua e com solda intermitente.
Fonte: os autores, 2019.
5. Tensões residuais
328
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.3.2.4 Controle de Consumíveis
Baseia-se no princípio da mudança de volume causada por transformações de fase em conjunto com o
processo de contração devido ao resfriamento para reduzir o nível de tensões residuais.
Atenção
A junta sobreposta com solda de ângulo com cordão duplo (“duble fillet weld”) é, neste caso, e havendo
possibilidade de utilização, particularmente interessante. A contração transversal e o embicamento são
normalmente desprezíveis, o que nem sempre se poderá afirmar no caso de uma junta sobreposta com
solda de ângulo com cordão simples. Essas juntas são, entretanto, submetidas à contração longitudinal
e, quando apresentarem grande comprimento, poderão sofrer acentuado empenamento, requerendo
sequências especiais de montagem.
Figura 5.55 - Juntas sobrepostas, solda em ângulo com cordão duplo e solda em ângulo com cordão simples.
Fonte: os autores, 2019.
5. Tensões residuais
329
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.3.3 Métodos Mecânicos
Diversas configurações desses dispositivos podem ser observadas. É importante frisar que as estraté-
gias, tanto os passes intermediários como os de ponteamento devem ser fundidos à junta de projeto.
Para compreender esse fator, clique no ícone e entenda o que e para que são esses procedimentos.
Informação Importante
Trata-se de fixar e enrijecer a peça através da instalação de diversos dispositivos antes de
se efetuar a soldagem de forma a mantê-la com a sua estabilidade dimensional. Se aplicada
em conjunto com as técnicas de pré-montagem, de pré-deformação ou pré-tensionamento,
pode-se obter resultados satisfatórios. Existe, todavia, a necessidade de correção da distor-
ção após a retirada das restrições ou mesmo de alívio de tensões.
5. Tensões residuais
330
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
As peças são previamente deformadas, utilizando dispositivos de fixação, de tal modo que, após o proces-
so, a forma com a deformação final projetada seja aquela desejada sem, ou com uma mínima, distorção.
Importante!
Todavia, nem sempre o nível de prefixação e pré-enrijecimento, como mostrado na Figura 5.57, pode ser
adequadamente previsto, o que pode fazer necessário o uso de tentativas e o custo do processo. Em se
fazendo tais tentativas, esta metodologia acaba, na prática, sendo aplicada para juntas mais simples.
Mas isto tende a mudar com o advento da simulação de soldagem.
5.3.3.2 Pré-deformação
Conforme dito, o grau de restrição das peças durante a soldagem – aquecimento e resfriamento – será,
em resumo, o principal fator determinante da intensidade das tensões residuais. Considere que quanto
maior for o grau de restrição durante a soldagem, menor será a deformação e mais elevado será o nível
das tensões residuais.
5. Tensões residuais
331
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Consiste no controle de deslocamentos e de rotações antes do início do processo de soldagem através
da adição de peças ou suportes provisórios, devidamente projetados, Figura 5.58.
A variação de aporte térmico, inerente a cada processo de soldagem, pode interferir na análise de pré-
-montagem. Como por exemplo:
Este conhecimento pode-ser utilizado para minimizar estes efeitos, Figura 5.58.
Direção de
soldagem
O espaçamento depende
do processo de soldagem
SMAW SAW
Figura 5.58 – Pré-montagem. Fonte: adaptado de Lincoln
5. Tensões residuais
332
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A utilização de uma deformação prévia, com o intuito de compensar a deformação imposta pelo ciclo
térmico de soldagem, poder ser, também, uma boa alternativa, Figura 5.59.
solda
cunha
cunha
grampos ao longo das Uso de cunhas para compersar o
extremidades embicamento na soldagem de chapas finas
Esse método consiste de um aumento gradativo de carga até um certo valor máximo requerido e, pos-
teriormente, decréscimo também gradativo desta mesma carga, como por exemplo, a pressurização
de vasos e tubulações durante o teste hidrostático.
Tensão de tração
b. Tensão de
sobrecarga
Limite de
escoamento
a. Tensão de soldagem
antes da sobrecarga Relaxação
da tensão
c. Tensão após
sobrecarga
Tensão de compressão
Figura 5.60 – Alívio de tensões residuais por sobrecarga. Fontes: os autores, 2019.
5. Tensões residuais
333
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
O alívio de tensões residuais por sobrecarga apresenta algumas limitações e desvantagens:
1 2 3
Sensível risco de ruptura frágil. As regiões tensionadas poderão não suportar a defor-
mação plástica envolvida neste tratamento. O risco de ruptura frágil é, particularmente,
mais importante nas estruturas soldadas, onde teremos normalmente a presença simul-
tânea de elevadas tensões residuais, defeitos e estruturas metalúrgicas desfavoráveis.
Por este motivo, diversos códigos exigem, em função do material e espessura da estrutura
a ser tratada, a realização de um tratamento térmico de alívio de tensões antes da apli-
cação da sobrecarga.
1. Martelamento - “peening”
O martelamento das soldas não deixa de ser, também, uma forma de sobrecarga localizada e poderá ser
utilizado para aliviar tensões residuais, controlar deformações ou aumentar a resistência à fadiga de
estruturas soldadas. Atuará como uma deformação plástica localizada na junta soldada com o objetivo
de diminuir a deformação generalizada da estrutura.
5. Tensões residuais
334
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
O martelamento das soldas, à exceção do primeiro e último passes, pode evitar grande parte da de-
formação em soldagem. Observe, porém, o que ocorre nas exeções apresentadas:
No último passe,
A restrição o encruamento
no primeiro pode ser
passe aumenta excessivo,
o risco sem possibilidade
de danificar de recristalização,
a solda pela grande pois não
restrição geométrica
haverá
impostapasses subsequentes.
na soldagem da raiz da junta.
Importante!
É interessante diferenciar o martelamento com o objetivo de aliviar tensões residuais e controlar defor-
mações – realizado durante a deposição dos cordões de solda – do martelamento realizado nas margens
do cordão que objetiva a introdução local de um campo de tensões de compressão com consequente
aumento da resistência à fadiga da junta soldada.
O peening, durante a deposição dos passes intermediários de uma junta soldada, não será recomen-
dável para peças com espessura inferior a 15 mm, nem em construções realizadas com aços temperá-
veis. É uma operação que deverá ser cuidadosamente supervisionada.
Um martelamento excessivo poderá ser bastante prejudicial, pois provocará uma superfície totalmente
irregular. Decorrente disso, poderá não ocorrer a fusão completa durante a deposição de um passe sub-
sequente, ocasionando a formação de descontinuidades e grande risco de aprisionamento de escória,
como no caso de soldagem com SMAW ou FCAW.
2. Shot peening
Este método se baseia no fato que o impacto das microesferas que irão causar zonas localizadas de
compressão, alterando o estado local de tensões residuais superficial para compressivo. Um dos intui-
tos deste tratamento é aumentar a resistência a fadiga e reduzir, eventualmente, a susceptibilidade à
corrosão sob tensão.
Um cuidado adicional deve ser tomado com materiais frágeis, como aços temperáveis, de forma a
evitar a presença de trincas superficiais.
5. Tensões residuais
335
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
3. Laser Shock Processing (LSP)
Utiliza o mesmo princípio do shot peening, todavia, com a aplicação de laser de forma a produzir um
impacto localizado na peça. É mais eficaz do que o shot peening tradicional por embutir um campo de
tensões residuais mais profundo. Uma das aplicações é em palhetas de turbinas.
Informação Importante
Os vibradores – normalmente com faixa de frequência de 0 a 100 Hz – são conectados na es-
trutura a ser tratada e sua frequência de vibração é aumentada gradativamente até atingir
uma das frequências naturais da estrutura, quando ocorrerá ressonância. Neste momento,
a amplitude da vibração aumentará até um certo valor que dependerá das características de
amortecimento da massa em vibração. A ressonância é mantida durante um certo número
de ciclos (aproximadamente 5000 ciclos) e, em seguida, a frequência é aumentada até atin-
gir outra ressonância e assim, sucessivamente, até o limite superior da faixa de frequência
do vibrador de 100 Hz. O tratamento é a seguir repetido, com a mesma velocidade de ope-
ração que anteriormente, porém sem as interrupções durante as ressonâncias. Durante o
tratamento, a estrutura deverá estar apoiada em blocos de borracha, permitindo a completa
liberdade de deformação.
Se baseia em um fenômeno chamado shakedown elástico. Devido a aplicações de ciclos de tensão, du-
rante os ciclos iniciais, ocorrem plastificações localizadas na matriz do material. À medida que o número
de ciclos avança, o material passa a se comportar de forma elástica e os ciclos geram uma acomodação
da microestrutura, melhorando a resistência à fadiga da peça.
Estudos mostraram que a aplicação de tensões em torno de 25 a 50% da tensão de escoamento redu-
zem o nível de tensões residuais de 20 a 40%. Assim sendo, a aplicação de esforços vibratórios na peça
deverá possuir completa liberdade de deformação (Figura 5.62).
5. Tensões residuais
336
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
0,0025
εplástica
400
σeq
0,0020
300
200
0,0025
100
-100 0,0010
-200 Shakedown
0,0001
-300 0,0005
Shakedown
-400
0,0001
0 100 200 300 400 Ciclos
Figura 5.62 – Avaliação do Limite de Shakedown (a) Curva Tensão-Deformação, (b) Evolução da Deformação
Plástica ao Longo dos Ciclos de Carregamento - Fontes: adaptado de May
Como sabemos, os métodos mecânicos de alívio de tensões não provocam, normalmente, qualquer
efeito metalúrgico benéfico no componente tratado. Os métodos térmicos, além de aliviarem as ten-
sões residuais de soldagem, podem também realizar uma série de efeitos metalúrgicos benéficos na
estrutura tratada. Porém, quanto à estabilidade dimensional – como por exemplo durante operações
de usinagem subsequentes ao tratamento de alívio de tensões – o VSR tem demonstrado resultados
muito superiores.
Assim, deveremos realizar um tratamento térmico antes do VSR quando houver a necessidade de
melhorar propriedades metalúrgicas e também manter a estabilidade de forma. Quando o VSR for
uma alternativa viável, comparando-o com os métodos térmicos, ele será um tipo de tratamento mais
simples, rápido e barato.
Importante!
5. Tensões residuais
337
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Sendo um tratamento mecânico, produzindo deformação plástica, o VSR não deverá ser aplicado em
materiais frágeis – como por exemplo ZAC de estruturas soldadas com dureza elevada – ou em estrutu-
ras contendo severos defeitos de soldagem, incapazes de absorverem a deformação plástica produzida.
Atualmente, em estruturas soldadas, o campo de aplicação do VSR tem sido a estabilidade de forma, par-
ticularmente nos componentes que sofrerão usinagem mecânica após o tratamento de alívio de tensões.
A Figura 5.63 mostra uma representação esquemática de como o alívio de tensões se faz em duas fases:
Fase 1 Fase 2
300
Tensão residual (MPa)
200 200ºC
310ºC
430ºC
100 480ºC
540ºC
0 650ºC
760ºC 700ºC
2 4 6 8 10 12 14 16
Figura 5.63 – Influência da temperatura e do tempo de tratamento no alívio de tensões, aço com 0,21%C e
1,44%Mn, com limite de resistência de 482 MPa. Fontes: os autores, 2019.
5. Tensões residuais
338
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
1. Fase 1: durante aproximadamente a primeira hora de tratamento, ocorre a maior redução de ten-
sões. Nos tratamentos realizados em temperaturas elevadas, a principal causa do alívio de tensões
é a plastificação local resultante da redução do limite de escoamento. O pequeno alívio de tensões
que ocorre em temperaturas baixas, como por exemplo a 204°C, não poderá ser atribuído à redução
do imite de escoamento e sim ao fenômeno de recuperação metalúrgica.
2. Fase 2: nas horas subsequentes, as tensões residuais diminuem também por deformação plástica,
resultante da fluência do material.
Somente os tratamentos feitos em temperaturas superiores a 500 ºC – para os aços carbono – são re-
almente eficazes . Quanto maior for o nível inicial de tensões residuais, mais elevadas serão as tensões
após o tratamento térmico. Os aços resistentes à fluência requerem temperatura ou tempo mais eleva-
dos que para os aços carbono. Na soldagem em vários passes, a sucessividade dos passes não reduz a
intensidade das tensões residuais.
Resfriamento Induzido
Pré-Tensionamento - Utilizando
Térmico -Transiente
Consiste - Um
o mesmo
em princípio do moveis
tensionamento
desenvolvimento
aplicar fontes do calor térmico,
de método redorsó
daque
ao estático, quecom
fonte acalor
apli-
sedebaseia
cação
no
da de sejam
solda, uma fonte
aquecimento de resfriamento
e resfriamento
individuais ou combinadas,de forma
localizado a se atrás,
adafrente, controlar
geometria da a taxa
ou peça,
ao resfriamento.
auxiliado
lado de forma por
que Geralmente,
métodos a taxaé
computa-
se controle
cionais.
utilizado
final Tem se mostrado
na indústria
de resfriamento em de grande
nuclear
benefício daeficiência,
para introduzir
redução ainda
tensões
do mais quando
residuais
estado final se trata
ou de
compressivas
de tensão em metais com alta
tubulações
distorção. taxa
e, assim,
de transmissão
evitar o processo dedecalor, como sob
corrosão ligastensão.
de alumínio, tungstênio ou mesmo aços inoxidáveis austeníticos.
5.3.4.1.1 Pós-aquecimento
O pós-aquecimento consiste em manter a temperatura da peça ou da junta soldada por um maior tempo
após a soldagem, geralmente maior do que de 100°C, acima da temperatura de pré-aquecimento, de
forma a permitir a difusão de hidrogênio da solda para a atmosfera.
Embora este procedimento não possa ser considerado como método de alívio de tensões residuais,
ele permite que se elimine uma das causas do trincamento a frio, comumente conhecido na soldagem
como trinca induzida pelo hidrogênio.
5. Tensões residuais
339
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
σruptura
Tensão do material
σescoam Tensão residual
de soldagem como
soldado
Tensão residual
TTAT
de soldagem
como soldado
Nada a fazer
Tensão residual
de soldagem
após TTAT
Figura 5.64 –Avaliação da necessidade de tratamento térmico de alívio de tensões. Fonte: os autores, 2019.
TTAT TTPS
OsTTAT
O TTPSconsiste
podem emcompreender o envelhecimento
aquecer partes ou a totalidadede de
ligas de alumínio
peças ou inox, tratamento
ou equipamentos soldados dedeforma
solu-
bilização edeconstante.
contínua aço inoxidável austenítico,
O TTAT é um termo liberação de hidrogênio
específico que abrange emtanto
aços o
carbono e baixaliga,
alívio de dentre
tensão quanto o
outras. Reduz
revenido e nãoodeve
riscoser
de confundido
fratura frágil,
com a tensão residual
tratamentos e o riscopós-soldagem,
térmicos de corrosão sob tensão e melhora a
TTPS.
resistência. Tem, no entanto, pouco efeito benéfico no desempenho de fadiga, a menos que as ten-
sões sejam principalmente compressivas.
No caso do alívio de tensões, as peças sofrem aquecimento controlado e são mantidas por determinado
tempo a um certo nível de temperatura de forma que se permita a redistribuição do estado de tensões
residuais através da plastificação localizada. Com o aumento da temperatura, ocorre uma redução do
valor do limite de escoamento e isto propicia a reacomodação do campo de tensões residuais. Por fim, a
peça é resfriada de forma controlada para se evitar distorções devido a um resfriamento irregular. Esse
processo explora beneficamente as características de fluência do material. Pode tanto ser aplicado lo-
calmente ou em peças ou equipamentos inteiros, como no caso de esferas.
5. Tensões residuais
340
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Os TTAT podem ser aplicados tanto inserindo toda a peça em um forno como também tratamentos
locais e tratamentos onde a fonte de calor é instalada dentro do equipamento.
Importante!
Os valores de temperatura de patamar compilados na Tabela 5.4 revelam as pequenas variações de acor-
do com diferentes códigos de projeto. O mesmo item UCS-56 do código ASME sec. VIII div. 1, 2015 traz a
espessura de 50 mm para início da necessidade de tratamento térmico em aços carbono PN-1. Este valor
é interessante para que se tenha uma estimativa inicial de a partir de qual espessura exista a necessida-
de de TTAT.
Tabela 5.4 - Temperaturas de tratamento térmico de alívio de tensões (°C) recomendações de diversos códi-
gos para os aços mais utilizados na construção de vasos de pressão. Fonte: compilação de dados feita pelos
autores, 2018.
Existe uma variabilidade no patamar de temperaturas, entretanto todas se situando na faixa de tem-
peratura de fluência. O tempo estimado de teste, para que se atinja uma temperatura homogênea em
função das espessuras, é, em uma regra geral, de 1h a cada 25 mm. Também, cuidados são requeridos
nas taxas de aquecimento e resfriamento para temperaturas acima de 350 ou 400°C, conforme o código,
no intuito de evitar tanto a têmpera como também deformações excessivas no componente.
5. Tensões residuais
341
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
É uma variável essencial em todas as especificações de qualificação do procedimento de soldagem,
como ISO 15614 Parte 1 e ASME IX. A adição ou eliminação de TTAT ou tratamento térmico fora do
tempo qualificado e/ou intervalos de temperatura requerem uma requalificação dos procedimentos
de soldagem.
Existem ainda requisitos específicos para vasos contendo substâncias letais e para quando se possuem
limitações para a execução de TTAT na temperatura prescrita pelo ASME.
Todavia, um cuidado especial deve ser adotado de forma a administrar possíveis efeitos colaterais como:
a. superrevenimento;
b. precipitação de fases;
c. envelhecimento prematuro do material.
Temperatura e tempo
Temperatura, 0C
de permanência
definidos no código
de projeto
Taxa de Taxa de
aquecimento resfriamento
222oC/h 280oC/h
425
Abaixo de 4250C não há limites para as
taxas de aquecimento e resfriamento para o
PN1- ASME BPVC.VIII.1-2019
Tempo, h
Figura 5.65 – Exemplo ciclo térmico P-number 1 para TTAT para um vaso de pressão ASME VIII - 19.
Fonte: os autores, 2019.
5. Tensões residuais
342
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Durante a realização do tratamento térmico deverão ser controladas principalmente as seguintes variáveis:
300
taxa de
Taxa de aquecimento
ou resfriamento, ºC/h
resfriamento
200
100 taxa de
aquecimento
0
0 50 100 150
Espessura, mm
Figura 5.66 – Máximas taxas de aquecimento e resfriamento permissíveis para aços carbono-manganês –
valores ilustrativos de ordem de grandeza. Fonte: os autores, 2019.
Existem fornos capazes de tratar um vaso de 150 t, Figura 5.67, e que possuem cerca de 20 m de compri-
mento, uma porta de 5 x 5 m e um consumo de 900 m³/h de gás. Fornos cuja fonte de calor se baseia em
combustão devem ter o combustível livre de enxofre. Além disso, cuidado quanto à atmosfera interna
de forma a não causar a carburização das superfícies dos equipamentos ou mesmo oxidação e scaling.
Figura 5.67 – Tratamentos Térmicos em Fornos. Fonte: Fotos cedidas por Ronaldo Cruz
5. Tensões residuais
343
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
O controle de temperatura é efetuado por termopares que são controlados, nos fornos mais modernos,
por computador. Todavia, o controle principal deve ser baseado em termopares instalados nas peças
ou equipamentos que estão sendo tratados. Essa distribuição de termopares deve ser cuidadosamente
planejada para a correta homogeneização de temperatura das peças tratadas, como na esfera exempli-
ficada na Figura 5.68.
2 3
4 5
1
11 6 7
10 8
9
19 12 13
14
18 15
17 16
31 21 22
20 23 24
30 25
29 28 27 26
39
32 33 34
38 36
37
35
40 41
45
40 43 42
46
50
49 48 47
Um outro aspecto que deve ser atendido durante um tratamento térmico é a suportação do equipamen-
to. A perda de resistência mecânica, com o aumento de temperatura, poderá provocar deformações ou
mesmo colapso, no caso de suportação inadequada ou mesmo falta de rigidez a altas temperaturas.
Outra questão, é quando o equipamento é demasiadamente grande e deve ser tratado em seções. Tanto
os códigos ASME como tratamento térmico definem como devem ser essas zonas de sobreposição. Cui-
dados devem ser dados no isolamento térmico das partes que estão fora do forno de forma a controlar
o gradiente térmico. Por fim, uma prática a ser adotada é prever no procedimento e na qualificação das
soldas tratamentos térmicos sucessivos, uma vez que os equipamentos podem acabar tendo que serem
termicamente tratadas duas vezes por fazer parte das zonas de sobreposição.
5. Tensões residuais
344
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.3.4.2 Tratamentos Térmicos por Aquecimento Interno
Neste caso, a estrutura soldada exercerá, praticamente, a função de um forno provisório. Esferas de ar-
mazenamento de GLP, geralmente, sofrem tratamento térmico dessa forma. O aparato de aquecimento
é montado dentro do equipamento soldado, Figura 5.69.
Essas esferas devem ser devidamente isoladas externamente, Figura 5.70. Assim como no caso de tra-
tamento térmico no interior de fornos, a temperatura de sua superfície metálica deve ser controlada por
meio de termopares durante todas as etapas em diversas posições da esfera.
A suportação do equipamento, as colunas de sustentação no caso das esferas, deve absorver adequada-
mente a expansão radial que ocorrerá durante a realização do tratamento térmico.
Figura 5.70 – Isolamento Externo. Fonte: Portal Petrobras, ENG-AB/IECOMPERJ/IEOFF, Notícia: IEUC dá início
aos preparativos para tratamento térmico de alívio de tensões das esferas do Comperj
5. Tensões residuais
345
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
» Tratamentos Térmicos Localizados
Em diversas situações não será conveniente – por motivo econômicos, construtivos ou técnicos – o tra-
tamento térmico de alívio de tensões da estrutura completa no interior de um forno. Assim, tratamentos
térmicos localizados são uma opção quando não for possível a utilização de forno, seja por causa do ta-
manho da peça ou pela condição ou localização, como sistemas de tubulações ou mesmo reparos, como
no TTAT do permutador breach lock, Figura 5.71.
Figura 5.71 – Tratamento térmico localizado de permutadores Breach Lock. Fonte: os autores, 2015.
1 2 3 4 5
5. Tensões residuais
346
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
O aquecimento localizado poderá ser realizado por diversos métodos:
Figura 5.72 – Tratamento térmico localizado com aquecimento por resistência elétrica.
Fonte: imagem cedida como cortesia de André Mariano
Indutores Isolante
5. Tensões residuais
347
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A Figura 5.74 mostra um sistema de aquecimento localizado por indução. Todavia existem outros siste-
mas de aquecimento por resistência elétrica, radiação e por combustão.
» Códigos de projeto
» O ASME VIII, no item UW-40, requer que a banda de temperatura do tratamento térmico seja do
dobro da espessura ou pelo menos 50,8 mm.
» A ASME B31.3, no item 331.2.6, requer que a banda de aquecimento seja, no mínimo, o triplo da
maior espessura soldada. No caso de bocais, a banda deve conter duas vezes a espessura do
tubo principal.
» A ASME B31.3 se refere à AWS D10.10, seções 5, 6,e 8 no que tange à colocação dos termopares.
» A BS EN 13445, todavia, ao invés de recomendar uma banda de aquecimento, recomenda uma
banda aquecida com um conjunto de aquecedores de largura 2,5√Rt cujo centro é na solda, sen-
do R o raio interno do componente e t a espessura do componente tubular e uma banda de
isolamento de 10√Rt.
Isso é mostrado na Figura 5.75, que ilustra a preocupação quanto ao gradiente térmico durante um tra-
tamento térmico localizado de um duto ou tubulação de forma estilizada.
5. Tensões residuais
348
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
T
Isolamento T/2
Temperatura
térmico ambiente
6.t
Largura da banda de aquecimento na T do TTAT
Figura 5.75 – Limitações para o gradiente térmico durante um tratamento térmico localizado.
Fonte: os autores, 2019.
5. Tensões residuais
349
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Região de isolamento e controle
Banda de aquecimento
Banda de TTAT
Temperatura, T
Largura da solda
Espessura
nominal do
T1 duto
T2
T3
Distância x
Figura 5.76 – Esquema da Banda de temperatura num TTAT local. Fonte: os autores, 2019.
O tratamento térmico localizado produzirá deformações plásticas na estrutura tratada. O gradiente tér-
mico durante o aquecimento localizado deverá ser cuidadosamente controlado para evitar, na estrutura
que está sendo tratada, a introdução de um novo estado de tensões. As tensões térmicas produzidas
por um tratamento térmico localizado indevidamente realizado – por exemplo, durante um tratamento
com gradiente térmico inadequado – poderão originar um estado de tensões residuais mais perigoso à
estrutura soldada do que o existente anteriormente ao tratamento.
5. Tensões residuais
350
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A Tabela 5.5 sintetiza estas exigências para alguns códigos de construção tradicionalmente utilizados.
T max T max
Restrições aos gradientes Não especificado
2 nas extremidades 2 nas extremidades
térmicos Sem recomendações
da banda aquecida das bandas aquecidas
Maior do que 50 ou Maior do que 50 ou Maior do que 50 ou
Restrições às taxas de aque-
cimento
Tabela 5.5 - Tratamento térmico localizado. Exigências de diversos códigos. Fonte: os autores, 2019.
Atenção
5. Tensões residuais
351
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
2. Alteração da tenacidade (ZAC, Zona Fundida, Metal de Base)
» Zona afetada pelo calor – o TTAT normalmente eleva a tenacidade desta região justamente por
propiciar o seu revenimento. Todavia, em materiais que podem formar precipitados, como no aço
Cr-Mo ou nos aços inoxidáveis austeníticos estabilizados, pode promover uma precipitação de fa-
ses causando um endurecimento secundário e, decorrente disto, ficar propício a trinca de reaque-
cimento.
» Zona Fundida – o TTAT pode causar o envelhecimento, isto é, a precipitação de fases na zona fun-
dida. O tratamento térmico de alívio de tensões é uma função complexa de tempo e temperatura. O
parâmetro de Hollomon Jaffe – Hp - poderá avaliar a contribuição relativa de cada variável envolvi-
da na realização de um tratamento térmico. O parâmetro Hp será de grande utilidade na avaliação
de peças de grandes dimensões, espessas e de formas complexas, exigindo, em consequência da
própria inércia térmica e das limitações de gradientes térmicos, longos períodos de aquecimento e
resfriamento. Desta forma, o tempo de permanência poderá ser relativamente pequeno compara-
do com o tempo total de tratamento.
A realização de reparos de solda pode ser considerada como uma repetição dos tratamentos tér-
micos de alívio de tensões. A perda de controle da temperatura do forno de tratamento térmico
submetendo a estrutura, no seu interior, a uma temperatura bem superior ao valor recomendado
pelo código. A realização de um tratamento térmico de alívio de tensões em temperatura inferior
ao valor recomendado pelo código – por exemplo em consequência da limitação de temperatura
do forno disponível. Um corpo de prova submetido a somente um ciclo térmico reproduzindo uma
série de tratamentos térmicos sucessivos.
No caso de ligas de níquel, quanto maior o percentual de elementos de liga, como por exemplo Al e
Ti, maior a dificuldade de soldagem e de TTAT.
» Metal de base – Em virtude do material de base, longe da ZAC, ter sido exposto à menores gradien-
tes de temperatura na soldagem, o TTAT pode propiciar aumento do tamanho de grão e precipita-
ção de fases, o que pode reduzir sua tenacidade, resistência mecânica e/ou resistência a corrosão.
Esses fatores, são alguns dos motivos de que o TTAT não deva ser efetuado em aços inoxidáveis
austeníticos e duplex.
A redução no limite de resistência e do limite de escoamento decorre de fenômenos como preci-
pitação, recristalização e movimentação de discordâncias. Em aços carbono, na precipitação, por
exemplo, ocorre o coalescimento da perlita promovendo a esferoidização das lamelas de cementi-
ta. No caso de aços inoxidáveis austeníticos, a recristalização é o fenômeno preponderante.
5. Tensões residuais
352
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.3.4.4 Distorções por Perda de Estabilidade Elástica
Devido a um projeto inadequado para o TTAT, intensos gradientes térmicos ou mesmo uma suportação
inadequada do equipamento durante o tratamento térmico podem causar deformações indesejadas e,
em alguns casos, até trincas.
O parâmetro Hollomon-Jaffe tem por objetivo considerar a equivalência entre tempo e temperatura
desses variados tratamentos térmicos e considerar seu efeito cumulativo e com isto, o TTAT pode ser
estimado de forma a verificar a sua necessidade e viabilidade.
Para conhecer o parâmetro H, clique no ícone e veja como pode ser calculado:
5. Tensões residuais
353
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Informação Importante
O parâmetro H pode ser calculado por (5.13):
(5.13)
Onde:
» T é a temperatura de patamar em K;
» C é uma constante;
» t é o tempo em horas para uma condição isotérmica (tempo de manutenção do pata-
mar de temperatura).
A constante C varia linearmente para aços carbono entre 0,3 até 1,1%C em massa. Observe:
» para aços com percentual de carbono entre 0,9 e 1,12%C em massa, C=15;
» para os aços entre 0,15 e 0,45%C, C=19,5;
» na prática, C=20 é utilizado para aços C-Mn e às vezes, C=30 é utilizado para aços mais ligados,
como aços 9%Cr em massa.
Uma vez que as transformações metalúrgicas seguem uma escala de tempo logarítmica, os valores de Hp
não podem ser simplesmente adicionados. Faz-se necessária a determinação de um tempo equivalente
de tratamento térmico para aquele determinado patamar de temperatura.
(5.14)
(5.15)
Onde:
5. Tensões residuais
354
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Figura 5.77 – Tempo equivalente ao aquecimento e resfriamento. Fonte: adaptado de Erikson .
5. Tensões residuais
355
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
C
C
C
C
C
C
475º C
450º
500º
600º
625º
525º
550º
575º
1000
ºC
500
625
200
ºC
650
100
50
ºC
20
625
Tempo - t (h)
10
5
0,5
0,2
0,1
14 15 16 17 18 19 20 21
Parâmetro de Holloman-Jaffe (Hp)
Hp = T ( 20 + logt ). 10-3
Figura 5.78 – Parâmetro de Holloman Jaffe (Hp) para a relação entre temperatura de tratamento e tempo de
permanência. Fonte: adaptado de Gulvin, Scott Haddirl e Glen
Com este tempo equivalente de tratamento térmico e o parâmetro de Hollomon-Jaffe, é possível obter
as funções do parâmetro em propriedades como resistência mecânica, Figura 5.79, e energia absorvida
no ensaio de Charpy, Figura 5.80, para o A387-11-2.
5. Tensões residuais
356
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
600
t = 25 mm
500
t = 49 mm
450
400
18,0 18,5 19,0 19,5 20,0 20,5
HP
Figura 5.79 – Resistência Mecânica. Fonte: os autores, 2019.
300
Energia de impacto transversal, J
250
200
150
100
0
18 18,5 19,0 19,5 20 20,5
Fator HP
Figura 5.80 – Ensaio de Charpy. Fonte: os autores, 2019.
5. Tensões residuais
357
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A maioria dos códigos estabelece uma faixa de valores para a resistência mecânica e para a energia
absorvida pelo ensaio de Charpy.
A Figura 5.81, ilustra o processo: no gráfico da resistência mecânica (Rm) versus o parâmetro de Hollo-
mon-Jaffe é possível observar que Hp deve se situar entre 18,6 20,3, de forma que os limites de resis-
tência do A387-11-2, N+T se situem entre 690 e 515 MPa respectivamente: a janela de produção 1. Da
mesma forma, no gráfico da energia absorvida (Av) versus o parâmetro de Hollomon-Jaffe, Hp deve se
situar até 19,55, uma vez que este valor corresponde à energia mínima permitida de 17J. Com isto, o Hp
deve se situar entre 18,6 e 20,3 e, através desses valores, determina-se o tempo equivalente de trata-
mento térmico.
600 250
Espessura 10 mm Espessura 10 mm à -10ºC
janela de produção 2
σ - limite superior 200
550
Limite de resistência, MPa
Energia de impacto, J
150
500
100
450
50
σ - limite inferior
400
0
janela de produção 1
A espessura da peça é apenas considerada para tratamentos térmicos como a têmpera, visto que ela
influencia nas taxas de aquecimento e de resfriamento. No caso de TTAT, a espessura não é considerada
no cálculo do parâmetro Hp .
Através das figuras anteriores, poderemos estabelecer uma metodologia adequada, a partir do parâme-
tro Hp , para a realização de um tratamento térmico de alívio de tensões. O parâmetro Hp mínimo a ser
adotado no tratamento térmico será o maior valor entre:
5. Tensões residuais
358
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
a. Hp mínimo necessário para aliviar uma certa fração das tensões residuais de soldagem (Figura 5.82).
90
80
70
Tensão residual (MPa)
60
50
40
30
20
10
Figura 5.82 – Efeito do tratamento térmico no alívio de tensões residuais de soldagem em função do parâme-
tro Hp em aços C-Mn. Fonte: os autores, 2019.
b. Hp mínimo necessário para conferir uma tenacidade especificada – por exemplo 0,2 mm de CTOD –
ao metal da zona fundida ou da zona afetada pelo calor (Figura 5.83).
Temperatura para CTOD de 0,2 mm, ºC
MBB
-160
ZACB
-120 MBA
-80 ZACB
ZFB
-40
A -Aço Mn e Mo
0 B -Aço C e C-Mn
40
ZFA
14 15 16 17 18 19 20
HP
Figura 5.83 - Efeito do tratamento térmico de alívio de tensões sobre a tenacidade da ZAC em função do parâ-
metro Hp, aços C, C-mn e Mn-Mo. Fonte: os autores, 2018.
5. Tensões residuais
359
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
O máximo valor de Hp será limitado pela degeneração das propriedades mecânicas – limite de resistên-
cia, limite de escoamento e tenacidade – do metal de base, Figura 5.84.
Tenacidade
da ZAC ou ZF
propriedades
Variação de
Propriedade
estabelecida
pelo projeto
17 18 19 20
Hp mínimo Hp máximo
Parâmetro de Holloman-Jaffe (Hp)
Hp = T ( 20 + log t ). 10-3
Figura 5.84 – Esquema para o estabelecimento das condições de um tratamento térmico de alívio de tensões.
Fonte: adaptado de Gulvin, Scott Haddirl e Glen
Teremos, dessa forma, uma faixa adequada de valores do parâmetro Hp para a realização de um trata-
mento térmico de alívio de tensões residuais de soldagem. Deveremos, de preferência, adotar o início da
citada faixa pois é possível a necessidade de repetição do tratamento térmico em virtude da realização
de reparos de solda.
5. Tensões residuais
360
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Saiba Mais
O tratamento térmico de alívio de tensões é, conforme estudamos, uma função complexa de tempo e
temperatura. O parâmetro Hp poderá avaliar a contribuição relativa de cada variável envolvida na rea-
lização de um tratamento térmico. O parâmetro Hp será de grande utilidade na avaliação das seguintes
situações:
1 2 3 4 5
A correção da deformação proveniente da soldagem poderá ser realizada por diversos métodos.
5.3.5.1 Ressoldagem
Consiste na execução de uma solda adicional, aberta na peça, de forma que a distorção dessa solda
corrija a distorção causada pelo primeiro processo de soldagem, durante a montagem. Por exemplo, o
embicamento exagerado de uma solda de topo poderá ser corrigido pela soldagem de um novo chanfro
aberto no lado convexo por goivagem ou esmerilhamento ao longo de toda a junta deformada. As di-
mensões deste novo chanfro deverão ser determinadas de tal forma que as forças de contração produ-
zidas pela sua abertura, caso se utilize a goivagem, e pela sua soldagem sejam suficientes para remover
a deformação produzida no processo de soldagem.
5. Tensões residuais
361
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.3.5.2 Deformação Mecânica
A peça é submetida a procedimentos mecânicos, como prensagem, de forma que após esse procedimen-
to haja conformidade dimensional da peça. Geralmente, o estado final de tensões residuais é desconsi-
derado, Figura 5.85.
Prensagem
Após prensagem
estrutura não
deformada
Nessa estratégia, deve-se considerar uma correção extra para compensar o efeito de recuperação elás-
tica da peça.
5. Tensões residuais
362
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Início do aquecimento A expansão da região
localizado com a aquecida será impedida pelo
expansão da região restante da peça
localmente aquecida
Figura 5.86 – Efeitos produzidos nas diversas fases de um aquecimento localizado. Fonte: os autores, 2019.
Existem algumas formas de efetuar tal procedimento, como o aquecimento por pontos, por linha e
por fatias. Todas elas dependem da experiência do fabricante ou montador.
Por exemplo, na Figura 5.87, o aquecimento por pontos em uma chapa fina aquece a região em que se
pretende efetuar a correção através da contração localizada. Esta estratégia é, geralmente, utilizada na
correção de flambagem de chapas finas. Aquecimento localizado em diversos pontos pode ser imperati-
vo para correção da deformação de painéis soldado. O aquecimento deve ser realizado no lado convexo,
em diversos pontos simetricamente distribuídos, iniciando-se na parte central e dirigindo-se para a re-
gião perififérica do painel deformado.
5. Tensões residuais
363
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Figura 5.87 – Aquecimento Localizado em Pontos. Fonte: os autores, 2019.
Já na Figura 5.88, a correção através do aquecimento de uma linha, oposta à solda, provoca a contração
e a correção dimensional angular da peça.
5. Tensões residuais
364
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Figura 5.88 – Aquecimento Localizado para correção de uma solda em ângulo. Fonte: os autores, 2019.
O aquecimento por fatias, todavia, é empregado em estruturas mais complexas, onde é necessário o
aquecimento de áreas maiores que, durante o resfriamento, contrairão e tensionarão a peça para suas
características dimensionais de projeto. É necessário que toda a espessura da região seja aquecida, o
que eventualmente torna necessário a utilização de tochas adicionais, Figura 5.89.
2 L
h= 3 L
5. Tensões residuais
365
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Cuidados especiais devem ser tomados, por exemplo, quando:
» as estruturas apresentarem regiões de alta restrição, o que pode introduzir ou aumentar o nível de
tensões residuais;
» a ocorrência de aquecimento que cause contrações excessivas;
» a ocorrência de aquecimento que cause alterações metalúrgicas e, por consequência, de desempe-
nho da peça. Para aços carbono, por exemplo, a restrição é de até 650°C, vermelho rubro;
» no caso de interrupção ou perda de calor, é necessário aguardar o completo resfriamento da peça
e reiniciar o procedimento.
3ªREGRA
2ª
1ª REGRA- -Escolher
Iniciar
Adorara montagem
sequênciapelos
adisposições detalhes
simétricas
de soldagem constituindo
e desenvolver
que assubconjuntos,
operações
proporcionará, deassociando-os
para cada soldagem,
solda, progressi-
obedecendo
a contração trans-a
simetria.
vamente.
versal Deve-se
Na
uniforme e atomar
execução de como
mais cada referência
livre etapa
possível. a linha
prever neutra
e compensar
Quando da
aspeça.
não existir deformações. Esta
esta liberdade, regra
optar, secoincide
possível,com o
pela
princípio geral de pré-fabricação, que conduz
junta sobreposta ou martelamento das soldas. ao máximo de eficiência de montagem.
A soldagem com contração transversal livre nem sempre é possível. A execução de reparos, o uso de
dispositivos de montagem para evitar ou corrigir deformações são exemplos desta situação. Nesses
casos, deve-se atuar sobre outros parâmetros no sentido de atenuar a influência do alto nível de
tensões residuais. Preaquecimento, pós-aquecimento e soldas com baixo teor em hidrogênio são
medidas eficazes.
5. Tensões residuais
366
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Clique nos números para conhecê-los.
1 2 3 4 5
5. Tensões residuais
367
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Figura 5.91 – Viga Caixão Reforçada. Fonte: adaptado de Lincoln
A primeira sequência de montagem proposta consiste em pontear todas as peças antes da soldagem,
produzindo um conjunto rígido para resistir os esforços de contração. Neste caso, o centro de gravidade
das soldas distanciará 1,11 “ do eixo neutro da seção e, considerando-se um comprimento de viga de 63
pol, a deformação longitudinal estimada é de, aproximadamente, 0,004 pol.
A segunda sequência de montagem proposta consiste em soldar inicialmente a viga caixão. Como o
centro de gravidade das soldas coincide com o eixo neutro, nenhuma deformação longitudinal deverá
ocorrer. Em seguida, soldam-se as chapas de reforço. Como o centro de gravidade destas duas últimas
soldas está distanciado de 3,994 “ em relação ao eixo neutro haverá, considerando-se o mesmo com-
primento de viga, uma deformação longitudinal de 0,006 ”, uma deformação longitudinal 50% superior
à primeira sequência.
5. Tensões residuais
368
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
V5 H4
V4 H3
V3 H2
V2 H1
V1
Poligonal de
fechamento
P1 P6
P4 P2
P3
P1 P3
P3
P2
P1
P2 P3
P3
P1 P6
Anel marginal
do fundo
Figura 5.92 – Sequência de soldagem de um tanque de armazenamento, contorno do fundo com chapas
recortadas. Fonte: Barros, S.M. (2009)
1. Posicionamento das chapas do fundo. A solda em ângulo das chapas superpostas de certa região
do fundo, permitirá, numa etapa posterior, a soldagem com restrição da contração transversal,
Figura 5.93.
P2
4
5
P1
Detalhe junta com backing
3
5
P2 P3
1
Detalhe 2
P3 Detalhe 1 3
P1 P6
Junta sobreposta
1
Casco
Chapa
2 anular
Junta com backing
Detalhe 1
Figura 5.93 – Arranjos típicos da chaparia do fundo de tanques de armazenamento com chapas anulares e
chapas recortadas. Fonte: Barros, S.M. (2009)
5. Tensões residuais
369
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
2. Soldagem da parte do fundo, aproximadamente 20 mm, situada sob o costado. As chapas do fun-
do, sob o primeiro anel do costado, deverão ser adequadamente preparadas com a finalidade de
formar uma superfície plana para o devido apoio da chaparia do costado, Figura 5.94.
5. Tensões residuais
370
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A soldagem do costado e do fundo podem ser efetuadas em paralelo desde que as soldas verticais do
1º anel estejam concluídas. Todas as portas de limpeza deverão ser pré-fabricadas, incluindo chapa do
costado, chapa de reforço, flange e chapa de soleira, e tratadas termicamente antes da montagem. As
conexões do costado, com diâmetro nominal igual ou superior a 300 mm, localizadas em chapas de cos-
tado com espessura superior a 25 mm, deverão também ser pré-fabricadas e tratadas termicamente
antes da montagem.
Importante!
V3
H3
V2
H1
B
A
C
V1
F
D
H2
H1
V2 E
SOLDAS HORIZONTAIS
H3
Frentes de
A B C soldagem
V3
5. Tensões residuais
371
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Clique nos números para conhecê-los.
1 2 3 4 5 6 7
A obediência à sequência de montagem é tanto mais necessária quanto maior for a resistência do ma-
terial empregado.
No hemisfério superior os dispositivos são instalados no lado externo e a soldagem inicia-se no lado
interno, já no hemisfério inferior ocorre o inverso. Os chanfros podem ser assimétricos com o lado menor
reservado à goivagem.
O Quadro 5.2 lista os principais métodos existentes, utilizados tanto pela academia como pela indústria:
Quadro 5.2 – Tipos, Princípios e Métodos de Medição de Tensões Residuais. Fonte: os autores, 2019
5. Tensões residuais
372
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Dentre os métodos experimentais de medição de tensões e deformações residuais, destacam-se o
furo cego, o do anel, a remoção de camada, a difração de raios-X, a difração de nêutrons, ultrassom e
magnético.
As vias experimentais destrutivas, partem do princípio que, removendo uma parte da peça, provoca-se
um alívio de tensões que pode ser medido através da leitura da deformação nos extensômetros. Existem
métodos semi-destrutivos, que podem ou não afetar a integridade da peça, como o do furo cego, o do
anel e métodos destrutivos, como o da remoção de camada, amputação, corte e talho.
As vias experimentais não destrutivas utilizam princípios de ondas eletromagnéticas, raios-X, ópticas
ou de outras naturezas físicas para medir o estado de tensões residuais. Métodos que usam difração de
ondas tem sido os mais aceitos e se baseiam na deformação dos planos cristalinos quando sujeitos a
tensões, como a difração de raios-X, a difração de nêutrons, ultrassom e magnético, Tabela 5.6.
Tabela 5.6 - Comparações entre os métodos de medição de tensões residuais considerando os problemas do
material e os problemas geométricos da região a ser analisados. Fonte: https://www.ufsj.edu.br/portal2-repo-
sitorio/File/ppmec/Diogo_A_de_Sousa.pdf acesso 18/6/19.
5. Tensões residuais
373
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.4.1 Métodos Semi-destrutivos: Método do Furo Cego e do Método do Anel
O método do furo cego, Figura 5.96, parte do conceito de que a remoção de uma pequena seção de ma-
terial causará uma alteração na rigidez do local e, por consequência, uma reacomodação das deforma-
ções circunvizinhas, medidas por uma roseta de extensômetros – strain- gages - instalada previamente,
Figura 5.97. Os furos, geralmente, são executados com alta precisão, variando o diâmetro entre 1 e 4 mm
de mesma profundidade.
perfuração do furo
5. Tensões residuais
374
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Figura 5.97 – Montagem da roseta. Fonte: https://i0.wp.com/www.g2mtlabs.com/wp-content/uplo-
ads/2017/04/fullsizeoutput_2c5b.jpeg acessado em 18/6/19.
Importante!
O método é padronizado pela ASTM Standard Test Method E837 - Standard Test
Method for Determining Residual Stresses by the Hole-Drilling Strain-Gage Method,
permitido ser aplicado por qualquer técnico em laboratório ou em campo. Todavia, é
necessário avaliar as consequências estruturais da execução do furo e sua eventual
remoção através de usinagem.
O método do anel, de princípio físico similar ao método do furo, consiste na remoção de um anel de
diâmetro (D) de 18 mm, espessura (d) de 14 mm e profundidade (h) de 4 a 5 mm em volta da roseta de
extensômetros e, não só apresenta menor sensibilidade a erros de posicionamento do furo usinado com
relação aos sensores, como também maior precisão de medição até os níveis da tensão de escoamento.
Esses métodos são considerados como semi-destrutivos, pois, quando bem efetuados, não inserem
problemas estruturais na peça.
5. Tensões residuais
375
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.4.2 Métodos Destrutivos
Existem diversos métodos destrutivos, dentre eles:
a. a remoção ou “amputação” de seções, que consiste na remoção de uma seção da peça com um ex-
tensômetro acoplado de forma a medir a deformação final da seção, que representa a deformação
de relaxamento;
b. o simples corte, que consiste no corte de uma seção de forma que a deformação de fechamento
ou abertura das regiões vizinhas representem o estado aproximado de tensões residuais da peça,
Figura 5.98;
2δ
L
t Distruibuição das
tensões residuais
2δ + 2r L
r
As tensões residuais são obtidas pela medição da abertura da chapa. A tensão longitudinal pode ser
relacionada a abertura δ pela seguinte expressão:
c. a Remoção de Camada, que consiste na medição e remoção sucessiva de camadas a fim de verificar
a curvatura da peça provocada pelo desbalanceamento do estado de tensões residuais, Figura 5.99;
5. Tensões residuais
376
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
extensômetro
camadas a
serem
removidas
espessura
de’
σ(e)
einicial e’ e
L0
Figura 5.99 – Remoção de Camada. Fonte: adaptado de rossina
Onde:
d. o Método de talho, que consiste na execução, similar ao do furo cego, de uma seção, de forma a
medir a deformação final da peça. Esse método permite que se avalie o estado de tensões normais
ao longo da profundidade de peça, em detrimento das tensões principais, quando comparado ao
método do furo cego, Figura 5.100.
5. Tensões residuais
377
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
extensômetros
na superfície
extensômetros
na face oposta
Figura 5.100 – Método de talho. Fonte: os autores, 2019.
e. o Método do Contorno, que consiste no corte da peça, medição dos deslocamentos, aplicação de
um tratamento de redução de dados de forma a reduzir os erros introduzidos pelas medições e
finalmente modelagem através de elementos finitos, utilizando como condições de contorno, os
deslocamentos medidos com sinal oposto.
1 λ λ 1'
2 2'
Feixe Feixe
incidente refratado
θ θ
θ θ dhkl
Figura 5.101 – Princípios dos Métodos Não Destrutivos por Técnicas de Difração. Fonte: os autores, 2019
5. Tensões residuais
378
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.4.3.1 Método da Difração de Raios-X
O método da difração por raio X é descrito pela ASTM E1426-14 - Standard Test Method for Determining the
X-Ray Elastic Constants for Use in the Measurement of Residual Stress Using X-Ray Diffraction Techniques.
Utiliza, como o próprio nome diz, uma fonte de raios-X, mas é limitado, segundo a última norma, a ma-
teriais com certo grau de cristalinidade, mas limitado por:
» gradientes de tensão;
» parâmetros da matriz do material;
» acabamento superficial;
» geometria superficial;
» textura superficial;
» tamanho de grão;
» presença de várias fases;
» características de difração do material.
A tensão residual é calculada a partir de equações de deformação que correlacionam a tensão e de-
formação no estado elástico. A Figura 5.102, ilustra o modelo do estado plano de tensão, necessário
para que os resultados dessas tensões sejam obtidos. Apesar de não possuir uma tensão normal na
superfície, tem-se uma deformação εφψ neste sentido por causa do coeficiente de Poisson decorrente
das tensões principais σ1 e σ2 .
σ3
ψ
εφψ
σ1
φ
σ
σ
2
φ
ψ
σφ σφ
dφψ
Figura 5.102 – Modelo de estado plano de tensões de Prevéy. Fonte: adaptado de https://www.ufsj.edu.br/
portal2-repositorio/File/ppmec/Diogo_A_de_Sousa.pdf acesso em 18/6/19
5. Tensões residuais
379
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
O modelo proposto segue a equação:
Onde:
De acordo com a equação, o aumento da distância interplanar em relação a uma amostra sem tensão
residual corresponde a um valor positivo e, consequentemente, a uma tensão residual trativa. No caso
da diminuição da distância interplanar em relação a uma amostra sem tensão residual, o valor corres-
pondente é negativo, logo a tensão residual é compressiva.
Importante!
5. Tensões residuais
380
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Força aplicada
Feixe
Feixe
incidente
incidente
Força aplicada
Feixe Feixe Feixe
Força aplicada Feixe difratado
difratado incidente
difratado
Transversal (εΤ) Axial (εΑ) Normal (εΝ)
Importante!
Em 2018, foi criado o draft da norma ISO/DIS 21432 com o título “Non-destructive tes-
ting — Standard test method for determining residual stresses by neutron diffraction”,
que visa normalizar esse ensaio. Além disso, os difratômetros, que eram equipamen-
tos multipropósitos passaram a ser desenvolvidos para uso na medição de tensões
residuais em materiais policristalinos.
O Quadro 5.3 lista os dois métodos não destrutivos que utilizam as técnicas de difração, a Difração por
Raios-X e a Difração de Nêutrons.
Quadro 5.3 – Tabela Comparativa dos Métodos Não Destrutivos por Técnicas de Difração.
Fonte: os autores, 2019
5. Tensões residuais
381
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.4.4 Métodos Não Destrutivos: Outros Métodos
Atualmente, há uma busca pela medição de tensões residuais com métodos de ensaios não destrutivos,
como o Método de Barkhausen e Ultrassom, este último consolidado na indústria do petróleo para de-
tecção de descontinuidades.
A permeabilidade do método é de 0,2mm: 100 vezes o valor da difração de raio X, o que permite a de-
tecção de estados de tensões residuais superficiais.
5.4.4.2 Ultrassom
O ultrassom é um dos métodos de medição com maior potencial de crescimento no que tange a apli-
cação para medição de tensões residuais.
5. Tensões residuais
382
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
O princípio básico é que a velocidade de propagação da onda elástica é dependente do estado de ten-
sões mecânico. É uma técnica que pode ser aplicada tanto em amostras como em estruturas reais de
forma similar à inspeção de descontinuidades: pulso eco, tandem, etc.
A velocidade das ondas ultrassônicas longitudinais e transversais são medidas em um ponto desejado
e comparada com valores de blocos de calibração: técnica da birrefringência acústica. Através de equa-
ções, as velocidades de propagação nas diversas direções são correlacionadas, junto com parâmetros do
material, para se deduzir os componentes das deformações principais, e por sua vez o estado de tensão
residual. No ultrassom, utilizado como Ensaio Não Destrutivo nas ténicas pulso eco e tandem, os refle-
xos têm a função de detectar, localizar e dimensionar descontinuidades.
1 2 3 4 5 6
Todavia, como dificuldade, a variação das velocidades de propagação devido à presença de tensões é
extremamente baixa. É um processo sensível ao tipo de microestrutura, como grãos colunares dos aços
inoxidáveis austeníticos, e a condições de operação como temperatura, acoplamento do cabeçote, etc. A
medição depende da diferenciação entre efeitos de microestrutura e de acústica, além de depender sig-
nificativamente de valores de atenuação e da largura de banda dos cabeçotes piezoelétricos utilizados.
A técnica que gera ondas ultrassônicas através de pulsos de laser, possibilitando a utilização de pul-
sos em nanosegundos e uma larga banda de frequência, pressão e amplitudes da ordem de MPa foi
desenvolvida para melhorar a resposta.
Além das deformações, as tensões residuais influenciam o comportamento das soldas de diversas maneiras:
5. Tensões residuais
383
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.5.1 Trincamento assistido pelo meio
O trincamento assistido pelo meio está relacionado a mecanismo de corrosão sob tensão, fragilização
pelo hidrogênio, entre outros.
1. material susceptível;
2. meio propício;
3. tensão trativa que pode ser residual ou aplicada.
A morfologia do mecanismo é trincamento superficial, o qual pode ter propagação inter ou transgranu-
lar a depender dos fatores descritos anteriormente. A fratura por CST ocorre sem deformação plástica
aparente. É um fenômeno progressivo e ocorre com tensões abaixo do limite de escoamento.
A Figura 5.105 e a Figura 5.106 ilustram exemplos de trincas de corrosão sob tensão.
5. Tensões residuais
384
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Existem diversas combinações de material e meio em que pode ocorrer CST. No Quadro 5.4 estão citados
alguns exemplos.
Cloreto
Aço inoxidável
Cáusticos
austenítico
Ácido politiônico (o aço inoxidável austenítico deve estar sensitizado)
Cáusticos
Nitratos
Aço carbono Carbonatos
Amônia anidra
Etanol (que atende a especificação ASTM D4806)
Quadro 5.4 – Meios Indutores de Corrosão sob Tensão. Fonte: Pelliccione, 2014.
Para alguns casos, um método efetivo para reduzir o risco de CST é o tratamento térmico de alívio de
tensões, por exemplo, aços carbono expostos a soda cáustica.
A Figura 5.107 mostra as faixas de aplicação de aços carbono em função da temperatura e da concentra-
ção em massa de NaOH. Note-se que existe uma faixa (Área “B”), em que a aplicação é permitida, desde
que se empregue tratamento térmico.
5. Tensões residuais
385
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Gráfico de serviço de soda cáustica
Exigências metalúrgicas: Temperatura x Concentração de NaOH
125
Área ‘‘C’’
Aplicação de ligas de níquel
100
Área ‘‘B’’
Aço carbono
75
Temperatura, ºC
50
25
Área ‘‘A’’
Aço carbono
sem necessidade de alívio de tensões
0
0 10 20 30 40 50
Concentração de NaOH, % em massa
O aço inoxidável austenítico em contato com cloretos, iodetos e fluoretos é susceptível à corrosão sob
tensão, entretanto o tratamento térmico de alívio de tensões poderá provocar outros inconvenientes,
por exemplo, a sensitização que é a susceptibilidade do material de sofrer corrosão intergranular devida
à precipitação de carbeto de cromo nos contornos de grão. Nesse caso, pode se atuar reduzindo a agres-
sividade do meio corrosivo, reduzindo o teor de cloreto e de oxigênio. Além disso, pode ser efetuada a
seleção de material, buscando uma liga mais resistente ao mecanismo, como uma liga de níquel.
Aços de alta resistência, como aços carbono, baixa liga e inoxidáveis martensíticos, expostos a meio
aquoso contendo H2S podem sofrer o mecanismo chamado trincamento sob tensão por sulfeto.
Para meios com teores elevados de H2S, além do tratamento térmico de alívio de tensões, é necessária
uma limitação na dureza das soldas em 22 HRC, segundo a BS EN ISO 15156-2015, antiga NACE MR0175.
5. Tensões residuais
386
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
400
Dureza, HV10
Trinca
300
Não trinca
200
100
A Figura 5.109 ilustra a morfologia de uma típica fratura de fadiga por dobramento reverso (flexão bidi-
recional), contendo marcas de praia, marcas de catraca e a região final de fratura.
5. Tensões residuais
387
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Figura 5.109 - Morfologia de uma típica fratura de fadiga por dobramento reverso, contendo marcas de praia,
marcas de catraca e região final de fratura. Fonte: Pelliccione, 2014
Atenção
Outro fator importante é a existência de concentradores de tensão. Estes locais são mais propícios à
nucleação de trincas. Soldas, por si só, representam descontinuidades na matriz do material, tanto do
ponto de vista geométrico quanto metalúrgico, como geometria da junta e da peça, defeitos ou descon-
tinuidades oriundas da fabricação, reforços excessivos, falta de penetração, presença de trincas, dentre
outros.
5. Tensões residuais
388
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A Figura 5.110 ilustra o efeito de concentrações de tensão devido ao reforço do cordão de solda.
σ σ
Tensão
nominal
Figura 5.110 – Efeito de concentração de tensões da margem do cordão de solda. Fonte: os autores, 2019
Já, a Figura 5.111 esquemática, por outro lado, ilustra o efeito de um furo e de uma solda na vida em fadiga.
Faixa de tensão
Sem solda
Furo usinado
Solda em ângulo
Ciclos
A Figura 5.112 esquemática ilustra o efeito do aumento da resistência mecânica na vida em fadiga.
Importante!
5. Tensões residuais
389
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
500
200
Figura 5.112 - Efeito do aumento da Resistência Mecânica na Vida em fadiga. Fonte: os autores, 2019
O determinante da resistência à fadiga de uma estrutura soldada é, normalmente, a sua própria ge-
ometria. Os defeitos de solda e as variações de forma apresentam influência muito maior do que as
tensões residuais e as propriedades dos materiais.
A vida à fadiga de uma estrutura soldada, normalmente, será limitada pelo crescimento de pequenos
defeitos existentes nas margens das soldas. Por esta razão, a mecânica da fratura linear elástica – LEFM
– tem sido largamente utilizada na análise do comportamento à fadiga de uma estrutura soldada. A
equação de Paris exprime o crescimento de uma trinca de fadiga:
( 5.1 )
Onde:
( 5.2 )
Somente as tensões capazes de abrir as superfícies de uma trinca de fadiga deverão ser capazes de
propagá-la. Assim, uma trinca de fadiga não deverá se propagar quando a tensão efetivamente atuante
for de compressão.
5. Tensões residuais
390
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.5.2.1 Efeito das Tensões Residuais na Vida em Fadiga
O estado de tensões residuais é consequência de processos de montagem e de soldagem e é controlado
por parâmetros como resistência mecânica, tipo de junta, tamanho da solda, etc.
Dentre as técnicas de melhoria da resistência à fadiga que envolvem a alteração do estado de tensões
residuais, muitas delas, como martelamento, shot peening, aquecimento local, entre outras, têm a
função de alterar o estado de tensões residuais local de forma benéfica, Figura 5.113.
400
Faixa de tensão N/mm2
300
Martelamento
Rebarbação completa
200
Shot peening
Como soldado
Plasma dressed
100 Esmerilhamento
com disco
Vida, ciclos
Figura 5.113 – Métodos de Melhoria da Vida em Fadiga para uma Junta Soldada.
Fonte: MATHERS, 2015c.
Embora dados exatos da resistência à fadiga de uma estrutura soldada e da influência das tensões re-
siduais sejam atualmente obtidos por meio de verificações experimentais, é razoável afirmar que as es-
truturas submetidas ao tratamento térmico de alívio de tensões após soldagem apresentam uma resis-
tência à fadiga superior às estruturas como soldadas. A Figura 5.114 ilustra este fato.
5. Tensões residuais
391
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
300
200
Corpo de prova
com alívio de Corpo de prova
tensões
80 Solda em ângulo 150 mm
∆σ , N / mm
8 mm 40 mm
70
12,7 mm
60
50
Aquecimento
40 localizado
Corpo de prova
30 sem alívio de 140 ou
tensões 12,7 mm 100 mm
25
630 mm
Figura 5.114 – Efeito do tratamento térmico de alívio de tensões na resistência à fadiga, corpo de prova com
solda em ângulo longitudinal à aplicação da carga. Fonte: os autores, 2019
O esmerilhamento das margens de um cordão de solda objetiva a remoção de mordeduras e outros de-
feitos existentes nesta região com a intenção de eliminar a possível iniciação de uma trinca de fadiga.
Esta operação permite também obter uma transição suave entre a zona fundida e o metal de base e,
consequentemente, menor concentração de tensões nesta região.
5. Tensões residuais
392
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Profundidade média (mm)
Técnica Região esmerilhada Características
Figura 5.116
Riscos resultantes de
Margens do cordão
1. Disco abrasivo 0,8 operação perpendiculares
(disco a 30° com a chapa)
à aplicação da carga
2. Broca esmerilhando
somente as margens Riscos paralelos à aplicação
as margens do cordão 0,4
do cordão da carga
(toe burr grinding)
Tabela 5.7 - Técnicas de esmerilhamento para aumentar a resistência à fadiga de juntas soldadas.
Fonte: os autores, 2019
Os esmerilhamento das margens do cordão, Figura 5.115, podem atenuar significativamente o efeito da
fadiga nos materiais.
Profundidade de
esmerilhamento
Figura 5.115 – Esmerilhamento com disco abrasivo definição de profundidade. Fonte: os autores, 2019
Além dessas, o “TIG dressing”, derretimento com TIG ou plasma nas margens do cordão de solda, tem
como objetivo a remoção do entalhe formado pela descontinuidade formada na margem das soldas,
sejam mordeduras, defeitos ou mesmo do próprio reforço da solda. Todavia, nesse processo, muito cui-
dado deve ser tomado para que não seja removido material em excesso.
5. Tensões residuais
393
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Geralmente, uma espessura de 0,5 mm já é suficiente para se atingir os efeitos desejados, conforme a
Figura 5.116.
0,5 mm abaixo
da mordedura
O martelamento, como visto anteriormente, das margens de uma solda objetiva a introdução, nesta
região, de tensões residuais de compressão. Estas tensões residuais de compressão vão diminuir as
componentes de tração porventura existentes e, consequentemente, diminuir a velocidade de propa-
gação de uma trinca de fadiga. Observe que a operação é realizada somente nas margens do cordão,
região onde normalmente se iniciam as trincas de fadiga.
Como o martelete tende a pular durante a operação, o peening com um só passe, normalmente, não é
suficiente. A resistência à fadiga aumenta com o número de passes realizados na operação. O martela-
mento com 4 passes parece ser a operação ideal otimizando os aspectos de aumento da resistência à
fadiga e custo da própria operação.
O custo comparativo entre as técnicas de melhoria da resistência à fadiga é listado no Quadro 5.5.
Disco abrasivo 2
Quadro 5.5 - Custo Comparativo entre as Diversas Técnicas Fonte: os autores, 2019.
5. Tensões residuais
394
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Algumas observações importantes poderão ser assinaladas:
1 2 3 4 5
Em relação às técnicas examinadas, a melhora da resistência à fadiga é mais acentuada em
aços de alta resistência.
O método dos elementos finitos, MEF, foi concebido na década de 1940 como um método computacional
e é aplicado tanto na análise de tensões, como análise de transferência de calor e fluidodinâmica, pro-
blemas eletromagnéticos, etc. Inicialmente, foi aplicado em problemas estritamente elásticos. Entretan-
to, ultimamente, tem aplicações em regimes tanto plásticos como em mecânica da fratura.
Importante!
O MEF é um método para solução numérica de valor de campo (φ: um valor escalar físico ou vetor do
modelo que varia com o tempo e o espaço), por exemplo deslocamento e Forças (análise mecânica),
temperatura e Fluxo de Calor (análise térmica), velocidade e momentum (Fluxo Fluido), corrente elétrica
e fluxo magnético (eletromagnético). O número de graus de liberdade pode ser contínuo (infinito) ou
finito (modelo MEF).
Cada nó é capaz de se mover em seis direções independentes: três translações e três rotações. Estes são
chamados graus de liberdade em um nó, Figura 5.117.
5. Tensões residuais
395
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
θy Três translações (ux, uy, uz)
Três rotações (θx, θy, θz)
uy {u} = {ux, uy, uz, θx, θy, θz}
ux θ
x
uz
θz
Figura 5.117 – Deslocamento de nó com graus de liberdade. Fonte: Curso simulação de soldagem, ESI, 2015.
A equação básica dos modelos de elementos finitos é , onde as grandezas são descritas na
Tabela 5.8.
Tabela 5.8 – Grandezas das propriedades da MEF. Fonte: Curso simulação de soldagem, ESI, 2015.
Na maioria das vezes, o processo de simulação numérica do método dos elementos finitos, subdivide-se
em 3 etapas:
5. Tensões residuais
396
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
3. Análise/Pós-processamento:
» visualização dos deslocamentos nodais;
» visualização das forças e momentos em cada elemento;
» visualização do campo de temperaturas;
» análise de fluxo;
» gráfico das deflexões;
» diagramas de campo de tensão.
Como já abordado, as tensões residuais resultantes dos processos de soldagem por arco elétrico têm
efeitos prejudiciais às juntas expostas, desde fenômenos como trinca por hidrogênio, fratura frágil, re-
dução da vida à fadiga, ou estão sujeitas a corrosão sob tensão até a própria instabilidade dimensional
associada à distorção.
A previsão de distorções, durante muito tempo, foi efetuada de modo empírico. Para a mitigação das
deformações e distorções consequentes dos processos de soldagem, são necessários custosos proce-
dimentos de tratamento térmico e de correção.
Importante!
Uma vez que parâmetros, como aporte térmico, velocidade, direção e sequencia-
mento de soldagem, restrições estruturais, condições e projeto de junta, controlam
a distorção final, a utilização de métodos de simulação tem se mostrado como
vanguarda em soldagem.
Para a indústria do petróleo, os efeitos mais críticos para a solda são a presença de trincas, distorções e
flambagens. De tal modo, a previsão e o controle das tensões residuais de soldagem são fundamentais
para a evitarmos a propagação de trincas por corrosão sob tensão e fadiga e, consequentemente, a ocor-
rência fraturas frágeis que são invariavelmente catastróficas.
5. Tensões residuais
397
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A CWM é um processo, inerentemente, multifísico que envolve:
Eletromagnetismo
Ciência
Mecânica dos
TransmissãodosMateriais
fluidos –––escoamentos
processos
– ocorrência de dede solidificação
convectivos
fenômenos influenciados
internos à poça
eletromagnéticos pelosaescoamentos
de escoamento
no fusão
da que da poça
determinam
da
de poça de de fu-
afusão
formae
Mecânica dosde calor
Sólidos – troca calor
gradientes de entre a fonte
calor que de calor
induzem e a peça,
tensões fonte
e deformações. calor e da peça
são
do
do arco
e transformações
cordãoelétrico
e da com
sua a de
interação
fase
interação metalúrgica,
com
com o a corrente
metal em especial
base,elétrica. na
escoamentos
com o meio ambiente através de condução, radiação e convecção. ZAC. convectivos dos gases gerados pelo
arco e a fonte de calor, etc.
Térmico
1 5
2 6
4
Microestrutura Mecânico
3
5. Tensões residuais
398
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Ao longo dos anos 1980, 1990 e 2000, com o desenvolvimento dos recursos computacionais, os modelos
de solda multipasse, modelos de condução de calor e fonte térmica puderam ser implementados com a
modelagem de configurações cada vez mais complexas, Figura 5.119.
Simulação de processo
- geometria da poça fundida
- campo de temperatura local
- estabilidade de processo
- eficiência de processo
le n
te
Co
Pro
Cic siçã
con gap
no
iva
mp
pri
Ca des
los
tor
qu
o
ed
lor
ica ra d
tér da po
re
a
de érmic
mi
alo
érm largu
o
de
tra
cos ça
ec
t
nsf s do
d
da
nte
orm ma
Simulação
ça
a
Fo
ot
Co dan
açã teri
içã
de
o
Mu
nd
soldagem
al
Simulação de estrutura Simulação de material
- tensão residual & distorção Carregamento microestrutural
- microestrutura
- campo global de temperatura - transformação microestrutural
- resistência estrutural - susceptibilidade a trincas
-rigidez estrutural Deformação de transformação - dureza
Propriedades mecânicas do material
O estado da arte na CWM considera, ainda, que as tensões residuais se constituem em um aspecto de
extrema importância. As tensões residuais são forças internas sem forças externas agindo. Como as
tensões de restrição, elas estão em equilíbrio apenas com elas mesmas. As tensões de reação originadas
de forças de apoio autoequilibradas podem sobrepor-se às tensões de restrição. As tensões residuais
totais sobrepõem-se às tensões da carga externa (as tensões de carga).
5. Tensões residuais
399
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Essas tensões também podem ser categorizadas em três tipos, ilustrados na Figura 5.120.
σrs
σrsIII
σrsII
σrsI
Contornos
de grão
Figura 5.120 – Ilustração dos três tipos de tensão residual simulados relativa para os t
amanhos de grão. Fonte: He, 2009.
1. O primeiro tipo , tensão residual simulada macroscópica, é a tensão medida ao longo de um gran-
de número de grãos. É a tensão correspondente à média das tensões em uma faixa maior do que
1mm. Este primeiro tipo de tensão residual é equilibrado entre diferentes partes do componente.
Este tipo de tensão pode ser medido por difração de raios-X- DRX, através do deslocamento dos
picos de Bragg.
2. O segundo tipo é a tensão microscópica, , que é medida ao longo de um ou alguns grãos. É corres-
pondente à média das tensões em uma faixa de mícrons. Este tipo de tensão pode deslocar o pico
de difração, se o feixe de DRX for tão pequeno como o tamanho de alguns grãos.
3. O terceiro tipo, , igualmente categorizado como a tensão microscópica e corresponde às tensões
num intervalo de 1nm a 100nm. Este tipo de tensão é, geralmente, causado por defeitos crista-
linos, tais como discordâncias, falhas de empilhamento e aglomerados de intersticiais e átomos
substitucionais. Este tipo de tensão por si só não vai causar uma mudança detectável de picos de
difração, mas pode ser medido pelo alargamento do pico e modelagem do perfil do pico.
Importante!
5. Tensões residuais
400
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
O software de MEF deve, primordialmente, calcular variações dimensionais e distorções de peças, resis-
tência e tensão do material em uso, além de tensões residuais, durante e no final do processo de solda-
gem e tratamento térmico, quando for o caso. Uma série de fenômenos físicos são inter-relacionados.
Por isso, é necessário um acoplamento entre análise térmica e de transformação de fase computação,
dois efeitos físicos que têm uma forte influência sobre o outro.
É necessário que simule todos os processos de soldagem a arco mais comuns, como SMAW, GTAW,
GMAW, FCAW, SAW e LBW, tratamento térmico globais, endurecimento superficial, têmpera e endu-
recimento e revenimento, bem como tratamento termoquímico como endurecimento, como cementa-
ção, carbonitretação, nitretação.
Vários níveis de acoplamento para a análise térmica - módulo de transformação de fase estão dis-
poníveis, Figura 5.121. Por exemplo, o módulo de difusão-precipitação é uma ferramenta baseada em
equações de difusão em que até seis elementos químicos podem se difundir. Uma aplicação é a simu-
lação de casos de endurecimento, como soldagem de aços inoxidáveis austeníticos estabilizados ou em
aços Cr-Mo.
Eletromagnetismo
Análise
térmica
• Calor Latente
• Temperatura • Proporção de
s fases
Metalurgia
• Deformação-
• Temperaturas • Composição química energia • Temperaturas
• Precipitações • Tensões • Proporções de fases
O cálculo mecânico é, por padrão, desacoplado do cálculo termometalúrgico, a fim de fornecer maior
eficiência em relação ao tempo de computação. No caso de um acoplamento direto ser necessário, ele
pode ser realizado usando a linguagem de interface do sistema SIL. No entanto, o acoplamento cau-
sará um alto custo de solução.
O benefício dos usuários é que as peças e os processos podem ser otimizados em relação ao projeto do
produto, produção, fadiga e análise da vida útil e de tensões residuais.
5. Tensões residuais
401
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Os algoritmos de acoplamento, que devem tanto envolver métodos para sistemas de equações lineares,
como também, métodos não lineares, podem envolver espaços e domínios distintos, gerando equações
diferenciais parciais de dimensões relativamente grandes.
Dentre milhares de questões, algumas que estão em desenvolvimento podem ser citadas:
» Integração de sistemas:
» Arquitetura de sistemas;
» Gerenciamento de dados;
» Matemática computacional:
» Acoplamentos entre meios contínuos e discretos;
» Técnicas de compatibilização e interpolação das malhas de diferentes naturezas físicas e de escalas
de tempo;
» Problemas de estabilidade;
» Estimativa e gerenciamento de erros passados entre componentes de diferentes naturezas físicas;
» Problemas de interação entre os algoritmos de solução (solvers);
» Engenharia de software;
» Sistemas de integração entre interfaces.
Ainda é necessário considerar interdependência e interação entre todos esses processos e fenôme-
nos. As propriedades mecânicas são influenciadas pela temperatura, pela taxa de resfriamento da
peça e por transformações metalúrgicas. A própria definição de CWM inclui a modelagem de todos os
fenômenos acima listados, o que denota a complexidade desta simulação.
Hoje em dia, não existem, ou são raros, modelos que consigam integrar todos os fenômenos. Os pro-
cessos de soldagem são combinados ou substituídos por resultados experimentais de forma a calibrar
a fonte de calor. Poucos trabalhos incluem a questão de mecânica dos fluidos dentro do processo de
simulação térmica. Os modelos eletromagnéticos do arco elétrico e do escoamento, um modelo dos es-
coamentos na poça de fusão e um modelo das forças dominantes na poça de fusão devem ser conside-
rados nessa análise.
É um fato, todavia, que existe uma confusão entre simulação multifísica e simulação multidisciplinar.
Simulação Simulação
multifísica multidisciplinar
A simulação
Na simulaçãomultidisciplinar é quando
multifísica, existe um modelo,
uma interação porentre
direta exemplo o térmico,
os variados é usadofísicos,
modelos como entrada para
como mode-
o modelo
los mecânico.
termomecânicos.
5. Tensões residuais
402
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
O pacote SYSWELD, por exemplo, é considerado como multifísico e o pacote ANSYS pode ser considera-
do como multidisciplinar.
Retroalimentar as
A previsão obtida através da simulação pode ser aplicada ao procedimento de
etapas de projeto e
projeto ou fabricação para melhorar os produtos.
fabricação
Tabela 5.9 – Procedimento e passos para Simulação de Soldagem. Fonte: UEDA; MURAKAWA; MA, 2012, p. 123.
Com isto, determinar o conjunto de dados de entrada em conjunto com o modelo a ser analisado. Com
isto, o processo de condução de calor e de produção do campo de tensão é conduzido e, na etapa se-
guinte, é verificado se está realmente correto, se condiz com as estimativas analíticas ou o senso comum.
Em caso positivo, dados quantitativos podem ser obtidos no intuito de prestar feedback ao projeto e à
fabricação, seja com sugestões de melhoria ou mesmo de correções.
5. Tensões residuais
403
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.6.3 Modelagem Geométrica das Peças
Por ser multifísico, um critério fundamental para a escolha do modelo de elementos finitos para a
análise termomecânica necessária para a soldagem é a capacidade computacional requerida. Modelos
completos, capazes de simular uma soldagem de um material com alterações microestruturais significa-
tivas, necessitam de computadores muito potentes e, mesmo assim, com um tempo de processamento
elevado. Decorrente disso, simplificações nos modelos, desde que capazes de representar adequada-
mente a solda, devem ser realizadas.
Tanto para as simulações térmicas como para mecânicas, os parâmetros de fabricação, como seções
transversais no caso de barras, vigas ou eixos, e espessuras no caso de tubulações, chapas, placas ou
mesmo elementos, servem como parâmetros para os módulos de geração de elementos computarem as
matrizes de rigidez e vetores de capacidade térmica dos sistemas.
5. Tensões residuais
404
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Essas simplificações de geometria podem e devem ser adotadas de forma a otimizar a solução de pro-
blemas ou mesmo apresentarem pré-soluções para desenvolvimento tanto dos modelos como dos pró-
prios protótipos. Essas são apresentadas na Figura 5.123, em que a geometria da peça é reduzida a
poucos elementos estruturais.
0
0 x θ
0 z
y h x
z
y z
x
y
z
h x
0 0
x
y
z
sólido chapa fina arame
semi-infinito
Figura 5.123 – Corpos básicos estruturais que são utilizados no cálculo da temperatura. Fonte: Goldak, 2019.
A utilização do método dos elementos finitos para a simulação de soldagem apresenta restrições quan-
do empregado em geometrias complexas. Isso é devido aos fenômenos não lineares envolvidos, que
torna todo esse processo de análise computacional bastante custoso. Diferentes abordagens podem ser
utilizadas quando na simulação de soldagem desse método.
5. Tensões residuais
405
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oriundas da solidificação
Elemento unidmensional
Elemento bidmensional
Elemento tridmensional
A escolha de cada tipo de elemento depende das condições de contorno, das simplificações possíveis e
do que se pretende obter como resultado da CWM. Desta forma, temos:
» Sólidos 3D - Este grupo de elementos consiste em uma variedade de formas sólidas que são fre-
quentemente chamadas de “blocos”, “cunha” ou “elementos tetraédricos”. As formas comuns têm
três graus de liberdade translacionais (movimentos no espaço em oposição às rotações) em cada
nó. A formulação do elemento não envolve nenhuma simplificação da geometria, além daquelas
impostas pelos limites das formas que podem ser definidas. O alto custo da solução pode restringir
o número de elementos que podem ser usados em um modelo. Do ponto de vista do software, não
há limitação prática do número de elementos/nós, Figura 5.125.
5. Tensões residuais
406
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Figura 5.125 – Mapa de tensões no passe de raiz do aço 9Ni em um tubo de 38 mm com um
aporte térmico de 0,6kJ/mm. Fonte: os autores, 2019.
» Podem ser transientes , onde é definido o movimento da fonte de calor na malha. Difícil definir
o refino da malha em torno da fonte de calor. Uma aplicação muito proeminente é a malha adap-
tativa. Essa consiste em refinar a malha automaticamente em torno da fonte (à medida que esta
avança) e retornar à malha original após sua passagem. Esta metodologia consiste em concen-
trar os elementos onde existem elevados gradientes de tensão, como, por exemplo, uma malha
cujo refinamento se move junto com a fonte de calor de forma a reduzir o tempo computacional.
Todavia, tal metodologia depende de uma combinação adequada das grandezas mecânicas e
térmicas, o que torna o processo complexo.
» Pode ser também quase-estacionário , nos casos em que as dimensões da estrutura soldada
são muito importantes para que um regime permanente seja estabelecido. Quando o regime
permanente (chamado quase-estacionário) é atingido, a distribuição de temperatura, em re-
lação a uma referência colocada na fonte de calor, não depende do tempo, mas somente das
variáveis espaciais. Sendo assim, nenhuma discretização temporal é efetuada
» Sólidos 2D - Esse grupo de elementos consiste em um estado plano de tensão, estado plano de
deformação e elementos sólidos axissimétricos. Todos esses elementos exigem que a estrutura
seja idealizada para que tenha uma seção transversal uniforme. Na forma gráfica, os elementos
e o modelo aparecem planos no papel ou tela e a interpretação visual é simples. A forma comum
desses elementos tem dois graus de liberdade de translação em cada nó. É possível resolver pro-
blemas 2D com grande número de elementos a um custo relativamente baixo, a geometria da seção
transversal da estrutura pode ser modelada em grande detalhe. Na Figura 5.126, consideração fei-
ta para a modelagem 2D é que temos um estado plano de deformação, isto é, considera-se o com-
primento da solda tão grande que não há contração longitudinal. Assim, o fluxo de calor na direção
longitudinal da solda é desconsiderado. Já na soldagem de um duto ou tubulação, a representação
axissimétrica é representativa de todo o diâmetro, sem considerar variações nos parâmetros de
soldagem ao longo da circunferência. Por último, é considerado o estado plano de tensão, pois
é possível aproximar de que a espessura não apresenta grande influência, como caso de chapas
finas, e que o modelo pode ser aproximado pelo plano médio.
5. Tensões residuais
407
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Modelo 2D Modelo 2D
Estado plano Estado plano
de deformação de tensão
Temperatura
Temperatura
Modelo 2D Temperatura
Seção
transversal
axissimétrica
» Cascas 3D - Os elementos de casca representam estruturas de casca e membrana como uma úni-
ca superfície na espessura média do material. Eles são muito úteis para modelar estruturas com
paredes finas, particularmente, fabricações que possuem grandes áreas com espessura constante,
como caso de cascos de vasos de pressão e tanques de armazenamento. Malhas desses elementos
são criadas com relativa facilidade diretamente a partir de nós, ou em superfícies em um modelo
geométrico, desde que estas sejam superfícies únicas. Se o modelo geométrico é de um modelo
CAD que representa ambas as superfícies, é necessário reduzi-lo à superfície média. A espessura
da casca é especificada como uma propriedade geométrica e pode ser constante ou variável sobre
um elemento. As cascas têm, em determinados softwares, três graus de liberdade translacionais e
três rotacionais em cada nó.
» Acoplamento casca-sólido – Os sólidos 3D e cascas 3D podem ser acoplados para modelar peças
soldadas de paredes finas, como peças padronizadas e partes da carroceria do carro. As cascas são
usadas para modelar as áreas fora das juntas de solda, que precisam, na maioria dos casos, de uma
modelagem de sólidos 3D. Os sólidos podem simular transformações de fase em um modelo sólido
de casca acoplada.
5. Tensões residuais
408
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.6.3.2 Aspectos na Configuração de Malhas
A questão do refinamento de malha para o MEF é de suma importância para a obtenção dos resulta-
dos desejados. Em regiões onde sejam esperados gradientes severos de tensão, de deformação e/ou de
temperatura em CWM, é aconselhável utilizar malhas mais refinadas, com um número maior de elemen-
tos menores. Já em regiões sem tanta importância, é possível a utilização de malhas menos refinadas
que ajudam a economizar iterações e tempo computacional.
Na Figura 5.127 estão representados estes pontos de atenção, que necessitam uma malha refinada: zo-
nas de carregamentos concentrados, zonas em que se espera a abertura de trincas, mudanças abruptas
de geometria ou de propriedade do material, entalhes, etc. Também devem ser evitados elementos de-
masiadamente esbeltos.
Os parâmetros que governam este tipo de abordagem são o parâmetro volumétrico e o parâmetro de
superfície e são calibrados manualmente. É a mais custosa das abordagens de aplicação.
5.16
5. Tensões residuais
409
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.6.3.4 Abordagem da Deposição em Blocos ou Total
A diferença entre esta abordagem e a Abordagem da Deposição Gradual da Poça de Fusão, é que, neste
caso, o metal depositado é ativado de uma vez, ao contrário dos passes sequenciais do Abordagem da
Deposição Gradual da Poça de Fusão.
O calor Q, como visto anteriormente, consiste em uma diferença de potencial U, distância entre o eletro-
do, que através dele passa uma corrente – I, e a peça a ser soldada. A potência gerada, que é a multipli-
cação da corrente com a tensão, depende de um rendimento térmico - η relacionado a cada processo de
soldagem e que avalia as perdas do processo. Desta forma, temos a equação Q=U.I.η.
Com este Q aplicado a peça, é possível fazer a avaliação da sua distribuição com a resolução da Lei de
Fourier, que é a equação de condução de calor em um sólido, para uma determinada condição inicial,
aplicada em uma condição de contorno.
(5.17)
onde,
» é densidade do material,
» é o calor específico,
» T é a temperatura,
» t é o tempo,
» é a condutividade térmica e
» q é o fluxo de calor externo gerado por unidade de volume.
5. Tensões residuais
410
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.6.4.1 Modelo para as fontes de calor de soldagem
Um aspecto importante, que é fundamental para a CWM, tem sido a questão da formulação teórica das
fontes de calor. Tradicionalmente, a teoria de calor de Fourier aplicada por Rosenthal e Rykalin nos
idos de 1930 é utilizada.
Embora populares na área de soldagem, apresentam grandes imprecisões na área da poça de fusão,
principalmente devido à premissa de temperatura infinita da fonte de calor e às propriedades térmicas
do material nas regiões próximas à fonte de calor. Erros na linha de fusão e na ZAC pela temperatura
infinita da fonte e sensibilidade das propriedades térmicas do material à temperatura.
Têm-se utilizado o MEF para analisar fontes de calor de soldagem . Todavia, embora assumir que Ro-
senthal possa ser aplicado à algumas técnicas de mecânica da fratura e algumas outras geometrias,
fica-se limitado às inexatidões e similaridades da formulação.
Pavelic et al. sugeriram uma distribuição Gaussiana de temperatura com os seus parâmetros sendo
oriundos de experimentos (tamanho e forma da poça de fusão e suas circunvizinhanças), Figura 5.128.
Q0
r0
Z
Y (x0,y0,z0)
distância
X
O modelo “disco” de Pavelic é combinado com a análise MEF para alcançar distribuições de temperatu-
ra significativamente melhores nas zonas afetadas pela fusão e pelo calor do que as calculadas com o
modelo Rosenthal. Substituiu o modelo da fonte pontual e foi um avanço significativo na CWM.
5. Tensões residuais
411
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Desta forma, a Figura 5.129 mostra a distribuição de fluxo em uma peça durante a soldagem com o perfil
Gaussiano para uma condição superficial e outra volumétrica. Os parâmetros geométricos da distribui-
ção do fluxo de calor, como zona fundida, tamanho e forma da poça e, também, as temperaturas, são
estimados a partir de soldas experimentais.
qfl qvol
y y
x x
Figura 5.129 – Distribuição gaussiana de fluxo de calor em soldas relacionados com a q_fl para a fonte numa
condição superficial e q_vol para uma condição volumétrica. Fonte: Goldak,2005
Essa distribuição gaussiana do fluxo de calor na superfície do disco de Pavelic é apresentado na equação:
(5.18)
Onde:
5. Tensões residuais
412
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Propagação de chama Final do arco
do arco
q
C2 Distribuição de
C3 fluxo
qmáx(r) = q(0)
C1 0
dH
Figura 5.130 – Modelo circular de distribuição de fluxo de calor gaussiana. Fonte: Goldak, 2005.
Atenção
Diante do exposto, o analista requer um modelo de fonte de calor que prevê com precisão o campo de
temperatura na soldagem. Um modelo de fonte de calor tridimensional não-axissimétrico alcança esse
objetivo.
No final dos anos 70, Krutz e Sergerland propuseram uma alternativa ao modelo de Pavelic com a defini-
ção de um sistema de coordenadas (x,y,z) que se movimenta com a fonte térmica:
(5.19)
5. Tensões residuais
413
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Onde:
y
z
x
vτ
c x
vt
Figura 5.131 – Sistema de coordenadas usados na análise por MEF para o modelo do disco de acordo com
Krutz e Segerlind. Fonte: Goldak, 2009
Para situações de soldagem onde a profundidade efetiva de penetração é pequena, o modelo de fonte
de calor de superfície de Pavelic, Friedman e Krutz tem sido bem sucedido. No entanto, para fontes de
alta densidade de potência, como o laser ou feixe de elétrons, ele ignora a ação de escavação do arco que
transporta o calor bem abaixo da superfície da poça de fusão. Nesses casos, uma distribuição gaussiana
hemisférica da densidade de potência (W/m3 ) seria um passo em direção a um modelo mais realista.
A distribuição da densidade de potência para uma fonte de volume hemisférica pode ser escrita como:
(5.20)
5. Tensões residuais
414
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Goldak aperfeiçoou este modelo e desenvolveu o modelo do duplo-elipsoide, Figura 5.132.
Figura 5.132 – Configuração da fonte de calor duplo elipsoide em conjunto com a função de distribuição de
energia ao longo do eixo na seção transversal de um cordão de solda com SMAW. Fonte: Goldak, 2005.
Importante!
A forma mais geral desta classe de modelo tem uma função geral de distribuição de fonte de calor. A
interação de uma fonte de calor (arco, feixe de elétrons ou laser) com uma poça de fusão é um fenômeno
físico complexo que ainda não pode ser modelado rigorosamente.
5. Tensões residuais
415
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A distribuição de pressão e cisalhamento do arco, o efeito gotas do eletrodo na tensão superficial, as
forças de empuxo e viscosidade do metal fundido se combinam para causar distorção da poça de solda e
considerável agitação. Devido ao arco de ‘escavação’ e agitação, fica claro que a entrada de calor é efeti-
vamente distribuída ao longo de um volume na peça de trabalho.
Na ausência de modelagem da posição do limite livre da poça de solda, das trações aplicadas e das con-
dições convectivas e radiativas entre a poça de fusão e o arco, alguma forma de idealização da fonte de
calor é necessária para obter uma solução aproximada.
O modelo de disco não leva em consideração a transferência rápida de calor por toda a zona de fusão. Em
particular, não é possível prever a penetração profunda ZF de um feixe de elétrons ou solda a laser com
o modelo de disco de superfície. Uma comparação de dados históricos térmicos calculados (modelo de
disco) com valores medidos ressaltou a necessidade de uma ‘fonte de volume efetiva ‘.
Além disso, verificou-se ser necessário gerar uma fonte de volume com flexibilidade considerável,
isto é, o modelo de duplo elipsoide. Com formas menos gerais, como um hemisfério ou um único elip-
soide, discrepâncias significativas entre as distribuições de temperatura calculadas e medidas não
puderam ser resolvidas.
O tamanho e a forma do duplo elipsoide, os comprimentos dos semieixos, podem ser corrigidos, reconhecen-
do que a interface sólido-líquido é a isoterma do ponto de fusão. Nos casos em que a zona de fusão difere de
uma forma elipsoidal, outros modelos devem ser usados para a distribuição de densidade de fluxo e potência.
Experiências de cálculo com o modelo de fonte de calor elipsoidal na frente da fonte de calor revelaram
que o gradiente de temperatura não era tão íngreme quanto o esperado e que o gradiente mais suave
no bordo de fuga da poça fundida era mais acentuado que a medição experimental. Para superar essa
limitação, duas fontes elipsoidais foram combinadas, como mostrado na Figura 5.132. Observe que:
Por exemplo, em soldas com uma seção transversal em forma, como mostrado na Figura 5.133, quatro
quadrantes elipsoides podem ser sobrepostos para modelar com mais precisão essas soldas.
Q Q
5. Tensões residuais
416
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Na realidade, o ponto de fusão é uma função da curvatura e da velocidade da interface líquido-sólido,
mas as mudanças foram ignoradas na maioria dos modelos publicados até o momento.
Ao mesmo tempo, as medições da temperatura da poça de fusão mostraram que o pico de temperatura
na poça de solda é frequentemente de 300 a 500 ºC acima do ponto de fusão. A fonte de calor volumétri-
ca definida por uma elipsoide dupla é aconselhada para simular processos de soldagem com depósito de
material como GMAW, GTAW, FCAW, SAW, dentre outros. Assim, temos a representação da distribuição
de calor Q no duplo elipsoide em função das dimensões ar e af, Figura 5.134.
Qf = 1,0
c
Qr = 0,5 y
af
x
b
ar
Z
Y
X
Figura 5.134 – Modelo do duplo elipsoide de Goldak. Fonte: adaptado pelos autores de Goldak, 2005
(5.21)
(5.22)
5. Tensões residuais
417
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Onde:
»
»
» .
(5.23)
(5.24)
Onde:
Modelos Modelos
no plano na seção Modelos
transversal 3D
Qy = 0 Qz = 0
Tais suposições são análogas àquelas aplicadas ao campo de deslocamento em vigas, placas e cascas na
análise estrutural. Como as premissas restringem a orientação do gradiente térmico, sugere-se que elas
sejam chamadas de modelos cinemáticos.
5. Tensões residuais
418
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Naturalmente, esses modelos cinemáticos são bastante distintos dos modelos de fonte de calor descri-
tos na seção anterior. Esses três modelos são discutidos em detalhes.
Atenção
Ao escolher um modelo cinemático, o analista deve equilibrar a precisão com o custo. Em todos os casos,
a realidade é tridimensional, mas o custo da análise é o mais alto. Restringir o fluxo de calor ao plano
da placa pode alcançar precisão útil para chapas finas, particularmente com soldas de plasma de pene-
tração profunda, elétron e feixe de laser. Assumir que o calor flui apenas no plano da seção transversal
pode fornecer uma aproximação útil e econômica para muitas situações de soldagem. Se a difusividade
térmica for suficientemente baixa e a velocidade de soldagem for suficientemente alta, esse pode ser
um modelo preciso. Em particular, os resultados de uma análise transversal de baixo custo podem ser
úteis para projetar uma malha 3D eficiente.
O modelo térmico de casca é uma generalização do modelo em plano para superfícies curvas, clique no
ícone e conheça este modelo.
Informação Importante
Assume-se que nenhum calor flui na direção normal à superfície e que todo o calor flui no
plano tangente, ou seja, o gradiente de temperatura está no plano tangente. Onde as con-
dições se mantêm com precisão adequada, o modelo de casca tem várias vantagens. O ele-
mento de casca, geralmente, tem metade do número de graus de liberdade e metade da
largura de banda, o que reduz os custos de computação. Ainda mais importante, permite
elementos maiores do que os 3D elementos equivalentes, porque eles são melhor condicio-
nados numericamente.
5. Tensões residuais
419
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
» Modelos 3D
Em análises 3D, o modelo cinemático está obviamente correto. A questão é reduzir o custo computacional para
níveis aceitáveis para malhas que alcançam precisão útil. As principais ferramentas são otimizar a malha e criar
solvers eficientes. Em 3D análises, os elementos de bloco, “brick”, são preferidos, porque tendem a ser mais pre-
cisos e fáceis de usar e interpretar do que os elementos tetraédricos. No entanto, é mais difícil classificar uma
malha com pequenos elementos de bloco perto do arco de soldagem para capturar as rápidas mudanças de
temperatura e com grandes elementos de bloco longe do arco onde a temperatura varia lentamente.
Com isto, a fonte de calor na forma de duplo-elipsoide proposta por Goldak acabou se tornando a
mais popular destes modelos, pelo fato de não ser axissimétrica e ser flexível o suficiente para aco-
modar e retratar várias geometrias complexas.
T0
qr = εC0 . (T 4 - T04)
qar ,qvol qt = αT . (T - T0)
vw
Poça líquida
T *0
» condutividade térmica;
» densidade;
» calor específico;
» entalpia e transferência de calor devido à convecção;
» radiação.
5. Tensões residuais
420
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
O contato da junta soldada com o ar promove um resfriamento por convecção e radiação. Onde αT é o co-
eficiente de convecção, que também pode ser descrito pelo produto do coeficiente de película e a área de
contato com o fluido, e ε é a emissividade da superfície, C0 é a constante de Boltzmann (5,67.10-8 W/m2 .ºC4 ).
O calor latente é necessário quando um material é transferido do estado sólido para o estado líquido,
se as transformações de fase são levadas em consideração, o calor latente também é necessário para
transferir um material de um arranjo da rede ferrítica para um arranjo de rede austenítica, e liberado se
um material for transferido do arranjo de grade austenítica para um arranjo de rede ferrosa.
Atenção
A Tabela 5.10 mostra um resumo das equações, propriedades e condições de fronteira e iniciais para
análise térmica.
Tabela 5.10 – Resumo de equações, propriedades, condições iniciais para análise térmica. Fonte: ZZZX
5. Tensões residuais
421
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
A equação de condução de calor transiente inclui:
1. Condições de Fronteira
» Condição de contorno essencial : Temperatura prescrita
» Condição de contorno natural: Valor do fluxo de calor prescrito
» Condição de controno mista: Convecção para ambiente
2. Calor latente de transformação de fase
» Também fusão e solidificação, mas não em moldagem a quente.
3. Propriedades do material dependendo da temperatura e fases
4. Fontes de calor
Por meio de Elementos Finitos, o sistema contínuo, que é descrito por um conjunto de equações dife-
renciais parciais, é transformado em um sistema discreto, que é descrito por um sistema de equações
algébricas na organização matricial. As aproximações são feitas para a derivada temporal e a derivada
espacial. As derivadas espaciais estão implícitas na matriz de condutância.
» Caso o termo derivativo espacial seja avaliado no tempo t para calcular os resultados no tempo t +
Δt, o desenho computacional é explícito.
» Caso o termo derivativo espacial seja avaliado no tempo t + Δt, para calcular os resultados no tem-
po t + Δt, o esquema de cálculo é implícito.
A solução do sistema não é direta e requer a inversão de uma matriz de coeficientes.
Considere a Figura 5.137, que em cada incremento de tempo, temperatura, deslocamento, deformação e
estado de tensões são calculados para utilização no próximo passo do ciclo.
5. Tensões residuais
422
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
T(t + ∆t)
∆T
Temperatura, T T(t)
t t + ∆t Tempo, t
Figura 5.137 – Ilustração do Método Incremental para Problemas Não Lineares. Fonte: os autores, 2019.
(5.25)
(5.26)
(5.27)
(5.28)
Uma vez que a análise de tensões é considerada adiabática, isto é, não há variação de energia térmica no
sistema, a análise térmica é efetuada primeiro, para depois ser inserida, na forma de campo de deforma-
ções, como dado de entrada da análise de tensões.
5. Tensões residuais
423
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.6.7 Simulação do Comportamento da Poça de Fusão
O processo de transmissão de calor e os escoamentos na zona fundida são responsáveis tanto pelo for-
mato da poça de fusão como também pelos perfis de temperatura submetidos à peça e interferem ati-
vamente não só na resistência mecânica final da peça, como também nos estados de tensão, na micro-
estrutura e na dureza. Os escoamentos na poça de fusão são, por sua vez, influenciados por:
Para entender os efeitos destes fenômenos, clique no ícone e observe a Figura 5.138.
Informação Importante
Os efeitos destes variados fenômenos podem ser implementados utilizando técnicas de Di-
nâmica dos Fluidos Computacional (CFD), envolvendo efeitos de termo capilaridade, ten-
são superficial, empuxo e convecção, fenômenos que influenciam a solidificação e os tipos
de cristais formados, conforme modelo implementado, Figura 5.138.
Figura 5.138 – Campo de temperatura da Poça de Fusão. Fonte: Poletz et al. (2008)
5. Tensões residuais
424
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
5.6.8 Simulações de Transformações Metalúrgicas e de Propriedades Mecânicas
Modelos de simulação de transformações metalúrgicas são obrigados a considerar a álgebra das trans-
formações de fase, de transientes de energia interna, de difusão, dentre outros fenômenos inerentes à
microestrutura e comportamento cristalino dos materiais, obviamente, mais ligado à área de estudos de
engenharia de materiais.
Na corrente das simulações multifísicas, tem havido estudos tentando incluir os efeitos das transfor-
mações metalúrgicas em simulações numéricas, através de simulação de soldagem, considerando o
efeito das transformações metalúrgicas em aços no estado de tensões residuais com a utilização de
malhas adaptativas em simulações termo-metalúrgicas de soldagem.
Além disto, é possível realizar simulações de transformações de fase através de modelos de transforma-
ção martensítica.
Transformações Transformações
metalúrgicas no metalúrgicas no
aquecimento resfriamento
resfriamento, adeve
No aquecimento, ser capaz de
transformação prever duas
austenítica transformações,
de AC1 a ferrítica,
para AC3, com a mudança perlítica e bainítica
da estrutura na
CCC ou
passagem de sendo
TCC para CFC AC3 para
umaAC1, em taxas
. de resfriamento baixas e intermediárias, com a mudança da
estrutura CFC para CCC sendo uma e a martensítica uma f(T) com uma estrutura TCC.
Vários modelos e possibilidades estão disponíveis para descrever a história metalúrgica para calcular as
mudanças nas proporções de Zi. Destacamos o modelo Johnson-Mehl-Avrami e Leblond para transfor-
mações de difusão (transformações de austenita, ferrite, perlita e bainita).
Uitlizamos o modelo Leblond para reproduzir o diagrama CCT. Este modelo é baseado em uma aborda-
gem fenomenológica e em equações do tipo cinético-químico. Essa abordagem também foi usada para
levar em conta o fenômeno de tempera, introduzindo uma fase temperada e uma transformação fictícia.
A equação é geralmente escrita da seguinte forma:
(5.29)
5. Tensões residuais
425
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
onde:
(5.30)
A integração da relação acima em temperatura constante dá a relação de JMA. Esse modelo pode repro-
duzir o diagrama CCT e TTT com o mesmo parâmetro.
6. Modelo Koïstinen-Marbürger
Esse modelo é aplicado para as transformações displaciva (transformação de martensita). Por isso, de-
pendem apenas da temperatura.
(5.31)
Onde:
Essas abordagens exigem determinação de curvas de Dilatometria e/ou Diagrama CCT e/ou Diagrama TTT.
5. Tensões residuais
426
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
Figura 5.139 – Arquitetura da simulação de soldagem.ç Fonte: Curso simulação de soldagem, ESI, 2015.
Como visto anteriormente, a utilização de um modelo completo pode consumir um recurso computa-
cional considerável e inviabilizar a simulação de soldagem. Por isso, em grande parte das aplicações,
a avaliação térmica e mecânica é suficiente para subsidiar a análise de tensões de uma junta soldada.
Todavia, em aplicações de materiais cujas propriedades finais necessárias para sua aplicação projetadas
são, fortemente, influenciadas pela microestrutura, a análise metalúrgica da ZAC e, em alguns casos, até
o comportamento da poça líquida, são necessários para que um comportamento próximo ao real seja
atingido por simulação.
5. Tensões residuais
427
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
oriundas da solidificação
6. Descontinuidades e
Defeitos Próprios à
Soldagem
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
6. DESCONTINUIDADES E DEFEITOS PRÓPRIOS À SOLDAGEM
Todos os materiais apresentam pequenas imperfeições não detectáveis pelos métodos convencionais de
ensaios não destrutivos (descontinuidades com dimensão abaixo da capacidade de detecção), como mi-
croporosidades, inclusões (óxidos, sulfetos, silicatos) e/ou microtrincas, além de defeitos microestruturais.
Descontinuidades
Descontinuidades Defeitos induzidos
introduzidas pelo processo
prévias à fabricação após a operação
fabricação
Gráfico 6.1 – Distribuição de defeitos durante a vida do equipamento. Fonte: o autor
6. Descontinuidades e
429
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Clique nos ítens.
Procedimento/
Metalúrgica Metal Base Em serviço
Processo
Em serviço
Metal Base
Metalúrgica
Procedimento / Processo
»» Fadiga, fluência,
Laminações,
Desalinhamento,
Efeitos mecânicos hidrogenação,
delaminações,
distorção, sulfetação,
decoesão
dimensão
(resistência etc.
lamelar,
final,
mecânica, costurasdureza)
tamanho
ductilidade, e dobras
da solda, sobreposição, perfil do cordão,
concavidade e convexidade e reforço excessivo
» Efeito/origem química (composição – transformação de fases, segregação, resistência a corrosão)
» »Falta de fusão,
Trincas falta(solidificação,
a quente de penetração, mordedura,
liquação inclusões
e redução (escória e tungstênio), trincas (a
da ductilidade).
quente/a frio, metal de base / metal de solda, transversal / longitudinal, de raiz, na margem, de
Trincas
»cratera, deinduzidas
garganta,pelo
sob ohidrogênio (trinca
cordão) trinca pelo hidrogênio,
retardada, Chevron
porosidade e olho
(dispersa, de peixe).alinhada),
agrupada,
»irregularidades da superfície (abertura
Trincas de reaquecimento de arco,
(fragilização respingo)
por envelhecimento por deformação, relaxamento,
sob o cordão e sob o revestimento).
» Fragilização pelo revenido – Segregação (Temper Embrittlement - fragilidade pelo revenido).
» Descolamento (disbonding).
» Fragilização por Precipitações.
Defeitos Defeitos
oriundos da oriundos do
manufatura material
Trincas induzidas
Concentrador de tensão Falta de fusão e Trinca de solidificação pelo hidrogênio
- morderura penetração e liquação
- desalinhamento .... Trincas oriunda do
Trincas pelo endurecimento
Inclusão de escória reaquecimento
Trincas oriunda
Defeito de forma do
de precipitação
cordão
(reforço excessivo, Trincas por redução de
Porosidade
respingo, concavidade) ductilidade/tenacidade Trincas lamelares
6. Descontinuidades e
430
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A Figura 6.2 ilustra os defeitos e descontinuidades que podem não apresentar direta influência meta-
lúrgica , sendo basicamente causados por falha da execução do processo ou de projeto.
trinca
entalhe mordedura
falta de penetração
perfuração
trinca de trinca de
liquação solidificação
trinca induzida
pelo hidrogênio
6. Descontinuidades e
431
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Os principais problemas em juntas soldadas após algum tempo de operação estão associados às se-
guintes causas: vibração, fadiga, fadiga térmica, fluência, corrosão ou erosão (ou combinação desses
fatores), descolamento, fragilização pelo revenido, fragilização por envelhecimento - strain-aging e fra-
gilização por precipitações, como fases sigma, chi, laves, entre outras.
Muitos defeitos de soldagem e imperfeições de montagem podem ser prontamente identificados e cor-
rigidos, evitando-se perda de tempo e atraso em projetos.
A inspeção visual é indispensável e nunca deve ser negligenciada ou relegada. A intensidade da ilumi-
nação necessária para uma boa inspeção visual deve apresentar no mínimo 1000 LUX (fotômetro ou
luxímetro), conforme a norma Petrobras N-1597.
As trincas podem ser classificadas na literatura em quatro tipos quanto à localização e orientação em
relação à junta soldada.
A classificação utilizada para caracterização de falhas em tubos de baixa liga sujeitos à alta temperatura
em plantas de geração de energia conforme o The Welding Institute - TWI são:
Trinca
Trinca Tipo
Tipo IV: localizadastransversalmente
II: orientadas na região de grãosoufinos na ZAC (inclui temperatura
longitudinalmente logoque
no cordão mais acima de A3 até
se estendem
Trinca
abaixo Tipo I:
III:
orientadas
localizadas
de A1),dea base. transversalmente
na região de ou
grãos longitudinalmente
grosseiros na ZAC no cordão.
(região supercrítica).
trinca geralmente é encontrada na região intercrítica ou na região super-revenida.
para o metal
6. Descontinuidades e
432
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
I
II
I III
IV
I
IV
II I III
A seguir, serão apresentados os três modos de formação das trincas: trincas a quente, trincas pelo hidro-
gênio e trincas de reaquecimento.
Saiba Mais
https://www.twi-global.com/technical-knowledge/job-knowledge/defects-hydrogen-
-cracks-in-steels-identification-045
https://www.twi-global.com/technical-knowledge/published-papers/hydrogen-cra-
cking-its-causes-costs-and-future-occurrence-march-1999
https://www.sciencedirect.com/topics/engineering/hydrogen-induced-cracking
https://www.youtube.com/watch?v=4Ft_q1bvsIM
https://www.youtube.com/watch?v=hOPHj3Xxcvk
Acessados em 17/09/2021.
6. Descontinuidades e
433
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
O aspecto da fratura é frágil e acontece quando a temperatura no resfriamento cai abaixo de 150ºC (trin-
ca a frio) na conjunção de três fatores simultâneos, Figura 6.5:
Nenhum desses fatores, isoladamente, provoca a trinca a frio nos aços considerados soldáveis. E a
supressão de somente um deles impede a formação da trinca a frio.
Ela pode ser denominada, também, como trinca retardada (delay cracking) porque, em alguns casos,
pode ocorrer em até 72 horas após o término da soldagem.
Algumas normas de fabricação, como a N-133, REV. N DE 2017, adotam a realização dos ensaios não
destrutivos (END) no passe de raiz após 48 horas nos materiais susceptíveis decorrentes disto.
O mecanismo para a trinca a frio não é integralmente conhecido e algumas teorias têm sido propostas.
6. Descontinuidades e
434
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Clique nos números para conher as teorias.
1 2 3 4
Beachen propôs que o hidrogênio migrasse para microscópicas deformações à frente da
trinca.
Entre as diversas teorias, o mecanismo descrevendo que os compostos que contêm hidrogênio se
decompõem na atmosfera do arco liberando hidrogênio atômico (H0 ) é um dos mais aceitos. As prin-
cipais fontes de hidrogênio são o revestimento orgânico dos eletrodos, umidade absorvida pelo reves-
timento dos eletrodos, particularmente os de baixo hidrogênio; umidade do fluxo, na soldagem a arco
submerso, compostos hidratados existentes na peça, como por exemplo, a oxidação, umidade do ar ou
do gás de proteção.
Esse hidrogênio migra para a ponta de uma pequena descontinuidade, como trinca, falta de fusão, vazio
ou inclusão alongada. As pontas das trincas são concentradoras de tensão, favorecendo o estado de
triaxialidade (região encruada rica em discordâncias). Sob o efeito de tração, a presença de entalhes nas
estruturas gera um estado triaxial de tensões conforme esquema da Figura 6.6.
Efeito da
trinca nas
linhas de
tensão
TENSÕES
TRATIVAS
Figura 6.6 – Representação esquemática da tendência de concentração e redistribuição de tensões devido à exis-
tência de um entalhe. Fonte: adaptada de apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
435
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Esse estado triaxial de tensão reduz a tensão cisalhante máxima, reduzindo a ductilidade do material
(dificultando a capacidade de deformação plástica), mostrado no círculo de Mohr da Figura 6.7.
Como a deformação plástica é induzida pela tensão cisalhante, devido à movimentação das discordân-
cias, a fratura de modo frágil está associada invariavelmente à presença de tensões triaxiais desenvolvi-
das nesse entalhe ou concentrador de tensão. Os círculos de Mohr ressaltam e ratificam de forma gráfica
a diferença das tensões cisalhantes máximas (estado biaxial e triaxial). Teoricamente, o círculo de Mohr
pode ser reduzido a apenas um ponto caso as três tensões sejam positivas e de mesma intensidade
(nesse caso não há cisalhamento, τ = 0, gerando uma fratura totalmente frágil).
τmáx
τ τ τmáx
σx σy σx σx σy
σ σ
Figura 6.7 – Círculo de Mohr mostrando o estado plano de tensão e o estado triaxial de tensões gerado pela
presença da trinca. Fonte: adaptada de apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Como o hidrogênio difunde para o pé das discordâncias (região plastificada /encruada) impede novas
deformações por cisalhamento , Figura 6.8. A trinca progride até parar em um determinado ponto do
material, e o processo se repete. O hidrogênio presente migra para a região onde há concentração de
tensão (ponta do defeito), travando as discordâncias e impedindo nova deformação. Essa região ten-
sionada e saturada de hidrogênio (encruada) não consegue deformar, e a trinca progride mais uma vez.
6. Descontinuidades e
436
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Tensão trativa
H H
H
H H
H
H
H H
H H
H H
H H H
Estrutura martensítica Estrutura martensítica
H H
H
Propagação H2
H2 H2 H2 H2
da trinca H
H
H H H
Estrutura martensítica
Figura 6.8 – Representação do processo de crescimento de trinca a frio com difusão do hidrogênio para região
plastificada diminuindo e propagando. Fonte: adaptado de apostila Descontinuidades de Junta Soldada,
Arno Cersosimo, 2012.
A progressão da trinca, que pode ser intergranular e transgranular, pode ser quase imediata ou levar
horas (dias), sendo o tempo da fratura função:
» do tratamento;
» da composição química do material;
» do estado de tensão;
» da quantidade de hidrogênio.
Em aços de maior resistência e, consequentemente, maiores valores de dureza, aumenta a possibilidade
da progressão de trinca seguir os contornos de grão da ferrita.
Importante!
Alguns códigos de projeto determinam que a inspeção através de ensaios não destrutivos seja rea-
lizada após 48h à soldagem (Por ex.: DNV e ASMEVIII Div I, UCS56 – Pn3, N-133, REV. N DE 2017, etc.).
6. Descontinuidades e
437
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Essa metodologia é aconselhável para os aços estruturas de baixa liga e alta resistência mecânica
(ARBL), podendo ser estendida para os aços baixa liga (Cromo-molibdênio e C-Ni).
A solda, no estado líquido, dissolve quantidades apreciáveis de hidrogênio. A solubilidade decresce com
a temperatura e de forma descontínua na solidificação e nas modificações alotrópicas, Figura 6.9. Con-
sequentemente, na fase final do resfriamento, a solda estará supersaturada em hidrogênio. A Figura 6.9
mostra que, enquanto o cordão se encontra com estrutura cristalina cúbica de corpo centrado (CCC), a
ZAC permanece CFC, havendo uma janela de tempo sob a zona de ligação.
H2O
Direção de
soldagem
H
α γ H
H H arco
H H H
H metal líquido
α’ γ
H H H H
trinca H
Figura 6.9 – Difusão de hidrogênio do metal de solda para a ZAC durante a soldagem. Fonte: o autor
Na soldagem similar, o consumível é normalmente menos temperável que o material de base por apre-
sentar menor percentual de carbono ou carbono equivalente. A transformação da “austenita” em “ferri-
ta” na zona fundida ocorre em primeiro lugar.
Na ZAC, a transformação da austenita é retardada por apresentar maior teor de carbono (ou CE), sendo
a transformação realizada com a zona fundida totalmente transformada.
Em outras palavras, enquanto o cordão se encontra com estrutura cristalina CCC, a ZAC permanece
CFC, havendo uma janela de tempo sob a zona de ligação.
Como o hidrogênio atômico no ferro α apresenta baixa solubilidade e alto coeficiente de difusão na fer-
rita, exatamente ao contrário de seu comportamento em relação à austenita, este migra do cordão para
a ZAC através da zona de ligação. Para comprender essa diferença, clique no ícone e entenda o compor-
tamento do hidrogênio em relação aos demais átomos.
6. Descontinuidades e
438
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Informação Importante
O hidrogênio é muito menor que os demais átomos metálicos e sua difusão é realizada de
forma mais rápida (pequena massa) em relação aos demais átomos intersticiais (e eviden-
temente qualquer átomo substitucional). Em comparação com a mobilidade do hidrogênio,
outros átomos da matriz, praticamente podem ser considerados imóveis, Figura 6.10. A aus-
tenita apresenta maior solubilidade e menor difusividade que a ferrita (hidrogênio). Embora
a estrutura cristalina CFC seja mais compacta que a CCC, os espaços internos (interstícios)
são maiores, porém, em número reduzido (fator de empacotamento menor).
Quando a temperabilidade da zona fundida for inferior à da zona afetada pelo calor – que é uma situ-
ação relativamente frequente em virtude do menor teor de carbono da solda -, o hidrogênio pode mi-
grar para esta ZAC. O hidrogênio fica retido na zona fundida quando sua temperabilidade é superior
ou quando tem estrutura austenítica.
A ação simultânea desses três fatores é responsável pelo aparecimento de trincas a frio.
A têmpera poderá ser inevitável como nos aços baixa liga cromo-molibdênio (Cr-Mo) ou por descuido,
como, por exemplo, em peças preaquecidas incorretamente ou aportes térmicos menores que os indi-
cados em chapas grossas. A fragilidade da martensita depende da composição química do aço. Sabe-se
que a ação fragilizante do hidrogênio é muito mais pronunciada nas martensitas ricas em carbono.
A maior parte do hidrogênio em supersaturação se difunde e abandona a solda após um tempo que,
como em todo mecanismo de difusão, depende da temperatura. A 250°C, o hidrogênio difusível é eli-
minado em poucas horas. Essa é a temperatura utilizada para o pós-aquecimento, necessário para a
soldagem de materiais altamente susceptíveis a trinca a frio.
Os volumes de hidrogênio no metal são medidos em mililitros de hidrogênio dissolvido por 100 g de me-
tal de solda, e os valores da solubilidade estão apresentados na Figura 6.10. Somente para recordar que
os valores de referência para a soldagem com eletrodos revestidos básicos secos é de 5 a 8 ml/100g H2
e do eletrodo celulósico aproximadamente 20 a temperatura ambiente. Dessa maneira, o controle dos
consumíveis pode ser um fator importante no controle da trinca a frio.
6. Descontinuidades e
439
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
35 Líquido
25
20
15
10 γ α
5 α
As normas ISO/TR – 17844:2004 (Comparison of Standarised Methods for the Avoidance of Cold Cracks)
e AWS D14.8M:2009 (Standard Methods for the Avoidance of Cold Cracks) trazem métodos para evitar
trinca a frio. Esse método é baseado no conceito que a trinca de hidrogênio pode ser controlada através
da dureza da ZAC, ou seja, não ocorrerá trinca pelo hidrogênio caso a dureza não atinja um valor crítico
(≤ 350 HV e consumível de alto hidrogênio). Na ZAC, a transformação da austenita é retardada por apre-
sentar maior teor de carbono (ou carbono equivalente - CE), sendo a transformação realizada com a zona
fundida totalmente transformada. Deve ser notado que o CE é um indicativo, pois outros fatores devem
ser considerados, como o nível de hidrogênio, umidade, espessura da seção e grau de restrição.
O método do CE do IIW utilizado na norma ISO 17844 é dado pela Equação 1 e é válido segundo algumas
premissas.
Equação 1 – Fórmula do Carbono Equivalente. Fonte: isO 17844 - Welding Comparison of standardised me-
thods for the avoidance of cold cracks - First Edition, 2004.
6. Descontinuidades e
440
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Clique nos números para conher as premissas.
1 2 3 4
Silício ≤ 0,8
Manganês ≤ 1,7
Cromo ≤ 0,9
Cobre ≤ 1,0
Níquel ≤ 2,5
molibdênio ≤ 0,75
Vanádio ≤ 0,20
Quadro 6.1 – Intervalos em percentagem dos elementos para cálculo do CE. Fonte: iso TR 17844 - Welding
Comparison of standardised methods for the avoidance of cold cracks - First Edition, 2004
De uma forma geral, o Quadro 6.2 apresenta uma relação inicial de soldabilidade com o valor de carbono
equivalente. Entretanto, esses valores devem ser avaliados em conjunto com outras variáveis, como es-
pessura a ser soldada, nível de restrição da junta, aporte térmico utilizado, entre outros.
6. Descontinuidades e
441
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Diversas fórmulas foram desenvolvidas para estimar essa temperabilidade em função da aplicação e
estão descritas no Quadro 6.3.
Observamos a diferença de valores do CE com diversos aços e diversas fórmulas. Por isso, a aplicação
deve ser levada em consideração na aplicação das fórmulas. A N-133, REV. N DE 2017 adota a fórmula
genérica do IIW, contudo para aplicações mais específicas e com maior grau de responsabilidade outras
abordagens podem ser necessárias.
O fato de o hidrogênio ter uma concentração suficiente e uma distribuição localizada ajuda no apareci-
mento da trinca a frio.
Valor de CE
Grupo Equação
Aço A Aço B Aço C
Aço C Si Mn P S Cr Mo Ni B Cu Nb V
A - Estrutural
0,247 0,35 0,68 0,014 0,012 - - - - - - -
(YP350)
B - Offshore
0,09 0,17 0,17 0,005 0,002 - - 0,27 - 0,25 0,01 -
(YS350)
C - Duto
0,05 0,25 0,25 0,005 0,001 - 0,21 0,32 - - 0,05 -
(API X65)
Quadro 6.3 – Fórmulas de carbono equivalente para diversas condições e aplicações. Fonte: Minicurso Rio
Welding 2016 – Stephen Liu
6. Descontinuidades e
442
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Como avaliação das fórmulas de CE, podemos dizer que:
Grupo
Grupo D:C: aas
B: a fórmula
utilização
fórmulas proposta
do
dogrupopor
grupo BCYurioka
atende (grupo
aços
são indicadas D),
deparasegundo
condição o próprio,
de açosapresenta
intermediária,
soldagem não maior
quebaixo
com podem versatilidade
ser(aços
carbono classifi-
de
Grupo
em A:
relação as àfórmulas
composiçãodo grupo A
químicase prestam
dos aços. para aços mais antigos com carbono de 0,15% a 0,30%C.
cados como A ou C.
fabricação mais moderna), como os tubos de baixo carbono termomecanicamente processados para
pipelines. Além disso, conferem mais significância ao carbono e menos aos elementos de liga na sol-
dabilidade quando comparadas ao grupo A.
O carbono equivalente Pcm dá informações sobre suscetibilidade à trinca a frio. O Pcm é a mais utilizada
na indústria do petróleo e é aplicável a materiais com o carbono inferior a 0,12%. Como pode ser visto
na equação do Pcm do Quadro 6.3, o boro (B) cria a maior suscetibilidade à trinca a frio. Isso significa que,
quanto maior o teor de boro, mais suscetível é o aço à trinca a frio.
Para melhorar a resistência à fadiga de uma solda, o boro tem que ser limitado para garantir uma boa
soldabilidade. Para conseguir uma junta soldada com alta resistência e tenacidade suficientes para o
projeto sem trincas a frio, cada elemento de liga no metal de solda deve estar entre os limites inferior e
superior mostrado na Tabela 6.1. Observe:
Tabela 6.1 - Agrupamento do índice de susceptibilidade de trinca. Fonte: isO 17844 - Welding Comparison of
standardised methods for the avoidance of cold cracks - First Edition, 2004.
6. Descontinuidades e
443
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Aços com baixos teores de carbono são considerados soldáveis, mesmo com valores de carbono equiva-
lente mais elevados, como mostra o Gráfico 6.2.
Zona 2 Zona
Soldável Difícil
0,20
Aço carbono Aço de alta
resistência
0,10
Zona
Soldagem fácil Aço de alta resistência
e baixa liga
0
0,20 0,40 0,60 0,80
Gráfico 6.2 – Influência do carbono equivalente e teor de carbono na soldabilidade da liga. Fonte: adaptado de
isO 17844 - Welding Comparison of standardised methods for the avoidance of cold cracks - First Edition, 2004.
» líquido penetrante;
» partícula magnética;
» ultrassom.
Geralmente acontece na ZAC para materiais tenazes, como nos aços carbono e TMCP, pois, nos metais
de solda, a microestrutura formada grandemente por ferrita acicular tem sua forma controlada pela
adição de elementos na formulação dos consumíveis de forma a garantir uma boa relação resistência/
tenacidade.
A trinca a frio geralmente está associada ao estado de triaxialidade de tensões, como nos casos de
juntas que apresentem grandes restrições, como chapas grossas, ou que estejam na presença de en-
talhes mecânicos ou metalúrgicos. Essa regra não é geral, pois a trinca pode ocorrer com baixos níveis
de tensão (baixas tensões residuais e restrição) e em materiais temperáveis ou de alta resistência mecâ-
nica. Por isto, a restrição do seu valor no Quadro 6.4, retirada da N-133, REV. N DE 2017.
6. Descontinuidades e
444
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Atenção
Ratificando que somente temos que eliminar uma das três causas da TIH.
Metais base com maior resistência mecânica toleram menos hidrogênio do que os de menor teor e, de-
corrente disso, temos os valores de hidrogênio difusível no metal de solda descrescentes.
O Quadro 6.4 é somente para FCAW, pode ser utilizado como referência para os demais processos de
forma conservativa e serve para avaliar este efeito de que, com o aumento da resistência do metal
base, é necessário que seja diminuído o valor de hidrogênio difusível.
Quadro 6.4 – Limite de hidrogênio difusível no metal de solda FCAW. Fonte: N-133, REV. N DE 2017
Isso é facilmente explicado pelo fato de que o estado de tensões necessário para a trinca propagar
está associado com a soma entre os valores de tensões residuais de soldagem e de tensões externas
(como tensões advindas do resfriamento de outras juntas soldadas, do peso próprio, do teste hidros-
tático, entre outras).
Esses materiais apresentam adições de elementos de liga para aumento da resistência mecânica (ou
alto carbono como no caso dos aços AISI para construção mecânica) e apresentam microestrutura dura
na ZAC e zona fundida. O Gráfico 6.3 apresenta a diminuição de dureza relacionada com o aumento do
tempo de resfriamento. O aumento do endurecimento da liga faz com que o ponto tm se desloque para
tm ‘, isto é, para ∆t8/5 maiores a microestrutura permanece martensítica, deslocando a curva para a direi-
ta. O menor teor de carbono leva a uma diminuição geral do valor de dureza da ZAC, além de diminuir a
diferença entre os valores de dureza com o aumento do tempo de resfriamento.
6. Descontinuidades e
445
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
tm - ∆t8/5 crítica para 100% de martensita
Aço médio
carbono
tm tm’
Dureza na ZAC
aumento do
endurecimento
Aço baixo
carbono
aumento do
endurecimento
∆t8/5 para soldagem
com baixo aporte
A medição de dureza é muito útil na previsão da resistência mecânica, e o valor de 350 HV é aplicado
como referência, pois empiricamente se mostra eficaz na previsão da quantidade de martensita existen-
te na estrutura ferrítica que não torna o material susceptível a TIH para os aços em carbono, em geral
em aplicações sem a presença significativa de hidrogênio. Porém, se for utilizado com consumível de alto
hidrogênio, um material de alta resistência mecânica ou, ainda, na presença de H2 S, menores valores de
dureza são necessários para que a trinca a frio aconteça, como em um aço de baixa resistência mecânica.
Importante!
Em algumas aplicações específicas, esse valor deve ser reduzido para 300 HV
quando é necessária garantia da tenacidade.
6. Descontinuidades e
446
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
De uma forma prática, o aço carbono e, principalmente, o aço baixa, média e alta liga (como o inoxidável
martensítico) são mais suscetíveis à trinca pelo hidrogênio quando:
1 2 3 4 5 6 7 8
Quando submetido a um ciclo térmico de soldagem extremamente rigoroso (alta velocidade
de resfriamento).
Quando a soldagem é realizada de forma heterogênea, utilizando consumível não temperável de microes-
trutura austenítica (aço austenítico ou liga de níquel), o hidrogênio se concentrará no cordão e em condi-
ções normais não haverá trinca por hidrogênio, embora a ZAC possa estar dura com microestrutura mar-
tensítica, como no caso dos aços temperáveis ao ar. Exemplo de junta dissimilar (ferrítico + austenítico).
Na soldagem de revestimento, quando depositamos um material austenítico sobre um aço ferrítico, po-
demos ter possibilidade de trinca a frio na região de diluição, o chamado disbonding.
Resumindo:
» A trinca pode ocorrer em aços temperáveis ou não (mas com relativo alto % de carbono ou car-
bono equivalente) com baixo percentual de hidrogênio e presença de entalhes.A trinca pode
ocorrer em aços não ligados (mas com relativo alto % de carbono ou carbono equivalente) na
presença de “muito hidrogênio”, com ou sem participação de entalhes. A trinca “sem entalhes” é
conhecida como trinca sob o cordão (tensões resultantes apenas do ciclo de soldagem).
Na realidade, não existe soldagem sem presença de algum tipo de entalhe. Deve ser evitado sempre que
possível os concentradores de tensão, como: soldagem de penetração parcial (entalhe na raiz) e reforço
excessivo da face e raiz (evitar ou adoçar cantos vivos) em qualquer condição. Efeito do reforço também
é deletério na resistência à fadiga (concentrador de tensão).
6. Descontinuidades e
447
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
6.1.1.2 Preaquecimento
O preaquecimento reduz a velocidade de resfriamento e contribui de duas formas na soldagem.
Figura 6.11 – (a) Queima de gás (chama) – tambor de coque, (b) Indução - soldagem de duto (Trans-Alaska).
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Na realidade, o estado de tensões necessário para a trinca pode estar associado às tensões residuais
de soldagem e tensões externas (interação de tensões pelo resfriamento de outras juntas soldadas,
peso próprio, teste hidrostático, etc.).
6. Descontinuidades e
448
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Como já discutido anteriormente, as microestruturas frágeis, como a martensita e a bainita (integral ou
parcial na estrutura), são susceptíveis a trinca a frio e têm sua presença correlacionada com a medição de
um valor de dureza mais elevado, em geral acima de 350 HV. Abaixo desse valor de dureza, na maioria dos
casos, mesmo a soldagem sendo realizada com consumível de alto hidrogênio, a trinca a frio costuma
ser menos provável em aços de mais baixa resistência mecânica. Em aplicações as quais a junta não será
exposta ao hidrogênio, o valor de 300 HV normalmente é suficiente para prevenir a trinca a frio, entre-
tanto não significa que a junta esteja isenta de qualquer tipo de preocupação. Em algumas aplicações
específicas, esse valor deve ser reduzido.
1. Em juntas em que a tenacidade é um fator crítico, é uma boa prática limitar a dureza em 300 HV.
2. Na presença de H2 S, o valor de dureza no aço carbono não deve exceder a 200 HV. Para outros ma-
teriais deve atender ao Quadro 6.5 conforme NACE.
Dureza máxima exigida para aços C-Mo e Cr-Mo para trabalho com H2S, Dureza Brinell
Quadro 6.5 – Dureza máxima requerida para materiais C-Mo e Cr-Mo quando há exposição de H2 S.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Os aços de baixo carbono e baixa liga com baixa e média resistência mecânica, geralmente, não apresen-
tam maiores riscos de trinca a frio quando são tomados os cuidados essenciais mínimos de soldagem,
atendendo aos códigos de projeto e procedimentos qualificados e aprovados.
» A trinca pode ocorrer em aços temperáveis ou não (mas com relativo alto % de carbono ou car-
bono equivalente) com baixo percentual de hidrogênio e presença de entalhes.
» A trinca pode ocorrer em aços não ligados (mas com relativo alto % de carbono ou carbono equi-
valente) na presença de “muito hidrogênio”, com ou sem participação de entalhes. A trinca “sem
entalhes” aparente é conhecida como trinca sob o cordão (tensões resultantes apenas do ciclo
de soldagem).
Observações:
6. Descontinuidades e
449
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Clique nos números para conhecê-las.
1 2 3
Efeito do reforço excessivo também é deletério na resistência à fadiga, pois atua como um
concentrador de tensão, Figura 6.13.
Mordedura Concentrador
de tensão
Perfuração
6. Descontinuidades e
450
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defeitos próprios à soldagem
10
4 Chapa
3
original
Chapa
2 usinada
1
Figura 6.13 – Fator de concentração de tensão em soldas de topo em função do ângulo de reforço da junta.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
As trincas pelo hidrogênio podem ocorrer nas juntas soldadas em diversas posições, conforme Figura 6.14.
Trinca Trincas
na transversais
margem
Trinca
Trinca sob
na raiz cordão
6. Descontinuidades e
451
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A Figura 6.15 apresenta a trinca por hidrogênio chamada de Trinca Sob o Cordão (Underbead Crack)
em uma junta em ângulo que pode ser longitudinal ou transversal na região da ZAC e, dependendo da
posição, não pode ser detectada por inspeção visual.
Trinca sob
cordão
Trinca sob
cordão
Figura 6.15 – Trinca sob o cordão
A Figura 6.16 apresenta a trinca pelo hidrogênio chamada de trinca na margem (Toe Crack).
Trinca na
margem
6. Descontinuidades e
452
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Trinca transversal pelo hidrogênio resulta geralmente da ação da tensão longitudinal gerada na contra-
ção do metal de solda que apresenta baixa ductilidade.
Figura 6.17 – Trinca transversal. Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Observe a diferença entre a soldagem realizada de forma homogênea e a soldagem realizada de forma
heterogênea.
Grupo A Grupo B
Quando a soldagem é realizada de forma heterogênea, utilizando consumível não temperável de mi-
Quando a soldagem
croestrutura é realizada
austenítica de formaou
(aço austenítico homogênea, utilizando
liga de níquel), consumível
o hidrogênio mais temperável
se concentra no cordãoque
e emo
material
condições denormais
base, a não
“janela de tempo”
há trinca se comporta
por hidrogênio, de forma
embora inversa,
a ZAC possaou seja,dura
estar a difusão do hidrogênio
com microestrutura
se dá da ZAC para o cordão de solda. Nesse caso, o hidrogênio encharcará o cordão.
martensítica como no caso dos aços temperáveis ao ar. A Figura 6.18 demonstra uma junta A trinca nesse
dissimilar
caso é no cordão e pode
(ferrítico + austenítico). assumir direção longitudinal ou transversal.
6. Descontinuidades e
453
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
ZAC de grãos ZAC de alta ZAC de baixa
grosseiros temperatura temperatura
Região parcialmente
fundida
Figura 6.18 – Exemplo de junta dissimilar. Fonte: o autor
Obs.: para o aço carbono com serviço com hidrogênio consideramos valores menores do que 250 HV ou
200 HB conforme norma ANSI/NACE MR0175/ISO 15156-1:2015 - Petroleum, petrochemical, and natu-
ral gas industries — Materials for use in H2S-containing environments in oil and gas production — Part
1: General principles for selection of cracking-resistant materials.
b. Carbono Equivalente:
A composição química, embora isoladamente não seja determinante das propriedades mecânicas dos
aços carbono e ligados, na soldagem apresenta papel fundamental na transformação da microestrutura
pelo efeito dos ciclos térmicos, influenciando de forma significativa as propriedades mecânicas.
É um método simples empiricamente desenvolvido pelo IIW e utilizado pelos códigos da British Stan-
dards por aproximadamente 25 anos. Leva em consideração o CeIIW , o hidrogênio difusível, aporte de
calor e espessura combinada.
Assim, temos os seguintes passos para determinar a temperatura de preaquecimento em juntas soldadas:
6. Descontinuidades e
454
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defeitos próprios à soldagem
Clique nos números para conhecê-los.
1 2 3 4 5 6 7
d Espessura mm 10 ≤ d ≤ 90
HD >15 A
10 ≤ HD ≤ 15 B
5 ≤ HD < 20 C
3 ≤ HD < 5 D
HD ≤ 3 E
Quadro 6.6 – Escala de hidrogênio. Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
455
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defeitos próprios à soldagem
Saiba Mais
Mais detalhes podem ser obtidos na norma ISO/TR – 17844:2004 (Comparison of Stan-
darised Methods for the Avoidance of Cold Cracks) e AWS D14. 8M (Standard Methods for
the Avoidance of Cold Cracks). As normas descrevem e detalham os quatro métodos de
cálculo de preaquecimento (CE, CET, CEN, Pcm ).
Em alguns aços pode ser também utilizado para evitar a transformação martensítica, promovendo mi-
croestruturas menos frágeis. Quando o aço é temperável ao ar, independentemente dos cuidados toma-
dos (preaquecimento e pós-aquecimento), a transformação em martensita é inevitável.
Atenção
6. Descontinuidades e
456
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
6.1.1.6 Limpeza, Cuidados e Remoção de Umidade:
a. remover óxidos, graxas, carepas e tintas antes da soldagem (combustão de produtos orgânicos);
b. eliminar umidade sobre as chapas (condensada);
c. proteção contra chuva, orvalho e vento úmido;
d. não utilizar fluxos ou eletrodos úmidos (utilizar fluxo e eletrodos básicos → tratamento e manu-
seio de consumíveis);
e. varetas e arames não devem apresentar óxidos.
O tempo máximo de exposição indicado segundo a AWS D1.1 e AASTHO pode ser excessivo em alguns
casos (função do material de base, umidade relativa, espessura e grau de restrição).
E70XX 4
E80XX 2
E90XX 1
E1XXXX 0,5
Quadro 6.7 – Tempo de exposição atmosférica máxima para eletrodos baixo hidrogênio. Fonte: o autor
A Figura 6.19 apresenta faixas esperadas para o hidrogênio difusível nos processos convencionais a arco
elétrico com e sem proteção gasosa.
FCAW-G
CO2
Eletrodo nu e
fluxo seco SAW
6. Descontinuidades e
457
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Três testes para verificação da susceptibilidade da trinca a frio merecem destaque:
Teste
TEKKEN de -Implante
Utilizado(Implant - Mostra aJaponesa
test) Industrial
pela Norma evolução JIS-Z-3158,
da susceptibilidade
avalia a àsusceptibilidade
trinca de hidrogênio na
à trinca
Ensaio
ZAC do G-GOP
metal de base.
(Gapped Bead
Uma on Plate)
amostra cilíndrica do
- Utilizadomaterial de teste
para avaliação é
da introduzida
trinca a frioem
no um furo
metal dee solda.
poste-
a frio do metal de depositado e ZAC. Considerado muito severo e restritivo . Existe uma variação
Consiste de
riormente dois blocos,
soldada. sendo que
atéem umtemperatura
deles é criado um entalhe (usinado). Os blocos são fixa-
desste ensaio que éApós resfriar
conhecido como uma
Y e que predeterminada
visa verificar (temperatura
a susceptibilidade escolhida
do metal de solda.para
O
dos
o e o cordão
teste) uma depositado
carga é sobre o entalhe. Após 48h, o conjunto é aquecido ao rubro e, após esfriar,
aplicada.
preaquecimento pelo método TEKKEN costuma ser conservativo. Os critérios do teste estão descri-
quebrado. Uma superfície e fratura oxidada indicam uma trinca preexistente.
tos na norma ISO 17642-2, 2005.
Arco
t/2
t > 10
Região a ser realizada a
solda de teste
Solda
Solda de
A
Solda de
ZAC 2 ± 0,2
Direção de
soldagem Suporte
A'
Figura 6.22 – Ensaio G-GOP. Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
CP de
implante
Carga
Figura 6.20 – Teste de susceptibilidade Tekken. Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno
Figura 6.21 – Diagrama esquemáticoCersosimo,
do Implant2012.
Test. Fonte: apostila Descontinuidades de
Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
As trincas Tipo Chevron (Chevron Cracking ou 45° ou Staircase) são ocasionadas pelo hidrogênio e foi
pela primeira vez identificada no final da década de 1960, na zona fundida de algumas juntas em plata-
formas de petróleo. Está associada a soldagens multipasse em aço carbono de parede grossa. O meca-
nismo apresenta controvérsia, porém esse tipo de trinca frequentemente tem sido atribuído a descuidos
na fabricação ou má conservação ou manutenção de fluxos básicos (como a absorção de umidade), prin-
cipalmente para arco submerso (SAW), embora na literatura seja possível encontrar algumas referências
aos processos eletrodo revestido básico (SMAW) e arame tubular (FCAW).
6. Descontinuidades e
458
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A trinca tipo Chevron (V) também é conhecida como em ziguezague (staircase) ou 45° e apresenta
como mecanismo a dissociação da molécula de água durante a soldagem em hidrogênio e oxigênio.
Importante!
A trinca tipo Chevron evidencia uma trinca atribuída ao hidrogênio, entretanto com
aspecto totalmente singular e característico. As trincas algumas vezes são relati-
vamente retas, mas costumam assumir forma de ziguezague.
Figura 6.23 – Trinca tipo Chevron na zona de recristalização da solda. Fonte: apostila
Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
A Figura 6.24 mostra a típica trinca tipo Chevron, pequenas trincas intergranulares (grão colunar) unidas
por uma fina trinca transgranular (configuração em ziguezague a 45°). Quando a soldagem é realizada
com o fluxo úmido, há dissociação em oxigênio e hidrogênio. O oxigênio pode formar óxidos no cordão
ou recombinar e evaporar, já o hidrogênio aprisionado no resfriamento pode provocar trincas (Welding
Journal).
6. Descontinuidades e
459
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.24 – Trinca tipo Chevron. Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
1 2 3
Outras pesquisas indicam que todo o processo se desenvolve abaixo de 100 ºC.
Como forma de mitigação, podemos citar o uso de consumíveis/ fluxos fabricados com reduzida sus-
ceptibilidade e controle no armazenamento e manutenção dos mesmos e preaquecimento na solda-
gem quando requerido (superfície sem umidade).
As trincas olho de peixe (Fisheyes Cracking) são um defeito típico dos cordões de solda de microes-
trutura ferrítica na presença de hidrogênio residual (hidrogênio que permanece no cordão). Pode ser
observado geralmente na fase de qualificação de procedimento, quando o corpo de prova é tracionado
com baixa velocidade de carregamento (deformação), como no teste de tração e dobramento.
6. Descontinuidades e
460
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Importante!
Embora o cordão após soldagem possa não apresentar defeitos significativos, a trinca olho de peixe está
associada à formação de pupilas, poros ou outras imperfeições no centro da poça fundida quando sub-
metido ao esforço trativo no regime plástico na presença de hidrogênio durante o resfriamento.
A região central do corpo de prova, onde se localiza o poro, rompe de modo frágil pela interligação
dos pequenos defeitos (clivagem ou quase-clivagem), sendo que o restante do material adjacente ao
defeito rompe geralmente de forma dúctil.
Algumas teorias foram formuladas para explicar a redução da resistência mecânica associada a um
valor relativamente alto de hidrogênio. Abaixo podemos citar duas destas teorias:
1. O hidrogênio residual no cordão após a soldagem migra para regiões específicas (armadilhas de hi-
drogênio), como inclusões preexistentes de sulfeto de manganês (MnS), aglomerados de pequenos
poros, silicatos ou Al2O3 no centro do corpo de prova (região que mais se aproxima da triaxialida-
de), e estas, ao serem solicitadas, trincam de forma frágil envolvendo certo raio. As microtrincas
são formadas pelo mecanismo de decoesão da inclusão (partícula de segunda fase) com a matriz.
2. Durante a deformação plástica, surgem pequenas trincas radiais nas regiões onde estão presentes
armadilhas para o hidrogênio. A propagação das trincas cessa quando a estricção atinge um valor
razoável, quando há aumento na velocidade ou taxa de carregamento. A propagação radial atinge
certa distância de modo frágil e é imobilizada (suspensa) pelo aumento da taxa de carregamento
(alta taxa), sendo que o restante do material se rompe de forma geralmente dúctil.
As imagens da Figura 6.25 apresentam a região de fratura frágil (central) e fratura dúctil (rugosidade e
microcavidades).
6. Descontinuidades e
461
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.25 – Trincas tipo olho de peixe. Fonte: apostila Descontinuidades de
Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Atenção
Para mitigar a formação de trinca tipo olho de peixe, devemos ter a seleção dos parâmetros apropriados
de soldagem, utilização de consumíveis de baixo hidrogênio e, sempre que possível, com maior resis-
tência mecânica do que o material de base (σr). Obviamente, além dos demais cuidados operacionais
necessários para a soldagem de juntas (sem a presença danosa do hidrogênio).
6. Descontinuidades e
462
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
6.2 Trincas a Quente
Algumas descontinuidades localizadas na zona fundida ou na zona afetada pelo calor estão asso-
ciadas à alta temperatura e, genericamente, são conhecidas como “trincas a quente”. As trincas a
quente apresentam acentuada redução da ductilidade durante o resfriamento conforme repre-
sentado na Gráfico 6.4.
Deformação, alongamento, %
Trinca de Trinca de
redução de segregação
ductilidade
Trinca
por
reduçã
o
A família de descontinuidades que são associadas à altas temperaturas, são denominadas trincas a
quente e são classificadas conforme abaixo.
1. Trinca de solidificação.
2. Trinca de liquação.
3. Trincas de redução de ductilidade durante o resfriamento.
De forma sucinta, nas trincas de solidificação e liquação, a redução da ductilidade está associada à
segregação e na trinca por redução da ductilidade ocorre em temperaturas bem abaixo da tempera-
tura de solidificação.
O Gráfico 6.5 mostra a redução de volume durante a passagem da fase líquida para a sólida (temperatura
liquidus x temperatura solidus).
6. Descontinuidades e
463
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Contração
no líquido
Variação de volume
Contração durante
a solidificação
Contração
no sólido
Faixa de
solidificação
TS TL
Temperatura
Gráfico 6.5 – Variação de volume durante solidificação. Fonte: o autor
Para entender o início da solidificação, clique no ícone e veja como onde ela ocorre.
Informação Importante
A solidificação é iniciada na “parede fria” da ZAC onde os átomos oriundos do metal líquido
ocupam posições na rede cristalina e o crescimento se dá perpendicularmente à interface
líquido/sólido, crescimento epitaxial. Tem início nos pontos de maior gradiente térmico e
os cristais tomam a mesma orientação cristalográfica dos grãos da ZAC quando o metal
de base e o metal de adição apresentam mesma composição química e estrutura cristalina
(soldagem homogênea).
6. Descontinuidades e
464
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A velocidade de soldagem é uma importante variável na trinca de solidificação, pois em altas velocida-
des a poça de fusão assume a forma de gota, diferente da forma elíptica usual em baixas velocidades,
Figura 6.26.
Dessa forma, com alta velocidade de soldagem, os cristais, que crescem perpendicularmente ao “rabo”
da gota, não mudam de direção, diferente do que acontece na solidificação da poça com baixa velocidade
de soldagem. Isso faz com que os grãos colunares se encontrem no final da solidificação no centro do
cordão de solda, Figura 6.27.
Fonte de
Isotermas calor alta velocidade
Rmáx de soldagem
Metal
líquido
Linha de fusão
Metal
base
Fonte de
Isotermas calor baixa
Rmáx velocidade de
soldagem
Metal
líquido
Linha de fusão
Metal
base
Figura 6.27 – Crescimento epitaxial em com grãos colunares crescendo perpendicular à linha de fusão em alta
e baixa velocidade de soldagem. Fonte: o autor
6. Descontinuidades e
465
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Quando o cordão de solda inicia o processo de solidificação, os grãos colunares crescem a partir da
ZAC em direção ao centro do cordão e expulsam os átomos solutos (impurezas) para a região líquida
situada na região adjacente à frente de solidificação. Os átomos solutos, ao formarem compostos eu-
téticos com o ferro, abaixam a temperatura solidus em relação aos cristais já solidificados em uma região
líquida e sob o efeito das tensões residuais trativas. A região interdendrítica não resiste a esses esforços
gerados na contração do cordão (tensão e deformação são geradas no metal de solda se este não pode
contrair livremente), acarretando em uma trinca interdendrítica , Figura 6.28.
Tensões Tensões
compressivas trativas
trinca no centro
do cordão
Segregação e formação
de eutético de baixo ponto
de fusão
linha solidus
Nos aços e ligas de níquel, a trinca de solidificação está geralmente associada ao enxofre ou fósforo; no
alumínio, à presença de magnésio; e, nas ligas de cobre, ao chumbo.
Importante!
Processos de soldagem de alto aporte de calor, como arco submerso, pela alta
velocidade de soldagem são mais susceptíveis a trinca de solidificação.
Como o enxofre possui um baixo coeficiente de partição k = 0,02, ou seja, sua concentração no sólido (CS)
é muito menor do que a concentração no líquido (CL ), ele tem uma tendência forte de se segregar nos
aços e ligas de níquel. Elementos como o boro e fósforo também apresentam essa característica.
6. Descontinuidades e
466
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Dessa forma, a quantidade e presença de fases ou eutéticos de baixo ponto de fusão torna as ligas
susceptíveis à trinca de solidificação. O Quadro 6.8 (Folkhard) apresenta estruturas de baixo ponto de
fusão e os respectivos pontos de fusão. O coeficiente de partição na austenita é sempre inferior ao
da ferrita e isso mostra que a solidificação como austenita pode ser mais prejudicial para a trinca de
solidificação.
6. Descontinuidades e
467
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Líquido Líquido
L+S L+S
Sólido Sólido
Existe uma quantidade ótima de líquido no contorno de grão que pode evitar a trinca, de forma que
os espaços interdendríticos sejam constantemente preenchidos por mais líquido até o final da soli-
dificação (distribuição entre os braços das dendritas). Se a tensão superficial no contorno de grão for
muito baixa, há propensão à trinca na interface líquido/sólido quando submetido aos esforços trativos
gerados no resfriamento. A tensão superficial deve ser suficiente para preencher o contorno sem redu-
zir a resistência da ligação sólido/líquido, conforme demonstrado na Figura 6.30 (M.Wolf, H.Schobbert,
T.H.Böllinghaus / Federal Institute for Materials Research and Testing/Berlin/Germany).
Fluxo de metal
líquido ( taxa de
alimentação de
líquido - TAL)
para compensar a
taxa de contração
Formação de trinca de
solidificação se TAL < MDV
Figura 6.30 – Modelo de taxa de alimentação de líquido (TAL) e taxa de superfície. Fonte: o autor
6. Descontinuidades e
468
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A presença de impurezas segregadas, como o enxofre, aumenta a fluidez do líquido e, se tiver uma quanti-
dade excessiva dessa impureza, pode preencher os contornos de grão das dendritas e da ZAC, Figura 6.31.
Zona de
ligação Resfriamento do
Metal metal de solda
líquido
dendrita liquid
us
Temperatura
sol
idu
s
Grãos colunares grosseiros (grandes) são mais sensíveis à trinca de solidificação do que os equiaxiais (ou
mesmo os colunares menos grosseiros), o que permite utilizar técnicas (quando possível) para refinar o
grão da zona fundida. Alguns exemplos estão mostrados abaixo:
1 2 3
A oscilação magnética do arco elétrico contribui para o refino do grão em algumas ligas (por
ex.: alumínio, aços inoxidáveis ferríticos) e reduz a susceptibilidade à trinca de solidificação
por forçar periodicamente a mudança na orientação dos grãos colunares. O resultado final
será função da oscilação, da amplitude e demais parâmetros de soldagem (tensão, corrente,
velocidade de soldagem).
6. Descontinuidades e
469
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A geometria da junta pode favorecer a ocorrência de trinca de solidificação pela maior tendência de
segregação, concentração de filme eutético ou átomos solutos de baixo ponto de fusão no centro do
cordão (por ex.: Duplo J e Narrow Gap).
Na Figura 6.32, pode ser observado o crescimento por epitaxia dos grãos colunares em uma junta de
topo em aço inoxidável austenítico 304. Há risco de trinca de solidificação quando a razão entre a es-
pessura da solda (E) e a largura da face da solda (L) for maior ou igual a 1,5, conforme a Figura 6.32.
Figura 6.32 – Junta com solda com alta relação E/L e junta adequada. Fonte: o autor
Os aços inoxidáveis austeníticos apresentam coeficiente de dilatação térmica linear bem maior e me-
nor condutividade térmica que os aços C-Mn. Por isso, na montagem, a abertura da raiz (gap) deve
ser ligeiramente maior que a comumente usada para os aços ferríticos (a grande contração minimiza
o risco de falta de fusão). Entretanto, aberturas exageradas aumentam a susceptibilidade à trinca de
solidificação (em qualquer tipo de liga).
A Figura 6.33 mostra uma trinca de solidificação característica do passe de raiz em duto de aço carbono.
A soldagem foi realizada em um duto com teor de carbono inferior a 0,005% ou 50ppm (ultra low Car-
bon steel) produzido por TMCP (processo termomecânico controlado). A soldagem foi realizada na posi-
ção vertical descendente (alta velocidade) de forma manual pelo processo eletrodo revestido (e grande
abertura de raiz). O eletrodo apresenta teor de carbono de 0,05% C e revestimento celulósico de grande
penetração. A zona fundida apresenta grande diluição no passe de raiz (típica), tendo o teor de carbono
passado para 0,02%C, provocando a trinca. A origem do defeito está relacionada a alguns fatores, como:
» geometria da junta;
» alta velocidade de soldagem;
» forma da poça de fusão, associada às tensões residuais geradas na soldagem.
6. Descontinuidades e
470
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.33 – Trinca de solidificação em duto de aço carbono. Fonte: apostila
Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Importante!
Trinca transversal
Trinca longitudinal
Figura 6.34 – Trinca Longitudinal x Trinca Transversal. Fonte: apostila
Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
471
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Na soldagem de um dos lados em junta de ângulo, o grau de restrição aumenta a susceptibilidade à trin-
ca de solidificação no cordão do lado oposto. Essa trinca longitudinal ao cordão na soldagem em ângulo
é também conhecida como trinca de garganta (Throat Crack).
Figura 6.35 – Trinca de garganta. Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
A trinca de cratera ou trinca estrela (Crater Crack ou Crater Crack) ocorre no ponto de extinção do arco
e está sujeita a um resfriamento rápido principalmente quando não há adição de material suplementar,
tornando-se crítica quando o perfil é acentuadamente côncavo. Ocorre quando a soldagem é concluída
de forma incorreta (perfil côncavo) e pode propagar para o restante do cordão. Apresenta maior inci-
dência em materiais com alto coeficiente de expansão térmica, como o aço inoxidável austenítico e o
alumínio ou materiais sensíveis à presença de impurezas como as ligas de níquel.
A ligeira convexidade redistribui de forma mais favorável o esforço trativo na superfície da seção (gerado na con-
tração) e reduz a área superficial da cratera (soldas de ângulo). Na Figura 6.36, é demonstrado que a geometria
convexa reduz a tensão na superfície externa do cordão, reduzindo a tendência à trinca de solidificação.
SOLDA EM ÂNGULO
SOLDA EM ÂNGULO
COM PERFIL
COM PERFIL CÔNCAVO
CONVEXO
Figura 6.36 – Perfil do cordão de saída de tocha e tensões na superfície do cordão. Fonte: o autor
6. Descontinuidades e
472
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A Figura 6.37 mostra de forma esquemática a recomendação prática da N-133, REV. N DE 2017 revisão L
para a trinca de cratera poder ser evitada.
Figura 6.37 – Perfil do cordão para se evitar trinca de cratera. Fonte: N-133, REV. N DE 2017
A Figura 6.38 mostra trincas de cratera em uma conexão, propagadas longitudinalmente ao longo do
cordão (trinca longitudinal).
Conforme demonstrado na Figura 6.39 da N-133, REV. N DE 2017, além dos cordões de solda com alta
relação profundidade largura, os cordões rasos (C), podem apresentar trinca de solidificação, em função
dos grãos colunares crescerem perpendiculares à direção da espessura.
6. Descontinuidades e
473
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Profundidade
de fusão
Largura Largura
da face da face
Trinca
Trinca
Profundidade
de fusão Trinca
Trinca
Trinca
Atenção
A Figura 6.40 representa de forma esquemática causas prováveis para trinca de solidificação e algu-
mas medidas corretivas (ASM Handbook), como, por exemplo:
» aporte térmico muito baixo é prejudicial (grande gradiente térmico – tensões térmicas);
» aporte muito alto também é prejudicial (gradiente baixo → aumento do tamanho de grão da ZAC
devido à segregação).
Para prever a susceptibilidade da trinca a quente, foi desenvolvido por Savage e Lundin o teste de Va-
restraint para determinação da trinca a quente. Logo após a soldagem longitudinal, o corpo de prova é
dobrado à alta temperatura e as trincas podem ser originadas na poça ou material de base. A soldagem
geralmente é realizada pelo processo GTAW de modo autógeno com dobramento rápido (podendo ser
lento), Figura 6.40. As descontinuidades que por ventura aparecerem devem ter um tamanho e quanti-
dade aceitos pelo critério de aceitação da norma AWS B40.0M.
6. Descontinuidades e
474
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Atualmente, há três versões do teste:
1. soldagem longitudinal;
2. por ponto;
3. transversal.
As duas últimas permitem separar as trincas de solidificação (teste transversal) das de liquação (teste
por ponto – trincas na ZAC).
8”
4”
Interface Trincas zona
sól./líq. de fusão
Força de
dobramento Trincas
na ZAC
Arco
Área remoção
para análise
4”
Os elementos que segregam no contorno e apresentam baixo ponto de fusão como S, P e Si também são
controlados. Cuidado especial deve ser tomado durante a soldagem do aço com microestrutura inte-
gralmente austenítica e os estabilizados devido ao risco de segregação de átomos solutos (segundas
fases de baixo ponto de fusão).
6. Descontinuidades e
475
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Níquel equivalente (Cr +30C + 0,5Mn)
Austenita
Metal de
solda
309
304
Martensita
Ferrita
Como já mencionado, quatro formas de solidificação são possíveis nesses aços, e a resistência à trin-
ca de solidificação está diretamente relacionada ao modo de solidificação. A morfologia e o tipo de
estrutura cristalina que primeiro solidifica durante o resfriamento influenciam diretamente na re-
sistência à trinca de solidificação. Essa característica é especialmente importante no caso dos aços
inoxidáveis austeníticos.
A Figura 6.42 apresenta o diagrama de fase Fe-Cr-Ni na composição fixa com 70%Fe. Neste diagrama, de-
pendendo da relação entre os elementos cromo e níquel (Cr/ Ni) ou entre o cromo equivalente e níquel
equivalente (Crequiv/ Niequiv), a primeira fase a se formar é facilmente observada (modo de solidificação).
Importante!
6. Descontinuidades e
476
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Creq/Nieq
A AF FA F
Líquido
L+γ L+δ
L+γ+δ
γ+δ
γ δ
Austenita +
ferrita eutética
Austenita +
ferrita vermicular
Austenita + Austenita + Austenita +
ferrita ferrita ferrita de
em ripas acicular Widmanstätten
Figura 6.42 – Diagrama pseudo-binário Ni-Cr com 70% de ferro. Fonte: Apresentação Antonio José Ramirez
Especialização em Engenharia de Soldagem UP, 2011.
6. Descontinuidades e
477
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A Figura 6.43 apresenta uma representação dos quatro modos de solidificação possíveis nos aços ino-
xidáveis austeníticos:
» austenita;
» austenita + ferrita;
» ferrita + austenita;
» ferrita.
Creq/Nieq
A AF FA FA F
A Figura 6.44, revela os detalhes que fazem com que o modo de solidificação FA seja mais efetivo, o
primeiro é porque a ferrita tem mais capacidade de absorver as impurezas que ocasionam a trinca de
solidificação e o segundo é a tortuosidade causada pela forma dendrítica leva a uma maior dificuldade
para a propagação das trincas.
AF FA
(a) (b)
6. Descontinuidades e
478
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A Figura 6.45 mostra uma trinca no centro do cordão em aço tipo 310 onde a solidificação se deu no
modo austenita (A), ou seja, apenas austenita.
Quando a ferrita delta é a primeira a se solidificar, o risco é reduzido de forma significativa. A presen-
ça da ferrita delta é considerada benéfica pelos seguintes motivos:
1 2 3 4
A ductilidade da ferrita à alta temperatura é maior que a da austenita na faixa crítica de tem-
peratura, permitindo o alívio ou relaxamento da tensão térmica.
6. Descontinuidades e
479
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Os aços inoxidáveis são ligas que geralmente apresentam de 50% a 70% de ferro. No diagrama pseudo-
binário de fase Fe-Cr-Ni (70%Fe) podem ser vistos os quatro modos de solidificação (Figura 6.43, Figura
6.44 e) em função da razão (equilíbrio) entre o teor de cromo e níquel (Lippold and Kotechi/2005).
Solidificação
Solidificação como ferrita-austenita
como ferrita (modo F) - (modo
austenita-ferrita No modo
(modo FA)
AF) --ALigas
solidificação
ferrita F, aque como ocorre
solidificação ferrita
se solidificam primária FA pode
completamente
como modo as-
como
Solidificação como austenita (modo A) - As ligas, ao se solidificarem como modo A, nãoAF, a ferrita
sofrem ne-
sumir
ferrita
formadaduasnomorfologias
primária, mas, ao
contorno distintas:
cruzar ferrita
a linha de “tipo esqueleto”
dasolubilidade éda ou skeletal
ferrita, há formação
ferrite (vermicular)emeem
de austenita, a de mor-a
segundo
nhuma modificação deapós
fasenucleação
durante todo austenita
o processo estável desde
de solidificaçãoquee oenriquecida
líquido é rico elementos
átomos
fologia
reação:
alfagenoscomprida
F→F→ e fina
F+A
L +(susceptível). tipo “ripas”
(não ou lathyO
susceptível). em função daFtaxa
modo de solidificação
morpholog não édeusual
resfriamento e da razão
para os consumíveis
solutos. A reação se dá diretamente através da passagem de L → A (muito susceptível).
entre o Creq /Nieq .
de soldagem dos aços austeníticos (apresenta teor demasiadamente alto de ferrita delta). O modo F
pode assumir também duas morfologias (ferrita acicular ou acicular ferrita e ferrita + austenita em
placas ou ferrita e Widmanstättem austenita).
Com altas taxas de resfriamento, a difusão é dificultada ou suprimida e a austenita consome menos
ferrita. Da mesma forma, se a razão entre Creq /Nieq é alta, a transformação em austenita (solvus) será
realizada à baixa temperatura, dificultando o processo termicamente ativado da difusão. Nos dois casos,
a ferrita delta no metal de solda é alto. O modo de solidificação como ferrita é comum em aços duplex .
Líquido
Metal de solda
Região parcialmente fundida
Figura 6.46 – Diagrama esquemático definindo as diferentes regiões térmicas da ZAC em passe único de Aços
Duplex. Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
480
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Schaeffler apresentou em 1949 o diagrama que permitiu, de modo extremamente simples, estimar a
microestrutura do metal de solda. A Figura 6.47 mostra o diagrama Schaeffler apresentando os consu-
míveis de uso mais comum para o processo SMAW (eletrodo revestido).
Austenita 316
309
316 317
308 312
347
Martensita
446
521
410 Ferrita
502 430
A Figura 6.48 (ASM Handbook) representa os “defeitos de soldagem” que podem ser desenvolvidos por
região em função da relação Creq /Nieq .
Níquel equivalente (Cr +30C + 0,5Mn)
Trinca a quente
Austenita
Martensita
Fragilidade pelo
Ferrita
cresimento de grão
Cromo equivalente (Cr + Mo + 1,5Si + 0,5Nb)
6. Descontinuidades e
481
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Aperfeiçoamentos foram propostos ao Diagrama Schaeffler. Entretanto, ainda hoje apresenta interesse
prático. O diagrama de DeLong, desenvolvido em 1956, enfoca de maneira detalhada o campo austeno-
-ferrítico. O teor de ferrita é dado em percentual (%).
o
20 er ta
m ri
Nú Fer
19 de 0
2
Austenita 4
18 6
8
ta a
17 e rri tic 10
F né
ag 12
16
m 0% 14
2% 16
4% 18
15 6%
6%
Sch 7,
7%
14
linh aeffle 8, ,7%
Austenita
aA r 10 ,3%
13 -M 12 ,8% +
13
Ferrita
12
11
10
Figura 6.49 – Diagrama constitucional de DeLong para aço inox. Fonte: adaptado de https://www.research-
gate.net/profile/Rati-Saluja/publication/329983932/figure/fig4/AS:709127265333248@1546080523035/
DeLong-diagram-of-1973-introducing-the-concept-of-Ferrite-Number-13-14-415-WRC-1988_Q640.jpg
acessado em 11/10/2021.
O Quadro 6.10 mostra a evolução cronológica de algumas fórmulas para cálculo do cromo equivalente e
níquel equivalente para os aços inoxidáveis austeníticos.
6. Descontinuidades e
482
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A Figura 6.50 mostra o diagrama WRC-1992 /AWS/ Stainless Steel, onde o N foi introduzido por Kotecki e
Siewert. Os modos de solidificação são identificados sobre o campo austeno ferrítico (ferrita number -FN).
18 20 22 24 26 28 30
Nieq = Ni + 35.C + 20.N + 0,25.Cu 18 18
0
4
16 8 16
2 12
6 16
10 20
AF 14 18
24 8
2
14 22 6 35 5 14
2 4
30 55
40
50 65
12
FA 60 75 12
70 85
80
90 95
F 100
10 10
18 20 22 24 26 28 30
Creq = Cr + Mo + 0,7 Nb
Figura 6.50 – Diagrama WRC – 1992. Fonte: apostila Descontinuidades de Junta
Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Na Figura 6.51 (AWS/Stainless Steel), pode ser vista a susceptibilidade à trinca de solidificação em fun-
ção da composição química (teste Varestraint).
Modo de solidificação
A AF FA FA
Coomprimento total de trinca, pol
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Creq/Nieq, WRC 92
Figura 6.51 – Susceptibilidade a trincamento baseado no WRC – 1992. Fonte: https://www.google.com/
url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fftp.demec.ufpr.br%2Fdisciplinas%2FEME733%2FSemin%25C3%25A1rios%2520I-
nox%2FConsiderations%2520for%2520the%2520Weldability%2520of%2520Types%2520304L%2520and%25203-
16L%2520Stainless%2520Steels.htm&psig=AOvVaw2vMk8f979AzeuDbkLEQ6vL&ust=1636717759484000&source=ima-
ges&cd=vfe&ved=2ahUKEwja3732npD0AhWArZUCHfaTCt0Qr4kDegUIARCxAQ
6. Descontinuidades e
483
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Como já visto, o alto super-resfriamento aumenta o tempo para a solidificação dos aços, em especial
dos austeníticos, e isto faz com que a susceptibilidade ao aparecimento da trinca de solidificação
aumente, Figura 6.52.
Modo de solidificação
A AF FA FA
Coomprimento total de trinca, pol
0,6
0,5
Deslocamento da curva devido
ao alto superresfriamento
0,4
0,3
0,2
0,1
1,0 1,5 2,0 2,5 3,0
Creq/Nieq, WRC 92
Figura 6.52 – Aumento da susceptibilidade ao trincamento com o super-resfriamento. Fonte: o autor
A Figura 6.53 mostra trinca de solidificação provocada pelo modo de solidificação austenita em função
da diluição.
Consumível
de aço inox
Aço ER 308 Aço
inoxidável carbono
AISI 347 ASTM A508
Trinca de
solidificação
Figura 6.53 – Trinca de solidificação em junta dissimilar. Fonte: apostila
Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
484
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A Figura 6.54 mostra o diagrama de Schaeffler representando o metal de solda. É possível identificar que o
modo de solidificação, neste caso, é austenítico. Dessa forma, não tem ferrita para absorver as impurezas
e, decorrente disso, a condição de aparecimento de trinca de solidificação neste exemplo foi facilitado.
Níquel equivalente (Cr +30C + 0,5Mn)
Austenita
Composição do
metal de solda 347
308
Martensita
A508
Ferrita
Figura 6.54 – Diagrama representando o metal de solda da trinca de solidificação. Fonte: o autor
Somente ratificando que as trincas são provocadas pela formação de eutéticos de baixo ponto de
fusão, principalmente de impurezas como o enxofre e o fósforo e de alguns elementos de liga como o
titânio e o nióbio. Conforme demonstrado na Quadro 6.8 acima (Folkhard), podemos identificar alguns
formadores de trinca de solidificação e as respectivas temperaturas de fusão em graus Kelvin.
Nos aços inoxidáveis standard da série 300, em geral o somatório do enxofre + fósforo está compreen-
dido entre 0,02 a 0,05%. Entretanto, alguns aços inoxidáveis com microestrutura integralmente auste-
nítica podem apresentar susceptibilidade à trinca a quente mesmo diante de baixo nível de impurezas
como enxofre + fósforo ≤ 0,02% ou ≤ 200ppm (aço considerado limpo), pela baixa solubilidade destes
elementos na matriz.
Importante!
De acordo com uma das pioneiras teorias para a trinca de solidificação (teoria de Bor-
land/1960), as trincas se iniciam preferencialmente nos últimos estágios da solidificação. Se-
gundo Borland, a solidificação apresenta quatro estágios representados conforme a Figura
6.55 (V. Shankar, T. P. S. Gill, S.L. Mannan and S. Sundaresan/ Indira Gandi Centre for Atomic
Research/India).
6. Descontinuidades e
485
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Estágio 1
Temperatura
a
Estágio 2
Estágio 3
b e c d
Estágio 4
a-c - Temperatura coerente
a-e - Temperatura crítica
Tendência
a trinca a
quente
Teor de soluto
Figura 6.55 – Efeito constitucional característico na susceptibilidade a trinca. Fonte: Adaptado de
https://ir.library.osaka-u.ac.jp/repo/ouka/all/11414/jwri11_02_067.pdf acesso em 26/11/18
A “Teoria Generalizada” de Borland tem sido geralmente bem aceita como o conceito de trinca de solidi-
ficação e seu mecanismo, dos quais um dos principais fundamentos é ilustrado na Figura 6.55. Observe
a Figura e conheça abaixo cada um dos estágios.
1 2 3 4
No estágio 3, há pouco líquido e a rede semicontínua da fase sólida restringe a passagem livre
de líquido. O estágio 3 é chamado de “faixa crítica de solidificação” , porque o trincamento
ocorre tardiamente no ciclo de solidificação em uma faixa crítica de solidificação onde as trin-
cas desenvolvidas não podem ser recuperadas (healing) porque o desenvolvimento avançado
dos grãos impede a passagem livre do líquido. Dependendo do nível de tensão, a trinca pode
ser gerada (se não há líquido suficiente para preencher e eliminar a trinca).
6. Descontinuidades e
486
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Importante!
Esse conceito foi baseado na ideia de que a fase sólida gradualmente avança com
a queda de temperatura. No entanto, a fase sólida avança rapidamente em um
estágio inicial de solidificação.
Entretanto, Matsuda e Demenyuk, através de observações, sugerem que as trincas também possam ser
formadas em temperaturas mais próximas da temperatura liquidus. Sugerem a revisão dessa teoria,
fazendo uma subdivisão da faixa crítica de solidificação ou estágio 3:
Deve-se enfatizar que o estágio de filme líquido não significa o estado em que o sólido está total-
mente coberto com líquido fino. Nessa proposta, as dendritas já formam redes no estágio do filme
líquido. A “temperatura coerente” por Borland localiza-se na última parte no estágio de massa
líquida; e a “temperatura crítica”, na fronteira entre a massa líquida e o estágio de filme líquido.
Este novo conceito melhora uma das fundações da “Teoria das Generalizações”, como mostrado na Figu-
ra 6.56. Comprenda as diferenças:
6. Descontinuidades e
487
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Estágio 1
a
Temperatura
Estágio 2
Estágio 3(h)
Estágio 3(l)
b e c d
Estágio 4
Importante!
Neste caso prático, uma vez formada a trinca, essa certamente se propagará no estágio mais suscetível,
ou seja, no estágio de filme líquido ou no estágio 3 (h) para acompanhar o movimento da fonte de calor.
Esta é a razão pela qual as fractografias da trinca de solidificação na maioria dos casos mostram alguma
característica dendrítica e a característica plana correspondente ao estágio de gotícula de líquido é ob-
servada apenas no local onde o crack foi preso.
Conforme os estudos anteriores de Prokhorov sobre a faixa de temperatura crítica BTR, Matsuda propôs
um método em que essa faixa de temperatura pode ser calculada através da equação de Schiel em con-
junto com apropriadas técnicas numéricas de computação.
6. Descontinuidades e
488
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.57 – Esquema de teste Varestrait transversal. Fonte: o autor
O SCTR (Solidification Cracking Temperature Range- faixa final de ocorrência de trincas de solidificação)
demonstrado na Figura 6.58, determina que materiais com alto SCTR são muito susceptíveis a trinca de
solidificação, enquanto os com baixo SCTR são menos susceptíveis.
SCTR = (taxa de resfriamento) x MCD/ν) , onde MCD é o comprimento máximo da trinca e ν a velocidade
de soldagem.
Tliquidus
SCTR
Temperatura
Tsolidus
MCD
v
Tempo
6. Descontinuidades e
489
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Materiais que solidificam como ferrita apresentam SCTR menor que 50°C, Quadro 6.11. Valor acima de
100°C para SCTR indica alta susceptibilidade e modo de solidificação como austenita. Embora a liga 625
apresente alto valor para SCTR, na prática não é suscetível, sendo atribuído ao efeito de preenchimento
da trinca por líquido (esta liga apresenta muito soluto → líquido).
A trinca de solidificação ocorre entre as junções das dendritas (assumem várias orientações) e são
facilmente detectadas por líquido penetrante ou podem se apresentar como microtrincas nas regiões
interdendríticas que só são reveladas por aplicação de deformação (por ex.: teste de dobramento).
O aço inoxidável austenítico com teor de ferrita delta superior a 5% praticamente não apresenta suscep-
tibilidade e é considerado resistente. Entretanto, o percentual de ferrita (ou o FN- ferrita number) pode
variar para mais ou para menos dependendo da composição química do material. De forma geral, acima
de 3% o risco é baixo.
A Figura 6.59 (Kujanpaa, 1979) faz uma correlação entre o percentual de P + S e a razão entre Creq /Nieq na
incidência à trinca de solidificação. Deste gráfico, podemos concluir que materiais que apresentam razão
de Creq /Nieq > 1,5 ou P +S < 0,01% (em massa) não são susceptíveis à trinca de solidificação.
6. Descontinuidades e
490
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
0,24
0,20
Teor de P + S, % em massa
0,16
0,08
0,04
0
1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0
Creq / Nieq
Figura 6.59 – Susceptibilidade de trinca a quente em aço inox austenítico. Fonte: https://www.google.com/
url?sa=i&url=http%3A%2F%2Fftp.demec.ufpr.br%2Fdisciplinas%2FEME733%2FSemin%25C3%25A1rios%2520Inox%-
2FConsiderations%2520for%2520the%2520Weldability%2520of%2520Types%2520304L%2520and%2520316L%2520S-
tainless%2520Steels.htm&psig=AOvVaw2vMk8f979AzeuDbkLEQ6vL&ust=1636717759484000&source=images&cd=v-
fe&ved=2ahUKEwja3732npD0AhWArZUCHfaTCt0Qr4kDegUIARCxAQ
Lundin modificou este diagrama pela utilização de dados obtidos no teste Varestraint. A classificação
foi possível através do comprimento total da trinca (TCL, total crack length), deformação no teste Va-
restraint = 4, Gráfico 6.6.
Teor de P + S, % em massa
0,060
Muito
Susceptível Não susceptível
0,050 susceptível
1,5<TCL < 2,5
TCL > 2,5 TCL > 1,5
0,040
0,030
0,020
0,010
1,4 1,5 1,6 1,7 1,8 1,9
Creq / Nieq
Gráfico 6.6 – Diagrama de susceptibilidade de trinca a quente em aço inox austenítico. Fonte: apostila Descon-
tinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
491
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A Figura 6.60 mostra uma junta dissimilar soldada em ângulo com consumível 309L (chapa de aço carbo-
no ASTM A36 x aço austenítico 304L). A trinca se desenvolveu no lado do aço carbono em virtude da alta
diluição. A região escura apresentou solidificação apenas como austenita e apresenta baixíssimo per-
centual de ferrita (0,8FN). Nesse tipo de junta, a trinca é consequência da alta diluição no aço carbono
e/ou baixo percentual inicial de ferrita no consumível.
Aço
ASTM Trinca
A36
Aço inox
304L
Figura 6.60 – Trinca de solidificação em junta dissimilar com consumível 309L. Fonte: o autor
1. Nióbio
O nióbio apresenta grande afinidade com o carbono, forma carbetos estáveis, favorecendo a proteção con-
tra a corrosão intergranular. Segundo Erick Folkhard, é necessário, pelo menos, oito vezes mais nióbio que
o carbono para que a estabilização estequiométrica seja eficaz. O nióbio é um elemento que aparece como
traço (residual) nos aços não estabilizados da série 3XX, como o 304 e 316. Entretanto, no aço 347, quando o
nióbio é adicionado intencionalmente para prevenir a sensitização, o aço se torna susceptível à trinca de so-
lidificação pela formação de carbetos e/ou carbonitretos intergranulares de baixo ponto de fusão. De acordo
com Dahl, Düren e Müsh, o nióbio forma um composto de fósforo com participação do cromo e manganês
de baixo ponto de fusão. Segundo Castro e Cadenet, acima de 2%, forma eutético complexo que pode evitar
a trinca pelo mecanismo de self-healing (preenchimento dos vazios interdendríticos com líquido). Folkhard
sugere que o nióbio só apresenta efeito deletério quando o modo de solidificação se dá através da austenita
(balanço da composição química). Os consumíveis para soldagem do aço 347 (estabilizado ao Nb) que apre-
sentam pelo menos 5% ferrita praticamente eliminam o risco de trinca de solidificação (mínimo de 5FN).
2. Silício
O silício é um desoxidante, melhora a resistência à corrosão-sob-tensão e a resistência à oxidação
superficial a quente . Entretanto, segundo Castro e Cadenet, acima de 1,0% de silício é difícil evitar trin-
ca no metal de solda. Segundo Lippold e Kotecki, o silício deve ser mantido no metal de base em torno
de 1%, pois segrega durante a solidificação, formando constituintes eutéticos de baixo ponto de fusão,
6. Descontinuidades e
492
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
além de formar silicatos de ferro (FeSi, Fe2 Si, Fe3 Si, Fe5 Si3 ) e o intermetálico Cr3 Si, que deterioram a
ductilidade. Como o silício abaixa o ponto de fusão, é costume ser adicionado em maior quantidade nos
metais de adição. Polgary imputa efeito deletério ao silício pela formação de filmes de silicatos no con-
torno de grão com baixo ponto de fusão; entretanto, o aumento do teor de silício no consumível melhora
a molhabilidade da poça de fusão pela redução da temperatura de fusão. Segundo ele, o silício deve ser
mantido com teor máximo de 0,6 a 0,7% nos aços totalmente austeníticos. Para o 347, o silício só traria
problema acima de 1,5%, pois esse aço é mais sensível (sofre maior influência) aos percentuais de C, Mn,
P e ao teor de ferrita delta. Na prática, segundo Polgary, aços austeno-ferríticos não têm apresentado
problema de trinca a quente com percentual de silício de até 2,5%.
3. Manganês e Molibdênio
Os elementos manganês (em especial) e o molibdênio no cordão atuam efetivamente na resistência à
trinca a quente . Castro e Cadenet sugerem que quantidade substancial de manganês retém o enxofre
na forma de MnS ao invés do sulfeto de níquel e sulfeto de ferro. O manganês pode aumentar a capaci-
dade de deformação plástica do contorno de grão em alta temperatura e acima de 4% pode agir como
formador de ferrita delta (o manganês é gamageno).
4. Enxofre e Fósforo
Nos aços com matriz integralmente austenítica, como o 25Cr20Ni, o valor de 0,02% (S + P = 200ppm) já
é suficiente para promover trinca de solidificação na zona fundida (função do balanço dos elementos
gamagenos e alfagenos presentes).
Estudos têm demonstrado que o fósforo parece ser mais potente que o enxofre em promover a trinca
de solidificação. No entanto, o enxofre parece ser o principal causador das trincas de liquação na ZAC
(AWS). A Figura 6.61 mostra uma trinca característica na linha de centro do cordão.
Por outro lado, aço com teor muito baixo de enxofre (< 30ppm ou 0,003% S) apresenta penetração so-
frível, em virtude da baixa tensão superficial. A tensão superficial tende a ser reduzida com o aumento
da temperatura nos metais puros e algumas ligas, ou seja, quando o gradiente da tensão superficial é
negativo, a força do arco espalha a poça de fusão para as laterais, conforme demonstrado da Figura 6.62
(AWS) e visto anteriormente.
6. Descontinuidades e
493
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Aço inoxidável austenítico 304L com Aço inoxidável austenítico 304L com
3 ppm de enxofre, aumento 16X 200 ppm de enxofre, aumento 16X
Figura 6.62 – Efeito do enxofre na penetração usando os mesmos parâmetros de soldagem. Fonte: o autor.
A Figura 6.63 (ASM Handbook) mostra a influência do teor de enxofre na tensão superficial e na tempe-
ratura em função da relação entre a profundidade E e a largura L.
2000
Tensão superficial, mN/m
1900
1800
1700
Temperatura, ºC
Figura 6.63 – Tensão superficial por temperatura em duas juntas soldadas com E/L diferentes. Fonte: o autor
O Quadro 6.12 de observações mostra o comportamento para alguns elementos (ASM Handbook).
Elementos (impurezas)
Ligas
Aumenta a penetração da solda Diminui a penetração da solda
Zircaloy-2 Cloro -
6. Descontinuidades e
494
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Abaixo estão listadas algumas formas de mitigar a trinca de solidificação dos aços inoxidáveis:
1 2 3 4 5 6
Selecionar
Manter consumíveis
a geometria
Não utilizar
Evitar montagem
aporteque
de e parâmetros
e oagreguem
perfil
calor propício
nem muitode soldagem
(relação
alta restrição
baixo, onde
largura
nem
na oalto.
modo de solidificação
x profundidade
junta.
muito = L/E). seja através
de FA ou F (controle da composição química e impurezas).
7 8 9 10 11 12
Substituir
Oscilação
Evitar juntas
magnéticaduplo
do Jarco
queelétrico
apresentam
reduz geometria
noso desfavorável
riscoausteníticos
de4trinca decom (crescimento
solidificação colunar
e dificulta na
a con-
pro-
Utilizarpurga com nitrogênio
consumíveis com alto(ou Arde
teor + N) aços
manganês, de a 6% de percentual
manganês. de ferrita
direção
trolado do
pagação dacentro
trinca.do cordão).
(especialmente próximo ao limite inferior), pois, o nitrogênio, por ser é um potente
elemento gamageno, pode reduzir o teor de ferrita a níveis críticos (trinca de solidificação).
A Figura 6.64 (Indira Gandhi Centre for Atomic Research/ V.Shankar, P S. Gill, S.L.Mannan and
Sundaresan/ Solidification cracking in austenitic stainless steel welds) mostra a evolução do
nitrogênio no metal de solda em função do gás de proteção (na indústria do petróleo não é
aceito nitrogênio no gás de proteção, mas na purga pode ser utilizado).
Figura 6.64 – Nitrogênio obtido no metal de solda em função de sua quantidade no gás de proteção. Fonte: o autor
6. Descontinuidades e
495
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
6.2.1.2 Trincas de Solidificação em Aços Ferríticos
O aço carbono, carbono manganês e ligado são susceptíveis à trinca de solidificação quando apresen-
tam alto teor de carbono e impurezas, especialmente enxofre e fósforo. A Figura 6.65 apresenta parte
do diagrama binário Fe – S, onde pode ser visto que a máxima solubilidade do enxofre na ferrita delta
se dá à temperatura de 1365ºC. A esta temperatura, a solubilidade é de aproximadamente 0,18% (em
massa), enquanto a solubilidade do enxofre na austenita é de aproximadamente 0,05%.
Durante o resfriamento, à medida que a austenita é formada, o enxofre é expulso da austenita, forman-
do o eutético Fe-FeS. O eutético Fe-FeS apresenta baixo ponto de fusão de 988ºC, formando assim um
filme líquido na solda.
Muitos investigadores, como Borland e mais tarde Prokhorov (1960/1971), identificaram a existência
de uma faixa de temperatura durante a solidificação na qual o material apresenta acentuada queda
da ductilidade (fragilidade), conhecida como BTR (Brittle Temperature Range). O enxofre, como outros
átomos solutos (impurezas), amplia a faixa de temperatura frágil (BTR) do aço, tornando-o mais pro-
penso à fratura decorrente dessa ampliação da faixa entre a temperatura liquidus (TL ) e a temperatura
solidus (TS ), Figura 6.66.
6. Descontinuidades e
496
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
metal líquido
circundante
Ductilidade, Resistência
Ductilidade
Temperatura liquidus
Temperatura solidus
Re
sis
tên
cia
Importante!
Duas condições simultâneas são necessárias para ocorrência da trinca de solidificação durante o ciclo
térmico:
Segundo Norman Bailey/TWI/1994, o risco de trinca de solidificação praticamente não existe em me-
tais que apresentam baixo nível de impurezas, soldados com consumíveis com controle de átomos
solutos (metal puro).
A Figura 6.67 compara a faixa de temperatura crítica de um material resistente com outro que apresenta
susceptibilidade.
6. Descontinuidades e
497
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Ductilidade e resistência à tração
faixa frágil
ducti estreita faixa frágil ampla
lidade
resis
tênci
a à tr
ação
Temperatura Temperatura
Na Figura 6.68, pode se observar o conceito de faixa de temperatura frágil (BTR) em função da redu-
ção da temperatura durante o resfriamento. A região dentro da curva BTR indica uma baixa ductilidade.
Qualquer taxa de deformação abaixo da linha de tangência, ponto 2, não causa trinca de solidificação.
Quanto menor o intervalo de a linha solidus e liquidus, menor será o BTR. Dessa forma, é possível obser-
var que, para as mesmas taxas de deformação, a curva (b) verde não tem propensão à trinca de solidifi-
cação, ao contrário da curva (a) vermelha, que, para taxas de deformação na curva 1, irá trincar.
Curva de Curva de
ε ductilidade
ε ductilidade
BTR 1 BTR 1
2 2
3 3
(a) TL TS T (b) TL TS T
Metal Metal
s us
solid
s líquido
líquido du solidu idu
s
liqui liqu
6. Descontinuidades e
498
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A Figura 6.69 apresenta o comportamento do enxofre e o fósforo no aumento da faixa de temperatura
frágil (BTR) em função do teor de carbono. Conforme o teor de carbono é aumentado, maior a faixa da
temperatura BTR.
150
125
P
%
,0 10
0
100 S- P
0 % %
,02 ,0 20
0 0 P
S- %
BTR, ºC
10
04% 0,0
75 S-
0,0
0 2%
0,0
50
25
Para a soldagem de materiais ferríticos propensos à trinca de solidificação, o manganês, por ser efi-
ciente dessulfurante, inibe o efeito do enxofre pela formação do sulfeto de manganês à 1610ºC. O
sulfeto de manganês possui maior tensão superficial, maior temperatura de fusão e tende a assumir
forma globular na massa líquida, ao contrário do sulfeto de ferro, que forma um filme intergranular de
baixo ponto de fusão 988ºC e baixa tensão superficial. Em algumas tabelas termodinâmicas, a tempera-
tura de fusão do MnS é considerada a de 1530ºC.
A Figura 6.70 (Lancaster e ASM Handbook) mostra a influência da razão de manganês e enxofre para se
evitar a trinca de solidificação. O carbono também apresenta um forte efeito, aumentando a tendência à
trinca. Em aços com maior teor de carbono é maior a susceptibilidade à trinca. Pode ser observado que,
para os aços com alto teor de carbono, a razão entre o manganês e enxofre é menos efetiva no controle
da trinca de solidificação.
6. Descontinuidades e
499
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Razão Manganês : Enxofre
Não trinca
Trinca
Teor de carbono
Figura 6.70 – O efeito da relação Mn/S e o teor de carbono na suscetibilidade de trinca a quente. Fonte: o autor
Atenção
Mesmo introduzindo mais manganês, a trinca nem sempre pode ser evitada. Logo,
aços com alto carbono se tornam bem mais susceptíveis à trinca de solidificação.
Podemos verificar também a relação entre Mn/S necessária para que a trinca de
solidificação possa ser evitada em função do teor de carbono do aço.
Em contrapartida, o estudo de Oshita et. al. indica que aços de muito baixo carbono, por volta de 0,05 a
0,10% de carbono associados ao níquel, soldados com consumíveis de baixo carbono, também são sus-
ceptíveis à trinca de solidificação quando soldados com alta velocidade em soldas de raiz com SMAW em
juntas com alta restrição.
Da mesma forma que o enxofre, o fósforo atua aumentando a faixa de temperatura frágil (BTR). En-
tretanto, a formação de eutético é menos provável. O fósforo é segregado para o contorno, reduzindo
a temperatura de fusão da região interdendrítica (decoesão intergranular). Outros elementos, como
o boro, apresentam o mesmo comportamento do fósforo.
6. Descontinuidades e
500
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Os elementos cromo e molibdênio são benéficos porque são ferritizantes (alfagenos), aumentando a to-
lerância às impurezas. Esses dois elementos se combinam com o carbono formando carbeto, o que reduz
o teor de carbono na matriz, diminuindo a tendência de formação de austenita pelo fato de o carbono ser
carbono gamageno. Na Figura 6.71 pode ser observada esquematicamente a influência dos elementos
de liga e impurezas na tendência à trinca de solidificação no metal de solda.
Sensibilidade à trinca de solidificação,%
100 B Nb
Al
Ni
80
V
Zr
60
Cr Ti
40
60º Mo
20 18
12
0
0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 1,2 1,4
Ni, Cr, Mo
Figura 6.71 – Relação entre suscetibilidade à trinca de solidificação e o teor dos elementos. Fonte: o autor
O carbono e o níquel favorecem o modo de solidificação como austenita, aumentando o risco à trinca
de solidificação . Oberve a figura e clique no ícone para entender esse processo.
Informação Importante
Como pode ser visto na Figura 6.72 do diagrama ferro carbono, o aço solidifica como ferrita
quando o teor de carbono é menor que 0,1%. Aço com teor de carbono maior que 0,1% pode
se transformar em austenita ao passar pelo ponto peritético. A reação peritética no aço não
é influenciada apenas pelo percentual de carbono e pode ser deslocada pela adição de ou-
tros elementos, como, por exemplo, o níquel. Nesse caso, solidificação diretamente como
austenita, o enxofre é segregado para o contorno em virtude da menor solubilidade deste
na austenita.
6. Descontinuidades e
501
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
1600 Líquido
Temperatura, ºC
1500 L+δ
δ L+γ
δ+γ
γ
1400
Teor de carbono, %
Figura 6.72 – Digrama Fe-C mostrando a reação peritética. Fonte: o autor
Segundo Nobutaka Yurioka/Nippon Steel, quando a solidificação se dá através da austenita, tanto o en-
xofre como o fósforo permanecem não solidificado na massa líquida (L + δ → γ), solidificando por último
entre os contornos de grão austenítico. Caso o produto da solidificação seja ferrita delta (baixo teor de
carbono ou rico em elementos alfagenos), a trinca não é normalmente esperada (Yurioka).
A reação peritética é aquela em que um líquido mais uma fase primária se transformam em uma fase só-
lida secundária. A fase secundária cresce perifericamente à fase primária (Fredriksson/1976) e a reação é
governada por difusão através da fase líquida, conforme demonstrado na Figura 6.73 (Stefanescu/2006).
L L L
L δ vγ
γ δ γ
vγ δ
γ
Tranformação peritérica Reação peritérica
Segundo Oystein Grong e Kerr, durante um processo relativamente lento de solidificação, a ferrita delta
é sempre a primeira fase a se formar na região peritética (líquido + ferrita delta primária → austenita se-
cundária), existindo grande tendência para a austenita secundária crescer ao longo da interface líquido/
ferrita delta.
6. Descontinuidades e
502
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Nesse caso, a decomposição da ferrita pode ocorrer de dois modos: como reação peritética ou como trans-
formação peritética, sendo as representações dos modos de decomposição representados na Figura 6.74.
Direção de crescimento
L L
γp
Difusão de átomos
de soluto
γp
δp δp
Esquema da reação peritérica pela qual a fase Esquema da tanformação peritérica envol-
secundária γp cresce ao longo da superfície para a vendo a difusão de longo alcance de átomos
fase primária δp de soluto através da fase secundária γp
Figura 6.74 – Modos de decomposição da ferrita, reação ou transformação peritética. Fonte: o autor
Em geral, o aço ligado em função da taxa de resfriamento, teor de carbono e átomos solutos pode apre-
sentar tanto ferrita ou austenita (ou mistura de ferrita e austenita) como forma primária de solidificação.
A Figura 6.75 (Nobutaka Yurioka - Nippon Steel Corporation) apresenta no diagrama de equilíbrio Fe-C
o valor máximo para o somatório do P + S (< 0,025%) e a relação entre Mn/S e % C para prevenir a trinca
de solidificação.
Líquido
Temperatura, ºC
1500 L+δ
δ L+γ
δ+γ
γ
1400
S + P < 0,025%
Mn
>22 >30 >59
S
Teor de carbono, %
Figura 6.75 – Diagrama de equilíbrio Fe-C e suscetibilidade a trinca a quente . Fonte: o autor
6. Descontinuidades e
503
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Ainda segundo Yurioka, é mais efetivo reduzir o risco de trinca de solidificação no aço com baixo teor de
carbono através da redução do teor de enxofre (S), enquanto no aço de alto carbono através da redução
do teor de fósforo (P). A probabilidade da ocorrência de trinca de solidificação é significativamente re-
duzida quando elementos formadores de fase alfa estão presentes em virtude da maior solubilidade das
impurezas na ferrita delta e por esta apresentar menor deformação de contração (shrinkage strain) que
a austenita (menor coeficiente de expansão e maior ductilidade na faixa crítica).
Muitos pesquisadores desenvolveram fórmulas empíricas com o intuito de prever (e descrever o efeito)
a ocorrência da trinca de solidificação. Conheça as equações propostas pelos pesquisadores:
A Equação 5 (Matsuda) propôs o grau de redução de ductilidade à alta temperatura (degree of reduc-
Esse valor de CE é válido para a faixa de 0,09% a 0,14% de C, e a susceptibilidade aumenta conforme
tion of high3 temperature
A ductility- Lt).a formula com a relação entre os elementos.
o Equação
valor de CE(Ostrovskaya)
aumenta. apresenta
Outro fator, denominado Severidade a Trinca a Quente (Hot Cracking Severity), é dado pela Equação
4 (Wilkinson), onde HCS > 4 indica susceptibilidade.
Equação
Equação 3 – Fórmula
5 – Redução para prever atrinca
da ductilidade a quente
alta temperatura
Atenção
Com a redução do teor de carbono nos aços como forma de aumentar a soldabili-
dade e tenacidade da ZAC, foi constatada trinca de solidificação com eletrodos de
baixíssimo teor de carbono, contrariando as três fórmulas acima onde a solidifi-
cação em ferrita delta excluiria por completo o risco de trincas de solidificação.
Segundo Yurioka, o níquel neste caso parece ser benéfico e tem sido adicionado ao material de base e
nos consumíveis de baixíssimo teor de carbono.
6. Descontinuidades e
504
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A probabilidade de trinca de solidificação em aços carbono manganês costuma ser avaliada através da
Equação 6 (Bailey e Jones / The Welding Institute), chamada de fator de tendência à trinca, desenvolvido
para o processo arco submerso (mais crítico → alto aporte). O Ucs é um fator que verifica a tendência à
trinca (Unity Crack Susceptibility).
Onde:
Observações:
1 2 3
Como o fator de susceptibilidade Ucs foi desenvolvido para o processo SAW, vale para os
demais processos convencionais a arco.
Os Quadro 6.13 e Quadro 6.14 mostram a composição química válida para o material depositado na
expressão Ucs .
Elemento Teor
C 0,03aa 0,23
S 0,010 a 0,050
P 0,010 a 0,045
Si 0,15 a 0,65
Mn 0,45 a 1,60
Nb 0 a 0,07
a Teores de carbono menores do que 0,008% devem ser adotado o valore de 0,08%
6. Descontinuidades e
505
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Elemento Teor máximo, %
Ni 1
Cr 0,5
Mo 0,4
V 0,07
Cu 0,3
Ti 0,02
Al 0,03
B 0,002
Pb 0,01
Co 0,01
1 2 3 4 5 6
Adicionar
O silício
Manter
UCS < 10 manganês
aaté 0,65%
relação
para aode
no depósito
metal garantindo
de adição
largura/profundidade
o metal adição. a relação
é benéfico
propícia degeometria
(L/Epor
→ segurança
ser eentre
formador odo
carbono,
de ferrita,
perfil quemanga-
passe). possui
nês e enxofre. O manganês combinado ao S forma MnS, que apresenta maior temperatura
maior capacidade de solubilizar as impurezas. Acima desste valor no metal de solda, forma de
fusão
se que ode
eutético FeS. Apresenta-se
baixo na forma de glóbulos não dissolvidos no aço líquido ao invés
ponto de fusão.
de filme de baixo ponto de fusão (FeS – contorno de grão). Após solidificação, o MnS assume
forma poliédrica no interior do grão como inclusão, reduzindo o risco de trinca.
7 8 9 10 11
Como
Evitar opurga
material
Não utilizar comde base apresenta
nitrogênio
abertura excessiva (ou
daAr geralmente
+
raiz N) nos aços
(gap). composição de com
austeníticos C, P e%Sde
emferrita
valores mais
delta al-
con-
tos que (especialmente
trolado o metal de adição, a diluição
próximo é uminferior),
ao limite problemapois
principalmente
o N, por ser no
umpasse de raiz,
potente onde
elemento
é máxima (especialmente em materiais antigos, ou maior percentual de carbono ou
gamageno, pode reduzir o teor de ferrita a níveis críticos facilitando a ocorrência de trinca demaior
percentual deAimpurezas).
solidificação. N-133, REV.ANtrinca
DE 2017pode ocorrera em
restringe outrasdo
aplicação camadas em no
nitrogênio função daproteção
gás de diluição
(afastada do passe de raiz).
e na purga deve ser avaliado.
6. Descontinuidades e
506
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
6.2.1.3 Trinca de Solidificação em Ligas de Níquel
As ligas de níquel podem ser divididas em função dos elementos básicos de sua composição ou através
do modo de endurecimento.
Importante!
Os elementos utilizados para aumentar a resistência das ligas endurecidas por solução sólida
são: Cr, Fe, Cu e o Mo (Dupont/Lippold/Kiser).
A trinca de solidificação está associada à presença de impurezas (P, S, Pb, Ag) pela formação de eutéticos
de baixo ponto de fusão e traços de outros elementos como o boro (B). O silício, embora possa formar
eutético de baixo ponto de fusão, tem se mostrado deletério apenas quando presente em grande quan-
tidade. Os mais frequentes eutéticos com baixo ponto de fusão são:
» Ni-S (637ºC);
» Ni-P (870ºC);
» Ni-B(1093ºC);
» Ni-Si (1143ºC).
Estas ligas não apresentam apreciável quantidade de intermetálicos e carbetos após soldagem (es-
tado como recebido – nova).
6. Descontinuidades e
507
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
6.2.1.3.2 Ligas de Níquel Endurecíveis por Precipitação
Estas ligas combinam alta resistência e excelente resistência à corrosão, sendo algumas conhecidas
como superalloys (superligas). A Figura 6.76 (S.A.David, S.S.Babu, and J.M.Vitek) mostra o crescimento
dendrítico em uma superliga.
A metalurgia física das ligas endurecíveis por precipitação é complexa, uma vez que na mesma liga po-
dem ser adicionados elementos:
» endurecedores da austenita por solução sólida (Cr, Co, Fe, Mo, W e Ta);
» formadores de precipitados (Ti, Al e Nb);
» resistentes à oxidação (Cr, Al, Ta);
» resistentes à corrosão a quente (Cr, La, Th);
» fluência (B e Zr);
» ductilidade a temperaturas intermediárias (Hf - Háfnio).
O endurecimento por precipitação está diretamente associado ao percentual aos elementos: titânio,
alumínio e/ou nióbio.
Conforme visto em ciências dos materiais, aquecendo-se essa liga até uma determinada temperatura,
acima da linha solvus (temperatura de solubilização), todos os precipitados começam a dissociar, até
completa dissolução dos mesmos. A liga apresenta apenas uma fase e todos os elementos estão em
solução sólida (acima de solvus).
6. Descontinuidades e
508
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Ao ser novamente resfriada, a precipitação assume formas diferentes em função do ciclo térmico rece-
bido. O tratamento de precipitação é realizado durante a fabricação da chapa (usina) ou após soldagem
desas ligas (há restrições, como será visto a seguir). Na Figura 6.77 podemos verificar o diagrama de fase
típico dessas ligas.
Líquido + α
Temperaturas
T1
α
T2
α+β
T3
T14
100% A χ
% elemento B
Figura 6.77 – Diagrama de fase de ligas de níquel endurecidas por precipitação. Fonte: o autor
Na Figura 6.78, podemos ver a representação da liga na condição solubilizada e precipitada. A ilustração
mostra o efeito do tratamento térmico de precipitação após solubilização (finos e dispersos precipi-
tados o interior do grão).
Como também já visto em ciência dos materiais, a precipitação coerente distorce e mantém a conti-
nuidade da rede cristalina (finíssima distribuição dos precipitados), formando eficiente barreira para a
movimentação das discordâncias (trava o movimento das discordâncias).
6. Descontinuidades e
509
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.78 – Solução sólida supersaturada (acima) e precipitado coerente (abaixo). Fonte: o autor
Essas ligas apresentam matriz austenítica, fases secundárias e intermetálicas. A principal diferença
entre esses dois sistemas está no fato de que os elementos adicionados permitem o endurecimento
por precipitação (maior resistência mecânica) sob apropriadas condições de aquecimento ou trata-
mento térmico.
6. Descontinuidades e
510
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.79 – Composições de’ (gamma – prime). Fonte: o autor
A Figura 6.80 mostra que a solubilidade na austenita (γ) e dos elementos Ti e Al aumenta com a temperatura.
Algumas ligas de níquel podem ser endurecíveis pela formação de γ” (gamma- double prime), assumindo
de forma geral a forma Ni3 Nb ou Ni3 (Nb,Ta), onde o Nb substitui e faz o papel do Al + Ti na fase γ’. A
Figura 6.81 (Welding Metallurgy and Weldability of Nickel-base Alloys by DuPont/Lippold e Kiser) mostra
de forma resumida a estrutura γ” - Ni3Nb, que apresenta forma cristalográfica tetragonal.
6. Descontinuidades e
511
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.81 - Representação cristalográfica da estrutura γ”. Fonte: Welding Metallurgy by Sindo Kou
A Figura 6.82 (Welding Metallurgy and Weldability of Nickel-base Alloys by DuPont/Lippold e Kiser) mos-
tra finos precipitados γ” e agulhas grosseiras e frágeis de δ. A frágil fase δ (delta) apresenta estrutura
cristalina ortorrômbica e composição Ni3 Nb (não confundir com ferrita delta). A forma frágil ortorrôm-
bica δ – Ni3 Nb é normalmente obtida após relativa exposição à alta temperatura e tempo da fase tetra-
gonal γ” - Ni3 Nb.
Figura 6.82 - Fase δ (delta) em liga Nb 718: (a) forjado, (b) fundido. Fonte: apostila
Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
512
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
O diagrama TTT da Figura 6.83 (Welding Metallurgy and Weldability of Nickel-base Alloys by DuPont/
Lippold e Kiser), da liga Alloy 718 mostra as duas formas cristalinas (tetragonal- γ” e ortorrômbica- δ) de
mesma “composição” Ni3 Nb.
1100 Contorno
de grão δ
1000
δ
Temperatura, ºC
900 γ“
γ’
800
700
α-Cr
γ“
600
500
0 0,3 1 3 0 100 1000 10000
Tempo, h
Figura 6.83 – Diagrama TTT da liga 718. Fonte: o autor
Da mesma forma que as ligas endurecidas por solução sólida, as impurezas P, S, Pb, Ag são extremamen-
te prejudiciais ao contorno de grão. Os elementos B e Zr são adicionados para aumentar a resistência
do contorno à fluência. Entretanto, o balanço desses elementos é essencial para o equilíbrio entre a
resistência a quente e a soldabilidade. O efeito deletério do B pode ser atribuído à forte tendência de
segregação e formação de M3 B2 , o qual funde a aproximadamente 1200ºC. O Zr, quando combinado com
o S, forma ZrS (1170ºC) no contorno e regiões interdendríticas. O sulfeto de titânio TiS (1170ºC) tem
efeito similar.
Nas ligas com precipitação γ”, a segregação do Nb pode conduzir à formação de constituintes eutéticos
γ/NbC e γ/ Laves, através de reação eutética (L → S1 + S2), que alarga a faixa de temperatura de solidi-
ficação, promovendo a trinca.
De forma geral, independentemente da liga de níquel (endurecida por solução sólida ou precipitação),
o contato a quente com a contaminação contendo zinco, estanho, enxofre e cobre deve ser evitado. A
soldagem deve geralmente ser realizada sem preaquecimento (e baixo aporte) e evitar, se possível,
consumíveis que apresentem precipitações de δ → Ni3 Nb (na soldagem de chapas grossas- multipas-
se – redução da ductilidade).
6. Descontinuidades e
513
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Listamos abaixo formas de mitigar as trincas de solidificação em ligas de níquel:
1 2 3 4 5
Limpeza das juntas e varetas com solventes isentos de cloretos, fluoretos, como a acetona.
6. Descontinuidades e
514
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
O Quadro 6.15 informa a composição química nominal das ligas de cobre-níquel.
Soldabilidade
Nome da Composição Ponto de Condutividade
UNS
liga nominal fusão (ºC) térmica GTAW GMAW SMAW
As ligas comerciais de Cu-Ni, com percentual mais alto de Ni (30% Ni), são mais resistentes à corrosão
a água salgada (mais caras), porém são mais susceptíveis à trinca de solidificação do que as com mais
baixo teor de níquel (10% Ni) em função da maior faixa de solidificação, temperatura entre a linha solidus
e a liquidus. Apesar da maior susceptibilidade, são soldadas com certa facilidade em espessuras não
muito espessas. Juntas espessas são mais susceptíveis à decoesão interdendrítica na solidificação pelo
alto nível de tensões geradas no resfriamento.
Importante!
A Figura 6.85 (AWS/ Welding Handbook), do diagrama ternário de fases Cu- Ni- Fe, apresenta faixas de
composição química em que a liga apresenta grande susceptibilidade à trinca a quente. A grande dife-
rença de temperatura de fusão favorece os problemas metalúrgicos (propriedade física), Figura 6.86.
6. Descontinuidades e
515
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.85 – Diagrama ternário de fases Cu-Ni-Fe. Fonte: o autor
Figura 6.86 – Trinca observada em área rica em Cu em micrografia ótica de liga Fe-2.5Ni-17cu.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Dessa forma, podemos antever problemas na soldagem das ligas Cu-Ni, quando estas devem ser
soldadas aos aços inoxidáveis ou mesmo ao aço carbono, como ocorre eventualmente em aplica-
ções marítimas.
6. Descontinuidades e
516
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Na Figura 6.87 pode se ver que a soldagem das ligas Cu-Ni com os aços e com o cromo não deve ultrapassar
o percentual máximo de 5% de diluição, o que inviabiliza, de modo geral, a soldagem ao arco elétrico com
consumível de Cu-Ni, sendo seguro apenas com diluições abaixo desse valor (baixa susceptibilidade).
Todos os cuidados gerais são válidos para mitigar trinca em liga Cu-Ni (aumentam a susceptibilidade);
entre eles, geometria da junta, velocidade excessiva de soldagem, alta relação L/E. O amanteigamento
com consumível de níquel comercialmente puro e baixíssima diluição deve ser utilizado na soldagem
dissimilar do Cu-Ni com o aço inoxidável ou aço carbono. Para entender o amanteigamento, clique no
ícone e conheça eu conceito.
Informação Importante
O amanteigamento é uma técnica de manutenção que consiste na deposição de um metal
de maior tenacidade, geralmente de matriz austenítica, em passes retilíneos e curtos, de
forma que a deformação oriunda da contração de soldagem promova uma deformação nes-
se metal tenaz e, por isso, absorva a tensão de tração, evitando que essa tensão deforme o
metal base. O amanteigamento pode ser efetuado para fazer um gradiente de composição
antes do passe de acabamento, de forma a criar uma transição, geralmente de composição
ou de temperatura de fusão.
6. Descontinuidades e
517
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A Figura 6.88 representa de forma esquemática causas prováveis para trinca de solidificação e algumas
medidas corretivas , como, por exemplo:
» o aporte térmico muito baixo é prejudicial (grande gradiente térmico – tensões térmicas);
» o aporte muito alto também é prejudicial (gradiente baixo → aumento do tamanho de grão da ZAC
devido à segregação).
6. Descontinuidades e
518
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Esse filme é associado às impurezas, principalmente ao enxofre e fósforo, ou à presença de elementos
como o Nb, Ti e B pela formação de precipitados eutéticos com baixo ponto de fusão, mecanismo seme-
lhante ao da trinca de solidificação. De forma geral, está associada à presença de fase líquida que se forma
quando a temperatura no ciclo de soldagem excede a temperatura solidus de segregações, partículas, in-
clusões não metálicas ou eutéticos com ponto de fusão inferior a matriz sob ação de forças trativas.
Importante!
Direção de Zona
parcialmente
soldagem fundida
METAL DE
SOLDA LÍQUIDO
Poça de fusão
líquida
Região parcialmente
fundida com o
contorno de grão
com liquação
6. Descontinuidades e
519
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Necessariamente, a trinca não precisa ser originada no contorno de grão. Em alguns casos, o crescimen-
to do grão faz com que ele migre para regiões contendo fase líquida em função das altas temperaturas,
como será visto adiante de forma mais detalhada. A seguir, veremos particularidades da trinca de liqua-
ção em alguns materiais.
Importante!
O teor de enxofre abaixo de < 0,01% elimina a possibilidade de trinca por liquação
no aço carbono para qualquer teor de carbono.
1 2 3 4 5
Um aço com 0,25%C deve apresentar um valor de no mínimo 40 para a razão Mn/S.
Trinca de liquação localizada em regiões de microestrutura dúctil normalmente pode ser ignorada em
aço de baixa resistência, Figura 6.90. Entretanto, pode ser crítica para o aço de alta resistência mecânica,
a trinca de liquação apresenta geralmente pequeno tamanho.
Os aços inoxidáveis austeníticos e as ligas de níquel merecem maior atenção, pois costumam ser mais
susceptíveis que o aço carbono e o carbono manganês.
6. Descontinuidades e
520
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Direção de
Região
soldagem Linha
de fusão
pastosa
METAL DE
SOLDA LÍQUIDO
Grãos pacialmente
fundidos
Figura 6.90 – Esquema das diferente regiões da zona de fusão para a ZAC no centro do cordão.
Fonte: o autor
A trinca no aço inoxidável se dá por segregação de impurezas no contorno de grão à alta temperatura ou
por liquação constitucional do NbC (aço 347) e TiC (aço 321), aços estabilizados. O Quadro 6.16 mostra
alguns precipitados que podem ser encontrados nos aços inoxidáveis austeníticos.
(FeCr)3 Mo3 C,
M6 C Cúbico
Fe3 Mo3 C, Mo5 SiC
(Cr,Fe)23 Mo3 C6 ,
M26 C6 CFC
(Cr,Fe,Mo)23 Mo3 C6
6. Descontinuidades e
521
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Precipitado Estrutura cristalina Estequiometria
Hexagonal
R Mo-Co-Cr
Romboédrica
O diagrama WRC-1992 é uma ferramenta útil para avaliação preliminar do risco, uma vez que o teor de
ferrita do material de base é a ferramenta mais eficaz no controle do problema. A trinca de liquação
pode ocorrer na soldagem multipasse ao longo do contorno de grão (SGB) ou do contorno de grão mi-
grado (MGB). Metais de solda que apresentam mais ferrita (FN 2 a 6) são geralmente resistentes. Metal
de adição solidificado (depositado) no modo austenita ou austenita + ferrita apresenta muita segrega-
ção e são mais sensíveis.
6. Descontinuidades e
522
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.91 – Representação esquemática dos grãos observados nos metais de solda solidificados
como austenita primária. Fonte: Lippold & Kotechi, 2005, p. 162
6. Descontinuidades e
523
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.92 – Esquema de segregação de soluto na ZAC e alongamento
localizado de grãos. Fonte: Sindo Kou.
A trinca de liquação no metal de solda pode ser suprimida nos aços inoxidáveis austeníticos quando
atendidos os valores mínimos de FN demonstrados no Quadro 6.17.
Número mínimo de ferrita mínimo para evitar trinca de liquação no metal de solda
316 1,5
308 2,0
316 2,5
308L 3,0
309 4,0
347 6,0
6. Descontinuidades e
524
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Observações:
1 2
mecanismode
Nomecanismo
O desegregação
penetraçãoéouo liquação constitucional,
mais comum nessas ligasa no
trinca está“de
estado associada
novas”,àantes
presença de cons-
de entrarem
tituintes
em secundários,
operação, como intermetálicos
pois apresentam e carbetos.
grande quantidade deOelementos
rápido ciclo térmico
solutos ouda
desoldagem não permite
liga em solução sóli-
a dissolução dos precipitados na matriz, entretanto a região
da, ampliando a faixa entre a temperatura solidus e liquidus. é aquecida a uma temperatura superior a
temperatura eutética (L → S1 +S2 ). Em outras palavras, em função da drástica velocidade de aque-
cimento, o carbeto, partícula de segunda fase, não chega a se dissociar totalmente. Entretanto, perde
átomos de nióbio, Nb, enriquecendo nesse elemento a região adjacente ao precipitado (γ), podendo
atingir a composição eutética que apresenta uma menor temperatura de fusão. Essa região junto à
segunda fase reage com a matriz (γ /NbC) e se funde, formando um filme líquido com composição do
eutético. É o caso do carbeto de NbC (γ /NbC) e da fase intermetálica Laves (γ/ Laves). Essa fusão iso-
lada não costuma promover a formação da trinca. Entretanto, com o movimento do contorno, o líquido
pode permear (penetrar) no contorno. Esse contorno de grão na presença do filme líquido e sob tensão
tende a trincar (liquação constitucional). O precipitado não chega a fundir integralmente como pode
ser visto na Figura 6.93 (próximo dos constituintes secundários como a fase Laves).
6. Descontinuidades e
525
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.93 – Liquação da ZAC em liga de níquel, carbetos NbC e fase Laves.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Importante!
A liquação constitucional nada mais é do que a reação entre um constituinte particulado e a região da
matriz adjacente ao precipitado. O precipitado não funde em função de apresentar temperatura de fu-
são mais alta que a matriz. A fusão se dá na região enriquecida por Nb, ou seja, na interface entre o
precipitado e a matriz, onde a temperatura de fusão se tornou mais baixa. O mecanismo é mostrado na
Figura 6.94 para a liquação na liga de níquel 718 e para sua ocorrência é necessário que:
1. a partícula deve reagir com a matriz para criar um gradiente de composição ao redor do precipitado;
2. a composição da zona de reação deve fundir a uma temperatura mais baixa que a temperatura de
fusão da matriz pela formação de um eutético.
6. Descontinuidades e
526
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Aquecimento Aquecimento Contração oriun-
pela soldagem pela soldagem da da soldagem Resfriamento
No diagrama binário de fase da Figura 6.95 pode se observar a reação eutética entre um particulado
precipitado ou fase Ax By e a matriz ou fase α.
Quando a liga de composição CA é aquecida, há reação entre o precipitado e a matriz conforme as tem-
peraturas T1 , T2 , Te e T3 são atingidas. Observe a figura e clique no ícone para compreendê-la.
Informação Importante
Na temperatura ambiente, a liga apresenta matriz de composição C0 e precipitados Ax By .
Quando a liga é aquecida de forma lenta até a temperatura T2 , o precipitado é dissolvido.
Entretanto, esse não é o caso da soldagem, onde a ZAC sofre um rápido aquecimento. Na ZAC,
sob certas condições de aquecimento, a partícula não dissolve totalmente e reage com a ma-
triz ao seu redor (ponto b), onde é enriquecida de átomos solutos B. Quando a liga é aquecida
de T2 para Te , a interface continua sobre a linha solvus até o ponto c, temperatura eutética.
6. Descontinuidades e
527
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.95 – Diagrama de fase binário e ilustração do mecanismo de liquação constitucional.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
A Figura 6.96 mostra um exemplo de liquação constitucional pela fusão parcial do carbeto MX, especifi-
camente carbeto de nióbio NbC e fase Laves.
6. Descontinuidades e
528
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Composição (% em massa)
Ponto Estrutura
Fe Ni Co Nb Ti Si
Austenita de
D Bal. 38,5 11,3 10,2 2,6 0,9
contorno de grão
No mecanismo de segregação em ligas sem adição de nióbio, a segregação no contorno de grão de boro,
enxofre e fósforo são os principais responsáveis pela liquação, enquanto adições de manganês e mag-
nésio tendem a reduzir a susceptibilidade. O efeito benéfico do manganês e magnésio geralmente está
associado à capacidade destes elementos em se combinarem com o enxofre.
Atenção
Nas ligas com Nb, como a liga Alloy 718, o boro pode segregar no contorno de grão e provocar
a trinca de liquação sob grande restrição.
Para se verificar a suscetibilidade, o teste de soldabilidade, como o teste de ductilidade a quente (hot
ductility test), pode antever o problema. Para isso, se utiliza o simulador termomecânico desenvolvido
por Savage e Ferguson em 1950, a Gleeble.
6. Descontinuidades e
529
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A Gleeble é capaz de aplicar qualquer ciclo térmico com taxas de aquecimentos e resfriamentos contro-
ladas e testar mecanicamente o corpo de prova nesses ciclos ou em temperaturas definidas. Esse teste
permite obter a “assinatura da ductilidade” (ductility signature) do material. A Figura 6.97 mostra a si-
mulação do ciclo térmico de soldagem e a assinatura da ductilidade de um material muito susceptível.
Quando a ductilidade é medida durante o ciclo de aquecimento, a maior parte dos materiais exibe au-
mento da ductilidade, conforme a temperatura é aumentada (1 a 2), seguida por vertiginosa e abrupta
queda (2 a 4). No ponto 4, onde a ductilidade cai a zero, é chamada de temperatura de ductilidade nula
(NDT- Nil Ductility Temperature). No ponto 5, onde a resistência cai a zero, é chamada de temperatura de
resistência nula (NST – Nil Strength Temperature), obtida através de teste adicional.
Para determinar a curva de resfriamento, o corpo de prova é aquecido até a temperatura NST e resfriado
até uma pré-programada temperatura e testado.
Quanto mais próxima às curvas de aquecimento e resfriamento (ou as temperaturas NDT e DRT), menos
susceptível é o material (um material ideal apresenta sobreposição das curvas). Em outras palavras, sig-
nifica que o líquido formado no aquecimento (NDT → NST), irá apresentar o mesmo intervalo de tempe-
ratura (∆T) no resfriamento (NST → DRT).
6. Descontinuidades e
530
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Clique nos números para conhecê-los.
1 2 3 4 5 6 7 8
Empregar
Teor consumíveis
mínimo de ferrita de alto manganês (capacidade de absorver as deformações a quente)
Evitar
Uso de purga com
consumível comdelta
nitrogênio nos
nos aços
açosinoxidáveis
alto manganês austeníticos.
austeníticos porque
em aços inoxidáveis esse elemento
integralmente éausteníticos.
um potente ele-
na soldagem dos aços austeníticos (especialmente os de estrutura
mento gamageno e pode reduzir o teor de ferrita no passe de raiz. integralmente austenítica).
A soldagem deve ser realizada através do amanteigamento prévio com uma liga de menor percentual
de cobre com temperatura de fusão intermediária de forma a minimizar o aquecimento da liga Cu-Ni.
Isso permite que seja feita uma transição de temperaturas de fusão, como mostrado no Quadro 6.18.
Quadro 6.18 – Composição nominal, ponto de fusão, condutividade térmica e soldabilidade de ligas de cobre.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
531
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
As formas para mitigar a trinca de liquação em ligas de Cu-Ni são as mesmas utilizadas para as outras
ligas e a correta seleção de consumíveis, Figura 6.99.
Figura 6.99 – Formas de causas e mitigação da trinca a quente na ZAC e metal de solda.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6.2.3 Trinca pela Redução da Ductilidade à Quente (Ductility Dip Cracking- DDC)
Até o final da década de 1990, a trinca por redução da ductilidade (DDC) não tinha sido considerada
como um problema específico. Embora seja menos frequente que as trincas de solidificação e liqua-
ção, a trinca por DDC merece atenção e já foi observada na indústria do petróleo.
Apresenta característica intergranular e ocorre numa faixa de temperatura em que a liga se apresenta
totalmente no estado sólido (temperatura inferior a TS ), Figura 6.100. Tem sido observada em vários ma-
teriais, como os aços inoxidáveis austeníticos, principalmente quando integralmente austenítico, ligas
de alto cromo, aproximadamente 30% Cr em massa, ligas de níquel e ligas de cobre-níquel.
6. Descontinuidades e
532
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.100 – Exemplos de DDC. Fonte: Ramirez e Lippold, 2005.
O fenômeno, segundo alguns autores, é possível de ocorrer durante serviços a quente, como na lami-
nação, forjamento ou soldagem. Algumas ligas apresentam acentuada redução na ductilidade a quente,
quando expostas a aproximadamente entre 0,5 a 0,7 da temperatura de fusão, Figura 6.101.
BTR
Redução de
ductiidade
TL TS 0,5. TS
Temperatura
Figura 6.101 – Representação da Trinca de redução de ductilidade com a temperatura. Fonte: os autores
Essa redução de ductilidade não deve ser confundida com a faixa de temperatura frágil, mostrada nas
trincas de solidificação e liquação, que ocorrem em temperaturas mais altas na região parcialmente fun-
dida (entre as temperaturas liquidus e solidus). A trinca por DDC foi identificada erroneamente por anos
como sendo trinca de liquação. Entretanto, alguns pesquisadores, como Lippold, admitem que as duas
possam se unir por meio de mecanismos distintos.
6. Descontinuidades e
533
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Para entender essa diferença, clique no ícone e conheça a trinca por DDC.
Informação Importante
DDC é definida como sendo aquelas trincas geradas pela redução da ductilidade a uma tem-
peratura abaixo da temperatura solidus, sob a ação das tensões e deformações térmicas
oriundas da soldagem. Na soldagem, a DDC ocorre normalmente em juntas com alto grau
de restrição e geralmente em juntas espessas, onde a ductilidade do material pode ser ex-
cedida pela deformação induzida na soldagem. Essa trinca, segundo Ramirez e Lippold (ano
2005), se assemelha ao deslizamento do contorno de grão característico no processo de flu-
ência, sendo considerada uma forma de falha por fluência que ocorre de forma muito rápida
e a temperaturas normalmente pouco mais altas que as usuais.
Segundo os autores, segregação de impureza (P, S, O e H), precipitação no contorno de grão e a mor-
fologia do contorno (tortuosidade ou não) afetam a susceptibilidade à DDC. Durante a solidificação ou
mesmo em estado sólido, a presença de partículas (precipitados como MX) ou constituintes de segunda
fase impedem a movimentação do contorno de grão pelo efeito de travamento, tendendo a assumir
forma reta ancorando localmente a migração do contorno. Como será visto em mais detalhes adiante, a
forma sinuosa do contorno parece ser um dos principais fatores para reduzir a susceptibilidade à DDC.
Outros autores, como Noecker /Dupont (ano 2008), concordam parcialmente com o mecanismo. Acres-
centam um suposto mecanismo microscópico de travamento de contorno, onde carbetos M23 C6 com
distribuição e tamanho propício se opõem ao movimento do contorno.
6. Descontinuidades e
534
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Young e colaboradores (também em 2008) propuseram que a precipitação parcialmente coerente de
carbetos (Cr, Fe)23 C3 em conjunto com a tensão da solidificação resulta em DDC, ou seja, o mecanismo
para a DDC é uma trinca induzida por precipitação.
O Quadro 6.19 mostra algumas teorias para a trinca por redução da ductilidade.
Atenção
Até que métodos e testes padrões para avaliação da DDC sejam adotados, o teste
de deformação até a fratura (Strain-To-Fracture ou STF) tem sido empregado como
forma de avaliação e tem o seu corpo de prova representado na Figura 6.103.
6. Descontinuidades e
535
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
O simulador Gleeble é utilizado com diferentes temperaturas e deformações. A DDC pode ser respon-
sável por reprovações no teste de dobramento durante a fase de qualificação de procedimento de
soldagem, Figura 6.104.
Figura 6.104 – Teste Gleeble da ZAC. Fonte: Clóvis Rodrigues, tese doutorado, UFF 2016
A Figura 6.105 ressalta o papel dos precipitados no travamento do contorno de grão em relação à DDC
(de forma macroscópica e microscópica).
Carbetos estáveis à alta temperatura (precipitam primeiro) atuam como pontos de travamento à migra-
ção do contorno (migração). A fina precipitação de M23 C6 no estado sólido aumenta a resistência à DDC.
Figura 6.105 – Esquema de travamento por precipitados no contorno de grão.Fonte: Ramirez e Lippold, 2005.
6. Descontinuidades e
536
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Ramirez/Lippold sugerem que outros elementos intersticiais, como oxigênio, também podem reduzir a
resistência. Propõem que o molibdênio favorece a precipitação do M23 C6 ao longo do contorno, possi-
bilitando o microtravamento.
Alguns fatores são identificados para o controle da susceptibilidade à DDC e mitigação do problema (é
um problema mais ligado à seleção do consumível do que operacional):
1 2 3 4 5 6 7
Segregação
Orientação
Migração no
dedos contorno
contorno
Comportamento de de
contornos deimpurezas
grãogrãos e elementos
em relação
e travamento
da precipitação. intersticiais.
à deformação
deste. (45 a 90 graus).
Tensões associadas a um tratamento térmico efetuado com seus parâmetros diferentes do especificado
no procedimento de soldagem podem induzir à trinca de reaquecimento em materiais que apresentam
susceptibilidade. Numerosas teorias têm sido propostas como causa da trinca de reaquecimento e pro-
vavelmente muitas destas podem ser válidas sobre certas circunstâncias. Além disso, mecanismos po-
dem operar simultaneamente ou haver mudança de mecanismo em função da temperatura.
6. Descontinuidades e
537
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Clique nos números para conhecê-los.
1 2 3 4 5
Alto nível de deformação residual combinado com algum grau de triaxialidade em função
das deformações plásticas sofridas no aquecimento, como presença de entalhes e elevadas
espessuras.
Há alguns anos, era comum associar esses aços com vanádio como críticos para o aparecimento de trinca
de reaquecimento. Entretanto, essa afirmação referente ao vanádio deve ser avaliada com cautela, uma
vez que alguns desses aços, projetados com valor de vanádio nominal de 0,25% (exemplo: aços Cromo-
-molibdênio-vanádio avançados), podem apresentar menor susceptibilidade à trinca de reaquecimento
do que os aços sem vanádio, em função, principalmente, do controle das impurezas. A susceptibilidade
de uma liga será função da sinergia entre os elementos químicos (precipitação / segregação) e é depen-
dente do balanço dos elementos presentes na liga, inclusive impurezas.
De forma geral, os materiais resistentes ao alívio de tensão ou que apresentem fragilização localizada
no contorno de grão são candidatos a apresentar trinca de reaquecimento, e a sinergia é maior em
determinadas composições.
Várias fórmulas empíricas foram desenvolvidas para estimar a susceptibilidade à trinca de reaqueci-
mento em substratos ferríticos revestidos com aços austeníticos por soldagem e sujeitos à Tratamento
Térmico de Alívio de Tensões (TTAT). As fórmulas visam o controle dos elementos de liga, uma vez que as
impurezas são controladas por fórmulas próprias, por ex.: fragilização pelo revenido, por Norman Bailey
- Weldability of Ferritic Steels.
Para os cromo-molibdênio-(V) usados em vasos de pressão, temos algumas equações para prever a sus-
ceptibilidade:
6. Descontinuidades e
538
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defeitos próprios à soldagem
Clique nos itens.
Equação 7 - Fórmula de
Equação 8 - Fórmula Equação 9 - Fórmula
Nakamura, Uchiki
de Nakamura revisada de Ito e Nakanish
e Okabayeshi
ANa fórmula
fórmula dede revisada
Ito e Nakanish
Nakamura são incorpora a influência
avaliados outros do carbono
elementos na análise
formadores da susceptibilidade.
de carbetos, As
como o titânio
ligas comna
e nióbio, o ∆G1 < 2 apresentam
susceptibilidade. Osuma baixa com
materiais susceptibilidade.
PSR < 0 têm baixa susceptibilidade.
Equação 7 - Fórmula de Nakamura, Uchiki e Okabayeshi (∆G<0, baixa susceptibilidade)
Equação
Equação 8 - 9Fórmula
- Fórmula de Ito e Nakanish
de Nakamura revisada
(Haure e Bocquet) levando em consideração o efeito do teor de carbono)
De forma geral, entende-se que, durante o tratamento de alívio de tensões, ocorre simultaneamente
endurecimento por precipitação no interior do grão e relaxamento das tensões residuais (↓σe → defor-
mação). Segregações e precipitados grosseiros costumam precipitar no contorno de grão (a região adja-
cente ao contorno se torna empobrecida de particulados). Veremos abaixo particularidades da trinca de
reaquecimento em alguns materiais.
6. Descontinuidades e
539
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defeitos próprios à soldagem
A trinca é associada à redução da ductilidade no contorno de grão em relação aos grãos durante o
alívio de tensões ou quando exposta às condições de operação.
Na soldagem, há solubilização total ou parcial dos precipitados (carbetos de Cr, Mo, V, Nb e W) na região
adjacente à zona de fusão exposta a altas temperaturas (γ → grande tamanho de grão), mantendo os
átomos solutos em solução sólida na austenita. Em função das taxas de resfriamento usuais em solda-
gem, não há tempo para reprecipitação (ciclo térmico). Ao ser reaquecido durante o tratamento térmico,
a precipitação ocorre de forma finamente dispersa na matriz (discordâncias), endurecendo-a e aumen-
tando a resistência mecânica desta em relação ao contorno. Com o relaxamento e redução do limite de
escoamento, a falha ocorre de modo intergranular. A trinca é associada a regiões de concentração de
tensão (por ex.: reforço acentuado do cordão, bocal, reforço estrutural) e à alta restrição (alto nível de
tensões residuais), especialmente quando a soldagem envolve chapas espessas (> 40 mm) ou que apre-
sentem grande rigidez (trinca de aspecto frágil e intergranular).
Na Figura 6.106, pode se ver a localização de uma trinca de reaquecimento intergranular em um aço cro-
mo-molibdênio-vanádio situada na região de grãos grosseiros com precipitação de carbonetos.
Trincas
intergranulares
na ZAC
Regiões de grãos
grosseiros com
precipitação
A maioria dos aços sofre algum grau de fragilização da ZAC quando aquecidos à alta temperatura, por
volta de 600°C, pela segregação de impurezas no contorno de grão, especialmente na região de grãos
grosseiros. Os elementos considerados como impurezas aumentam a susceptibilidade da trinca de
reaquecimento.
A segregação de impurezas no contorno de grão, como enxofre, fósforo, estanho, antimônio e arsênico,
além de aumentar a susceptibilidade da trinca de reaquecimento, também provoca a fragilização pelo
revenido (fragilidade pelo revenido - Temper Embrittlement), Figura 6.107. A susceptibilidade é acentu-
ada na presença de alguns elementos de liga, como Cr, Cu, Mo, B, V, Nb e Ti.
6. Descontinuidades e
540
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.107 - Trinca intergranular em material ferrítico Cromo-molibdênio.
Fonte: https://www.twi-global.com/technical-knowledge/job-knowledge/defects-imperfections-in-welds-rehe-
at-cracking-048 acesso em 07/12/18
Figura 6.108 – Efeito da adição de vanádio na dureza de um aço Cr-Mo temperado. Fonte: o autor.
6. Descontinuidades e
541
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defeitos próprios à soldagem
O aço cromo-molibdênio com 0,25%V, segundo o API 941, aumenta a resistência ao ataque do hidrogênio à alta
temperatura, por, provavelmente, dificultar a difusibilidade do hidrogênio em função da presença dos finos pre-
cipitados e, além disso, apresenta maior resistência mecânica a quente e ao descolamento - disbonding.
Importante!
Reatores e vasos de pressão para unidades de HDT são fabricados com aços 2,25Cr-1Mo-(V) com tenaci-
dade mínima de 54J a -32C e fator J menor que 100, por causa da resistência à fragilização pelo revenido.
figura 6.109 - diferença na trinca de reaquecimento na soldagem multipasses. Fonte: Ramirez e Lippold, 2005
6. Descontinuidades e
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defeitos próprios à soldagem
6.3.1.1 Aço 2,25-Cr1Mo (V)
O aço liga 2,25Cr-1Mo é comumente empregado em serviços à alta temperatura, na geração de vapor
e em vasos de pressão na indústria química e petroquímica.
Importante!
Entre os aços empregados nas refinarias do Brasil, a família dos aços 2,25Cr-1Mo,
2,25Cr-1Mo-V e 2,25Cr-1Mo-VW é a mais susceptível.
O aço 2,25Cr-1Mo convencional apresenta a seguinte cinética de precipitação após soldagem. A sequ-
ência de precipitação foi levantada através de várias simulações de ciclos de soldagem e tratamentos
(400°C a 750°C e tempos de 0,5h a 1000h), conforme Figura 6.110.
6. Descontinuidades e
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.111 – Efeito do Mo na dureza durante TTAT. Fonte: o autor
Alguns carbetos de estrutura cristalina mais complexa, como os M7 C3 , M6 C e M23 C6 , normalmente pre-
cipitam de forma mais grosseira em função do maior raio crítico e, preferencialmente, nos contornos de
grão, que é a região energeticamente favorável e de mais fácil precipitação acima de 650°C. Esses carbe-
tos nucleiam e crescem às expensas da cementita e dos carbetos Mo2 C adjacentes ao contorno, tendo
seu número reduzido.
A trinca de reaquecimento no aço 2,25 Cr-1Mo e família é atribuída à fragilização do contorno e simul-
tâneo aumento da resistência no interior de grão.
Há poucos carbetos ricos em molibdênio e cromo no interior do grão do aço 2,25Cr-1Mo após cinco horas
de exposição a 575°C, apenas foram observados carbetos ricos em ferro em grande quantidade, pro-
vavelmente em função do balanço químico e temperatura/tempo de exposição. No contorno de grão,
foram encontrados poucos carbetos estáveis (M23 C6 , M7 C3 e M6 C) e, da mesma forma, praticamente só
foram observados carbetos ricos em ferro (M3 C). Foi constatada presença de cromo e molibdênio nos
carbetos ricos em ferro. Figura 6.112.
6. Descontinuidades e
544
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.112 – Metalografia típica de região intergranular (a) com Fe rico em carbeto M3C e (b) austenita
prévia com Fe rico em carbeto M3C após tratamento de 5h a 575°C. Fonte: apostila Descontinuidades de Junta
Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Importante!
Os aços com 0,5Cr-Mo-V são mais susceptíveis do que ao aços com maior cromo,
Figura 6.113. Não há referências na literatura técnica sobre falhas por trinca de
reaquecimento em aço Cromo-molibdênio quando o teor de cromo é igual ou supe-
rior a 5%Cr. Testes realizados por Murray em laboratório confirmam o que se tem
observado na prática.
6. Descontinuidades e
545
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defeitos próprios à soldagem
700
0,5Cr-Mo-V
2,25Cr-Mo Aço-C
650 0,5Mo-8
Mythern III
Temperatura, ºC
1Cr-Mo
600 5Cr-Mo
9Cr-Mo
550
500
400
0,1 1 10 100 1000
6. Descontinuidades e
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defeitos próprios à soldagem
1. Soldagem simulada do aço 2,25Cr-Mo-V Nb e W com apenas um passe
No aquecimento, a região adjacente à zona fundida é exposta a altas temperaturas, fazendo com que,
praticamente, todos os átomos solutos estejam em solução sólida, ou seja, praticamente todos os
carbetos são dissolvidos e a austenita cresce sem restrição (dissolução dos carbetos e alta tempera-
tura). Durante o resfriamento, a região de grãos grosseiros (T ≥1300°C) é transformada em marten-
sita (e/ou bainita).
Para entender o que acontece no tratamento térmico e no controle do grão, clique no ícone e compreen-
da como a forma (coerente, semicoerente ou incoerente) do carbeto influência no processo.
Informação Importante
Durante o tratamento térmico de alívio de tensões, estes elementos formadores de carbe-
tos precipitam, como VC, NbC, além de Mo2 C e W2 C, de forma coerente ou semicoerente
finamente distribuídos na matriz, preferencialmente, nas discordâncias. E se dá de forma
incoerente e mais grosseira no contorno de grão da austenita prévia, região energeticamen-
te favorável.
Nas fotos da Figura 6.114, precipitados no interior do grão podem ser observados e são essencialmente
carbetos ricos em W e V. No contorno de grão, foram encontrados carbetos M3 C e alguns carbetos de M23
C6 , M6 C e MC.
6. Descontinuidades e
547
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.114 – Carbetos precipitados em aço HCm2S após tratamento térmico.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Quando os carbetos são formados, a região adjacente ao contorno se torna empobrecida de elementos
de liga. Tensões e deformações atuam localmente nos contornos de grão e estes, por sua vez, apresen-
tam menor resistência mecânica e ductilidade em função da presença de impurezas. A fragilização pelo
revenido pode ser cumulativa, nestes casos, nas temperaturas usuais de tratamento térmico. Por isso,
a zona empobrecida e a fragilização pelo revenido levam à fratura frágil com aspecto intergranular. As
trincas iniciam em cavidades nucleadas por carbetos incoerentes tipo M3 C rico em ferro no contorno de
grão da austenita prévia na ordem de 50nm a pouco mais de 100nm.
Convém salientar que o grão, em uma condição não fragilizada, sob a ação de tensões se deforma. A
precipitação age como uma trava no interior do grão impedindo-o de se deformar e, sob a ação de
esforços de tração, trinca, Figura 6.115.
6. Descontinuidades e
548
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.115 - Microscópio ótico: (A) trincas e (B) vazios. Fonte: http://files.aws.org/wj/supplement/
02-2003-NAWROCKI-s.pdf acesso em 11/12/2018.
A Figura 6.116, através do microscópico eletrônico de transmissão, mostra o contorno de grão da auste-
nita prévia apresentando precipitação de carbetos (precipitados a temperatura de 575°C, 675 °C e 725
°C). Este carbeto foi identificado como M3 C ou [Fe, Cr]3 C rico em ferro através do EDS.
Figura 6.116 - (a) Leve precipitação a 575 °C, (b) 675 ºC e (c) 725 ºC a precipitação aumenta consideravelmen-
te. Fonte: http://files.aws.org/wj/supplement/02-2003-NAWROCKI-s.pdf acesso em 11/12/2018.
Alguns contornos de grão são integralmente cobertos por precipitados, outros sofrem apenas precipi-
tação parcial e alguns, ainda, são inteiramente desprovidos de precipitados.
» Nas cavidades nucleadas junto aos precipitados de M3 C, microtrincas nucleiam ao longo do contorno.
» Nas regiões do contorno da austenita prévia onde não houve precipitação de carbetos (sem carbe-
tos), não foi constatada presença de cavidades nem de trincas.
6. Descontinuidades e
549
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.117 – Mecanismo de trincamento na região de grãos grosseiros durante o alívio de tensões e após a
falha. Fonte: http://files.aws.org/wj/supplement/02-2003-NAWROCKI-s.pdf acesso em 11/12/2018.
A representação da região da falha, com característica frágil no contorno de grão grosseiro, era onde
se encontravam os precipitados. Locais sem, ou com pouca, precipitação no contorno, provavelmente
estão associados à grande diferença de orientação cristalográfica de um contorno em relação ao ou-
tro ou ao longo de um dado contorno.
Carbetos de molibdênio, vanádio, nióbio e tungstênio aumentam a resistência mecânica pela fina e
uniforme precipitação coerente no interior do grão, e a precipitação secundária ocorre de forma si-
multânea ao relaxamento. Cavidades similares às originadas no processo de fluência são formadas na
interface das partículas de M3C/ contorno da austenita prévia durante o relaxamento.
Técnicas empregando passes de revenimento (half bead e twin layer) e temper bead (na última camada) são in-
dicadas e se mostram eficazes na soldagem dos aços cromo-molibdênio susceptíveis à trinca de reaquecimento.
6. Descontinuidades e
550
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A soldagem multipasse do aço 2,25Cr-1Mo-V foi simulada através do termo simulador Gleeble por
Nawrocki/ Dupont/ Robino e Mader/ WRC/2001 – The Stress Relief Cracking Susceptibility of a New Fer-
ritic Steel - Part 2: Multiple – Pass Heat –Affected Zone Simulations. Observe o que:
» a ZAC correspondente ao primeiro passe apresenta grãos grosseiros de forma semelhante ao caso
anterior;
» após o segundo passe, a região de grãos grosseiros da austenita prévia, formada por uma estrutu-
ra bainítica/martensítica, é recristalizada pelo ciclo de soldagem. Entretanto, não há crescimento
da austenita porque esta foi exposta a temperaturas pouco acima de A3, região de refino de grão
pelo passe subsequente, e os carbetos não chegam a ser integralmente dissolvidos. Dentro das
condições normais de soldagem, os carbetos podem não ser totalmente solubilizados e, desta for-
ma, formam-se ou precipitam, podendo alguns até crescer. Os carbetos formados durante o res-
friamento do segundo passe coalescem e crescem durante o terceiro passe e crescem também no
tratamento térmico de alívio de tensões.
Esse processo, semelhante ao envelhecimento, promove a redução da dureza no interior do grão. As
regiões refinadas apresentam microestrutura menos endurecida. Portanto, não apresentam uma acen-
tuada diferença de resistência mecânica, gradiente de tensões, entre o contorno e a matriz como obser-
vada na soldagem com um único passe, matriz resistente e região ao longo do contorno desprovida de
elementos de liga com baixa resistência.
Como resultado, podemos resumir que na soldagem multipasse os corpos de prova falham ao longo
do contorno de grão e exibem deformação plástica uniforme, indicando que o procedimento foi efi-
ciente quanto à ocorrência de trinca de reaquecimento.
Esses carbetos no contorno podem agir como pontos de nucleação de microvazios durante o processo
de fluência (durante o processo normal de operação) e, do mesmo modo, no caso de fratura dúctil.
A Figura 6.119 faz uma representação do processo de precipitação comparando a soldagem com passe
único e multipasse no aço cromo-molibdênio-vanádio-tungstênio, mostrando como a soldagem multi-
passe reduz a susceptibilidade de trinca do reaquecimento.
Soldagem em Soldagem
passe único multipasses
Na soldagem multipasses,
em passe único,após
ema realização do segundo
altas temperaturas, há passe, há umados
a dissolução redução do tamanho
elementos de liga de
na grão
aus-
austenítico
tenita. Apóseodos pacotes deesta
resfriamento, martensita,
austenitacom
se uma precipitação
transforma de carbetos
em ripas inter-ripas.
de martensita Isto se deve
e os elementos de
a umestão
liga possível processoaprisionados,
trapeados, de revenido doemprimeiro
solução passe.
sólida.No tratamento
É possível, térmico pós-soldagem,
a depender háque
do ciclo térmico, um
crescimento
alguns desses
carbetos nãocarbetos inter-ripas e,Após
estejam dissolvidos. sob aplicação de tensão,
o tratamento térmicohádea alívio
formação de vazios
de tensões, háperpen-
a preci-
dicularesdeaocarbetos
pitação eixo de aplicação
no interiorda tensão.
e nos contornos dos grãos, seguindo a cinética citada anteriormente.
Há segregação de elementos para o grão da austenita prévia. Em uma etapa posterior, há a formação
de uma zona livre de carbetos adjacente aos contornos de grão. E sob aplicação de tensões trativa, há
o aparecimento de trincas nos contornos nessa região amolecida livre de carbetos.
6. Descontinuidades e
551
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defeitos próprios à soldagem
Soldagem em passe único
Austenita em alta Martensita após o Precipitação de Região livre de Deformação no
temperatura resfriamento carbetos no TTAT carbetos no contorno na zona
contorno de grão desnuda
Soldagem multipasses
Austenita em alta Martensita após o Redução do tamano de Crescimento Formação de vazios
temperatura resfriamento grão e precipitação no dos carbetos pela aplicação de
segundo passe tensão
Figura 6.119 – Mudanças micro estruturais e modo de falha em passe único e múltiplos passes em aços
2,25Cr-1Mo-V. Fonte: autor.
Esse comportamento é típico de alguns aços Cr-Mo-V-Nb-W utilizados em plantas de geração de vapor
em substituição ao grau 22. Os graus 23 e 24 foram desenvolvidos tendo como base o grau 22 e recebe-
ram adição de outros elementos de liga visando inicialmente à utilização em paredes de água em plantas
supercríticas/ultra-supercríticas. São, também, empregadas em reaquecedores e superaquecedores de
caldeiras convencionais (tubos de baixa espessura). Mais tarde, foram empregados em coletores (hea-
ders) de parede grossa e tubos de condução de vapor.
» Menor teor de carbono, o que melhora a soldabilidade e evita TTAT em pequenas espessuras.
» Adição principalmente de V, Nb e W no grau 23 e V, Ti no grau 24, os quais formam carbetos, nitretos
e carbonitretos finamente distribuídos na matriz, aumentando a resistência à fluência. Entretanto,
o grau 23, principalmente, se mostra susceptível à trinca de reaquecimento em juntas de grande
espessura, como em coletores de vapor (headers), função da triaxialidade das tensões e bruscas
mudanças geométricas, como ramificações atuando como concentradores de tensão.
6. Descontinuidades e
552
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Importante!
Um fabricante de aço sugere que o problema pode ser amenizado com a introdução de outro fator de im-
purezas. Indica o fator K = Pb + Bi + 0.03Sn < 1,3 ppm. Contudo, esses elementos nem sempre estão presen-
tes ou foram identificados no contorno de grão, e a redução de área é um indicativo para a susceptibilidade
à trinca de reaquecimento, e o controle de impurezas contribui no controle. Em 2009, na conferência anual
do ASME, além do fator K, um teste adaptado chamado de “novo teste RHC” busca classificar a susceptibi-
lidade à trinca a quente em consumíveis de soldagem empregando o simulador Gleeble.
Um resumo dos fatores para metal base e metal de solda estão mostrados nos Quadro 6.21 e Quadro 6.22.
Valor médio
Valor médio para o
Parâmetros de composição Referência para o metal
metal de solda
base
6,9 6,9
5,8 8,3
4,5 7,1
10,5 8,1
0,5 0,34
6. Descontinuidades e
553
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defeitos próprios à soldagem
6.3.2 Trinca de Reaquecimento dos Aços Inoxidáveis Austeníticos
O aço austenítico é comumente empregado entre 500°C e 650°C e, em algumas situações, até acima
650°C, devido à boa resistência à fluência e à oxidação. Os aços inoxidáveis estabilizados ao nióbio, como
no aço 347, e ao titânio, como no aço 321, apresentam maior incidência e susceptibilidade a trincas de
reaquecimento do que os não estabilizados, especialmente, o estabilizado ao nióbio.
Os dois elementos são adicionados com a finalidade de inibir a corrosão intergranular pela forte afi-
nidade com os elementos intersticiais carbono, em especial e nitrogênio.
O aço estabilizado ao Nb grau 347Mod foi desenvolvido para a área nuclear por apresentar maior re-
sistência. A razão Nb/C no aço 347Mod é superior a 17 ao invés de 8 no 347 convencional. Entretanto, a
quantidade total de nióbio é menor no aço modificado pela redução do teor de carbono.
» A região da ZAC adjacente à zona fundida experimenta temperaturas muito altas, que são sufi-
cientes para dissolver os precipitados (carbetos, nitretos ou carbonitretos) nos ciclos térmicos de
soldagem, principalmente em menores teor de carbono, Figura 6.120.
Figura 6.120 - Curva solvus dos carbetos de nióbio e titânio em aço inox 304.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
554
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defeitos próprios à soldagem
Na Figura 6.121, observa-se a variação do tempo necessário para a dissolução do carbeto de nióbio na
austenita à temperatura de 1350°C em função do diâmetro inicial da partícula (precipitado) e diferentes
percentuais de Nb e C. Esses tempos de dissolução são extremamente factíveis de acontecer em um ciclo
normal de soldagem na região de grãos grosseiros, sobretudo para partícula de menor diâmetro.
» Durante o severo ciclo de resfriamento, a maior parte dos átomos solutos permanece em solução
sólida e simultaneamente são geradas tensões residuais de soldagem em função das deformações
plásticas sofridas no aquecimento.
Importante!
6. Descontinuidades e
555
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Na Figura 6.122, pode-se observar que o carbeto de nióbio mantém a estabilidade dimensional até a
temperatura de 1140ºC (aço microligado), enquanto a relação volumétrica se mantém constante (f/f0 =
1). A partir dessa temperatura, o diâmetro do precipitado começa a diminuir progressivamente até total
dissolução na matriz, quando f/f 0 = 0. A redução do diâmetro é dada pela razão entre a fração volumétri-
ca final (f) e a fração volumétrica inicial do precipitado (f 0).
A junta, quando submetida à alta temperatura, tem sua tensão residual relaxada, induzindo uma loca-
lizada deformação plástica na margem do cordão. Concomitantemente, carbetos tipo MC (bem como os
MN e M(C,N)) precipitam de forma coerente finamente dispersa na matriz (pequeno raio crítico). Essa
precipitação se dá, preferencialmente, nas discordâncias de forma intragranular, aumentando a resis-
tência do grão em relação ao seu contorno. No contorno de grão, a precipitação costuma ser mais gros-
seira por ser uma região energeticamente favorável à precipitação (grande número de defeitos). A trinca
se desenvolve por deformação de modo similar à fluência no contorno de grão.
Estudos relativamente recentes no aço 321 sugerem que outro mecanismo possa também estar envol-
vido, além da precipitação de carbetos. Para conhecer esse outro mecanimos, clique no ícone e entenda
como foram realizados os estudos.
6. Descontinuidades e
556
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Informação Importante
Testes foram realizados em três temperaturas (550ºC, 600ºC e 650ºC) em um material pre-
viamente termomecanicamente processado (aquecimento a 1200°C e deformações plásti-
cas no resfriamento variando de 5% a 40%), simulando as condições de soldagem na ZAC. O
mecanismo preponderante na trinca intergranular de reaquecimento não foi a precipitação
dos carbetos de titânio, uma vez que esta não foi identificada na análise microestrutural.
Essa análise foi combinada ao resultado dos testes de tração, dureza, fluência e relaxamen-
to da deformação.
Esse mecanismo proposto foi baseado na existência de uma grande região submetida a tensões inter-
nas induzidas por deformação. Assim, essas tensões internas foram responsáveis por acelerar a taxa
de nucleação intergranular de cavidades de fluência. Esses locais seriam resistentes ao relaxamento
(deformação) por causa de interações entre as discordâncias e átomos solutos. Afirmam que, pelo nú-
mero e tamanho dos precipitados encontrados, parte relevante dos elementos C, N e Ti permanecem em
solução sólida. Sendo assim, concluíram que há mais de um mecanismo agindo. Esse mecanismo apre-
senta grande semelhança ao “endurecimento por deformação” pela interação do C e N nas discordâncias
durante o início do aquecimento (elementos intersticiais em solução sólida). Por isso, é o principal fator
no aumento da resistência dos grãos em relação ao contorno.
Importante!
O endurecimento por precipitação gera tensões residuais, que são potencializadas pelas operações
de usinagem, conformação e soldagem. Quando essa tensão residual excede o limite de escoamento
do material, resulta na trinca de envelhecimento por deformação característico nessas ligas de níquel
endurecidas por precipitação.
6. Descontinuidades e
557
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defeitos próprios à soldagem
A trinca por envelhecimento por deformação é mais frequente em ligas endurecidas por γ’ - Ni3(Al, Ti) - e
depende da taxa e magnitude da precipitação. Se torna crítica nos materiais em que a soma dos elemen-
tos alumínio e titânio for superior a 6% (Al + Ti ≥ 6%).
As ligas de níquel endurecidas por precipitação com adição de nióbio apresentam maior resistência,
como as ligas 718 e 706, do que as ligas contendo adição de titânio e alumínio.
A Figura 6.123 (ASM Handbook e Sindo Kou) faz clara divisão entre as ligas de níquel aditivadas com Al +
Ti quanto à soldabilidade (facilidade).
A taxa de precipitação de γ’ é função da quantidade de Al + Ti. A taxa de precipitação também está asso-
ciada ao grau de deformação do material de base (encruamento ou cold work), o qual acelera a precipi-
tação (quanto maior a taxa, maior a propensão à precipitação).
Na Figura 6.124 pode-se observar o comportamento da ZAC durante o tratamento térmico, normalmen-
te executado após soldagem nas superligas com o intuito de restaurar a sua resistência mecânica, além
de aliviar tensões da soldagem. A faixa de temperatura crítica está situada de T1 a T2 , que geralmente é
de 540ºC a 815ºC.
» Após a soldagem (ponto 1 em t1 ), em função do ciclo térmico e das altas temperaturas experimen-
tadas pela ZAC, a região próxima à zona de fusão se apresenta solubilizada e amolecida em “a” com
relação ao metal base. Na prática, durante o ciclo inicial de aquecimento (ponto 2, t2 ) nem sempre
é possível evitar a precipitação de γ’ no tratamento de solubilização (realizado previamente ao de
envelhecimento).
6. Descontinuidades e
558
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defeitos próprios à soldagem
» Durante o aquecimento, ao atingir a faixa de temperatura entre T1 a T2 no ponto 2, em muitos ca-
sos, é inevitável o corte da curva de precipitação (função da posição relativa do cotovelo da curva
C de precipitação do material). Quando o cotovelo é cortado, ocorre a precipitação (b > T1 ) e um
aumento da resistência mecânica. Porém, essa precipitação se dá na mesma faixa de temperatura
em que as tensões são relaxadas e isso pode conduzir a uma deformação localizada no contorno
de grão. Se a deformação for demasiadamente alta, há o aparecimento de trinca no contorno por
strain-age cracking, trinca de reaquecimento.
Figura 6.124 – ZAC após tratamento térmico em superligas de níquel. Fonte: adaptado de Sindo Kou, 2012.
Em outras palavras, quando o conjunto soldado é aquecido rapidamente, evitando interceptar o co-
tovelo da curva de precipitação, a solubilização será alcançada sem risco de precipitação (função do
material); entretanto, nem sempre é possível.
Nas ligas endurecidas por precipitação, a soma dos elementos Al + Ti ≥ 6% torna a soldagem sem trinca
por envelhecimento por deformação praticamente impossível, Figura 6.125.
6. Descontinuidades e
559
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.125 – Relação entre quantidade de Ti +Al, aquecimento e solubilização.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Por isso, o tratamento de envelhecimento deve ser evitado logo após a soldagem, sem prévio alívio, se a
temperatura de trabalho da liga estiver situada dentro da faixa de precipitação de γ’. Mesmo o tratamento
de alívio deve ser realizado com a mais alta taxa de aquecimento possível. A melhor opção é aliviar as ten-
sões ou solubilizar a junta antes de envelhecer. Após a soldagem, o tratamento de alívio de tensões deve
ser realizado à temperatura acima de 870°C, com alta taxa de aquecimento na faixa crítica de 540°C a 815°C.
1 2 3
Soldagem de algumas superligas de alta resistência após alívio das tensões, alívio + envelhe-
cimento, ou solubilização, solubilização + envelhecimento. Altas taxas de aquecimento de-
vem ser impostas na passagem da faixa crítica de precipitação. Nessas condições, o problema
por vezes pode ser contido, mas é uma soldagem de risco, especialmente quando envolve
junta com alta restrição e espessura. Algumas ligas são consideradas não soldáveis.
6. Descontinuidades e
560
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defeitos próprios à soldagem
6.3.4 Trinca por Relaxamento (Stress - Relaxation Cracking)
A trinca de relaxamento, diferentemente da trinca de reaquecimento, pode ocorrer após anos de operação,
Figura 6.126. Esse fenômeno ainda é discutido no meio acadêmico e na indústria, sendo que alguns con-
sideram se tratar de uma falha por fluência, especialmente em falhas após longos períodos de operação.
Figura 6.126 – Representação da trinca de relaxamento com o tempo em serviço. Fonte: o autor
É característica de ligas resistentes ao calor como os aços série H (304H, 316H) e ligas de níquel como o
Inconel 800H, 800HT, normalmente, em paredes grossas e em soldagem multipasse.
A trinca de relaxamento é associada a longos tempos de exposição, 10.000 a 100.000 horas, de juntas
espessas ou com alta restrição em temperaturas na faixa de 500ºC a 700ºC. A trinca ocorre da mesma
forma que a trinca de reaquecimento.
6. Descontinuidades e
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Figura 6.127 – Esquema de micrografia de microestrutura com maior resistência
após serviço a 600°C. Fonte: o autor
Importante!
Autores sugerem que o tratamento térmico de alívio de tensões antes das peças
serem colocadas em operação (~800°C) pode evitar o problema.
A falha de relaxamento no 800H pode ser identificada pela aparência da fratura onde um filamento rico
em níquel (percentual superior a 70%), praticamente, desprovido de cromo (podendo ser envolvido por
filamento rico em cromo) é encontrado, e a trinca seria resultante do envelhecimento por precipitação e
não estaria envolvido nenhum mecanismo de corrosão ou oxidação.
Após soldagem, a liga 800H apresenta alta densidade de discordâncias na região solubilizada e com uma
dureza de 210 HV. Com a exposição à temperatura de operação, envelhecimento da liga, há aumento da
dureza para 240 HV, Figura 6.128.
6. Descontinuidades e
562
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Figura 6.128 – Aumento da dureza na regiões soldadas da liga 800H.
Fonte: adaptado de apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012
A microestrutura apresenta finíssima e massiva precipitação no interior do grão de carbetos (50 nm)
e precipitados no contorno. A área adjacente ao contorno de grão é desprovida de precipitados, como
mostrado na Figura 6.129.
A falha no 800H está associada à diferença de resistência entre o interior dos grãos pela precipitação
de carbetos e gama prima γ’ ou Ni3 (Al,Ti) e o contorno de grão grosseiro.
6. Descontinuidades e
563
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.129 – Precipitação fina de carbetos M23 C6 e alta densidade de discordâncias na matriz da liga 800H
observada no MET. Fonte: adaptado de apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
564
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defeitos próprios à soldagem
As falhas na liga 800H por trinca de relaxamento apresentam características próprias, como:
Atenção
A falha não pode ser detectada previamente através dos testes mecânicos padronizados.
Na temperatura ambiente, os testes de resistência mecânica, dobramento e Charpy não indicam a sus-
ceptibilidade. Da mesma forma, os testes de fluência não atendem. A trinca pode ocorrer em outros
materiais, como o 347H, 304H, 316H, 800H, 32Ni20CrNb e ligas 625, 617 e 601.
6. Descontinuidades e
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6.3.5 Trinca Sob o Cordão (Underclad Cracking – UCC) ou Placagem
A Trinca Sob o Cordão em Soldagem de Revestimento ou trinca de Placagem é uma trinca por reaque-
cimento. Entretanto, é apresentada como uma particularidade de trinca de reaquecimento em função
de essa trinca acontecer, na maioria dos casos, durante a soldagem, e não necessariamente quando o
equipamento é posto em operação ou após o tratamento térmico de alívio de tensões. Na realidade, se
trata de materiais muito susceptíveis com regiões apresentando picos de tensões residuais e sem alívio
pelo passe subsequente.
O problema foi identificado pela primeira vez na década de 1970 durante a soldagem de vasos de
pressão para a área nuclear (aço conforme ASME SA 508Cl 2).
A Figura 6.131 ilustra o exemplo da soldagem de revestimento através do processo arco submerso ou
eletro escória com fita. Observe que:
6. Descontinuidades e
566
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defeitos próprios à soldagem
Na soldagem de revestimento anticorrosivo com passe único, a trinca sob o clad, de maneira geral,
pode ser amenizada pela redução do aporte de calor e consequente redução do tamanho de grãos
grosseiros da zona supercrítica. Todavia, como normalmente não há tanta flexibilidade nos parâme-
tros de soldagem a ponto de ocorrer sensível variação do aporte de calor, a forma mais segura e eficaz
é o emprego de materiais com especificação apresentando baixa susceptibilidade a trinca de reaque-
cimento sob o clad com controle da composição química e impurezas.
Os aços empregados na fabricação de reatores nucleares são os mais susceptíveis. São especificados e
produzidos atendendo ao índice para prevenção de trinca sob o cordão, conhecida como T. O valor de T
deve ser inferior a 0,9.
Onde:
» X = Al para Al ≤ 2N
» X = 2N para Al > 2N
Importante!
Resumindo, não há recristalização e refino de grão na região de grãos grosseiros. Mudar o procedi-
mento, com o intuito de refinar a região de grãos grosseiros, permite a soldagem do segundo passe
com eletrodo revestido sem incidência de trinca (mesma região de bocal).
Em outro caso, trinca sob o revestimento com o processo SAW por fita AISI 309 + AISI 304 foi observada
e considerada como causa pela trinca em um aço forjado Cr-Mo-V de 140 mm de espessura após TTAT.
As trincas estavam localizadas em sua maioria à profundidade de 1,5 mm com comprimento máximo
de 7 mm. Essas trincas foram identificadas por líquido penetrante (LP) após remoção do revestimento.
Entretanto, pelo fato de o tratamento térmico de alívio de tensões ter sido realizado, não pode ser ca-
racterizada como placagem, podendo ser uma trinca de reaquecimento convencional em aço Cr-Mo-V.
6. Descontinuidades e
567
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defeitos próprios à soldagem
Importante!
A trinca pelo hidrogênio pode apresentar trincas internas muito finas, que, por
vezes, passam despercebidas pelos ensaios não destrutivos, sendo identificadas
apenas após o TTAT (relaxamento com o alargamento da trinca).
1 2 3 4 5
Na soldagem
Soldagem
Reduzir dede
fabricação
multipasse
o nível de vasos
proporciona
tensão residual ade pressão,
emaior refinonaadasequência
restrição região dede
soldagem. soldagem
grãos deve ser
grosseiros em planejada
materiais
de forma a evitar regiões de grãos grosseiros na ZAC e concentradores de tensão.
ferríticos.
6 7 8 9 10
Reduzir
Nas ligasou,
Empregar de
umpreferencialmente,
níquel,
baixo seleção
aporte de eliminar
docalor
material: o reforço
de forma dacrescimento
a evitar raiz e da face da junta de
acentuado para reduzir
grão os
e a sol-
concentradores de tensão.
dagem de algumas superligas de alta resistência na condição superenvelhecida pode ame-
» ligas
nizar endurecidas
o problema por solução
em alguns sólida; algumas ligas sejam consideradas não soldáveis.
casos, embora
» seleção de ligas com baixo titânio e alumínio, Ti + Al < 6%, ou emprego de ligas com
adição de nióbio (γ”).
6. Descontinuidades e
568
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6.4 Fragilização pelo Revenido (Temper Embrittlement)
A fragilização pelo revenido está, normalmente, mais associada à alta temperatura de operação que
propriamente ao TTAT. Alguns aços apresentam maior susceptibilidade, como os cromo-molibdênio, ní-
quel-cromo-molibdênio e os 3 a 9% níquel. A fragilização pelo revenido não ocorre no aço carbono, en-
tretanto pode ser observado, mesmo que impróvável, em alguns aços como os Ni-Cr, Ni-Cr-Mo e Cr-Mo.
Atenção
Embora não seja um defeito de soldagem, a fragilização pelo revenido foi incluída
neste capítulo, pois está indiretamente associada à operação de soldagem .
A partir da década de 1930, aços cromo-molibdênio começaram a ser utilizados na Alemanha na fabrica-
ção de reatores em plantas de hidrogenação, sendo inicialmente mantidos entre 315ºC e 345ºC em fun-
ção do revestimento interno do vaso, constituídos na época por uma mistura de argamassa e amianto.
O IIW considera que redução de tenacidade pela fragilidade pelo revenido se dá de 350ºC a 600ºC, após
a exposição prolongada na faixa crítica. Para compreender a importância da fragilidade pelo revenido,
clique no ícone e entenda como o processo ocorre.
Informação Importante
A fragilização pelo revenido aumenta a temperatura de transição dúctil-frágil deslocando a
curva para a direita com leve redução do patamar superior, na região de fratura dúctil. Sob bai-
xa taxa de carregamento, comportamento estático, não resulta em perceptível mudança das
propriedades mecânicas. O processo se desenvolve de forma mais rápida ou mais lenta de-
pendendo da temperatura de exposição dentro da faixa crítica de fragilização pelo revenido.
6. Descontinuidades e
569
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defeitos próprios à soldagem
Elemento Mínimo Máximo Média Desvio padrão
Quadro 6.23 - Encontrada. Faixa de valores de elementos e teste de impacto após envelhecimento.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Os elementos Sb, P, Sn, Sb e As são os mais deletérios para a resistência à fragilidade pelo revenido.
Entretanto, outros elementos como Se, Te, Ge, Si, Mn, V, B, Si podem impactar nessa redução da te-
nacidade por segregarem no contorno de grão. Alguns autores incrementam, ainda, essa lista com os
elementos C, N, Bi e O.
Embora em todos os aços ocorra alguma redução da tenacidade, devido ao envelhecimento à alta tem-
peratura por causa da segregação, esse problema se torna relevante na indústria do petróleo especial-
mente em determinados aços cromo-molibdênio. Os principais aços são o 2,25Cr-1Mo, o 2,25Cr-1Mo-V,
o 3Cr-1Mo, o 3Cr-1Mo-V e, com menos frequência, o 1,25Cr-1Mo, pois há redução da ductilidade e essa é
menos sensível que os mais ligados da família.
Os aços cromo-molibdênio podem ser divididos quanto à resistência a fragilidade pelo revenido:
6. Descontinuidades e
570
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.132 – Aumento da temperatura de transição dúctil x frágil e redução do patamar superior devido à fragi-
lização pelo revenido. Fonte: adaptado de apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012
1 2 3
Bruscato (década de 1970) propôs que a susceptibilidade pode ser estimada pela relação entre o parâ-
metro e a interação entre os elementos (Mn + Si). Bruscato, além do fator
X para o aço cromo-molibdênio, propôs outros parâmetros como o Y para o aço níquel-cromo-molibdê-
nio e Z para o aço 3,5% de níquel.
6. Descontinuidades e
571
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defeitos próprios à soldagem
Atenção
Na Figura 6.133, estão plotados no diagrama os valores de tenacidade encontrados para três aços 2,25Cr-
-1Mo com diferentes teores de manganês. Pode ser observada a discrepância dos resultados em relação
ao esperado por Bruscato, ou seja, os três aços apresentam tenacidade muito maior que a esperada,
corroborando com o que é praticado há alguns anos por algumas normas/recomendações internacionais
como o API e pela indústria do petróleo na especificação para reatores de parede grossa.
Bruscato também sugeriu que, quando o percentual de silício for inferior a 0,5 e a soma do percentual de
fósforo e enxofre for maior do que 0,03%, o aço 1,25Cr-1Mo é susceptível. Suzuki indicou que o fósforo
inferior a 50ppm reduz a susceptibilidade do 2,25Cr-1Mo.
6. Descontinuidades e
572
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defeitos próprios à soldagem
A fragilidade pelo revenido no 2,25Cr-1Mo no material de base pode ser minimizada da seguinte forma:
Pequenas quantidades de vanádio, algo em torno de 0,12% V, reduz a fragilização a quente. A precipita-
ção do vanádio no contorno impede a segregação do fósforo e manganês. Em outros trabalhos, o efeito
do vanádio é considerado deletério.
A resistência à fragilidade pelo revenido do metal de adição do aço 2,25Cr-1Mo pode ser aumentada
através de:
1 2 3 4
Técnica de soldagem: as camadas devem ser finas, não excedente 2 mm de espessura
de forma a garantir o efetivo refino de grão, resultando em uma menor região de grãos
grosseiros na ZAC.
Entende-se como extremamente necessário o controle do aço 2,25 e 3 Cromo-molibdênio (V) e respecti-
vos consumíveis através de alguns parâmetros empíricos como os desenvolvidos por Watanabe (fator J)
para o metal de base, Bruscato (fator X) para o consumível e Komizo/ Sugiyama (Fator PE - adotado pelo
IIW), além das restrições indicadas no API, conforme abaixo:
6. Descontinuidades e
573
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defeitos próprios à soldagem
Clique nos ítens.
Komizo/
Watanabe Bruscato Sugiyama
(fator J) (fator X)
(fator PE)
com
com Si, Mn,Sn,
P, Sb, P, and
e AsSn
emem % em massa,
ppm,
Cu
Cu == 0,20
0,20 %
% em
em massa
massa máx.,
máx.,
Ni
Ni==0,30
0,30%%em
emmassa
massamáx.
máx.Para os aços convencionais e 0,25% em massa máx. para os aços avançados.
Importante!
Valores máximos:
» C = 0,12 %;
» Sn = 0,004 %;
» Mn = 0,30 à 0,85 % (SAW);
» As = 0,015 %;
» Mn = 0,30 à 0,90 % (SMAW);
» Al = 0,010 %;
» Si = 0,30 % (SAW);
» Sb = 0,004 %;
» Si = 0,45 % (SMAW);
» V = 0,015 %;
» P = 0,008 %;
» Ni = 0,20 %;
» S = 0,005 %;
» Cu = 0,15 %.
6. Descontinuidades e
574
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defeitos próprios à soldagem
6.4.1 Alternativa ao fator de Bruscato
A fabricação de reatores para unidades de hidrotratamento (HDT) utiliza aços cromo-molibdênio-vanádio
temperados e revenidos de grande espessura (150 mm a 300 mm). Logo, a redução da tenacidade pela fra-
gilização do revenido se torna extremamente preocupante em partidas e paradas de unidade. O problema
é acentuado quando o aço cromo-molibdênio (temperado e revenido com distribuição dos precipitados e
alta resistência mecânica) está saturado de hidrogênio (por ex.: reatores, permutadores e vasos).
De 1970 para os dias atuais, as usinas melhoraram significativamente a qualidade de seus aços e, em
muitos casos, o tratamento perece não afetar os resultados com uma redução da tenacidade signifi-
cativa. Alguns pesquisadores acreditam que os aços limpos necessitem um maior tempo de incubação.
Outros autores fazem ressalvas e restrições ao step cooling como um tratamento representativo do
envelhecimento em operação, principalmente porque não leva em consideração a tensão aplicada,
Figura 6.134.
Figura 6.134 - Step Cooling - Tratamento térmico para acelerar e simular a fragilização ao revenido.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
575
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defeitos próprios à soldagem
Importante!
Outros testes em step e de maior duração foram propostos, porém o step cooling
é o teste empregado pelo API934A/B/C/D/E como ferramenta de avaliação de
equipamentos fabricados com parede grossa em aços 1,25Cr1Mo; 2,25Cr1Mo e
3%Cr-1Mo (V).
A partir do material na condição novo e envelhecido após step cooling, são levantadas as respectivas
curvas de transição dúctil-frágil, através de ensaios de impacto Charpy.
O patamar inferior indicativo de fratura tipo frágil da curva de transição dúctil-frágil apresenta mudança
de mecanismo em função do estado do material. Deve-se ter em mente que o mecanismo de fratura é
por clivagem para o material não fragilizado (como recebido e novo). Entretanto, a falha de modo frágil
no material fragilizado pelo revenido (fragilidade pelo revenido) após o step cooling se dá pelo mecanis-
mo de fratura intergranular (segregação no contorno de grão). A Figura 6.135 mostra o efeito do teste
na curva de transição dúctil – frágil.
Figura 6.135 – Efeito do step cooling no fragilidade pelo revenido na curva de transição dúctil – frágil.
Fonte: adaptado de apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012
As curvas de transição dúctil–frágil são levantadas através de pelo menos oito temperaturas nas con-
dições como tratado (TTAT e novo) e como tratado e envelhecido (TTAT + Step Cooling), sendo que uma
das temperaturas de teste deve ser igual a -30°C. Atendendo à fórmula abaixo:
6. Descontinuidades e
576
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defeitos próprios à soldagem
Onde:
Na Figura 6.136, se pode observar a variação nas curvas de transição dúctil – frágil em um aço 3Cr-1Mo
sem e com fragilização pelo revenido.
A Figura 6.137 apresenta a correlação entre o fator J e a diferença entre as temperaturas ∆FATT (diferen-
ça entre as temperaturas de transição dúctil – frágil).
6. Descontinuidades e
577
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.137 – Correlação entre o fator J e a diferença entre temperaturas ∆FATT.
Fonte: adaptado de apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012
1 2 3 4 5 6
Parâmetros
Adição deda
Aumento de soldagem
terras raras
alumínio
basicidade controlados,
- REM.
e titânio.
dos passes
consumíveis, finos, emenores
de SMAW SAW. do que 2 mm de espessura para
refino de grão e possível revenimento.
6. Descontinuidades e
578
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.138 – Ciclo de fabricação, envelhecimento e reversão do fragilidade pelo revenido.
Fonte: adaptado de apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012
Na maioria das vezes, a decoesão lamelar está associada com à morfologia de inclusões não metálicas,
principalmente em chapas grossas e a forma construtiva da estrutura em soldas em ângulo, como
juntas fabricadas em tê ou de canto. Ocorre quando essa junta é submetida à tração, no sentido trans-
versal da espessura, gerada na contração do cordão e o limite da ZAC se encontra paralelo ao sentido
de laminação, Figura 6.139.
Figura 6.139 – Detalhes e configurações de juntas que podem ocasionar decoesão lamelar.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
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defeitos próprios à soldagem
Esquematicamente pode se observar o lingote após solidificação e o descarte parcial da parte su-
perior (vazios, poros, inclusões). A Figura 6.140 mostra inclusão linear no interior da chapa laminada
(sentido de laminação).
Para a ocorrência deste tipo de trinca, há a necessidade de ocorrência simultânea de dois fatores:
Na realidade, a presença de segregação alongada é o caso mais deletério, como o sulfeto de man-
ganês (MnS), porém a presença excessiva de silicatos e óxidos também pode reduzir a ductilidade
no sentido da espessura da chapa, que geram esforços no sentido da laminação, como, por exemplo,
tensão residual.
As trincas são nucleadas inicialmente na interface inclusão/matriz, próximo às superfícies livres das in-
clusões (extremidades das inclusões). Estas se interligam verticalmente dando origem ao aspecto típico
de escadas. A Figura 6.141 mostra a morfologia típica da decoesão lamelar. Esses pequenos defeitos
planares são unidos por cisalhamento a outros planos paralelos situados em outros níveis.
6. Descontinuidades e
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.141 – Morfologia típica da decoesão lamelar.Fonte: adaptado de apostila
Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012
Conforme o percentual de enxofre é aumentado no aço, maior o tamanho da trinca. A trinca pode ser
controlada através da redução do teor de enxofre, Figura 6.142.
Figura 6.142 - Efeito de teor de enxofre na decoesão lamelar de uma junta mal projetada.
Fonte: adaptado de apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012
6. Descontinuidades e
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defeitos próprios à soldagem
Importante!
Segundo alguns pesquisadores, em alguns casos, esse fenômeno pode ser dependente do tempo, ocor-
rendo após semanas ou mesmo anos. A ação do hidrogênio na decoesão lamelar é discutida e polêmica.
Entretanto, alguns pesquisadores, constataram que aços muito susceptíveis não apresentam decoesão
lamelar quando soldados com eletrodos de baixíssimo hidrogênio difusível. Da mesma forma, notaram
que a decoesão lamelar pode ocorrer entre uma a nove horas após a soldagem, tempo que o hidrogênio
leva para se difundir até a ponta da inclusão. A decoesão lamelar, algumas vezes, é um processo de-
pendente do tempo, sendo o hidrogênio possivelmente um agente fragilizador. É razoável e coerente a
afirmação de que a susceptibilidade à decoesão é aumentada na presença de hidrogênio, Figura 6.143.
6. Descontinuidades e
582
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.144 – Valores sugeridos para STRA para avaliar o risco de ocorrência de decoesão lamelar.
Fonte: adaptado de apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012
A Figura 6.145 mostra o mais baixo e mais alto valor para STRA para aços tratados ao alumínio em função
do percentual de enxofre.
Aços com STRA acima de 20% são considerados resistentes à decoesão lamelar. Estes valores podem
ser obtidos para os aços tratados com alumínio, baixo teor de enxofre, adições de terras raras (REM) ou
compostos de cálcio (reduz o teor de inclusões e a inclusão assume morfologia arredondada). A Figura
6.146 demonstra exemplo de morfologia arredondada após laminação.
6. Descontinuidades e
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defeitos próprios à soldagem
Figura 6.146 – Efeito do enxofre sobre a decoesão lamelar.
Fonte: adaptado de apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012
As inclusões não metálicas tendem a assumir forma globular, mesmo após a laminação a quente, ao in-
vés da forma alongada e planar quando o aço não recebe adição de cálcio. O cálcio também é adicionado
com o objetivo de reduzir os sulfetos e o oxigênio. O aço tratado com cálcio sofre, geralmente, redução
do valor inicial de oxigênio de 20 a 100 ppm de O2 , pela desoxidação prévia com alumínio, passando para
valores na ordem de 10 a 20 ppm. Parte do enxofre é retido na forma de aluminato de cálcio nas inclusões
ou eliminado através da escória.
Outros elementos, como o zircônio, telúrio e terras raras (REM), também podem ser utilizados para o
mesmo fim. O benefício do cálcio pode ser constatado na Figura 6.147.
6. Descontinuidades e
584
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
6.5.2 Formas de Mitigar a Decoesão Lamelar
Como forma de prevenção ou reparo, consumíveis de baixo hidrogênio devem ser usados para o aman-
teigamento antes da soldagem da junta em material susceptível. A contração transversal deve ser redu-
zida pela redução do volume de solda pelo uso de amanteigamento Figura 6.148, redução do volume de
solda com uma consequente diminuição do número de passes, Figura 6.149.
A sequência de soldagem pode interferir no nível de tensões. Evitar uma sequência que gere tensões
excessivas, com uma ordem diferente da convencional, pode favorecer a não ocorrência da decoesão
lamelar. O balanço na sequência das camadas depositadas é visto na Figura 6.150.
6. Descontinuidades e
585
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Resumindo, podemos destacar as seguintes formas de mitigar as tensões residuais:
1 2 3 4 5
Um
A projeto
seleção
Utilizar umdeapropriado da baixo
um material
consumível de junta
de basecomcom
a redução
e dedo
ensaio
hidrogênio na volumedede
direção
técnica da metal depositado,
espessura
soldagem com RA
de baixo aumento
mínimo do
hidrogênio. de
ângulo
20%, comentre a zona
baixo de ligação
percentual de eenxofre,
o plano controle
de laminação da chapa,
da forma segmentospor
das inclusões, forjados.
exemplo com
o controle do manganês e adição de cério, que promove a formação de CeS tende a manter
forma esférica na laminação.
Como exemplo, utilizamos o aço 2,25Cr-1Mo revestido em aço inoxidável austenítico estabilizado tipo
347 utilizado em reatores de hidrotratamento (HDT).
É possível que a soldagem de revestimento seja realizada em duas camadas: uma primeira camada em
309L (amanteigamento) e a segunda em 347. Pode, ainda, ser em apenas uma camada de 347 ou 309LNb,
empregando processos de baixa diluição, como eletroescória ou arco submerso.
6. Descontinuidades e
586
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Importante!
O equipamento ao ser tratamento termicamente para alívio de tensões na faixa de temperatura entre
620ºC a 720ºC, em função do grau aço, pode apresentar redução da resistência ao impacto e ductilidade
pela segregação no contorno de grão oriunda da fragilização pelo revenido nos 2,25Cr-1Mo e precipi-
tação/migração de carbono nos aços austeníticos. Os modernos aços cromo-molibdênio-vanádio apre-
sentam maior resistência ao disbonding em virtude dos carbetos de vanádio, precipitados preferencial-
mente, atuarem como barreiras para a difusão do hidrogênio pela menor difusibilidade do hidrogênio
em aços contendo vanádio.
As regiões que apresentam regiões com grande concentração de tensão são normalmente soldadas
com o aço 347. Depois de concluído o ciclo de alívio de tensões, aumenta o risco do aparecimento de
trinca de reaquecimento. A fragilização do aço 347 é atribuída aos precipitados intermetálicos, como
a fase sigma e precipitação de carbetos de Nb e Cr. Com o longo ciclo de tratamento, inevitavelmente
haverá alguma migração de carbono na direção da interface rica em cromo, profundidade de 20 a 50
mícron, que pode ser comprovada pelo aumento da dureza, valores superiores a 350HV, Figura 6.152.
6. Descontinuidades e
587
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.152 – Elementos na interface entre overlay tipo 347 e 2.25 Cromo-molibdênio após TTAT.
Fonte: adaptado de apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Teoricamente, esta região pode estar sujeita à trinca pelo hidrogênio. Uma fina região martensítica tam-
bém será formada junto à linha de fusão, Figura 6.153.
Figura 6.153 - Presença de martensita na interface entre o substrato e o revestimento de (A) 309L e (B) Inconel
625. Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
6. Descontinuidades e
588
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Importante!
Da mesma forma, a região do material de base que sofreu redução local no teor de carbono (migração
do carbono para região adjacente rica em cromo) tem sua resistência a quente (fluência) reduzida. Como
visto anteriormente, a região na qual ocorreu a diluição na soldagem sofre modificações metalúrgicas.
Essa região, inevitavelmente, por apresentar características físicas distintas quando submetida a uma
temperatura superior a 315°C em operação, provoca o surgimento de tensões térmicas pela diferen-
ça entre os coeficientes de dilatação térmica. Essas tensões, sob temperatura constante de operação,
tendem a se aliviar com o tempo em função de deformações localizadas. Entretanto, podem provocar
trincas localizadas, principalmente quando o equipamento sofre frequentes ciclos de partidas e paradas
(aquecimento e resfriamento) na presença do hidrogênio.
Abaixo, pode ser visto que o crescimento do grão não se dá por epitaxia na soldagem heterogênea
(CCC e CFC). Na soldagem heterogênea, são referenciados na literatura técnica como contorno tipo I
e tipo II.
Na Figura 6.154 pode se ver que o crescimento do grão, na soldagem heterogênea do revestimento, não
ocorre diretamente da ZAC para o centro do cordão como na soldagem homogênea. O cordão tem con-
tornos Tipo I e II, que é característico da soldagem heterogênea.
Como mencionado anteriormente, a martensita pode ser observada pelo pico de dureza na interface
e através das pequenas marcas de impressão (região onde há maior resistência à penetração), Figura
6.155.
6. Descontinuidades e
589
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.155 – Dureza medida na interface de solda entre A508/309L.Fonte: adaptado de
apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
O mecanismo de formação do contorno tipo II pode ser melhor observado na Figura 6.156.
Importante!
6. Descontinuidades e
590
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A Figura 6.157 mostra o perfil do hidrogênio através da espessura de um reator de HDT em serviço (ste-
ady state) e após o resfriamento. Observe a figura e clique no ícone para entender o perfil do hidrogênio
nesse caso.
Informação Importante
Durante a operação, pode ser observada a existência de gradiente linear no teor de hidrogê-
nio entre o metal de base e o aço austenítico do overlay. O aço austenítico apresenta maior
quantidade de hidrogênio que o aço ferrítico em função da maior solubilidade. Conforme
ocorre o resfriamento, pode ser observado que a região da interface se torna extremamente
rica em hidrogênio, em função da variação das leis da difusibilidade e solubilidade. O mate-
rial de base ferrítico permite a difusão de hidrogênio para o aço austenítico. Entretanto, pela
baixa difusibilidade desse hidrogênio através do overlay, ocorre forte saturação na região
junto à interface com a diminuição da temperatura.
A Figura 6.158 mostra a relação entre a solubilidade do hidrogênio e 1000/T (em Kelvin) para o aço ino-
xidável austenítico e o ferrítico 2,25Cr-1Mo. À 450ºC (1000/T = 1,383), a razão entre a solubilidade do
aço inoxidável austenítico e o material de base é em torno de onze. Existe onze vezes mais hidrogênio no
overlay que no material de base na interface (~ 7/ 0,64). Na temperatura ambiente (1000/T = 3,356 e T
= 298K), a razão aumenta para, aproximadamente, 2200. Fica evidente o enriquecimento em hidrogênio
junto à região de interface e adjacências. A solubilidade é alta no aço austenítico e este ainda recebe mais
hidrogênio do aço ferrítico.
6. Descontinuidades e
591
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Figura 6.158 – Relação entre solubilidade do hidrogênio e temperatura (1000/T).
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Atenção
6. Descontinuidades e
592
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
6.7 Endurecimento por Deformação em Aços Ferríticos (Strain Aging)
Apesar de não ser considerado defeito de soldagem, este fenômeno não deve passar despercebido pelo
especialista em soldagem. O endurecimento por deformação foi observado pela primeira vez em aços la-
minados depois de estocados por algumas semanas ou meses. O aço apresentava significativo aumento
no limite de escoamento e redução da ductilidade, comprometendo o uso em aplicações estruturais (já
foi notado inclusive durante a qualificação do procedimento de soldagem).
Antes da Segunda Guerra Mundial, diversas pontes foram erguidas na Alemanha e Bélgica utilizando
aços fabricados pelo processo Bessemer com alto teor de nitrogênio. Algumas dessas pontes falharam
de modo frágil (fratura frágil). O aço “parecia envelhecido”, daí seu nome em inglês ser strain aging.
Da mesma forma, mais tarde foi observado que estruturas e, principalmente, vasos de pressão construí-
dos em aços de baixo carbono que sofreram deformação plástica durante a fabricação, nas etapas de do-
bramento ou calandragem podiam apresentar redução da tenacidade no teste de impacto. Isso pode ser
atribuído ao deslocamento da temperatura de transição inicial para temperaturas mais altas, chegando,
em alguns casos, a apresentar baixos valores de impacto na temperatura de operação.
Atenção
6. Descontinuidades e
593
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
Caso seja mantido um período de tempo à temperatura ambiente ou por algumas horas a 300°C, ao ser
novamente carregado em B, voltará a apresentar escoamento descontínuo. Conforme a temperatura
é aumentada em relação à temperatura ambiente, mais rapidamente o limite de escoamento definido
reaparecerá; entretanto, isso não é observado em ferro ou aços ensaiados acima de 400°C, o que pode
ser explicado pela tendência de dispersão da atmosfera de átomos intersticiais devido ao aumento das
vibrações térmicas.
O escoamento descontínuo é devido à difusão dos átomos de nitrogênio e carbono para as discor-
dâncias durante o período de envelhecimento (tempo e temperatura), em que há formação de nova
atmosfera de átomos intersticiais junto às discordâncias, travando-as.
Figura 6.160 – Curvas de tensão x deformação de aços baixo carbono mostrando o envelhecimento.
Fonte: apostila Descontinuidades de Junta Soldada, Arno Cersosimo, 2012.
Importante!
A adição de desoxidantes, como o alumínio e o silício, aumenta a resistência do aço, que é benéfica na
maioria dos casos. Além da remoção do oxigênio livre, o alumínio se combina com o nitrogênio, formando
nitretos de alumínio, que, além de contribuir no controle do crescimento de grão da austenita, impede
a presença deletéria do nitrogênio livre. Mesmo assim, os aços acalmados ao alumínio ainda não estão
inteiramente livres do problema. Na prática, a redução na tenacidade é quase desprezível.
6. Descontinuidades e
594
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
A adição de elementos fortes formadores de carbetos ou nitretos, como cromo, vanádio, molibdênio,
titânio, nióbio e boro, da mesma forma, não garante eficácia total. Na realidade, já foi constatado
o envelhecimento por deformação em aços de alta resistência e baixa liga utilizados em viadutos,
pontes, plataformas de petróleo e vasos de pressão. De forma geral, não existe nenhum aço de baixo
carbono de linha comercial que possa ser considerado totalmente livre do problema (embora possam
manter boa tenacidade).
A melhor maneira de evitar a falha catastrófica por envelhecimento por deformação é selecionar na fase
de projeto aços desoxidados que apresentem baixa temperatura de transição dúctil - frágil para com-
pensar uma eventual perda de tenacidade pelo envelhecimento por deformação. Da mesma forma, os
consumíveis devem apresentar boa tenacidade.
Para entender a relação entre alumínio livre e o nitrogênio nos metais de solda e de base, clique no ícone
e veja também a diferença entre os dois metais:
Informação Importante
No metal de solda o alumínio livre deve ser maior que duas vezes o nitrogênio:
No metal de base:
6. Descontinuidades e
595
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
defeitos próprios à soldagem
NA INDÚSTRIA DO PETRÓLEO
7. SOLDABILIDADE DOS MATERIAIS
As normas técnicas de soldagem, como a norma Petrobras N-133, trazem diversos requisitos para que
sejam executadas juntas soldadas íntegras isentas de defeitos. Todavia, os requisitos nelas apresenta-
dos são decorrentes das características de soldabilidade de cada material aplicado em cada componen-
te. A soldabilidade de um material é usada para determinar se determinado material pode ser soldado
com um determinado processo de soldagem produzindo uma junta soldada isenta de defeitos aplicável
a uma condição específica de serviço projetada. Por exemplo, clique no ícone e veja como a ISO 581:1980
define o conceito de soldabilidade:
Informação Importante
“O material metálico é considerado possível de ser soldado com determinados processos e
para determinados fins, quando a soldagem fornecer a integridade com um processo, cuja
as juntas soldadas atendam aos requisitos técnicos, tanto quanto às suas próprias qualida-
des quanto à sua influência na estrutura que formam”.
Nesse item, serão abordadas apenas algumas famílias de materiais, as quais são as mais importantes
na indústria do petróleo e apresentam suas características específicas de soldabilidade. Nessas ligas, a
soldabilidade será ilustrada com exemplos de aplicações que, apesar de tratarem de casos específicos,
são representativos das características gerais dessa soldabilidade dessas ligas.
CWI 34 - Part 1 WELDING METALLURGY FOR THE WELDING INSPECTORS CWI Study
Acessados em 18/08/2021.
As considerações gerais da norma ISO/TR 15608:2017 nos dão um bom indicativo para o agrupamento
de diferentes materiais de acordo com as principais características de soldabilidade de cada um:
GRUPOS 4,
GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3 GRUPO 7
5E6
Grupo
Grupos
Grupo 2: 3:
7:4,aços
8:
1:
11:
9:
10: 5
açose termomecanicamente
aços
aços
aços temperados
6: cromo-molibdênio
inoxidáveis
com baixo
inoxidáveis
austenítico
de alto
liga carbono.
deaços einoxidáveis
teor revenidos
austeníticos.
ferríticos,
níquel, Serão atéeprocessados
deNicarbono cromo-molibdênio-vanádio
eduplex.
Não aços
não
martensíticos
10%.
muito endurecidos
ligados,
menos Nade
precisam desem
grão
ou por
fino eprecipitação
requisitos
aços
preaquecimento
endurecidos
soldagem
soldáveis
Soldabilidade desses
devido
semelhante resistentes
pordenem
fundidos
aoaços,
seu
aos (exceto
aalto à fluência.
processamento
com 5os
4,ade aços
pós-aquecimento,
precipitação.
manutenção
Grupos teor Ao do
ecarbono
6. inoxi-
específi-
resistência
Eles
usar ao
são
in-
um
equilí-
Contudo,em
dáveis)
cos,
suscetíveis
clusive
metal
a de
de9%
relação
brio com
ligalimite
escoamento devem
ao de limite
mínima
aníquel
adição
de
fases trincas
Grupo
noser de
escoamento
similar escoamento
Épor
1.evitados
apresenta
metal deparamáximo
especificada
hidrogênio,
provável
soldana
produzir
umque omaior
baixo
no mas,
emaioria
ZAC umdos do
especificado
maior do
com
metal
carbono
cuidadoexige que
que
na ede
uma 360
de
360 460MPa.
MPa.
solda
estrutura
escolha
seleçãoMPa.
preaquecimento
casos. Trinca de
de
de Eles
alta apropriado
solidificação
Para Emum seções
são determinado
soldáveis,
resistência,
martensítica.
consumíveis
cuidadosa eoconsumíveis
dosefinas,
e/ou
Pode
do são
trinca
porém
estar
uso
consumíveis. facilmente
nível
de de
de
deve-se
preaquecimento
sujeita
altos
Esse com
liquação baixo
soldá-
resistência,
tomar
é ne-
acontrolena
fragili-
valores de
solda
veis.
cuidado
teor
um
cessário
zaçãoser
deve podem
Todavia,
de
aço para
adotado
preaquecimento
assistida ocorrer
na
hidrogênio,
para evitar aose,
soldagem
aderir
termomecanicamente com por
trincas
juntamente
sejam
pelo meio deisso,
na os
seções
procedimentos
técnicas de
ZAC. consumíveis
processado
O mais
cordão
TTAT espessas
estabelecidos,
de
(TMCP)
é
com osAlternativamente,
necessários.
na presença níveis
de CO2. para
temper
essencialou
terá
adequados de o metal
com
bead
pois
umpara maior
costumam
para
teor de solda
restaurar
aporte
o uso adevem
restrição,
minimizar
liga ter
menoraltohá
tenacidade
de calor, poisde
de consumíveis ser
o
trincas,
teor
que selecionados
risco
um de
osdade
aços
aço trinca
carbono
ZAC
o resfriamento são
que
matriz austeníticaa
e,
normalizado com
frio,
soldá-
por-
está
lento
e,
um
queportanto,
teor
tanto,
veis. deverá
sujeitaNa
incentiva
pode ser de
alta será
crescimento
formação
necessário. maiscasos
impurezas
ter
amaioria o dos
controle
atemperabilidade, facilmente
defases
de baixo
de
grão soldável
e com
hidrogênio
é fazendo
necessário
excessivo umno
com
intermetálicas em
percentual
oe/ou relação
uso dede
pós-aquecimento
que
processo àpreaquecimento.
prevenção
adequado
ofragilizantes,
tenham uma ou de
forte
soldagem.
como ade trincas
ferrita
fase porehidrogênio
residual
desidrogenação,
suscetibilidade
sigma, ono
para
ao metal na
aparecimento
retirar
rápido de ZACde
o solda.
hidro-
favorece e
o
TIH
ao na
gênio, eZAC.
o
atendimento Como
TTAT
desbalanço de fases. de nos
final e,aços
em
limites TMCP,
alguns
máximos talvez
casos,
de haja
o
dureza. umaNo restrição
intermediário
entanto, no
para aporte
melhorar
sempre hátérmico
a
algum para
tenacidade
grau evitar
de da a
ZAC degrada-
nesses
amolecimento
aços.
ção das
na ZAC, Esses
nosaços
propriedades
graus são, ainda,
de sujeitos
do aço.
acima à fragilidadede
70, e a necessidade aouma
revenido e trinca
restrição de reaquecimento.
no aporte térmico usado, para não
degradar as propriedades da ZAC da junta, como a limitação de energia de soldagem em 2,5kJ/mm
para chapas de 15 mm.
Atenção
Como visto anteriormente, o ASME IX (Boiler and Pressure Vessel Code – Welding and Brazing Qualifica-
tions - QW-420) utiliza o P-number como forma de reunir alguns materiais em grupos com o objetivo de
reduzir o número de qualificações de soldagem. O critério utilizado leva em consideração características
comuns, como composição química, soldabilidade e propriedades mecânicas.
Importante salientar que o ASME IX não faz avaliações adicionais aos testes mecânicos, como testes
de corrosão, corrosão sob tensão, teste de fluência, testes de envelhecimento e percentual de ferrita
delta, testes de fadiga, entre outros.
7.1.1 Soldabilidade
A norma Petrobras de soldagem N-133, afirma que estes aços apresentam boa soldabilidade quando o
teor de carbono é menor que 0,20 % e carbono equivalente CEN for inferior a 0,44. Entretanto, podem ser
suscetíveis à trinca induzida pelo hidrogênio (trinca a frio), especialmente quando a composição química
é enriquecida em elementos de liga e/ou na soldagem de chapas grossas ou qualquer outra situação de
elevada restrição. A trinca a frio é o principal problema na soldagem desses materiais. Portanto, as
técnicas de mitigação desse efeito devem ser utilizadas sempre que necessário .
Em determinadas condições, o preaquecimento pode ser necessário para favorecer a liberação do hi-
drogênio e reduzir a velocidade de resfriamento, uma vez que em alguns casos é inevitável a forma-
ção de microestruturas suscetíveis à trinca a frio, como a martensita e bainita. Um cuidado adicional é
necessário quando envolver a soldagem de juntas de grande espessura e restrição que apresentam
elevadas tensões residuais, aços de alta resistência e aços com valores de carbono e/ou carbono equi-
valente mais elevados.
Os elementos de liga, de uma maneira genérica, se comportam segundo a Tabela 7.1 em uma junta sol-
dada. Importante salientar que a simultaneidade das interações entre muitos desses elementos podem
alterar essa influência teórica, todavia serve para auxiliar em uma primeira abordagem dos seus efeitos
em um aço.
Dureza
Trinca a frio
Decoesão lamelar
Trinca reaquecimento
Valor de charpy
ZAC
CTOD
SSCC
Fragilidade - revenido
Fragilidade - fluência
Trinca a quente
Metal
de Porosidade
solda Tenacidade
Estabilidade do arco
Tabela 7.1 – Efeito dos elementos de liga nos aços. Fonte: Yurioka, 1985 adaptada pelos autores.
As várias regiões da ZAC para os aços ferríticos têm sido definidas e caracterizadas usando uma tempe-
ratura de pico específico para um dado ciclo térmico. Somente para recapitular, as regiões da ZAC são:
A taxa de resfriamento é relacionada com a espessura a ser soldada, com a geometria da junta e com
o aporte térmico . A taxa de resfriamento é crítica na soldagem na faixa em que a temperatura resfria
entre 800ºC e 500ºC. Caso a energia de soldagem seja aumentada ou a espessura seja reduzida, o tempo
de resfriamento Δt8/5 é aumentado, ou seja, a taxa de resfriamento é diminuída.
O efeito dos principais elementos de liga nos aços carbonos e aços baixa liga na microestrutura da ZAC e
da tenacidade é apresentado na Figura 7.1. O aumento da dureza e da Temperatura de Transição Dúc-
til-Frágil (TTDF) estão relacionados, na maioria dos casos, com o aumento da temperabilidade que
esses elementos de liga causam no aço, com destaque para a curva vermelha que mostra a marcada
influência do percentual de carbono tanto na resistência como na dureza.
Dureza, HRB
Mo
90 C
Cu Si
Ni
80
70
94
V
Temperatura de transição, ºC
71
49
Mn
27
C Cr
5 Mo Si
Ni
-18
Cu
-40
0 0,4 0,8 1,2 1,6 2,0 2,4 2,8
Percentual de elemento de liga, % em massa
Figura 7.1 – Efeito dos elementos de liga na dureza e resistência ao impacto do metal de solda por arco sub-
merso. Temperatura de transição medida à 20 J Fonte: adaptado de Metal Handbook, vol. 6 p. 416
Os principais elementos de liga utilizados nos aços carbono têm suas principais características descri-
tas abaixo:
Carbono – tem uma importância primordial na dureza das juntas soldadas. O aumento do teor de car-
bono promove a formação de microconstituintes de baixa temperatura de formação como a martensita e
a bainita, o que leva a uma significativa diminuição da tenacidade da junta soldada. Para exemplificar, a
Figura 7.2, traz o efeito da temperatura de pico, taxa de resfriamento e Pcm no percentual de martensita.
Observa-se que para altas taxas de resfriamento, menores valores de Δt 8/5 , percentuais de martensita
mais elevados são obtidos, tanto na RGG e na RGF, chegando a 100% para o valor de Pcm de 0,24. Já em
100
Tpico = 1350ºC
∆t8/5 = 3s
RGG
Martensita, % volume
75 RGF
Tpico = 1000ºC
∆t8/5 = 3s
50
25
Tpico = 1350ºC
∆t8/5 = 13s Tpico = 1000ºC
∆t8/5 = 13s
0
0,16 0,20 0,24 0,28
Carbono Equivalente, Pcm
Figura 7.2 – Relação entre a fração volumétrica de martensita e valor de Pcm para diferentes temperaturas de
pico e taxas de resfriamento. Fonte: adaptado de Metal Handbook, vol. 6 p. 416
» Manganês – sua adição ocasiona um endurecimento por solução sólida e o manganês pode levar
uma diminuição da temperatura de transformação da austenita em ferrita, enquanto promove os
efeitos de endurecimento por refino de grão. Entretanto, seu percentual deve ser limitado por mi-
nimizar o efeito de segregação e bandeamento microestrutural.
» Cromo – é um endurecedor por solução sólida e formador de carbetos. Aumenta o endurecimento
dos aços e melhorar a resistência à oxidação e à corrosão. A adição de cromo pode ser favorável nos
casos em que a precipitação de carbetos de cromo impedir a formação da ferrita de contorno de
grão alinhada, como promover o efeito de endurecimento por solução sólida.
» Níquel – é considerado ter um efeito benéfico na transformação do aço, como o manganês, pelo
abaixamento da temperatura de transformação da austenita. A adição de níquel também melhora
a tenacidade, como promove o efeito de endurecimento por solução sólida.
» Vanádio e Nióbio – são adicionados em pequenas quantidades nos aços baixa liga para que sejam
obtidas propriedades mecânicas desejáveis. Pela formação de V(C,N) e Nb(C,N), o vanádio e o nióbio
podem retardar a recristalização e crescimento de grão da austenita durante a laminação e normali-
zação. Durante a soldagem, em especial com altos aportes térmicos, os V(C,N) e Nb(C,N) se dissolvem
na ZAC com temperaturas de pico superiores à 1100ºC e reprecipitam durante o resfriamento lento. A
reprecipitação de V(C,N) e Nb(C,N) prejudica significativamente a tenacidade da ZAC.
Os aços enriquecidos em elementos de ligas , como os aços para aplicações de alta temperatura cromo-
-molibdênio - Cr-Mo - resistentes à fluência e os aços para baixas temperatura ao níquel de baixo car-
bono - C-Ni – com elevada tenacidade criogênica, apresentam transformações e precipitações de fase
segundo sua composição química. Podem apresentar microestruturas de característica frágil de elevada
dureza independente dos parâmetros de soldagem e dos controles utilizados. Um exemplo dessas mi-
croestruturas é o microconstituinte AM (martensita e ilhas de austenita retida) que somente é identifi-
cado por microscopia eletrônica de varredura – MEV. Esse microconstituinte resulta regiões austeníticas
enriquecidas por carbono, em especial na ZAC. Um percentual deste microconstituinte na zona fundida
ou na ZAC pode comprometer a tenacidade de toda a junta soldada.
Importante!
Os procedimentos podem especificar também uma temperatura máxima de interpasse, que é defini-
da para controlar o desenvolvimento microestrutural da junta soldada, evitando uma degradação das
propriedades da junta pelo aquecimento excessivo. A temperatura de interpasse máxima é um limite
superior que evita o crescimento excessivo de grão, coalescimento e precipitação de fases frágeis, como
carbetos, nitretos e intermetálicos, acarretando uma perda na tenacidade.
Se não for modificado o processo de soldagem, todos os passes de uma junta soldada terão o mes-
mo aporte de hidrogênio, pois além do processo é influenciado pelas condições externas para uma
“mesma” taxa de resfriamento. Portanto, requisitos semelhantes de temperatura de preaquecimento
ou temperatura de interpasse mínimo devem ser utilizadas para evitar a ocorrência de trinca a frio,
TIH, pelo favorecimento da difusão do hidrogênio para fora da junta soldada e diminuição de taxa de
resfriamento.
Informação Importante
O passe da raiz geralmente possui valores de tensão residual mais elevados do que o restante
da junta. Em situações de maior restrição, essa região da raiz pode exigir um preaquecimento
mais alto do que o restante da junta, entretanto essa prática não é muito usual. Além dessa
maior tensão residual, a realização do passe de raiz deve ter um especial cuidado em função
de ser o passe com maior diluição. Não raras vezes são adicionados elementos de liga na com-
posição do consumível para corrigir algum defeito possível no metal de solda. Duas alterações
de composição que exemplificam é a adição de manganês em aços ricos em enxofre para pre-
venir a trinca de solidificação ou o aumento do percentual de níquel no consumível para cor-
rigir o desbalanço de fases nos aços duplex. Portanto, no passe de raiz, onde a diluição pode
ser maior do que 50%, há um efeito menor dessas adições feitas no consumível na composição
final do metal de solda e alguma descontinuidade podem advir disso.
Para materiais de mais alta liga e que sejam temperáveis, pode ser importante permitir que a solda
esfrie abaixo da temperatura de transformação martensítica, Mf, entre os passes. Uma temperatu-
ra de interpasse muito alta permitirá que a solda permaneça austenítica total ou parcialmente. Assim,
como hidrogênio tem uma maior solubilidade na austenita que a ferrita e também uma taxa de difusão
mais lenta, a manutenção dessa solda austenítica durante a soldagem, faz com que menos hidrogênio
escape da junta soldada e aumenta a possibilidade de trincas a frio na transformação final. Além da
difusão do hidrogênio, a transformação de austenita em ferrita entre os passes também permite um
refinamento microestrutural pelo reaquecimento do passe anterior pelos passes subsequentes.
Quando exigido requisito de impacto pelo código de projeto do equipamento ou estrutura, a realização
da soldagem multipasse com passes retilíneos e de pequena espessura pode ser benéfica nos casos
mais críticos. Essa prática minimiza o aporte térmico, permitindo uma microestrutura mais refinada.
7.1.1.1 Preaquecimento
O preaquecimento serve para reduzir a taxa na qual o metal esfria na soldagem até a temperatura de
preaquecimento, TPH. A redução da taxa de resfriamento levará a uma redução geral nos valores de ten-
são residual e, também, permitirá mais tempo para a remoção de hidrogênio. Deve-se analisar se o pre-
aquecimento está acima ou abaixo MS, caso esteja acima a junta permanecerá austenítica e o seu efeito
foi explicado anteriormente. O preaquecimento remove, também, a umidade e outros contaminantes da
junta soldada. Essa umidade, a presença de lubrificantes e outros contaminantes são fontes de hidrogê-
nio, que podem levar ao componente falhar por trinca a frio.
Usando um equivalente de carbono, CE*, desenvolvido especificamente para o cálculo dessa temperatu-
ra de interpasse mínima e estabelecer o tempo crítico, τ8/5 , para que se alcance uma ZAC sem martensita
em aços carbono de baixa liga.
Informação Importante
De tal modo, o CE* é definido como:
Onde:
Assim, é possível prever se uma determinada condição de soldagem de uma junta soldada é imune a TIH,
uma vez que para que a trinca a frio aconteça, necessariamente deve ter a transformação martensítica.
Para ilustrar, clique no ícone e entenda o caso dos aços inoxidáveis da série 300, mesmo que eles sejam
tratados mais adiante.
Informação Importante
Esses aços não endurecem por tratamento térmico. Isso significa que nenhuma transfor-
mação de austenita em martensita ocorre durante o resfriamento da temperatura da sol-
da para a temperatura ambiente, salvo as transformações da austenita em martensita por
deformação. A ausência de transformação de martensita evita a necessidade de preaque-
cimento e controle da temperatura de interpasse mínima , uma vez que não há risco de
trincas a frio. É importante, no entanto, definir uma temperatura máxima limitante que cor-
responda a taxa de resfriamento em que não se dê o início da perda na resistência à corrosão
pela sensitização. Essa temperatura seria especificada como a temperatura de interpasse
máxima. A temperatura interpasse da solda deve ser controlada para não exceder a tempe-
ratura de interpasse máxima, a fim de manter a resistência à corrosão do aço. O controle da
temperatura de interpasse máxima também é importante em aços temperados e reveni-
dos. Exceder a temperatura de interpasse máxima nesses aços pode ter efeitos adversos na
resistência, tenacidade e tenacidade à fratura.
Juntas soldadas com pequenas áreas de seção transversal e/ou com aportes térmicos elevados tendem
a acumular calor entre os passes, isto é, a temperatura da peça tende a aumentar a cada passe da solda.
Por outro lado, juntas soldadas com grandes áreas de seção transversal tendem a dissipar o calor mais
facilmente pelo fluxo de calor tridimensional, isto é, a temperatura da peça tende a diminuir a cada passe
da solda, a menos que uma fonte de aquecimento externa seja usada. Esse comportamento é causado
pelo efeito de dissipação de calor associado à maior massa de peças com seções transversais maiores.
Em juntas soldadas de seção espessa, quantidades substanciais de austenita podem estar presentes
na conclusão da soldagem. Se a temperatura de preaquecimento e a temperatura de interpasse míni-
ma forem significativamente maiores que o M90 para o metal base após o resfriamento, essa austenita
pode se transformar em martensita, aumentando assim o risco de trincas a frio. Consequentemente,
é recomendado que, para soldagens de grandes espessuras, a temperatura de preaquecimento e de
interpasse mínima estejam abaixo de M90 .
No pós-aquecimento,
O TTAT, por outro lado,a éjunta soldada nãotérmico
um tratamento pode esfriar até aque
separado temperatura ambiente.
é realizado Em vez dis-
após o resfriamento
so, essa junta é mantida a uma temperatura elevada por um período de tempo
da solda até a temperatura ambiente. Envolve aquecimento a uma temperatura abaixo e depois esfria até
de AC1
a temperatura
por um períodoambiente.
de tempo de encharque que varia com o material e a espessura seguido de res-
friamento à temperatura ambiente no ar.
7.1.1.3.1 Pós-aquecimento
Para entender a necessidade de pós-aquecimento, que se constitui em um tratamento térmico cujo ob-
jetivo principal é a retirada do hidrogênio - desidrogenação, é preciso primeiro identificar os consti-
tuintes microestruturais presentes no metal de solda e na ZAC após a conclusão da soldagem. Eles são
ferrita, carbeto (principalmente na forma de perlita e/ou bainita) e martensita não revenida, formados
durante o resfriamento, e austenita retida.
Importante!
Normalmente, o pós-aquecimento não é requerido, exceto quando há risco de trinca induzida pelo
hidrogênio, como em casos de alta espessura e alta restrição . Como já mencionado, uma boa referência
para que se considera alta espessura é a espessura de 38 mm especificada no código de projeto ASME
sec. VIII divisão 1, a qual todos os vasos de pressão devem ser tratados termicamente independente da
Uma vez que os aços suscetíveis, sem os cuidados adequados, sofrem trincas a frio em temperatura
ambiente, é possível evitar trincas permitindo que o hidrogênio se difunda da solda antes que a solda
esfrie até a temperatura ambiente. Ou seja, ao término da solda, ela não deve ser resfriada à temperatu-
ra ambiente, antes que o hidrogênio tenha a chance de se difundir da solda a uma temperatura elevada.
O coeficiente de difusão do hidrogênio é 100 vezes maior a 100ºC do que à temperatura ambiente nos
aços ferríticos.
1 2 3
Opção 3: Após a conclusão da soldagem, é permitido que a soldagem esfrie a partir da tempe-
ratura de interpasse mínima até um pouco abaixo de M90 , para efetivar a transformação da
maioria da austenita não transformada em martensita. A temperatura é então aumentada para
a temperatura pós-aquecimento, conforme indicado na Opção 1 ou preferencialmente na Opção
2. Ao fazer isso, a martensita recém-formada se transformará em martensita revenida. À medida
que a temperatura for aumentada como indicado acima, simultaneamente, a martensita formada
também seria revenida. Assim, a junta soldada pode ser resfriada até a temperatura ambiente.
Esta opção envolve o menor risco de trincas a frio, em comparação com as outras duas opções.
Assim, a microestrutura do metal de solda e as regiões adjacentes da ZAC, após os tratamentos pós-a-
quecimento acima serem executadas adequadamente, consistiriam em ferrita e carbeto, na forma de
bainita e/ou martensita revenida. Esse arranjo, que persistirá após o resfriamento até a temperatura
ambiente, pode ser aceitável para algumas aplicações. Todavia, essa prática raramente é encontrada
na indústria do petróleo.
Informação Importante
Consiste em um aquecimento da peça a uma temperatura abaixo da temperatura eutetóide
AC1 e manutenção nessa temperatura por um tempo especificado. As taxas de aquecimento
e resfriamento são controladas e têm por objetivo o relaxamento das tensões internas do
material. Essa temperatura de TTAT, além de controlada em uma faixa especificada para
cada família de materiais, não pode gerar alterações microestruturais indesejadas e deve
ser alta o suficiente para proporcionar um alívio de tensões considerável. Da mesma forma,
é o controle do tempo de TTAT. Já o controle da taxa de aquecimento e resfriamento tem
por objetivo proporcionar um aquecimento homogêneo na peça, evitando tensões térmicas
devido a elevados gradientes térmicos.
Por exemplo, nos aços carbono P-number 1, segundo o código ASME sec. VIII, por exemplo, é obrigatório
o TTAT somente em espessuras nominais acima de 38 mm ou entre 32 mm e 38 mm a menos que um
preaquecimento a 95 ºC seja aplicado. Convém salientar que as tensões residuais decorrentes da solda-
gem, nesses casos, são suficientemente altas para causar descontinuidades independentes do carbono
equivalente. Então, diferentemente do entendimento de muitos, a relaxação de tensões promovida pelo
TTAT não tem relação direta com o revenimento da martensita, pois como é mostrado no requisito do
código ASME sec. VIII, o TTAT é realizado em qualquer aço acima de 38 mm, independente se esse aço
tem a presença de martensita ou não.
Importante!
Enquanto esse arranjo tem o benefício de permitir a inspeção do conjunto soldado logo após a solda-
gem, tem a desvantagem de uma maior probabilidade de trincas a frio, devido à presença potencial de
martensita não revenida e de ter sido executado um alívio de tensões adequado. Portanto, a inspeção
deve ser realizada o mais rápido possível. Se nenhum defeito for encontrado, a montagem poderá ser
enviada para o TTAT. Caso sejam encontrados defeitos, eles devem ser reparados e inspecionados no-
vamente. Devido retardo no tempo que pode advir para o aparecimento da trinca a frio, é uma boa
prática, em especial nos casos de maior restrição e maior resistência, uma segunda inspeção após o
Às vezes, efeitos indesejáveis podem ocorrer como resultado do TTAT. Por exemplo, as propriedades dos
aços de uma liga temperada e revenida podem ser afetadas adversamente pelo TTAT se a temperatura
exceder a temperatura de revenimento do metal base. Trincas oriundas da fragilidade do revenido no aço
2,25Cr-1Mo e em alguns aços C-Mn também podem ocorrer.
Os aços carbono e carbono manganês são susceptíveis à grafitização e forte oxidação quando expostos
a temperaturas superiores a 420 ºC por longos períodos. A exposição acima de 455 ºC por curto perí-
odo tende a esferoidizar a perlita, reduzindo a resistência mecânica e, em alguns casos, a tenacidade
pela segregação no contorno de grão. Nos aços carbono, carbono manganês e carbono molibdênio, a
morfologia nodular do carbono (grafite livre) é termicamente mais estável que a forma de carbeto de
ferro. Entretanto, em condições normais de soldagem essa transformação não chega a acontecer. O aço
apresentando grafita livre perde de forma acentuada a resistência mecânica e alguns estudos indicam
que os cordões de solda parecem ser mais sensíveis. Entretanto, no aço esse processo só ocorre após
longo tempo de exposição. Nos casos em que esses efeitos de degradação em alta temperatura com-
prometerem as propriedades da junta soldada, deve ser atribuída e respeitada uma temperatura de
interpasse máxima.
Atenção
A Figura 7.3 representa algumas aplicações dos aços de baixo carbono na soldagem de uma esfera. O
ASME IX classifica estes aços carbono e carbono manganês como P-number 1 Grupo 1, 2 ou 3.
Os aços carbono, de uma maneira geral, são facilmente soldados e há uma grande experiência na sua
soldagem. Por isso, é incomum a ocorrência de defeitos e falhas face a grande quantidade de juntas
soldadas de aço carbono aplicadas na indústria do petróleo.
Uma vez que são utilizados nas aplicações mais distintas, um cuidado adicional deve ser empregado
na soldagem de espessuras maiores ou com alta restrição, aços com maior carbono equivalente ou que
apresentem requisitos de tenacidade estabelecidos nos códigos de projeto.
Em componentes com espessura elevada, é esperada uma maior taxa de extração de calor em função do
fluxo de calor tridimensional e uma tensão residual mais elevada decorrente da restrição imposta pela
geometria da junta. De tal modo, há possibilidade de ocorrência de trinca induzida pelo hidrogênio, pois
a martensita pode advir dessa taxa de resfriamento elevada e a tensão trativa da restrição imposta.
Nessas condições, pequenos percentuais de hidrogênio já são suficientes para que a trinca a frio ocorra e
as práticas que minimizem essa descontinuidade devem ser adotadas. A utilização de preaquecimento
para minimizar a alta taxa de resfriamento, pois auxilia na difusão do hidrogênio e reduz um pouco a
tensão residual trativa, é uma condição fundamental . Isso não exime a necessidade de utilização de
um consumível que aporte um baixo hidrogênio, não superior a H8, à junta soldada.
Importante!
Já nos aços que apresentam aplicações em que os códigos de projeto exijam requisitos de tenacidade,
a soldagem multipasse, em que parte dos grãos colunares são destruídos e recristalizados de forma
equiaxial com seu refino parcial, é benéfica. Contudo, valores elevados de energia de soldagem sem um
controle rígido da temperatura de interpasse máxima podem degradar a microestrutura e comprometer
a tenacidade.
Aços de alta
Aços ordinários
resistência
O
O primeiro
segundogrupo
grupoclassificado como
contempla os aços
aços de ordinários subdivide-se
alta resistência nas de
com tensão classes “A”, “B”, “D”
escoamento e “E”de
mínimo e
apresentam a tensãouma
315 MPa, apresenta de escoamento mínimo
subdivisão mais de 235 MPa.
detalhada, pois além da divisão em classes “AH”, “DH”,
“EH” e “FH”, cuja diferença entre eles está nos valores de energia de impacto aos quais esses aços
são qualificados, são seguidos dos dígitos “32”, “36” e “40” conforme os valores do limite de es-
coamento do aço (ASTM A131, 2014).
A Figura 7.4 apresenta um exemplo de aplicações típicas para esses aços navais em função da solicitação
(esforço) e localização em um navio. As regiões de maior carregamento necessitam de aços de maior
resistência mecânica e tenacidade
III TN 317
I
II
o
up
Grau do aço
I
Gr
II
V
EH
DH
E/EH
E/
D/
IV
AH
DH
D/
B/
E/
I III I
H
AH
antepara II A/AH
AH /D
B/
longitudinal
I III I I
B/
Os aços de resistência moderada possuem apenas o carbono e o manganês como elementos endurece-
dores principais. O carbono provoca a formação de microestruturas mais resistentes, enquanto o man-
ganês colabora para o aumento da tenacidade do material em baixas temperaturas, (AWS A5.1, 2012). No
entanto, conforme pode ser visto na Tabela 7.2, os aços das classes “D” e “E” devem atender requisitos
mais severos de tenacidade, os quais nem sempre são conseguidos somente com adições de manganês.
Por esse motivo, é feita a adição de alumínio, que funciona como desoxidante durante o processo de
fabricação do aço e refinador de grão durante a solidificação do metal fundido.
Resistência ao impacto, J
L. Esc., 70 ≤ e ≤
Classe L. Res., MPa Along., % T, ºC e ≤ 50 50 ≤ e ≤ 70
MPa 100
L T L T L T
“400
A 235 22 20 27 20 34 24 41 27
520”
B 0
D -20
E -40
“440
AH 32 315 22 0 31 22 38 26 46 31
590”
BH 32 -20
DH 32 -40
EH 32 -60
“490
AH 36 355 21 0 34 24 41 27 50 34
620”
BH 36 -20
DH 36 -40
EH 36 -60
“510
AH 40 390 20 0 41 27 - - - -
650”
BH 40 -20
DH 40 -40
EH 40 -60
No caso dos aços de resistência elevada , as propriedades mecânicas requeridas são atingidas através
da adição de carbono, manganês e alumínio de maneira semelhante aos aços de resistência moderada.
No entanto, devido aos maiores limites de resistência e tenacidade requeridos por estes aços, outros
elementos ainda podem ser adicionados:
» o nióbio, o vanádio e o titânio apresentam a mesma função do alumínio e, portanto, agem como
refinadores de grão, aumentando tanto a resistência mecânica como a tenacidade;
» o cobre, o cromo, o níquel e o molibdênio podem ser adicionados com o objetivo de endurecer o aço
por solução sólida substitucional;
A sua composição química especificada na norma ASTM A131 é destacada na Tabela 7.3, e o material do
exemplo tem Fe-0,15C-1,26Mn-0,1Si-0,02V-0,29Al.
C 0,18
Mn 0,90 - 1,60
Si 0,10 - 0,50
P 0,035
Si 0,035
Al 0,015
Nb 0,02 - 0,05
V 0,05 - 0,10
Ti 0,02
Cu 0,35
Cr 0,20
Ni 0,40
Mo 0,08
Ca 0,005
O carbono equivalente calculado para a liga de estudo foi de 0,41%, superior ao especificado na Tabela
7.4. Dessa forma, uma atenção especial será dada às práticas de soldagem, como as temperaturas inter-
passes, de forma que se evite a formação de martensita na ZAC, o que aumentaria o risco de trinca a frio.
Tabela 7.4 – Carbono Equivalente para aços estruturais de elevada resistência produzidos pelo processo TMCP.
Fonte: ASTM A131, 2019.
Esse aço deve ter controle do tamanho de grão, devido às adições de nióbio e vanádio. Esse fator é
de fundamental importância na determinação dos parâmetros de soldagem, pois restringe o valor de
aporte térmico de forma a não causar um crescimento de grão excessivo na ZAC e degradar as pro-
priedades da junta.
Figura 7.5 – Detalhe do posicionamento do tubo na condição 6G, unidos com “cachorros”, dispositivo de
fixação de metais de base. Fonte: OS AUTORES, 2019.
Importante!
Normas, como a N-115, estabelecem diretrizes para a utilização desse tipo de dispositivo.
Os valores de nariz e abertura de raiz foram atentamente observados nos documentos e prontamente
reproduzidos, conforme ilustração do croqui de solda, Figura 7.6.
60º±5º
12,7
1,6±0,8 3a4
Figura 7.6 – Croqui de preparação para início da soldagem. Fonte: OS AUTORES, 2019.
Diversas variáveis podem inferir na qualidade da junta soldada em função do processo de soldagem a
ser aplicado. Verificam-se diversos fatores preliminares como consumíveis e suas generalidades, gases,
se aplicável ou não, características elétricas, técnica de manuseio dos dispositivos, controle de tempera-
tura quando necessário, tratamento térmico quando requerido.
A execução da soldagem no transcorrer de cada etapa é crucial . Para tal questão, designa-se um ins-
petor de solda nível 1 – IS-N1 – para acompanhar integralmente o cumprimento de todos os passes,
como também para registrar qualquer irregularidade ou variação que possa provocar alguma modifi-
cação do metal de solda depositado. Quanto à técnica de soldagem, é válido atentar-se para o tipo de
processo utilizado e considerar suas características.
Para atender aos requisitos de qualificação, os parâmetros previstos em uma EPS preliminar são utiliza-
dos na soldagem do tubo. Os parâmetros de qualificação são citados nas Tabela 7.5.
Vareta:
ER70S-3
ASTM
Gás de
A131 Gr. GTAW
AWS proteção:
EH36
D1.1M Argônio 1 cupom 12,7 mm
Chapa 8” 6G
ASME (SG-A) soldado (Sch. 80)
confor-
IX
mada SMAW
Eletrodo:
E7018-1
Para entender o processo de soldagem realizado pelo soldador, clique no ícone e observe a Figura 7.7:
Informação Importante
Antes de iniciar as soldas de raiz, o soldador recebe as últimas instruções do IS-N1 e confere
a iluminação, a circulação de ar dentro da cabine, posiciona as ferramentas de trabalho, ob-
serva o estado dos cabos, conectores dos cilindros, mangueiras, de forma a evitar possíveis
interrupções durante a soldagem. Como base do procedimento, o inspetor afixa a EPS em
local visível ao alcance do soldador, possibilitando o início da soldagem, Figura 7.7.
O processo GTAW foi adotado para realização dos passes de raiz , e os consumíveis utilizados para esta
etapa de soldagem são a vareta AWS ER70S-3 com diâmetro de 2,4 mm e o gás de proteção SG-A (Ar-
gônio) com 99,997% de pureza e com uma vazão em torno de 11 a 12 L/min. A velocidade de soldagem
foi em torno de 7,7 cm/min com uma oscilação máxima de 7 mm. Portanto, o aporte térmico médio foi
de 1,32 KJ/mm. A corrente contínua com polaridade direta (CC-) ficou entre 125 a 130 A e a tensão entre
10 a 13 V.
O resultado das soldas de raiz que foram realizadas no tubo são mostrados na Figura 7.8. Como proce-
dimento de limpeza foram adotados o escovamento e esmerilhamento entre passes.
Para os passes de enchimento e acabamento, o processo de soldagem escolhido foi o SMAW com o ele-
trodo E7018-1 de diâmetro de 3,2 mm. A corrente utilizada é a corrente contínua com polaridade inversa
(CC+), a tensão aproximada foi de 22 a 28 V, com corrente entre 102A a 145 A no enchimento e de 108 A a
120 A no acabamento. A temperatura interpasse máxima foi de 145 ºC. A velocidade de soldagem entre
8,2 a 9,8 cm/min no enchimento e uma velocidade um pouco maior no passe de enchimento, entre 9,8 a
11,3 cm/min, com uma oscilação máxima entre 6 a 8 mm e aporte térmico menor ou igual a 1,96 KJ/mm.
O resultado das soldas de enchimento e acabamento no tubo são mostrados a seguir na Figura 7.9.
Como procedimento de limpeza, foram adotados o escovamento e o esmerilhamento entre passes.
Após a soldagem, para garantir que a junta esteja livre de defeitos, foram realizados ensaios não des-
trutivos, ENDs. Esses ensaios se constituíam em Inspeção Visual em 100% da extensão da solda, Líquido
Penetrante em 100% e Partículas Magnéticas também em 100%, conforme recomendações da norma
AWS D1.1 de 2010, e requisitos conforme a Tabela 7.6, e foram aprovados.
Critério de aceitação
Ensaio não destrutivo
(extensão)
AWS D1.1 ASME IX
Foi adotada a convenção utilizada pela Norma AWS D1.1 - 2010, Tabela 7.7. No item que trata das parti-
ções do tubo para extração e confecção dos corpos de prova para execução dos ensaios.
Ensaio de dobramento
Norma de Ensaio de tração
RQPS
qualificação seção reduzida
Espessura, Diâmetro, Lateral – (tem Ensaio Ensaio de Análise
Material Posição – (item 4.9.3.4 –
mm pol
AWS e QW-150 Raiz Face 4.9.3.4 – AWS e macrográfico impacto 1 química
ASME) QW-160 ASME)2
AWS D1.1 2 - - 4
ASTM A 131 3 sets 1 região
ALPE 203/15 12,7 8 6G 1 região
Gr. EH36 (-40ºC) (MB)
ASME IX 2 - - 4
Notas:
1 Três sets para cada processo de soldagem
2 Conforme tabela QW-451.1 (nota 5) do ASME IX, quatro ensaios de dobramento lateral podem substituir dois ensaios de
dobramento de face e dois de raiz, para espessuras de teste superiores à 10 mm
Tabela 7.7 – Ensaios para Qualificação do Procedimento de Soldagem. Fonte: AWS D1.1/ 1.1M / ASME BPVC IX.
A Figura 7.10 ilustra um diagrama para extração dos corpos de prova, conforme o seu posicionamento no
tubo para qualificação. Pode-se observar a proposta de um intervalo de ângulo de 45º para cada corpo
de prova e sugere as regiões específicas de cada tipo de ensaio . Ao todo, delimita regiões específicas
para um total de oito ensaios, sendo eles:
» quatro regiões para ensaio de dobramento (dois de seção longitudinal e dois de seção transversal);
» duas regiões para ensaios de tração;
» duas regiões para teste de impacto.
Dobramento Dobramento
lateral lateral
Charpy,
quando exigido
Dobramento Dobramento
lateral lateral
Tração
Figura 7.10 - Localização sugerida pela Norma, para retirada de material para confecção dos corpos de prova
Fonte: AWS D1.1, 2010.
Os dois cordões referentes aos passes de raiz, depositados pelo processo GTAW, renderam uma es-
pessura de deposito em torno de 4,5 mm suprindo a altura do nariz e preenchendo adequadamente a
abertura de raiz. Os demais passes de enchimento e acabamento (equivalente a oito cordões de solda),
depositados por eletrodo revestido, rendeu à junta soldada uma espessura de depósito de 8,2 mm, que,
somado à espessura de deposição das soldas de raiz, resulta no preenchimento completo da junta sol-
dada, Figura 7.11.
Figura 7.11 – Aspecto macrográfico da junta soldada (Nital 8%) Aumento: 5X. Fonte: os autores
Em toda a extensão da junta, após inspeção visual, não ficou evidenciado qualquer tipo de descontinui-
dade, como trincas, reforços excessivos, mordeduras, falta de fusão, entre outros, ou qualquer irregula-
ridade nas partições térmicas da junta.
» Ensaio de Dureza
O ensaio de dureza tem a premissa de aferir as condições de resistência em cada uma das interfaces
que compõem uma junta soldada, em especial da ZAC . Uma região da seção do tubo, contendo a região
da junta soldada, foi extraída conforme a Figura 7.12, e a peça foi devidamente lixada e limpa a ponto de
sua superfície ficar totalmente plana e isenta de qualquer rugosidade ou impureza que pudesse com-
prometer a medição de dureza.
Tubo
Figura 7.12 – Orientação para extração do corpo de prova para ensaio de dureza. Fonte: os autores
Após a obtenção do corpo de prova e preparação macrográfica básica, um ataque macrográfico com
Nital 3% foi necessário para a identificação das regiões de interesse da junta soldada. Além disso, os 19
pontos de medição foram os indicados na Figura 7.13, de forma que abrangessem todas as regiões de
interesse da junta (solda, ZAC e metal de base).
Atenção
Foi medido um valor médio de dureza em torno de 175 HV no metal de base e 212 HV na ZAC e 185HV na
região do metal de solda e todas as medidas ficaram abaixo do máximo especificado de 250 HV.
» Ensaio de Tração
Dois corpos-de-prova foram submetidos a ensaios de tração com uma carga axial até a ruptura. Dois
corpos-de-prova contendo o metal de solda foram ensaiados segundo o padrão adotado para a fabrica-
ção das peças, as recomendações e os critérios de aceitação foram extraídos do item 4.9.3. da AWS D1.1
de 2010, conforme a Figura 7.14.
W C
Figura 7.14 – Detalhes do Corpo de Prova – Ensaio de Tração Fonte: Redesenhado pelos autores de AWS
D1.1/1.1M, 2018.
Os valores de resistência à tração obtidos nos dois corpos-de-prova foram de 590 MPa e 580 MPa, indi-
cando a aprovação da junta soldada neste quesito.
Figura 7.15 – Detalhe da região da fratura nos corpos de prova durante a realização do ensaio de tração.
Fonte: os autores.
O ensaio é qualitativo e é um meio bastante simples e eficaz para detectar problemas metalúrgicos e
de compacidade que podem afetar o comportamento dos materiais em serviço.
Figura 7.16 – Detalhes do Corpo de Prova – Ensaio de Dobramento Lateral. Fonte: AWS D1.1/1.1M, 2010.
Foi efetuada a inspeção visual da região tracionada e não foram observadas trincas ou descontinuidades
significativas, o que aprovou o ensaio de dobramento, Figura 7.17. Entenda mais dois critérios de apro-
vação observados neste exemplo:
Informação Importante
Esse ensaio permite determinar a energia utilizada na deformação e ruptura do corpo-de-prova,
que é a medida da diferença entre a altura inicial do pêndulo e a altura máxima atingida após o
impacto do pêndulo no corpo-de-prova.
A
C
LC T < 12 mm
D T/2
LC
T/4
(MÍN.)
LC- LINHA DE CENTRO
Figura 7.18 – Detalhes do Corpo de Prova – Ensaio de Impacto (Charpy). Fonte: AWS D1.1/1.1M, 2010.
Após a obtenção dos corpos-de-prova, as peças são dimensionadas, identificadas e encaminhadas para
o laboratório onde se realizarão os ensaios. A máquina usada para realização destes ensaios é a máquina
de impacto Charpy opera na faixa nominal de 0 a 300 J, Figura 7.19. Quanto menor for a energia absor-
vida, mais frágil será o comportamento do material mediante àquela solicitação dinâmica.
Figura 7.19 – Operação de ensaio de impacto Charpy-V na máquina Charpy. Fonte: OS AUTORES.
Uma vez que todos os resultados estiveram dentro dos parâmetros estabelecidos pela norma
AWS D1.1, foi gerada uma RQPS com os dados de qualificação.
Os
Os aços
aços de
de médio carbono
alto carbono apresentam
apresentam teor
teor dede carbono
carbono variando
variando dede 0,3%
0,5% a 0,5%.
a 1%.
Atenção
A maioria dos aços de médio carbono são altamente temperáveis nas taxas de resfriamento usuais de
soldagem, por isso o preaquecimento e o controle da taxa de resfriamento se fazem necessário. A ZAC
é quase sempre dura, frágil e, praticamente, constituída apenas por martensita. De tal modo, apresenta
alta susceptibilidade ao trincamento, seja pela trinca a frio ou, simplesmente, devida à baixa tenacidade
dessa martensita sob o efeito das tensões residuais de soldagem. Estes materiais devem ser soldados
com processos de baixo hidrogênio, como GTAW e GMAW, ou com consumíveis ou fluxos de baixo hidro-
gênio difusível.
Na prática, o preaquecimento deve ser realizado de 150 ºC a 250 ºC, quando o teor de carbono estiver na
faixa de 0,4 %. Pode chegar à 300ºC para altas espessuras e em aços enriquecidos em elementos de liga.
Aumentando o teor de carbono acima de 0,5%, o preaquecimento deve ser aumentado, todavia deve ser
avaliada a possibilidade de soldagem da liga, que fica muito dificultada nesses percentuais mais altos
de carbono.
O pós-aquecimento entre 250 ºC e 300ºC com tempo de patamar de 1 min/mm de espessura de junta,
porém igual ou superior a 30 minutos, deve ser realizado em sequência a soldagem. Uma prática possível
de ver adotada e pode ser avaliada caso a caso, é retardar a taxa de resfriamento da junta soldada, sem
pós-aquecer, envolvendo a junta com manta térmica a partir da temperatura de interpasse mínimo.
Sempre que possível o tratamento de alívio de tensões deve ser realizado em sequência ao pós-aque-
cimento antes de alcançar a temperatura ambiente.
Atenção
Os aços de alto carbono não são muito aplicados na indústria do petróleo, por isso
a sua soldagem, quando não for inviável, é rara.
Em função da sua alta temperabilidade, o controle da taxa de resfriamento não pode ser negligen-
ciado, através do controle da temperatura de preaquecimento e interpasse, sob pena de inviabilizar a
soldagem dessas ligas.
» usinagem;
» oxi-corte, plasma;
» laser;
» hidrocorte.
A ZAC formada pelos processos de corte a quente deve ser completamente remo-
vida por usinagem ou esmerilhamento.
Sempre que possível, deve ser utilizado consumíveis com teor de hidrogênio difusível máximo de 4 mL
de hidrogênio por 100 g de MS depositado (H4) e a resistência mecânica deve ser compatível com a metal
base, salvo os casos em que seja possível a utilização de consumíveis de matriz austenítica, como as ligas
de níquel. Essa prática auxilia na prevenção da trinca a frio pela diminuição da quantidade de hidrogê-
nio que se difunde para o metal de base.
Os processos de soldagem SAW, SMAW, GMAW e GTAW são usualmente utilizados. Para as aplicações
as quais necessitam um maior controle dos parâmetros de soldagem, o processo de baixo hidrogênio
GTAW deve ser sempre preferido.
Devido aos diferentes tratamentos térmicos que aços de baixa liga tratados termicamente podem ser
submetidos na sua fabricação, o que confere diferentes valores de dureza para o metal de base, para a
escolha do consumível deve ser observada a resistência mecânica do material de base a ser soldado em
cada necessidade da aplicação. Sempre que possível, a composição química do metal de adição deve se
aproximar do metal de base.
O preaquecimento e interpasse mínimo podem ser executados por resistência elétrica, indução ou
chama. O aquecimento manual por chama, mesmo que com a utilização de chuveiro, deve ser utilizado
apenas na soldagem de tirantes e peças auxiliares de montagem não sujeitas à pressão interna ou em
qualquer outro componente que possa ter aquecimento diferencial.
As temperaturas de preaquecimento e interpasse são indicadas na Tabela 7.8, extraída da norma N-133.
Atenção
Tabela 7.8 - Temperatura de interpasse mínimo (preaquecimento) e máximo para aços de baixa liga de médio
carbono. Fonte: N-133, 2018.
Em situações de manutenção, pode ser mantido o preaquecimento envolvendo a peça com uma manta tér-
mica diminuindo a taxa de resfriamento até a temperatura ambiente. Esse procedimento, em especial na
soldagem com processos de baixo hidrogênio como o GTAW e GMAW, pode ser suficiente para levar a peça
a um nível muito baixo de hidrogênio e deve ser avaliado com cuidado por um especialista de soldagem.
Somente para ratificar, os parâmetros utilizados para a realização do TTAT e revenimento dos aços
citados devem ser baseados nos valores de dureza desejada para o componente a ser trabalhado. A
variação da temperatura de revenido faz com que uma grande variação de dureza seja obtida. Por
isso, na manutenção deve ser avaliada a dureza do componente a ser soldado para que seja determi-
nada a temperatura de revenido da junta soldada.
As técnicas de deposição controlada devem ser qualificadas para cada aplicação e com um metal de base
com composição química mais próxima possível a do componente a ser soldado. O ASME IX, por exem-
plo, apresenta requisitos específicos para uma qualificação desse tipo de soldagem. São consideradas,
primordialmente, a sequência de passes e os valores da medição de dureza.
Os procedimentos para reparos com solda em eixos ou munhões devem contemplar o emprego de ao
menos duas camadas de solda no acabamento no sentido longitudinal do componente, com o intuito de
atenuar a possibilidade de propagação de possíveis defeitos nesses componentes sujeitos a carrega-
mentos combinados de flexão e torção.
Importante!
Em função da ocorrência de trinca a frio não ser imediata, é uma boa prática aguardar 48
horas após a soldagem antes que a inspeção final seja realizada.
Para entender mais sobre o exemplo, clique no ícone e conheça o aço AISI 4340:
Informação Importante
O aço AISI 4340 é um aço projetado para ser aplicado em componentes de máquina por
apresentar uma excelente temperabilidade e é utilizado, em grande parte das aplicações,
na condição temperado e revenido. Em função dessa temperabilidade, quando ele não deve
ser utilizado somente na condição temperada, ou seja, sem revenido, fazendo com que essa
condição seja extremamente frágil, levando a uma fratura prematura do componente.
As normas de soldagem geralmente não se referem a este material, entretanto a norma de soldagem da
Petrobras N-133 traz no seu capítulo 5.2 requisitos de soldabilidade.
A utilização de temper bead para a diminuição da dureza foi a técnica de reparo escolhida em função
da limitação de temperatura no mancal. Por isso, todos os valores da EPS foram reavaliados a partir dos
critérios do ASME BPV sec. IX (2019), que traz os requisitos de qualificação de bead, na tabela QW-290-4
e nortearam a análise. Essa retificação da EPS foi realizada com a simulação numérica de soldagem com
o software Sysweld® e com a realização de mock up a partir dos critérios do ASME PCC-2 nos itens 3.2.1.2
Simulation of Thin Area e 3.2.1.3 Buildup Thickness.
Informação Importante
Redução de área (%) 33,7 40,0 41,0 35,0 35,0 45,0 50,0 57,0
Alongamento (%) 4,5 8,4 8,6 8,8 8,8 10,0 14,0 18,1
Outra forma de estimar a temperatura de revenido é utilizando Tabela 7.10, genérica de equivalência dos
valores de dureza com a resistência a tração. Com o valor aproximado de 321 HB em destaque, foi obtido
um valor de resistência da tração de 1060 MPa.
Dureza Rockwell
Tabela 7.11 – Condições aproximadas de tratamento térmico e temperaturas de revenido em função do limite
de resistência. Fonte: Adaptado de Welding Handbook volume 4 part. 1 nona edição página 68 table 1.28.
Há a necessidade de controle de temperatura de interpasse máxima de 350⁰C para que seja evitado um
superrevenimento da microestrutura. Na prática, não houve dificuldades de atender essa estreita janela
de soldagem em função da taxa de extração de calor ter sido elevada.
Para conferir essa temperatura de preaquecimento, clique no ícone e veja as fórmulas mais precisas,
apresentadas pelo National Shipbuilding Research Project #7-96-3, que permitiram um cálculo mais
preciso com a utilização da composição química real da liga a ser soldada.
Desta forma, as temperaturas de preaquecimento na Tabela 7.12 foram calculadas. O tempo crítico τ8/5 ,
que determina a taxa de resfriamento que evita a formação de martensita, foi maior do que 12 minutos,
um tempo muito superior aos tempos usuais de soldagem.
Informação Importante
A TPH2 calculada de 147ºC considera que a temperatura abaixe de M90 , dessa forma seria inevitável a
realização do TTAT, o que dificultaria o temper bead, pois a martensita ficaria mais dura pela taxa de
resfriamento ser mais elevada.
Por isso foi considerada a TPH1 que foi de 302ºC, fazendo com que ajustássemos a temperatura de prea-
quecimento para 305ºC, ligeiramente superior àquela citada na N-133.
O temper bead foi a técnica utilizada para evitar o TTAT da junta. Realizar o segundo passe com uma
energia mais elevada do que a primeira visa fornecer energia suficiente para que o calor desse segundo
passe atinja a ZAC do primeiro passe. A sobreposição de passes teve o objetivo de eliminar a região de
grãos grosseiros do primeiro passe, “revenir” a ZAC do passe anterior mostrado na Figura 7.20. Foi cal-
culada, com uma planilha Cálculo de Extensão de ZAC – Ilustração Temper bead criada pelo engenheiro
André Carvalho, e foi obtido que retirando as escamas da primeira camada e fazendo o passe quente
com uma energia de soldagem 50% superior a anterior, o temper bead seria efetivo.
A sequência de soldagem foi realizada conforme esquema da Figura 7.21, com passes retilíneos e de
pequena espessura e pequena largura na posição plana - 1G ou vertical - 3G, de forma a buscar uma
sobreposição de passes de 50%, a = 2 x b, conforme Figura 7.21, de forma a buscar o revenimento do
passe anterior.
Figura 7.21 - Sobreposição de passes. Fonte: ASME BPV sec. IX, figura QW-462,13 pág.213.
Para entender a Figura 7.22, clique no ícone e veja como ocorre a sequência:
Informação Importante
Inicialmente, deve-se realizar um passe de contorno que seria o limite da região a ser sol-
dada e nenhum cordão de solda seria feito fora dele. De tal modo, o primeiro e o segundo
passe de enchimentos seriam feitos sem extrapolar esse limite imposto pelo passe de con-
torno. Após término desse segundo passe, o passe de revenimento do metal de base deve
ser efetuado em todo o entorno, mantendo uma distância de 2 mm para a borda do passe
de contorno.
Figura 7.22 - Sobreposição de passes do temper bead. Fonte: Imagem cedida por André Mariano.
Figura 7.23 - Sobreposição de passes em corte da seção. Fonte: Imagem cedida por André Mariano.
Por isso, o ajuste do dimensional da ranhura - groove - devem remover o passe de revenimento do eixo.
As ferramentas de desbaste utilizadas para ajustar a superfície soldada não devem promover o aqueci-
mento da superfície, sob pena de promover o endurecimento local de uma região superaquecida.
200
Figura 7.24 – Eixo no torno e croqui dos chanfros (Dimensões em mm). Fonte: OS AUTORES.
A EPS que tinha a soldagem com o processo GTAW foi a escolhida. O processo de soldagem GTAW
apresentou os parâmetros de referência para eletrodo de 2,4 mm, tensão ao redor de 12V e corrente
entre 130A – 160A. O aporte térmico da EPS não deveria exceder 2,0 kJ/mm, contudo, nas condições de
campo limitou-se a 1,5 kJ/mm, a fim de promover o revenimento do passe anterior (temper bead), com
uma sobreposição de aporte de 1,5 vezes do passe anterior.
Importante!
A microestrutura final mais crítica foi estimada utilizando um programa online de cálculo
de taxa de resfriamento e um diagrama CCT, Figura 7.25. Os parâmetros de soldagem
foram alimentados e obteve-se um Δt8/5 de 42,5 s, o que nos dá uma microestrutura
predominantemente martensítica com um pouco de bainita.
Figura 7.25 – Análise de taxa de resfriamento a partir da temperatura de preaquecimento e diagrama CCT
Para a realização do preaquecimento foi utilizado um contrato global para o sistema de aquecimento
resistivo que agilizou a mobilização desse recurso. Para que seja obtida uma melhor eficiência de aqueci-
mento, na plataforma a localização da região de reparo permite que as resistências podem ser montadas
em ambos os lados da junta, Figura 7.26.
A medição com o pirômetro ótico não se mostrou tanto eficaz quanto o de contato, pois apre-
sentou uma grande variação de valores. Assim, o pirômetro de contato foi o escolhido para ser
utilizado a bordo.
Visando a reconstrução do chanfro de 5 mm, foi refeito o croqui de soldagem. A sequência de soldagem
no chanfro de 5 mm está apresentada na Figura 7.27. Todos os diferentes consumíveis conseguiram ser
soldados com os mesmos parâmetros de GTAW. O novo aporte térmico foi redefinido como o menor
possível para as condições da nova configuração.
11 22 33
44 55 66
77
Para a camada de amanteigamento, um eletrodo de aço carbono de ER70S-3 de 1,2 mm e outro de ERNi-
CrFe-3 de 1 mm permitiram que esse menor valor de corrente fosse utilizado. Após a segunda camada de
amanteigamento, poderia ser efetuado o preenchimento com eletrodo ER80-B2, de resistência similar
ao eixo, no caso da condição de soldagem com o aço carbono, entretanto não foi possível pela espessura
de camada.
Já na região interna do rasgo, esses mesmos valores de corrente não puderam ser utilizados em função
da maior taxa de extração de calor da junta, o que prejudicou a molhabilidade da poça. Assim, a corrente
foi aumentada gradativamente até que fosse obtido o valor de 105 A para a primeira camada. Mantendo
a premissa calculada de que o passe quente fosse de 50% acima do anterior, após a remoção das esca-
mas, a segunda camada foi efetuada com 160 A.
Atenção
iii
11 i 22
ii
ii
33 i
Importante salientar que o passe de revenimento deve ser realizado sobre o metal de solda previa-
mente depositado há 2 mm da margem, evitando atingir o metal de base sob pena de recristalizar em
uma região de grãos grosseiros da ZAC do aço AISI 4340, que além da fragilidade pelo crescimento de
grão, há a formação de uma estrutura de martensita não revenida frágil.
O primeiro passe, a retirada das escamas, e o passe de revenimento estão apresentados na Figura 7.29.
Para simular as situações em que essa sequência de passes não seja suficiente para o preenchimento da
espessura perdida, simulou-se mais duas sequências de passes, um de cada lado do primeiro para que
fosse avaliada a dureza na condição final. Essa deposição está mostrada na Figura 7.30.
Figura 7.30 – Preenchimento do terceiro e quartos cordões com consumível de ER70S-3 (a) primeiro passe (b)
segundo passe. Fonte: OS AUTORES.
Figura 7.31 – Espessura recomposta com eletrodo ER70S-3 após esmerilhamento. Fonte: OS AUTORES.
Importante!
A sequência foi idêntica para os outros dois consumível e para as diferentes temperaturas de preaqueci-
mento e não houve grandes dificuldades para soldar nessas condições com qualquer consumível.
Para simular a soldagem com uma maior quantidade de material depositado no interior do chanfro de
10 mm, foi necessário aumentar a corrente, pois com os valores anteriores não estava sendo possível a
fusão do consumível pela taxa de extração de calor, Figura 7.32. Portanto:
Antes da realização do passe quente do amanteigamento, foi efetuada a retirada das escamas de sol-
dagem para que o temper bead fosse mais efetivo, conforme Figura 7.33, melhorando a garantia da
sobreposição dos passes e revenimento da ZAC do passe anterior.
Foi realizado ensaio de LP (líquido penetrante) na temperatura ambiente e em todas as condições solda-
das não foram observadas descontinuidades, segundo Figura 7.34.
Não houve a possibilidade de usinar os corpos de prova para a medição de dureza conforme os requisitos
do ASME IX mostrados na Figura 7.35.
Figura 7.35 – Soldagem com penetração parcial. Fonte: ASME BPV sec. IX, figura QW-462,12 pág.212.
2 2 2 2
0,5 0,5
ZTA
ZT
A
Figura 7.36 – Pontos de medição de dureza. Fonte: Norma N-133, 2017 pág.110.
Importante!
A dureza da ZAC das soldas foi refeita com um método UCI mais preciso e adequado. O máximo valor de
dureza medido foi de 370 HV na interface estando plenamente aceitável para essa condição de soldagem
e os valores médios de dureza estão na Tabela 7.13.
Informação Importante
O objetivo dessa simulação era ratificar se os parâmetros aplicados das EPS promoveriam a
redução de dureza da junta soldada necessária com o tratamento de temper bead em todas
as regiões da junta soldada e não somente na região de superfície. Além de simular a sequ-
ência de passes na geometria real do eixo a ser reparado.
Para que isso fosse possível, era necessário o cadastramento das curvas CCT (curvas de resfriamento
contínuo) para o aço 4340, material que não fazia parte do banco de dados de material do software. Foi
selecionado um diagrama CCT e utilizado na simulação está mostrado no diagrama da Figura 7.37.
O desenho, que continha a geometria a ser soldada, teve que ser feito antes da
simulação, Figura 7.38.
Reparo 02 – Vinco em V
Figura 7.38 – Desenho da geometria a ser reparada a bordo. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
Na sequência, foram inseridos nos softwares a sequência de passes segundo o efetuado no mock-up do
chanfro de 5 mm, chamado de Reparo 01, Figura 7.39, com o consumível ER70S-3, que seria mais crítico
considerando a maior tensão residual que esse consumível traria para a simulação.
Reparo 01 – Chanfro
4
3
2
1
Figura 7.39 – Desenho da geometria a ser reparada a bordo. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
Reparo 02 – Vinco em V
6 5
4 3
2 1
Figura 7.40 – Representação dos passes no enchimento do V. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
A energia de soldagem foi calculada como a razão entre a potência sobre a velocidade de soldagem como
mostra a fórmula:
Tabela 7.14 – Parâmetros de soldagem simulados. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
Figura 7.41 – Dados do consumível ER70S-3. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
Foi utilizado o modelo completo com o método transiente e a simulação do ciclo térmico está mostrada
na Figura 7.42.
Figura 7.42 – Desenho do modelo transiente. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
Atenção
Após a simulação, observou-se que o modelo não previu que o passe de revenimento, temper bead,
ficasse há 2 mm da margem da solda do primeiro passe. Esse fato não foi considerado preocupante,
uma vez que os valores tensões residuais e de dureza simulados teriam valores maiores do que os reais,
fazendo com a simulação fosse mais conservativa.
Corte –
T1 T3
T2
T1 T5
T4 T2 T4
T3
T5
Figura 7.44 – Localização dos pontos de medição de temperatura. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
1400,00 1400,00
1200,00 1200,00
1000,00 1000,00
Temperatura (°C)
800,00 800,00
600,00 600,00
400,00 400,00
200,00 200,00
0,00 0,00
0,00 200,00 400,00 600,00 800,00 1000,00 1200,00 1400,00 1600,00 1800,00 2000,00
Tempo (s)
T1 T2 T3 T4 T5
Figura 7.45 – Ciclos térmicos do chanfro de 5 mm. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
1400,00
1200,00
1000,00
Temperatura (°C)
800,00
600,00
400,00
200,00
0,00
2000,00 3000,00 4000,00 5000,00 6000,00 7000,00 8000,00
Tempo (s)
T1 T2 T3 T4 T5
Figura 7.46 - Ciclos térmicos do vinco V de 10 mm. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
Figura 7.47 – Simulação da fase martensítica após a soldagem. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
Figura 7.48 - Simulação da fase bainítica após a soldagem. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
A dureza simulada estava coerente com os dados experimentais do mock-up e não apresentou valores
superiores há 380 HV, mostrando que o passe de revenido se mostrou eficaz e estão mostradas nas Fi-
gura 7.49 e Figura 7.50.
6.6 mm
3.7 mm
2.3 mm
Figura 7.49 – Dureza no chanfro de 5 mm. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
Dureza (HV)
Dureza (HV)
18.1 mm
6.9 mm
Figura 7.50 – Dureza na seção do vinco V. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
Por fim, os valores de tensão residual, na sequência de soldagem não ultrapassaram os 300 MPa pelo
critério de Von Mises, Figura 7.51 e Figura 7.52.
Figura 7.51 – Tensão residual do vinco V. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
Tensão Residual
(Tensão de Von Mises - MPa)
Figura 7.52 – Tensão residual do chanfro. Fonte: Imagem cedida pela ESI.
Através da simulação do reparo no SYSWELD foi possível observar a formação de bainita na região do
reparo com uma dureza máxima de 380 HV, um pouco superior aos 320 HV medidos no material base.
No entanto, entendemos que é uma dureza aceitável para a ZAC e que não irá prejudicar a operação
do reparo.
Informação Importante
Importante!
É possível dizer que as propriedades mecânicas dos aços fornecidos normalizados (após laminação con-
vencional) com microestrutura constituída de perlita e ferrita estão intimamente relacionadas aos ele-
mentos de liga. Nesse caso, há o sacrifício da tenacidade e da soldabilidade quando comparados aos com
os processados por laminação controlada.
1 2 3 4
Aço laminado com adição de elementos de liga utilizado em estruturas metálicas e
vasos de pressão. Neste grupo estão incluídos os aços patináveis (weathering steels).
Esses dois últimos aços, praticamente não são utilizados na indústria do petróleo.
7.1.4.1 Soldabilidade
Como na soldagem dos aços carbonos convencionais a necessidade de preaquecimento ou não deve ser
avaliada nos aços ARBL, entretanto, o controle do hidrogênio difusível normalmente deve ser realizado
de forma mais rigorosa. O tratamento térmico de alívio de tensão não é geralmente necessário para
baixas espessuras, a não ser quando exigido pelo código de projeto.
O aporte de calor para a soldagem destes aços deve ser relativamente baixo (normalmente inferior a
2,0 kJ/mm, salvo SAW que admite valores maiores) para que os carbetos e carbonitretos finamente dis-
persos sejam efetivos como controladores do crescimento de grão. Caso não permaneçam por muito
tempo a altas temperaturas (o tempo de dissolução varia conforme o tipo de precipitado e a temperatu-
ra) haverá dissolução massiva dos mesmos e crescimento acentuado dos grãos e comprometimento da
tenacidade (ZAC).
X-80
145.000 t
X-70
165.000 t
Figura 7.53 - Redução de peso com o emprego do X80. Fonte: Especialização engenharia
de Soldagem, Gilmar Zacca, 2012.
Importante!
No Brasil, a maioria dos dutos é construída com o grau X70 e já existe um pequeno trecho com
grau X80. No exterior, o emprego de tubos X80 já é uma tecnologia madura e consolidada.
Programas de desenvolvimento entre empresas de óleo e gás e grandes fabricantes de tubos tem resul-
tado em novos tubos de alta resistência, principalmente os graus X100 e X120. As empresas de óleo e
gás tem desenvolvido testes de soldagem circunferencial nestes novos tubos em conjunto com extensos
estudos de propriedades mecânicas.
Recentemente, em 2007, novos graus de alta resistência, como o X90, X100 e X120, foram introduzidos
nas principais normas de tubos para dutos, como a API5L e a ISO 3183. O principal campo de aplicação
para estes dutos de alta resistência é o emprego em extensos gasodutos de elevada pressão.
Em função disso, a razão elástica máxima (relação entre o limite de escoamento e o limite de resistência)
não pode ultrapassar 0,93 conforme limitado pela norma API 5L, sendo desejável valores ainda menores.
Dutos que são sujeitos a estes ambientes são projetados por deformação (strain based design) ao con-
trário do convencional projeto por tensão (stress based design). Este conjunto de propriedades pode ser
obtido através do processo de laminação controlada seguido, ou não, de resfriamento acelerado.
Abaixo a Figura 7.54 mostra a evolução no desenvolvimento dos aços de alta resistência para dutos ao
longo do tempo:
1. Nos anos 70, a laminação a quente convencional seguida de normalização foi substituída pela la-
minação controlada, que permitiu que tubos até o grau X70 pudessem ser produzidos a partir de
aços microligados com nióbio e vanádio e teor de carbono reduzido.
2. Uma melhora no processamento destes aços surgiu nos anos 80 através da aplicação do resfria-
mento acelerado juntamente com a laminação controlada. Com este método, tornou-se possível
produzir materiais de alta resistência como o X80, com baixo teor de carbono e, consequentemen-
te, boa soldabilidade.
3. Com adições de molibdênio, cobre e níquel, a resistência pôde ser aumentada até o grau X100,
quando a chapa é produzida pela laminação controlada com resfriamento acelerado modificado.
Grau API
X-80 0,08C LC + RA
Nb Ti
X70
0,12C Laminação
X-60 Nb V controlada
LÂMINAÇÃO
LÂMINAÇÃO
A QUENTE E LC +RA
CONTROLADA
NORMALIZADO
AJátécnica
A na década
laminação de 80, o processo
de controlada,
laminação atambém deconhecida
quente resfriamento
seguida de comoacelerado foi somado
processamento
normalização, àcom
laminação
termomecânico
em aços controlada,
teor deou pela sigla
carbono permi-
emem in-
torno
tindo a obtenção de microestruturas bainíticas e graus na ordem de X80 ou superiores, sem
glês TMCP (Thermo Mechanical Control Process), foi introduzida em larga escala industrial no Japão no
de 0,20%, resulta em uma microestrutura constituída de ferrita e perlita. Com esta a necessida-
metodologia era
de de da
início
possíveladição de uma
década
fabricar de
aços maior
80. Com
com quantidade
estade
limite de elementos
técnica, tornou-se
escoamento de liga. ao
possível
equivalente produzir
X60. aços de qualidade superior ao
normalizado devido a sua granulação mais fina, maior tenacidade e emprego de pequenas adições de
elementos de liga, possibilitando uma redução do teor de C e a obtenção de graus equivalentes ao X70,
ainda com uma microestrutura ferrítica-perlítica.
Na Figura 7.55, é possível comparar a microestrutura das chapas de aço fabricadas a partir de diferen-
tes processos de laminação. A microestrutura do X60 foi normalizada após laminação convencional, en-
quanto a microestrutura do X70 sofreu processo de laminação controlada e obteve uma microestrutura
mais fina. Já o X80, passou pelo resfriamento acelerado e obteve uma microestrutura ainda mais fina. A
classificação de grão ASTM está relacionada com a quantidade de contorno de grão. Dessa forma, quan-
to maior for o número ASTM, menor é o tamanho de grão.
No processo de resfriamento acelerado , o material é resfriado rapidamente após passar pela laminação
na região onde não ocorre a recristalização da austenita. Dessa forma, a nucleação da ferrita ocorre tam-
bém no interior do grão, resultando em uma ferrita ainda mais fina, ou na formação de microestruturas
bainíticas e até mesmo martensíticas.
Banda de Nucleação
Grão α deformação na matriz
Microestrutura
transformada
austenítica
Importante!
Os elementos de liga têm um papel importante na laminação controlada, uma vez que inibem a recrista-
lização da austenita, através da precipitação de carbonitretos durante o processo de laminação a quente
que resulta em uma força de travamento maior que a força necessária para iniciar a recristalização. A fina
precipitação, principalmente de carbetos e nitretos de Nb na austenita, durante o processo de laminação
provoca um aumento da faixa de temperatura na qual não há recristalização, ou seja, o aço apresenta
microestrutura totalmente austenítica extremamente deformada em temperaturas onde normalmente
já haveria ocorrido o processo de recristalização.
A microestrutura final dos aços fabricados por laminação controlada é função da deformação aplicada,
das faixas de temperatura de laminação, composição química e taxa de resfriamento. Para o X80, depen-
dendo da rota de fabricação, podem-se encontrar microestruturas ferríticas bem finas, ferrita acicular e/
ou bainita. Para o X100 e o X120 é comum encontrar somente microestruturas bainíticas.
A partir do grau X80, costuma-se utilizar o resfriamento acelerado em aços com teor de carbono ge-
ralmente inferior a 0,05% resultando em uma microestrutura composta por ferrita acicular ou bainita
com elevada resistência mecânica e tenacidade.
1 2 3
Uma terceira alternativa de fabricação utiliza um teor médio de carbono, em torno de 0,06%,
resultando um CE de 0,48%. Esta composição tende a melhorar a flexibilidade de produção,
produzir bons níveis de tenacidade e boa soldabilidade.
Ferrita
Perliita
Bainita Resfriamento
ao ar
TFR
Martensita Resfriamento
Têmpera acelerado
direta
Tempo
tTR - tempo de transferência CR - taxa de resfriamento
TIR - tempratura de início de resfriamento TFR - tempratura de início de resfriamento
Nesse caso do X-100, um mesmo elemento de liga pode ter efeitos benéficos durante a laminação do aço
e deletérios durante a soldagem. O inverso também pode ocorrer, quando a adição de elementos que são
benéficos para a soldagem pode não ser adequada ao processo de laminação.
Ao analisar a influência dos elementos de liga nos aços para dutos, devem ser considerados seus efei-
tos tanto no processo de laminação controlada quanto na soldagem para a fabricação dos tubos e
construção do duto.
» Carbono
Para melhorar a tenacidade e a soldabilidade, o teor de carbono nos aços de laminação controlada tem
sido significativamente reduzido. Apesar de aumentar a tenacidade da ZAC, teores de carbono muito
baixos podem levar a formação de microestruturas grosseiras, devido a transformação ferrítica ocorrer
em temperaturas mais elevadas, resultando em perda de tenacidade. Dessa forma, deve-se buscar um
valor ótimo de carbono.
Desde os anos 70, existe uma tendência em adicionar Mn para compensar a perda de
resistência provocada pelo baixo teor de carbono.
» Manganês
O manganês provoca aumento na resistência principalmente através do endurecimento por solução sólida.
Do ponto de vista de soldagem, o manganês que pode ser adicionado é limitado em função do aumen-
to na temperabilidade do aço, que poderia levar a formação de martensita na ZAC.
Além disso, o manganês tem uma forte influência na formação de microfases na região de grãos gros-
seiros reaquecida intercriticamente. O aumento no teor de manganês aumenta a temperabilidade da
austenita e promove a formação do constituinte AM (Austenita-Martensita) ao invés de microfases de
perlita, reduzindo a tenacidade. A restrição do teor de manganês também se faz necessária para minimi-
zar a segregação e o bandeamento microestrutural que resulta em anisotropia e pode provocar variação
na microestrutura e consequentemente na tenacidade da ZAC durante a soldagem.
» Silício
O silício é adicionado como desoxidante e aumenta resistência e dureza por solução sólida. Como não é
um elemento eficiente para refino de grão, o aumento de resistência e dureza é, geralmente, acompa-
nhado de redução na tenacidade. De forma geral, a resistência e a tenacidade não são afetadas quando
o teor de silício é inferior a 0,35%.
Na ZAC, o silício provoca a transformação parcial da austenita em ferrita pró-eutetóide, de modo que a
austenita remanescente fica enriquecida em carbono, aumentando a temperabilidade e promovendo a
formação do microconstituinte AM. Em geral, a tenacidade da ZAC, principalmente na região de grãos
grosseiros reaquecida intercriticamente na soldagem multipasse, não é reduzida devido ao aumento
na fração volumétrica do microconstituinte AM provocada pelo silício. Para teores de silício inferiores
a 0,2%, o AM se decompõe em cementita após ser submetido a tratamento térmico pós soldagem ou
devido ao reaquecimento provocado pelo passe posterior.
» Níquel
O níquel favorece a tenacidade e a ductilidade, sendo normalmente empregado em torno de 0,25%.
» Enxofre
O enxofre, quando segregado no contorno de grão, reduz a tenacidade e na forma de sulfeto de ferro,
possui baixo ponto de fusão, como visto na trinca de solidificação.
Quando combinado com o manganês, forma o sulfeto de manganês que, após a laminação, apresenta
forma alongada prejudicando a resistência do aço ao trincamento por hidrogênio . Alguns aços apre-
sentam adição de cálcio (0,0015% a 0,0035%) com o intuito de globularizar as inclusões de enxofre e
atenuar o risco de fissuração induzida pelo hidrogênio.
A fragilização é facilitada se o material tiver altos teores de silício e manganês que promovem a se-
gregação de fósforo. Este efeito pode ser reduzido aumentando o teor de Mo, que tem um efeito de
limpeza no fosforo.
» Nitrogênio
O nitrogênio é adicionado geralmente junto com:
VANÁDIO TITÂNIO
Titânio: para
Vanádio: paracontrolar
promovero ocrescimento de grão
endurecimento por da austenita através
precipitação de VN. dos precipitados de TiN, que é es-
tável e eficaz em altas temperaturas para evitar o crescimento de grão durante a laminação e é mais
resistente a dissolução quando exposto a altas temperaturas durante a soldagem.
O óxido de titânio é ainda mais estável em altas temperaturas e favorece a nucleação de ferrita acicular,
porém, se for empregado em excesso reduz a tenacidade. Por ter grande afinidade com o titânio, o ni-
trogênio permite que o boro permaneça livre, evitando a formação de boreto de titânio que tem efeito
deletério.
Importante!
Ao mesmo tempo, acredita-se que existe um nível ótimo de nitrogênio já que em concentrações muito
baixas pode haver uma diminuição na resistência ao crescimento de grão da austenita na região de
grãos grosseiros da ZAC, causado pela redução no número de nitretos, resultando em queda de tena-
cidade.
Algumas tentativas têm sido feitas para aumentar a tenacidade da região de grãos grosseiros da ZAC
através da adição de vários elementos de liga com o intuito de evitar o crescimento do grão austenítico
nesta região. A eficiência de elementos como alumínio e nióbio, por exemplo, é limitada a temperaturas
abaixo de 1100°C pela redução do efeito de ancoragem dos nitretos e carbetos destes elementos acima
desta temperatura. Dessa forma, o titânio que se combina com o nitrogênio livre formando nitretos
estáveis em altas temperaturas é largamente utilizado.
Por outro lado, se o titânio estiver presente acima do valor estequiométrico, uma significativa redução
de tenacidade pode ocorrer, possivelmente devido ao crescimento das partículas de TiN, que leva a for-
mação de ferrita grosseira nas regiões intragranulares e crescimento do grão austenítico. O emprego de
elevado aporte térmico, acima de 10 kJ/mm, facilita a formação de bainita superior na região de grãos
grosseiros da ZAC com um aumento na fração volumétrica de AM.
O titânio em percentuais da ordem de 0,015%, tanto sozinho como combinado com outros elementos,
como o boro, reduz o crescimento de grão e a fração volumétrica de AM, resultando em um aumento na
tenacidade. Por outro lado, o aumento no teor de titânio para valores acima de 0,02% reduz a tenacidade
devido à precipitação de carbetos de titânio. A tenacidade da ZAC junto a linha de fusão pode ser efe-
tivamente aumentada, através de uma fina precipitação de óxido de titânio (TiO) no interior do grão.
O nitreto de titânio não é eficaz quando exposto a temperatura maior que 1400°C, que é o caso da ZAC
junto a linha de fusão. Nessas temperaturas, o nitreto de titânio é dissolvido e grande parte do titânio
se encontra em solução sólida, perdendo a efetividade no controle do tamanho de grão. Já no caso do
óxido de titânio, quando essas partículas estiverem no interior do grão austenítico acabarão servindo
como sítios de nucleação de ferrita intergranular que se forma rapidamente em torno das partículas de
TiO e, como resultado, o grão austenítico grosseiro é dividido em finos grãos, conferindo tenacidade
satisfatória a microestrutura da ZAC.
» Nióbio
O nióbio é bastante utilizado no processo de laminação controlada por ser o elemento mais eficiente
para retardar a recristalização da austenita , resultando em uma austenita deformada que possui maior
número de sítios para nucleação preferencial dos novos grãos de ferrita, como os contornos de grão
austenítico e as bandas de deformação, levando à formação de uma microestrutura final mais refinada
de elevada tenacidade. Além disso, o nióbio forma precipitados que contribuem para o aumento da re-
sistência através do mecanismo de endurecimento por precipitação.
Na soldagem, o nióbio tem um efeito significativo na ZAC, apesar desse efeito ser forte-
mente dependente do aporte térmico. Com médio e alto aporte térmico, o nióbio tem uma
influência negativa na microestrutura e, consequentemente, na tenacidade da região de
grãos grosseiros da ZAC.
O nióbio reduz a formação de ferrita de contorno de grão e promove a formação de uma microestrutura
ferrítica grosseira com microconstituinte AM alinhado, resultando em aumento de dureza. O aumento
de dureza associado ao aumento de AM é considerado o responsável pela redução da tenacidade com o
aumento do teor de nióbio. O teor de nióbio que pode ser tolerado também depende fortemente do teor
de carbono.
Alguns autores sugerem que para aços com teor de carbono inferior a 0,09%, um teor de Nb de
0,18% pode ser aceito e que, mesmo para altas taxas de resfriamento, a formação de martensita
é prevenida pelo fato da curva de transformação se mover para menores tempos. Este teor está
acima do valor de 0,03%, que é normalmente aceito como o limite acima do qual a deterioração da
tenacidade é observada.
A tenacidade dos aços contendo nióbio pode ser melhorada através da redução do carbono equivalente
que irá resultar na redução da tendência a formação de AM. O tratamento térmico pós-soldagem leva a
decomposição do AM, mas aumenta a precipitação de carbetos e nitretos de nióbio. Se o teor de nióbio
for baixo o suficiente, de modo que a ação benéfica da decomposição do AM exceda os efeitos da preci-
pitação, o tratamento térmico irá melhorar a tenacidade.
» Vanádio
Assim como o nióbio, o vanádio é adicionado na fabricação do aço como um refinador de grão e endure-
cedor por precipitação, apesar da interação do vanádio com nitrogênio e carbono para produzir precipi-
tados seja inferior à do nióbio e sua temperatura de precipitação seja inferior.
1 2 3
O vanádio tende a provocar a nucleação intergranular de ferrita durante o ciclo térmico de
soldagem. Porém, ao mesmo tempo, ele tem um efeito deletério na região de grãos grossei-
ros reaquecida subcriticamente devido ao aumento no endurecimento secundário.
O teor de nitrogênio livre na matriz também pode ser reduzido através de pequenas adições de va-
nádio, o que pode aumentar a tenacidade através da redução do endurecimento por solução sólida,
mesmo que alguns precipitados contendo vanádio estejam presentes. O teor máximo de vanádio per-
missível, antes que a tenacidade comece a diminuir, é dependente do aporte térmico empregado. Para
elevado aporte térmico, a fragilização da ZAC ocorre com teores de V acima de 0,1% e, para baixo aporte
térmico, até 0,25% pode estar presente sem prejudicar a tenacidade.
Importante!
Porém, deve ser observado que estes resultados são oriundos de soldas simuladas com
passe único. A perda de ductilidade pode ser atribuída ao endurecimento por precipi-
tação devido aos carbetos e nitretos de vanádio, que é aumentado no caso de elevado
aporte térmico.
Com relação às temperaturas de solubilização dos carbetos e nitretos de vanádio, nióbio e titânio, obser-
va-se que existe uma grande diferença entre a temperatura de solubilidade do carbeto de vanádio (719
°C) e o nitreto de vanádio (1088 °C). O fato da temperatura de solubilidade do VN ser aproximadamente
400 °C maior que o VC, evidencia que o nitrogênio apresenta importante papel nos aços microligados ao
vanádio, em particular para promover o aumento da resistência mecânica por precipitação.
» Titânio
O titânio apresenta similaridade ao vanádio ao compararmos as temperaturas de solubilização do TiC
que é de 1140 °C e TiN que é de 1527 °C. No caso do nióbio, existe pequena diferença na temperatura de
solubilização entre o NbC (1137 °C) e o NbN (1272 °C).
» Boro
O boro aumenta significativamente a temperabilidade e, por esta razão, é utilizado em certos materiais
que são temperados e revenidos para manter adequada a resistência mecânica. Isso é evidenciado pela
sua influência de 5 vezes na fórmula do Pcm. Por outro lado, o boro pode levar a fragilização da ZAC
devido a precipitação de carbetos de boro.
Contudo, com a introdução dos aços de baixo carbono, o boro tem se tornado mais utilizado, embora
grandes teores deste elemento possam facilitar a formação do constituinte AM. Para atingir uma ade-
quada microestrutura na ZAC e, consequentemente, uma boa tenacidade, existe um valor ótimo para o
O principal efeito do boro é suprimir a formação de ferrita pró-eutetóide na região de grãos grossei-
ros, aumentando a barreira para a nucleação de ferrita. Para isso, 11 ppm já são suficientes, mesmo
para um elevado aporte térmico. Uma rápida transformação ocorre, contudo, na região de grãos refina-
dos como resultado da grande área de contorno de grão. Se o teor de boro for aumentado, a temperabi-
lidade destas duas regiões pode ser balanceada, mas o risco de um alto grau de precipitação causando
fragilização aumenta. Por isso, o teor de boro é geralmente limitado a 15 ppm.
1 2 3 4
O boro livre (segregado) atrasa a transformação da perlita, aumentando a temperabilidade
e costuma ser adicionado para compensar a falta de carbono.
O efeito dos precipitados nas propriedades é função do seu tamanho, dispersão e da temperatura em
que estes se formam em relação à temperatura de transformação. A presença de cobre, cromo e molib-
dênio em solução sólida tende a conter a precipitação, forçando que esta ocorra em uma temperatura
mais baixa resultando em um refino dos precipitados.
O molibdênio aumenta a dureza em solução sólida ou quando precipitado. Também atrasa a formação
da ferrita, favorecendo a transformação de estruturas intermediárias de grão fino como a bainita, por
exemplo. Grão fino, alta densidade de discordâncias e precipitação de carbonitretos de molibdênio e
nióbio na matriz de microestrutura bainítica confere maior resistência que a tradicional equiaxial. Geral-
mente, o molibdênio é empregado de 0,07% a 0,5%. O mesmo efeito na formação de estruturas interme-
diárias pode ser obtido pela substituição do molibdênio pela adição de cobre, cromo e níquel.
O estanho, chumbo e zinco são elementos indesejáveis que contribuem na redução de ductilidade a
quente e no surgimento de trincas a quente, assim como o fósforo, enxofre e cobre, este último quando
em excesso.
A precisa adição de nióbio, titânio e cálcio ajuda no controle e redução das impurezas e a fina dispersão
de CaO, CaS, TiN e TiO aumentam a tenacidade da ZAC.
Os processos de soldagem selecionados para uma determinada obra, bem como os futuros desenvol-
vimentos de novos processos, devem focar nestes dois importantes aspectos.
A soldagem dos tubos na construção de um duto pode ser feita por diferentes processos de soldagem. O
mais comum, ainda, é o eletrodo revestido com revestimento celulósico ou básico. Outros processos têm
sido bastante empregados recentemente, como é o caso do arame tubular e do arame sólido, sendo este
último utilizado principalmente em processos mecanizados. Além destes, o GTAW também é bastante
empregado, principalmente em passes de raiz.
Uma típica junta circunferencial consiste em um passe de raiz, um passe quente, passes de enchimento
e um passe de acabamento, podendo ser empregado um único processo ou combinação de processos
nestes passes.
Importante!
O passe quente é aquele que aplicado após o passe de raiz com o intuito de fundir
parte da raiz, ajudar na remoção de escória e facilitar a saída de hidrogênio.
A Tabela 7.15 relaciona os processos mais utilizados atualmente e a região da junta em que são empregados.
A Tabela 7.16 mostra uma comparação entre a eficiência de deposição para diferentes processos de sol-
dagem. Estes valores não consideram tempos adicionais, como por exemplo, esmerilhamento, troca de
dispositivos e remoção de escória.
Importante!
O emprego de eletrodos celulósicos é comum na soldagem de tubos até o grau X70. Para maiores graus,
o risco de trinca a frio aumenta, devendo ser empregados eletrodos básicos que possuem menores teo-
res de hidrogênio difusível.
Informação Importante
Consumíveis com revestimento básico resultam em uma solda com maior tenacidade e maior segurança
com relação ao risco de trinca a frio. Para a soldagem do X80 e X100 também é comum utilizar eletrodos
celulósicos no passe de raiz e passe quente e eletrodo básico nos passes de enchimento e acabamento.
A Tabela 7.17 mostra os diferentes tipos de eletrodos para cada grau de tubo.
“E6010
X60 E8010-G E8010-G
(E7010-A1)”
“E7010-A1
X65 E8010-G E8010-G
(E6010)”
“E6010 “E7010-A1
X80 E10018-G
(E7010-A1)” E9010-G”
“E6010 “E7010-A1 “E10018-G
X100
(E7010-A1)” E9010-G” E11018-G”
Tabela 7.17- Seleção de eletrodos para os diferentes graus de resistência. Fonte: os autores.
ENCHIMENTO E
PASSE RAIZ PASSE QUENTE
ACABAMENTO
Em
O passe quente
seguida, sãocostuma
de raiz empregados
(segundo passe)
ser passes
osdeve
executado de um
enchimento
preferencialmente
com e acabamento.
eletrodo ser
que feito Com o intuito
logoresistência
possua após o passe de
de raiz,
inferior à doproduzir
empre-
metal
um cordão
gando de
aporte solda
de o
calormais
um plano
pouco possível
mais altoe evitar
com o que ocorram
intuito de inclusões
facilitar a de
difusãoescória,
do
de base, de modo a evitar trincas de origem mecânica devido a movimentação do tubo. é comum
hidrogênio. oscilar
levemente o eletrodo durante a soldagem.
A soldagem da raiz na posição vertical ascendente com eletrodo básico apresenta uma vantagem, além
da tenacidade, que é a realização do serviço com baixo aporte de calor e baixa temperatura de preaque-
cimento. Normalmente, o eletrodo de 2,5 mm é utilizado, ou seja, o baixo aporte é função do pequeno
diâmetro e baixo preaquecimento (devido ao baixo hidrogênio), entretanto, apresenta velocidade de sol-
dagem extremamente baixa.
Do ponto de vista econômico, a soldagem na vertical descendente é a melhor opção. Por outro lado, do
ponto de vista de propriedades, o emprego do eletrodo básico resulta em maior tenacidade. Dessa forma,
é obvio que uma boa combinação é a soldagem na vertical descendente utilizando eletrodos básicos.
A Figura 7.58 mostra o desempenho dos consumíveis e progressão da soldagem em relação a tenacidade
ao impacto.
200
espessura da chapa: 20 mm
Energia de impacto Charpy-V, J
20ºC
150
20ºC 0ºC
0ºC -20ºC
100
20ºC
0ºC -20ºC
-40ºC
50 -20ºC
-40ºC -40ºC
-60ºC -60ºC
-50ºC
12 3 6 12 3 6 12 3 6
Posição na circunferência, horas
Figura 7.58- Dependência da tenacidade com o tipo de eletrodo e progressão. Fonte: os autores.
Soldagem GMAW
A soldagem GMAW pode ser realizada de forma semiautomática ou mecanizada, utilizando como gás de
proteção o CO2 ou misturas. O emprego mais comum do GMAW é na soldagem mecanizada. A soldagem
semiautomática pelo processo GMAW costuma apresentar incidência de defeitos como falta de fusão,
principalmente com fontes convencionais de tensão constante.
» Soldagem semiautomática
Aplica-se com sucesso a soldagem semiautomática de tubos utilizando o processo GMAW com curto-
-circuito controlado (MAG-CCC), que é feito através dos sistemas conhecidos comercialmente como CSC
(controlled short circuit), CMT® (cold metal transfer), RMD® (regulated metal deposition), STT® (surface
tension transfer), dentre outros.
De forma geral, o curto-circuito controlado apresenta algumas vantagens sobre o curto-circuito con-
vencional, como:
Importante!
A corrente de fundo, ou de base, assegura a manutenção da abertura do arco, contribuindo também para
o aquecimento da peça. Este tipo de transferência reduz a quantidade de respingos durante a soldagem
pela redução do efeito pinch (redução da corrente). Logo após o consumível encostar a poça de fusão, a
corrente é rapidamente reduzida para um nível de corrente abaixo da corrente de fundo para garantir a
forma de gota tipo bola e o efeito de molhamento dentro da poça.
» Soldagem mecanizada
Dutos de grande diâmetro, frequentemente são soldados por GMAW orbital (também conhecido como
GMAW mecanizado), podendo empregar duas ou 4 máquinas orbitais simultaneamente, dependendo
do diâmetro, podendo ser soldado pelo lado interno e externo ou somente externo com emprego de um
cobrejunta. Atualmente tubos a parir de 10” (273,1 mm) já podem ser soldados com GMAW orbital.
O GMAW mecanizado tem sido empregado em cenários onde o terreno é plano e possui poucas in-
terrupções provocadas por rios e estradas, como por exemplo, em desertos, estepes e em solos con-
gelados no ártico. A soldagem deve ser realizada em uma tenda para evitar interferências de vento
no gás de proteção. Na soldagem de dutos terrestres, esta tenda, incluindo todos os equipamentos de
soldagem, precisa ser transportada de uma solda até a solda seguinte, 12 m à frente. Evidentemente,
isto não é tão econômico quando comparado com a soldagem realizada em um duto submarino, onde
tudo ocorre em um único local.
Os primeiros processos GMAW orbital foram desenvolvidos para soldar na posição vertical descenden-
te, por esta ser a posição já empregada com sucesso no caso da soldagem com eletrodo revestido. A
soldagem era realizada da forma meio-orbital, com dois cabeçotes iniciando na posição 12 horas e ter-
minando na posição 6 horas. Neste processo, a soldagem é realizada com um arco curto, de modo a ter
um maior controle da poça de fusão e a velocidade de soldagem deve ser alta. A camada depositada é
fina, resultando na necessidade de vários passes, demandando muita atividade de esmerilhamento. Um
grande problema é o passe de raiz na posição sobrecabeça, resultando na necessidade de realizar este
passe com o processo GTAW.
Na soldagem
No sem emprego
caso da soldagem de backing,
com backing, não há abertura
inicialmente de raiz
foi utilizado e a soldagem
o cobre, é feita internamente.
sendo substituído As
pelo backing
dimensõesdevido
cerâmico da junta e os parâmetros
a problemas de soldagem
de inclusão devem
de cobre. ser escolhidos
Existem dois tiposdecomerciais
tal forma que
destea soldagem
processo
empregando o backing, o PWT-CWS (Computerized Welding System), um processo italiano ondepro-
do passe quente pelo lado externo possa penetrar completamente no passe de raiz. Os principais um
cessos comerciais
computador desenvolvidos
controla que utilizam
os parâmetros este princípio
de soldagem em tornosão daocircunferência
CRC-Evans e odo processo
tubo e CAPS.
o Saturnax,
que é um processo francês onde o cabeçote de soldagem deposita duas camadas ao mesmo tempo.
Com relação ao passe de raiz, existem duas possibilidades. Uma utilizando uma proteção (backing) e
outra onde não existe abertura e a soldagem da raiz é feita pelo lado interno.
1. Devido a esta complexidade, a preparação dos biseis é sempre feita durante a construção do
duto, imediatamente antes de iniciar a soldagem . Para soldar o passe de raiz, dependendo do
diâmetro do tubo, até 6 dispositivos de soldagem integrados com a acopladeira interna circulam
simultaneamente na superfície interna do tubo para prover uma alta produtividade e evitar o risco
de distorções. Por esta razão, a acopladeira interna é equipada com cabeçotes de soldagem para
executar o passe de raiz. As demais camadas são soldadas pelo lado externo utilizando um cabe-
çote de cada lado do tubo. O passe quente é realizado com uma grande quantidade de energia e
alta velocidade para conseguir uma completa sobreposição do passe quente com o passe de raiz.
2. Outra característica deste processo é que a oscilação é controlada por computador evitando que
ocorra falta de fusão . A espessura depositada tem em média 3 mm, de modo que 6 passes são ne-
cessários para uma junta de 18 mm de espessura, por exemplo. Todas as camadas são soldadas na
vertical descendente com um arame sólido. Para aumentar a produtividade, podem ser utilizados
dois cabeçotes de soldagem resultando na deposição de dois cordões ao mesmo tempo. Em um
exemplo de um duto de 56” (1422 mm) de diâmetro, a velocidade com apenas um cabeçote foi de
75 cm/min. Utilizando quatro cabeçotes simultaneamente, a velocidade de soldagem é aumentada
para 3 m/min, o que significa que o passe de raiz poderá ser finalizado em um minuto e meio. No
caso de um processo bem organizado, o ciclo todo pode levar de 5 a 6 minutos de modo que mais
de 100 juntas podem ser feitas em um único dia. Devido ao elevado custo dos equipamentos, o
emprego do processo CRC-Evans é adequado para dutos de longa distância.
3. O gás de proteção utilizado nos passes de enchimento no processo CRC-Evans é o CO2 , que
resulta em uma melhor penetração e, juntamente com o sistema computadorizado de controle
de oscilação, evita a ocorrência de falta de fusão . Para a soldagem do passe de raiz e do passe de
acabamento, é utilizada uma mistura de 75% de Ar e 25% de CO2 . Isto permite que a superfície da
solda seja plana e livre de entalhes.
O processo CAPS (Cranfield Automated Pipewelding System) é um processo GMAW especial baseado
na tecnologia tandem que foi desenvolvido pela Universidade de Cranfield. Embora o processo GMAW
com vários arames tenha sido inicialmente desenvolvido na década de 50, não se tornou comercialmente
disponível porque a tecnologia das fontes no processo era instável. O processo GMAW tandem se difere
do GMAW convencional por ter dois arames de soldagem passando pela mesma tocha.
Para compreender a diferena entre eles, clique no ícone e entenda como ocorre o processo GMAW tandem:
Informação Importante
Uma única tocha com dois contatos é empregada para alimentar dois arames em uma única
poça de fusão. Esta tocha foi especificamente desenvolvida para ser empregada em chan-
fros estreitos (“narrow gap”). Desenvolvimentos posteriores levaram ao uso de duas tochas
tandem em um único carrinho, conhecido como soldagem dupla tandem (dual tandem wel-
ding). Isto reduz o número de estações de soldagem requeridas para atender um determi-
nado número de soldas por dia. A velocidade de soldagem com este processo é em torno de
1 m/min, incluindo o passe de reforço que normalmente apresenta velocidades inferiores,
em torno de 30 cm/min.
O processo CAPS foi empregado na soldagem de um trecho de 1 km de X100 instalado pela TransCanada
em 2002.
Soldagem FCAW
No processo de arame tubular, a fusão é obtida através de um arco entre o eletrodo tubular contínuo e a
peça. O eletrodo tubular apresenta internamente um fluxo que desempenha as funções de estabilizar o
arco e ajustar a composição química da solda. O processo apresenta duas variações principais:
1. Soldagem autoprotegida, onde o fluxo interno fornece toda a proteção necessária na região do arco.
2. Soldagem com proteção gasosa, em que a proteção é fornecida por um gás semelhante ao proces-
so GMAW.
O processo tradicionalmente empregado para a soldagem de dutos é o eletrodo revestido com revesti-
mento celulósico, porém, com o emprego desse consumível não é possível evitar a trinca a frio em tubos
X100. Por isso, os processos a serem considerados para soldagem de tubos X100 são o eletrodo revestido
básico para soldagem na vertical descendente, o arame tubular com proteção gasosa (FCAW-G) e o GMAW.
De uma forma geral, os eletrodos básicos não possuem todas as características operacionais necessárias
para aplicações em dutos, mesmo conseguindo atender as propriedades mecânicas. O único consumível
para FCAW-G avaliado, cuja classificação AWS é E111T1-K3MJ-H4, atendeu os requisitos de tenacidade
e dureza, mas falhou em atender os requisitos de resistência mecânica.
Tudo isto tem contribuído para que o processo GMAW se torne a opção mais viável para a soldagem de
tubos X100. O consumível ER90S-G, considerando testes realizados (all-weld tensile test), praticamente
iguala a resistência mecânica da solda enquanto com o ER110S-G consegue-se o overmatch.
Os processos de soldagem empregados na construção de alguns dutos X100 podem ser vistos na Tabela 7.18.
Além disso, encontrar um balanço entre resistência, tenacidade e ductilidade necessária para um
bom desempenho do duto requer um controle mais apurado da prática de soldagem, procedimentos
e sequência de passes. Como resultado, um maior controle das variáveis essenciais é necessário para
atender as crescentes exigências de requisitos para as soldas. Este controle precisa ser obtido para
soldagem manual, semiautomática e mecanizada, necessários para atender a execução das soldas dos
double-joints, da linha tronco assim como o tie-in e as soldas de reparo.
Importante!
O aporte térmico convencional, calculado a partir dos valores médios de corrente e tensão, não repre-
senta um cálculo preciso do aporte térmico, principalmente quando fontes pulsadas são utilizadas. O
conhecimento do valor real do aporte térmico empregado é fundamental para se determinar as taxas de
aquecimento e resfriamento. Observe a Figura 7.60, clique no ícone e entenda essa diferença:
1200
Enchimento Enchimento
1000 passe de raiz passe quente
Temperatura, ºC
800
Previsto Previsto
600
400
200
0
0 5 10 15 20 0 5 10 15 20
Tempo, s Tempo, s
Figura 7.60– Ciclo térmico previsto e experimental da ZAC. Fonte: os autores.
O tempo de resfriamento entre 800 e 500 ºC medido pelo termopar foi em torno de 4s, para um aporte
térmico em torno de 0,60 kJ/mm e um aporte térmico real de aproximadamente 0,70 kJ/mm. Este ciclo
térmico é um indicador da microestrutura do metal de solda e, consequentemente, das propriedades
mecânicas.
Com relação aos consumíveis de soldagem, devido à forte interação existente entre o consumível e o
processo de soldagem, é importante que uma qualificação específica seja feita para cada tipo de con-
sumível. Mesmo dentro de uma mesma classificação AWS, o resultado de propriedades mecânicas pode
ser diferente. Além disso, devido à forte influência do processo de soldagem na metalurgia da soldagem,
o tipo de fonte de soldagem, modo pulsado e formas de ondas devem também ser considerados como
variáveis essenciais.
Outro desafio na soldagem do X100 está relacionado com a composição química dos consumíveis e a
necessidade de conseguir uma solda com resistência compatível com a do metal de base. A variação
permitida pela norma do tubo para os valores de limite de escoamento, especialmente o valor do limite
máximo, pode ser um problema para o usuário final, que precisa especificar um consumível para a solda
circunferencial que resulte em uma junta com resistência superior ao limite de escoamento do tubo, de
modo a garantir o overmatch.
Alguns estudos de soldagem mostraram que existe apenas uma limitada faixa disponível
de arames MAG que poderiam produzir depósitos capazes de oferecer overmatch tanto
no limite de escoamento como na tenacidade. É recomendado que o máximo limite de
escoamento para o X100 seja limitado em 825 MPa, sendo que algumas especificações
limitam este valor em 810 MPa. Porém, estas limitações podem resultar em uma elevada
rejeição durante a fabricação dos tubos.
Todos os aspectos mencionados neste capítulo devem ser cuidadosamente analisados antes de se exe-
cutar um projeto com tubos X100. Definir quais serão as variáveis essenciais, como será feito o controle
do processo, a necessidade ou não de overmatch, a restrição para o limite de escoamento máximo do
tubo e o processo de soldagem são tarefas fundamentais que o projetista precisa ter em mente antes
de iniciar um projeto com tubos X100. Além disso, outros cuidados relacionados com a metalurgia da
soldagem devem ser também considerados.
QUANTIDADE DE MICROESTRUTURA
HIDROGÊNIO NO TENSÃO ELEVADA SUSCEPTÍVEL
METAL DE SOLDA (MARTENSITA).
Elevadas
O tensões
A hidrogênio
martensita, podem
sempre estarpresente
estará
principalmente presentes devido
a de altoem maiora econtração
carbono ouelevada da soldaédurante
menor dureza,
quantidade, eosusceptível.
resfriamento.
dependendo
frágil Estas ten-
do processo de
sões são daeordem
soldagem do limite
consumível de escoamento e, por isso, torna-se mais crítico nos aços de alta resistência.
empregado.
O risco de trinca a frio depende da dureza da ZAC, que está intimamente relacionada com a composição
química e com a velocidade de resfriamento que são responsáveis pela formação de microestruturas de
elevada dureza e susceptíveis ao trincamento. O efeito de diferentes elementos de liga na temperabi-
lidade, ou seja, na possibilidade de formação de microestruturas frágeis, é caracterizado pelo carbono
equivalente.
A fórmula sugerida pelo IIW (International Institute of Welding) não é a mais adequada
para caracterizar os tubos de alta resistência fabricados por laminação controlada,
podendo levar a classificar como inadequados, materiais com boa soldabilidade. Além
disso, esta fórmula não é adequada para a soldagem em campo. Por estes motivos, tem
sido utilizada a fórmula do Pcm, que descreve melhor a afinidade entre composição
química e temperabilidade para os aços de baixo carbono.
A norma API 5L, utilizada para a fabricação dos tubos, considera o emprego tanto a equação do IIW, para
teores de carbono acima de 0,12%, quanto a Pcm, para teores de carbono iguais ou inferiores a 0,12%,
uma vez que tubos com diferentes graus produzidos por diferentes rotas de fabricação estão cobertos
por esta norma. Esses valores são mais flexíveis do que os estudos do Yurioka, que define esses valores
abaixo de 0,18% de carbono já devem ser utilizados o Pcm.
Os primeiros aços API 5L X-52 apresentavam dificuldade em ser soldados em virtude do alto teor de
carbono equivalente (anos 60), entretanto, estes mesmos aços ao final da década de 1980 já eram fabri-
cados /soldados com extrema facilidade em função da redução do teor de carbono (até C < 0,1%). Como,
o percentual de carbono é baixo, a temperabilidade é calculada com o Pcm. Assim, a quantidade de mar-
tensita fica subestimada se for utilizado o CEIIW , tornando o material mais susceptível a trinca a frio. A
quantidade de martensita na ZAC pode ser significativa e pode ser observada na Figura 7.61.
100
Tpico = 1350ºC
∆t8/5 = 3s
RGG
Martensita, % volume
75 RGF
Tpico = 1000ºC
∆t8/5 = 3s
50
25
Tpico = 1350ºC
∆t8/5 = 13s Tpico = 1000ºC
∆t8/5 = 13s
0
0,16 0,20 0,24 0,28
Carbono Equivalente, Pcm
Figura 7.61 – Quantidade de martensita na ZAC estimada para um aço com 0,9%C na região de grãos grossei-
ros (Tp = 1350ºC) e na região de grãos refinados (Tp = 1000ºC) em duas taxas de resfriamento. Fonte: Adapta-
do de ASM Handbook, vol. 6 p.416.
450 X-60
400 X-70
Dureza máxima, HV10
350 X-80
300
250
200
1 2 3 4 5 10 20 30 40 50
O aporte térmico na soldagem de um duto é em torno de 1 kJ/mm. O rápido resfriamento que ocorre em
seguida pode causar endurecimento da ZAC devido a formação de martensita. Além disso, o hidrogênio
do metal de solda pode difundir para estas regiões martensíticas de elevada dureza e resultar em trincas
a frio.
Quanto menor for a velocidade de resfriamento, maior será tempo para que ocorra a difusão de
hidrogênio para fora do material e menor será o risco de trinca a frio. Pré-aquecer o aço antes de
iniciar a soldagem é uma prática utilizada para reduzir a velocidade de resfriamento e facilitar a
saída do hidrogênio.
CEIIW
100
CET
50
CEN
AWS
0 5 10 15 20 25
Teor de hidrogênio no metal de solda, ml/100g
Figura 7.63 – Temperatura de preaquecimento necessária. Fonte: ZACCA, 2012, adaptado pelos autores.
De acordo com Yurioka, Figura 7.63, os métodos CET e CEIIW (BS 5135) são demasiadamente conservati-
vos, uma vez que a trinca a frio dificilmente ocorre na ZAC de aços com teores de carbono em torno de
0,03%, mesmo se soldado com eletrodos celulósicos com elevados teores de hidrogênio.
Importante!
O intervalo de tempo para resfriar de 300 °C a 100 °C, também conhecido como Δt3-1
, é mais interessante que o intervalo entre 800 °C e 500 °C (Δt8-5 ) para determinar o
espaço de tempo crítico para liberação de hidrogênio.
1 2 3 4
Do grau de restrição.
Se estes fatores forem favoráveis a ocorrência de trinca, o preaquecimento deve ser realizado.
A Figura 7.64 mostra a temperatura mínima de preaquecimento requerida para evitar trinca por hidro-
gênio na ZAC, determinada para diferentes composições químicas através de testes de implante em
soldas depositadas com eletrodo celulósico. Pode-se observar que uma temperatura de apenas 100 °C é
suficiente para tubos X80 de modo a evitar o risco de trinca na ZAC.
250
Aços até
X-100
Temperatura de preaquecimento, ºC
200
Sem risco
de trinca
150
100
Risco
50 de trinca
Figura 7.64 – Temperatura de preaquecimento e CE. Fonte: ZACCA, 2012, adaptado pelos autores.
Até
Até X-80 X-70 X-60
250
Temperatura de preaquecimento, ºC
100
Risco
de trinca
Teor de H difusível
50 40 ml/100g
10 ml/100g
5 ml/100g
0 3 ml/100g
Figura 7.65 – Temperatura de preaquecimento, CE e hidrogênio. Fonte: ZACCA, 2012, adaptado pelos autores.
Para verificar a susceptibilidade a trinca a frio, o teste Tekken é mais adequado que o teste de implan-
te, já que este não representa uma junta real e acaba sendo muito conservativo. Além disso, em uma
solda real, a tensão é provocada pela tensão residual de soldagem, enquanto no teste de implante a
tensão é provocada por um carregamento externo.
Uma dificuldade associada com ambos os testes é que para evitar a ocorrência de trinca no metal de
solda, é necessário utilizar consumíveis com uma resistência mais elevada para simular o passe de raiz e
isso é exatamente o que deve ser evitado na prática. Outra dificuldade com este teste é que o passe de
raiz é resfriado da temperatura de soldagem até a temperatura ambiente, o que é uma condição muito
conservadora, já que na prática o resfriamento direto até a temperatura ambiente é evitado. Por estes
motivos, estes testes levam a adoção de temperaturas de preaquecimento muito elevadas .
Deve ser considerado também que os metais de solda de elevada resistência, são
mais susceptíveis a trinca a frio do que os metais de base com baixo teor de carbono
e alta resistência. Por isso, as temperaturas mínimas de preaquecimento e inter-
passe, precisam ser determinadas através de testes reais em campo.
Testes realizados em tubos X100, utilizando eletrodos celulósicos E9010-G para o passe de raiz e
E7010-A1 para o passe quente, indicam que uma solda isenta de trincas não é possível, considerando
preaquecimento de 140 ºC. A experiência com o emprego de eletrodos celulósicos para a soldagem
de tubos de alta resistência mostra que estes consumíveis não são adequados para a soldagem dos
passes de enchimento e acabamento. O uso destes consumíveis resulta em baixa tenacidade do metal
de solda e ocorrência de trinca a frio.
Neste caso, trinca a frio ocorre no metal de solda e não no metal de base de baixo carbono. Isto pode ser
explicado pela maior temperabilidade do metal de solda quando comparado com o metal de base. De
fato, o valor de carbono equivalente em torno de 0,47 a 0,52% e Pcm de 0,23% a 0,26% encontrado para
alguns consumíveis para tubos X100 são superiores ao encontrado para o metal de base de muitos tubos
já fabricados. A ocorrência de trinca a frio no metal de solda é mais crítica na região do cruzamento com a
solda longitudinal. Isto é esperado devido a uma composição química mais rica da solda SAW de fábrica.
Como já foi visto, o risco de trinca a frio depende da quantidade de hidrogênio difusível. O processo
de soldagem com eletrodo revestido celulósico possui grande quantidade de hidrogênio e, por isso, seu
uso em dutos é utilizado somente até o grau X70. A partir do X80, somente eletrodo com revestimento
básico deve ser empregado. Esta restrição se deve a alta resistência destes aços que aumenta o risco de
trinca a frio.
De uma forma geral, o controle de hidrogênio difusível na soldagem dos aços API deve ser feito de acordo
com a Figura 7.66, onde o teor de hidrogênio difusível é função do processo de soldagem e do material.
Inaceitável
1-C
Aceitável
5
1-B e 3
2
2 e 3
X-65 X-60 X-100 X-120
Figura 7.66 – Sensibilidade dos diferentes processos à trinca a frio. Fonte: ZACCA, 2012,
adaptado pelos autores.
O emprego de processos como o GMAW mecanizado, que resulta em um teor de hidrogênio difusível
muito menor, reduz o risco de trinca a frio e, por isso, é provável que este processo seja o principal
candidato para a soldagem de linhas tronco de dutos X100.
Outro fator que contribui para a ocorrência de trinca a frio é a restrição imposta a junta, que normalmen-
te está relacionada com a espessura, sendo maior quanto maior for a espessura do tubo. Quanto maior
for a restrição maior será o nível de tensões residuais e maior o risco de trinca a frio. O ASME B 31.8-2018,
por exemplo, exige que seja realizado tratamento térmico de alívio de tensões sempre que a espessura
for superior a 1,25” (31,8 mm).
A Figura 7.67 mostra que a ZAC pode ser relacionada com o diagrama Fe-C, desde que os efeitos da ciné-
tica do rápido aquecimento nas transformações de fase sejam ignorados.
L+γ
ZAC 1200
γ
A1 α + Fe3C
Aço carbono Fe 1 2 3 4
%C
Figura 7.67 – Correlação entre diagrama de fase Fe-C e ZAC. Fonte: os autores.
Na soldagem, a taxa de aquecimento é bastante elevada e o tempo acima de A3 é bastante curto. Por
razões de cinética, as temperaturas onde a transformação ocorre no aquecimento (AC1 e AC3 ) são maio-
res que as temperaturas de equilíbrio A1 e A3 . Como a transformação de fase requer difusão e essa é
dependente do tempo, o rápido aquecimento durante a soldagem faz com que a transformação de fase
não ocorra nas temperaturas de equilíbrio A1 e A3 , mas sim em temperaturas mais elevadas Ac1 e Ac3 .
Já no resfriamento, a transformação de fases acontecerá em temperaturas mais baixas, como observado
nos gráficos CCT.
Atenção
A combinação de uma elevada taxa de aquecimento com o pequeno tempo acima de Ac3 na soldagem
pode resultar na formação de uma austenita não homogênea durante o aquecimento. Isto ocorre porque
não há tempo suficiente para os átomos de carbono da austenita se difundirem das regiões com elevado
teor de carbono onde havia perlita para as regiões de baixo carbono onde havia ferrita. Devido ao rápido
resfriamento, podem ser formadas regiões endurecidas com uma martensita de alto carbono com aus-
tenita retida e regiões adjacentes de ferrita com baixo carbono.
Clique nos itens e entenda a que temperaturas estão sujeitas cada uma delas.
REGIÃO DE GRÃOS
REGIÃO DE GRÃOS REGIÃO DE CRESCIMENTO
PARCIALMENTE
REFINADOS DE GRÃO
REFINADOS
AAA região
região de
de grãos
refinorefinados
grãos grosseiros é ésujeita
de grão parcial a temperaturas
sujeita de pico
a picos deétemperatura
(intercrítica) sujeita logo
bemacima
acima
a temperaturas dadetemperatura
Ac3
pico, pouco crítica
permitindo Ac3
acimaque
da
,temperatura
permitindo
ocorra acrítica
nucleação
o crescimento dos dos grãos
grãos de austeníticos.
austenita. Cada
Quanto grão
menor austenítico
for a taxa se
de decompõe
aquecimento,em
Ac1 . As colônias iniciais de perlita se transformam em austenita, tomando um pequenos
maior será
grãos
pouco de
o tempodaferrita
regiãoe
acima de perlita
deAc3 edurante
ferrita.mais o resfriamento
severo
Em seguida, será subsequente.
o crescimento
se decompõe A finos
distribuição
de grão.
em grãos A alta dede
taxa
de perlita perlita e ferrita
e resfriamento
ferrita durantenão
eo
é exatamente
grande tamanho
resfriamento. uniforme porque
de grãoiniciais
As regiões o
favorecemtempo de difusão
a formação
de ferrita para o
de placas
praticamente carbono
não de é
sãoferrita limitado devido à alta taxa
a partir do contorno de grão
afetadas. de
aquecimento de modo de
austenítico chamadas queferrita
a austenita resultante não é homogênea.
de Widmastätten.
Para minimizar o problema de crescimento de grão durante a soldagem, deve-se empregar menores
aportes térmicos ou utilizar aços com elementos formadores de carbetos e nitretos.
O aporte de calor para a soldagem dos aços de alta resistência é relativamente baixo, normalmente me-
nor que 2,5 kJ/mm e raramente ultrapassa a 3 kJ/mm, de modo que precipitados finamente dispersos
sejam efetivos como controladores do crescimento de grão. Caso permaneça por muito tempo a altas
temperaturas, ocorre dissolução dos mesmos e crescimento acentuado dos grãos, comprometendo a
tenacidade da ZAC.
Dentre os carbetos e nitretos de nióbio, titânio e vanádio presentes nos aços de alta resistência, o
nitreto de titânio (TiN) é o mais estável, ou seja, é o que tem a menor tendência de se decompor e
dissolver em elevadas temperaturas. Por isso, este é o mais efetivo para evitar o crescimento de grão
durante a soldagem.
Quanto maior for o aporte térmico durante a soldagem, maior será a possibilidade de ocorrer dissolução
dos carbetos e nitretos resultando em perda na eficiência de inibir o crescimento de grão. Aços contendo
óxido de titânio (Ti2 O3 ) tendem a apresentar melhor tenacidade na ZAC. O óxido de titânio é mais está-
vel que o TiN e não se dissolve, mesmo para elevados aportes térmicos. As partículas não dissolvidas de
Ti2 O3 não evitam efetivamente o crescimento de grão, mas agem como eficientes pontos para nucleação
de ferrita acicular, que se forma dentro dos grãos austeníticos grosseiros e melhora a tenacidade da ZAC.
Informação Importante
A formação de AM depende do teor carbono, do tempo que esse carbono tem para se di-
fundir e dos elementos formadores de carbetos, como molibdênio, nióbio e vanádio que
retardam essa difusão do carbono, durante a transformação da austenita em ferrita e a de-
composição do microconstituinte AM. Elementos como manganês, cromo e nióbio podem
reduzir a temperatura de início da transformação martensítica e contribuir para a formação
de AM. A influência do AM na tenacidade pode também ser benéfica dependendo de vários
fatores, como a morfologia, teor de carbono, tamanho e distribuição deste microconstituin-
te na matriz. Para otimizar a tenacidade da ZAC, os teores de silício e carbono devem ser
mantidos baixo para minimizar a quantidade de AM e adição de nióbio, vanádio e titânio
deve ser feita para controlar o AM, limitar o crescimento de grão.
A microestrutura do X100 pode variar significativamente de acordo com as práticas de laminação ado-
tadas e com a composição química, mas tipicamente, consiste em uma mistura de ferrita poligonal e
bainita. Alguns tubos apresentam microestrutura de bainita inferior com algumas regiões de martensita
ou AM. A microestrutura da junta soldada é predominantemente de ferrita acicular com alguma bainita
ou carbetos (MAC).
A região de grãos grosseiros é tipicamente constituída de ferrita grosseira alinhada com MAC e baini-
ta. Nesta região também podem ser encontradas microestruturas de bainita e martensita. A região de
grãos refinados da ZAC é tipicamente de ferrita poligonal muito fina com algum MAC e bainita.
Na região da ZAC de soldas multipasse de tubos X100 há uma grande variação de microestruturas e essa
é esperada. Na região de grãos grosseiros, microestruturas de bainita e martensita são formadas no in-
terior do grão austenítico prévio. A soldagem GMAW com duas tochas resulta em uma microestrutura na
Como pode ser visto na Tabela 7.19, a composição química do X100 pode variar significativamente de
acordo com a metodologia de fabricação empregada na produção das chapas. Deve-se ter em mente
que variações na composição química podem alterar drasticamente a microestrutura e as proprieda-
des da ZAC.
CE CE
C Si Mn P S Ni Cu Mo Cr Nb Ti V B N Al
IIW Pcm
A 0,06 0,22 1,96 0,006 0,0026 0,39 0,17 0,11 -- 0,045 0,013 -- -- -- 0,45 0,19
B 0,052 0,16 1,75 0,008 0,0025 0,40 0,22 0,28 0,130 0,079 0,012 0,005 0,0001 -- 0,027 0,47 0,19
C 0,064 0,10 1,78 0,007 0,0015 0,52 0,26 0,27 0,024 0,027 0,012 0,006 0,0001 -- 0,060 0,47 0,20
D 0,07 0,30 1,9 -- -- 0,33 0,20 0,05 -- 0,05 0,018 -- -- 0,005 -- 0,46 0,20
E 0,06 0,35 1,9 -- -- 0,25 -- 0,05 -- 0,05 0,018 -- -- 0,004 -- 0,46 0,19
F 0,061 0,10 1,76 0,006 0,002 0,50 0,28 0,27 0,025 0,029 0,012 -- 0,0004 0,0025 0,038 0,47 0,20
G 0,05 0,09 1,87 0,009 0,001 0,13 0,28 0,21 0,03 0,05 0,008 -- -- 0,005 -- 0,45 0,21
H 0,07 0,13 1,80 0,009 0,001 0,15 0,26 0,20 0,02 0,044 0,011 0,003 -- -- -- 0,44 0,19
I 0,058 0,23 1,94 0,014 0,003 0,15 0,24 0,17 0,04 0,03 0,010 0,04 -- 0,005 0,04 0,46 0,19
0,2
As alterações microestruturais na ZAC em X100 mostram que a soldagem deste tipo de aço precisa ser
feita dentro de uma pequena janela de operação onde pequenas variações de parâmetros que alterem a
velocidade de resfriamento podem resultar em significativas alterações nas propriedades da ZAC. Além
disso, a influência da composição química na decomposição da austenita indica o quanto as proprieda-
des da ZAC dependem do tipo de X100 que será utilizado.
Dessa forma, sugere-se que a qualificação de procedimento de soldagem para aplicação de tubos
X100 seja feita com o mesmo material e com os mesmos processos que se pretende empregar em
campo. Na prática, para soldagem de um tubo X100, o número de variáveis essenciais precisa ser
maior que o empregado nos aços de menor resistência.
Microdureza
Linha de
fusão
A redução da dureza junto a linha de fusão está associada à transformação da austenita em bainita su-
perior e a redução de dureza na região próxima ao metal de base está associada ao superrevenimento.
Para mitigar este problema, deve ser utilizado:
Importante!
O boro tem sido adicionado (5 a 15 ppm) para aumentar a dureza da ZAC, compen-
sando o efeito de amolecimento e deixando o Pcm inferior a 0,24. Outros elementos
como o titânio até 0,03%, 0,5% de silício e nitrogênio inferior a 100ppm (necessário
para formação de TiN) podem ser adicionados.
O amolecimento da ZAC em aços X70 e X80 depende da composição química, da razão elástica (relação
entre o limite de escoamento e limite de resistência) e do aporte térmico empregado. A susceptibilida-
de ao amolecimento da ZAC aumenta com a redução dos elementos de liga, com o aumento da razão
elástica e com o aumento do aporte térmico. Em aços com baixos teores de elementos de liga, o aporte
térmico durante a soldagem deve ser limitado para evitar amolecimento excessivo da ZAC.
Para os aços modernos, produzidos a partir de laminação controlada, por não ter uma composição
química rica em elementos de liga, principalmente devido ao baixo teor de carbono, requer um cuida-
doso controle dos parâmetros de soldagem, a fim de atingir uma resistência adequada na ZAC.
Atenção
Esta redução na dureza e resistência na ZAC pode se tornar um ponto fraco. Por isso, é
importante conhecer o grau e extensão deste amolecimento, dada a natureza do metal
de base e as condições de soldagem.
O fenômeno do amolecimento da ZAC tem sido observado em vários tubos X100 e é geralmente con-
sistente com a microestrutura. Este amolecimento já foi observado na larga ZAC associada com a solda
SAW para algumas composições de tubos X100 e tende a ser mais crítico quando a metodologia de fa-
bricação do X100 resulta em um metal de base com martensita.
A Figura 7.70 mostra que o amolecimento da ZAC da solda longitudinal soldada por arco submerso é
mais crítico no X100 do que no X60.
Figura 7.70- Amolecimento da ZAC no X60 e no X100. Fonte: ZACCA, 2012, adaptado pelos autores.
Geralmente, em uma ZAC estreita, não é esperado que se tenha elevados níveis de deformação localiza-
da devido a constrição lateral das partes adjacentes do metal de base e do metal de solda. No caso de
soldas por arco submerso, devido ao elevado aporte térmico, a ZAC é normalmente muito maior que a
típica ZAC de uma solda GMAW, resultando em deformação já que a constrição lateral do metal de base
e metal de solda não influencia de forma significativa.
Embora a soldagem circunferencial com GMAW resulte em um aporte térmico inferior ao da solda lon-
gitudinal feita com arco submerso, o amolecimento da ZAC ainda pode ser observado. Em estudos de
soldagem circunferencial para o X100 foram atingidos valores de dureza entre 320 e 350 HV para o passe
de acabamento e valores entre 300 e 330HV para os passes de enchimento como depositado (região
não revenida pelo passe seguinte). As regiões dos passes de enchimento que foram reaquecidas pelos
passes seguintes apresentaram um amolecimento para valores entre 280 e 300HV. A ZAC apresentou um
significativo amolecimento, apresentando valores entre 240 a 260 HV comparado com o metal de base
que é de 270 a 320HV.
1. O emprego de um aço com baixo teor de carbono em conjunto com um carbono equivalente relati-
vamente elevado reduz o amolecimento da ZAC. Porém, a composição química do X100 já tem sido
otimizada e não pode ser facilmente alterada.
2. Outra medida que pode ser empregada para reduzir o amolecimento da ZAC em tubos X100 é limi-
tar um valor em torno de 150ºC para a temperatura interpasse. Porém, isto pode ser muito restriti-
vo e uma faixa entre 100 e 150ºC pode ser muito difícil de ser controlada na prática.
Embora seja possível conseguir um baixo aporte térmico no caso da soldagem GMAW, o mesmo não
pode ser feito para a solda por arco submerso com vários arames. Neste caso, o aporte é elevado e não
há muito como ser alterado já que este processo em fábrica foi desenvolvido para se obter uma solda-
gem rápida e viável economicamente. Uma alteração na soldagem de fábrica para se obter um baixo
aporte térmico pode ser possível tecnicamente, mas pode não ser economicamente viável.
Como já foi visto, um elevado aporte térmico resulta em uma baixa velocidade de resfriamento e em
uma ZAC mais extensa. O amolecimento de parte da ZAC pode ser um ponto fraco na soldagem do X100
e parece não ter sido suficientemente investigado até o momento. Ainda não há evidências de que o
amolecimento da ZAC tenha contribuído para a falha de algum duto X100, embora os pequenos trechos
de X100 instalados até o momento estejam inseridos em linhas de graus menores onde a máxima capa-
cidade em termos de tensão não tenha sido exigida.
Nos serviços a quente, da mesma forma, quanto maior o teor de cromo maior a resistência a oxidação.
Para compensar a redução da resistência mecânica e a corrosão conforme a temperatura de trabalho é
aumentada, há necessidade da adição de mais cromo à liga, além da adição de outros elementos.
Importante!
350
Oxidação em 1000 h, mg/cm2
300
250
200
150
100 1020
12 Cr
50
304
500 600 700 800 900
Temperatura, ºC
Figura 7.71 – Oxidação de diferentes materiais em 1000 h de operação. Fonte: CERSOSIMO,
2012, adaptado pelos autores.
» M6 C3 ;
» M23 C6 ;
» TiC;
» V4 C3 ;
» (Mo,Cr)2 C;
» W2 C.
Atenção
Grão 3
Grão 2
σ σ
Figura 7.72 – Exemplo da trinca em cunha a esquerda e de vazios nos contornos de grão na direita.
Fonte: OS AUTORES, 2019.
A Figura 7.73 a seguir mostra o desenvolvimento dos vazios de fluência durante o segundo estágio.
D
Deformação
C
B
A
Tempo
Figura 7.73 – Estágio no desenvolvimento de vazios de fluência.
Fonte: CERSOSIMO, 2012, adaptado pelos autores.
7.2.1 SOLDABILIDADE
Os aços ferríticos Cr-Mo, com as suas principais características mostradas na Tabela 7.20, apresentam
melhor resistência à fluência, ao ataque pelo hidrogênio em alta temperatura e à oxidação, conforme é
aumentado o teor de Cr e Mo na liga. No caso do ASME BPVC Section IX, estes aços são designados pelos
seguintes “P-number” conforme a Tabela 7.21. Além do cromo e molibdênio, algumas ligas podem sofrer
adição de outros formadores de carbetos ou carbonitretos, como V, Nb, W, Ti e N.
9Cr-Mo-V Nb
0.13 8.75 1.0 0.23 0.08 650 480 30 40@20
(9Crmod ou P91)
Estes aços são sensíveis à trinca induzida pelo hidrogênio (trinca a frio) e trinca de reaquecimento, es-
pecialmente quando a composição química é enriquecida em elementos de liga e/ou na soldagem de
chapas grossas, por isso, sempre que possível a soldagem deve ser multipasses e deve ser realizada
com passes retilíneos de baixa espessura.
Para os aços Cr-Mo, na soldagem multipasse, o número de passes utilizados para a espessura qualificada
do metal de base no procedimento de soldagem, deve ser sempre mantido proporcional à espessura a
ser soldada.
0,5Cr-0,5Mo 2 K11547 3
1,0Cr-0,5Mo 12 K11562 4
K11572
1,25Cr-0,5Mo 11 K11597 4
K11789
2Cr-0,5Mo 4
3Cr-1Mo 21 K31545 5A
5,0Cr-0,5Mo 5 K41545 5B
7,0Cr-1,0Mo 7 - 5B
9,0Cr-1,0Mo 9 K90941 5B
Tabela 7.21 - Designação de P-numbers, graus e UNS Conforme ASME BPVC Section IX. Fonte: N-133, 2021.
C-0,5Mo - (PN 3)
80 ºC
0,5Cr-0,5Mo - (PN 3)
1Cr-0,5Mo - (PN 4)
2Cr-0,5Mo - (PN 4)
7,0Cr-1,0Mo
205 ºC
9Cr-1Mo - (PN 5B)
1 2 3 4 5
Observada a Figura 7.76, clique nos itens e conheça cada uma das regiões:
Região
Região 354
12 ---Esta
O material
Região
Esta
Esta ondeééééaaquecido
região
região
região exposta ana
martensita
adjacente
aquecida à região
temperatura
na revenida
zona intercrítica
é logo
partefundida
superior do(AC1
aquecida
e acima e AC3
abaixo
atinge de AC3)
deee
altíssimas
campo a após
AC1.
maior oeparte
resfriamento
Sofrea grande
temperaturas.
austenítico dosNessa
grande a região,
micro-
revenimento
precipitados
maioria dos
(martensita
estrutura
permanecem
a temperatura
precipitados é constituída
superrevenida
estáveis,
é superior
não deamartensita
se mantêm atemperatura
baixa
restringindo temperatura).
estáveis (tendo como
o crescimento
no qual
e são aEntretanto,
origem
da a austenita)
éesta
austenita.
austenita
dissolvidos, havendo Noregião e não
martensita
resfriamento
estável, ou
grande diferencia
seja, superrevenida
(significati-
a microestrutura
atinge
crescimento no
de mínimo
grão. Nooé
novamente
vamente)
acima
campo de AC1daconstituída
γ + δ (campo
resfriamento apenas
microestrutura
(tendo como de
origem
não
1 do diagrama).
a microestrutura martensita,
afetada
a martensita).
pelo
é constituída entretanto
calor
A ferritaapenas
se formado de grãos
material
deao de muito
base.
longo dos(austenita
martensita pequenos.
grãos austeníticos e no resfria-
prévia grosseira).
mento alguma ferrita delta é retida a temperatura ambiente (martensita + ferrita). Processos e alta
eficiência térmica (laser, electron beam) estreitam a região de microestrutura duplex, constituída de
martensita e ferrita.
Na Figura 7.75, pode-se observar a tendência do perfil de dureza e a influência do diâmetro do eletrodo
(heat input) ao longo da ZAC do aço 1Cr0,5Mo .
A soldagem foi realizada com o processo SMAW e evidencia de forma bastante ilustrativa a constante redução
no perfil de dureza conforme o aporte de calor é aumentado, conforme as curvas 1, 2 e 3 (sem preaquecimento).
A redução no perfil de dureza é significativamente maior nas curvas 4 e 5 e a diferença entre as duas cur-
vas é inexpressiva (praticamente igual) em função do preaquecimento de 200 ºC, mesmo com razoável
diferença entre os aportes de calor (2,5 mm e 5 mm) empregados.
450
Eletrodo de 2,5
sem preaquecimento
400
Eletrodo de 3,2
sem preaquecimento
Dureza, Vicvers
350
Eletrodo de 5,0
sem preaquecimento
300
Eletrodo de 2,5
preaquecimento de 200º C
250 Eletrodo de 5,0
preaquecimento de 200º C
200
Zona de Zona de super Zona de
fusão aquecimento transformação
150
Distância do centro da solda
Figura 7.75 – Dureza no aço 1Cr-½ Mo com diferentes diâmetros de eletrodos. Fonte: OS AUTORES, 2019.
Estes aços Cr-Mo apresentam boa soldabilidade (≤ 0,15%) desde que sejam tomados todos os cuidados
necessários para minimizar o risco de trinca a frio. A ZAC geralmente apresenta microestrutura compos-
ta de ferrita + cementita ou ferrita e bainita. Não é esperado a presença de martensita (zona fundida e
ZAC), desde que a composição química do material esteja correta/ equilibrada e os parâmetros especifi-
cados de soldagem para estes aços tenham sido atendidos.
a. tambores de coque: os tambores de coque trabalham sob condição de fadiga térmica e os ciclos
de operação tornam a região destacada na Figura 7.76 como local de grande potencial para a nu-
cleação de defeitos. As juntas soldadas não devem apresentar entalhes e descontinuidades que
possam favorecer a propagação de defeitos;
Nível de coque
Quente
Tensão T2
trativa Aumento do diâmetro no
resfriamento para o topo
Tensão
compressiva
Coque quente Tx
Vapor de água
Nível de água T1
Água
Frio
b. vasos construídos conforme API Recommended Practice 934-C/2008 Materials and Fabrication of
1,25Cr0,5Mo Steel Heavy Wall Pressure Vessels for High-pressure Hydrogen Service Operating at or
Below 441ºC. Esta recomendação se aplica aos novos 1,25Cr-0,5Mo com espessura entre 2” (50,8
mm) a 4” (100 mm). Chapas acima de 4” não têm apresentado boa homogeneidade e tenacidade.
Estas recomendações podem ser aplicadas em vasos fabricados em 1Cr-0,5Mo ou em cascos fa-
bricados com espessura menor que 2” (1 e 1,25%Cr-Mo), conforme especificação e adaptações do
cliente. O aço 1,25Cr-0,5Mo é menos sensível a fragilização ao revenido do que o 2,25Cr-1Mo, mas
não totalmente imune. As considerações do API são mais relaxadas quando comparada a família
do 2,25Cr-1Mo.
» recozimento;
» normalização e revenido;
» tempera e revenido (P-number 5 A).
A Figura 7.77 por D. Seferian (publicada em 1962), mostra a diferença no comportamento entre a te-
nacidade da zona fundida (sem e com preaquecimento + TTAT). Descontado o fato que os aços/consu-
míveis apresentaram significativo e progressivo avanço tecnológico a partir da década de 1970 (técnicas
de fabricação e controle), a figura mostra o aumento da tenacidade após o TTAT. Na época, estudos
como este serviram de base para os códigos de projeto.
12
Preaquecimento de 150ºC
10 TTAT 700ºC
Resiliência, kgm/cm2
6
Sem preaquecimento
4 e sem TTAT
-100 -50 0 50
Temperatura, ºC
Figura 7.77 – Influência do tratamento térmico na temperatura de transição dúctil-frágil no aço 2,25Cr-1Mo.
Fonte: OS AUTORES, 2019.
Outra figura de interessante é a Figura 7.80 que mostra o efeito da temperatura de TTAT sobre o reveni-
do. No caso, o revenido só é eficaz a partir de 650ºC em função do efeito de endurecimento secundário.
275
225 Eletrodo C
Eletrodo A
200 Eletrodo B
Eletrodo D
175 Eletrodo E
150
500 550 600 650 700 750
Temperatura de TTAT, ºC
Figura 7.78 – Influência do TTAT para diferentes eletrodos de 2,25Cr-1Mo.
Fonte: CERSOSIMO, 2012, adaptado pelos autores.
Foi verificado que para a transformação da austenita em martensita (integralmente) são necessárias
taxas de resfriamento extremamente críticas, em outras palavras, a taxa deve ser semelhante à utilizada
na têmpera deste material (resfriamento em óleo). Na soldagem, a ZAC é constituída predominantemen-
te de bainita quando o aço é devidamente preaquecido. Em contrapartida, o predomínio de ferrita só é
possível quando o resfriamento é realizado com taxas extremamente lentas.
A Tabela 7.23 fornece o percentual dos constituintes em relação a algumas taxas de resfriamento a par-
tir de 900 ºC. A taxa de resfriamento de 887ºC/h ou 2,5ºC/s resulta em uma microestrutura constituída
praticamente apenas de bainita, 99% bainita.
Microestrutura (%)
Taxa de resfriamento (ºC/hora) Dureza Vickers
Bainita Ferrita
8871 99 1 305
816 55 45 215
71 30 70 160
66 20 80 150
Os processos convencionais ao arco elétrico (SMAW, GTAW, GMAW e SAW) apresentam taxas de resfria-
mento na ordem de 10ºC/s. a 1000ºC/s. Fica evidente que o preaquecimento é necessário na soldagem
do aço 2,25Cr-1Mo e que a microestrutura não seja constituída totalmente de bainita.
1,6 a 4,0
Nota 4
37,5º±2,5º
Mais do
que 19 t
Nota 2
2,4 19
X
C A B
Nota 1
30º - máx. Nota 3
3,2 - Rmínimo
Notas:
1. ... Porfundidade mínima do rebaixo (X) deve ser 3,2 mm ou menos
2. ... t ....= espessura especificado de parede (nominal ou mínimo)
... tnorm. =.....espessura nominal de parede
... tmin ... .......= espessura mínima de parede
3. ... A. ....= Diâmetro nominal externo (OD)
... ... B ....= Diâmetro nominal interno (ID)
... ... C ....= Diâmetro interno considerando o rebaixo da preparação
4. ... Preparação interna deve ser levamente arredondada
Figura 7.79 – Detalhes de uma junta para a soldagem. Fonte: CERSOSIMO, 2012, adaptado pelos autores.
A soldagem dos Cr-Mo deve ser realizada buscando o revenimento do passe anterior. A figura mostra de
forma esquemática as zonas da ZAC na soldagem com um passe e por vários passes (multipasse).
A microestrutura típica de um aço Cr-Mo de médio cromo (aço 4,5Cr-2W-0,25V-0,1C) após normalização é
predominantemente martensita, pois o resfriamento ao ar é suficiente para promover essa microestrutura.
Embora, façam ressalva ao baixo teor de carbono, concluem que o metal de solda com médio teor de
cromo apresenta mesmo comportamento de precipitação que os Cr-Mo de baixo cromo.
» Aço 9Cr-1Mo
Este aço é empregado geralmente no estado normalizado e revenido em geradores de vapor em plantas
de geração de energia (convencional e nuclear), bem como em tubos de fornos em refinarias de petróleo
em função de possuir alta resistência a fluência, a corrosão e estabilidade microestrutural.
K. Latha, Chandravathi, Rao e Mannam (1994, Índia), em estudo realizado em 1994, simularam o ciclo de
soldagem do 9CrMo para avaliação dos microconstituintes. A soldagem foi realizada de forma homoge-
nia com eletrodo revestido conforme os parâmetros na Tabela 7.24.
Processo SMAW
Diâmetro do eletrodo 3 a 15 mm
Tensão do arco 22 V
Corrente 120 A
Número de passes 10
Como nos anteriores, a ZAC dos aços liga com 9 a 12%Cr pode ser teoricamente dividida nas cinco
regiões distintas, da Figura 7.74.
A Figura 7.80 apresenta esquematicamente a proposta de Masuyama / 2001 para precipitação no reve-
nimento da martensita em lamelas no aço com adição de 9% a 12% cromo. Vemos uma forte precipitação
de MX no interior da martensita revenida e precipitação de M23 C6 (carbetos) e Fe2 (Mo,W) intermetálico
tipo Laves no contorno da austenita prévia e das ripas (lath) da martensita.
Precipitação de M23C6
e laves no contorno
de grão da γ prévia e
inter-ripas
1 µm
25 µm 50 µm
Os principais elementos de liga introduzidos são o nióbio (Nb), vanádio (V), níquel (Ni), titânio (Ti) e
Tungstênio (W), sendo chamados também por estas adições de aços Cr-Mo modificados. Em algumas
especificações o teor de Cr chega a alcançar 12% de valor nominal.
Informação Importante
A precipitação de finas partículas de vanádio distribuídas faz com que os aços 2,25Cr-Mo-V
e 3Cr-Mo-V com percentual de 0,25%V apresentem superior resistência ao ataque pelo hi-
drogênio. Essa fina precipitação reduz a difusibilidade do hidrogênio no aço e pode aumen-
tar a resistência ao disbonding. Uma outra teoria, atribui a maior resistência ao disbonding
decorrente da formação de uma martensita de baixo carbono ao invés de martensita com
alto carbono pela precipitação do vanádio. O vanádio, de forma geral, também é conhecido
por reduzir a resistência ao impacto à temperatura ambiente o que faz com que esses aços
necessitem maiores temperaturas de preaquecimento e de TTAT.
A Figura 7.81 destaca que para o menor grau de liberdade de escolha dos parâmetros de soldagem (cor-
rente, preaquecimento, temperatura interpasse, TTAT etc.) para os aços que apresentam maior dificul-
dade na soldagem, como nos aços Cr-Mo modificados.
Parâmetros ótimos
Figura 7.81 – Faixa de parâmetros esquemáticos para a soldagem das diferentes famílias de aços.
Fonte: CERSOSIMO, 2012, adaptado pelos autores.
Obviamente, quanto maiores a espessura da junta soldada e a rigidez na montagem, maior será o ris-
co de insucesso caso não seja dada uma atenção especial a esse controle dos parâmetros de soldagem
previamente qualificados.
Uma atenção especial deve ser concedida para a medição da temperatura de preaquecimento e interpas-
se. Significativa diferença de temperatura pode ocorrer em função do local e distância em que a medição
é realizada.
O TTAT localizado após soldagem (quando inevitável) deve ser realizado com prévio estudo da distribui-
ção de calor e preferencialmente atendendo algum padrão (experiências anteriores ou estudo previa-
mente realizado enfocando a situação real da junta).
Os corpos de prova para os testes de produção devem representar da melhor forma possível a condição
real da obra (possuir massa e rigidez compatível). A soldagem deve ser realizada com consumível de
baixíssimo hidrogênio difusível (revestimentos e fluxos), em local livre de intempéries e sob permanente
acompanhamento. Obviamente, todo o pessoal envolvido com a obra deve estar comprometido com a
qualidade (execução, supervisão e qualidade).
1 2 3
Degradação precoce pela redução da resistência a corrosão (precipitações indesejáveis
ou apresentar valores altos de dureza).
O descontrole na soldagem do aço 2,25% a 3%Cr temperado e revenido (chapas grossas com ou sem
adição de vanádio) pode resultar em microestrutura de constituição heterogenia com grande variação
na resistência ao entalhe (teste de impacto). Uma significativa diferença na tenacidade da zona fundi-
da por ser verificada em função da temperatura de transformação da austenita. Uma baixa tenacidade
de pode ser função da exagerada exposição à alta temperatura e resfriamento extremamente lentos,
resultando em aumento do tamanho de grão e microestrutura de baixa tenacidade como a ferrita. A
região com precipitação contínua no contorno ou que apresenta fechamento integral de todo o con-
torno resulta em baixa tenacidade. Apresenta também menor área de contorno grão em função do
grande tamanho de grão.
Atenção
Com relação à utilização de anéis forjados ou chapas grossas, sabe-se que a fabricação de equipamentos
utilizando anéis forjados é mais vantajosa, pois elimina a necessidade de soldas longitudinais, que são
as mais solicitadas devido à pressão interna. Outra vantagem é que os anéis forjados possuem pro-
priedades mecânicas e metalúrgicas mais homogêneas quando comparados às chapas laminadas con-
vencionalmente. Entretanto, a opção por uma das duas rotas passa por questões econômicas que são
levadas em consideração pelos fabricantes destes equipamentos à época do projeto.
Conforme requisitos das normas ASTM e API, o aço deve ser acalmado ao alumínio, com tamanho de
grão austenítico fino (5 ou maior) e desgaseificado à vácuo. Além disso, para atender às propriedades
mecânicas desejadas, chapas e forjados devem ser entregues na condição temperado e revenido.
Ainda conforme as normas ASTM, a temperatura mínima de austenitização deve ser 900°C, sendo que a
taxa de resfriamento deve ser suficientemente alta para promover uma microestrutura bainítica, a fim
de obter uma boa tenacidade ao longo da espessura. A temperatura mínima de revenido deve ser 675°C,
mas na prática, em função das elevadas espessuras, a temperatura de revenido utilizada pelos fabrican-
tes de aço é 690-695°C, a fim de reduzir a dureza e o nível de tensões da estrutura temperada e melhorar
as propriedades ao impacto.
É essencial que os consumíveis de soldagem sejam fabricados com as mesmas propriedades mecâ-
nicas e requisitos de composição química do metal base. A fabricação dos consumíveis também deve
seguir a norma AWS correspondente ao processo de soldagem a ser utilizado (Ex. AWS 5.28).
Importante!
Atualmente, o fator J e o fator X (Parâmetro de Bruscato) têm sido utilizados como parâmetros para
estimar a susceptibilidade à fragilização ao revenido.
FATOR J FATOR X
Normalmente, o fatorde
Para os consumíveis J =soldagem,
(P + Sn) x o(Sicontrole (ppmatravés
+ Mn)10é4 feito em massa) estáXassociado
do fator à susceptibilidade
= (10P + 4Sn + 5Sb + As), cujoà
fragilização do material base e o valor utilizado para o 2.25Cr-1Mo-V não deve ser maior
valor não deve ser maior do que 12. Entretanto, é usual também controlar o fator X no material do quebase.
100,
conforme API 934A.
A susceptibilidade à fragilização ao revenido tanto do material base quanto dos consumíveis de solda-
gem também pode ser prevista através do Step Cooling Test. O teste é solicitado pelo API RP 934A para
cada corrida de aço e consiste no levantamento das curvas de transição dúctil-frágil antes e após o Step
Cooling, com o objetivo de prever a perda de tenacidade após serviço. A temperatura de transição calcu-
lada após serviço (TT54J AS ) não pode ser superior a 10°C.
A Figura 7.82 apresenta esquematicamente o objetivo do teste. O API 934A requer TT54J ≤ -29°C para os
aços 2.25Cr-1Mo-V (metal base e metal depositado).
Inicial
Energia de impacto
após step
cooling
após
serviço
∆ T SC ∆ T total
54 J TT54J + 2,5 ∆ TT54J SC = TT54J AS
A adição de carbono ainda aumenta a resistência mecânica do material, mas por outro lado, reduz
a soldabilidade e tenacidade. Para aços contendo cromo, o carbono é geralmente limitado em 0.15%
(ASM Handbook, 1990).
300
540ºC - 10.000h
250
200
Tensão, MPa
150
540ºC - 200.000h
100
590ºC - 10.000h
50
0
0 0,04 0,08 0,12 0,16
Teor de carbono, % em massa
Figura 7.83 - Efeito do teor de carbono na resistência à fluência do aço 2,25Cr-1Mo (ASM HANDBOOK).
Fonte: HAMMERLE, 2012, adaptado pelos autores.
60
% de área trincada
40
T = 450ºC
20 pH2 = 150 bar
CR = 675ºC/h
diluição 19%
0,25 5%
%C no metal base
ESW
0,20
SAW
0,15
0,10
O cromo é o principal elemento de liga nos aços Cr-Mo para promover resistência à oxidação . O cromo
também aumenta a resistência à fluência através do endurecimento por solução sólida. Conforme pode
ser observado na Figura 7.85, o efeito ótimo do aumento de resistência à fluência dos aços com Mo entre
0.5 e 1%, é obtido em teores de Cr entre 1 a 2.25% (ASM Handbook, 1990).
0,5 Mo
70
0,5 Mo - 1,5Si
35 0,5 Mo - 1,5Si-0,5Al
0 1 2 3 4 5 6
Teor de cromo, % em massa
Alguns elementos merecem maior atenção quando se trata de aços Cr-Mo-V, devido às grandes espes-
suras envolvidas. Dentre eles podemos citar:
» o vanádio;
» boro;
» nióbio.
O efeito do vanádio pode ser observado na melhoria da resistência à fragilização pelo hidrogênio e ao
ataque pelo hidrogênio, onde a adição de mais de 0.2% já apresenta resultado significativo. A adição de
vanádio promove a formação de finos carbetos estáveis na matriz do Cr-Mo-V (Figura 7.86), que redu-
zem a difusividade do hidrogênio e a pressão de metano, diretamente relacionadas à fragilização pelo
hidrogênio e ao ataque pelo hidrogênio em alta temperatura (Figura 7.87). Além disso, em adição aos
precipitados ricos em cromo e molibdênio, o surgimento dos precipitados V4 C3 finamente dispersos
também promove um aumento na resistência à fluência desses aços.
Figura 7.86 - Distribuição de precipitados a) 2.25Cr-1Mo convencional e b) 2.25Cr-1Mo-V (J. HUCINSKA, 2003).
Fonte: HAMMERLE, 2012, adaptado pelos autores.
60
40
20
0
691ºC - 20h 691ºC - 20h 691ºC - 20h 691ºC - 20h
2,25Cr-1Mo 2,25Cr-1Mo-V 3Cr-1Mo-V 9Cr-1Mo-V
Figura 7.87 - Ataque por H2 para diferentes aços Cr-Mo-V (L.P. ANTALFFY et al., 2002).
Fonte: HAMMERLE, 2012, adaptado pelos autores.
Com o aumento das espessuras de chapas e forjados, o boro tem sido adicionado para aumentar a tem-
perabilidade, evitando a formação da microestrutura ferrita-perlita (F + P) no meio da espessura durante
o resfriamento a partir da temperatura de austenitização. O efeito no diagrama CCT é significativo quan-
do se compara corridas com 04% e 14% de boro (Figura 7.88).
900
800
F+P
F+P 700
Efeito
Temperatura, ºC
do B
600
0,4%B
500
B
400
1,4%B
300
M
200
100
0
1.000.000 100.0000 10.000 1.000 100 10
Kushida et al. concluíram que adição de boro associada ao alumínio melhora a resistência ao ataque
por hidrogênio, uma vez que o boro em solução sólida se combina ao nitrogênio, formando nitretos
(BN). Para compreender como isso ocorre, clique no ícone e veja como o nitreto de boro atua:
Teores de nióbio em torno de 0,015% ou mais também vem sendo adicionados ao aço com a intenção de
garantir propriedades mecânicas, principalmente limite de resistência e resistência a fluência, após lon-
gas horas de tratamento térmico. Estes longos ciclos de tratamento térmico de revenimento são conse-
quência das elevadas espessuras associadas às necessidades da própria fabricação dos equipamentos,
podendo chegar a mais de 30 horas.
Mesmo em pequenas quantidades, o nióbio é forte formador de carbetos estáveis, NbC, que re-
finam o grão e estabilizam a microestrutura nas altas temperaturas de tratamento térmico. Já
para evitar problemas de baixa tenacidade na solda, de acordo com alguns fabricantes, o teor de
nióbio não deve ultrapassar 0,025%, embora já haja bons resultados com teor de Nb até 0,030%. A
Figura 7.89 ilustra os efeitos do nióbio, bem como de outros elementos no limite de resistência (ul-
timate tensile strentgh -UTS).
700
UTSmáx: 690MPa
Tensão, MPa
650
Efeito da
otimização
do V e Nb
600
UTSmín: 585MPa
Efeito
do B
550
20000 20400 20800 21200
LMP
Figura 7.89 - Efeito do V, Nb e B nas propriedades mecânicas à ½ espessura, t >150mm
(ARCELOR MITAL, 2009).Fonte: HAMMERLE, 2012, adaptado pelos autores.
O chanfro tipicamente utilizado pelos grandes fabricantes de equipamentos e mais adequado para a
soldagem deste material é o tipo narrow gap.
A Figura 7.90 mostra a macrografia de uma junta soldada utilizando este tipo de chanfro, onde é possível
observar que cada camada é composta de apenas dois passes de solda.
23 mm
300 mm
Figura 7.90 - Exemplo de chanfro Narrow Gap com a macrografia dos cordões de solda.
Fonte: HAMMERLE, 2012, adaptado pelos autores.
» PROCESSO DE SOLDAGEM
Para as soldas circunferenciais e longitudinais do costado, de grande espessura, o processo mais pro-
dutivo e confiável é o arco submerso, principalmente quando se requer boa tenacidade do metal depo-
sitado. Neste tipo de solda tem sido utilizado tanto SAW arame único (4 e 5 mm de diâmetro) quanto
SAW-Tandem. A soldagem é realizada pelos dois lados (interno e externo).
Para as soldas dos tampos (entre pétalas) a soldagem é realizada pelo lado externo e tem sido uti-
lizado o arco submerso. É utilizado backing não-metálico para evitar a necessidade de goivagem
pelo lado interno. Espessuras menores podem ser soldadas por eletrodo revestido, entretanto, a
produtividade é menor.
Importante!
Alguns fabricantes utilizam SAW orbital mecanizado para a soldagem dos bocais ao
casco/tampo, resultando em maior produtividade e consistência na qualidade.
Quando permitido pelo contratante, os anéis suportes de reatores podem ser confeccionados por weld
build-up, que neste caso é realizado por SAW-Tandem, com arame de 5mm de diâmetro (Larsen & Toubro).
A temperatura de pré-aquecimento deve ser suficientemente alta para evitar o trincamento a frio, ca-
racterístico desses aços. Conforme API RP 934A, para os aços Cr-Mo convencionais, a temperatura míni-
ma de pré-aquecimento deve ser 150ºC, mas para os aços Cr-Mo-V o mínimo deve ser 177ºC.
Atenção
Atenção deve ser dada ao dispositivo de aquecimento para evitar aquecimento localizado, o que po-
deria causar tensões térmicas. Uma temperatura de pré-aquecimento insuficiente pode levar a taxas
de resfriamento muito elevadas, possibilitando a formação de martensita, indesejável às proprieda-
des do metal de solda, cuja microestrutura pretendida é a bainítica.
Atenção
A soma destes tratamentos térmicos pode chegar a mais de 30 horas, e por esta razão, é essencial que
o fabricante do equipamento preveja o total de horas a ser gasto na fabricação com estes tratamen-
tos térmicos, e informe ao fabricante do material base e dos consumíveis de soldagem. Os materiais
produzidos devem ser ensaiados com o tempo total de tratamento informado, garantindo assim que
todas as propriedades mecânicas sejam atendidas ao final de fabricação. Para ilustrar, clique no ícone
e veja um exemplo dessa soma de tratamentos:
Informação Importante
Vale ressaltar que reatores de HDT/HCC requerem a previsão de pelo menos 3 ciclos de tra-
tamento térmico (DHT + ISR + TTPS), sendo 1 para fabricação, 1 para reparo e 1 para reparo
após serviço, o que pode demandar até 42 horas à 705ºC (temperatura de TTPS).
Como é difícil comparar o efeito de diferentes tratamentos térmicos feitos em diferentes temperaturas
e diferentes durações, o parâmetro utilizado para parametrizar essas diferenças é o de Larson-Miller
Parameter LMP (ou parâmetro de Hollomon-Jaffee).
A Figura 7.92 ilustra a evolução dos precipitados para diferentes condições de tratamento térmico.
FIGURA 7.92 - EVOLUÇÃO DOS PRECIPITADOS – AÇO 2.25CR-1MO-V. FONTE: DILLINGER HUTTE, 2007.
A Figura 7.93 mostra a eficiência do DHT na eliminação do hidrogênio difusível na soldagem multipasse
de uma chapa de 200mm de espessura, onde o teor de hidrogênio medido após a solda foi de 1ml/100g.
Após o DHT este valor foi reduzido para 0,02 ml/100g.
A diferença nas temperaturas de transição dúctil-frágil (TTDF) após diferentes tratamentos térmicos é apre-
sentada na Figura 7.94, onde se observa que, após o DHT, a temperatura de transição dos aços Cr-Mo con-
vencionais é da ordem de 38°C. Já para os aços Cr-Mo-V a temperatura de transição fica em torno de 85 °C.
250
Energia de impacto, J
200 1
2 7
150 4
5
100
3 6
54 J
50
0
-40 0 40 80 120 160
Temperatura de teste, ºC
Figura 7.94 - Temperatura de Transição após diferentes tratamentos térmicos.
Fonte: DILLINGER HUTTE, 2007.
Importante!
400
360 363 361
350 V-modificado
305 Convencional
300 275
Dureza, HV10
267
250 235
197
200
150
100
50
Figura 7.95 - Dure za do metal de solda após diferentes tratamentos térmicos (OERLIKON, 2007).
Fonte: HAMMERLE, 2012, adaptado pelos autores.
400
650ºC - 10 h
2,25Cr-Mo-0,25V
como soldado
Dureza, HV10
300 675ºC - 10 h
2,25Cr-Mo
como soldado
250 650ºC - 10 h
700ºC - 10 h
235
725ºC - 10 h 675ºC - 10 h
200 700ºC - 10 h
Em contrapartida, as temperaturas mais elevadas e tempos mais longos de tratamento térmico, afe-
tam negativamente às propriedades mecânicas como Limite de Resistência e Limite de Escoamento.
As Figura 7.99 e Figura 7.100 mostram a influência do tempo de tratamento térmico no Limite Resis-
tência (UTS – Ultimate Tensile Strength) e o Limite de Escoamento (YS – Yield Strength) do aço 2.25Cr-
-1Mo-V, em função da espessura. Observa-se que após 33 horas de tratamento a 705°C, os valores se
aproximam do mínimo requerido pelo Código ASME.
700
650
T&R (695ºC)
600
σruptura mínimo requerido = 380 MPa
550
500
20000 20200 20400 20600 20800 21000 21200
Parâmetros de revenido
Figura 7.99 - Influência do tempo de tratamento térmico no Limite de Resistência à temperatura ambiente.
Fonte: ARCELOR MITTAL, 2007.
650
600
550
500 T&R
450 TTAT mín
400
σesc. mínimo = 380MPa TTAT máx
350
20000 20200 20400 20600 20800 21000 21200
Parâmetros de revenido
Figura 7.100 - Influência do tempo de tratamento térmico no Limite de Escoamento à temperatura ambiente.
Fonte: CHAUVY et al., 2010.
Informação Importante
Somente técnicas de ultrassom de alta sensibilidade podem detectar este tipo de trinca. Com
este objetivo, o API RP 934A lançou um apêndice (Appendix A) com procedimentos de ins-
peção capazes de garantir a detecção. Resumidamente, o procedimento consiste em utilizar
TOFD (Time of Fligth Diffraction) para a detecção inicial de possíveis clusters (grupos de trin-
cas). Em caso de detecção dos clusters, deve ser utilizado ultrassom pulso-eco manual de on-
das transversais para caracterizar as trincas e suas orientações primárias. Trincas planares e
transversais às suas orientações primárias devem ser consideradas trincas de reaquecimento.
Todos os tipos de solda SAW (circunferenciais, longitudinais, bocais e soldas do tampo) são suscep-
tíveis à trinca de reaquecimento . As trincas observadas ocorrem no metal de solda, transversais ao
cordão, muito pequenas e com altura e comprimento de 2 a 10mm. Elas aparecem em alturas diversas
ao longo da espessura das soldas, frequentemente, agrupadas com uma linha de trincas paralelas na
mesma profundidade (API RP 934).
Como visto, a trinca de reaquecimento é do tipo intergranular e ocorre na região de grãos grosseiros da
ZAC ou na ZAC entre cordões no metal de solda, durante o tratamento térmico de alívio de tensões ou
durante serviço em alta temperatura. Uma explicação amplamente aceita é a redução significativa da
ductilidade dos contornos de grão devido à segregação de impurezas e ou precipitação de carbetos.
ZTA entre
cordões
Trincas de
ZTA no
reaquecimento metal base
1 2 3 4 5
Todos estes fatores contribuem de alguma forma para produzir tensões residuais de soldagem e para
produzir uma microestrutura inadequada, que são fatores chave para o aparecimento de trincas.
O máximo de refinamento da RGG da ZAC pode minimizar o risco de trincas de reaquecimento. Neste
caso, o chanfro do tipo narrow gap mais uma vez se mostra o mais adequado, pois tende a fornecer cor-
dões de solda com altura e formato uniformes, permitindo maior controle do grau de refinamento e de
revenimento dos passes posteriores. Já para as juntas com chanfros em ângulo, o número e a disposição
dos cordões por camada podem ser problemáticos por não permitir o mesmo resultado do chanfro nar-
row gap (API RP 934).
Atenção
A Figura 7.102 e Figura 7.103 apresentam a localização e morfologia, respectivamente, da trinca de rea-
quecimento na região de GG da ZAC do metal de solda.
Com relação ao controle da qualidade dos consumíveis de soldagem, o API vem tentando desenvolver,
em conjunto com os fabricantes de equipamentos e matéria-prima (metal base e consumíveis), testes
que possam prever a susceptibilidade à trinca de reaquecimento.
O fator K foi desenvolvido para o controle de contaminantes na matéria-prima dos consumíveis, Pb, Bi
e Sb, causadores de trincas de reaquecimento. Entretanto, é consenso entre os fabricantes que o fator
K (Kfactor = Pb + Bi + 0.03Sb < 1,5 ppm) sozinho não é o suficiente para prever problemas com trincas.
30
Redução de área
Ductilidade,%
20
Alongamento
total
10
0
Tambiente 750 800 850 900 950 1000
Temperatura, K
Figura 7.104 - Relação entre a ductilidade e a temperatura - 2.25Cr-1Mo-0.3V. Fonte: SHINYA et al., 1998.
A simulação termomecânica Gleeble foi utilizada para prever a susceptibilidade dos consumíveis de solda-
gem à trinca de reaquecimento. Este teste foi utilizado para simular juntas soldadas na condição “as wel-
ded” sob tração, na temperatura de 650°C, onde a ocorrência destas trincas é mais favorável, Figura 7.105.
40 Eletrodo 2
30 Eletrodo 1
RoA, %
Eletrodo 4
20
10 Eletrodo 3
0
530 570 610 650 690
Temperatura, ºC
Figura 7.105 - Resultado do Gleeble Test (Ductilidade x Temperatura) para diferentes consumíveis.
Fonte: ARCELOR MITTAL.
Como resultado de um projeto multicliente foi elaborado um novo teste para prever a susceptibilida-
de dos consumíveis à trinca de reaquecimento que consiste num ensaio de tração a quente, que pode
ser executado em diversos laboratórios.
Temperatura
de teste,
650ºC
Temperatura de teste
±3ºC
TC1
10min ± 1min
Fase de
Encharque tração
Rampa de ( fase de
aquecimento espera)
40 min máx.
Como critério de aceitação, a redução de área dos corpos de prova utilizado nos testes deve ser superior
a 23%, caso contrário o consumível será considerado susceptível à trinca de reaquecimento.
Para conhecer mais sobre os aços 9Ni, clique no ícone e veja como são formados e fabricados:
Informação Importante
As tubulações do aço 9Ni são comercialmente fabricadas, segundo a norma ASTM A333 Gr.
8, nas condições temperado e revenido e duplo normalizado e revenido. As chapas, por sua
vez, são fabricadas segundo as normas ASTM A553 e A353, nas condições temperado e re-
venido e duplo normalizado e revenido, respectivamente. Uma alta tenacidade criogênica
do aço 9Ni é atribuída à formação de austenita reversa, também denominada de reformada
ou revertida, que se transforma a partir da martensita durante um revenido intercrítico. Há
quase um consenso de que a estabilidade térmica da austenita afeta positivamente esta
tenacidade criogênica.
Os aços ao níquel são facilmente temperáveis, porque o níquel diminui a taxa de resfriamento crítica
deslocando o cotovelo da curva TTT (tempo, temperatura, transformação) para a direita. Em combina-
ção com o cromo, o níquel produz aços com maior capacidade de endurecimento, resistência ao impacto
mais elevada e uma maior resistência à fadiga do que pode ser conseguido em aços carbono.
Os aços 9Ni são tratados termicamente de uma forma diferenciada das outras ligas de níquel com teores
mais baixos, por causa da tendência de reter alguma austenita em temperaturas ambiente quando res-
friados ao ar. É tradicionalmente tratado por dupla normalização e revenido ou por têmpera e revenido
(Wu, 2013). As tubulações do aço 9Ni com os tratamentos térmicos de têmpera e revenido e duplo nor-
malizado e revenido têm os seus parâmetros de fabricação, composição química e propriedades mecâni-
cas definidos pela norma ASTM A333 Gr. 8.
720 AC3
590 AC1
Têmpera
Têmpera Revenido Normalização Normalização Revenido Têmpera intercrítica Revenido
Tempo, h
Figura 7.107– Representação esquemática dos tratamentos térmicos do aço 9Ni .Fonte: WU et al., 2013.
Os diagramas de resfriamento contínuo (CCT) mostram na Figura 7.108 as diferenças relativas do aço
9Ni, com a pequenas mudanças na composição química e nas diferentes taxas de resfriamento.
Figura 7.108 – Diagrama CCT (a) aço 0,1C-9,11Ni (b) aço 0,08C-8,51Ni.
Fonte: Rodrigues, Tese de doutorado, 2016.
O carbono vai influenciar, fortemente, as transformações das fases, bem como os parâmetros de
rede observados e limitar o seu teor minimiza a sua capacidade de fragilização em baixas tempera-
tura. Na matriz martensítica, o carbono fica dissolvido em solução sólida supersaturada com níveis
elevados de tensão.
Por isso, o revenido, adicionalmente à necessidade de reversão da austenita, é uma condição funda-
mental para a utilização destes aços na forma temperada.
A têmpera atua no refino do tamanho de grão efetivo sem ocasionar um aumento dramático da sua
resistência. A ripa de martensita enriquecida em elementos de liga, começa a se transformar em auste-
nita em temperaturas menores do que AC1 em um revenido subsequente, enquanto a ripa de martensita
se empobrece em elementos de liga. Isso porque com a partição de elementos para o interior da auste-
nita, nas regiões enriquecidas a temperatura AC1 cai localmente. As estruturas martensíticas em ripas
temperadas e revenidas apresentam uma combinação atrativa entre resistência e tenacidade.
Como já mencionado anteriormente, a presença da austenita retida ou reversa é chave para o aço 9Ni.
Uma determinada quantidade de austenita estável precipitada entre as ripas de martensita pode, po-
tencialmente, aumentar a tenacidade. Todavia, se aumentarmos muito a quantidade de austenita, a sua
resistência mecânica poderá ficar comprometida. Então, a correta determinação da quantidade de aus-
tenita é uma importante tarefa no desenvolvimento destes aços. A austenita que se forma inicialmente
é rica em elementos de liga. Esta austenita reversa é, particularmente, rica em carbono que se forma às
expensas da cementita ou outro carbeto finamente dispersos na matriz.
» Soldabilidade
Esses aços apresentam boa soldabilidade, entretanto quanto maior a adição de níquel, maior a tempera-
bilidade especialmente nos aços de alto teor de níquel, maiores ou igual a 5 % Ni, nos quais a ZAC é cons-
tituída por martensita. Mas essa martensita tem uma relativa tenacidade em função do teor de níquel e
do controle do teor de carbono. As propriedades mecânicas e tenacidade podem ser comprometidas
quando há crescimento excessivo dos grãos da ZAC em função do alto aporte térmico adotado.
Importante!
A soldagem dos aços 9% Ni vem sendo estudada por pesquisadores no intuito de avaliar,
esclarecer e definir as variáveis que influenciam nas propriedades mecânicas destes aços.
O aço 9Ni não é susceptível a trincas e isso lhe confere um excelente soldabilidade uma
vez que são materiais com baixo teor de carbono e baixo grau de impurezas.
Estes metais de adição com base de níquel possuem valores de tenacidade aceitáveis, todavia não são
capazes de atingirem valores de resistência compatíveis com o aço 9% Ni. Uma das razões postuladas
para esta diferença está relacionada com as diferenças de orientações dos grãos na estrutura do me-
tal de solda.
A manutenção do aporte térmico entre 1,0 e 3,0KJ/mm tem obtido sucesso no resultado na soldagem
do aço 9Ni com consumível de níquel. Para entender o esse sucesso, clique no ícone e compreenda o
funcionamento do aço 9Ni:
Informação Importante
O aço 9Ni praticamente não tem degradação de propriedades em aportes térmicos inferio-
res a 3kJ/mm com a temperatura de interpasse máxima de 150°C. Acima desta energia, o
crescimento de grãos da ZAC, pode afetar a sua tenacidade, porém sem alteração na sua re-
sistência à tração. O aporte deve ser limitado a 3,5kJ/mm para a soldagem com SAW e 2,5kJ/
mm para o eletrodo revestido. O aço 9Ni pode sofrer magnetização durante a soldagem e
técnicas de desmagnetização podem ser necessárias.
A tenacidade da junta soldadas do aço 9% Ni tende a se deteriorar com o aumento da energia de sol-
dagem pelo crescimento de grão austenítico da ZAC durante o ciclo de soldagem. Em vista disto, a ZAC
pode ter sua energia de impacto reduzida pela metade decorrente dos sucessivos ciclos térmicos. Em
contrapartida, o tratamento térmico de alívio de tensões (TTAT) à 600°C, seguido por resfriamento rápi-
do, aumentaria sua tenacidade. As premissas para a temperatura de revenido em relação à estabilidade
da austenita também são utilizadas para as temperaturas de TTAT.
No aço 9% Ni, a ZAC será essencialmente martensítica e de martensita revenida, em algumas partes por
causa da soldagem multipasse. Em percentuais mais baixos de carbono, a martensita apresenta uma
tenacidade maior e o TTAT não é necessário. Na soldagem homogênea e especialmente na heterogênea,
a poça de fusão dos aços C-Ni apresenta baixa fluidez quando comparada ao do aço C-Mn. Contami-
nantes de origem externa não devem entrar em contato com estes materiais, especialmente o enxofre
proveniente de lápis térmico, graxas, sabão etc. Os aços C-Ni são enquadrados como “P-number” 9 e 11A
conforme o ASME BPVC Section IX.
Porosidade pode ser evitada pelo controle do hidrogênio difusível, é recomendado emprego de arco bem
curto. Devido a mais alta capacidade de magnetização quando comparado ao aço-carbono, cuidados
adicionais devem ser tomados, principalmente no aço 9 % Ni. A desmagnetização ou anulação do campo
magnético em alguns casos pode ser necessária antes da soldagem.
São possíveis os processos SMAW, GTAW, GMAW e SAW para a soldagem dos aços
níquel. Outros processos podem ser aplicados mediante avaliação técnica de um
especialista de soldagem. O processo FCAW não deve ser utilizado, mesmo com
proteção gasosa adicional, por causa da tenacidade.
Na soldagem na indústria do petróleo, um problema que deve ser avaliado é possibilidade de ocorrên-
cia de corrosão sob tensão por cloreto na junta soldada.
Informação Importante
Os aços inoxidáveis são ligas de ferro que contêm como elemento principal o cromo, sistema
Fe-Cr com teor de cromo acima de 11%, algumas referências citam 12%, e com teor de car-
bono controlado. Essa família apresenta boa resistência à corrosão, oxidação e à fluência,
além de apresentar muito boa tenacidade em baixas temperaturas. O cromo é mantido aci-
ma de 16% e o níquel adicionado em percentual suficiente para manter a austenita estável
à temperatura ambiente, sendo a composição básica 18Cr-8Ni. Todas as demais famílias
derivaram dessa liga, como é possível observar na Figura 7.109 em função da adição e su-
pressão de elementos de liga no aço base austenítico com 18% de cromo e 8% de níquel.
Figura 7.109 – Ligas de aço inoxidável em função da adição ou supressão de elementos de liga.
Fonte: RAMIREZ, 2011, adaptado pelos autores.
O cromo em atmosferas oxidantes, inclusive ao ar atmosférico, forma uma camada passiva de óxido de
cromo com uma película fina, aderente e protetora deste óxido que se forma naturalmente. Essa camada
fica aderida a superfície faz com que esta não sofra a agressão do meio como um aço carbono, tornando
o aço “inoxidável”.
Atenção
O termo em inglês stainless, sem manchas, pode ser mais adequado a este tipo de
aço, pois em determinadas condições estes aços sofrem processos de corrosão/
oxidação bem agressivo.
A resistência à corrosão dos aços inoxidáveis aumenta com o teor de cromo e de outros elementos que
participam e estabilizam o filme passivo, tais como o molibdênio, níquel, nitrogênio e cobre. Tem um ín-
dice chamado de Número de Resistência Equivalente ao “Pitting - Pitting Resistance Equivalent Number”
, que indica a susceptibilidade à corrosão por pites em função
dos elementos de liga. Entretanto, em geral, é necessário que estes elementos estejam em solução sólida.
Como o cromo é um elemento ferritizante, o seu aumento percentual estabiliza a fase ferrítica, Figura 7.110.
Pode-se observar, também a presença da fase sigma e alfa prima (α’) que são elementos fragilizantes.
As principais famílias dos aços inoxidáveis recebem a nomenclatura com base na sua microestrutura:
Aços
Aços inoxidáveis
inoxidáveis austeníticos
para
ferríticos
martensíticos - Fe-Cr-Ni-(Mo):
austeno-ferríticos
endurecimento
- Fe-Cr-(Mo): eles -essas
- Fe-Cr-(Mo-Ni-V):
– por
duplex
precipitação:
têm ligas
Fe-Cr-Ni
umessas
baixo são
contêm
(Mo)-N:
ligas as
teor mais
adições
podem
de
são populares
serderevenidas
carbono ligas,
fornecidos por
como
com com
cromocausa
em o(e
uma da exce-
alumínio
várias
molibdê-
microes-
tem- e
lente capacidade
nio) como
peraturas
trutura
cobre, que de
de diferentes
elementos
permitem que
quantidades deformação
oprincipais. e
confereNão
endurecimento boa
aproximadamente resistência
umasão
faixa
porendurecíveis
extensa
iguais
tratamentoa corrosão
paraporcada
de ferrita e soldabilidade.
etratamento
térmico nível
austenita.de Exigem
térmico São
dureza.tanto
de solubilização A não magnéticas
e estrutura
sãoboa
seguido magnéticos.
de marten-na
resistência
envelhe- A
condição
faixa de
sítica
mecânica,
cimento. recozida.
é magnética.
composição
São
quanto As éadições
aindaductilidade. de
classificados
São Csimilares
≤0,08%; elementos
A faixa
em
10,5% Cr de
emsubgrupos
composição liga
de≤composição
≤ 30% aoprimários
como egrupo
é(Mo são 21%
endurecimento
C ≤≤0,03%; cromo
ferrítico,
4,5%). ≤Crecontêm
Osmas
por
tipos≤níquel. A faixa
precipitação
405,
26%;409,
3,5
carbono
%430, de≤compo-
martensítica,
≤ Ni422
mais
8%,
e alto
446
N≤
sição
e
são é(Mo
menos
0,5%); C ≤0,10%;
cromo
representativos e16%
≤ 4,5).para
semiaustenítica Seu ≤Cr ≤grupo.
desse 28%;
permitir
austenítica
sistema oaços
de 3,5% ≤ Ni ≤ 32%
endurecimento
numeração
inoxidáveis.nãopor
Se edestacam
(Mo ≤ 7%).osIncluem
tratamento
está incluído térmico.
nos
das asA17-4PH
grupos
ligas séries
faixa 200
de
200, 300 e 300,
400.dos quais
composição
e 17-7PH.
ou éC≤
o1,2%;
tipo 11,5%
304 é o≤Cr
mais comum.
≤ 17%; (Mo ≤ 1,8% - Ni ≤ 6% e V ≤ 0,2%). Os tipos 403, 410, 416 e 420 são represen-
tativos desse grupo.
Tabela 7.26 – Propriedades mecânicas dos aços inoxidáveis em relação ao aço carbono.
Fonte: aula de Soldagem de inox SSMT, 2012.
A curva Tensão x Deformação, apresentada na Figura 7.111, mostra a elevada ductilidade do aço inox
austenítico em comparação com os aço carbono e demais inox. Apesar do mais baixo limite de escoa-
mento, com relação às demais ligas mostradas, o aço inoxidável austenítico 304 apresenta uma elevada
ductilidade e um elevado limite de ruptura em comparação com os demais. E esse fato é um importante
fator de projeto de utilização dessa liga.
700
Aço inox
martensíticos
350
Aço carbono
0 25 50
Deformação, %
Figura 7.111 – Curva tensão – deformação para os diversos aços inoxidáveis em
comparação com o aço carbono. Fonte: OS AUTORES, 2019.
250
Aço inox
austeníticos
Energia de impacto, J
250
Aço inox
250 ferríticos
Aço inox
duplex
250
Aço inox
martensíticos
50
0
-196 -100 0 50
Temperatura, ºC
Figura 7.112 – Resistencia mecânica e energia de impacto para as diferentes famílias de aços inoxidáveis.
Fonte: OS AUTORES, 2019.
Os elementos de liga nos aços inoxidáveis são divididos, inicialmente, com relação à sua capacidade de
estabilizar a fase austenítica (gamagenos) ou ferrítica (alfagenos).
O níquel
O épode
nitrogênio,
manganês
carbono
cobre oéprincipal
utilizado
pode
em elemento
serteores
substituir
emsuperiores
levemente estabilizador
pequenas
uma parcela da melhorar
à porcentagens,
gamageno. 0,07% austenita
considerável
pode
Pode deae níquel
serinferiores a base
considerado demanter
à 0,30%.
ecomo
resistência referência
aA
elemento para
utilização
a estrutura
corrosão os demais.
edeaSchaeffler
liga. Em
austenítica
Pode ser
resistência lhe
à
percentuais
atribuiu
estável,
usado para
fluência. um mais
à temperatura levados
substituir
efeito 30 vezes não é
parcialmente
ambiente, possível
superiorcomoao fazer
níquel
do
umníquel com
custo que
sem prejuízo
na
muito a liga
estabilização
menor. seja ferrítica
da resistência
Emda teores ou
austenita. martensítica.
A adição
a corrosão.
superiores à de
Estabiliza A trans-
6%,carbono
alguns
a aus-
formação
é fundamental
autores
tenita de
20citam
vezesaços fortemente
para
4%,
mais formar
pode-se oligados
que ocomportar
níquel ao níquel
aço einoxidável
melhora
como na estrutura
amartensítico.
alfageno,
resistência
exigindoamartensítica
corrosão
um maior
Reage vai
porteor acontecer
pites.
fortemente decom
Forma
níquel o emparatempera-
nitretos
cromo, contra-
nos
dimi-
turas
nuindomuitíssimo
aços duplex,
balançar o seu fato baixas.
nãoem
percentual
efeito, Acima
desejável. de
temperaturas
em solução 30% Ni
Idealsólida,recupera
éelevadas.
ficaronaque resistência
forma
Reage
diminuitrapeado à corrosão
na matrizde
preferencialmente
sua capacidade sob
decomtensão
austenita
resistir e
o enxofre entre 8 a 10%
solubilizado.
a corrosão.
formando
Para
encontra
minimizar
Aumenta
sulfeto de aaessa
faixa mais crítica
manganês
resistência
reação eado
ajudapara
corrosão
carbono a por
resistência
a retirar
com aSubstitui
impurezas
o cromo,
pitting. corrosão osob
diminui-se
do aço. tensão,
níquel
Endurece
o seu justamente
na percentual
composição
por solução a sólida
faixa–de
naquímica
liga e composi-
dos
ligas aços
com e,
aumenta o
ção desejada
sufixo
muito
no diagrama para
- ou oadicionam-se
aL solubilidade
(Low)Fe-Cr, metal
desloca de solda
do nitrogênio,
a curva dos
o que
elementos
de aços
formaçãoinox
aumenta
os austeníticos.
quais
da aaustenita
resistência
reajam com mecânica
para
o carbono epreferencialmente,
a esquerda. a resistência à corrosão. como
Pode
o ser,eaté
nióbio 2,5%,deixando
titânio utilizadoopara
cromo substituir umasólida.
em solução parte considerável de níquel. O efeito do manganês
é considerado, por alguns autores, como neutro.
O cromo
O molibdênio
silício ééum
o principal
aumentaresponsável
elemento resistênciapela
adesoxidante àqueresistência
corrosão aàcamada
corrosão,
localizada
estabiliza por de apesar de não ser
óxidoe evitando
pitting alveolar, bem àquele
o seucomo elemento
por fresta
destacamento
com
em mais influência
em microambiente
temperaturas no PREN.
auto emEle endurece
catalítico,
elevadas em função
percentuais aacima
matrizdepor
1%,solução
da diferença sólida e estabiliza
de concentração
melhora de O2
a resistência eaoferrita.
pittingTodavia,
trincamento acomeça
corro-
na superfície
forma
são sob plana.
precipitados
tensão O molibdênio
ricos em cromo
na presença estabiliza a camada
que fragilizam
de enxofre. de óxido
a estrutura. depercentuais
Em cromo e altera a dinâmica
superiores a 30% dapode
cor-
afetar negativamente as propriedades do
rosão ao formar um molibdato, aumentando o PH. material.
TITÂNIO E
TUNGSTÊNIO ALUMÍNIO
NÓBIO
titânio e o
O tungstênio
alumínio nióbio
melhora apossuem
pode substituir mais afinidade
parcialmente
resistência química com
o molibdênio
à oxidação em o carbono
e melhora
temperatura .do que o àcromo,
a resistência
elevada fazendo
corrosão com
por pites.
que esse carbono que não reaja com o cromo. Isso não retira o cromo da solução sólida, não preju-
dicando a resistência à corrosão evitando o processo de sensitização da liga. Podem gerar precipi-
tados que mexem com a soldabilidade. O titânio se perde pelo arco elétrico durante o processo de
soldagem. O nióbio, especialmente, aumenta a possibilidade de formar trinca de solidificação pela
formação de eutéticos de baixo ponto de fusão.
Austenita
Martensita
Ferrita
Em grande parte das soldagens com aços inoxidáveis, o consumível não tem composição idêntica ao
metal base, de forma a prevenir essas possíveis descontinuidades, fazendo com que essa avaliação
inicial com o diagrama de Schaeffler seja extremamente benéfica.
Ele também é importante, não somente para prever a estrutura da zona fundida de uma solda de aço
inoxidável, mas por poder prever, também, a estrutura da zona fundida de soldas heterogêneas, como
na soldagem dos aços X-65 ou 9Ni com eletrodo da liga 625 ou de soldas dissimilares, como no caso de
weld overlay.
Outros diagramas foram desenvolvidos ao longo dos anos de forma a representar uma família em maio-
res detalhes e eles estão citados na Tabela 7.27.
McCowan
1988 %Cr + %Mo + 0,5%.Nb %Ni + 20.%N + 35.%C
(WRC-88)
Kotecki e Siwert
1992 %Cr + %Mo + 0,5%.Nb %Ni + 20.%N + 35.%C + 0,25.%Cu
(WRC-92)
Tabela 7.27 – Diagramas de fases para aços inox. Fonte: RAMIREZ, 2011, adaptado pelos autores.
A maioria dos aços inoxidáveis é considerada de boa soldabilidade e pode ser soldada por vários proces-
sos de soldagem, incluindo:
1 2 3 4
O coeficiente de expansão térmica para os tipos austeníticos é 50% maior que o do aço carbono e isso
deve ser considerado para minimizar a distorção. A baixa condutividade térmica e elétrica do aço inoxi-
dável austenítico é geralmente útil na soldagem. É necessário menos calor de soldagem para fazer uma
solda, porque o calor não é conduzido para longe de uma junta tão rapidamente quanto no aço carbono.
Na soldagem por resistência, a corrente mais baixa pode ser usada porque a resistividade é maior. Aços
inoxidáveis que requerem procedimentos especiais de soldagem são discutidos posteriormente.
As sugestões a seguir dizem respeito aos aços ferríticos e martensíticos, podendo ser aplicadas, em
princípio, também aos austeníticos.
» O revestimento básico (de terminação 15) traz baixo teor de hidrogênio à solda e só pode ser
usado com corrente contínua com polaridade inversa - CC+. Contém cerca de 30% de carbonatos
de cálcio e magnésio, fluoretos, como fluxante, e carbonatos alcalinos (10%) para aumentar a
emissividade. O depósito é mais compacto, apresenta melhores propriedades mecânicas, e o
problema principal é a escória mais difícil de ser retirada.
» O revestimento rutílico (de terminação 16) também deixa baixo teor de hidrogênio na solda
e pode ser usado tanto com CC+ como corrente alternada - CA. Contém cerca de 40% de rutilo
(TiO2), que é escorificante, mais 15% de carbonatos de cálcio e magnésio, e fluoretos que fun-
cionam como fluxo, dissolvendo a camada de óxido de cromo da superfície. Esse revestimento
suporta temperaturas de até 150 a 200°C, enquanto o básico suporta até 300°C.
» GTAW
O processo GTAW é mais utilizado para tubulações com a finalidade de garantir a qualidade do passe de raiz.
» Se a espessura for pequena (menor que 3 mm), pode ser utilizado só GTAW.
» Se for maior, o GTAW já não é econômico, e só é usado no 1º passe, e os demais são feitos com
SMAW.
A polaridade é direta, sendo usado eletrodo toriado (para aumentar a emissividade). O gás argônio é
mais utilizado, embora propicie mais baixa taxa de deposição que o hélio. Mas em geral se usa hidrogênio
na mistura com argônio. O metal de adição é o mesmo do metal base.
Importante!
COMPOSIÇÃO QUÍMICA
De uma forma geral, a composição química pode influenciar diretamente no processo da sensitização,
formação de fase sigma, trincas a frio e a quente, dentre outros. É comum utilizar, principalmente nos
inox, um teor de carbono baixo o bastante para evitar certos problemas, como corrosão intergranular.
Nesse caso específico, durante a soldagem deve-se manter o teor de carbono baixo possível e muitas
vezes os consumíveis são projetados para evitar este tipo de dano. Se a soldagem for heterogênea, deve
ser considerado o efeito da diluição, pois dependendo da energia de soldagem, ela deve ser mantida a
mínima possível. Se não houver interesse em manter o teor de carbono baixo, esta passa a não ser mais
uma preocupação.
Entretanto, a composição química do mental depositado quase sempre difere da composição do ma-
terial do eletrodo, devido, além da diluição, a perdas de certos elementos de liga, por oxidação e es-
corificação, formação de carbetos, volatilização, segregação e outros mecanismos, dependendo do
revestimento e dos parâmetros de soldagem. Observe:
» O carbono tende a aumentar em aços de baixo carbono (até 0,08%C), na composição química da
zona fundida, e a diminuir de 10 a 50% em teores maiores (0,10% e maiores).
» O molibdênio, fósforo, enxofre e níquel praticamente não são afetados.
» O nióbio, titânio, cromo e manganês tendem a se reduzir em proporção que depende dos parâme-
tros de soldagem. O silício tende a aumentar.
E mesmo a especificação dos elementos de liga de um eletrodo obedece a uma faixa e não a uma com-
posição definida. Para entender essa afirmação, clique no ícone e conheça o exemplo do eletrodo E309:
Com esses limites temos um retângulo e não um ponto no diagrama, Figura 7.114. Entretanto, para fins
práticos usamos o centro do retângulo, que indica uma composição média.
Níquel equivalente (Cr +30C + 0,5Mn)
Austenita
309
Martensita
Ferrita
Inicialmente, deve-se calcular o cromo e níquel equivalente para o metal base e para cada consumível,
Tabela 7.28, e posteriormente colocar os pontos nos diagramas de Schaeffler. Posteriormente, deve-se
traçar uma reta entre o metal base e o consumível e aplicar a regra da alavanca para uma diluição de 25%.
Somente para ratificar que como a diluição é o percentual do metal base no metal de solda deposi-
tado, uma diluição de 100% seria uma solda autógena e ponto ficaria sobre o metal de base, e uma
diluição de 0% seria sobre o metal de adição que não teria nenhuma interação com o metal base, se-
melhante a uma brasagem.
Material %Cr %Mo %Ni %C %Nb %Si %Mn Nieq. Creq. Figura
Tabela 7.28 – Composição química e cromo e níquel equivalente para a soldagem heterogênea do exemplo.
Fonte: OS AUTORES, 2019.
Com o eletrodo AWS 308L (consumível nº 2), Figura 7.115, obtém-se uma microestrutura do metal de-
positado de martensita e austenita. Apesar de ser um eletrodo projetado para a soldagem de aços inox
austeníticos, esse consumível não recomendado nesta configuração de soldagem heterogênea por au-
mentar o risco de trinca a frio pela presença de martensita no metal de solda.
Níquel equivalente (Cr +30C + 0,5Mn)
Austenita
Metal de
solda 2
Martensita
Ferrita
Austenita
Metal de 3
solda
Martensita
Ferrita
Figura 7.116 - Aço 4340 soldado com eletrodo AWS 309L. Fonte: OS AUTORES, 2019.
Por sua vez, a utilização do eletrodo AWS 309MoL (consumível nº 4), Figura 7.117, fornece uma estru-
tura de austenita com 7% de ferrita delta, dentro da faixa considera ideal. Dessa forma o metal de
solda austenítico, não tem risco de trinca de solidificação, fazendo com que esse consumível seja o
mais adequado para a soldagem heterogênea do aço 4340.
Níquel equivalente (Cr +30C + 0,5Mn)
Austenita
4
Metal
de solda
Martensita
Ferrita
Figura 7.117 - Aço 4340 soldado com eletrodo AWS 309MoL. Fonte: OS AUTORES, 2019.
2. CASO
Soldagem de tubulação de aço-liga ASTM A 335 gr. P5 com eletrodo revestido austenítico AWS.E.309.16, Fi-
gura 7.118. Antes de observar a figura, clique no ícone e veja a composição do aço e do eletrodo deste caso:
Informação Importante
Composição Química do Aço A 335 gr. P5:
Metal
de solda 309
diluição 50%
P5
Martensita
Ferrita
Figura 7.118 – Diluição de 50%com metal base de A 335 g P5 e adição de E309. Fonte: OS AUTORES, 2019.
A solda heterogênea em tubulações de aços com 5%Cr0,5%Mo visa, além de outros aspectos, evitar
o tratamento térmico da junta soldada, em muitos casos difícil e caro, além de ser um procedimento
mais demorado.
Metal de Base
Eletrodo
1 2 3 4 5
Com uma diluição de até cerca de 45% vemos no diagrama que a estrutura da ZF será
austenítica. Como a diluição normal obtida em uma soldagem a arco com eletrodo reves-
tido é da ordem de 10 a 30%, portanto menor que 45%, não consideramos o problema de
têmpera e trinca a frio, embora deva ocorrer têmpera em uma pequena faixa de ZAC.
A C B
C W
A B
1 2
Figura 7.119 – Sequência de soldagem considerando a diluição. Fonte: Os Autores, 2019.
» No 1º passe houve uma participação de 15%A, 15%B e 70%C, numa diluição total de 30%.
» No 2º passe houve participação de 2%A, 2%B,16%W e 80%C, numa diluição total de 20%, mas de
apenas 8,8% [(2% de A e 2% de B) + 16% x 0,30 (1º passe)], se considerarmos apenas o aço da tubu-
lação e o aço de eletrodo.
A tendência é, pois, a diluição se reduzir até praticamente se anular nos últimos passes, podendo dar
ferrita, o que seria benéfico.
Os cuidados a tomar, principalmente com relação aos primeiros passes, serão com respeito à sensitiza-
ção e trinca à quente, problemas característicos da soldagem de aços austeníticos. O ideal, entretanto,
seria a escolha de um eletrodo cuja composição fosse a do E 309 Mo (23% Cr, 12% Ni e 3% Mo), que daria,
dependendo da diluição, uma zona fundida cuja composição caísse dentro da região de segurança, onde
praticamente não haveria possibilidade de problemas.
Importante!
3. CASO
Um caso interessante de ser analisado, é o revestimento de uma chapa de 1” de aço carbono PN1 Gr.3
ASTM A 516 gr. 70 com aço inox 316 L para trabalhar em meio contendo ureia.
Composição do 316 L
Antes de observar a figura, clique no ícone e veja as composições:
Informação Importante
0,035% C 0,75% Si 2,00% Mn 0,040% P 0,030% S 18% Cr 2% Mo
Metal
de solda 316L
diluição 25%
Martensita
A516Gr.70
Ferrita
Figura 7.120 - Diluição de 25%com metal base de A 516 gr.70 e revestimento de E316L.
Fonte: OS AUTORES, 2019.
Localizando no diagrama as composições químicas relativas ao metal de base e ao eletrodo, vemos que
até cerca de 20-25% de diluição o metal de solda será totalmente austenítico, Figura 7.120. Como em
revestimentos o objetivo é ter uma alta taxa de deposição e baixa diluição, não haverá perigo de, no 1º
passe, haver martensita, excedendo a diluição a 25%. Os cuidados serão então tomados considerando
uma estrutura totalmente austenítica.
Sendo baixa a diluição, já no 2º passe poderemos raciocinar como a composição da zona fundida sendo
a do próprio metal depositado, isto é, considerando diluição nula. Ficaríamos então com a questão dos
problemas de soldagem no 1º passe, e as propriedades desejadas do metal depositado no último passe
(em geral o 2º).
Atenção
O ideal, entretanto, seria usar um outro eletrodo, digamos, E 308L ou 312 para o 1º passe. Dessa forma,
a zona fundida cairia então na faixa livre de defeitos. No 2º passe, usaría-se o eletrodo definitivo, cuja
composição deve ser prevista para evitar ou minimizar os problemas de soldagem.
1 2 3 4
Essas condições são preenchidas facilmente pelo processo de arco submerso e eletroescória. Para
aumentar o rendimento do arco submerso utiliza-se fita em substituição ao arame. As fitas são em geral
de 60, 90 e 120 mm de largura, já sendo experimentadas fitas de 180 mm e até mais largas.
Importante!
A diluição varia normalmente entre 10 e 15%. Uma diluição menor que 10%, além de difícil de ser obti-
da, pode comprometer a deposição, aumentando a probabilidade de haver falta de fusão. Entretanto a
diluição, que é controlada pelos parâmetros de soldagem, deve ser regulada em função da composição
desejada e do teor de ferrita.
Um problema que ocorre, então, é a dissipação de calor, que requer, devido às altas taxas de calor
produzidas, um resfriamento adicional, ou uma espessura mínima da chapa base, que no caso da fita
de 120 mm é de 2”, sem resfriamento extra.
» do eletrodo;
» da diluição;
» das perdas de elementos de liga;
» da composição do fluxo.
As propriedades ainda dependem dos parâmetros da soldagem. Para se aumentar a taxa de deposição
pode-se aumentar a corrente e/ou a voltagem, sem aumentar muito a diluição, embora o limite máximo
seja fixado pelas propriedades físicas da escória.
Quanto à composição química, para uso em meios contando ureia, é sempre usada a deposição em 2 pas-
ses. Uma das razões é que o teor de C deve ser baixo e em 1 só passe ele sempre está acima de 0,035%,
mas pode cair a 0,02% no 2º passe. Outro requisito é o teor de ferrita, que não pode ser nulo, para evitar
trinca a quente, mas não deve exceder a um certo valor limite por várias razões, que serão vistas mais
adiante. No caso de aço 316, o teor de ferrita-δ ótimo foi determinado como estando entre 1 e 2%.
Para se garantir esse teor, não basta utilizar o diagrama de Schaeffler, por causa da sua precisão. Tem-se
que, na prática, fazer experiências, e determinar mais precisamente o teor de ferrita.
4. CASO
Soldagem de chapas de aço C de ½” de espessura de A-516 gr.60 revestidas com aço inox AISI 405 (410
S) utilizando eletrodos austeníticos de denominação, MAS E 509.16.
Informação Importante
% C = 0,21% % Mn = 0,56 a 0,94% % P ≤ 0,035 % S ≤ 0,04 % Si = 0,13 a 0,33%
O 410éS
410
O 405 éferrítico, não
atése
martensítico.
dispensa, tempera,
Apresenta
uma masteor
um
espessura temde
crescimento
limite C de
(da de3/8”),
até 0,15%
ordem de grão, setratamento
e não
o submetido
tem por
sermuito
usadotempo
Al. Paratérmico. (nas
em soldas
soldagens) a temperaturas acima de 1000
necessita de tratamento térmico de revenido. °C. Tem um teor máximo de 0,08% de C e de 0,10 a 0,30%
de Al para garantir a não formação de martensita, ou a formação de pequena quantidade apenas.
Para espessuras maiores que o valor limite, ou em equipamentos mais antigos, de 405 ou 410, para evi-
tar o tratamento térmico, o que se faz é soldagem heterogênea, segundo o esquema, Figura 7.121, com
baixa energia.
O problema de trabalho (e de soldagem) que pode aparecer é a dilatação térmica diferencial, quando
trabalhando em temperaturas elevadas, o que tem ocorrido. Nesses casos se usa o INCONEL 182 ou
INCOWELD A, austeníticos, de coeficiente de dilatação próximo aos dos aços C e que evitam o problema
da migração de carbono. Suponhamos, entretanto, que a temperatura não seja elevada o suficiente e
permita o uso do 309.
Austenita
309
Martensita
A516Gr.70
410
Ferrita
405
Inicialmente se faz o enchimento do chanfro da chapa base, segundo o procedimento apropriado. A se-
guir faz-se o revestimento com o eletrodo E 309.15 ou 16, Figura 7.123. Nos passes de canto, a diluição
deve ser considerada como a participação meio a meio da chapa base e do revestimento.
Aço-C
Figura 7.123 – Diluição do revestimento 309 na chapa de aço 405. Fonte: OS AUTORES, 2019.
Nessa situação vemos pelo diagrama que até cerca de 30-35% de diluição, a estrutura da ZF ainda será
austenítica, portanto requer cuidados quanto à trinca de solidificação. Nos passes seguintes será tam-
bém austenítica, até os últimos passes (nas últimas camadas), onde deve haver alguma ferrita.
1 2 3 4
Aços de carbono controlado da série AISI 3XXH empregados em serviços em alta
temperatura, com teores de carbono compreendidos entre 0,04% a 0,1%.
Determine a relação Creq /Nieq para os seguintes aços e preveja o modo de solidificação deles para ve-
locidade de solidificação 1 mm/s, bem como a susceptibilidade à trinca a quente.
SOLDABILIDADE
De Long estudou a influência dos vários parâmetros dos processos mais usados (GMAW, GTAW, GTAW,
SMAW, SAW), como corrente, tensão, velocidade de soldagem, considerados no “Heat Input” (HI) e con-
cluiu que os parâmetros poderiam variar numa ampla faixa (digamos, 10 a 50 KJ/cm), que não influencia-
riam significativamente o número de ferrita, que deve ficar entre 5 e 10 para que fosse diminuído o risco
de trinca de solidificação como visto no capítulo anterior.
11
10
Figura 7.124 – Diagrama de DeLong. Fonte: Aula de Soldagem de Aços Inoxidáveis de Antonio Ramirez no
curso de Especialização em Engenharia de soldagem da UP, 2011.
De forma geral, apresentam boa soldabilidade, entretanto são susceptíveis à precipitação de carbetos
(sensitização) nas ligas com maior teor de carbono em aportes térmicos mais elevados. São susceptíveis
à trinca a quente (solidificação, liquação, redução da ductilidade). Esse fenômeno ocorre especialmente
em ligas sem ferrita delta ou com número de ferrita - FN inferior a 3, quando o material contém impu-
rezas como S, principalmente, e P (dentre outros) pela formação de eutéticos de baixo ponto de fusão.
Esse percentual de ferrita é garantido com a utilização de um consumível que permita que a compo-
sição do metal de solda fique entre 5 a 10%, como o eletrodo ER309. A trinca de solidificação pode
ser controlada pela presença de ferrita e pelo controle do modo de solidificação, FA, decorrente da
composição do consumível e velocidade de resfriamento da poça de fusão.
Existem, entre as fases encontradas por Schaeffler, regiões de intersecção, onde destacamos no dia-
grama a região austeno-ferrítica onde se encontram várias curvas que expressam o teor de ferrita na
estrutura. D. Seferian propôs uma fórmula derivada do diagrama, para calcular a percentagem de ferrita
em uma soldagem onde a composição é tal que a estrutura seja austeno-ferrítica.
A medição do FN indica um valor médio. Em pesquisas recentes, levantou-se a seguinte tabela, que for-
neceu para vários FN medidos, a variação local máxima encontrada.
O número de ferrita deve ser medida na condição de após soldado. Ele também varia com a deforma-
ção, para aços não estruturalmente estáveis (com teores de Ni menores que 8%). O FN pode aumentar
quando, pela deformação, alguma austenita se transforma em martensita. O tratamento térmico pode
reduzir o FN.
» UTILIZAÇÃO
A fabricação de tubulações, estruturas e equipamentos em aços inoxidáveis deve ser feita em área se-
gregada e protegida, de preferência em galpão separado de outros materiais. Os dispositivos auxiliares
de montagem em contato ou soldado no equipamento devem ser de material do mesmo “P-number” do
metal de base, segundo a classificação do ASME BPVC Section IX ou, então, revestido com o consumível
especificado para soldagem do metal de base em depósitos de, no mínimo, duas camadas.
Atenção
As ferramentas de remoção de escória, de limpeza e de corte devem ser utilizadas apenas para estes
materiais e devem atender às seguintes condições:
A abertura da raiz deve ser um pouco mais larga que a comumente usada para os aços-carbono, pois
a raiz tende a fechar mais, podendo resultar em falta de fusão. Isso é decorrente da menor fluidez da
poça de fusão e do coeficiente de expansão térmica ser aproximadamente 50 % superior ao aço carbono
B B
A
R
C C C
A
A
D
E
Na soldagem do aço inoxidável austenítico alguns detalhes de extrema importância não devem ser ne-
gligenciados para a redução do risco de trinca de solidificação, tais como:
1 2 3 4 5
A soldagem deve ser realizada com passes retilíneos e baixo aporte térmico. O aporte para os proces-
sos de alta densidade de corrente, como o SAW, GMAW e FCAW, não deve exceder a 2,5 kJ/mm. Para os
processos GTAW, PAW e SMAW não deve exceder a 1,5 kJ/mm, exceto para o AISI 317(L), no qual o aporte
A sensitização é a precipitação de carbetos de cromo nos contornos de grão. Essa precipitação gera
zonas desnudas de cromo favorecendo a corrosão dessas ligas, Figura 7.126.
C C Cr Cr
C C Cr
C Cr
C
C Cr Cr Cr
C C Cr
C Cr Cr
C
Cr Cr
C C Cr
C
C Cr Cr
C
C C Cr
C C Cr Cr
Cr
C Cr
Precipitação de
carbetos nos
contornos de grão
ricos em cromo
Região adjacente
ao contorno
empobrecida de
cromo sujeita a
corrosão
intergranular
Figura 7.126 – Sensitização dos aços inoxidáveis austeníticos. Fonte: OS AUTORES, 2019.
Na soldagem, essa região não fica adjacente ao cordão de solda, mas na faixa de precipitação desses
carbetos, entre 530 e 760ºC. Figura 7.127.
Atenção
Esse problema é sério, já que não é detectável nos ensaios de qualificação, pois não
é requisito dessas normas.
Na soldagem de campo, a prática mais efetiva é diminuir ao máximo o tempo na temperatura de forma
a evitar a precipitação do carbeto de cromo. Observe o que mostra a Figura 7.128:
1. Um ciclo térmico adequado, curva verde, cujo tempo de permanência na faixa de temperatura de
sensitização não foi suficiente para que houvesse a precipitação de carbeto de cromo, e uma tem-
peratura de operação que não entra nessa faixa.
2. O ciclo térmico, representado na curva laranja, foi adequado, todavia a faixa de operação fez com
que essa junta estivesse em uma faixa de sensitização.
3. Na curva vermelha, apesar da operação estar fora da região de sensitização, o aquecimento da
junta fez com o tempo de permanência na região de sensitização fosse demasiado e, dessa forma,
a junta foi sensitizada durante o processo de soldagem.
Região de
Temperatura
sensitização
Sensitização em serviço
Log tempo
Figura 7.128 – Faixa de sensitização com diferentes ciclos térmicos e temperaturas de operação.
Fonte: os autores, 2019.
Para prevenir a situação mostrada na curva vermelha, a norma N-133 traz práticas de soldagem, que
impedem um tempo elevado nessa faixa de temperatura que favorece essa precipitação. Assim, todos
os requisitos que aumentem a taxa de resfriamento dessa região, como limitação do aporte térmico,
ausência de preaquecimento e TTAT e limitação da temperatura de interpasse máximo descritos na nor-
ma têm esse objetivo. A temperatura interpasse deve ser mantida o mais baixo possível, não devendo
exceder a 150 ºC, exceto para o aço 317L que não deve exceder 120 ºC.
Importante!
Na etapa de projeto, pode-se restringir o conteúdo de carbono, ou seja, utilizar aços austeníticos tipo “L”
para o metal base e os metais de adição. Dessa forma, a fração volumétrica de carbono não é suficiente
para reagir com o cromo para formar carbeto de cromo, deixando que esse atue efetivamente na prote-
ção à corrosão do aço.
Também pode-se projetar aços estabilizados ao Ti (AISI 321) ou Nb (AISI 347) em aplicações que a faixa
de utilização do aço seja a região de precipitação de carbeto de cromo. Tanto o nióbio quanto o titânio
formam carbetos mais estáveis do que o cromo, impedindo que esse reaja com o carbono. Para entender
essa estabilidade, clique no ícone e veja como ocorre o processo de estabilização:
Nesses aços, entretanto, constatou-se que, em presença de ácido nítrico a quente, ocorreu um tipo de
corrosão intergranular que foi denominada corrosão em linha de faca (knife-line attack). Ela é similar
à corrosão intergranular, pois em ambos os casos o aspecto intergranular e verificado e por serem obser-
vadas na ZAC das juntas soldadas. Todavia, há diferenças que nos permitem distingui-las, a corrosão em
linha de faca ocorre adjacente à zona fundida na região de grãos grosseiros, em uma faixa muito estreita
da ZAC, enquanto a intergranular é observada em uma faixa mais larga e mais distante do cordão.
O mecanismo dessa corrosão em linha de faca se baseia na solubilidade dos carbetos e/ou carbonitre-
tos de nióbio e titânio que se dissolvem em temperaturas superiores a 1232°C e, por causa, da elevada
taxa de resfriamento da ZAC a reprecipitação desses carbetos estáveis não ocorre. Entretanto, na faixa
de aplicação desses aços nessa região, a precipitação dos carbetos de cromo ocorre preferencialmente,
degradando as propriedades de corrosão da liga.
Dissolução de carbetos
estáveis na RGG
com T > 1232ºC
Região de
RGG dissolução
Início da dissolução do carbeto Metal
líquido
de cromo e precipitação
do carbeto Precipitação de carbetos
de cromo em operação
T > 500ºC Perda da
resistência
RGG
à corrosão
Metal
Carbono em solução sólido
Aço estabilizado com
sólida supersaturada
carbeto de Nb ou Ti Região
em temperatura ambiente RGG solubilizada
Metal
sólido
Figura 7.129 – Representação do mecanismo da corrosão em linha de faca. Fonte: OS AUTORES, 2019.
A soldagem pelos processos GTAW e GMAW deve ser realizada com gás de proteção, isento de oxigênio,
na raiz da solda para proteção da zona fundida e ZAC. A purga representação de um sistema está mos-
trada na Figura 7.130. Esta proteção deve ser mantida até ser completada a terceira camada de solda ou
6,3 mm, garantindo a ausência de oxigênio. Para o caso de solda de encaixe ou selagem a necessidade
de purga é obrigatória até a espessura de 6,3 mm do material de base. Acima desta espessura deve ser
avaliada. Argônio e hélio podem ser empregados como gás de purga.
Isolamento
Entrada
de gás
inerte
A utilização de nitrogênio como gás de purga deve ser analisada com cuidado. O nitrogênio é um ele-
mento austenitizante e, em contato com o metal líquido na soldagem do passe de raiz, pode diminuir o
FN para valores que possam ficar abaixo de especificado para a soldagem do valor aceitável para que
seja evitada a trinca de solidificação. Deve ser avaliado:
Na soldagem de campo em que o ponto de medição de oxigênio está muito longe do ponto específico da
solda, deve ser avaliada a melhor configuração e ponto de medição de forma que seja evitada a oxidação
interna da linha.
O metal de base contaminado e as regiões de face e raiz acima do especificado devem ser tratadas
após soldagem, por isso o cuidado com a purga é essencial. Em casos gerais, a camada passivada pode
ser restaurada através da eliminação da camada oxidada formada a alta temperatura, seja por ataque
químico controlado, lixamento ou jateamento com esferas de vidro, este último indicado para grandes
superfícies.
A limpeza com ácido requer cuidados quanto à contaminação do meio ambiente e a saúde do aplica-
dor. Em aplicações nas quais é requerida resistência à corrosão, é indicada passivação imediatamente
após o lixamento ou ataque químico. A decapagem e a passivação devem ser conforme ASTM A 380.
Importante!
ER35Ni-25Cr- ER310H
HK-40 - - E310-H (Nota 1) -
0,4C (Nota 1)
NOTA 1 O eletrodo e vareta não devem ser utilizados em equipamento que opere sob pressão.
NOTA 2 Para temperatura de operação superior a 400 ºC e espessura qualquer, podem ser usados consumíveis cuja com-
posição química do metal depositado seja igual à do eletrodo AWS A5.4, E16-8-2 com 1 a 5 FN.
NOTA 3 Consumível com carbono mínimo de 0,04 %C.
NOTA 4 A posição de soldagem é indicada pelo fabricante EXXXTX-X, se dígito 0 posição plana e horizontal (EXXXT0-X),
se dígito 1 todas as posições (EXXXT1-X).
NOTA 5 Apenas o consumível apresenta especificação/classificação AWS, não havendo o mesmo para o fluxo.
Nas classificações 308, 316, 317 e 321 o teor de ferrita mínimo nos depósitos deve ser de 3 % ou 3 FN.
Para a classificação 347 deve ser de 5 % ou 5 FN. O teor máximo de ferrita deve ser inferior a 8,5 % ou 9 FN
nos aços expostos à alta temperatura (≥ 370 ºC), ou que durante a fabricação sejam submetidos a pelo
menos um ciclo de TTAT (revestimento / “weld overlay”). A medição da ferrita deve ser realizada antes
do TTAT e a calibração do instrumento ferritoscópio realizada conforme AWS A4.2 ou através de avalia-
ção quantitativa microestrutural. A ferrita deve ser medida na fase de qualificação de procedimento de
soldagem e quando solicitado e comprovado na soldagem de fabricação.
Mais de dois reparos no mesmo local pode degradar irreversivelmente a resistência a corrosão em
função da precipitação de carbetos ou fases intermetálicas. Neste caso, a junta deve ser avaliada
quanto à presença de precipitados, e se comprovada a existência deles ela deve ser removida, inclusi-
ve a ZAC, e o trecho substituído.
Atenção
bombas, tanques
evaporação salina,
de produtos quí- extratores de
tubulações, bom-
Processamento micos, serpenti- ureia, reatores agi-
tubulações bas, sistemas de
Químico nas para fusão de tadores e trocado-
refrigeração de
enxofre e centri- res de calor
água do mar.
fugadores
reatores tu-
unidades de carcaças de bom- Tubulações para
bulares com
Petroquímico dessalinização e bas de dessulfu- meios contendo
revestimento
destilação ração Cl- ou HCl
de carbono
digestores,
digestores con- equipamento de
preaquecedo- digestores e prea-
Polpa e papel tendo sulfatos e branqueamento
res e evapora- quecedores
sulfitos contendo cloretos
dores
Sistemas de refri-
refrigeradores, transporte de gás
Extração de estruturas e geração, bombas,
tubulações e sulfuroso, bombas
Petróleo e gás revestimentos separadores,
linhas de dis- de injeção de água
(on e off-shore) (H2S + CO2) vasos de pressão
tensão salgada
e válvulas
Tabela 7.31 – Aplicações dos aços inoxidáveis duplex com diferentes PRE.
Fonte: aula soldagem de inox especialização em soldagem Antonio Ramirez, 2011.
Os aços inoxidáveis duplex solidificam como 100% de ferrita e a fração volumétrica de ferrita se transfor-
ma em austenita no estado sólido durante o resfriamento em temperaturas por volta de 1040 °C, Figura
7.132. Esse comportamento é realizado aumentando o cromo e diminuindo o níquel em comparação com
os graus austeníticos. O nitrogênio é adicionado deliberadamente para acelerar a taxa de formação de
austenita durante o resfriamento. Os aços inoxidáveis duplex são ferromagnéticos.
800
400
5 10 15 20 25 %Creq
25 20 15 10 5 %Nieq
Figura 7.132 – Diagrama pseudo-binário com 60% de ferro para diferentes Creq/Nieq.
Fonte: OS AUTORES, 2019.
Na soldagem, a cinética das transformações em altas temperaturas é muito maior do que nas mais bai-
xas. Isso faz com que seja necessário um tempo adequado para que essa transformação efetivamente
aconteça. Observamos, também, a evolução das ligas com o aumento do teor de cromo e, consequente-
mente, do PREN.
Atualmente tem se adotado a classificação dos diferentes graus baseado na composição química e no
PREN, segundo as seguintes fórmulas:
Atenção
NOTA: As duas expressões têm sido utilizadas e atendem respectivamente aos aços
sem e com W.
Eles combinam maior resistência do que os aços inoxidáveis austeníticos com propriedades de fabrica-
ção semelhantes às austeníticas e com resistência à SCC por cloreto dos aços inoxidáveis ferríticos. A
classe mais comum é 2205 (UNS S32205), consistindo em 22% Cr, 5% Ni, 3% Mo e 0,15% N.
1 2 3 4
Mo, W, Si
Si
- fase r
- fase π
- fase ε (Cu)
Cr, Mo, Cu, W - fase α’
300 - fase G
Tempo
Figura 7.133 – Representação da precipitação de fases e a influência dos elementos de liga nas curvas.
Fonte: RAMIREZ, 2011, adaptado pelos autores.
AO
O presença
nitrogênio
manganês émolibdênio,
deestabiliza dentro
um endurecedor domas
por
a austenita, filme
soluçãopassivo
não sólida dos açosoinox
intersticial
é eficaz como queduplex,
aumenta
níquel. e oaefeito
Portanto, sinérgico
resistência éentre
mecânica
o nitrogênio adi-
os
dosóxidos/hidróxidos
cionado inox duplex.deTambém
açossimultaneamente cromo eaumenta
com o molibdênio
manganês melhoram
a resistência
nos a estabilidade
ao
aços inox pite depara
duplex do filme
açosequilibrar
inox contra
duplex corrosão
umae diminuição
se por
concentra,
no
principalmente,
pitting. na interface do metal e do filme passivo.
conteúdo de níquel.
Atenção
A adição de cobre é benéfica para aumentar a resistência de aços inox duplex em soluções não oxidantes.
Seu conteúdo é limitado a 2,5%, pois um conteúdo mais alto reduz a ductilidade a quente.
A relação ferrita/austenita nos aços inox duplex deve estar próxima de 50:50 e as adições de elementos
de liga apropriados são realizadas para alcançar as microestruturas e propriedades mecânicas deseja-
das. Uma ampla variação de aços inox duplex com diferentes elementos de liga foi desenvolvida.
Ao longo da sua evolução esses aços inoxidáveis têm sido referenciados comercialmente de três ma-
neiras: duplex, superduplex e hiperduplex, Tabela 7.32. Todos apresentam estrutura austeno-ferrítica.
Basicamente a diferença entre eles está no conteúdo dos elementos de liga, em especial o cromo, e,
consequentemente, no valor de Número de Resistência Equivalente ao Pitting (PREN).
DUPLEX - 22 Cr STANDARD
2205 S31803 1.4462 0,03 21,0-23,0 4,5-6,5 2,5-3,5 0,08-0,20 2,00 - - 30,5
2205 S32205 1.4462 0,03 22,0-23,0 4,5-6,5 3,0-3,5 0,14-0,20 2,00 - - 34.1
2520 S32520 1.4507 0,03 24,0-26,0 5,5-8,0 3,0-4,0 0,20-0,35 1,50 0,5-2,0 - 37,1
F255 S32550 1.4507 0,04 24,0-27,0 4,5-6,5 2,9-3,9 0,10-0,25 1,50 1,5-2,5 - 35,2
2507 S32750 1.4410 0,03 24,0-26,0 6,0-8,0 3,0-5,0 0,24-0,32 1,20 0,50 - 37,7
Zeron100 S32760 1.4501 0,03 24,0-26,0 6,0-8,0 3,0-4,0 0,20-0,30 1,00 0,5-1,0 0,5-1,0 40,0
1,50-
DP3W S39274 - 0,03 24,0-26,0 6,0-8,0 2,5-3,5 0,24-0,32 1,00 0,2-0,8 38,6
2,50
HIPERDUPLEX
2707 S32707 - 0,03 26,0-29,0 5,50-9,50 4,0-5,0 0,30-0,50 1,50 1,00 - ≥48
3207 S33207 - 0,03 29,0-33,0 6,00-9,00 3,0-5,0 0,40-0,60 1,50 1,00 - ≥48
Tabela 7.32 – Composição Química (% em Peso) dos Principais Aços Inoxidáveis Duplex.
Fonte: N-133, 2018.
Todavia, essas práticas fazem com que a transformação da ferrita em austenita, como visto anterior-
mente, no estado sólido fique dificultada pelo tempo exíguo nessa região de transformação, fazendo
com que seja observado um desbalanço de fases com predominância da fase ferrítica.
Importante!
No metal de solda, podemos corrigir esse efeito com ajustes no eletrodo com aumento do percentual
de níquel no consumível, uma vez que ele é um elemento austenitizante. Além disso, pequenas adições
de nitrogênio podem ser utilizadas no gás de proteção e purga para auxiliar nesse desbalanço, pois o
nitrogênio também é austenitizante, conforme ilustrado para o aço superduplex 2507 na Tabela 7.33.
Apesar desse efeito ser importante para o metal de solda, ele não tem influência nenhuma na ZAC,
Figura 7.134.
100
Liga 2205
80
70
60
50
Metal de solda
40
30
0 5 10 15 20
Nitrogênio no gás de proteção, %
Figura 7.134 – Efeito do nitrogênio no gás de purga na soldagem da liga duplex 2205.
Fonte: RAMIREZ, 2011, adaptado pelos autores.
Assim, os metais de adição com maiores teores de níquel garantem propriedades do metal de solda compa-
tíveis com o metal de base. Quanto maior a relação Creq /Nieq , maior será a retenção da ferrita na soldagem.
Além disso, o rígido controle da taxa de resfriamento faz com que evitemos esses dois efeitos. O Δt12/8 é
utilizado para estimar a microestrutura final, Figura 7.136.
Nota: O ∆t12/8 é análogo ao ∆t8/5 usado na soldagem de aços carbono e baixa liga se
constituindo no tempo de resfriamento entre 1200ºC e 800ºC, região de interesse
indicativa na transformação da fase ferrítica em austenítica.
Nesses aços, um número de ferrita entre 60 e 120 é possível para a maioria dos duplex. Em percentuais
mais elevados ela se comporta como se fosse um aço inox ferrítico.
Em função do elevado teor de nitrogênio nos aços duplex e do nitrogênio possuir uma menor solubilida-
de na ferrita do que na austenita, há possibilidade de precipitação de nitreto de cromo.
Figura 7.137 – ZAC distante 250 µ da linha de fusão com presença de nitretos de cromo intergranular e intra-
granular e de austenita secundária. Fonte: TAVARES, 2015.
Esses nitretos de cromo ao serem reaquecidos, em uma soldagem multipasse, fazem com que seja nu-
cleada uma austenita secundária, Figura 7.138. Ela apresenta um menor conteúdo de cromo e molib-
dênio, enriquecimento em níquel e nucleia intergranular e intragranularmente. Decorrente disso, essa
austenita danifica a resistência a corrosão por pites, apesar de melhorar a tenacidade.
Diversas normas técnicas trazem restrições de aporte térmico na soldagem dos aços inox duplex.
Todavia, essa simples consideração pode incorrer em erros graves de avaliação, pois a variável de
interesse é a taxa de resfriamento, mostrada na Figura 7.136. Ciente disso, a norma N-133 fez uma
correção desse conceito na Tabela 7.34 e trouxe duas informações fundamentais, a espessura e a relação
Creq / Nieq na divisão entre aços duplex e aços superduplex e hiperduplex. Observe a tabela e clique no
ícone abaixo para entender o conceito de restrição de taxa de aporte.
Informação Importante
O conceito simplificado de restrição da faixa de aporte, entre 0,5 e 2,0 kJ/mm para o aço du-
plex 2205, poderia ocasionar um desbalanço de fases com um percentual de ferrita elevado
na soldagem em espessuras acima de 20 mm com o aporte mínimo de 0,5 kJ/mm ou gerar
a precipitação de fases deletérias, em especial a fase sigma, na soldagem de espessuras
inferiores a 7 mm e aporte térmico de 2,0 kJ/mm.
Duplex 0,5 a 1,2 kJ/mm 0,7 a 1,5 kJ/mm 1,0 a 2,0 kJ/mm
Superduplex e Hiperduplex 0,5 a 1,0 kJ/mm 0,7 a 1,2 kJ/mm 1,0 a 1,5 kJ/mm
NOTA Um aporte térmico de soldagem abaixo do especificado aumenta a velocidade de resfriamento, po-
dendo resultar em baixa formação de austenita. Um aporte térmico de soldagem acima do especificado pode
provocar a precipitação de fases deletérias, reduzindo as propriedades mecânicas e de resistência à corrosão.
Tabela 7.34 - Faixa de aporte térmico para a soldagem de aços-duplex superduplex e hiperduplex.
Fonte: N-133N, 2018.
Em nenhum caso o aporte térmico deve ser menor que 0,5 kJ/mm. Um aporte térmico de soldagem mui-
to baixo aumenta a velocidade de resfriamento, resultando em baixa formação de austenita que pode
ficar abaixo de 35 %. O ábaco na Figura 7.139 pode dar um indicativo do aporte térmico mais adequado
para cada faixa de espessura.
50
10
5
∆t1200-800, s
1
Espessura da chapa
3 mm
0,5 1,0 1,5
5 mm
0,5 1,0 1,5
10 mm
0,5 1,0 2,0 3,0
20 mm
0,5 2,0 4,0
Energia do arco, kJ/mm
O passe de raiz determina a qualidade da raiz e a microestrutura da ZAC. Já o passe frio, segundo
passe, determina o grau de reaquecimento, dano possível, na raiz e superfície da ZAC. A relação entre
os aportes térmicos do primeiro e segundo passe também é importante ser considerada, pois a região
de aquecimento do passe de raiz, região em contato com o fluido, também deve considerar a taxa de
resfriamento da junta, Figura 7.140.
Figura 7.140 – Relação de aporte térmico e resistência à corrosão. Fonte: N-133N, 2018.
1 2 3
Na solda 3, na sobreposição dos passes, que deve estar em torno de 85 %, esses efeitos são
mitigados.
Isso leva a uma baixa resistência a corrosão, Figura 7.141, além de uma possível fragilização. Esse efeito
de perda de resistência à corrosão é o mesmo observado no fenômeno de sensitização na soldagem dos
aços inox austeníticos.
30 1000
M23C6
Percentual de cromo
FERRITA 800
28
Cr2N
Temperatura, ºC
26 Empobrecimento 600
em cromo ao redor
da fase sigma
24
400
α’
Figura 7.142 – Micrografia do metal base de uma chapa de aço inox superduplex UNS S332750 revelando a
presença de fase sigma, a esquerda microscópio ótico e direita em MEV. Fonte: TAVARES, 2015.
Devido também à maior viscosidade dos consumíveis de aço inoxidável em relação aos aços C-Mn, a
preparação deve prever maior ângulo de junta do que para aqueles aços, minimizando os riscos de falta
de fusão.
Como nos inox austeníticos, os dispositivos auxiliares de montagem em contato ou soldado no equi-
pamento ou tubulação devem ser feitos de material de mesmo “P-number” do metal de base em con-
formidade com a classificação do ASME BPVC Section IX, ou revestido com consumível especificado
para soldagem do metal com no mínimo duas camadas.
Como na qualificação de procedimentos de soldagem somente são previstos ensaios de resistência me-
cânica e ductilidade, alguns aspectos de avaliação da corrosão, bem como microestruturais, devem ser
considerados adicionalmente aos requisitos do ASME BPVC Section IX pela norma N-133, como:
» ensaio radiográfico;
» ensaio por LP;
» ensaio de impacto;
» exame micro estrutural para detecção de precipitados;
» ensaio de suscetibilidade à corrosão por pites;
» contagem da fração volumétrica de ferrita na solda, que deve ficar na faixa de 35 % a 65 %, con-
forme descrito na Tabela 7.35.
ASTM G48 A, 24 h,
35 ºC para Super e
Um corpo-de pro- Sem “pitting” com aumento de 20X.
Corrosão “pitting” Hiper duplex (como
va, MS e ZTA Perda de massa não exceder 4,0 g/m2
soldado), conforme
DNVGL-ST-F101
Tabela 7.35 - Ensaios adicionais ao ASME BPVC Section IX. Fonte: N-133 N, 2021.
Atenção
São permitidos os processos de soldagem SMAW, GMAW, GTAW, PAW e SAW. Não é
permitido o processo FCAW.
O passe de raiz em juntas com acesso unilateral deve ser feito pelo processo GTAW ou PAW com em-
prego de gás de purga. Em casos nos quais a raiz da solda é acessível para goivagem com esmerilha-
deira, os processos GMAW-P e SMAW podem ser usados para o passe de raiz. Soldagem autógena,
bem como a utilização de outros processos, somente é permitida com uma minuciosa avaliação de que
as propriedades da junta soldada não sejam comprometidas.
A5.4/ A5.9/
S32003 E2209 E2594 ER2209 ER2594
A5.4M A5.9M
A5.4/ A5.9/
S31803 (2205) E2209 E2594 ER2209 ER2594
A5.4M A5.9M
A5.4/ A5.9/
S32205 (2205) E2209 E2594 ER2209 ER2594
A5.4M A5.9M
A5.4/ A5.9/
S32304 (2304) E2209 E2594 ER2209 ER2594
A5.4M A5.9M
A5.4/ A5.9/
S32520 E2553 E2594 ER2553 ER2594
A5.4M A5.9M
A5.4/ A5.9/
S32550 (F255) E2553 E2594 ER2553 ER2594
A5.4M A5.9M
A5.4/
A5.4M / A5.9/
S32750 (2507) E2594 - ER2594 -
A5.11/ A5.9M
A5.11M
A5.4/
A5.4M / A5.9/
S32760 (Z100) E2594 - ER2594 -
A5.11/ A5.9M
A5.11M
A5.4/
S39274 A5.4M / E2594 A5.9/
- ER2594 -
(DP3W) A5.11/ A5.9M
A5.11M
Tabela 7.36 - Consumíveis de aços inoxidáveis duplex e superduplex. Fonte: N-133 P, 2021.
Embora existam designações nacionais e internacionais para as ligas, nomes comerciais como Inconel e
Hastelloy são mais comumente usados.
Em termos de soldabilidade, essas ligas podem ser classificadas de acordo com os meios pelos quais os
elementos de liga desenvolvem as propriedades mecânicas, como ligas de solução sólida e ligas endu-
recidas por precipitação.
Atenção
N06625 625 61,0 0,05 0,25 2,5 0,008 0,25 - 21,5 0,2 3,65 0,2Al, 9Mo
N07718 718 52,5 0,04 0,18 18,5 0,008 0,18 0,15 19,0 0,90 5,13 3,05Mo
Tabela 7.37 – Composição nominal das principais ligas de níquel utilizadas na indústria
do petróleo. Fonte: N-133 P, 2021.
As ligas
As ligas de
de níquel endurecíeis
endurecimento porpor solução sólida
precipitação são níquel
incluem comercialmente
Ni-Cu-Al-Ti, Ni-Cr-Al-Tipuro, ligas de Ni-Cu e
e Ni-Cr-Fe-Nb-Al-Ti.
ligas
Essasmais
ligassimples
podem de
serFe-Ni-Cr. Essas
suscetíveis ligas são
a trincas soldadas por
no tratamento fusão,após
térmico normalmente
a soldagem.na condição reco-
zida. Como a zona afetada pelo calor (ZAC) não endurece, geralmente não é necessário tratamento
térmico após a soldagem, salvo em casos de elevadas restrições.
» SOLDABILIDADE
As ligas de níquel, de forma geral, apresentam soldabilidade semelhante aos aços inoxidáveis austení-
ticos de microestrutura integralmente austenítica e aos superausteníticos, sendo susceptíveis à trinca
de solidificação, liquação e ao fenômeno de redução da ductilidade, além de tendência à falta de fusão
pela baixa fluidez da poça de fusão. Em algumas ligas, quando soldadas com alto aporte térmico, pode
ocorrer a precipitação de carbetos e intermetálicos. No ASME BPVC Section IX estas ligas são designadas
pelos “P-number” de 41 a 49. A Tabela 7.38 traz os P-numbers de algumas delas.
A maioria das ligas de níquel pode ser soldada por fusão com GTAW e GMAW. Dos processos com pro-
teção por fluxo, o SMAW é frequentemente usado. Os processos SAW e ESW são restritos a ligas de
solução sólida e são menos utilizados.
Atenção
O GTAW deve ser preferido, especialmente nas ligas endurecíveis por precipitação
como a liga 718.
A soldagem deve ser normalmente realizada com baixo aporte térmico, por exemplo 0,5-1,2 kJ/mm para
se evitar o risco de trincas a quente. O aporte para os processos de alta densidade de corrente não deve
exceder a 1,8 kJ/mm. Para os processos GTAW e SMAW deve ser inferior a 1,5 kJ/mm, especialmente para
paredes mais finas (inferior a 6,25 mm).
A soldagem pelos processos GTAW, PAW e GMAW deve ser realizada com gás de purga na raiz da solda
isento de oxigênio para proteção da zona fundida e ZTA. Esta proteção deve ser mantida até ser comple-
tada a terceira camada de solda ou 6,4 mm, o que for maior, garantindo a ausência de oxigênio. Argônio
e hélio podem ser empregados como gás de purga. A purga deve garantir a expulsão de todo o oxigênio
na região da raiz e nenhuma soldagem deve ser realizada com o conteúdo de oxigênio superior a 1000
ppm ou mL/m3 (0,1 % de O2 ).
As ligas de solução sólida são normalmente soldadas na condição recozida e as ligas endurecidas por
precipitação na condição solubilizada. O preaquecimento não é necessário, a menos que haja risco de
porosidade pela condensação de umidade. Recomenda-se que o material que contém tensões residu-
ais seja solubilizado antes da soldagem para aliviar as tensões.
1 2 3 4
Como nos aços inoxidáveis, as ligas de níquel apresentam uma menor fluidez da poça. A falta de pene-
tração ou fusão é controlada pelo ligeiro aumento no ângulo do chanfro, redução da altura do nariz e
aumento da abertura de raiz. É fundamental o treinamento prévio do soldador, limpeza e remoção da
camada de óxido aderente.
A soldagem das ligas de níquel deve ser realizada com passes retilíneos. Para redução do risco de trinca
de solidificação, alguns detalhes de extrema importância não devem ser negligenciados, tais como:
» preparação da junta;
» limpeza superficial;
» quantidade de material depositado por passe na relação largura/profundidade igual a um;
» ligeira convexidade dos passes;
» velocidade de soldagem adequada de forma a evitar poça de fusão em forma de gota.
O risco de trincas de cratera pode ser amenizado através do treinamento dos soldadores na saída da
tocha. O perfil deve ser ligeiramente convexo. Normalmente, o TTAT não é necessário para restaurar
a resistência à corrosão, mas pode ser necessário tratamento térmico para fins de endurecimento por
precipitação ou alívio de tensão, a fim de evitar trincas por corrosão sob tensão.
A composição do metal de adição normalmente corresponde ao metal original. No entanto, a maioria das
cargas contém uma pequena montagem de titânio, alumínio e / ou nióbio para ajudar a minimizar o risco
de porosidade e trincas.
Os metais de adição para processos SMAW são cobertos na BS EN 18274: 2004 e nos EUA pela AWS
A5.14, Tabela 7.39 As cargas recomendadas para ligas selecionadas são fornecidas na tabela.
3525Ni-0,4C
HP(35Ni25Cr) - - - - -
(Nb)
Tabela 7.39 – Metais de adição para seleção de ligas de níquel. Fonte: N-133 P, 2021.
O preaquecimento não é necessário, contudo, pode ser aplicado para evitar a condensação de umida-
de que pode causar porosidade no metal de solda.
O tratamento térmico pós-soldagem não é necessário para recuperar a resistência a corrosão. Pode
ser necessário para alívio de tensões, quando requerido pelo código de fabricação, para evitar o endu-
recimento pelo envelhecimento da liga ou corrosão sob tensão por cloreto para aplicações soldadas
cuja aplicação seja na presença de vapores ácidos fluorídricos ou de soda cáustica.
Imperfeições como mossas, mordeduras, aberturas de arco e respingos devem ser cuidadosamente
eliminadas. As ferramentas de remoção de escória, de limpeza e de corte devem ser compatíveis com
as ligas de níquel e utilizadas apenas para estes materiais, não devendo conter compostos de ferro e
enxofre (ex.: sulfeto de ferro).
Na soldagem de ligas de níquel deve ser realizada limpeza dos biseis e varetas com solventes não clora-
dos, proteção contra vento e umidade, uso de ferramental de apoio específico para as ligas de níquel e
higiene funcional com a utilização de luvas e aventais no local de trabalho.
Contaminação pelo contato com enxofre, zinco, cobre, estanho e chumbo comprometem irreversi-
velmente as ligas de níquel quando expostos a alta temperatura. Não é permitido o uso de lápis de
temperatura e marcador industrial com estes contaminantes. Óleo de corte deve ser isento desses
elementos
As ligas de níquel são suscetíveis à fragilização pelo chumbo, enxofre, fósforo e outros elementos de
baixo ponto de fusão. Esses materiais podem ser encontrados em graxas, óleos, tintas, marcadores
industriais, lápis térmico, lubrificantes de corte, sujeiras e entre outros. As juntas soldadas têm que
estar livres desses materiais antes do início da soldagem em pelo menos 50 mm de distância em cada
lado da junta. Entenda de que forma alguns desses elementos e matérias podem ser removidos cli-
cando no ícone.
Informação Importante
Sujeiras, graxas e óleos podem ser removidos com utilização de vapor ou pelo esfregamen-
to com acetona ou outro solvente não tóxico. Óxidos também devem ser removidos pela
diferença entre as temperaturas de fusão dos óxidos e do metal base. Devem ser preferen-
cialmente removidos por esmerilhamento, usinagem, jateamento abrasivo ou decapagem.
Importante!
» trincas na solidificação de metais de solda: os fatores que controlam a fissuração por solidifi-
cação incluem liga, processo de soldagem e condições de soldagem. Por exemplo, a trinca por
solidificação é um fator que limita a aplicação da soldagem a arco submerso, tanto em relação
às ligas aplicáveis quanto às condições de soldagem. De um modo mais geral, esse tipo de trin-
camento leva à restrição do formato da solda, velocidade e técnica de soldagem. Algumas ligas
são mais sensíveis que outras. Por exemplo, algumas superligas fundidas são difíceis de soldar.
» trincas no tratamento térmico pós-soldagem: isso também é conhecido como trincas pelo en-
velhecimento ou trincas por reaquecimento. É provável que ocorra durante o envelhecimento
pós-solda das ligas de endurecimento por precipitação, mas pode ser minimizado pelo trata-
mento térmico pré-solda. O recozimento da solução é comumente usado, mas o excesso oferece
a condição mais resistente. A liga da liga 718 foi desenvolvida especificamente para ser resis-
tente a esse tipo de fissuração;
A falta de penetração ou fusão é controlada pelo aumento no ângulo do chanfro, redução da altura do
nariz e aumento da abertura de raiz, fazendo-se um paralelo com a soldagem de aços C-Mn. É funda-
mental o treinamento prévio do soldador, limpeza e remoção da camada de óxido aderente.
Vários projetos de juntas são utilizados na soldagem das ligas de níquel e a Figura 7.145 traz alguns
exemplos.
t
S
Cobrejunta S
Com cobrejunta de junta ou anel Com cobrejunta de metal de solda
t t
1,6
Cobrejunta S S
l
t
2,4 - 3,2
S
l
1,3 - 2,0
15º W
t
2,4
4,8 a 7,9.R S
Figura 7.145 – Configurações de chanfro a serem utilizadas na soldagem das ligas de níquel (dimensões em
polegadas) Fonte: https://www.specialmetals.com/assets/smc/documents/alloys/inconel/inconel-alloy-625.pdf
acessado em 8/11/19
Importante!
Para juntas soldadas acima de 9,5 mm, os chanfros duplo J e duplo U são preferidos. O
custo de preparação mais elevados é justificado pelo menor tempo de soldagem, menor
custo de consumíveis e menor nível de tensões residuais do que os chanfros simples.
O metal líquido das ligas de níquel apresenta uma fluidez muito menor do que o metal líquido do aço
carbono. Essa característica não pode ser compensada pela utilização de um aumento do aporte térmico
por causa do efeito da perda de elementos desoxidantes residuais que pode ocorrer. Dessa forma, ângu-
los maiores de chanfro e aberturas maiores de raiz podem ser necessárias.
Para
Os as juntas
chanfros
Para juntas deaté
mais 16 mm
solda de espessura,
em ângulo
espessas, devem
aquelas deve
ter serchanfro
ângulo
que tiverem previsto
emum
de 45º. pleno acesso
U devem a juntacom
ser usinadas e recomenda-se
15º e um raio
um chanfro
de 4,8 a 7,9 de
mm.60º.
Como falado anteriormente, os processos GTAW, GMAW e SMAW são utilizados. É possível fazer um
martelamento leve no primeiro passe que irá reduzir as tensões e reduzir a possiblidade de trincamento
na linha de junção entre o metal de solda e o metal de base, fato mais pronunciado nos fundidos. Caso
exista a possibilidade de manter o martelamento para todos os passes, ele deve ser feito, pois é benéfi-
co. O alívio de tensões depois da soldagem é desejado.
Atenção
Para entender quais são os gases de proteção utilizados, clique no ícone e compreenda cada um deles:
Informação Importante
O gás de proteção pode ser argônio, hélio ou a mistura dos dois. Adições de oxigênio, ni-
trogênio, CO2, nitrogênio ao argônio podem ocasionar porosidade ou desgaste do eletro-
do. Pequenas quantidades de hidrogênio, cerca de 5%, pode ser adicionado na soldagem
do níquel puro e pode evitar porosidade, bem como reduzir a formação de óxido durante
a soldagem.
» LIGA 625
A liga de níquel-cromo 625 (UNS N06625), INCONEL, é a mais usada na indústria do petróleo por sua alta
resistência, excelente capacidade de fabricação (incluindo união) e excelente resistência à corrosão. As
temperaturas de serviço variam de criogênico a 982ºC. A composição é mostrada na Tabela 7.40.
*Se determinado
Tabela 7.40 – Composição química limite para a liga 625, %. Fonte: https://www.specialmetals.com/assets/smc/
documents/alloys/inconel/inconel-alloy-625.pdf acessado em 8/11/19
1 2 3 4
Alta resistência à tração e à fluência, excelente resistência fadiga e à fadiga térmica; resis-
tência à oxidação e excelente soldabilidade são as propriedades da liga 625 que a tornam
interessante para grande parte das aplicações.
No campo nuclear, a liga INCONEL 625 pode ser usada para componentes do núcleo do reator e da haste
de controle em reatores nucleares de água. O material pode ser selecionado devido à sua alta resistên-
cia, excelente resistência à corrosão uniforme, resistência a trincas por tensão e excelente resistência à
corrosão em água de 260-316°C. A liga 625 também está sendo considerada nos conceitos avançados de
reator devido à sua alta resistência ao projeto permitida a temperaturas elevadas, especialmente entre
649-760 ° C.
Atenção
» Propriedades mecânicas
As propriedades mecânicas nominais à temperatura ambiente da liga INCONEL 625 são mostradas na
Tabela 7.41.
Barra ou Chapa
Chapa ou fita
Tubo ou duto
Tabela 7.41 – Propriedades mecânicas da liga 625 nas diversas condições de fornecimento.
Fonte: https://www.specialmetals.com/assets/smc/documents/alloys/inconel/inconel-alloy-625.pdf acessado
em 8/11/19
Para manutenção a 650°C e abaixo, são recomendadas condições de acabamento a quente, acabamento
a frio e recozimento (dependendo dos requisitos envolvidos). Para serviços acima de 650°C, o material
recozido ou tratado com solução dará o melhor serviço.
A condição tratada com solução é recomendada para componentes que exigem ótima resistência à flu-
ência ou ruptura. O material de grão fino (recozido) pode ser vantajoso a temperaturas de até 815°C em
relação à resistência à fadiga, dureza e resistência à tração e elasticidade.
A carga dupla de MacGregor foi usada para determinar a verdadeira curva tensão-deformação da liga
625 à temperatura ambiente. O teste de duas cargas não requer medição de tensão durante o teste, e
somente as cargas máximas e de fratura são registradas.
Alongamento, %
120 Tensão de ruptura
100
80
Limit e de escoamento
60
Tensão, ksi
40
Alongamento
20
0
0 500 1000
Temperatura, ºC
Figura 7.146 – Propriedades em alta temperatura de uma barra da liga 625. Fonte: https://www.specialmetals.
com/assets/smc/documents/alloys/inconel/inconel-alloy-625.pdf acessado em 8/11/19
Um aumento das propriedades de tração para serviço em temperatura moderada pode ser alcançado
por trabalho a frio. Após exposição a temperaturas intermediárias, ocorre um certo endurecimento na
liga 625, apesar de mantida a estabilidade dimensional.
» Resistência à fadiga
A resistência à fadiga à temperatura ambiente da rodada laminada a quente nas condições laminado e
recozida é mostrada na Figura 7.147.
150
140
130
Tensão, ksi
110
100
90
Recozido
80
104 106 108
Ciclos para falha
Figura 7.147 – Resistencia à fadiga para uma barra de 16 mm para a liga 625. Fonte: https://www.specialme-
tals.com/assets/smc/documents/alloys/inconel/inconel-alloy-625.pdf acessado em 8/11/19.
200
Alongamento, %
Tensão de ruptura
160
120
Limit e de escoamento
80
Tensão, ksi
40 Alongamento
0
-200 -100 0 100 200 300 400 500
Temperatura, ºC
Figura 7.148 – Variação das propriedades com a temperatura. Fonte: https://www.specialmetals.com/assets/
smc/documents/alloys/inconel/inconel-alloy-625.pdf acessado em 8/11/19
» Microestrutura
A liga 625 é uma liga cúbica centrada na face, com sua matriz endurecida por solução sólida. A liga pode
conter carbetos, que são inerentes a esse tipo de liga. Os carbetos que podem ser encontrados são MC
e M6 C (ricos em níquel, nióbio, molibdênio e carbono). Além disso, o M23 C6 , um carbeto rico em cromo,
aparece no material que sofre solubilização exposto a temperaturas mais baixas.
O efeito de endurecimento que ocorre no material durante a exposição na faixa centralizada em torno
de 650ºC é devido à precipitação lenta de uma fase rica em níquel-nióbio, γ’ - gama prima. Essa fase se
transforma gradualmente em Ni3 Nb ortorrômbico quando a liga é aquecida por longos períodos na
faixa de temperatura intermediária.
Uma extensa investigação da estabilidade da liga 625 após a exposição por períodos prolongados na
faixa de temperatura de 535ºC a 980ºC mostrou completa ausência de fases intermetálicas comprome-
tedoras, como sigma.
O metal de adição AWS ENiCrMo-3, com níquel-cromo-molibdênio, é projetado para a soldagem da liga
INCONEL 625 para si, bem como para a soldas heterogêneas com aço carbono. Há reportes de que o ele-
trodo da liga inconel 112 também pode ser utilizado, todavia deve ser feita uma avalição criteriosa antes
da sua utilização. As composições dos dois produtos são mostradas na Tabela 7.42.
Como a liga 625, os metais de solda depositados de ambos os produtos são altamente resistentes à
corrosão e oxidação e possuem alta resistência e tenacidade da faixa criogênica a 980ºC. Eles não re-
querem tratamentos térmicos pós-soldagem para manter sua alta resistência e ductilidade.
Importante!
Quando usados para soldar a liga 625 a metais diferentes, como aços carbono, ambos
os produtos toleram um alto grau de diluição e ainda mantêm suas propriedades
características.
O INCONEL 625 e o INCONEL Welding Electrode 112 também são usados como produtos de soldagem com
composição overmatching para ligas resistentes à corrosão ferro-níquel-cromo-molibdênio, incluindo aços
inoxidáveis 316 e 317, aços inoxidáveis superausteníticos com 6%Mo, ligas INCOLOY®825 e 020 e liga INCO-
NEL G-3. O maior teor de elementos de liga da liga 625 compensa os efeitos da segregação de elementos
nas soldagens, segregação essa que poderia resultar em corrosão preferencial da solda.
*Se determinado
Tabela 7.42 – Composição química limite para o metal depositado para a liga 625, %. Fonte:https://www.spe-
cialmetals.com/assets/smc/documents/alloys/inconel/inconel-alloy-625.pdf acessado em 8/11/19
O eletrodo de soldagem INCONEL 112, para soldagem com SMAW, possui excelente operabilidade. A es-
cória produzida é dura, mas se desprende facilmente em grandes seções deixando metal de solda limpo.
Importante!
Muitos elementos de liga são adicionados ao cobre para melhorar a resistência a corrosão ou usinabili-
dade. Os elementos de liga mais comuns são:
» alumínio;
» níquel;
» silício;
» estanho;
» zinco.
O cobre e suas ligas estão divididos em nove grandes grupos. Estes principais grupos são apresenta-
dos na Tabela 7.43.
(C70600) 90Cu-10Ni 34
Tabela 7.43 – Principais ligas de cobre e seus P-numbers. Fonte: N-133 P, 2021
Vários elementos de liga têm efeitos pronunciados sobre a soldabilidade das ligas de cobre e cobre.
Pequenas quantidades de elementos voláteis e tóxicos são presentes no cobre e suas ligas. Como
resultado, a exigência de um sistema de ventilação eficaz para proteger o soldador ou o operador de
soldagem é mais crítica do que quando a soldagem de metais ferrosos.
BERÍLIO,
ZINCO ESTANHO ALUMÍNIO E
NÍQUEL
O
O Berílio,
O zinco oaumenta
reduz
estanho alumínio ae suscetibilidade
o níqueldeformam
a soldabilidade óxidos
todosdeos persistentes
latões
trinca querelativa
na proporção
à quente durante devem ser removidos
à sua
a soldagem quando antes
porcentagem da liga.
na
presente sol-
em
dagem.
O A formação
zinco tem uma
quantidades desses
de 1 baixa óxidos
a 10%.temperatura durante o processo
de vaporização,
O estanho, quando de
o que
comparado soldagem
comresulta deve ser
o zinco,naé produçãoevitada pelo
de vapores
muito menos meio de
volátil e tóxicos
tóxico.
gás de proteção
durante
Durante lata deou
aasoldagem por
dasfluxo,
soldagem em
ligaspode conjunto
soldar com o uso da corrente
sercobre-zinco.
preferencialmente oxidado de
emsoldagem
relação aoapropriada.
cobre. Os óxidos
de níquel interferem na soldagem em menor proporção do que àqueles de berílios ou alumínio. Con-
sequentemente, as pratas de níquel e ligas de cobre-níquel são menos sensíveis ao tipo de corrente
de soldagem utilizada durante a fabricação. As ligas contendo berílio também produzem vapores
tóxicos durante a soldagem.
FERRO E
SILÍCIO OXIGÊNIO
MANGANÊS
O ferro e o manganês
oxigênio pode causar não afetam significativamente
porosidade a soldabilidade
e reduzir a resistência mecânica das dassoldas
ligas que os que contêm.
realizadas em cer-
O silícioestá
O ferro tempresente
um efeitoem benéfico
alguns na soldabilidade
metais das
comligas
especiais,suficientesde cobre-silício
bronzes alumíniopor causa
de de suas ações
tas ligas de cobre que não contêm quantidades de aoelementos e ligas cobre-níquel
desoxidantes. Pode ser
desoxidantes
em quantidades e de fluxo.
encontrado comodeum 1,4gás
a 3,5%. O manganês
livre ou como óxidoé de
comumente
cuproso. As usado
ligasnas mesmas
de cobre, aplicações,
mais comumentemassol-
em
concentrações
dadas, contêm mais baixasdesoxidantes,
elementos do que o ferro.como fósforo, silício, alumínio, ferro ou manganês e com a
diminuição da quantidade de óxidos, a resistência da liga aumenta.
Importante!
Apesar de ser possível soldar com SMAW, esses materiais devem ser soldados prefe-
rencialmente com GTAW e GMAW.
As ligas de cobre, geralmente, não sofrem TTAT, mas algumas ligas podem exigir controle de taxa de
resfriamento para minimizar as tensões residuais e fragilização a quente.
Devida a alta fluidez do metal de solda líquido, a posição plana é preferida, Figura 7.149. As posições
verticais e sobrecabeça são menos comuns na soldagem desses materiais. Para controlar esse efeito da
alta fluidez da poça líquida, a corrente pulsada é usada no GTAW e GMAW.
As ligas de cobre, como cobre-estanho e cobre-níquel, são suscetíveis a trincas a quente nas temperatu-
ras de solidificação. Para compreender esse processo, clique no ícone e entenda como acontece:
Informação Importante
Esta característica é apresentada por todas as ligas de cobre com um amplo intervalo de
solidificação entre liquidus e solidus. Uma forte tensão de contração produz uma separação
interdendrítica durante a solidificação do metal de solda. A trinca a quente pode ser mini-
mizada pela redução da tensão residual durante a soldagem com a utilização do preaqueci-
mento para que seja reduzida a taxa de resfriamento e a magnitude dessa tensão residual,
bem como a redução da abertura de raiz e aumento do tamanho do passe de raiz.
Alguns elementos devem ser removidos antes da soldagem, enquanto outros podem ser utilizados.
1 2 3 4
Carepas na superfície para bronzes ao alumínio e ao silício devem ser removidas pelo menos
a uma distância de pelo menos 12 mm da região a ser soldada, usualmente por métodos
mecânicos.
As carepas devem ser removidas por esmerilhamento ou limpeza química nas ligas cobre-níquel, uma
vez que a escova rotativa não é efetiva.
» as ligas de cobre-níquel (C70000-C79900) são àquelas mais resistentes à corrosão das ligas de cobre;
» a liga C71500 (Cu-30Ni) tem a melhor resistência a corrosão em meios aquosos;
» a liga C706600 (Cu-10Ni) também é utilizada pela muito boa resistência a corrosão com um custo menor.
Importante!
Essas são as ligas mais utilizadas nas plataformas da indústria do petróleo. O GTAW
é utilizado preferencialmente na indústria do petróleo em todas as espessuras.
A soldagem automática produz soldas satisfatórias na soldagem de tubos. A soldagem manual é usual
até 6 mm de espessura. A soldagem pelo processo GTAW e GMAW deve ser realizada com gás de purga
para proteção da zona fundida e ZTA. A medição por meio de oxímetro deve indicar teor de oxigênio me-
nor ou igual a 100 ppm antes do início da soldagem.
As condições nominais em que as ligas de cobre-níquel são soldadas com GTAW estão mostradas na
Tabela 7.44. Os chanfros considerados são chanfro retos e chanfros em V simples.
Tabela 7.44 – Condições nominais para soldagem de topo para o GTAW das ligas cobre-níquel.
Fonte: https://www.copper.org/applications/marine/cuni/pdf/pub139.pdf acessados em 16/9/20
t
n
S
t
S
Durante a soldagem com GTAW da liga Cu-10Ni, correntes de soldagem ligeiramente superiores podem
ser utilizadas ou velocidades mais lentas, devida a maior condutividade térmica. O preaquecimento não
é necessário e a utilização de backing é possível, que devem ser de cobre ou ligas de cobre-níquel. Ba-
cking de carbono, grafite ou aço não são permitidos.
Para entender o consumível que é utilizado como metal de adição na soldagem das ligas de cobre-níquel,
clique no ícone e conheça o ERCuNi:
Informação Importante
Esse metal de adição contém 0,20 a 0,50 de titânio para minimizar a porosidade e possibi-
lidade de fragilização pelo oxigênio tanto no metal de solda quanto na ZAC. Como o titânio
não é adicionado nas ligas nominais de cobre-níquel, é recomendada a utilização de metal
de adição mesmo na soldagem de espessuras baixas. Isso vai prevenir a formação de po-
rosidade pela formação de óxidos estáveis de titânio. Todavia, existem ligas especiais com
Cu-30Ni e Cu-10Ni com adição de titânio, mas somente sobre demanda. Desde que qua-
lificada, a soldagem sem metal de adição é possível. Na soldagem multipasse, é possível
o aumento da corrente de soldagem e diâmetro do eletrodo nos passes sucessivos para
melhorar a eficiência de deposição.
O cobre puro desoxidado deve ser preaquecido segundo a Tabela 7.45. Bronze-alumínio com espessura
maior que 6 mm e Al menor que 10 %, o preaquecimento e interpasse não devem ultrapassar 150 ºC. Co-
bre-níquel preaquecimento não necessário e interpasse não deve ultrapassar 65ºC. Nas ligas de cobre,
na maioria das vezes, não é requerido pós-aquecimento, nem TTAT.
Faixa de espessura
Preaquecimento Até De 3 a De 6 a Acima de
3 mm 6 mm 10 mm 10 mm
260ºC a
Cobre puro - 100ºC 220ºC
480ºC
Bronze-alumínio
- - 150ºC 150ºC
(Al <10%)
Cobre-níquel - - - -
Essas ligas estão disponíveis como produtos forjados ou fundidos, as ligas de baixo Zn são usadas ge-
ralmente para joias e moedas, as ligas de alto Zn em aplicações onde é necessária maior resistência
mecânica, como produtos de encanamento, carcaças de bombas e vasos de baixa pressão de parede
fina. A prata níquel, como o nome sugere, é uma alternativa menos cara à prata (Ag) e é usada para joias,
moedas e talheres.
Com exceção do latão contendo chumbo (Pb), todo o latão é soldável, sendo as ligas com baixo teor de
zinco as mais fáceis. O principal problema com a soldagem das ligas é a porosidade do metal de solda
causada pela vaporização do zinco durante a fusão.
Para entender como isso ocorre, clique no ícone e compreenda o processo de vaporização:
Informação Importante
O zinco funde a 420 ° C e vaporiza a 910°C, portanto a brasagem com consumível de co-
bre-prata pode ser uma possível alternativa à soldagem, proporcionando às juntas pro-
priedades mecânicas adequadas e sem problemas de porosidade. A vaporização do zinco
também pode resultar em grandes quantidades de óxido de zinco nos fumos de soldagem e
isso pode ser um problema de saúde e segurança. O latão pode ser soldado usando SMAW,
GMAW ou GTAW. Metais de adição estão disponíveis, embora geralmente sejam baseados
em ligas de cobre-silício ou cobre-estanho devido aos problemas de transferência de zinco
através do arco de soldagem. Um metal de adição GMAW / GTAW típico seria a liga de silício
de 3% especificada na EN ISO 24373 SCu 6560 (CuSi3Mn1). Soldas bem-sucedidas também
podem ser feitas usando ligas de cobre-estanho, como Cu-7% Sn e Cu-12% Sn. Eles podem
ser obtidos como fios GMAW / GTAW e como eletrodos SMAW.
O metal de adição Cu-Si flui facilmente e uma preparação de solda em ângulo de chanfro de 60° deve
fornecer resultados aceitáveis. O metal de solda Cu-Sn tem menos fluidez e um ângulo incluído de pelo
menos 70° é aconselhável. O gás de proteção usado para soldagem GMAW ou GTAW de componentes
de seção delgada é o argônio de alta pureza.
Em seções com mais de 5 mm de espessura, a adição de hélio ajudará muito no fornecimento de calor
suficiente para a fusão completa, assim como o uso de corrente de soldagem pulsada. O latão, como o
cobre, tem um alto coeficiente de condutividade térmica. A soldagem GTAW é geralmente limitada à
espessura da junta de cerca de 10 mm, sendo GMAW o processo preferido para seções mais espessas.
O pré-aquecimento entre 100 e 300 °C, dependendo da espessura da seção, pode ser útil na redução da
perda de zinco, particularmente nas ligas com alto teor de zinco, permitindo que uma corrente de solda-
gem mais baixa seja usada, resultando em menos fusão do metal original.
O próximo grupo de ligas são os bronzes. Estes podem ser ligados ao estanho, geralmente descrito como
bronze fosforoso, silício ou alumínio. Muitas dessas ligas, como o latão, são ligadas com chumbo para
melhorar a usinabilidade.
Atenção
Essas ligas com chumbo são geralmente consideradas como não soldáveis e o
conselho de um especialista deve ser procurado se houver necessidade.
As ligas de bronze fosforoso contêm entre 1 e 12% de estanho com uma pequena quantidade (0,01-0,1%)
de fósforo (P) quando este é usado apenas como agente desoxidante. Os bronzes de fósforo verdadeiros
contêm pelo menos 0,1% de P e até 1,0% de P em alguns dos bronzes de fósforo fundidos.
As ligas são resistentes à corrosão e apresentam excelentes características de desgaste, por isso são
utilizadas em válvulas, rolamentos e peças de máquinas. Do ponto de vista da soldabilidade, o prin-
cipal problema é que as ligas são sensíveis ao craqueamento a quente e as ligas com menor teor de P
também tendem a formar filmes de óxido na poça de fusão. Altos aportes de calor de soldagem, altas
taxas de preaquecimento e resfriamento lento devem ser evitadas.
A soldagem GMAW e GTAW são os processos de soldagem preferidos com misturas de argônio ou
hélio-argônio. O GMAW é mais adequado do que o GTAW para soldar juntas de seções mais espessas,
a soldagem é melhor alcançada usando corrente pulsada. Metais de adição com composição similar à
do metal de base, como o EN ISO 24373 CuSn6P, estão disponíveis. Embora os consumíveis de soldagem
SMAW estejam disponíveis, o processo não é amplamente utilizado. A soldagem de seções espessas
pode requerer temperaturas de preaquecimento e interpasses de até 200°C.
Os bronzes ao silício são provavelmente os mais fáceis de soldar dentre todos os bronzes. Eles contêm
entre 1,0 e 4,0% de silício com pequenas quantidades, menos de 1,5% no total, de zinco, manganês e/
ou ferro. Eles têm boa resistência e excelentes propriedades de resistência à corrosão e são frequente-
mente usados para tubos de trocadores de calor, ferragens marítimas e em aplicações de fábricas de
processos químicos.
1 2 3
Ao unir aços ferríticos diferentes (P-No. 1 a P-No. 5), o metal de adição deve estar em conformidade com
o valor nominal composição química do metal de base ou de uma composição intermediária.
No entanto, ao soldar peças de partes não pressurizadas em peças pressurizadas, a composição química
do metal de adição deve corresponder à composição química nominal da parte com pressão.
» para condições de serviço que excedam os limites estabelecidos em 6.2.2.c.1 e 6.2.2.c.2, a sele-
ção do metal de adição deve ser revisada com o comprador;
» a classificação ASME / AWS ER310 (E310-XX) e a classificação ASME / AWS ERNiCrFe-6 não de-
vem ser usadas.
Atenção
O uso de soldas dissimilares (aço carbono ou baixa liga com aço inoxidável auste-
nítico), em serviços corrosivos ao carbono e o aço de baixa liga, deve ser avaliado
cuidadosamente.
As falhas foram relatadas devido ao carregamento de hidrogênio de zonas exibindo alta dureza adjacen-
te à linha de fusão. Não está claro se o carregamento é devido à corrosão do aço carbono ou baixa liga ou
acelerado devido à presença de um par galvânico. Além disso, as soldas de aço carbono ou/e baixa liga
com inoxidável austenítico podem ser suscetíveis a fratura frágil em temperaturas de serviço abaixo de
–29°C.
E a soldagem de aço de baixa liga (P-No. 3 a P-No. 5 e P-No. 15E)? Para conhecer a resposta, clique no
ícone e entenda quando devem ser utilizadas.
Informação Importante
A menos que especificado de outra forma, as diretrizes de soldagem dos API 934-A, API
934-C e API 934-E devem ser seguidas para soldagem de vasos de pressão de aço Cr-Mo
para serviço de hidrogênio de alta pressão e alta temperatura.
fonte: API582.
As ligas de níquel têm uma versatilidade, quer na soldagem dissimilar ou na soldagem de manuten-
ção. Essas ligas são facilmente unidas com outras ligas de níquel, aço carbono e baixa liga, aços inoxi-
dáveis e um grande número de ligas de cobre. Os principais consumíveis de níquel e suas aplicações são
apresentados na Tabela 7.47.
Eletrodos revestidos
Metal de adição
Liga 625 e 601, ligas resistentes ao pite, liga 825, liga 686,
ERNiCrMo-3
liga 622, liga C-276, deposição sobre o aço
Considerando o exposto, serão apresentadas, neste capítulo, algumas alternativas de resposta às prin-
cipais perguntas encontradas no cotidiano da soldagem envolvendo diferentes processos, materiais e
normas, bem como o caminho percorrido para se chegar a elas.
Não há qualquer pretensão em assumir que todos os aspectos relevantes tenham sido considerados ou
que nenhum equívoco possa ter sido cometido, muito pelo contrário, esse capítulo, assim como o livro
como um todo, é uma obra dinâmica sujeita a revisões advindas de contribuições.
Algumas das questões mais corriqueiras que surgem envolvem onde buscar informações e quais são
confiáveis ou mesmo o oposto, em meio a tantas fontes onde encontrar as respostas procuradas e que
roteiro seguir para sistematizar o processo.
Tabela 8.1 - principais normas de projeto e qualificação de soldagem e aplicações. Fonte: os autores, 2018.
Importante!
A primeira separação que se optou aqui por fazer está relacionada à fase da soldagem, ou seja, se a
necessidade consiste em definir as bases para que seja produzida uma junta nova ou um reparo, garan-
tindo em ambos os casos uma soldabilidade adequada.
Existem limitações de caráter técnico, econômico ou mesmo de mecanismo de dano, sofrido pelo ma-
terial durante operação, que impedem o cumprimento de todos os requisitos aplicáveis à soldagem de
fabricação, tais como preaquecimento, tratamento térmico e inspeções.
Nem sempre o não atendimento integral aos requisitos normativos condena um equipamento. É neces-
sário entender quais preocupações justificam os requisitos impostos e verificar se as mesmas podem
ser mitigadas de outra forma, ou até entender os motivos pelos quais, mesmo sem os devidos cuidados,
elas não vieram a ocorrer. Por exemplo, preaquecimento e pós-aquecimento são medidas para se evitar
o trincamento induzido por hidrogênio, porém há outras formas de se fazer esse controle, caso seja ne-
cessário contornar impedimentos de diversas ordens.
Devido ao aporte de calor do processo, pode ocorrer decomposição instável de produtos, perfuração
para dutos com espessura menor que 6,35mm com temperatura de parede ultrapassando 980°C e trin-
cas a frio devido à alta taxa de resfriamento. A existência de um fluxo interno em um duto aumenta as
taxas de resfriamento de modo que a soldabilidade de materiais não fica mais agrupada em função de
P-number ou tensão de escoamento, mas sim de carbono equivalente. A dureza também passa a ser um
fator relevante nas considerações acerca de avaliação de formação de microestrutura frágil que propicia
as trincas a frio.
Nota-se que a diversidade de dificuldades possíveis de se encontrar é tão ampla que se tornaria impos-
sível abordar didaticamente todas elas, de maneira que se optou por escolher apenas alguns aspectos
da soldagem de fabricação para serem discutidos.
1 2 3 4 5 6
Os consumíveis de soldagem são escolhidos, dentre as opções possíveis de custos, disponibilidade e pro-
priedades, pelas características desejadas da solda que será obtida, considerando a diluição do processo.
Para aços inoxidáveis, diagramas como o de Schaeffler permitem prever a microestrutura da zona fun-
dida, considerando o metal de base, o metal de adição e sua diluição, sendo possível auxiliar na escolha
do consumível de soldagem que evite o problema metalúrgico típico ao que o material está susceptível
na condição analisada.
A consulta de catálogos de fornecedores pode trazer importantes informações para a seleção de variá-
veis de soldagem.
Designação AWS /
Especificação
ASME II parte C
A5.1 – SFA 5.1 Eletrodos de Aço Carbono para o Processo de Soldagem Eletrodo Revestido.
A5.2 – SFA 5.2 Varetas de Aço Carbono e Baixa Liga para o Processo de Soldagem Oxi-Gás.
A5.4 – SFA 5.4 Eletrodos de Aço Inoxidável para o Processo de Soldagem Eletrodo Revestido.
A5.5 – SFA 5.5 Eletrodos de Aço tipo Baixa Liga para o Processo de Soldagem Eletrodo Revestido.
Eletrodos Nus e Varetas de Aço Inoxidável para os Processos de Soldagem GMAW, PAW,
A5.9 – SFA 5.9
GTAW e SAW.
A5.17 – SFA 5.17 Fluxos e Eletrodos de Aço Carbono para ao Processo de Soldagem Arco Submerso.
A5.18 – SFA 5.18 Eletrodos e Varetas de Aço Carbono para Processo de Soldagem com Proteção a Gasosa.
A5.20 – SFA 5.20 Eletrodos de Aço Carbono para o Processo de Soldagem Arame Tubular (FCAW).
A5.22 – SFA 5.22 Eletrodos de Aço Inoxidável para o Processo de Soldagem Arame Tubular (FCAW).
A5.29 – SFA 5.29 Eletrodos de Aço tipo Baixa liga para o Processo de Soldagem Arame Tubular (FCAW).
A5.32 – SFA 5.32 Gases de Proteção para os Processos de Soldagem GTAW, GMAW, FCAW e PAW.
Nota: A AWS (American Welding Society) publicou uma nova especificação para arames tubulares do tipo Flux Cored e
Metal Cored para soldagem de aços carbono e baixa liga. Esta especificação combina várias anteriores. Portanto, todos
os arames tubulares anteriormente classificados pela especificação AWS A5.20 / A5.20M, AWS A5.29 / A5.29M bem como
AWS A5.18 / A5.18M e AWS A5.28 / A5.28M receberão uma nova classificação de acordo com a AWS A5.36M / A5.36.
Tabela 8.2 - Descrição das principais normas de consumíveis de soldagem.Fonte: os autores, 2018.
Uma vez definido um consumível de soldagem com resistência mecânica geralmente igual ou superior
ao especificado pelo material de base, os fabricantes costumam ainda descrever um guia das aplicações,
composição química e propriedades mecânicas do metal depositado, posições de soldagem, tamanho
do consumível, valor e tipo de corrente de soldagem, tensão, rendimento, taxa de deposição, gás de
proteção quando aplicável.
Quando a faixa de parâmetros de soldagem permissível é muito ampla, é possível fazer uma estimativa
inicial baseada no histórico de RQPS para situações similares.
Vamos então explorar como poderiam ser definidos os consumíveis de soldagem nos exemplos citados
anteriormente, acrescentando pauwwlatinamente informações que orientem as decisões.
Especificação técnica para chapas de vasos de pressão de aço carbono de baixa e média resistência
1.2 Chapas sobre essa especificação são disponíveis em três graus e têm diferentes níveis de tensão,
como os que segue:
Tabela 8.4 - Tabela retirada do catálogo do fabricante especificando o uso do consumível escolhido.
Fonte: https://www.esab.com.br/br/pt/search.cfm?addsearch=catalogo , acesso 17/09/2018
Uma vez definido um consumível de soldagem com resistência mecânica geralmente igual ou superior
ao especificado pelo material de base, os fabricantes costumam ainda descrever um guia das aplicações,
composição química e propriedades mecânicas do metal depositado, posições de soldagem, tamanho
do consumível, valor e tipo de corrente de soldagem, tensão, rendimento, taxa de deposição, gás de
proteção quando aplicável.
Atenção
Quando a faixa de parâmetros de soldagem permissível for muito ampla, é possível fazer
uma estimativa inicial baseada no histórico de RQPS para situações similares.
Vamos então explorar como poderiam ser definidos os consumíveis de soldagem nos exemplos citados
anteriormente, acrescentando paulatinamente informações que orientem as decisões.
As variáveis essenciais e as essenciais suplementares, quando há requisito de impacto, são as que re-
querem requalificação do procedimento de soldagem, caso sejam alteradas.
Cada parâmetro utilizado na produção de juntas soldadas, que visa a qualificação, determina uma faixa
de valores em que o procedimento pode ser utilizado.
Note que as variáveis para a qualificação do soldador, que constam na tabela QW-355 da norma ASME
IX, são em menor número e por isso é necessária especial atenção, de modo a não confundir qual tabela
usar para cada situação.
1 2 3 4 5 6
QW-405 .1 + Posição
Posição .3 φ ↑↓ Soldagem vertical
QW-408
.8 - Gás de purga
Gás
QW-409
.2 φ Modo de transferência
Características elétricas
Legenda:
+ Adição > Aumentar / maior do que
- Supressão < Diminuir / menor do que
Tabela 8.5 - variáveis de soldagem DA EPS para os processos GMAW e FCAW.
Os tipos de teste estão especificados na tabela QW-451 para solda em chanfro, cujos corpos de prova
devem ser removidos conforme item QW-202.
Para 8 mm, a espessura qualificada é de 1,5 a 16 mm e são necessários 2 corpos de prova de tração, 2 de
dobramento de face e dois de raiz. A substituição por 4 dobramentos laterais, explicitado na nota (5), não
é permitida, pois a espessura é menor do que 10 mm.
Tabela 8.6 - espessura qualificada, o tipo e número de testes requeridos para a qualificação do procedi-
mento de soldagem de acordo com a espessura soldada do corpo de prova.
Faixa de epsessura
Tipo e número de destes exigidos
T para o metal base,
Espessura t para Teste de tração e dobramento
qualificado, mm
Espessura T do o metal de solda Nota (2)
Notas (1) e (2)
cupom de teste depositado ,
soldado, mm qualificado, mm
Notas (1) e (2)
Dobramento Dobramento Dobramento
Tração
Min. Máx. de face lateral de raiz
QW-150
QW-160 QW-160 QW-160
Notas:
(1) - as seguintes variáveis restringem ainda mais os limites mostrados nesta tabela quando tje são referenciados em QW-
250 para o processo em consideração: QW-403.9, QW-404.32 e QW-407.4. Além disso, QW-202.2, QW-202.3 e QW-202.4
fornecem isenção que substitui os limites desta tabela
(5) - Quatro testes de dobramento lateral podem substituir os de dobramento de face e de raiz, quando a espessura T for 10
mm ou mais
Trinca de reaquecimento
Durante a soldagem a austenita
solubiliza os carbetos em tempera-
turas próximas a de fusão na região - controle de composição química, com os fatores
de grãos grosseiros, o resfriamento X, J, etc., dentro dos valores seguros estabelecidos
rápido deixa o interior do grão Aços Cr-Mo, em especial Ciclo de reaquecimento + - soldagem multipasse com refino de grão que
supersaturado. com adição de vanádio aços precipitados na matriz + precipita os carbetos antes do TTAT
Durante o reaquecimento, há preci- inox austeníticos estabi- tensão residual - controle do ângulo de ataque do eletrodo (cons-
pitação, devido a supersaturação, e lizados (Nb e Yi). Ligas de Trinca intergranular na ZA- tante e próximo a 0º)
endurecimento no interior do grão níquel endurecíveis por C-RGG, evolução da trinca - diminuir o aporte térmico que dimiuir o tamanho
e na presença de impurezas e de precipitação (strain-age por mecanismo semelhan- de grão e largura da ZAC
tensões residual nos contornos de cracking) te à fluência - diminuir tensões residuais com melhor sequência
grão, há a queda de ductilidade em de passes, tratamentos térmicos intermediários,
alta temperatura devida a diferen- evitar concentração de tensões e restrições
ça na composição química relativa
entre os contorno e o interior dos
grãos que leva ao trincamento
Elemento C Mn P S
% em massa 0,28 1,05 0,023 0,025
Calcular a taxa de
Controle de dureza
resfriamento
Controle adetaxa
Calcular dureza. Se os valores de
de resfriamento, dureza estiverem
utilizando a equaçãoabaixo de 250 HV,
de Rosenthal ouapor
quantidade de numérica,
simulação martensita,
e
caso tenha
utilizar estasido
taxaformada, não foi significativa
de resfriamento ou ∆t8/5 em aum
ponto de alterar
diagrama CCT os
quevalores de dureza
represente do material.
o material ou com o
auxílio da tabela 2 da norma N-133 que apresenta os valores de carbono equivalente relacionados
com a espessura para preaquecimento. Se não for necessário um preaquecimento, a probabilidade de
formação de martensita que afete as propriedades dos materiais é baixa, o que é o caso deste vaso
de pressão.
0,43 % < CEIIW ≤ 0,45 % 10 ºC (mín.) (50ºC) 10 ºC (mín.) (100 ºC) 100 ºC (125 ºC)
0,45 % < CEIIW ≤ 0,47 % 10 ºC (mín.) (100 ºC) 100 ºC (125 ºC) 125 ºC (150 ºC)
0,47 % < CEIIW ≤ 0,50 % 100 ºC (125 ºC) 125 ºC (150 ºC) 150 ºC (175 ºC)
8.8.1.2 Consumíveis
Como o material da interligação do tratador de gás úmido da Sergipe é o ASTM A 516 grau 70 de 38 mm,
ou seja, uma espessura relativamente alta, para a raiz soldada pelo processo GTAW pode ser escolhida
a vareta do fabricante ESAB classificação ER70S-3, que é uma vareta sólida, cobreada, correspondente
à classe AWS A5.18 ER70S-3, para soldagem pelo processo GTAW (TIG) de aços não ligados. É utilizada
na fabricação de vasos de pressão, no segmento naval e offshore - construção em geral. Com relação às
variáveis de soldagem, utilizando como referência o banco de RQPS da Petrobras, se definiria o gás de
proteção como 100% Argônio, corrente 105 A, tensão 13 V, velocidade de soldagem 65 mm/min, diâme-
tro da vareta 2,4 mm e Heat input 1,56 kJ/mm.
VARETA COMPOSIÇÃO APLICAÇÕES PROPRIEDADES TIPO DE DIÂM. COMPR. GÁS DE
OK DA VARETA MECÂNICAS CORRENTE (mm) (mm) PROTEÇÃO
(%) TÍPÍCAS
OK Tigrod C 0,10 É uma vareta sólida, cobreada, L.R. 515 Mpa CC- 1,6 1000 100% Ar
12.60 Si 0,60 correspondente a classe AWS L.E. 420 MPa 2,4 1000 (EN 439 I1)
Mn 1,10 A5.18 ER70S-3, para soldagem pelo A 26% 3,2 1000
AWS / ASME SFA 5.18
processo GTAW (TIG) de aços não ChV (-30 °C) 90J
ER70S-3
ligados. Utilizado na fabricação de
vasos de pressão, no segmento naval
EN 1668
W2Si
e offshore - construção em geral.
Homologações:
FBTS
BV 3YM
DNV IIIY
ABS 3Y
VdTÜV 11141
Tabela 8.10 - faixas recomendadas de variáveis de soldagem para o processo GTAW. Fonte: https://www.esab.
com.br/br/pt/support/documentation/upload/catalogo-consumiveis-esab.pdf , acesso 17/09/2018
OK TUBROD 100% CO2 O OK Tubrod 75 é um arame 100% CO 2 1,20 150A, 29V 90 2,00 100% CO2
75 tubular básico, que deposita (CC-) 210A, 30V 90 2,95 CC-
C 0,04 um metal de solda com L.R. 550 MPa 250A, 32V 91 3,95
ASME Si 0,50 características similares a de L.E. 490 MPa 290A, 34V 91 4,95 ou
SFA-5.20 Mn 1,50 um eletrodo revestido básico A 27% 330A, 35V 92 5,85
E71T-5C(M)
E7018 (baixo Hidrogênio). Ch V (-40 °C) 90 J Ar+ 20-25% CO2
E491T-5C (M)
Permite alta qualidade do metal 1,60 190A, 30V 91 2,85 CC-
ASME
Ar+ de solda e grande produtividade 300A, 34V 91 4,70
SFA-5.36
E71T5-C1A4-CS1 20-25% devido à elevada taxa de Ar+20-25% CO 2 365A, 35V 92 5,70
E71T5-M21A4-CS1 CO 2 deposição. O OK Tubrod 75 (CC-) 410A, 36V 93 6,45
pode ser utilizado com CO2 L.R. 630 MPa 450A, 36V 94 7,40
C 0,05 ou mistura Ar+ 20-25% CO2. É L.E. 560 MPa 500A, 37V 94 9,21
Si 0,53 aplicável para a soldagem em A 24%
Mn 1,68 um único passe ou multipasse. Ch V (-40 °C) 50 J
É usado na soldagem estrutural,
na indústria naval e offshore e
na construção pesada em geral.
Tabela 8.11 - catálogo do fornecedor do consumível descrevendo as faixas recomendadas das principais
variáveis de soldagem e que também poderiam ser utilizadas como parâmetro de escolha para o processo
FCAW. Fonte: https://www.esab.com.br/br/pt/support/documentation/upload/catalogo-consumiveis-esab.pdf
, acesso 17/09/2018
Essencial
Parágrafo Resumo das Variáveis Essencial Não Essencial
suplementar
.5 φ Group number X
Limite de T (espessura) qualifi-
QW-403 .6 X
cada
Metal base .8 φ T (espessura) qualificada X
.11 φ P-number qualificado X
.3 φ Tamanho X
.4 φ F-number X
.5 φ A-number X
.12 φ Classificação X
QW-404
Metal de .14 ± Metal de adição X
adição .22 ± Inserte Consumível X
φ Forma de produção do metal de
.23 X
adição
.30 φ Espessura do metal depositado X
.33 φ Classificação X
QW-405 .1 + Posição X
Posição .3 φ ↑↓ Soldagem vertical X
QW-407 .1 φ TTAT X
TTAT φ TTAT (Temperatura e faixa de
.2 X
Temperatura)
.1 ± Trail gas ou composição do gás X
φ gás de proteção ou mistura de
.2 X
gases
QW-408 .3 φ Vazão de fluxo X
Gás .5 ± Inserte Consumível X
- Gás de purga, composição do
.9 X
gás ou %
.10 - Trail gas X
.1 > Aporte térmico X
.3 ± Pulso de corrente X
QW-409
φ Tipo de corrente (CA ou CC) ou
Característi- .4 X X
polaridade
cas elétricas
.8 φ Faixa de corrente e tensão X
.12 φ Eletrodo de tungstênio X
Essencial
Parágrafo Resumo das Variáveis Essencial Não Essencial
suplementar
.1 φ Passe reto / trançado X
.3 φ Tamanho do orifício ou bocal X
.5 φ Método de limpeza X
.6 φ Método de goivagem X
.7 φ Oscilação X
φ Passe único ou multipasse /
QW-410 .9 X X
lado
Técnica .10 φ Único eletrodo para múltiplos X X
.11 f Closed to out chamber X
.15 φ Passe reto / trançado X
.25 φ Manual ou automático X
.26 ± Peening X
.64 Uso de processos térmicos X
Legenda:
QW-402
.4 - Cobrejunta
Junta
.15 φ F-number
QW-404
.22 ± Inserte Consumível
Metal de adição
.23 φ Forma de produção do metal de adição
.1 + Posição
QW-405
Posição
.3 φ ↑↓ Soldagem vertical
QW-408
.8 - Gás de purga
Gás
QW-409
.4 φ Corrente ou polaridade
Características elétricas
Legenda:
Tabela 8.12 - itens QW-256 e QW-356 do ASME IX descrevendo as variáveis essenciais para o processo GTAW
com requisito de impacto.
As variáveis essenciais para o FCAW estão nas tabelas QW-255 para qualificação do procedimento de
soldagem e QW-355 para a qualificação do soldador, nas colunas essential e supplementary essential ,
pois temos requisito de impacto.
Essencial Não
Parágrafo Resumo das Variáveis Essencial
suplementar Essencial
.5 φ Group number X
.6 Limite de T (espessura) qualificada X
Essencial Não
Parágrafo Resumo das Variáveis Essencial
suplementar Essencial
.1 φ TTAT X
QW-407
TTAT φ TTAT (Temperatura e faixa de
.2 X
Temperatura)
.1 ± Trail gas ou composição do gás X
.2 φ gás de proteção ou mistura de gases X
< Diminuir /
- Supressão ↓ Abaixo de Atrás de
menor do que
QW-403
.4 - Cobrejunta
Metal base
.5 φ Diâmetro do tubo
.11 φ P-number
QW-403
.15 φ F-number
Metal base
.30 φ Espessura do metal depositado
.32 Espessura limite para curto circuito
QW-405 .1 + Posição
Posição .3 φ ↑↓ Soldagem vertical
QW-408
.8 - Gás de purga
Gás
QW-409
.2 φ Modo de transferência
Características elétricas
Legenda:
+ Adição > Aumentar / maior do que
Tabela 8.13 - retirada da Norma ASME IX item QW-255 e QW-355 descrevendo as variáveis
essenciais para o processo FCAW com requisito de impacto.
Para o procedimento, são requeridos ensaios de tração, dobramento e impacto. Corpos de Prova com espes-
sura de 19 mm qualificam espessuras entre 5 e 38 mm, conforme tabela QW-451.1 da norma ASME IX – 2013.
O diâmetro externo do CP deve ser menor que 73 mm, conforme tabela QW-452.3 (ASME IX – 2013).
Tabela 8.14 - retirada da Norma ASME IX item QW-452.3 descrevendo os diâmetros externos qualificados a
partir do diâmetro externo do corpo de prova.
As figuras QW-463.1(b) e QW-463.1(e) mostram a localização de onde devem ser retirados os corpos de
prova dos ensaios de dobramento lateral no cupom de qualificação do procedimento de Soldagem.
Tração seção
reduzida
Figura 8.5 - a localização de onde devem ser retirados os corpos de prova para os testes de qualificação do
procedimento de soldagem.
Elemento C Mn Si P S
Figura 8.7 - Painéis soldados do vaso de separação de gás do estudo de caso 3. Fonte: OS AUTORES, 2018.
8.8.2.2 Consumíveis
Para a soldagem do aço ASTM A131 EH 40 temperado e revenido, cujo limite de escoamento mínimo é
de 390 Mpa e requisito de impacto de -40°C pelo processo GMAW, optou-se pela utilização do arame
ER70S-6, adequado para aços com teor de carbono de até 0,5% com a presença de manganês e silício e
que atenda a temperatura de -29ºC do teste de impacto. As variáveis de soldagem e o gás de proteção
utilizados devem estar dentro da faixa indicada pelo fornecedor. Para que seja possível atingir a energia
de impacto à -29ºC, o gás não pde ser CO2 puro e sim a mistura. Após isso, o procedimento de soldagem
deve ser qualificado, utilizando as variáveis definidas.
OK Autrod C 0,08 Arame sólido cobreado Ar + 20% CO 2 0,8 18 - 24 V 60 - 200 A 0,8 - 3,0 Ar + 8 - 25%
12.51 Si 0,90 manganês-silício destinado L.R. 560 MPa 1,0 18 - 32 V 80 - 300 A 1,0 - 5,6 CO2
Mn 1,50 à soldagem MIG/MAG dos L.E. 470 MPa 1,2 18 - 34 V 120 - 380 A 1,3 - 8,0 ou
AWS / ASME SFA 5.18
aços não ligados, como A 26% 1,6 28 - 38 V 225 - 550 A 2,0 - 11,4 100% CO2
ER70S-6
por exemplo, os aços de ChV (20 °C) 130J CC+
construção em geral com uma ChV (-20 °C) 90J
EN 440
G3Si1
tensão de ruptura mínima de ChV (-29 °C) 70J
485 MPa. O OK Autrod 12.51 100% CO 2
solda utilizando as misturas L.R. 540 MPa
Ar + 20-25% CO2 ou CO2 puro L.E. 440 MPa
como gases de proteção. A 25%
Homologações: ChV (20 °C) 110J
FBTS(CO2) ER70S-6 ChV (-20 °C) 70J
ABS(CO2) 3YSA
BV(CO2) SA3,3YM
DNV (CO2) 3YMS
LR(CO2) DXVudO BF 3YS H15
NA
GL 3YS
VdTÜV 00899
As variáveis essenciais para o processo GMAW estão no item 4.8.1 da AWS D1.1.
Conforme item 8.2.1 da norma ASTM A131, para chapas EH40 com espessura acima de 6,4 mm é reque-
rido teste de impacto Charpy.
Portanto, utilizaremos as tabelas 4.5 e 4.6 da AWS D1.1 para verificar as variáveis essenciais na qualifi-
cação do procedimento de soldagem.
Table 4.5
PQR Essential Variable Changes Requiring WPS Requalification for
SMAW, SAW, GMAW, FCAW, and GTAW
GMAW
Filler metal
1) Increase in filler metal classification strength X
2) Change from low-hydrogen to nonlowhydrogen
SMAW electrode
Any increase
10) Change in nominal filler metal diameter by:
or decrease
11) Change in number of electrodes X
Process Parameters
12) A change in the amperage for each diameter > 10% increase
used by: or decrease
AWS
21) A change to a shielding gas not covered in:
A5.18 or A5.28
General
27) A change in position not qualified by
X
Table 4.1
> 25°F
35) Decrease from preheat temperatured by:
[15°C]
> 25°F
36) Decrease from interpass temperatured by:
[15°C]
37) Addition or deletion of PWHT x
Table 4.6
PQR Supplementary Essential Variable Changes for CVN Testing Applications
Requiring WPS Requalification for SMAW, SAW, GMAW, FCAW, and GTAW
Variable
Base metal
Position
Preheat/Interpass Temperature
8) A change in the PWHT temperature and/or time ranges. The PQR test shall be
subject to 80% of the aggregate times at temperature(s). The PWHT total X
time(s) at temperature(s) may be applied in one heating cycle
Electrical Characteristics X
9) An increase in heat input or volume of weld metal deposited per unit length of
weld, over that qualified, except when a grain refining austenitizing heat treatment
is applied after welding. The increase may be measured by either of the
following: X
a) Heat imput (J/in) = (VoltsxAmpsx60)/travel speed (in/min)
b) Weld Metal Volume---An increase in bead size, or a decrease in the length
of weld bead per unit length of electrode
Other Variables
11)A change from multipass per side to single pass per side X
Table 4.4
Number and Type of Test Specimens and Range of Thickness Qualified—
WPS Qualification; Fillet Welds (see 4.12.1)
Number All-Weld-
Fillet Size of Welds Macroetch -Metal Side Bend
Plate/Pipe
per WPS 4.11.1 Tension (see Figure Fillet Size
Thickness
4.8.4 (see 4.13)
Figure 4.18)
3 faces
Single pass, max. 1 in each (except Max. tested
size to be used position to for 4F & 5F, - - Unlimited single pass
in construction be used (see Table 4.1) 4 faces and smaller
req’d)
3 faces
Multiple pass, min. 2 in each (except Min. tested
size to be used position to for 4F & 5F, - - Unlimited multiple pass
in construction be used (see Table 4.1) 4 faces and larger
req’d)
W C
Figura 8.11 - dimensões dos corpos de prova soldados da Norma AWS D1.1.
Além disso, como é requerido teste de impacto, são necessários 1 conjunto de 3 ou de 5 corpos de prova,
conforme item 4.36 da AWS D1.1.
Por esse motivo foi selecionado o processo GMAW no lugar do FCAW e um controle de dureza após sol-
dagem poderia ser uma prática que aumentaria a segurança desta soldagem.
Tabela 8.18 - retirada da Norma ASTM A131 indicando o carbono equivalente máximo para o material EH40.
Torre do J-lay
Barco do J-lay
Linha d´água
Propulsores
Região sem
suportação
Região de
Sagbend
Tochdown
point
Fundo do mar
Figura 8.13 – Configuração do J-lay. Fonte: OS AUTORES, 2018.
Para os trechos submarinos, as double-joints , dois tubos de 12 m soldados em terra, serão soldadas na
embarcação na posição 2G e os critérios de aceitação da junta soldada são mais rígidos pela análise de fa-
diga, necessária como critério de projeto. A presença de H2 S, faz com que este gasoduto tenha controle de
dureza em função do risco de trincamento induzido por sulfeto. Desta forma, tanto para o trecho soldado
em pipeshop quanto o trecho soldado no mar, podem ser soldados com GMAW automático, com curto
circuito controlado na raiz e no modo pulsado no enchimento. O uso de solda automática para o trecho
submarino se dá pela sua realização em ambiente controlado a bordo da embarcação, além de ser contínuo.
8.8.3.2 Consumíveis
No caso da soldagem dos trechos terrestre e submarino do gasoduto, pode ser utilizado o mesmo pro-
cedimento para ambas as aplicações, desde que sejam atendidos todos os critérios e ensaios requeridos
pelas respectivas normas, ASME B31.8 e DNV GL ST F101. Para o trecho submarino, com lançamento do
tipo “J Lay” em águas profundas, se faz o uso de embarcação específica, que já efetua a soldagem entre
os tubos em ambiente controlado a bordo da embarcação. Esse processo demanda alta produtividade,
em razão do qual se adota processo de soldagem GMAW automatizado com o uso de chanfro J para os
tubos. O processo automatizado apresenta corrente na ordem de 200 a 280 A. O heat imput é na ordem
de 0,4 kj.mm-1 para a raiz e 0,4 a 0,8 kj.mm-1 para os demais passes.
WT x
28,2 7,0
X ± 0,5 27,9 7,0
0 ± 1º
3 ± 1º
20,0 ± 1,0
1,4 ± 0,3
R=3,2 ± 0,3
Figura 8.14 - Detalhes construtivos do chanfro a ser soldado.
O consumível mais adequado foi o ER 70S-6, AWS SFA 5.18 e o gás de proteção adotado foi o Ar+CO2
80/20, com a vazão entre 27 e 33 L.min-1 .
ARAME COMPOSIÇÃO APLICAÇÕES PROPRIEDADES POSIÇÕES DIÂM. TENSÃO FAIXA DE DEPOS. GÁS DE PROTEÇÃO
SÓLIDO DO ARAME MECÂNICAS SOLDAGEM (mm) CORRENTE (Kg/h) TIPO DE CORRENTE
OK (%) TÍPICAS
OK Autrod C 0,08 Arame sólido cobreado Ar + 20% CO 2 0,8 18 - 24 V 60 - 200 A 0,8 - 3,0 Ar + 8 - 25%
12.51 Si 0,90 manganês-silício destinado L.R. 560 MPa 1,0 18 - 32 V 80 - 300 A 1,0 - 5,6 CO2
Mn 1,50 à soldagem MIG/MAG dos L.E. 470 MPa 1,2 18 - 34 V 120 - 380 A 1,3 - 8,0 ou
AWS / ASME SFA 5.18
aços não ligados, como A 26% 1,6 28 - 38 V 225 - 550 A 2,0 - 11,4 100% CO2
ER70S-6
por exemplo, os aços de ChV (20 °C) 130J CC+
construção em geral com uma ChV (-20 °C) 90J
EN 440
G3Si1
tensão de ruptura mínima de ChV (-29 °C) 70J
485 MPa. O OK Autrod 12.51 100% CO 2
solda utilizando as misturas L.R. 540 MPa
Ar + 20-25% CO2 ou CO2 puro L.E. 440 MPa
como gases de proteção. A 25%
Homologações: ChV (20 °C) 110J
FBTS(CO2) ER70S-6 ChV (-20 °C) 70J
ABS(CO2) 3YSA
BV(CO2) SA3,3YM
DNV (CO2) 3YMS
LR(CO2) DXVudO BF 3YS H15
NA
GL 3YS
VdTÜV 00899
Já para o trecho terrestre, em virtude de a soldagem ocorrer em ambiente aberto, com grande variação
na posição dos tubos e possivelmente de difícil acesso, o uso de soldagem automatizada é de difícil
aplicação. Desta maneira, opta-se pela soldagem manual ou semi-automatizada FCAW, com exceção da
raiz que será com GTAW, devido aos requisitos de dureza e tenacidade para aplicação em fluido com H2S.
Nesse caso, a raiz seria GTAW com consumível com especificação SFA A5.28 tipo ER80S-D2, com 2,4 mm
de diâmetro e para uso com 100% Argônio.
OK Tigrod C 0,09 Vareta cobreada para soldagem, Como soldado: CC- 2,4 1000 100% Ar
Si 0,65 pelo processo GTAW (TIG), de aços L.R. 615 MPa (EN 439 I1)
13.08 baixa liga ligados ao manganês e ao
Mn 1,90 L.E. 520 MPa
SFA/AWS A5.28 molibdênio (1,5%Mn, 0,4%Mo), aços
P 0,025 A 28%
ER80S-D2 resistentes a fluência de composição
S 0,025 ChV (-29 °C) 200J
EN ISO 636-B W4M3 química similar, como em tubos,
Ni <0,15
Mo 0,50 vasos de pressão e caldeiras com
temperatura de operação de até
Cu 0,15
500ºC. Além disso, também podem
Outros 0,50
ser aplicados para soldagem de aços
baixa liga e alta resistência com bons
resultados de tenacidade.
Os demais passes, para FCAW, o consumível seria o SFA 5.20, tipo E71T-5C(M) com diâmetro 1,2 mm e
para uso com CO2.
OK TUBROD 100% CO2 O OK Tubrod 75 é um arame 100% CO 2 1,20 150A, 29V 90 2,00 100% CO2
75 tubular básico, que deposita (CC-) 210A, 30V 90 2,95 CC-
C 0,04 um metal de solda com L.R. 550 MPa 250A, 32V 91 3,95
ASME Si 0,50 características similares a de L.E. 490 MPa 290A, 34V 91 4,95 ou
SFA-5.20 Mn 1,50 um eletrodo revestido básico A 27% 330A, 35V 92 5,85
E71T-5C(M)
E7018 (baixo Hidrogênio). Ch V (-40 °C) 90 J Ar+ 20-25% CO2
E491T-5C (M)
Permite alta qualidade do metal 1,60 190A, 30V 91 2,85 CC-
ASME
Ar+ de solda e grande produtividade 300A, 34V 91 4,70
SFA-5.36
E71T5-C1A4-CS1 20-25% devido à elevada taxa de Ar+20-25% CO 2 365A, 35V 92 5,70
E71T5-M21A4-CS1 CO 2 deposição. O OK Tubrod 75 (CC-) 410A, 36V 93 6,45
pode ser utilizado com CO2 L.R. 630 MPa 450A, 36V 94 7,40
C 0,05 ou mistura Ar+ 20-25% CO2. É L.E. 560 MPa 500A, 37V 94 9,21
Si 0,53 aplicável para a soldagem em A 24%
Mn 1,68 um único passe ou multipasse. Ch V (-40 °C) 50 J
É usado na soldagem estrutural,
na indústria naval e offshore e
na construção pesada em geral.
A corrente utilizada seria na ordem de 100 a 150 A, para o processo GTAW, e na faixa de 130 a 200 A, para
o processo FCAW. As energias seriam limitadas em 25 kj.mm-1 para ambos os processos.
1 Manufacturer
2 Welding process
The order of processes used b Any change when multiple processes are used.
3 Welding Equipment
4 Base materials
A change from a lower to a higher
Material grade a
strength grade but not vice versa.
6 Groove configuration
8 Welding consumables
Any change of diameter or cross-section
a
area.
11 Arc Characteristics
12 Welding techniques
Time lapse between completion of root Any increase above maximum time
h
pass and start of hot pass qualified.
13 Preheating
Preheat temperature a Any reduction.
14 Interpass temperature
Heat input range for each pass For C-Mn and low alloy steels with SMYS
> 450 MPa and C-Mn and low alloy steels
b
in H2S service: Any change exceeding ±
10%.
Test joint
Minimum number of each specified test
Charpy Macro
Wall Transverse Transverse All-weld Root Face Side Fracture
D V-notch and Other
thickness weld all-weld tensile bend bend bend tou-
(mm) sets 3, hardness tests
(mm) Tensile Tensile 1) 1) 9) 9) ) ghness
4,5,6,7) 10)
≤ 300 2 2 2 2 2) 2 2) 0 4 2 11) 12)
≤ 25
> 300 2 2 2 4 2) 4 2) 0 4 2 11) 12)
> 25 all 2 2 2 0 0 4 6 2 11) 12, 13)
Notes:
1) The strength mismatch between the girth weld and the parent material shall be evaluated when ECA is required.
All-weld tensile specimens are recommended when ECA is performed, however, transverse all-weld specimens are
acceptable. In case of ECA, full stress-strain curves shall be established as far as possible, see also DNVGL-RP-F108.
If it is impossible to prepare test samples due to size limitations, weld metal properties shall be documented based
on the weld consumables material certificates provided by the supplier (i.e. to document that the yield and ultimate
tensile weld metal strength are above the base metal values).
2) For welding processes GMAW, GTAW, FCAW and SMAW side bend tests shall be performed instead of root and face
bend tests. For t > 12 mm side bend test is an acceptable alternative to root and face bend tests.
3) Impact testing is not required for t < 6 mm.
4) Each Charpy V-notch set consists of 3 specimens.
5) The notch shall be located in the weld metal, the fusion line (FL) sampling 50% of HAZ, FL+2 mm and FL+5 mm, see App.B, Figure B-3 through
Figure B-5.
6) For double sided welds on C-Mn and low alloy steels, four additional sets of Charpy V-notch test specimens shall be sampled from the weld
metal, FL (sampling 50% of HAZ), FL+2 mm and FL+5 mm in the root area, see Figure B-5.
7) If several welding processes or welding consumables are used, impact testing shall be carried out in the corresponding weld regions, even if the
region tested cannot be considered representative for the complete weld.
8) When the wall thickness exceeds 25 mm for single sided welds, two additional sets of Charpy V-notch test specimens shall be sampled from the
weld metal root and FL in the root area.
9) Bend tests on clad/lined pipes shall be performed as side bend tests. 4 side bend tests shall be performed (for all wall thicknesses).
10) For girth welds in welded pipe, one macro and hardness shall include an intersection between a longitudinal/girth weld.
11) Requirements for corrosion tests, chemical analysis and microstructure examination are specified in [C.6].
12) Fracture toughness testing is only required when a generic or full ECA is performed for pipeline girth butt welds. Extent of testing shall be in
accordance with DNVGL-RP-F108.
13) For nominal wall thickness above 50 mm in C-Mn and low alloy steels fracture toughness testing is required unless
PWHT is performed.
Tabela 8.23 - número e tipo de corpos de prova para cada ensaio de acordo com a
espessura de parede DNVGL-ST-F101.
A respeito dos cuidados metalúrgicos para o metal e solda, conforme mencionado anteriormente, a du-
reza requer especial atenção. A DNV GL ST F101 limita a dureza em 250 HV para a superfície interna do
tubo e 275HV para a superfície externa em ambientes com H2S. Práticas de soldagem que minimizem a
formação de fases frágeis devem ser utilizadas e a dureza do metal de solda e da ZAC deve ser reduzida
para evitar a corrosão sob tensão por sulfeto. Por isso, são necessários ensaios adicionais de dureza e
corrosão, conforme item 7.9.1 da DNV OS F-101, na qualificação do procedimento, de forma que seja
comprovado que estes efeitos foram mitigados com os parâmetros de soldagem adequados.
A ASME B31.8 também apresenta critérios mais rigorosos para aços para “sour service ”, exigindo o con-
trole da dureza, tanto no metal de solda quanto na ZAC, devendo obedecer às orientações da NACE
MR0175 / ISO 15156. Além disso, informa que valores de dureza comumente aceitos são de 250HV. A
norma ASME B31.8 também recomenda a realização de ensaios de controle da fratura para aços que irão
trabalhar com serviço ácido.
8.8.4.2 Consumíveis
Para a escolha dos consumíveis para a solda do permutador de calor de aço Cr-Mo-V revestido com AISI
347 da RNEST, os limites de ruptura de 110 ksi e de escoamento de 90 ksi da norma API RP 934-A (2012)
item 5.5.2 devem ser atendidos. De acordo com o item 7.2.5 do API 934, a dureza máxima para as soldas
deverá ser de 235 HV10. Dessa forma, o consumível escolhido para a solda pelo processo arco submerso
da parte relativa ao Cr-Mo-V é o F11AB-ECF6-F6 e para o revestimento o ER347.
TUBROD C 0,06 Arame tubular tipo “metal cored” que deposita um Como soldado 2,40 25 / 250 OK Flux
ECF6 Si 0,40 aço ligado ao Mn, Cr, Ni e Mo para soldagem em L.R. 821 MPa 10.61 B
Mn 1,20 passe único ou multipasse. A combinação OK Tubrod L.E. 758 MPa 3,20 25 / 250 ou
ASME
Cr 0,40 ECF6 + OK Flux 10.61B é indicada na união de aços A 19% 10.93 C
SFA-5.23
Mo 0,50 que exigem requerimentos de resistência mecânica ChV (-73 °C) 71J
F11A8-ECF6-F6
Ni 2,10 e tenacidade elevadas. Devido à sua alta resistência
à compressão, é utilizado também como camada
de almofada em aplicações de revestimento duro,
envolvendo reparo de rolos de laminação de tiras
a quente. O metal de solda apresenta ainda, ótima
resistência à propagação de trincas.
Tabela 8.24 - retirada do catálogo do fornecedor do consumível com as faixas das variáveis de soldagem que
poderiam ser utilizadas para o processo SAW no CR-MO-V.
OK Autrod C <0,08 Indicado para soldagem de aços inoxidáveis austeníticos estabilizados ao Nb do tipo 18%Cr- 2,4
347 Si 0,50 8%Ni. Devido ao fato de ser estabilizado apresenta boa resistência a corrosão intergranular e 3,2
Mn 1,80 pode ser usado em elevadas temperaturas. Indicado em combinação com o fluxo OK Flux 10.93. 4,0
AWS / ASME SFA 5.9
Cr 20,00
ER347
Ni 10,00
Nb <1,00
EN ISO 14343 W 19 9 Nb
Tabela 8.25 - retirada do catálogo do fornecedor do consumível com as faixas recomendadas das principais
variáveis de soldagem que poderiam ser utilizadas para o processo SAW para o revestimento de AISI 347.
As variáveis essenciais do processo SAW estão descritas nas tabelas da ASME IX QW-254 para qualifica-
ção do procedimento de soldagem e QW-354 para qualificação do soldador. As variáveis suplementares
devem ser consideradas, pois temos requisito de impacto.
Essencial Não
Parágrafo Resumo das Variáveis Essencial
suplementar Essencial
.5 φ Group number X
.4 φ F-number X
.5 φ A-number X
.6 φ Diâmetro X
.9 φ Classificação do fluxo-arame X
.33 φ Classificação X
Essencial Não
Parágrafo Resumo das Variáveis Essencial
suplementar Essencial
.5 φ Método de limpeza X
.6 φ Método de goivagem X
.7 φ Oscilação X
.26 ± Peening X
Legenda:
< Diminuir /
- Supressão ↓ Abaixo de → Atrás de
menor do que
De acordo com a norma Petrobras N-133 (2017), Aço Cr-Mo necessita de ensaio de impacto: média de 55J
e individual mínimo de 47J a uma temperatura de -30°C após o tratamento térmico de alívio de tensões.
Para o ensaio de impacto, temos 1 conjunto de 3 corpos de prova na ZAC e 1 set no metal de solda.
Além disso temos a orientação da norma API 934-A item 6.2.4.2 que diz que após os corpos de prova de
Charpy serem tratados termicamente, cada conjunto de corpos de prova deve ser testado em oito tem-
peraturas selecionadas, de modo a estabelecer a curva de transição dúctil-fragil, sendo um dos testes
a 29°C. Três corpos de prova devem ser testados a cada temperatura de teste. A curva de temperaturas
de transição deve ser estabelecida com, no mínimo, duas temperaturas de teste cada patamar superior
e inferior e, no mínimo, quatro temperaturas de teste intermediárias.
6.2.4.2 After the test coupons are heat treated, sets of Charpy V-notch test specimens shall be pre-
pared and impact
tested at eight selected test temperatures to establish a transition temperature curve. One of the
tests should be
performed at – 20 °F (–29 °C). Three specimens should be tested at each test temperature. The
transition
temperature curve should be established with at least two test temperatures on both the upper and
lower shelf and a
minimum of four intermediate test temperatures.
A norma N-133 item 5.3.9 fala que, de uma forma geral, a dureza na zona fundida e termi-
camente afetada após tratamento térmico de alívio de tensões não deve exceder os limites
da tabela 9 da referida norma. Valores mais restritivos devem ser empregados quando
indicados pela norma de projeto.
0,5Cr-0,5Mo
C-Mo
1,0Cr-0,5Mo
Cr-Mo
1,25Cr-0,5Mo
2Cr-0,5Mo - (PN 4)
5,0Cr-0,5Mo
9,0Cr-1,0Mo-V
Supondo que durante a soldagem o ciclo foi interrompido com duas camadas de solda depositadas,
preenchendo menos de um terço do chanfro, deve-se seguir as recomendações da AWS D10.8 para o
reinício da soldagem:
Atenção
De acordo com a norma N-133, item 5.3.3.4: é recomendável que o ciclo de soldagem nos
aços Cr-Mo não seja interrompido até a conclusão completa da soldagem conforme procedi-
mento qualificado. Isto se deve à possibilidade de ocorrência de trinca de reaquecimento no
contorno de grão, fenômeno comum neste tipo de material.
Caso os ensaios de impacto sejam aprovados no ensaio de step cooling , não há tendência a geração de
fragilidade do revenido no metal de solda. Não pode ser relevado o fato da não apresentação da do-
cumentação de step cooling , pois o item 6.2.3.1 da API 934A indica a necessidade de realização destes
testes no metal de solda para cada lote de eletrodos por meio de teste de impacto.
Atenção
É preciso prestar especial atenção na soldagem do aço Cr-Mo-V revestido com AISI 347 uma
vez que os comportamentos metalúrgicos de cada um dos materiais diferem significativa-
mente entre si.
7.3 Preheat and Heat Treatments During Base Metal Forming and Welding
7.3.1 Preheat
7.3.1.1 Base metal shall be heated to a minimum of 4 00 °F (205 °C) for both conventional and ad-
vanced steels
prior to and during all welding operations (except as modified for weld overlay; see 7.5.4).
NOTE The 4 00 °F (205 °C) preheat for welding is based on the ASME Sec. VIII, Div. 2 non-mandatory
Table 6.7 (see Paragraph
6.4.1.2 of the Code). Lower preheat values have been used successfully in the past by numerous
fabricators. Proposed lower
preheat values can be proposed to the purchaser for approval along with data on past experience.
7.3.1.2 Base metal shall be heated to a minimum of 300 °F (150 °C) for conventional steels and 3 50
°F (177 °C) for
advanced steels prior to, and during, all thermal cutting and gouging operations.
Considerando o material de base, Cr-Mo-V, SA-691 Cl. 2, é possível identificar pela tabela QW/QB-422 da
norma ASME IX que o mesmo possui P-number 5A e limite de resistência mínimo de 75ksi.
Ferroso
A/SA-691 2,25Cr, Cl. 2 K21590 515 5A 1 2.25Cr–1Mo
A/SA-240 304 S30400 515 8 1 18Cr–8Ni
A/SA-240 317L S31703 515 8 1 18Cr–13Ni–3Mo
2Cr-0,5Mo - (PN 4)
2,25Cr-1Mo - (PN 5A)
2,25-3Cr-Mo-V - (PN 5C) 200 ºC 250 ºC 350 ºC
3Cr-1Mo - (PN 5A)
5Cr-0,5Mo - (PN 5B)
200 ºC 250 ºC 350 ºC
9Cr-1Mo - (PN 5B)
9Cr-1Mo-V-Nb - (PN 15E) 200 ºC 250 ºC 330 ºC
NOTA 1 Para soldagem GTAW, as temperaturas indicadas na Tabela 7 podem ser reduzidas em até 50 oC no passe de
raiz quando a espessura é menor ou igual a 12 mm.
NOTA 2 Soldas heterogêneas, qualquer teor de cromo e espessura da junta: 150 ºC, exceto para os aços carbono-molib-
dênio com espessura da junta igual ou inferior a 12 mm, para o qual não é requerido o preaquecimento.
NOTA 3 Na deposição por soldagem de revestimento anti-corrosivo (“weld overlay”) o preaquecimento mínimo deve ser
de 150 ºC para os aços Cr-Mo independente da espessura. Preaquecimento de 100 ºC é necessário para o aço carbono-
-molibdênio com espessura superior a 12 mm.
NOTA 4 A temperatura interpasse máxima em soldas heterogêneas ou de revestimento deve ser inferior a 175 ºC, en-
tretanto, em fabricação pode ser admitido até 220 ºC desde que aprovado pela PETROBRAS e que comprovadamente não
acarrete dano ao revestimento, através de ensaios de corrosão conforme ASTM A262 aplicável ao aço inoxidável austenítico.
NOTA 5 Após a realização de operações de corte térmico e goivagem a ZTA do corte deve ser integralmente removida
antes da soldagem (preparação do bisel).
Tabela 8.29 - retirada da norma N-133 com a temperatura mínima de preaquecimento para
o P-number do material SA-691.
Utilizando outra referência alternativa, de acordo com a norma ASME VIII Div. 2, a temperatura mínima
de preaquecimento para o material de base é de 205°C.
205°C (400°F) for a material that has either a specified minimum tensile strength in excess of
5A, 5B, 5C, 15E 410 MPa (60,000 psi) or has both a specified minimum chromium content above 6.0% and a
thickness at the joint in excess of 13 mm (1/2 in.) 150°C (300°F) for all other materials
Tabela 8.30 - temperatura mínima de preaquecimento do material SA-691 na norma ASME VIII div.2
Considerando apenas o material de base, a faixa de temperaturas que cumpre os requisitos normativos
e contratuais, entre 250°C e 300°C é muito estreita e de difícil controle durante a fabricação. De modo a
facilitar o controle da faixa de temperaturas, optou-se por adotar a temperatura de preaquecimento e
interpasse mínima de 205°C e máxima de 300°C.
Na N-133, para a solda de revestimento em aço inoxidável AISI 347, temos no item 5.5.6 Preaquecimento
e Interpasse, subitem 5.5.6.1, que não deve ser permitido o preaquecimento. E no subitem 5.5.6.2 diz que
a temperatura interpasse deve ser mantida o mais baixo possível, não devendo exceder a 150 °C, exceto
para o aço 317L, que não deve exceder 120 °C.
5.5.8 TTAT
Geralmente não é requerido.
Pós aquecimento: apesar de que o revestimento de AISI 347 não deve requerer o pós-aquecimento, o
material de base de Cr-Mo torna a sua execução necessária. Segundo a norma N-133, o pós-aquecimen-
to deve ser de no máximo a 175°C por 75 minutos.
Cr-Mo
9,0Cr-1,0Mo
>6 300
Cr-Mo-V 9,0Cr-1,0Mo-V
5.3.7.2 O pós-aquecimento não é requerido para soldas heterogêneas, exceto nos casos de junta com
alta restrição e/ou espessura, porém não deve ultrapassar a 175 °C .
Tabela 8.31 - temperatura e tempo de pós-aquecimento por tipo de material e espessura da norma N-133.
Para a soldagem
Tratamento térmico
do aço Cr-Mo
Para a soldagem
Tratamento do aço
térmico: Cr-Mo:
Para Para os de
a soldagem aços Cr-Mo de P-number
revestimento AISI 347,5A o tratamento
item térmico de
5.5.8- tratamento alívio de
térmico de
tensões
alívio desomente
tensões deve ser iniciado
da N-133: após a junta
geralmente não ésoldada resfriado abaixo de 50°C, conforme norma N-133.
requerido.
5.3.8.1 O TTAT deve atender ao respectivo código de projeto e especificação técnica aplicável, inclu-
sive o número de ciclos de tratamento.
5.3.8.2 Para os aços Cr-Mo de “P number” 5A , 5B, 5C e 15E o TTAT somente deve ser iniciado após
a junta soldada ter resfriado abaixo de 50 °C .
Conforme a tabela 5 na norma API 934A, o material deve ser tratado a 690°C.
a Withholding time shall meet ASME Section VIII, Division 2, Table 6.11, and the filler metal manufacturer's
specified minimum PWHT holding time.
b The electrode manufacturers have developed their materials for thicker welds, and even with thinner welds,
this longer heat treatment is needed to meet toughness and tensile properties. ASME Section VIII, Division 2
requirements (Table 6.11) must also be met if stricter.
Tabela 8.32 - retirada da norma API 934A com temperatura de patamar para o
tratamento térmico de alívio de tensões.
Indo para a ASME VIII Div. 2, tabela 6.11, conforme orientação da API 934, temos que o vaso em questão
não se enquadra em nenhuma das exceções que dispensam o tratamento térmico de alívio de tensões da
tabela 6.11, sendo que o mesmo é necessário com temperatura de patamar de 675°C por 3h.
Tabela 8.33 - retirada da norma ASME VIII Div. 2 com requisitos de tratamento
térmico para materiais com P-Number 5A.
7.1.3 Welding shall be completed prior to final PWHT, except welding of attachments to the internal
austenitic
stainless steel weld overlay or to external stainless steel weld buildup, when permitted by the pur-
chaser. For these
attachment welds, a procedure qualification record (PQR) and/or mockup test shall be performed to
verify that this
does not produce a HAZ in the base metal, unless waived by the purchaser.
Tratamento térmico intermediário: O Aço 2 1/4 Cr - 1 Mo é do tipo convencional, razão pela qual o ISR
deve ser feito a 593°C por no mínimo 2h. O ISR deve ser realizado antes da temperatura no cordão de
solda baixar da temperatura de preaquecimento.
An ISR soak in a furnace shall be performed at the following metal temperatures, unless otherwise
approved by
purchaser:
--- advanced steels: 1 200 °F (650 °C) minimum for 4 hours minimum, or 1 250 °F (680 °C) minimum for 2
hours minimum.
Materials covered by this RP are conventional steels including standard 21/4Cr-1Mo and 3Cr-1Mo
steels, and
advanced steels which include 21/4Cr-1Mo-1/4V, 3Cr-1Mo-1/4V-Ti-B, and 3Cr-1Mo-1/4V-Nb-Ca steels.
This document
may be used as a reference document for the fabrication of vessels made of enhanced steels (steels with
mechanical
properties increased by special heat treatments such as ASME SA-542, Grade B, Class 4) at the purchaser’s
discretion. However, no attempt has been made to cover specific requirements for the enhanced steels,
and they may
be different than the requirements for vanadium grade steels.
Informação Importante
De acordo com o item 7.3 da norma API 934A, a medição da temperatura de interpasse deve
ser realizada a uma distância entre 75 e 100mm da solda e não deve ser superior a 150°C.
Como se trata de uma chapa grossa e a medição foi realizada em uma distância menor do que
a indicada pela norma, não há como garantir qual temperatura foi atingida. Portanto, a pro-
posta do nível 2 de passe de revenimento é coerente, a fim de obter um refinamento dos grãos
da ZAC dos passes anteriores e manter o aporte térmico dentro dos limites estabelecidos.
Atenção
Cuidado especial deve ser dado ao fluxo quanto ao risco de contaminação por impurezas e
umidade.
A N-133 (Tabela 10) e o item 4.3 da I-ET-...-200-PQS-001 recomendam o consumível AWS 5.14 ERNiCr-
Mo-3. Este consumível apresenta limite de escoamento de 430 MPa, enquanto o material de base apre-
senta 515 MPa.
NOTA Estes consumíveis devem ser utilizados quando a junta soldada for submetida a temperaturas próxi-
mas ao limite inferior permitido para o material de base.
Tabela 8.34 - retirada da norma N-133 para eletrodos e varetas para aço níquel.
Durante as soldagens foi utilizado um fluxo aglomerado, neutro e básico, apropriado para soldagens de
aços 9Ni, com nível máximo de hidrogênio difusível H8. As variáveis de soldagem utilizadas no processo
de soldagem a arco submerso de acordo com o catálogo da Metrold Welding Consumables .
As variáveis essenciais para o SAW estão nas tabelas QW-254 e QW-354, na coluna essential . Como não
temos requisitos de impacto, a coluna supplementary essential não é essencial.
Na norma ASME B31.3 Capítulo III – Materiais, item 323 – 323.2 - Limitações de temperatura, sub-item
323.2.2 – Limite inferior de temperatura para materiais listados, alínea 323.2.2 (a) – O material pode ser
usado se a temperatura mínima de projeto estiver acima da temperatura mínima citada na Tabela A-1 e
se o procedimento de soldagem for testado conforme Tabela 323.2.2 Coluna A.
Table A-1M Basic Allowable Stresses in Tension for Metals (Metric)1 Nominal Composition Product Form Numbers in
Parentheses Refer to Notes for Appendix A Tables; Specifications Are ASTM Unless Otherwise Indicated
Min. Min.
Nominal Class/ Min. Yield
Product Spec. Type/ Size, P-No. Temp., Tensile Max. Use
Composi- UNS No Condition/ Strength,
Form No. Grade mm (5) °C Strength, Temp., °C
tion Temper Mpa
(6) Mpa
Tabela 8.36 - propriedades e temperatura mínima de projeto para o metal de base - ASME B31.3.
Como a temperatura mínima de projeto é superior a -196°C, e a Tabela 323.2.2 Coluna A, não requer im-
pacto, logo, o ensaio de impacto não é necessário na qualificação do procedimento de soldagem.
De acordo com a tabela QW-451.1 da ASME IX, são necessários 2 CPs para ensaio de tração e 4 CPs para
ensaio de dobramento lateral previamente citada nesse capítulo.
Entretanto, em função de diversos problemas ocorridos nos ensaios de corrosão sob tensão por H2 S,
ensaios adicionais de corrosão, conforme a norma ASTM G48 (2010), foram acrescidos na qualificação do
procedimento deste material.
Elemento C Ni Mn Si P S
Uma vez observados os aspectos metalúrgicos de cada material e sua susceptibilidade a determinados
danos devidos ao processo de soldagem, é hora de avaliar, nas normas de projeto, a necessidade e os
requisitos de preaquecimento, pós-aquecimento, tratamento térmico e temperatura de interpasse. Por
exemplo, em materiais susceptíveis ao trincamento induzido por hidrogênio, manter a peça em tempe-
raturas mais elevadas por mais tempo, por meio de pré ou pós-aquecimento, facilita a difusão e escape
do hidrogênio, evitando tricas a frio. Já em aços inoxidáveis austeníticos de baixa condutividade térmica
e elevado coeficiente de expansão térmica, quando a preocupação são trincas a quente, o aporte térmico
deve ser o mais baixo possível.
Importante!
É importante lembrar que a temperatura alta mantida por períodos mais longos favorece
os processos que envolvem difusão e crescimento de grão.
De modo a explorar a forma de se fazer essa avaliação, serão considerados os exemplos previamente
trabalhados e aprofundados a seguir.
A Tabela 8.39 traz as variáveis essenciais destacadas para o processo GTAW, tabela QW-256.
Essencial Não
Parágrafo Resumo das Variáveis Essencial
suplementar Essencial
QW-403
.5 φ Group number X
Metal base
Essencial Não
Parágrafo Resumo das Variáveis Essencial
suplementar Essencial
.11 φ P-number qualificado X
QW-404
.3 φ Tamanho X
Metal de adição
.4 φ F-number X
.5 φ A-number X
.12 φ Classificação X
.14 ± Metal de adição X
.22 ± Inserte Consumível X
φ Forma de produção do metal de
.23 X
adição
.30 φ Espessura do metal depositado X
.33 φ Classificação X
QW-405
.1 + Posição X
Posição
.3 φ ↑↓ Soldagem vertical X
QW-407
.1 φ TTAT X
TTAT
φ TTAT (Temperatura e faixa de
.2 X
Temperatura)
QW-408
.1 ± Trail gas ou composição do gás X
Gás
QW-409
Características .1 > Aporte térmico X
elétricas
.3 ± Pulso de corrente X
φ Tipo de corrente (CA ou CC) ou
.4 X X
polaridade
.8 φ Faixa de corrente e tensão X
.12 φ Eletrodo de tungstênio X
QW-410
.1 φ Passe reto / trançado X
Técnica
Essencial Não
Parágrafo Resumo das Variáveis Essencial
suplementar Essencial
.5 φ Método de limpeza X
.6 φ Método de goivagem X
.7 φ Oscilação X
.9 φ Passe único ou multipasse / lado X X
.10 φ Único eletrodo para múltiplos X X
.11 f Closed to out chamber X
.15 φ Passe reto / trançado X
.25 φ Manual ou automático X
.26 ± Peening X
.64 Uso de processos térmicos X
Legenda:
+ Adição > Aumentar / maior do que ↑ Acima de ← A frente de φ Mudança
- Supressão < Diminuir / menor do que ↓ Abaixo de → Atrás de
O material qualificado o inox 304 e o metal base soldado 317L possuem o mesmo P-number 8, e atende
as exigências da tabela QW-256, ambas do ASME sec. IX, 2017, Tabela 8.40.
Ferroso
A/SA-691 2,25Cr, Cl. 2 K21590 515 5A 1 2.25Cr–1Mo
A/SA-240 304 S30400 515 8 1 18Cr–8Ni
A/SA-240 317L S31703 515 8 1 18Cr–13Ni–3Mo
Na RQPS não foi previsto preaquecimento, atendendo aos requisitos definidos no ASME sec. IX e da
N-133.
C 0,03
Si 0,50
Mn 1,80
ER308L Cr 20,60 Plana 1G 2,4 13-19 60 - 90 CC- 8
Ni 9,90
Mo 0,30
Cu 0,75
Apesar de os parâmetros estarem adequados para a soldagem com o consumível ER308L, adequados
para a soldagem do aço AISI 304 qualificado, este consumível não está de acordo com o recomendado. A
norma Petrobras N-133, em sua tabela 13, que recomenda a aplicação do consumível ER317, Tabela 8.45.
Como o aporte térmico calculado não foi elevado e o teor de carbono é controlado, não é esperada a
precipitação de carbeto de cromo intergranular no contorno de grão, que levariam a sensitização.
A purga estava adequada, pois o aspecto visual da contaminação era o padrão Nº 4, Figura 8.36 ,que traz
como 100 ppm de oxigênio que é aceitável pela A escala de contaminação está apresentada na Figura 8.37.
Contudo, apesar de todos os requisitos de corrosão estarem adequados para a soldagem com o consu-
mível ER 308L, o consumível mais adequado para esses tanques era o ER317L. Esta troca, além de ser
um desvio de procedimento, diminui a resistência à corrosão da junta, fazendo com que o metal de solda
seja um ponto preferencial de corrosão.
Importante salientar que estes tanques não devem operar nas condições iniciais de projeto.
A diversidade de processos, com suas peculiaridades inerentes, materiais a serem soldados e normas
foram enfatizados, devido ao fato de serem esses fatores primordiais para uma abordagem inicial às
questões cotidianas no universo da soldagem.
Este trabalho se presta a uma contribuição na formação de uma metodologia própria que cada especia-
lista irá desenvolver na prática, expondo a maneira com a qual muitas das informações necessárias às
tomadas de decisão se apresentam.
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