Seca em Angola - Compressed
Seca em Angola - Compressed
Seca em Angola - Compressed
ANGOLA
PONTO DA
SITUAÇÃO
2020-2021
CAUSAS,
RESPOSTAS E
SOLUÇÕES
Membros da equipa:
• Ruy Llera Blanes (School of Global Studies, University of Gothenburg)
• Carolina Valente Cardoso (School of Global Studies, University of Gothenburg)
• Helder Alicerces Bahu (ISCED-Huíla)
• Cláudio Fortuna (CEA-UCAN Luanda; ISCTE-IUL Lisboa)
HTTPS://SECAANGOLA.HYPOTHESES.ORG
HTTPS://WWW.GU.SE/EN/RESEARCH/ENVIRONMENTAL-DISASTER-AND-CIVIC-RESPONSES-IN-ANGOLA
Citar como: Blanes, Ruy l., Carolina v. Cardoso, Helder a. Bahu e Cláudio Fortuna (2022). Seca em
Angola. Ponto da Situação 2020-2021. Causas, Respostas e Soluções. Relatório de Pesquisa.
Gotemburgo e Lubango: School of Global Studies & ISCED-Huíla.
ÍNDICE
AGRADECIMENTOS
ACRÓNIMOS
RESUMO EXECUTIVO
INTRODUÇÃO E CONTEXTO
•Abordagem e metodologia do projeto
•Uma “Terra-Celeiro. Notas históricas-culturais-ambientais sobre o Sudoeste de
Angola
•O problema: causas e consequências da seca, cronologia, atores no terreno,
reações da sociedade civil
RESPOSTAS E PROGRAMAS
•Introdução: A arquitetura da resposta à seca
•Programas e linhas de ação
•Soluções técnicas
•Saberes locais
ESTUDOS DE CASO
•Introdução
•Huíla
•Cunene
•Namibe
BOAS PRÁTICAS
•Reforestação
•Micro-gestão hídrica
•Agro-ecologia
•Participação
•Democratização das infra-estruturas
•Ciência e tecnologia
AVALIAÇÃO E RECOMENDAÇÕES
•Problemas identi icados
•Recomendações
BIBLIOGRAFIA
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AGRADECIMENTOS
Em Luanda, bene iciámos dos esclarecimentos oferecidos por Sérgio Kalundungu (NCA),
Vladimiro Russo (Fundação Kissama), Francisco Osvaldo (INAMET), Carolino Mendes
(MINEA) e Manuel Quintino (INHR). Também agradecemos à ADPP pela informação
partilhada sobre os seus projetos e intervenções, e às seguintes organizações pelo debate
organizado em torno das questões ambientais, poluição e cidadania em Angola: Terceira
Divisão, Projeto Ambuíla, Instituto Mosaiko.
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ACRÓNIMOS
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RESUMO
EXECUTIVO
• Nas zonas fronteiriças, veri ica-se o aumento autonomia inanceira e jurídica su iciente
para poder dar respostas em tempo útil.
movimentos de migração forçada para a
Namíbia à procura de comida e trabalho,
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INTRODUÇÃO
E CONTEXTO
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ABORDAGEM E METODOLOGIA DO PROJETO
Este projeto de investigação, inanciado Acresce também que cada vez mais o
pela agência sueca FORMAS no âmbito fe n ó m e n o d a s e c a t e m v i n d o a
do programa “Urgent Grants” (2019), transcender os limites territoriais das
surge em resposta à situação de seca três províncias normalmente associadas
extrema tal como emergiu em ao fenómeno (Cunene, Huíla, Namibe).
2018-2019. O objetivo era fazer um Tal como reportado no último ano, vão
ponto da situação da mobilização estatal se acumulando notícias dos efeitos da
e cívica, tanto a nível nacional como estiagem, por exemplo nas províncias de
internacional, que surgiu em resposta a Benguela, Cuando-Cubango e Malanje.
esse reconhecimento de crise. Enquanto Neste sentido, para além do chavão
antropólogos sociais e culturais, a nossa “seca no Sul de Angola”, é necessário
preocupação era fazer uma apreciação continuar a acompanhar o alcance e a
in situ, em contacto com as complexidade da estiagem ao longo de
comunidades locais, para entender o todo o território de Angola.
que correu bem e o que falhou na
O trabalho de campo foi efetuado em
resposta à seca, e sobretudo qual o
diferentes momentos entre Outubro de
ponto de vista das comunidades locais
2020 e Junho de 2021. Foram visitadas
sobre a mesma. Procurou-se combinar
ao todo 11 localidades nas províncias do
uma perspetiva antropológica
Cunene, Huíla e Namibe.
preocupada com os contextos sócio-
Nomeadamente:
históricos, culturais e políticos, e uma
análise mais aplicada da mobilização - Cunene: Curoca (sede, Oncocua,
técnica para desenvolver soluções de Erola).
curto, médio e longo prazo.
- Huíla: G a m b o s ( Ty i p eyo,
Esta abordagem de terreno teve a Tyitongotongo, Tyihepepe, Taka,
vantagem de poder recolher Tunda), Humpata (sede, Neves, Bata-
experiências e perspectivas muito Bata), Matala, Quilengues (Impulo).
diferenciadas em relação à seca, as suas
causas e consequências. Por outro lado,
- Namibe: V i r e i ( Ty i t u n d o - H u l o ) ,
Tô m b w a ( C u r o c a , L a g o a d o
tendo em conta o seu caráter urgente,
Carvalhão, Arco) Bibala (Quilemba
não foi uma recolha exaustiva em termos
Velha).
geográ icos - muitas outras localidades e
regiões poderiam igualmente ter sido Nessas visitas, conversamos com sobas
abordadas -, nem de longa duração. e respetivas famílias, pastores e
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SOLUÇÕES PARA A SECA EM ANGOLA
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UMA “TERRA - CELEIRO”
NOTAS HISTÓRICAS-CULTURAIS-AMBIENTAIS
SOBRE O SUDOESTE DE ANGOLA
1Neste ponto é importante referir que estes conceitos classi icatórios incorporam uma trajetória histórica sujeita a
processos de dominação e controlo, em particular no contexto do colonialismo português, que frequentemente
ocultam realidades mais complexas (Carvalho 1995). É o caso, por exemplo, da categoria Nyanheca-Humbi (Melo
2007). Neste contexto, torna-se necessário um olhar crítico relativamente ao uso destes termos.
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O PROBLEMA DA SECA
CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS, CRONOLOGIA,
ATORES NO TERRENO, REAÇÕES DA SOCIEDADE
CIVIL
Tal como referido acima, o Sudoeste de vez tornava cada vez mais difícil os
Angola é, do ponto de vista bio- ecossistemas recuperarem entre um
climatológico, uma região diversi icada, ciclo de estiagem e outro. E também
composta por áreas tradicionalmente sinais de que esses processos estavam a
áridas e semi-áridas, assim como de afetar o calendário agrícola e
áreas montanhosas e húmidas e zonas subsequentemente a sobrevivência das
de bosque e loresta. Neste contexto, as comunidades. De acordo com o
comunidades locais não desconhecem o levantamento mediático e bibliográ ico,
fenómeno da seca. Ao longo das três após algumas referências breves em
províncias referidas os mais velhos 2008, os primeiros alertas recorrentes
recordam outros episódios históricos de começam a aparecer em 2012, alertando
seca, tais como a seca sentida na zona para a acumulação de anos de chuva
de Quilengues em 1972, a chamada irregular ou insu iciente. Mas será em
“seca do Xangongo” de 1979 ou a “seca 2019 que se começa a falar de uma
da Chitambula” (1989-1992). Neste situação de emergência generalizada.
sentido, as populações locais sempre Vários relatórios internacionais já
tiveram estratégias de acesso e recolha descrevem a situação como “a pior seca
de água, seja através do conhecimento em 40 anos” (IPCC 2019; Amnistia
da geogra ia e paisagem local Internacional 2021; Reliefweb 2021). O
(localizando pontos de água que é que está, então, em causa?
subterrânea), seja através de técnicas de
recolha de água pluvial ou retenção de APONTAMENTOS
água luviária. Referimo-nos, por METEOROLÓGICOS
exemplo, a cacimbas e chimpacas,
De acordo com estudos apoiados pelo
represas e outras técnicas de
I N A M E T, d o p o n t o d e v i s t a
aproveitamento de água, assentes num
agrometeorológico, o Sudoeste de
conhecimento milenar do território e
Angola encontra-se numa situação de
respetiva fauna e lora.
“episódio extremo de seca”, derivado de
No entanto, a partir da década de 2000 anomalias na precipitação provocadas
começam a surgir sinais que indicavam por um sistema anómalo de alta pressão
um aumento de intensidade no que diz que inibiu a formação de nuvens no
respeito a ciclos de seca, que por sua período de 2018-209, com tendência a
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P revê - s e, e m q u a l q u e r c a s o, u m
incremento de episódios de seca
extrema na região, à medida que,
chegados a inais de 2021, a situação Mapa da situação de seca em Fevereiro de
climática não se alterou 2021, produzido pelo Laboratório Angolano de
signi icativamente. De acordo com Observação da Seca.
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Por outro lado, da parte da sociedade Estas denúncias permitiram expor alguns
civil, algumas organizações foram processos “invisíveis” no contexto da
denunciando alguns processos que seca no Sudoeste de Angola,
izeram aumentar a vulnerabilidade nomeadamente a ação (ou inação) do
alimentar e sanitária dos habitantes da Estado angolano no território,
região. Em particular, as consequências n o m e a d a m e n t e e m t e r m o s i n f ra -
da instalação de várias fazendas e estruturais e no papel cúmplice no que
projetos agro-industriais nas três diz respeito ao uso dos recursos locais
províncias, que provocaram um aumento sem qualquer respeito pelas
de pressão sobre os recursos aquáticos, necessidades e direitos das
assim como disputas sobre a comunidades locais.
propriedade e uso da terra. Foi o caso da
Amnistia Internacional, que em Junho de O PONTO DE VISTA DAS
2019 lançou o relatório “O Fim do Paraíso COMUNIDADES
do Gados” (Amnistia Internacional 2019),
Do ponto de vista das comunidades a
onde denuncia que grande parte das
viver nas regiões em causa, a situação
situações de fome e miséria que se estão
pode ser medida na forma como afeta o
a veri icar na região dos Gambos estão
seu quotidiano. Desde este ponto de
ligadas não só à falta de chuva, mas
vista, re lete-se muito simplesmente no
também à ocupação de terras e
facto da chuva insu iciente ou irregular
usurpação dos recursos aquíferos por
lhes provocar três problemas graves:
parte de fazendas e projetos agro-
industriais - ao ponto de retirar 67% de
área de pasto às comunidades agro-
- Não lhes permite chegar até aoim da
época de cacimbo com reservas de
pastoris (Amnistia Internacional 2019). água para consumo su icientes. Isto
Mas antes da Amnistia Internacional, já obriga as famílias a percorrerem
as ONGs locais Omunga e Associação diariamente quilómetros a pé à
C o n s t r u i n d o C o m u n i d a d e s ( AC C ) procura de pontos de água para se
denunciaram em 2016 um processo de abastecerem.
ocupação abusiva de 30 mil hectares de
terras na zona da Ombadja, Curoca - Não lhes permite fazer agricultura de
(Cunene), por parte da empresa Esopak, subsistência, estragando culturas que
ao ponto de tomar conta de terras dependem de chuva, tais como o
comunais e expulsar as comunidades ali milho, massango, massambala e
residentes sem qualquer compensação. feijão. Igualmente, não lhes permite
No ano seguinte, a ACC e a SOS Habitat fazer uso de água subterrânea para
denunciaram publicamente a tentativa outras culturas.
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RESPOSTAS
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• A União Europeia, igualmente como Angola a partir de 2019, para onde foram
fonte de inanciamento para canalizados instrumentos de tratamento
programas de reforço da segurança e prevenção da malnutrição.
alimentar e nutricional.
Em qualquer caso, para além dos
• Agências de Cooperação estudos e relatórios efetuados, estes
Internacional tais como a portuguesa interlocutores têm sido um suporte
(Instituto Camões), a espanhola chave para os programas desenvolvidos
(AECID) ou a norte-americana (USAID). pelo Governo de Angola, sobretudo na
área inanceira.
Neste contexto, um dos atores mais
ativos tem sido a FAO, que desde o PROGRAMAS NACIONAIS
início da década de 2000 apoiou várias
iniciativas de reforço de resiliência das Desde meados da década de 2000, e
comunidades locais. Um exemplo junto com os parceiros internacionais, o
paradigmático foi o chamado Projecto Governo de Angola tem vindo a
Transumância, um projecto piloto para desenvolver vários tipos de programas e
dar apoio às comunidades de pastores linhas de ação com respostas variáveis,
nos corredores de transumância no sul tanto ao problema especí ico da seca
de Angola e para a melhoria de acesso a como de forma mais geral à situação de
água e aos pastos, a formação de vulnerabilidade das comunidades rurais
pastores e técnicos e o fomento do uso no sul de Angola e restantes províncias.
de tecnologias para mapeamento e Estes programas são, na maior parte dos
controlo da lora e fauna. Em 2011, em casos, desenvolvidos de forma
colaboração com a GFA Consulting hierárquica entre a administração
alemã, publicaram um Manual de central, os governos provinciais, os
Tr a t a d o r e s d e G a d o , f o c a d o n a municípios e as administrações
prevenção de doenças (GFA 2011). comunais.
Por seu lado, o PNUD realizou, ainda em O Programa Água para Todos foi criado
2016, um levantamento da situação, em Julho de 2007, através da Resolução
publicado no relatório Avaliação das do Conselho de Ministros no 58/07, com
Necessidades Pós-Desastre 2012-2016 o objectivo de assegurar o
(PNUD 2016), onde referia que os danos abastecimento de água a 80% da
e prejuízos causados pela seca em população rural de Angola. Neste
Angola totalizavam 750 milhões de contexto, não surgiu como resposta
dólares e que em cada ano 1,2 milhões especí ica à seca, mas sim a
de pessoas foram afetadas. necessidades mais abrangentes por
parte da população rural no que diz
Por outro lado, a UNICEF investiu na respeito ao acesso a água de consumo
intervenção humanitária em contextos de qualidade. O Programa teve uma fase
de emergência nas áreas da nutrição, inicial (fase piloto) que correspondeu
saúde e educação, em particular da essencialmente ao 2º Semestre de 2007
população infantil. Foi o caso do sul de e em que foram alocadas verbas aos
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- Promoção
internacional em cerca de 30 países,
de projetos de promovendo o desenvolvimento
desenvolvimento agrário e pecuário, sustentável, o diálogo intercultural e os
através da pesquisa de culturas direitos humanos. No sul de Angola,
resistentes à seca e o fomento da estão a desenvolver o projeto TransAgua:
cadeia de produção do gado. from good practice of transhumance
- Implementação de sistemas de shepherds in water resource
management and adaptation to climate
recolha e retenção de recursos
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SOLUÇÕES TÉCNICAS
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Furo de água na
Tchibemba (Gambos)
Represa reabilitada
na Oncocua, com o
apoio do programa
FRESAN
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Cacimba tradicional
nos Gambos
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PROJETOS DE DISTRIBUIÇÃO
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SABERES LOCAIS
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ESTUDOS DE
CASO
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INTRODUÇÃO
Tal como referimos acima, para além da populacional e com muita pressão sobre
narrativa de uma seca generalizada que a água, comparada com regiões de
está a ocorrer no Sudoeste de Angola, densidade populacional baixa.
existem causas e processos muito E m re s p o s t a , d e fe n d e m o s q u e é
d i ve r s i i c a d o s , q u e re s u l t a m e m necessário olhar para a seca a partir do
experiências muito diferentes da seca. estudo de caso particular, em forma de
Neste contexto, o problema da seca retrato da situação entre Outubro de
reveste-se de características muito 2020 e Junho de 2021, para assim
diferentes quando comparamos uma compreender as consequências
comuna como o Curoca do Namibe, de especí icas da seca em cada região e as
pluviosidade tradicionalmente escassa, e diferentes soluções que podem
uma comuna como a Humpata na Huíla, funcionar caso a caso. Seguidamente
tradicionalmente habituada a um grande apresentamos as localidades visitadas
in luxo aquífero. O mesmo acontece em cada uma das 3 províncias objeto de
numa região com maior densidade estudo.
HUILA
Kimbo no vale de
Tyitongotongo.
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Tyikuyele, a mais velha do kimbo, que os comunicação que liga o vale ao Pocolo e
ilhos que andam aí, desde que se encontra intransitável - em particular
nasceram que é só seca, ao ponto de no troço do Morro do Issako. Isto
eles perguntarem aos adultos porque é impede-os de fazer negócio e encontrar
que vivem neste sítio e não noutro… alternativas à seca através do comércio.
Os comerciantes fogem da zona, pelo
Em 2015, a administração construiu uma
que eles têm muitas di iculdades para
sonda de água nas proximidades, que
trocar na vila. O preço da mota para
lhes permite apenas obter água para
fazer o caminho é proibitivo. Por
consumo e distribuição com a moto-
exemplo, os porcos que eles possuem
cisterna disponibilizada para o efeito.
seriam uma fonte valiosa de rendimento,
Entretanto, receberam ajudas do estado,
mas não conseguem vender pela mesma
sob a forma de doações alimentares:
razão.
arroz, massa, feijão, sal, água mineral.
No vale não há centro de saúde (apenas
Para os membros deste kimbo, a solução
uma casa provisória de pau a pique), e a
mais adequada para lhes ajudar a
escola está inutilizada. Na zona há uma
sobreviver à seca passa, mais do que por
sonda construída pela administração,
doações, por obter animais. Há uns
mas a água é salgada, não favorece o
anos, houve um programa de uma ONG
cultivo nas hortas. A água que
de criação de gado caprino, em que
consomem é de algumas cacimbas que
ofereceram às pessoas mais vulneráveis
ainda têm água. O problema do furo é
(órfãos, viúvas) dois cabritos macho e
que onde está é apertado, tem muitas
fêmea, e o que reproduziam iam
pedras, devia estar noutra localização.
partilhando pela comunidade. Com a
Os técnicos escolheram o lugar sem lhes
falta de chuva, as cabras morreram. Mas
consultar. Ainda por cima o tanque da
permitiu-lhes ter mais recursos e
sonda caiu em Julho e está estragado.
instrumentos em termos de alimentação,
troca e venda. De acordo com a mais Entretanto, o gado está a morrer, não só
velha Tykuyele, vale a pena repetir a por sede e fome, mas também porque a
campanha. vacina não chegou, nem para os bois
nem para os cabritos. Uma vez mais, a
TYIPEYO A poucos quilómetros de
estrada atrapalha. Ainda por cima, a
distância de Tyitongotongo ica o vale de
situação acentuou a questão do roubo
Tyipeyo, onde se encontra o ehumbo do
de gado entre os mungambwe, os
seculo Pedro Uchito, habitado por 15
munguelas e os mucubal.
pessoas. A fome existe neste ehumbo. O
ano passado não conseguiram cultivar. Em termos de agricultura, outra vez o
Houve algum apoio, mas só para os maior problema é a chuva. Eles cultivam
idosos. A sua principal queixa é a via de massango e de vez em quando
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NAMIBE
para fazer a estrada até
ao Virei, mas
entretanto foi
abandonada por
desentendimentos
entre o(s)
governador(es) e as
empresas de
construção. A
vegetação é mínima ou
inexistente, e não se
observam acidentes
geográ icos. Apenas se
v i s l u m b r a m
welwitschias, assim
como pequenos
arbustos espinhosos. O
município do Virei é
dos mais pobres de
Angola. Tem 39.866
habitantes para 15.092
kms quadrados. Faz
fronteira com o
To m b w a , C h i b i a ,
Gambos, Bibala,
Curoca do Cunene.
Neste quadro, a
população local,
Mapa da província do Namibe e locais visitados apesar de mista
(mucubal, mumwila,
VIREI A estrada de Moçâmedes para o kuisse), partilha
Virei (aproximadamente 130 características semelhantes,
quilómetros) começa razoavelmente nomeadamente a pastorícia e o
com algum asfalto mas à medida que nomadismo (exceto no caso dos kuisse,
vamos avançando, vai icando cada vez mais dedicados à caça e recolha).
pior até se transformar numa picada. Há
uns anos atrás, houve uma empreitada
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alimentam do referido leite, não têm este Havendo chuvas, cultiva-se milho,
conhecimento. Têm galinhas e ovos que massambala, feijão macunde, mandioca.
os ajudam… recorrem a cogumelos, mas O que produzem dá para o sustento da
só quando há chuvas; recorrem a população por um ano, havendo boa
goiabas mas só no tempo da abundância chuva. Conseguem ter algum excedente
da mesma. Cultivam massambala, mas para vender. A alimentação varia entre o
só quando há chuvas. Também comem milho, massango, massambala. Utiliza-se
mucuio, “ igo selvagem”. Não têm ovos a massambala para fazer omacau e
porque as galinhas só põem ovos convidar gente para ajudar na lavoura (a
quando têm comida. chamada ndjuluka). Os solos permitem
uma produção sem adubos, recorre-se a
Portanto, as populações precisam de
adubos orgânicos (estrume).
apoio alimentar permanente e está-se a
tentar identi icar algumas zonas de Por outro lado, não há pomares, apenas
plantio, criando chimpacas para o uma fazenda que tem tangerineiras e
regadio. A população está muito l i m o e i ro s . N o e n t a n t o, a m e s m a
dispersa e contabilizam-se cerca de 789 encontra-se semi-abandonada e em
famílias. processo de venda.
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gente que veio fazer fazenda, para tentar muito caro. O Programa de
cultivar batata doce e milho. Só que não Repovoamento Nacional, que distribui
há motor, e então não podem fazer nada. um casal de bois à comunidade, e
A seca está mesmo grave. Estão depois eles “devolvem” reproduzindo e
parados, precisam muito de motor e distribuindo pela comunidade ainda não
material agrícola, para eles é a única chegou ao Namibe.
solução.
Tanto no Curoca como na povoação do
Entretanto, a comunidade do Curoca Umbú, os poucos criadores de gado que
pediu ajuda ao governo. O programa do sobraram foram transumar, procurar
PAM trouxe comida, mas não resolveu o capim nos Gambos, outros na Bibala, ou
problema, eles icam à espera, mas não no Camucuio (onde ainda choveu um
conseguem trabalhar, e não querem pouco). Aqui, falou-se de um Esta não é
icar dependentes de oferta de comida. a primeira seca no Curoca. Os mais
Só falta o dinheiro mesmo. velhos recordam que quando eram
miúdos, houve uma grande seca. Mas
Quanto ao ngombe (boi), tinham muitos
não tem nada a ver com o que
nas a seca tirou os bois, morreram quase
aconteceu em 2019, que foi a pior seca
todos em 2019. Algumas famílias têm 5
que eles alguma vez viveram. Em
bois, outras 2, 10 ou 20… Não receberam
qualquer caso, aqui, sem água, só cultiva
ajuda do governo, e comprar boi novo tá
quem tem dinheiro.
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BOAS PRÁTICAS
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A seca não é um fenómeno de fácil resolução. Pelo contrário, tendo em conta a sua
natureza sócio-ambiental e económica, requer um conjunto de abordagens
interseccionais que sejam capazes tanto de mitigar os efeitos da seca climatológica
como de oferecer instrumentos para preservar a dignidade, autonomia e
sobrevivência das comunidades locais. Aqui, a partilha de conhecimento, em
particular no que se refere a boas práticas e soluções sustentáveis, é fundamental. O
que é que Angola pode aprender de outras regiões do globo com historiais
semelhantes de convivência com o árido, tais como o Nordeste Brasileiro ou a África
do Leste, por exemplo? Nesta secção elencamos algumas soluções que foram sendo
referidas e recolhidas ao longo da nossa pesquisa, tanto no contexto do Sudoeste de
Angola como noutros contextos africanos e globais. Tratam-se de soluções de ordem
técnico ou sócio-político, de diferentes escalas e com características de
complementaridade, podendo ser exploradas em simultâneo em diferentes contextos.
REFORESTAÇÃO
Perante cenários de crescente
deserti icação a nível global, várias
iniciativas a nível local e trans-regional têm
insistido em projetos de reforestação
como medida de combate, mitigação ou
mesmo restauração. Neste contexto,
existem duas grandes iniciativas de
referência no continente africano: o Great
Green Wall of the Sahara and the Sahel
Mapa da área de intervenção do projeto GGWSSI.
Initiative, (GGWSSI) e o Green Belt Fonte: Wikimedia Commons.
Movement, (GBM). O Great Green Wall of
the Sahara and the Sahel Initiative foi
promovido e inanciado pela União Africana em 2007, a partir da inspiração de
projetos anteriores tais como a Green Dam Initiative na Argélia ou a Great Green Wall
na China, o GGWSSI evoluiu de uma iniciativa de plantação de árvores para uma
abordagem multi-setorial integrada através da cooperação inter-regional a escala
continental (Leonardsson et al. 2021). Com resultados variáveis de país a país, a
iniciativa conseguiu em qualquer caso plantar milhões de árvores e recuperar
ecossistemas degradados em países como Nigéria e Etiópia.
Já o Green Belt Movement, (GBM) foi inaugurado na década de 1970 no Quénia pela
Prémio Nobel da Paz Wangari Maathai (1940-2011), com o objetivo de mobilizar as
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MICRO-GESTÃO HÍDRICA
Para além de iniciativas de reforestação, outra metodologia de combate à seca advém
da gestão inteligente de recursos hídricos, tanto ao nível de retenção e
armazenamento de água disponível (ver em baixo) como de aproveitamento de água
pluvial e humidade atmosférica em regiões com essa característica climática. Neste
contexto, existem soluções tanto ao nível macro (barragens, sistemas de
transferência, etc.) como ao nível micro.
Ao nível micro, existem vários projetos que permitem uma gestão hídrica mais efetiva,
sobretudo no que diz respeito à prática de agricultura e ao consumo individual. Por
exemplo, tecnologias de irrigação gota-a-gota, dessalinização por osmose reversa e
tratamento de águas residuais. No caso da irrigação gota-a-gota, trata-se de uma
prática generalizada, tanto ao nível de agricultura industrial como de lavras de escala
mais familiar.
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Quanto à dessalinização, é
necessariamente uma técnica
adaptada a regiões costeiras (no
caso do Sudoeste angolano, seria o
Namibe). Por exemplo, em países
como C abo Verde, cujo
arquipélago lida ciclicamente com
períodos de insu iciência ou crise
hídrica, a dessalinização é usada há
décadas, e permite que várias das Estação de dessalinização em Cabo Verde. Fonte: DW / V.
Teixeira.
suas ilhas tenham acesso a água
para consumo, por exemplo. Apesar
do ainda relativamente alto custo da tecnologia (com tendência a descer nas próximas
décadas), trata-se de uma solução de alto impacto no que diz respeito ao combate ao
stress hídrico em regiões de aridez tradicional tais como a Austrália ou Califórnia
(Robbins 2019), em particular tendo em vista o consumo humano/animal e o
desenvolvimento agrário. Acresce que se trata de uma indústria que pode ser
desenvolvida com recursos a energias renováveis. Finalmente, trata-se de uma
tecnologia assente numa lógica de utilização racional da água, o que por sua vez
poderá aumentar o nível de consciencialização e envolvimento/participação das
comunidades locais. Finalmente, o tratamento de águas residuais incorpora a
perspetiva de utilização racional de água através da sua reciclagem e reutilização. Em
áreas de irregularidade ou escassez pluvial, terá o potencial de suprir necessidades
imediatas em termos de irrigação ou abeberamento animal, por exemplo.
Por outro lado, tendo em conta a sua complexidade material e infra-estrutural, estas
últimas duas propostas incorporam limitações temporais e geográ icas terão maior
possibilidade de sucesso se desenvolvidas em contexto urbano ou peri-urbano (e no
caso da dessalinização, costeiro). Neste contexto, não resolve problemas imediatos de
acesso à água em zonas interiores e rurais.
AGROECOLOGIA
Num contexto em que a pastorícia tradicional está cada vez mais posta em causa
como modo de vida, existe uma pressão constante da parte de entidades públicas e
do desenvolvimento para a “conversão” das comunidades locais a modos de vida mais
sedentários, nomeadamente a agricultura. Embora muitas comunidades locais já
adotem sistemas mistos agro-pastoris, outras comunidades mantém o seu estilo de
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PARTICIPAÇÃO
Outro exemplo desta lógica participatória tem sido desenvolvida pela própria FAO nas
últimas décadas, com a implementação das Farmer Field Schools (em português,
Escolas de Campo). Esta abordagem começou por ser desenvolvida no Sudeste
Asiático como alternativa à abordagem top-down da Revolução Verde, que falhou na
consideração da complexidade local dos problemas agrários, tais como surtos de
pragas induzidos por pesticidas. Em resposta, o projeto Farmer Field Schools propõe a
organização de equipas locais (grupos de 20-25 agricultores), que se reúnem
regularmente no local sob a orientação de um facilitador treinado para analisar e
iscalizar as lavras e comparar resultados, de forma a iden iticar as “melhores práticas”
a nível local. Essa análise inclui a observação de elementos-chave do agro-
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CIÊNCIA E TECNOLOGIA
Tal como referido no último relatório sobre a seca em 2021 da Global Assessment
Report on Disaster Risk Reduction (GAR 2021), a pesquisa e monitorização climática, e
respetivos sistemas de early warning, é fundamental para evitar ou mitigar as
consequências ambientais e humanas dos ciclos de aridez (Tartari 2021). Neste
contexto, por exemplo, a tecnologia de satélites é um grande aliado no que se refere à
monitoria de mudanças climáticas, permitindo disponibilizar informação em tempo
real para a tomada de decisão em cenários de desastres naturais e crises climáticas.
Igualmente, a recolha sistematizada de dados quantitativos a nível ambiental,
geográ ico e meteorológico permite a tomada de decisões de forma sustentada. Do
mesmo modo, a compreensão dos desenvolvimentos históricos e aspetos sócio-
culturais permite compreender melhor a reação das populações à seca e o seu
acolhimento aos programas de resposta. A questão fulcral é a interlocução e sinergia
entre investigadores e decisores
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AVALIAÇÃO E
RECOMENDAÇÕES
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RECOMENDAÇÕES
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