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Processos Sociais Emergentes-Ensaio - Otília Pedrosa

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Processos Sociais Emergentes

Processos Sociais Emergentes


Docentes: Daniel Neves Costa e Sara Araújo

“Protestos Sociais em Períodos de


Excepção: Paralelismos e Paradoxos”

Otília Trindade Pedrosa

___

Mestrado em Sociologia

Ano Lectivo 2022/2023

Otília Pedrosa Mestrado em Sociologia


Processos Sociais Emergentes

Índice
Índice................................................................................................................2

Introdução.........................................................................................................3

Questões de Partida.........................................................................................4

Manifestações, Protestos e Vigílias..................................................................6

Manifestações, Protestos e Vigílias de 2020.................................................6

Manifestações, Protestos e Vigílias de 2021.................................................7

Manifestações, Protestos e Vigílias de 2022.................................................8

Medidas de Austeridade Pandémicas..............................................................9

Novas Formas de Protestos Sociais...............................................................12

Paralelismos e Paradoxos..............................................................................15

Reflexões Finais.............................................................................................17

Bibliografia......................................................................................................18

Otília Pedrosa Mestrado em Sociologia


Processos Sociais Emergentes

Introdução
Este trabalho insere-se na disciplina de Processos Sociais Emergentes, do
Mestrado em Sociologia, da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
Os docentes da disciplina são Sara Araújo e Daniel Neves Costa e os principais
objectivos são a aquisição de conhecimento sociológico em áreas centrais
contemporâneas o desenvolvimento de competências para pensar criticamente
sobre os fenómenos sociais emergentes.

Neste ensaio, pretendo teorizar de forma breve e o mais contida possível, a


possibilidade da existência tanto de paralelismo, como paradoxos, entre os períodos
de austeridade em que a Troika esteve presente em Portugal, de 2011 a 2013 no
então chamado “Período de Austeridade”, e o regime de “Estado de Emergência”
durante o período de pandemia, resultante da Covid-19, uma infecção respiratória
aguda causada pelo coronavírus SARS-CoV-2, que se entendeu entre os anos 2020
e 2022. Apesar de terem ocorrido, num contexto de risco diferente, ambas as
situações preconizaram “períodos de excepção”, período de crise, em que vários
direitos civis e sociais, são temporariamente congelados.

Fazendo uso da bibliografia sugerida pelos docentes, apresento uma


discussão e análise estimulada pela abordagem que Sara Araújo (2021) apresenta
sobre a austeridade, anunciando que este período preconizou “processos de
violência sobre os sujeitos desumanizados pela articulação entre colonialismo,
capitalismo e heteropatriarcado” (Sara Araújo, 2021, pág. 15) e colocou em
evidência os aprendizados emergidos pelas lutas sociais e os “saberes não
eurocêntricos que sobrevieram à monocultura da modernidade” (idem). A autora
enuncia silenciamentos, normalizados pela hegemonia capitalista, colonial e
heteropatriarcal, numa abordagem que identifica os processos de invisibilização,
produzidos pelas instituições oficiais, e também procura descobrir, o que poderá ter
sido omitido, relegado, silenciado ou discriminado analisando os movimentos de
protesto (Araújo, 2021).

Otília Pedrosa Mestrado em Sociologia


Processos Sociais Emergentes

Tendo em consideração que é fundamental que nos questionemos sobre os


impactos das crises, em especial no sector do trabalho, visto ser aquele que se
impõe como a infraestrutura fundamental do sistema social e político (Estanque,
2009) proponho-me a dar continuidade ao exercício de identificação de ausências e
visibilizar o possível aumento da polarização da sociedade (Araújo e Brito, 2018) no
que concerne ao período pós-pandémico.

O “estado de emergência” é um regime previsto na Constituição Portuguesa,


que permite suspender o exercício de alguns direitos, liberdades e garantias em
situações de catástrofe, entre outras, foi decretado em Portugal pela primeira vez
em democracia em março de 2020. O “estado de emergência” vigorou inicialmente
por 45 dias, desde 19 de março de 2020, mês em que se registaram os primeiros
casos de infeção com o novo coronavírus no país e as primeiras mortes associadas
a esta doença, e durou até 2 de maio de 2020, com duas renovações sucessivas.
No final do outono de 2020, o Presidente da República de Portugal, volta a declarar
estado de emergência em Portugal e desta vez tem a duração de 173 dias, com 11
renovações. Contudo o país manteve-se em “situação de alerta” até março de 2022
(Histórico XXII Governo - República Portuguesa: Notícias, 2022)

Questões de Partida
Pretendo acima de tudo, levantar questões, sem expectativa que as
respostas sejam encontradas ou sejam definitivas, estando sujeitas a novas
perspectivas e novos desenvolvimentos, essencialmente porque, ainda estamos a
descobrir agora, quais as possíveis repercussões e consequências, tanto da crise
da austeridade, como da crise pandémica.

No que concerne ao período de excepção trazido pelo período da pandemia,


na sociedade portuguesa, o que nos mostram os protestos sociais? Que actores
sociais foram colocados no papel de: “o outro”, o “inimigo”, o incivil? (Sara Araújo,
2021). E com que legitimidade ou justificação?

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Processos Sociais Emergentes

Conhecemos e percebemos a justificação de algumas das medidas tomadas,


durante o período inicial de calamidade, durante a pandemia. O risco de problemas
graves nas estruturas de saúde pública, que poderia levar a uma mortalidade
aumentada severa, levou a que, durante um período de 6 semanas, apenas os
trabalhadores essenciais permanecessem activamente no apoio aos lesados pela
pandemia e a população restante, foi mantida em casa, no que se chamou o
“lockdown” (tradução: encerramento). Sem prejuízo ou crítica à legítima e justificada
nomeação dos trabalhadores essenciais, uma situação inédita e que poderá ter
passado despercebida e que surge após, este período inicial, é caracterização de
determinados civis de trabalhadores “não essenciais”, o que me suscitou
curiosidade intelectual e sociológica e parece ser interessante incluir neste ensaio
reflexão acerca.

Poderá a análise crítica dos discursos nos protestos sociais ocorridos durante
o período pandémico, evidenciar ou mostrar os grupos considerados “não
essenciais”?

Na análise dos protestos sociais, certamente não encontramos todos os


lesados e estigmatizados, acredito que muitos estarão ausentes e procurarei
encontrar, usando literatura a respeito, possíveis silenciamentos e ausências. Neste
sentido outro questionamento é que representações e ideologias foram utilizadas
para decidir o que é um “trabalhador não essencial”?

Certamente são questões que terei dificuldade em dar resposta de forma


definitiva, porém a questão em si, evidencia uma fragmentação e precarização
visível pelo valor ou importância, que diferentes trabalhadores tiveram dentro do
mesmo sector laboral, durante a pandemia.

Um dos problemas que poderão surgir, através desta reflexão, é a


possibilidade de serem utilizadas por parte de determinados grupos partidários para
fazer discursos populistas, sem propósito real em encontrar respostas ou possíveis
soluções, mas apenas criticar por criticar e assim incendiar as massas, na intenção
de ganhar adeptos e votos.

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Sabendo que este é um risco, e percebendo que qualquer discurso de crítica


às políticas públicas, e discursos críticos, sofre o risco de parecer esvaziar-se de
real análise sociológica, mantendo-se na superfície da crítica, sem aprofundar
possíveis problemas sistémicos historicamente presentes, pretendemos fazer uma
análise crítica dos discursos realizados pelos protestos sociais baseada em
referências e análises científicas, com a intenção de reflectir sobre como as crises,
promovem o aumento da polarização da sociedade, da precariedade e dos
problemas sociais.

Manifestações, Protestos e Vigílias

Manifestações, Protestos e Vigílias de 2020

No ano de 2020 aconteceram em Portugal cerca de 74 ocorrências


registadas pela Biblioteca e Arquivo de José Pacheco Pereira (Ephemera). No início
do ano surgem manifestações realizadas pelos estudantes por mais segurança, da
FENPROF, a exploração de lítio, encerramento da esquadra PSP, manifestação
“EUTANÁSIA NÃO, SIM À VIDA”, protestos dos moradores despejados, várias
manifestações no 25 de abril e 1 de maio por todo o país

Ainda em maio e estendendo-se ao longo do verão, muitas manifestações e


vigílias pela cultura, feirantes e itinerantes, assim como várias manifestações
intituladas “PARADOS NUNCA CALADOS”, em geral contra o governo, e os
problemas nos hospitais, assim como pelos direitos perdidos durante o período de
“emergência”.

Ainda em 2020 saliento um fenómeno peculiar, em 6 De Junho De 2020


Ocorre A Manifestação “Somos Todos Antifascistas, Somos Todos Antirracistas”, No
Porto. E Em 27 De Junho De 2020, O Partido Chega Organiza A Manifestação
“Portugal Não É Racista” Em Lisboa. O partido chega organiza ainda até ao final do
ano mais duas manifestações: Manifestação Contra A Pedofilia E A Podridão Do
Sistema Político Português (Lisboa, 4 De Outubro De 2020); E Manifestação
Nacional (Lisboa, 2 De Agosto De 2020).

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Aparecem ainda movimentos difíceis ainda de colocar numa categoria


específica, Como O Grupo Pela Liberdade E Verdade – Manifestação Desmascarar
Pela Liberdade! Pela Verdade! (Lisboa, 29 De Agosto De 2020); Verdade
Inconveniente – Protesto Nacional (Lisboa, 24 De Outubro De 2020); E
Manifestação Resgatar O Futuro Não O Lucro (Lisboa, 17 De Outubro De 2020).

No final do ano, os professores aparecem novamente em protesto nas ruas, e


aparece o “Movimento A Pão e Água”, GREVE DE FOME (Novembro – Dezembro
de 2020) realizado pelo sector da restauração.

Manifestações, Protestos e Vigílias de 2021

O ano iniciou-se com manifestações em de solidariedade pela Ucrânia e


contra a gestão da pandemia.

Na manifestação de março juntaram-se, segundo fonte do Público, cerca de


três mil pessoas em Lisboa, e em julho cerca de seis centenas, erguendo cartazes
com frases onde se lia “não à ditadura sanitária” e “liberdade”. Estas manifestações
inseriam-se na iniciativa “World Wide Demonstration”.

Dia 18 de Julho de 2021, foi organizado um protesto pelo movimento “Acorda


Portugal” o protesto “Não Somos Gado, Diz Não Ao Certificado” e essas eram as
palavras de ordem dos manifestantes. No mesmo dia no protesto do Porto, os
manifestantes ergueram cartazes com frases como “liberdade, sim; segregação e
opressão, não”. Menções ao medo da mudança da Constituição Portuguesa, foram
ouvidos também: “Eles não vão sufocar nossa Constituição”, gritavam e o público
respondia em coro: “Nunca!”.

De salientar que, além de várias outras restrições, nos restaurantes para


refeições no interior só é permitido a quem tiver certificado digital completo de
vacina ou teste negativo à Covid-19 nessa data. Entre as regras dos concelhos de
muito alto risco estavam a obrigatoriedade do teletrabalho quando as funções o
permitissem e a obrigatoriedade dos restaurantes e bares fecharem às 22h30 (no
interior com um máximo de quatro pessoas por grupo e nas esplanadas com um
máximo de seis pessoas por grupo).

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Em setembro acontecem as manifestações tanto contra, como de apoio, ao


Presidente Jair Bolsonaro, e contra as Touradas. Em outubro os protestos foram no
Porto, pela baixa do preço dos combustíveis. Cada um destes protestos, não tendo
muito mais do que uma centena de pessoas.

Os últimos meses do ano de 2021 foram marcados essencialmente por


greves no sector da saúde: médicos, enfermeiros, técnicos de emergência e
farmacêuticos. O desgaste dos profissionais de saúde e o descontentamento com o
Orçamento do Estado para 2022, motivaram as greves por parte das várias
estruturas sindicais. Desde a inédita união de sete sindicatos de enfermeiros até à
primeira greve em 20 anos marcada pelos farmacêuticos, multiplicam-se os
protestos na área da saúde.

Manifestações, Protestos e Vigílias de 2022

Em 2022 foram cerca de 40 manifestações ou vigílias, o tema fulcral foi a


Guerra na Ucrânia, portanto pela paz e o fim da guerra na Ucrânia. De salientar
algumas manifestações organizadas pela FENPROF, por melhore condições de
trabalho dos professores, entre outros protestos que foram surgindo pontualmente
como: as eleições em Portugal, nos EUA e no Brasil, assim como marchas
LGBTQI+.

No dia 31 Março aconteceu a Manifestação Nacional Jovens Trabalhadores,


organizada pelo CGTP e STML, que considera que «O contexto pandémico
demonstrou que os jovens são os primeiros a ser despedidos; a ser chantageados
com mudanças de horários de trabalho que os prejudica nas suas dinâmicas
pessoais e familiares; os primeiros a serem-lhes negado perspectivas de carreira e
de futuro porque “têm tempo…”» (STML, comunicados, 2022).

Os trabalhadores portugueses puderam voltar a celebrar o 1.º de maio sem


restrições, após dois anos de pandemia. Para assinalar o Dia Internacional do
Trabalhador, A União Geral dos Trabalhadores (UGT) promoveu, em Lisboa, um
debate sobre os desafios do mundo do trabalho. a Confederação Geral dos
Trabalhadores Portugueses (CGTP) regressou ao tradicional desfile com partida do

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Martim Moniz até à Alameda Dom Afonso Henriques, onde o agravamento das
condições de vida com a subida da inflação foi recordado (Euronews, 2022).

De salientar que nos primeiros quatro meses do ano, os pré-avisos de greve


comunicados ao Ministério do Trabalho aumentaram 85% face a igual período do
ano anterior e havia em Maio 270 pré-avisos de greve, sendo os setores mais
afetados Transportes e Armazenagem e Administração Pública e Defesa. (Marta
Grosso, SAPO, 2022). O final do ano foi marcado por manifestações de professores,
polícias e pelo clima.

Medidas de Austeridade Pandémicas


O mundo viveu um problema de saúde pública que precisou de ser lidado de
forma célere pela sua possível severidade, caso essa urgência não fosse atendida.
O que pretendia inicialmente ser um período de confinamento curto de duas
semanas, para achatar a curva de contágios, passou a ser um "lockdown” sem
precedentes históricos, em que, durante um período curto e excepcional, a
população cedeu liberdades e direitos, para um bem comum, a sobrevivência dos
mais vulneráveis.

Os direitos perdidos durante esse período, passaram por proibição de


movimentação para fora de casa, a não ser, compras e passeios higiénicos, de
forma a prevenir uma escalada de internações que poderia ser caótico e perigoso.
De forma a reduzir o pico de contágio. uma parte da população, foi obrigada a
permanecer em casa, independentemente da situação económica ou de
vulnerabilidade financeira que pudesse ter ou resultar dessa decisão. Hoje,
podemos afirmar que estas medidas resultaram numa mais valia e numa evidente
redução da mortalidade, face aos valores esperados, não apenas da doença em
questão, mas até de outros problemas que surgem geralmente pelo movimento
quotidiano, como por exemplo, acidentes de viação.

A ideia de que as consequências de médio ou longo prazo foram relegadas,


surgindo uma frase comum “economia se vê depois”. Vivia-se, num cenário de
terror, ocasionalmente apaziguado pelo espírito de união e sacrifício de alguns

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jovens que se prontificaram a apoiar os idosos e os mais vulneráveis, e assistiu-se a


inovativas formas de conexão social, através de cantorias entre janelas e terraços.

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Os confinamentos, foram sendo alargados e reduzidos, consoante as


sugestões de epidemiologistas e sugestões vindas da Organização Mundial de
Saúde e diariamente eram anunciadas as novas mortes e internamentos, pela
Direção Geral de Saúde nos vários meios de comunicação. Muita da instabilidade
na vida das pessoas, essencialmente dos trabalhadores independentes, informais e
considerados não essenciais durante a pandemia, deveu-se ao facto de o estado de
emergência ser renovado quase de duas em duas semanas, sendo que foi
declarado 15 vezes pelo Presidente da República, entre 9 de novembro de 2020 e
30 de abril de 2021 (DN, 2021)

Após o término do “lockdown”, nem todos os sectores puderam regressar ao


trabalho, o número de pessoas insatisfeitas, começa a aumentar, pelo facto de se
tornarem forçosamente a deixar de trabalhar e não terem proteção mínima dos seus
rendimentos, e muitas ficam desempregadas, porque acontece a criminalização do
trabalho informal (Marques & Mendes, 2023) e dos trabalhadores dos sectores
considerados “não essenciais”. As atividades escolares ou laborais estavam
suspensas, e estas pessoas em ócio forçado com as mesmas demandas e
insatisfações comuns poderiam potencialmente tornar-se “aliadas ou mesmo
ativistas em movimentos sociais” (Marques & Mendes, 2023, pág. 53).

Depois do término do “Lockdown”, manteve-se um longo período de lento


desconfinamento, uma a uma, áreas profissionais e atividades foram sendo
permitidas, desde o retorno ao trabalho das esteticistas, reabertura dos ginásios, ou
regresso aos teatros, passando por um passeio à beira-mar e até uma visita à
família nos dias festivos, a “abertura” foi sendo controlada pelo governo em
anúncios semanais ou quinzenais.

O descontentamento da população cresce porque a incerteza sobre o futuro


era constante, e isso se mostra evidente pelos protestos que surgiram no Verão de
2020. Para Nadejda Marques e José Manuel Mendes (2023), a pandemia ampliou e
deu um caráter de urgência às demandas sociais, tanto pelas estratégias de
prevenção e contenção da pandemia que criaram novos desafios para os
movimentos sociais, como pelos desafios que exigiam uma transformação rápida
para garantir a continuidade de trabalhos desenvolvidos há anos e a
sustentabilidade de suas organizações.

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Erica Chenoweth, Austin Choi-Fitzpatrick, Jeremy Pressman (et al, 2020)


consideram que a pandemia global deu origem a novas formas de ativismo, longe
de condenar os movimentos sociais à obsolescência, surgiram novas ferramentas,
estratégias e motivação na promoção da mudança. Esta equipa de autores realizou
um levantamento de dados sobre os vários métodos que as pessoas utilizaram para
se expressar em solidariedade ou para pressionar a mudança e descrevem apenas
nas primeiras semanas da pandemia, pelo menos cem diferentes formas distintas
de ação não-violenta que incluem ações físicas, virtuais e híbridas.

Nadejda Marques e José Manuel Mendes (2023) defendem que movimentos


mais estabelecidos se adaptaram à conjuntura da pandemia adotando ferramentas
digitais como teleconferências, lives e a mídia social e plataformas de streaming
antes vistas como despolitizadas para a disseminação de informação sobre direitos
básicos e proteção em caso de abuso ou violência.

Num estudo feito nos Estados Unidos dos movimentos sociais que surgiram
durante e após a pandemia, por Jeremy Pressman e Austin Choi-Fitzpatrick nos
Estados Unidos da América (2020), observaram que as questões que preocupavam
os manifestantes passaram a ser a saúde pública e as políticas económicas; alguns
manifestantes, mas não todos, fizeram ajustes tácticos, adoptando o distanciamento
social ou mudando para formatos que não exigiam distanciamento social, como as
caravanas de automóveis; e as instalações médicas serviram frequentemente de
local para as manifestações.

O início da crise da COVID-19 em 2020 assistiu a um aumento das atividades


participativas e de solidariedade para ajudar as comunidades mais afetadas. Os
atos de dissidência também mantiveram uma forte presença e assumiram muitas
formas, a mais visível das quais foi talvez a dos protestos contra o confinamento. As
causas subjacentes a estes protestos variam, estando muitas delas enraizadas na
desigualdade estrutural e material (Parry, L. J., Asenbaum, H., & Ercan, S. A.,
2021).

Para Lucy J. Parry, (et al, 2021) as democracias contemporâneas estão


despreparadas na manutenção da participação durante as crises e isso é agravado
pela pressão discursiva no sentido da unidade e da solidariedade em tempos de
crise, em que a dissidência é mais facilmente condenada pelos detentores do poder

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como um obstáculo ao esforço coletivo para "ultrapassarmos isto juntos". Este


fabrico de consentimento, para os autores citados, desvaloriza os dissidentes e
arrisca-se a alienar ainda mais os grupos já afetados e marginalizados e ao fazê-lo,
“permite um desvio na responsabilização, em que os decisores são dispensados da
necessidade de responder de forma significativa aos manifestantes”.

Verificamos pelos protestos sociais, que um dos grupos considerados “não


essenciais” foram os artistas, a maioria dos eventos culturais foram cancelados ou
adiados interminavelmente, sem dia certo para que pudessem retomar as suas
funções, ficaram em situação muito vulnerável por muito tempo. Em relação a
ausências, é de salientar que não se verificaram movimentações sociais dos
trabalhadores independentes ou dos informais.

Organização Internacional do Trabalho (OIT), alertou logo no início da


pandemia sobre a situação desesperadora de 2 bilhões de pessoas na economia
informal durante esta crise global. As medidas de enfrentamento da pandemia
pioraram imensamente a pobreza e as vulnerabilidades.

Em Portugal o governo deu alguns apoios financeiros a trabalhadores


independentes com descontos irregulares (artigo 28.º-A do Decreto-Lei n.º
10-A/2020) e um instrumento chamado “enquadramento de situações de
desprotecção social dos trabalhadores” (artigo 28.º-B do Decreto-Lei n.º 10-A/2020).

Novas Formas de Protestos Sociais


“Protestos são uma expressão valiosa e vibrante de participação democrática
que põe em evidência a desigualdade e cria pressão para a acção.”

(Lucy J. Parry, Hans Asenbaum, Selen A. Ercan, 2021)

Antes da pandemia declarada oficialmente pela Organização Mundial de


Saúde, a 11 de março de 2020, o mundo estava a viver níveis de mobilização de
massas sem precedentes. Na década de 2010 a 2019, registaram-se mais
movimentos de massas a exigir mudanças radicais em todo o mundo do que em

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qualquer outro período desde a Segunda Guerra Mundial (Chenoweth, E., et al,
2020).

Durante os anos 2020 a 2022, ao contrário de possíveis expectativas


contrárias, vários movimentos sociais se fortaleceram e obtiveram algum sucesso,
alguns movimentos já estabelecidos conseguiram dar impulso e combinar uma série
de táticas de mobilização inclusive com uso de ferramentas tecnológicas para
canalizar o descontentamento social através de redes de solidariedade e assim
aproveitar oportunidades políticas (Marques & Mendes, 2023).

Os movimentos sociais inspiram-se e motivam-se mutuamente por todo o


mundo, num mundo globalizado tecnológico, onde redes sociais permitem que se
observem e conversem entre si, também aprendendo com as experiências um dos
outros (Marques & Mendes, 2023).

De crise em crise, verifica-se a intensificação e expansão de novas formas de


"estranhamento" e "alienação" das classes trabalhadoras em situação de
precariedade e citando Estanque (2009) “se hoje temos mecanismos de regulação
dos conflitos e uma ordem jurídica que privilegia o diálogo e a concertação entre os
diferentes parceiros e classes sociais foi à custa de grandes sacrifícios e lutas do
movimento operário”.

No período de austeridade protestos sociais decorreram pelo fim do estado


social e da proteção social, paradigmaticamente, no período pandémico, o Estado
reganha poder e a sociedade recorre a este como protetor e provedor. Se na época
da austeridade era o fim das ideias que se achavam asseguradas, no período da
pandemia, o Estado aparece (quase) como o salvador das vidas das pessoas.

Para Soeiro (2014) os protestos mobilizados em Portugal, na altura da


austeridade formavam parte de algo maior, uma comunidade global imaginada,
alimentada pela internet, contaminando-se, mostrando que a cidadania
contemporânea vai além das formas tradicionais de organizações sociais,
movimentos, partidos ou sindicatos. Nos protestos pandémicos, pudemos observar
esse fenómeno a intensificar-se, essencialmente porque, as pessoas estavam
fechadas em casa, proibidas de sair e, portanto, os meios de mobilização estiveram
limitados às redes sociais.

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É importante destacar que o número de protestos por todo o mundo triplicou


entre 2006 e 2020 (Ortiz et al 2021, cit. In Mendes& Marques, 2023), culminando
com o ano de 2019 sendo um dos mais ativos em termos de protestos por todo o
mundo (Pleyers, 2020, cit. In idem). O mundo encontrava-se numa situação
extremamente vulnerável, o ano anterior à pandemia, um número improcedente de
manifestações mostrando o descontentamento das sociedades, e a política do “a
economia vê-se depois” fomentada pelo Estado, mostra-se hoje um problema
aumentado, pela inflação exacerbada pelas medidas tomadas durante aquele
período.

Surgiram movimentos em forma de grupos e chats nas plataformas digitais,


em número indeterminado que se adaptaram à conjuntura da pandemia adotando
ferramentas digitais (Marques e Mendes, 2023). Surgiram neste período plataformas
diversas que promovem a censura de palavras, grupos, movimentos sociais, ideias,
pensamentos, que fugissem ao pensamento hegemónico, vindo dos especialistas,
escolhidos pelo Estado e outras organizações sendo pouco claro quem as financia,
os chamados “Fact Ckeckers” que serviam e ainda servem como plataformas de
“verificação de factos”.

Mendes & Marques (2023) consideram que as movimentações sociais


realizadas em corpo, através de protestos, é um dos métodos mais eficazes de
ativismo, através do qual, movimentos sociais conseguem visibilizar as suas
demandas. Estes autores ilustram, com exemplos vários no mundo, o paradoxo que
parece existir, onde as ruas se mantiveram relevantes no processo da política
institucional mesmo durante o período pandémico, apesar das medidas restritivas
de prevenção e contenção, explicando que, poderá dever-se ao facto de, esta
situação ter intensificado as várias crises mundiais que se alastram há décadas,
seja em termos da desigualdade na distribuição da riqueza, da mudança climática
ou do crescimento do etnonacionalismo a nível global.

Os mesmos autores (2023) identificam cinco elementos que estão na gênese


dos movimentos sociais por democracia e justiça social terem alcançado vitórias
significativas durante o período da pandemia e que permitiram que fosse um
período de alcance de vários objetivos específicos: “continuidade das lutas sociais;
contexto político favorável; redes solidárias eficazes; combinação de táticas de

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mobilização; excedente populacional em ócio forçoso disposto a participar de


discussões estruturais” (Mendes & Marques, 2023. Pag. 45).

Paralelismos e Paradoxos
Sara Araújo aponta-nos as ausências à luz dos protestos sociais da altura da
austeridade que decorreu entre 2011 e 2013. (Sara Araújo, 2021) e ao analisar os
protestos sociais, que sucederam no período de 2020-2022, mais do que perceber
quem, o quê e porque protestava a sociedade, procuro encontrar, caso existam,
indivíduos pertencentes ao grupo “não essencial”, fazendo uma conjectura, no
sentido em que estes se encontravam visíveis nesses protestos, poderá significar
que este é um possível, novo grupo da sociedade "incivil” (Sara Araújo, 2021)
emergente da crise pandémica.

Encontramos possíveis paralelismos entre ambas as épocas ou períodos,


sendo que, ambos se caracterizam por momentos de grande desespero, medo e
incerteza, a dicotomia é que a austeridade agressiva do período em que a Troika
esteve presente, contrariamente ao que aconteceu no período pandémicos,
caracterizou-se pela privatização, desregulação do mercado de trabalho e erosão do
Estado-providência (Lima, 2015).

António Casimiro Ferreira (cit.in Araújo, 2021) caracteriza a sociedade de


austeridade como a emergência de uma nova constelação de poder que combina
poder eleito com poder não eleito, o recurso ao medo enquanto fonte de
legitimidade e a desestabilização da estrutura normativa com recurso ao estado de
exceção. Esta característica tem algum paralelismo com o período pandémico,
sendo que além das estruturas estatais, os organismos de saúde internacionais,
como Organização Mundial de Saúde e outros especialistas internos ou externos
não governamentais e não eleitos, tinham um papel relevante na tomada de
decisões, apesar da palavra final ser sempre da Presidência.

Assistimos ainda a um breve, ténue e passageiro momento de unificação de


vários governos mundiais, que proclamaram a pandemia como uma oportunidade
para um “novo-normal” e um “Great Reset” (Schwab, K., 2020) mais próspero, unido
e seguro. Os autores exploram as implicações dramáticas e de longo alcance da
COVID-19 no mundo de amanhã e defendem um "Grande Reinício" na economia e

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na sociedade, Klaus Schwab, fundador e presidente executivo do Fórum Económico


Mundial, e Thierry Malleret, consideram que a sociedade mundial se encontrava
numa encruzilhada, em que um caminho nos levaria a um mundo melhor: mais
inclusivo, mais equitativo e mais respeitador da Mãe Natureza. E o outro levaria a
um mundo pior que que o que acabávamos de deixar para trás, constantemente
perseguido por surpresas desagradáveis.

Na pandemia estavam sujeitos a vários fatores de stress que limitavam a


população, Rodrigo Moraes (2020) indica-nos os seguintes cinco: o medo de ser
infectado ou não ter atendimento médico caso necessário; o stress causado pela
diminuição da renda; o stress do confinamento; o stress provocado por informações
conflitantes ou imprecisas sobre a pandemia e seu enfrentamento; e a ausência de
uma estratégia de saída da crise. Estes fatores representavam barreiras
significativas à organização de protestos nas ruas.

Para Bauman (2013) “do berço ao túmulo” somos instigados a tratar as lojas
de consumo como farmácias repletas de remédios que podem nos oferecer a
fórmula da alegria em contraposição às nossas moléstias e aflições do dia a dia.
Esta indagação parece-se ter confirmado como útil, quando apresentada a solução
para a saída da nova crise social, pelo Estado que prontamente e de forma célere
providencia o remédio, sendo que, em troca a população apenas teria de assistir
impávida e serena à destruição de décadas de lutas sociais, na conquista de direitos
sociais e laborais.

Otília Pedrosa Mestrado em Sociologia


Processos Sociais Emergentes

Reflexões Finais
Longe de tentar concluir, verificamos através da análise dos protestos
sociais, que nem sempre a parte da sociedade mais lesionada, é aquela que
encontramos nas ruas a manifestar-se, o que poderá encontrar justificação pela falta
de união ou de representação constituída, como é o caso dos trabalhadores
informais.

Os actores sociais colocados no papel de “incivil” (Sara Araújo, 2021)


parecem ter sido aqueles que se manifestaram contra as medidas restritivas, cujas
motivações para tal se prendiam essencialmente pela situação de risco de pobreza,
eliminação da sua subsistência financeira, e falta de assistência médica para outras
doenças.

Sugiro futuros estudos e investigação, de forma a entender as


representações e ideologias utilizadas para definir o “trabalhador não essencial” e
entender a escala de valores e de importância que foi utilizada pelo governo em
funções durante a pandemia, para definir a ordem de reabertura dos vários sectores
laborais e da sociedade.

Otília Pedrosa Mestrado em Sociologia


Processos Sociais Emergentes

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Otília Pedrosa Mestrado em Sociologia

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