Lesões Mais Comuns Na Odontologia
Lesões Mais Comuns Na Odontologia
Lesões Mais Comuns Na Odontologia
COMUNS NA
ODONTOLOGIA
MANUAL CLÍNICO E TERAPÊUTICO
LESÕES MAIS COMUNS
NA ODONTOLOGIA
MANUAL CLÍNICO E TERAPÊUTICO
Coordenadora
Juliana Tristão Werneck
Professora Adjunta do Departamento de Formação Específica - UFF
Professora de Estomatologia do ISNF/ UFF
Doutora e Mestre em Patologia pela UFF
Especialista em Estomatologia pela UFRJ
Habilitada em Laserterapia pela LELO/ USP
Professoras Participantes
Ana Catarina Bosh Loivos
Professora Adjunta do Departamento de Formação Específica - UFF
Professora de Saúde Coletiva do ISNF/ UFF
Doutora em Saude Públical pela ENSP/Fiocruz
Mestrado em Clínica Odontológica pela UFF
Especialização em Saúde Coletiva pela UFRJ.
Especialização em Saúde da Família pela UERJ
Revisor
Arley Silva Júnior
Especialista em Patologia Oral - UFRJ
Mestre em Patologia Buco dental - UFF
Doutor em Ciências Diagnósticas - Universidade de Baltimore - Maryland
Pós doc em Medicina Oral - Universidade da Califórnia, São Francisco
Odontológo da Faculdade de Odontologia da UFRJ
Prof. Associado da UFF
COLABORADORES
01
FIBROMA
(Fibroma de irritação; Fibroma
traumático; Hiperplasia fibrosa
focal; Nódulo fibroso)
Características Clínicas
É discutido se o fibroma é a neoplasia
verdadeira ou uma hiperplasia reacional.
Caracteriza-se por ser uma resposta do tecido
conjuntivo fibroso à irritação local ou trauma
constante e de baixa intensidade (Imagem 1.1),
sendo uma das lesões mais comuns na mucosa
oral. Foi reportado pela primeira vez na literatura
como pólipo fibroso em 1846 (BOUQUOT;
GUNDLACH, 1986). Sua ocorrência pode se dar Imagem 1.1 - Fibroma. Lesão normocrômica em borda
lateral de língua direita.
em qualquer lugar da boca, sendo comum em
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
mucosa jugal e ao longo da linha de oclusão.
Normalmente, a lesão se apresenta como um Diagnóstico
nódulo de superfície lisa e coloração rosa/
normocrômica. Em alguns casos, a superfície O diagnóstico é realizado a partir de biópsia
pode se apresentar branca em decorrência da excisional com encaminhamento para análise
hiperceratose, resultante da irritação contínua histopatológica. A maioria das lesões de fibroma
(como trauma). Em pacientes negros, o aumento traumático são características em sua
de volume pode demonstrar uma pigmentação apresentação, deixando pouca dúvida em seu
cinza-acastanhada. Podem apresentar-se mais diagnóstico (AGARWAL; KHAN; AJAZ, 2017), mas,
redondos ou ovóides, sésseis ou pediculados, apesar disso, o exame microscópico é
com tamanhos variados, dificilmente importante, já que outras neoplasias benignas e
ultrapassando 1,5 cm de diâmetro. Devido ao seu malignas da mucosa oral podem ser
crescimento lento e gradual, os pacientes consideradas no diagnóstico diferencial desta
geralmente notam a presença da lesão em boca. lesão, como o lipoma, granuloma piogênico, e o
Geralmente é assintomática, a menos que fibroma de células gigantes. (NEVILLE et al.,
ocorram ulcerações traumáticas secundárias em 2016).
sua superfície. (NEVILLE et al., 2016)
Embora na literatura seja mais comum a Tratamento e Prognóstico
descrição de discreta prevalência em mulheres e
restrição a terceira à sexta décadas de vida, O tratamento do fibroma ocorre pela remoção
consideramos que o fibroma traumático pode do agente causador do trauma combinado à
ocorrer em qualquer sexo ou idade, pois é uma excisão cirúrgica, podendo ser com bisturi
lesão traumática e de prevalência bastante convencional, elétrico ou laser de alta potência.
variada. A cirurgia com bisturi convencional é a primeira
escolha pela maior parte dos cirurgiões pois é de
fácil execução, a cicatrização da ferida ocorre em
poucos dias e o pós-operatório é satisfatório.
1
Capítulo 01 Fibroma
A literatura tem apontado o laser diodo como CARVALHO, C. O.; SANTOS, F. A. O. S.; MIQUELLETO, D. E.
uma alternativa eficiente para remoção do C.. FIBROMA TRAUMÁTICO: RELATO DE CASO. Rev.
Gestão & Saúde. v. 21, n. 2, pag. 38-46. 2019.
fibroma traumático, reduzindo o sangramento
CORTELETII, J. F.; OTA, C. M.; HESSE, D; NOVAES, T. F.;
ao longo do procedimento e proporcionando um RAGGIO, D. P.; IMPARATO, J. C. P.. Remoção cirúrgica de
ótimo pós cirúrgico, embora a técnica seja fibroma lingual e gengival em crianças. Rev. Assoc. Paul.
desfavorável pelo alto custo do aparelho e Cir. Dent.. v. 69 n. 1, 2015.
necessidade de destreza do operador. Este
AGARWAL, Mamta; KHAN, Tayyeb s; AJAZ, Tarannum.
procedimento precisará de anestesia local prévia
Pediatric Palatal Fibroma. International Journal Of
e utilização de um comprimento de onda de
Clinical Pediatric Dentistry, [S.L.], v. 10, n. 1, p. 96-98, 2017.
cerca de 810 nm e potência 4 W, o modo de
irradiação será continuado, pelo tempo BOUQUOT, Jerry E.; GUNDLACH, Karsten K.H.. Oral
necessário para remoção da lesão (BAKHTIARI et exophytic lesions in 23,616 white Americans over 35 years
al., 2015; JAIN et al., 2018). of age. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, [S.L.],
v. 62, n. 3, p. 284-291, set. 1986. Elsevier BV.
É importante salientar que a amostra retirada
http://dx.doi.org/10.1016/0030-4220(86)90010-1.
na cirurgia deve sempre ser enviada para análise
histopatológica, para confirmar o diagnóstico,
quanto às recidivas, com remoção da causa
traumática são extremamente raras.
Referências Bibliográficas
BAKHTIARI, S.; TAHERI, J. BIGOM; SEHATPOUR, M.;
ASNAASHARI, M.; ATTARBASHI MOGHADAM, S. Removal
of an Extra-large Irritation Fibroma With a Combination
of Diode Laser and Scalpel. Journal of Lasers in Medical
Sciences, v. 6, n. 4, p. 182-184, 3 Nov. 2015.
NEVILLE, Brad W.; DAMM, Douglas D.; ALLEN, Carl M.; CHI,
Angela C. Patologia Oral e Maxilofacial. 4. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2016.
2
Capítulo
02 GRANULOMA
PIOGÊNICO
Beatriz Vasconcellos Ferreira Izabella de Oliveira Pereira
Características Clínicas
O granuloma piogênico (GP) é um tipo de
hiperplasia inflamatória não neoplásica
ocasionada por traumas crônicos e de baixa
intensidade. Também está relacionado às
alterações hormonais que ocorrem durante a
gestação (Imagem 2.1) (JAFARZADEH,
SANATKHANI e MOHTASHAM, 2006).
Segundo a literatura, o granuloma piogênico é
mais comum no sexo feminino e possui ampla Imagem 2.2 - Granuloma piogênico. Lesão eritematosa,
faixa etária abrangendo da segunda a quinta lobular, sangrante, em gengiva dos dentes 34/35.
década de vida e o local mais acometido é a Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
gengiva superior (BUCHNER, SHNAIDERMAN‐
SHAPIRO e VERED, 2010; CASTRO, BOTELLO e Diagnóstico
RIVERA, 2008; SARAVANA, 2009).
O GP é uma das lesões proliferativas mais
Em relação as características clínicas a maior
comuns. (LEAL et al., 2004) Embora seja uma
parte das lesões possui coloração avermelhada, é
lesão hiperplásica não neoplásica, realizar o
pediculada, apresentando pequeno diâmetro e
diagnóstico adequado é muito importante.
na grande maioria dos casos é assintomática,
Somente através do procedimento de biópsia
mas pode apresentar sangramento (Imagem 2.2)
excisional e posteriormente a análise
(AVELAR et al., 2008; FORTES et al., 2002)
histopatológica do espécime que se terá um
diagnóstico preciso. (OLIVEIRA et al., 2012).
Esse procedimento é imprescindível já que o
granuloma piogênico é diagnóstico diferencial
de uma série de lesões presente em tecido mole
como a lesão periférica de células gigantes,
fibroma ossificante periférico e fibroma
traumático (Imagem 2.3) (FORTES et al., 2002).
3
Capítulo 02 Granuloma Piogênico
4
Capítulo 02 Granuloma Piogênico
Ambulatório Estomatologia
ISNF/ UFF
O laser de alta potência pode ser utilizado para
remoção do granuloma piogênico, tendo como
vantagens controle da hemostasia, com melhor
Imagem 2.4 - Tratamento com a escleroterapia.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF. visualização do campo operatório e
consequentemente, redução do tempo cirúrgico,
*Caso seja necessária a realização de novas menor desconforto no trans e pós-operatório,
sessões, dilua o Ethamolin com anestésico em minimizando a quantidade de anestésico, assim
uma concentração de 25%. Reavaliar o paciente como, melhora da cicatrização. No ambulatório
em 7 ou 14 dias, se necessário, realizar mais utiliza-se o laser de diodo Thera Lase surgery
sessões com esta concentração, até redução da (DMC equipamentos, São Carlos/ SP, Brasil), de
lesão. 980 nm, Gallium- Indium-Arsenide (InGaAs),
**O medicamento deve ser aplicado lentamente 1500mW e com emissão contínua. A técnica
por pontos na periferia e centro da lesão. Aplicar consiste em anestesia infiltrativa ao redor da
0,2 mL por ponto com agulha de insulina, não lesão, com distância de cerca de 1cm da lesão,
ultrapassando 2 mL de solução por sessão. não necessitando de uma grande quantidade de
Durante a aplicação na periferia da lesão, a anestésico, em seguida é feita a “incisão" através
agulha deve estar voltada para o centro da área.
5
Capítulo 02 Granuloma Piogênico
do contato da fibra óptica com o tecido, LEAL, Rosa Maria et al. Granuloma piogênico bucal:
removendo toda a lesão, sendo esta enviada para epidemiologia de 171 casos. Revista Mineira de
Estomatologia, v 1, n 2, p 13-19, 2004
análise histopatológica. O laser de alta potência
LEOPARD, P. J. Cryosurgery, and its application to oral
além de otimizar a cirurgia favorece à surgery. The British journal of oral surgery, v. 13, n. 2, p.
fotobiomodulação dos tecidos, proporcionando 128-152, 1975.
menor dor e edema e maior bioestímulo de
reparo, tornando o pós operatório mais LUBRITZ, R. R. Cryosurgery for benign and malignant skin
lesions: treatment with a new instrument. Southern
confortável.
medical journal, v. 69, n. 11, p. 1401-1405, 1976.
Referências Bibliográficas
OLIVEIRA, Hugo Franklin Lima de et al. Granuloma
ALAKAILLY, Xena et al. The Use of Sodium Tetradecyl piogênico com características clínicas atípicas: Relato de
Sulphate for the Treatment of Venous Malformations of caso. Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-
the Head and Neck. J. Maxillofac. Oral Surg. v. 14, n. 02, p. facial, v. 12, n. 3, p. 31-34, jul./set. 2012.
332-338, Apr/June. 2015.
RAMEIRO,, Ana Carine Ferraz. Avaliação comparativa
AVELAR, Rafael Linard et al. Granuloma piogênico oral: entre o uso do laser de Nd: YAG ou cirurgia convencional
um estudo epidemiológico de 191 casos. RGO, v. 56, n. 2, em lesões compatíveis com granuloma piogênico
p. 131-135, abr/jun. 2008. Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de
BENAGLIA, M. B.; JARDIM, E. C.; MENDONÇA, J. C. Pernambuco, CCS. Pós-graduação em Odontologia.
Criocirurgia em odontologia: vantagens e desvantagens. Recife, 2017.
Brazilian J Surg Clin Res, v. 7, n. 3, p. 58-67, 2014.
REGMEE, Pragya; et al. Sclerotherapy for Oral Pyogenic
BUCHNER, Amos; SHNAIDERMAN‐SHAPIRO, Anna; Granuloma – A case report. Journal of College of Medical
VERED, Marilena. Relative frequency of localized reactive Sciences-Nepal, v. 13, N. 02, p. 290-292, Apr-June 2017.
hyperplastic lesions of the gingiva: a retrospective study
of 1675 cases from Israel. Journal of oral pathology & RAHMAN, Hasibur. Pyogenic granuloma successfully
medicine, v. 39, n. 8, p. 631-638, 2010. cured by sclerotherapy: A case report. Journal of Pakistan
Association of Dermatologists. v. 24, n. 04, p. 361-364,
CASTRO, Mónica Arcos; BOTELLO, Norma Rebeca Rojo; 2014.
RIVERA, Daniel Quezada. Retrospective study from 2002
to 2006. Pyogenic granuloma, peripheral giant cell SARAVANA, G. H. L. Oral pyogenic granuloma: a review of
granuloma and multicentric peripheral ossifying fibroma 137 cases. British Journal of Oral and Maxillofacial
prevalence. Revista Odontológica Mexicana, v. 12, n. 3, p. Surgery, v. 47, n. 4, p. 318-319, 2009.
137-141, 2008.
6
Capítulo
03
ÚLCERA
TRAUMÁTICA
Beatriz Guimarães Jardim Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos
Diagnóstico
Uma anamnese bem detalhada, seguida de
um exame físico minucioso são fatores
essenciais para encontrar o diagnóstico
Imagem 3.1- Úlcera Traumática. Lesão extensa em borda
adequado, uma vez que, identificando e
lateral de língua direita.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF. removendo o fator causal (irritante), ocorrerá
regressão e minimização da lesão ulcerada,
sendo também uma forma de tratamento (LIMA,
A. A. S. et al., 2015).
7
Capítulo 03 Úlcera Traumática
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
Herpetiforme: Ulceração
entre 1 a 3 mm de
diâmetro, apresentam
uma grande quantidade
de tais úlceras e maior
frequência de recidivas,
podendo manifestar até
100 lesões em uma só
recidiva. Apesar de a
mucosa móvel não
ceratinizada ser afetada
com mais frequência,
qualquer superfície da
mucosa oral pode ser
acometida.
8
Capítulo 03 Úlcera Traumática
Tabela 1
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
A lesão primária é
denominada cancro,
normalmente são
solitárias e apresentam-se
como pápulas com
Bactéria- Treponema
ulceração central, de base
pallidum, transmitido De 3 a 8 semanas
Sífilis clara e indolor (raramente,
sexualmente, durante a
como proliferação
gestação, ou pelo
vascular semelhante a um
sangue
granuloma piogênico). São
frequentes em lábios,
língua, palato, gengiva e
amígdalas.
Geralmente, o estágio
inicial da doença é
caracterizado por
Fungo Paracoccidioides infecções pulmonares. As
brasiliensis. Transmitido lesões orais apresentam-
por inalação de esporos se como ulcerações
Paracoccidioi- fúngicos presentes em eritematosas, com 1 ano
domicose solo contaminado superfícies similares a
(atividades agrícolas, amoras, granulares,
jardinagem, afetando principalmente
terraplanagem). mucosa alveolar, gengiva,
palato e língua.
Frequentemente mais de
um sítio da mucosa oral
pode ser afetado
9
Capítulo 03 Úlcera Traumática
Tabela 1
DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS
Exofítica, aumento de
volume de aparência
nodular, superfície papilar
Possui causa ou verrucosa, de massa
multifatorial, incluindo fungiforme; ou endofítica,
principalmente invasiva, escavada,
tabagismo, alcoolismo, destrutiva, crateriforme
Carcinoma de exposição solar, e/ou ulcerada. As lesões
células deficiência nutricional, de características Indeterminado
escamosas HPV, imunossupressão, leucoplásica (mancha
microbiota da cavidade branca), eritroplásica
oral, radiação e (mancha vermelha)
predisposição genética. eritroleucoplásica
(combinação de áreas
vermelha e branca)
possuem potencial de
malignidade.
ISNF/ UFF LIMA, Antonio Adilson Soares de; GRÉGIO, Ana Maria
Em nosso ambulatório, com o intuito de Trindade; TANAKA, Orlando; MACHADO, Maria Ângela
promover uma redução significativa da dor, Naval; FRANÇA, Beatriz Helena Sottile. Tratamento das
ulcerações traumáticas bucais causadas por aparelhos
assim como proporcionar uma cicatrização mais
ortodônticos. Revista Dental Press de Ortodontia e
rápida, dependendo da intensidade da dor do Ortopedia Facial, [S.L.], v. 10, n. 5, p. 30-36, out. 2005.
paciente, geralmente, opta-se por utilizar os FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/s1415-
comprimentos de onda vermelho e 54192005000500005. Disponível em:
infravermelho individualmente. https://www.scielo.br/j/dpress/a/LtRsk8Mp5zynDLbzg69Z
JRN/?lang=pt. Acesso em: 21 maio 2021.
Para proporcionar maior bioestímulo de reparo,
irradia-se a úlcera com fonte de laser vermelho, MARTINEZ, Clarissa Rocha. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA
660nm, Índio-Gálio-Alumínio-Fósforo (InGaAlP), E CITOTOXICIDADE DA PRÓPOLIS DE Apis mellifera
2J de energia/ponto, 20 segundos/ponto, SOBRE FIBROBLASTOS DE MUCOSA BUCAL HUMANA:
100mW, de modo contínuo, com aplicação ESTUDO IN VITRO. 2011. 141 f. Dissertação (Mestrado) -
pontual e em contato, irradiando toda a Curso de Odontologia, Universidade Federal do Mato
Grosso do Sul, Campo Grande, 2011. Disponível em:
extensão da lesão e distanciando cerca de 1cm
https://repositorio.ufms.br/handle/123456789/315. Acesso
entre os pontos. Para favorecer a analgesia, o em: 21 maio 2021.
protocolo baseia-se na irradiação com fonte de
laser infravermelho, 808nm, arseneto de gálio- NEVILLE, Brad W.; DAMM, Douglas D.; ALLEN, Carl M.; CHI,
alumínio (AlGaAs), 4-6J de energia/ponto, 40-60 Angela C. Patologia Oral e Maxilofacial. 4. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2016.
segundos/ponto, 100mW. A mensuração da dor,
.
11
Capítulo 03 Úlcera Traumática
12
Capítulo
04
HIPERPLASIA
FIBROSA
INFLAMATÓRIA
(Epúlide fissurada)
Luiza Ornellas
Características Clínicas
Caracteriza-se como um aumento de volume
do tecido conjuntivo fibroso, devido à má
adaptação de uma prótese removível. É uma
lesão benigna, traumática, exofítica,
normocrômica ou eritematosa, de base séssil ou
pediculada (Imagem 4.1), de consistência fibrosa
e normalmente assintomática (Imagem 4.2 A- C)
(SANTOS; COSTA;SILVA NETO, 2004). A
Localiza-se na região em que a prótese está
em contato, principalmente na face vestibular
do rebordo alveolar, formando única ou
múltiplas pregas (REGEZI, 2008). Quando está
presente na mucosa palatina, comumente é
causada pelo vácuo de uma câmara de sucção, a
qual se encaixa perfeitamente na lesão. Além
disso, quando eritematosa, pode estar associada
à estomatite protética (capítulo 06) (BASSI;
VIEIRA; GABRIELLI, 1998).
B
C
Imagem 4.1 - Hiperplasia fibrosa inflamatória em palato.
Imagens 4.2- Hiperplasia fibrosa inflamatória. (A e B)
Nódulo em região de palato duro, do lado esquerdo.
Nódulos em rebordo inferior em forma de rolete; (C)
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
Encaixe da prótese total inferior nas lesões.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
13
Capítulo 04 Hiperplasia Fibrosa Inflamatória
14
Capítulo 04 Hiperplasia Fibrosa Inflamatória
NEVILLE, Brad W.; DAMM, Douglas D.; ALLEN, Carl M.; CHI,
Angela C. Patologia Oral e Maxilofacial. 3ª ed. Rio de
Janeiro: Elsevier Editora Ltda, p. 512-514, 2009.
15
Capítulo
05
Beatriz Guimarães Jardim
CANDIDÍASE
ORAL
Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos
Características Clínicas
A candidíase é uma doença fúngica causada
principalmente pela infecção da Candida
albicans de forma patogênica. Pode se
apresentar em seis tipos: pseudomembranosa,
eritematosa (atrófica aguda e crônica), crônica
hiperplásica e candidíase associada à queilite
angular e à glossite rombóide mediana (LEWIS, A
M. A. O., et al., 1991).
Pacientes que sofreram mutação fisiológica
(infância e envelhecimento), imunossupressão,
diminuição das células de defesa como
neutrófilos e linfócitos (associado ao HIV,
tratamento de quimioterapia), a administração
prolongada de medicamentos esteroidais e
indivíduos que utilizam próteses dentárias ou
aparelhos ortodônticos são grupo de risco para
candidíase oral. (ANDRIOLE, Vincent T, 1999) B
Os pacientes que fazem o uso constante da
prótese muco-suportada ou prótese dento-
Imagem 5.1 - Candidíase pseudomembranosa. (A)
suportada, devem ter o máximo de cuidados
Placas esbranquiçadas destacáveis e presença de
possíveis para evitar que causem danos aos múltiplas petéquias eritematosas em palato mole. e
tecidos da cavidade oral, ao qual a higienização palato duro; (B) Placa esbranquiçada destacável em
tanto da prótese quanto do tecido se faz dorso de língua.
necessária diariamente. (FALCÃO et al., 2004). Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
16
Capítulo 5 Candidíase Oral
A
A
B
B
Imagem 5.3 - Glossite romboidal mediana. (A) Área
despapilada na região medial de dorso de língua. (B)
Área despapilada na região medial posterior de dorso de
língua.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
17
Capítulo 5 Candidíase Oral
18
Capítulo 5 Candidíase Oral
19
Capítulo 5 Candidíase Oral
Produtos Naturais
A literatura tem apontado o potencial de
produtos naturais (mel, óleos essenciais, extratos
de plantas e probióticos/prebióticos) como
agentes antifúngicos. Tais produtos seriam
interessantes por conta do baixo custo e por
serem naturais. Apesar disso, todos esses estudos
ainda são preliminares e precisam ser
A explorados, mas podem ser uma boa fonte de
novos medicamentos antifúngicos para tratar a
candidíase oral. (RODRIGUES, RODRIGUES,
HENRIQUES, 2019) .
Ambulatório Estomatologia
ISNF/ UFF
A candidíase pode ser tratada através de
B antifúngicos orais ou tópicos (solução oral de
nistatina 100.000 U.I./ gel oral de Miconazol 2%),
Imagem 5.5 - Aplicação de TFD para tratamento de
queilite angular. (A) Aplicação do azul de metileno a ozonioterapia, ou, preferencialmente, através da
0,01%; (B) Aplicação do laser de baixa potência vermelho. terapia fotodinâmica antimicrobiana. Esta
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
técnica consiste em: secagem da área com gaze;
aplicação do fotossensibilizador azul de
Ozonioterapia metileno a 0,01% (podendo ser sob a forma de
gel ou líquido); aguardar 5 minutos como tempo
O ozônio apresenta um significativo efeito
de pré-irradiação; remoção do excesso de azul
sobre leveduras do gênero Candida, logo,
de metileno a 0,01% com gaze; irradiação da
estudos têm sugerido a terapia com ozônio
área com fonte de luz vermelha, 660nm,
como uma alternativa de atenuar sua infecção.
InGaAlP, 9J de energia/ponto, 90
Atualmente, propõe-se que a variação de 10 a
segundos/ponto, 100mW, de modo contínuo,
80 μg/mL de ozônio seja benéfica, levando a
com aplicação pontual e em contato, irradiando
efeitos positivos e sem toxicidade, dependendo
toda a extensão da lesão e distanciando cerca de
do tecido, demonstrados in vitro e in vivo em
1cm entre os pontos. As sessões precisam ser
modelos animais. Nos estudos em seres
repetidas até a remissão completa da lesão.
humanos, a faixa de dose segura varia entre 15 e
Além da terapia fotodinâmica antimicrobiana,
50 μg/mL e depende do tipo e objetivo do
como orientação para uso domiciliar, utiliza-se a
tratamento, bem como do local de aplicação
ozonioterapia (caso o paciente não apresente
(Pivotto et al., 2020).
contra-indicações) através da aplicação de óleo
Apesar de seus benefícios, novas investigações e
de girassol (ou de oliva) ozonizado, 2 vezes ao
comparações de perfil de toxicidade, por meio
dia, até a remissão completa da lesão.
de ensaios laboratoriais e clínicos, são
necessários para estabelecer corretos protocolos
de uso. (ROQUE; LOTH; BAEZA, 2021)
20
Capítulo 5 Candidíase Oral Referências Bibliográficas
RODRIGUES, Célia F.; RODRIGUES, Maria E.; HENRIQUES,
Mariana C.R. Promising Alternative Therapeutics for Oral
Candidiasis. Current Medicinal Chemistry, [S.L.], v. 26, n.
14, p. 2515-2528, 24 jul. 2019. Bentham Science Publishers
Ltd.http://dx.doi.org/10.2174/0929867325666180601102333
.
NEVILLE, Brad W.; DAMM, Douglas D.; ALLEN, Carl M.; CHI,
Angela C. Patologia Oral e Maxilofacial. 4. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2016.
Imagem 5.6- Aplicação de TFD em mucosa e prótese. (A) Garcia-Cuesta C, Sarrión-Pérez MG, Bagán JV. Tratamento
mucosa de palato com azul de metileno a 0,01%; (B) atual da candidíase oral: uma revisão da literatura. J Clin
aplicação de laser de baixa intensidade na mucosa; (C) Exp Dent . v. 6, n.5, p. e576-e582. 1 Dez 2014 doi: 10.4317 /
aplicação de azul de metileno 0,01% na prótese; (D) jced.51798
aplicação de laser de baixa intensidade na prótese.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF WILSON, Michael. Bactericidal effect of laser light and its
potential use in the treatment of plaque-related diseases.
International dental journal, v. 44, n. 2, p. 181-189, 1994.
21
Capítulo
06 ESTOMATITE
PROTÉTICA
Beatriz Vasconcellos Ferreira Luiza Ornellas
Grau Característica A
Grau I Eritemas pontuais
Hiperplasia papilar
Grau III
inflamatória
22
Capítulo 06 Estomatite Protética
24
Capítulo 06 Estomatite Protética
Referências Bibliográficas
SHARMA, Dheeraj; SHARMA, Neeraj. Denture stomatitis–a
ARENDORF, T. M.; WALKER, D. M. Denture stomatitis: a review. IJOCR, v. 3, n. 7, p. 81-5, 2015.
review. Journal of oral rehabilitation, v. 14, n. 3, p. 217-227,
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products for the treatment of denture stomatitis: A
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25
Capítulo
07 HERPES
SIMPLES
Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos
D
Imagem 7.3 - Lesão de herpes simples em palato mole.
Imagens 7.1- Lesões de herpes simples em estágio
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
vesicular. (A) Em lábio inferior; (B) Em lábio inferior
esquerdo; (C) Em lábio superior esquerdo e (D) Em lábio
inferior direito.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
Tratamento e Prognóstico
Sendo o herpes labial uma doença
autolimitante, alguns tratamentos paliativos
podem ser utilizados, a fim de minimizar os
sintomas dolorosos e suprimir a replicação viral.
Ao iniciarem os sintomas prodrômicos, como:
dormência, pontadas, prurido, eritema e dor, o
medicamento de escolha principal é o Aciclovir,
uma vez que possui ação antiviral seletiva e
potente. O uso via oral de 200 mg, adulto e
pediátrico, é indicado cinco vezes ao dia,
A pulando a dose noturna, durante dez dias em
caso de episódio inicial, e durante cinco dias, em
caso de episódio recorrente. Também há a
versão tópica de 50 mg que pode ser aplicada
em lábio e pele adjacente até a regressão da
lesão. (SANTOS et al., 2012)
Se não houver resposta eficaz ao tratamento
com esse fármaco entre 5 a 10 dias, existe a
possibilidade das lesões serem formas
resistentes. Nessa situação, inicialmente pode-se
B aumentar as doses do primeiro tratamento e,
caso haja falha na intervenção, deve-se utilizar o
Imagem 7.2 - Lesão de herpes simples em estágio de hexaidrato fosfonoformato trissódio (Foscarnet).
crostas. (A) Lesão em lábio superior; (B) Lesão em região (NEVILLE, 2016)
perioral.
O laser de baixa intensidade deve ser usado
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
apenas na ausência de vesículas, uma vez que
auxilia na cicatrização com ação analgésica e
anti inflamatória. (SANTOS et al., 2012). O
protocolo para o uso do laser varia de acordo
com a fase na qual a lesão se manifesta, como
indicado na Tabela 3.
27
Capítulo 07 Herpes Simples
Sintomatologia/ Comprimento
Fase Objetivo Dose Aplicação Observações
Sinais e Sintomas de Onda
120 J/cm2
P Vermelho:
(40mW e A laserterapia
R 2 minutos) nessa etapa não
660 nm
O ou 4,8 J exclui a
Dormência, Inibir o por ponto possibilidade do
D pontadas, desenvolvimento
Um único
desenvolvimento
R ponto
prurido, subsequente da 40J/cm2 da lesão, embora
Ô central
eritema e dor lesão (40 mW e o ciclo viral se
M Infravermelho: 40 completará em
I 780 ou 808 nm segundos) um período
C ou 1,6 J menor
A por ponto
30J/cm2
P (40mW,
R Vermelho: 30
É 660 nm segundos)
- ou 1,2 J
por ponto
V
Eritema Um ponto
E Diminuição do Atuação do laser
intenso e central e 4
S edema e dor é na diminuição
edemaciado ou 5 pontos
do edema e dor
I 10J/cm2 periféricos
C (40mW, 10
U Infravermelho: segundos)
L 780 ou 808 nm ou 0,4 J
A por ponto
R
V
E
S 20 J/cm2 Realizar a
(40 mW, Um ponto descontaminação
I central e 4
Estimular a Vermelho: 20 inicial da lesão e
C Vesículas
cicatrização 660 nm segundos) pontos escarificar as
U ou 0,8J periféricos vesículas antes
L por ponto da laserterapia.
A
R
U
L 10 J/cm2
C (40 mW e A aplicação deve
Um ponto
10 ser em
E Lesões Estimular a Vermelho: central e 4
baixíssimas doses
R ulceradas cicatrização 660 nm segundos) pontos
ou 0,4 J e por duas a três
A periféricos
de energia sessões
D total por
A ponto
*Em algumas fases, a laserterapia pode ser utilizada no comprimento de onda vermelho ou infravermelho,
sendo escolhido a critério do cirurgião dentista
Tabela 3 - Relação das fases da herpes simples com os protocolos de tratamento mais indicados para cada caso.
.
Fontes: (LIZARELLI, 2010), (LAGO, 2021), (NUNEZ, GARCEZ, RIBEIRO, 2021)
28
Capítulo 07 Herpes Simples
08
MUCOCELE
(Fenômeno de extravasamento
de muco; reação ao escape de
muco)
Características Clínicas
A mucocele é uma lesão comum da mucosa
oral resultante da ruptura de um ducto de
glândula salivar e do extravasamento de mucina
para dentro dos tecidos moles vizinhos
(BHASKAR, BOLDEN, WEINMANN, 1956). Esse
acometimento está associado a algum trauma
local, prevalecendo assim em sítios como o lábio B
inferior e regiões na cavidade oral que possuam Imagem 8.1 - Mucocele em lábio inferior de criança. (A)
ductos/glândulas. Geralmente se apresenta Lesão em lábio inferior com aumento de volume notável
como aumento de volume mucoso arredondado na inspeção visual extraoral, com coloração
normocrômica; (B) Lábio inferior evertido, evidenciando
com tamanho diverso, assintomático, flutuante
lesão bem delimitada de consistência mole e base séssil.
ou de superfície firme à palpação e coloração Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
varia de acordo com a profundidade (azulada -
superficial; normocrômica - profunda).
O tempo de evolução é individualizado,
alternando de dias a anos. Muitos pacientes
relatam a história de um aumento de volume
recorrente que se rompe periodicamente e libera
seu conteúdo fluido/viscoso. São mais comuns
em crianças e adultos jovens, possivelmente por
estarem mais propensos a traumas, induzindo o
extravasamento de mucina (Imagens 8.1 e 8.2). A
Quando presente no assoalho bucal é chamada
de rânula. (NEVILLE et al., 2016)
B
Imagem 8.2 - Mucocele em adulto jovem. (A) Lesão em
A mucosa labial inferior lado direito; (B) Nódulo
normocrômico de consistência mole e base séssil com
áreas esbranquiçadas, ocasionadas por trauma
secundário.
30 Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
Capítulo 08 Mucocele
Diagnóstico
O diagnóstico da mucocele se dá através de
um adequado exame clínico. O tecido excisado,
de maneira convencional, deve ser submetido à
avaliação microscópica para confirmar o
diagnóstico e descartar a possibilidade de
neoplasias de glândula salivar. A
Embora um histórico de trauma seguido do
aparecimento de um aumento de volume
translúcido/azulado em lábio inferior seja típico
da mucocele, outras lesões devem ser
consideradas quando esse histórico se faz
ausente. Dentre elas, pode-se apresentar como
diagnóstico diferencial: fibroma traumático,
lipoma, granuloma piogênico, linfangioma,
sialolitíase, neoplasias de glândulas salivares
(com prevalência para carcinoma B
mucoepidermóide), malformação vascular,
varizes venosas, neurofibroma, hiperplasia
fibrosa inflamatória e cisto linfoepitelial oral.
(NEVILLE et al., 2016; REGEZI, 2012)
Tratamento e Prognóstico
As mucoceles, por vezes, se rompem e liberam
o conteúdo de seu interior promovendo uma
C
aparente melhora da lesão. Entretanto, possui
grande chance de recidiva e a remoção do fator
traumático juntamente com a excisão cirúrgica
local é necessária.
Submeter a amostra coletada na biópsia
excisional à análise histopatológica é
fundamental em qualquer que seja o tratamento
utilizado, pois apenas com ela conseguiremos o
diagnóstico da lesão.
Para minimizar a recidiva, deve-se remover no
transoperatório qualquer glândula salivar menor
D
que possa estar localizada dentro da lesão ou
adjacente a mesma, garantindo uma margem de
segurança quando a área for excisada, conhecida
como técnica de enucleação (NEVILLE et al.,
2016; MANFRO, MANFRO & BORTOLUZZI, 2010).
A seguir, as imagens 8.3 e 8.4 irão apresentar
dois casos clínicos tratados por meio da técnica
de enucleação, realizando a excisão cirúrgica.
31
Capítulo 08 Mucocele
F
Imagem 8.3 - Remoção de mucocele. (A) Visualização de
nódulo séssil esbranquiçado em mucosa labial inferior
evertida; (B) Incisão semilunar ao redor da lesão; (C)
Divulsão dos tecidos com tesoura de ponta romba; (D)
Visualização da mucocele; (E) Identificação das
glândulas salivares menores (setas verdes) e da lesão
(seta azul); (F) Visualização pós-cirúrgica da mucocele
com as glândulas salivares menores.
B Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
32
Capítulo 08 Mucocele
Porém, é contraindicado quando não se tem et al., 2016). No entanto, atenção especial deve
certeza do diagnóstico clínico, já que não ser dada ao tempo de aplicação e à potência de
fornece material para análise trabalho, a fim de evitar superaquecimento e
anatomopatológica (ROCHA et al., 2013). A necrose dos tecidos (BESBES et al., 2020).
técnica inicia-se com aplicação de anestésico Embora sua praticidade, o laser de alta potência
tópico e consiste na passagem de um fio de tem um alto custo e a necessidade de realização
sutura de seda pelo interior da lesão ao longo de de cursos para seu manuseio, o que acaba sendo
seu diâmetro mais largo, faz-se um nó cirúrgico, uma desvantagem.
deixando um espaço entre ele e a lesão. Assim, a Uma alternativa apontada como bastante
Mucocele será comprimida, resultando no promissora é a excisão da lesão utilizando o laser
extravasamento da saliva acumulada. Os de CO2, após uma prévia anestesia local. Com
pacientes devem ser orientados a higienizar corte contínuo, sendo regulado de 6 a 8 watts, a
adequadamente a cavidade oral no pós- incisão deve ser realizada e uma gaze úmida será
operatório a fim de prevenir infecções utilizada para remover o carvão gerado. Entre as
secundárias. As suturas são removidas após 7 vantagens, destacam-se uma técnica cirúrgica
dias (PIAZZETA et al, 2012). No entanto, a eficaz, campo sem sangue facilitando a
literatura tem registrado recorrência das lesões visualização e identificação das estruturas
com a aplicação da técnica de anatômicas, oferecendo uma melhor estética,
micromarsupialização (GIRADDI, SAIFI, 2017). com menos hemorragias e parestesias pós-
Também como terapia alternativa temos a operatórias do que a remoção cirúrgica
criocirurgia, uma técnica que não exige anestesia convencional da lesão, sendo mais confortável
infiltrativa local ou agente sedativo, sendo para o paciente.(KOOP, 2004) (GARCIA, 2009). Os
também considerada de fácil aplicação, em que lasers citados acima, tem como desvantagem a
se utiliza um agente criogênico, em geral dificuldade do envio do material coletado para a
nitrogênio líquido, direta ou indiretamente sobre análise histopatológica, justamente pela forma
a lesão (STUANI et al., 2010). Tem como como ele atua nos tecidos. Sendo assim, tem-se
benefícios a hemostasia durante a cirurgia, pós um comprometimento do diagnóstico.
operatório sem desconforto e cicatriz mínima O prognóstico é excelente, embora mucoceles
contribuindo para um resultado mais estético. ocasionais possam recorrer, necessitando ser
Em contrapartida, o grau de edema é de certa submetidas à nova excisão cirúrgica,
forma imprevisível, havendo um leve grau de especialmente se as glândulas circunvizinhas
necrose e descamação, que resulta em cura não tiverem sido removidas (NEVILLE et al., 2016).
retardada (AULAKH et al., 2016). Dessa forma, a
necrose dos tecidos acaba impossibilitando o
envio da amostra para análise histopatológica,
Referências Bibliográficas
comprometendo o diagnóstico. NEVILLE, Brad W.; DAMM, Douglas D.; ALLEN, Carl
Outra opção apontada pela literatura tem sido M.; CHI, Angela C. Patologia Oral e Maxilofacial. 4.
laser de alta potência, principalmente o diodo, ed. Rio de Janeiro: Elsevier Editora Ltda, 2016.
com comprimento de onda variando entre
810/940 nm, aplicado de forma contínua. Tal Piazzetta CM, Torres-Pereira C, Amenábar JM.
técnica remove a lesão e garante uma Micro-marsupialization as an alternative
hemostasia durante o procedimento (VITALE et treatment for mucocele in pediatric dentistry. Int
al., 2018; LAGO et al., 2021). Além disso, há um J Paediatr Dent. 2012;22(5):318-323.
mínimo envolvimento de outros tecidos durante doi:10.1111/j.1365-263X.2011.01198.x
a cirurgia, não sendo necessária a sutura e
contribuindo para redução de edema e uma GARCÍA, Y; José et al. Treatment of oral
cicatrização mais rápida. O calor irradiado pelo mucocele-scalpel versus CO2 laser. Medicina
laser tem sido apontado como um agente Oral, Patología Oral y Cirugia Bucal, 2009, vol. 14,
potencialmente anti-infeccioso, por conta da num. 9, p. 469-474, 2009.
descontaminação da superfície tratada (FONTES
33
Capítulo 08 Mucocele
34
Capítulo
09 SIALOLITÍASE
36
Capítulo 09 Sialolitíase
2019, [S.I.]. Anais [...] . [S.I.]: Revista Brasileira de WILLIAMS, MF. Sialolithiasis. Otolaryngol Clin
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DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE SIALOLITÍASE:
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Acesso em: 5 jun. 2021.
37
Capítulo
10 PAPILOMA
ESCAMOSO ORAL
Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos
Características Clínicas
O papiloma escamoso oral é uma proliferação
benigna do epitélio escamoso estratificado,
sendo apontado pela literatura como uma
infecção associada ao papilomavírus humano
(HPV) (ABBEY, PAGE e SAWYER, 1980; ANDRADE
et al., 2019). A transmissão do vírus pode
acontecer por meio de contato direto, relações
sexuais sem proteção ou de mãe para filho B
durante a gravidez ou parto (casos de
papilomatose laríngea) (PEREIRA et al, 2015;
FERRARO et al, 2011; GLEASON et al, 2016; WEE et
al, 2017).
A lesão pode acometer qualquer área da
mucosa oral, caracterizando-se geralmente
como um nódulo único, pediculado e exofítico,
de superfície verrucosa, indolor e com a
coloração variando entre normocrômica,
vermelha e branca, dependendo da
ceratinização da superfície (Imagem 10.1) C
(ABBEY, PAGE e SAWYER, 1980; NEVILLE et al,
2016; PEREIRA et al, 2015; ALAN et al, 2015). Imagem 10.1 - Papiloma
Estudos epidemiológicos apontam que homens escamoso oral. Lesões com
e mulheres são acometidos com igual crescimento exofítico,
superfície rugosa. (A) Lesão em
frequência, podendo surgir em qualquer idade,
mucosa na região alveolar
mas com uma maior predileção por adultos.
inferior esquerda; (B) Lesão em
ventre de língua esquerdo; (C)
lesão em comissura labial
esquerda; (D) Lesão em trígono
retromolar esquerdo.
Fonte: Ambulatório de
Estomatologia do HUAP - UFF
D
38
Capítulo 10 Papiloma Escamoso Oral
39
Capítulo 10 Papiloma Escamoso Oral
40
Capítulo
11 CONDILOMA
ACUMINADO
Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos
41
Capítulo 11 Condiloma Acuminado
Referências Bibliográficas
BETZ, Sasha J.. HPV-Related Papillary Lesions of
the Oral Mucosa: a review. Head And Neck
Pathology, [S.L.], v. 13, n. 1, p. 80-90, 29 jan. 2019.
Springer Science and Business Media LLC.
http://dx.doi.org/10.1007/s12105-019-01003-7
42
Capítulo
12
SÍNDROME DA
ARDÊNCIA BUCAL
(SAB)
Juliana Leal Furtado Matheus Carvalho Teles Filgueiras
Síndrome da Ardência
Bucal (SAB) Envolve distúrbios
psiquiátricos, com
sensação de dor e
A “International Headache Society” (IHS) define Tipo II queimação diariamente,
a síndrome da ardência bucal (SAB) como uma perdurando todo o dia e há
resistência aos
condição crônica, caracterizada por sensação de
tratamentos
queimação ou dor na mucosa da cavidade oral.
Acomete principalmente mulheres na
menopausa e pós menopausa. Clinicamente, a
Dor e queimação
mucosa apresenta-se saudável, sem lesões presentes de forma
evidentes. Além da sensação de queimação, intermitente, havendo
alguns pacientes também experimentam dor na Tipo III alguns dias com intervalos
sem dor, afetando locais
mucosa, descrita geralmente como “muita menos comuns como
irritação na região, como se estivesse garganta, mucosa e
assoalho oral
descamada, ferida”.
A SAB pode ser classificada de acordo a
etiologia a qual está associada: Tabela 4 - Subdivisões relacionadas à variação diária dos
sintomas.
Primária: idiopática e não neuropática;
Secundária: ligada a etiologias orgânicas ou
terapêuticas como distúrbios da cavidade
Diagnóstico
oral ou sistêmicos, deficiências nutricionais O diagnóstico da SAB é feito somente depois
induzidas por drogas ou anomalias de serem descartadas todas as outras causas
neurológicas e psiquiátricas. possíveis. Deve ser realizado o exame clínico
Existem subdivisões relacionadas à variação completo do paciente e exclusão de fatores
diária dos sintomas (MALTSMAN-TSEIKHIN et al., locais e sistêmicos como deficiências
2007): nutricionais, diabetes, candidíase oral,
hipossalivação, síndrome de Sjögren e lesões por
Tipo Descrição próteses mal adaptadas, líquen plano erosivo,
língua geográfica, pênfigo e penfigóide. Todas
Não psiquiátrico e
citadas anteriormente têm como características
caracteriza-se por
sensação de dor e a sensação de queimação oral.
queimação, de forma Além dos diagnósticos diferenciais, Shivpuri et
Tipo I diária, não estando
presente ao acordar, mas al. (2011) defende que alguns testes podem ser
se desenvolve ao longo do feitos para o diagnóstico da SAB, incluindo
dia, chegando ao ápice à
hemogramas, glicemia, ferritina, ferro, vitamina
noite
B12, zinco e cultura para identificação de
candidíase. Podendo também ser utilizado o
exame citopatológico.
43
Capítulo 12 Síndrome da Ardência Bucal
44
Capítulo 12 Síndrome da Ardência Bucal
45
Capítulo
13 CISTO DE
ERUPÇÃO
Nicolly Duarte de Abreu Patrick Cardoso Squitino Mattos
Diagnóstico
Através de um exame clínico adequado e o
conhecimento do cirurgião dentista sobre a
cronologia da erupção das dentições decídua e
permanente, obtém-se um diagnóstico
confiável. (ALMEIDA et al., 2015) Ainda pode ser
complementado pela radiografia periapical na
região em que a lesão se apresenta. Alguns
diagnósticos diferenciais são: granuloma Imagem 13.1 - Demonstração didática do procedimento
piogênico, hemangioma e cisto gengival do Ulectomia. A linha pontilhada corresponde ao local e
recém nascido. (PINKHAM et al., 2005). sentido da incisão na mucosa.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
46
Capítulo 13 Cisto de Erupção
Referências Bibliográficas
ALMEIDA, Luiza Helena Silva de; AZEVEDO,
Marina Sousa; PAPPEN, Fernanda Geraldo;
ROMANO, Ana Regina. Hematomas de erupção:
relato de três casos clínicos em bebês. Revista da
Faculdade de Odontologia - Upf, [S.L.], v. 20, n. 2,
p. 222-226, 9 dez. 2015. UPF Editora.
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Disponível em:
http://seer.upf.br/index.php/rfo/article/view/4354/
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47
Capítulo
14 QUEILITE
ACTÍNICA
Beatriz Vasconcellos Ferreira Izabella de Oliveira Pereira
48
Capítulo 14 Queilite Actínica
Também é importante ressaltar que não há Independente da terapia eleita para o paciente
relação direta entre uma lesão com aparência é importante a realização de biópsias para
clínica mais branda e o grau de displasia leve, monitoramento da displasia e da efetividade do
essa constante nem sempre ocorrerá (GONZAGA tratamento já que a QA residual histológica pode
et al., 2018). progredir para o carcinoma de células
escamosas (CHOI, KIM e SONG, 2015).
Tratamento e Prognóstico
Tendo em vista o potencial de malignização da
QA é necessário a busca por tratamentos de
excelência para o paciente. O tratamento da QA
é considerado desafiador pelo envolvimento de
camadas de mucosas finas e áreas estéticas
(TRAGER et al,. 2021).
As características clínicas, histopatológicas,
vantagens e desvantagens de cada tratamento A
nortearão a melhor conduta para cada paciente.
(JADOTTE, SCHWARTZ, 2012)
Segunda a literatura, em casos mais brandos é
possível lançar mão de tratamentos menos
invasivos, como orientações para prevenir a
exposição ao sol, dentre elas podem ser citadas
o uso de chapéus de abas larga e aplicação de
proteção solar labial (FPS 30). Os autores ainda
defendem que essas medidas devem ser
adotadas não só por pacientes com a QA
B
estabelecida mas também com o grupo de risco
para o desenvolvimento desta lesão (CINTRA et
al., 2013; MARTINS et al., 2007). Uma outra
medida menos conhecida porém eficiente é o
uso de palmitato de retinol, colecalciferol e
óxido de zinco (Hipoglós Ⓡ ), dexpantenol,
lanolina, óleo de amêndoas doces e cera de
abelha (Bepantol Ⓡ ) e outras pomadas
hidratantes nos lábios para atuarem como
barreira física. Casos com displasias graves ou
severas, indicamos o uso de abordagem mais
C
definitivas como a vermelhectomia, devido a
progressão da QA para o CCE
O tratamento da QA possui como principais
objetivos o alívio dos sintomas e a prevenção do
câncer de boca. (KALAVREZOS e SCULLY, 2015)
Entre as terapias descritas na literatura as com
maior incidência nos estudos são: técnicas
cirúrgicas como a vermelhectomia, criocirurgia,
ablação a lasers e outros e através de técnicas
não cirúrgicas como a terapia fotodinâmica
D
(PDT), aplicações tópicas de 5- fluorouracil (FU),
imiquimode (IMI) peeling químico e outros.
(SALGEIRO et al., 2019; JADOTTE e SCHWARTZ,
2012).
49
Capítulo 14 Queilite Actínica
Referências Bibliográficas
ANDREADIS, D. et al. Day light
photodynamictherapy for the management of
actinic cheilitis. Archives of Dermatological
Research, v. 312, n. 10, p. 731–737, Dec. 2020
50
Capítulo 14 Queilite Actínica
51
Capítulo
15 LEUCOPLASIA
Características Clínicas
De acordo com a literatura a leucoplasia é
uma placa branca, não destacável, não apresenta
resolução espontânea, podendo ser homogênea
ou não homogênea, seu risco de malignização
tende a ser menor do que lesões eritematosas
como a eritroplasia e seu diagnóstico ocorre por
exclusão de forma clínica (WHO, 2005; CARRARD
e VAN DER WAAL, 2018; MAYMONE et al., 2019).
Os principais fatores etiológicos relacionados a
leucoplasia são o tabaco com ou sem fumo,
álcool e o sache de betel (STAINES e ROGERS,
2017). Imagem 15.2 - Placa branca, formato irregular, difusa,
superfície lisa, com áreas mais nacaradas e em borda
Dogenski et al., (2021) realizaram um estudo
lateral de língua.
epidemiológico com o objetivo de comparar a Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
atividade proliferativa celular, características
clínicas e histopatológicas de 107 casos de
leucoplasia. Os autores concluíram que a maioria
Diagnóstico
dos casos incluiu homens, brancos e por volta da Carrard e Van Der Waal (2018) afirmaram em
quinta década de vida. Os fatores etiológicos seu estudo que o diagnóstico da leucoplasia é
mais prevalentes foram o tabagismo e consumo realizado por exclusão de outras lesões que
de álcool, a apresentação clínica mais comum foi podem ocorrer na mucosa oral. Os autores
a placa branca assintomática bem delimitada e indicam que ao observar um possível fator
localizada em mucosa jugal (Imagens 15.1 e 15.2). etiológico da lesão é necessário remove-lo e
aguardar um período de até três meses para ver
se essa remoção causou alguma alteração. A
biópsia (procedimento descrito no capítulo de
CCE) também pode auxiliar nesse processo.
Kumar et al., (2018) propuseram que no caso
de uma lesão com possibilidade de ser
leucoplasia o primeiro passo é avaliar os
possíveis fatores etiológicos e remove-los. Em
seguida, caso a remoção não altere a lesão ou
não exista a biópsia deve ser realizada. O mesmo
Imagem 15.1 - Placa branca de formato irregular, difusa, estudo ainda afirma que a biópsia é o exame
superfície lisa e em dorso de língua. padrão ouro para diagnóstico dessa lesão.
Fonte: Ambulatório Diagnóstico Oral ISNF - UFF
52
Capítulo 15 Leucoplasia
53
Capítulo 15 Leucoplasia
54
Capítulo
16 ERITROPLASIA
Beatriz Vasconcellos Ferreira
Características Clínicas
A OMS define a eritroplasia como um termo
clínico utilizado para descrever placas vermelhas
com risco de transformação maligna (IARC,
2017). Segundo o estudo retrospectivo de Hosni
et al., (2009) o gênero mais acometido é o
masculino, entre a quinta e sexta década de vida,
o palato mole foi o sítio mais comum e
tabagismo e etilismo estavam associados em
100% dos casos. Lesões vermelhas são mais
Imagem 16.3 - Eritroplasia em região de palato mole.
perigosas do que lesões brancas já que a
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF.
probabilidade de malignização é muito maior
(KALAVREZOS e SCULLY, 2015) (Imagens 16.1, 16.2 Wetzel e Wollenberg (2020) descreveram a
e X.3). eritroleucoplasia como uma lesão mista com
partes eritoplasicas e leucoplasicas. Além disso,
segundo os autores o que a diferencia da
leucoplasia ou eritroplasia é o fato dessas lesões
serem assintomáticas enquanto a
eritroleucoplasia pode apresentar
sintomatologia dolorosa. Os fatores de risco,
idade e sexo mais comumente acometidos são
semelhantes a eritroplasia e leucoplasia (MAIA et
al., 2016; WETZEL e WOLLENBERG, 2020)
(Imagens 16.4 e 16.5).
Imagens 16.1 e 16.2- Eritroplasia em região de palato Imagem 16.4 - Eritroleucoplasia em região de mucosa
mole. jugal.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
55
Capítulo 16 Eritroplasia
O grau de displasia é o que irá guiar a escolha AWAN, K. H.; MORGAN, P. R.;
da conduta terapêutica para essa lesão e pode WARNAKULASURIYA, S. Assessing the accuracy
variar desde aconselhamento sobre os fatores de of autofluorescence, chemiluminescence and
risco à excisão cirúrgica nos casos de displasia toluidine blue as diagnostic tools for oral
moderada e severa (DIONNE et al., 2015; potentially malignant disorders—a
WARNAKULASURIYA, 2019). clinicopathological evaluation. Clinical oral
A excisão cirúrgica por bisturi ou laser é um investigations, v. 19, n. 9, p. 2267-2272, 2015.
tratamento recomendado nos casos de
eritroplasia segundo o estudo de Yang et al.,
(2015). De acordo com sua pesquisa, a cirurgia
56
Capítulo 16 Eritroplasia
CANTARELLI MOROSOLLI, Aline Rose; TAKATA T.; SLOOTWEG P.J. Tumours of the oral
SCHUBERT, Mark M.; NICCOLI-FILHO, Walter. cavity and mobile tongue. In: INTERNATIONAL
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DIONNE, Kalen R. et al. Potentially malignant
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future directions in the clinic and laboratory. Oral potentially malignant disorders. Dental
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515, 2015.
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investigative and clinical dentistry, v. 9, n. 1, p. WARNAKULASURIYA, Saman. White, red, and
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clinicopathologic approach to diagnosis.
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speckled leukoplakia: retrospective analysis of 13
cases. Brazilian journal of otorhinolaryngology, v.
75, n. 2, p. 295-299, 2009.
57
Capítulo
17 CÂNCER ORAL
Imagem 17.1 - Carcinoma de Células Escamosas em Imagem 17.5 - Carcinoma de Células Escamosas em
lábio inferior. borda posterior e lateral de língua.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
Imagem 17.2 - Carcinoma de Células Escamosas em Imagem 17.6 - Carcinoma de Células Escamosas em
rebordo alveolar inferior. rebordo alveolar inferior.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
Imagem 17.3 - Carcinoma de Células Escamosas em Imagem 17.7 - Carcinoma de Células Escamosas em
região de palato mole. região lateral posterior de língua.
Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF Fonte: Ambulatório de Estomatologia do ISNF - UFF
59
Capítulo 17 Câncer Oral
60
Capítulo 17 Câncer Oral
61
Capítulo 17 Câncer Oral
Riley et al., (2017) realizaram uma revisão Os autores afirmam que ocorreu uma melhora
sistemática para avaliar possíveis intervenções significativa do bem estar dos pacientes
nos casos de mucosite como fator estimulador relacionado à xerostomia, porém mais estudos
de colônia de granulócitos, bochecho com são necessários para elaboração de protocolos.
clorexidina e gel de aloe vera para bochecho. Em Em relação a cárie de radiação, a revisão
uma outra revisão da literatura De Sanctis et al., sistemática realizada por Hong et al., (2010)
(2016) também mencionam o uso de mel puro, aponta que é um problema prevalente nos
agentes analgésicos, antiinflamatorios e pacientes submetidos a quimioterapia e
antifúngicos. No entanto, ambos os autores radioterapia, soluções fluoretadas são de grande
destacam a importância de avaliar o nível de auxílio para a paralisação da atividade de cárie e
evidência científica dessas medidas, indicações e restaurações com resina composta
contra indicações de cada caso. A laserterapia de demonstraram um melhor desempenho dos que
baixa potência também tem demonstrado as realizadas com ionômero de vidro
promissores resultados no manejo da mucosite e convencional. Dentifrícios fluoretados também
nos estudos de Zecha et al., (2016) o protocolo são utilizados no manejo desses casos
descrito foi com laser ou LED, com comprimento (HANCOCK et al., 2003). Além das medidas
de onda de entre 633 e 685nm ou 780 - 830nm, preventivas com soluções fluoretadas e a
potência entre 10 e 100 mV, dose de 2 - 3J e com instrução de higiene oral o profissional deve ter o
a aplicação de de duas à três vezes por semana. conhecimento de que nos casos de elementos
A xerostomia e a hipossalivação são efeitos com lesões de cáries extensas, infecções
adversos bastante presentes em pacientes periodontais e demais complicações deverão ser
submetidos a radioterapia e quimioterapia extraídos para evitar infecções durante o
devido às alterações da qualidade e da tratamento (VILLA e AKINTOYE, 2018).
quantidade de saliva que podem ser transitórias A osteoradionecrose é uma complicação
ou perenes (BEACHER e SWEENEY, 2018). séria associada a radioterapia na região de
Algumas medidas não farmacológicas podem cabeça e pescoço que pode ocasionar infecção e
ser tomadas para amenizar os sintomas sendo até mesmo fratura do osso envolvido (BEACHER
elas mascar balas e gomas sem açúcar e SWEENEY, 2018). Chronopoulos et al., (2018)
estimulando assim o ácino residual da glândula, descreve clinicamente essa condição como área
ingestão regular de água, utilização de cubos de de osso exposto irradiado que não cicatriza em
gelo e picolés sem açúcar para manutenção da três meses sem a presença ou recorrência do
boca hidratada além de causarem certa tumor. Vários são os fatores de risco, mas o
refrescância (VILLA e AKINTOYE, 2018). Em principal é a realização de exodontia ou
relação aos Sialogogos os mais utilizados são procedimentos invasivos após a radioterapia
pilocarpina e cevimelina, no entanto, por (KALAVREZOS e SCULLY, 2016b) dessa forma fica
atuarem como agonistas colinérgicos é evidente que o melhor tratamento para esta
necessário estar atento aos efeitos colaterais. condição é a prevenção, adequação do meio
Outra opção para alívio dos sintomas causados bucal antes de iniciar o tratamento oncológico e
pelo baixo fluxo salivar é a utilização das salivas evitar fatores traumáticos na mucosa (HANCOCK
artificiais, esse produto pode conter et al., 2003). As possibilidades de tratamento
carboximetilcelulose e compostos a base de desta condição são desde administração de
mucina. (ATKINSON, GRISIUS e MASSEY, 2005; antibióticos, irrigação salina até cirurgia de
CHAMBERS. et al. 2007). Outro recurso pouco debridamento. A utilização de oxigênio
abordado na literatura mas que é possível hiperbárico como terapia adjuvante também é
observar tentativas de sua utilização é a mencionada (VILLA e AKINTOYE, 2018). A
acupuntura. Garcia et al., (2009) realizaram um laserterapia de baixa potência também tem sido
estudo piloto com dezenove pacientes muito utilizada nesses casos e mais estudos são
submetidos à acupuntura duas vezes por dia, necessários para otimização de protocolo e para
semanalmente e durante quatro semanas. a elaboração de evidências mais robustas
(ZECHA et al., 2016).
62
Capítulo 17 Câncer Oral
Apesar de pouco divulgada e mencionada AVON, Sylvie-Louise; KLIEB, Hagen BE. Clinical
na literatura, uma outra responsabilidade do Review-Oral Soft-Tissue Biopsy: An Overview.
cirurgião-dentista é o manejo do paciente que Journal of the Canadian Dental Association, v. 78,
está em cuidados paliativos. O principal objetivo n. 4, p. 233, 2012.
nesse caso deve ser a melhora na qualidade de
vida (TIMON e REILLY, 2006). Wilberg, et al., BEACHER, N. G.; SWEENEY, M. P. The dental
(2012) propuseram uma pesquisa com o objetivo management of a mouth cancer patient. British
de avaliar a morbidade oral de pacientes dental journal, v. 225, n. 9, p. 855-864, 2018.
submetidos a tratamento oncológico e as
condições mais mencionadas foram xerostomia BRAUN, L. W. et al. Continuing education
e disgeusia. Para conferir conforto a esse activities improve dentists’ self‐efficacy to
paciente é necessário promover uma boa manage oral mucosal lesions and oral cancer.
higiene oral, utilizar escova de dentes bem European Journal of Dental Education, v. 25, n. 1,
macia e manter a mucosa oral bem lubrificada. p. 28-34, Feb. 2021.
Em caso de dentes com bordos afiados e sítios
que podem promover a retenção de placa pode- CHAMBERS, Mark S. et al. Cevimeline for the
se pensar em suavizá-los com procedimentos treatment of postirradiation xerostomia in
restauradores simples (BEACHER e SWEENEY, patients with head and neck cancer.
2018). O manejo desse paciente deve ter como International Journal of Radiation Oncology*
objetivo o alívio da dor e dos outros sintomas Biology* Physics, v. 68, n. 4, p. 1102-1109, 2007.
(SESTERHENN et al., 2008)
CHRONOPOULOS, Aristeidis et al.
Osteoradionecrosis of the jaws: definition,
Referências Bibliográficas epidemiology, staging and clinical and
radiological findings. A concise review.
ABATI, S. et al. Oral cancer and precancer: A International dental journal, v. 68, n. 1, p. 22-30,
narrative review on the relevance of early 2018.
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Environmental Research and Public Health, v. DE SANCTIS, Vitaliana et al. Mucositis in head
17, n. 24, p. 9160, Dec. 2020. and neck cancer patients treated with
radiotherapy and systemic therapies: Literature
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Can Dent Assoc, v. 86, p. k2, Feb. 2020. 166, 2016.
63
Capítulo 17 Câncer Oral
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epidemio- logia_vigilancia/. ca_2020_0.pdf. Acesso em: 15 mar. 2021.
64
Capítulo 17 Câncer Oral
65
Capítulo
18 TÉCNICAS DE
BIÓPSIA
Jade Rocha Vasconcellos Ribeiro Matheus Carvalho Teles Filgueiras
Definição
A biópsia consiste na remoção de um
Confirmação de hipótese diagnóstica
fragmento de tecido vivo para estudo das
alterações eventualmente presentes. O
procedimento, objetiva estabelecer o diagnóstico ATENÇÃO
da lesão para então definir um tratamento
Às lesões vasculares, devido ao
adequado para a condição (Imagem 8.1).
risco de sangramento abundante.
Contra-Indicações
Não há nenhuma contra indicação absoluta.
Podem existir contra indicações relativas
referentes ao estado sistêmico do paciente,
como é o caso de pacientes com discrasias
sanguíneas, dentre outras alterações. Nestes
Imagem 18.1 - Ilustração de tecido contendo lesão. casos, é importante que o cirurgião-dentista
entre em contato com o médico responsável.
IMPORTANTE
Todo tecido removido deve ser enviado
para análise histopatológica. Tipos de Biópsia
Existem dois tipos de biópsia:
Indicações
Biópsia Incisional - Em que se realiza a
remoção parcial da lesão. Sendo indicada em
Condições patológicas persistentes
que não possam ser diagnosticadas casos de lesões com suspeita de neoplasia
clinicamente maligna, manifestação oral de doenças
sistêmicas ou lesões muito extensas em que
Lesões que persistam apesar do não há possibilidade de remoção em ato
tratamento clínico adequado após único.
um período de 10 a 14 dias
Biópsia Excisional - Realiza-se a remoção
Lesões com suspeita de malignidade total da lesão. É indicada para casos de lesões
pequenas e lesões sem suspeita de
Lesões potencialmente malignas malignidade.
66
Capítulo 18 Técnicas de Biópsia
Técnica de Biópsia
Para realizar o procedimento de biópsia, é
importante destacar alguns princípios:
A
A solução anestésica não deve ser injetada na
lesão, pois a mesma pode alterar a peça
Seguindo tais princípios, a técnica de biópsia Imagem 18.2 - Ilustração de incisão em forma de cunha.
pode ser realizada seguindo os passos a seguir: (A) visão transversal; (B) visão superior.
A
06 Por fim, realiza-se a sutura
Biópsia Incisional
A incisão deve ser em forma de cunha,
envolvendo o tecido saudável adjacente. Prefere-
se incisões profundas e curtas a incisões largas e
rasas [Figuras 2 e 3].
B
Imagem 18.3 - Biópsia excisional. (A) Delimitação da área
com margens cirúrgicas livres de lesão; (B)
Representação da remoção da lesão com margens livres.
67
Capítulo 18 Técnicas de Biópsia
A B
C D
68
Capítulo
19 ACONDICIONAMENTO
DO MATERIAL
Armazenamento
Após a retirada do material biológico através
da biópsia, o fragmento deve ser conservado, em
um frasco (Imagem 19.1) com formol tamponado
10%, afim de preservar suas características
histológicas, para que sua análise seja o mais fiel
possível, portanto, os seguintes parâmetros
devem ser respeitados:
02
Ele não deve ser distorcido ou Situações Inadequadas
esmagado
Nome ____________________________.
X Amostra danificada
Idade ________.
Material __________________________.
Local _____________________________.
Data ____/____/______.
X Gargalo estreito
Exemplo de identificação no frasco.
69
Capítulo 19 Requisição Histopatológica
Referências Bibliográficas
CAVALCANTE, Israel Leal et al. GUIA PRÁTICO
PARA O PREENCHIMENTO DA FICHA DE EXAME
HISTOPATOLÓGICO DE LESÕES DE TECIDO
MOLE DA BOCA. 1. ed. Rio de Janeiro: [s. n.], 2022.
v. 1. ISBN 978-65-00-47536-4. Disponível em:
https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/17533/5/9
786500475364.pdf. Acesso em: 6 dez. 2022.
70
Capítulo
20 REQUISIÇÃO
HISTOPATOLÓGICA
Jade Rocha Vasconcellos Ribeiro Matheus Carvalho Teles Filgueiras
Componentes da Ficha de
Requisição Identificação do Paciente: Nome completo,
idade, sexo, etnia e profissão.
Para que o material coletado seja enviado
Características do material coletado:
para a análise histopatológica, o material deve
ser devidamente identificado e todo o material Descrição da lesão [Tabela 5]; presença ou
deve ser enviado em um formulário, seja cedido ausência de sintomatologia e se possível
pela instituição de análise, seja confeccionado hábitos, importantes ao diagnóstico (por
pelo próprio cirurgião-dentista. exemplo tabagismo e etilismo), uso de
O formulário de requisição histopatológica medicamentos.
deve conter os seguintes dados:
Base Séssil (base maior do que a altura) ou pediculado (base menor que a altura)
Tabela 5 - Relação de componentes necessários para descrever uma lesão para uma requisição histopatológica.
71
Capítulo 20 Requisição Histopatológica
Identificação do Paciente
Nome: ___________________________________________________________.
Data de Nascimento: ___/____/_____. Sexo: ( )F ( )M
Etnia: __________________. Profissão: _____________________________.
Telefone: (__) ____________. Endereço: _____________________________.
Data da realização da biópsia: ____/____/______
E-mail para contato: ________________________
1. TIPO
Mancha Placa Pápula Vesícula Bolha
2. COLORAÇÃO
Normal Branca Vermelha Arroxeado Acastanhado
Outra: __________
3. BASE
Séssil Pediculado
4. FORMA
Oval Esférica Lobulada Irregular
5. SUPERFÍCIE
Lisa Irregular Verrucosa Ulcerada
Outra: __________
6. NÚMERO
Única Múltipla
72
Capítulo 20 Requisição Histopatológica
7. CONSISTÊNCIA
Outra: __________
Macia Borrachóide Endurecida
8. TIPO DE BIÓPSIA
INCISIONAL EXCISIONAL
9. TAMANHO
_____cm X _____cm X _____cm.
10. LOCALIZAÇÃO
________________________________________________________.
Sintomas
Ausente
Informações Adicionais
Tempo de evolução da lesão:_______________________________.
Houve modificação da lesão com o passar do tempo?__________.
Faz uso de medicamento? Se sim, qual(is)?____________________
_________________________________________________________.
Foi utilizada alguma medicação para tratar a lesão? Se sim, qual(is)?
__________________________________________________.
Possui alguma doença sistêmica? Se sim, qual(is)?______________
_________________________________________________________.
Hábitos:__________________________________________________.
Características radiográficas:
____________________________________________________________
Hipóteses Diagnósticas
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________
__________________________________________________________.
73
Capítulo 20 Requisição Histopatológica
Referências Bibliográficas
CAVALCANTE, Israel Leal et al. GUIA PRÁTICO
PARA O PREENCHIMENTO DA FICHA DE EXAME
HISTOPATOLÓGICO DE LESÕES DE TECIDO
MOLE DA BOCA. 1. ed. Rio de Janeiro: [s. n.], 2022.
v. 1. ISBN 978-65-00-47536-4. Disponível em:
https://pantheon.ufrj.br/bitstream/11422/17533/5/9
786500475364.pdf. Acesso em: 6 dez. 2022.
74