A Trajetória de Nestor Vera
A Trajetória de Nestor Vera
A Trajetória de Nestor Vera
camponês
Resumo: O presente trabalho consiste em apresentar a participação e contribuição dos comunistas para a
organização do movimento camponês brasileiro. Para isso iremos utilizar a trajetória política do comunista
camponês Nestor Vera (1915-1975), oriundo do campesinato que participou ativamente na construção de Ligas
Camponesas e sindicatos rurais por todo o interior paulista. Compreendendo a participação de Nestor Vera no
movimento camponês poderemos realizar uma contribuição para analisar o desenvolvimento da atuação política
dessa classe social brasileira, desde a fundação das primeiras formas de organização com as Ligas camponesas
até mesmo as entidades de âmbito nacional como ULTAB (União de Lavradores e Trabalhadores agrícolas do
Brasil) e a CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).
Abstract: This article goal is to present the participation and contribution of the Communists for the
organization of the Brazilian Peasant Movement. In order to achieve this goal, we are going to use the political
career of the communist peasant Nestor Vera (1915-1975), coming from the peasantry who actively participated
in the organization of rural unions and Peasant Leagues throughout São Paulo city’s countryside. By
understanding the participation of Nestor Vera in the Peasant Movement, we will be able to analyze the
development of this Brazilian social group’s political action, since the foundation of the earliest forms of
organization, such as the Peasant Leagues and even nationwide entities such as ULTAB (União dos Lavradores e
Trabalhadores Agrícolas do Brasil) and CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura).
1
Graduado em história pela Universidade Federal de São Paulo e mestrando no Programa de Pós-Graduação em
História na mesma instituição. Contato: beckersilva.diego@gmail.com
Por muito tempo, Santo Anastácio tinha sido um importante povoado no Pontal do
Paranapanema. Um ribeirão no lugar ganhou o nome do santo em maio de 1769
quando uma tropa portuguesa morrendo de sede encontrou-o e a vila gradualmente
fincou raízes ali. Em 1925, ela tornou-se a segunda municipalidade incorporada da
região. À medida que a estrada de ferro Sorocabana era construída até o rio Paraná,
Santo Anastácio tornou-se base da construção do trilho, levando espanhóis e
italianos a mudar-se para a região. (WELCH, 2010, p. 210)
Juntando um certo dinheiro com seu trabalho Manoel Vera comprou um pequeno sítio
nos arredores da cidade, o qual retirava o sustento da família contando com o trabalho de sua
companheira Pílar Velásques e dos filhos. Nestor trabalhou como lavrador rural na região, se
destacou pela criatividade e diversidade de suas atividades. Segundo seu sobrinho, Nestor
gostava muito de música, sendo que trabalhou algum tempo como professor desta arte e até na
confecção de instrumentos3.
Temos indícios que Vera entrou para o Partido Comunista do Brasil (PCB), em 1947,
segundo uma carta não acabada feita pelo seu irmão José Vera que contava de forma muito
breve como foi à vida do irmão4. Informação que vem sendo questionada ao ser comparada
com outras fontes, seu prontuário demonstra como já em 1946 praticava ações para o Partido 5,
além de que a Liga Camponesa que participou como presidente data desse mesmo ano,
2
Entrevista concedida ao autor em São Gabriel d’Oeste (MS), em junho de 2013.
3
Entrevista Omene Vera Martins.
4
Documento disponibilizado por seu sobrinho Omene Vera Martins.
5
Informação Nº 11/56 - Prontuário 82320 – Nestor Vera, DEOPS-SP. AESP.
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Aedos, Porto Alegre, v. 7, n. 17, p. 59-82 , Dez. 2015
alguém que não fosse do Partido, com certeza, não iria ter cargo dessa envergadura.
Nestor Vera foi eleito vereador pelo PTN na cidade de Santo Anastácio, em 1947.
Como uma forma de burlar a cassação da legalidade do PCB, maneira pela qual mantinha sua
atuação sem ser prejudicada pelo anti-comunismo. A medida de colocar os comunistas na
ilegalidade foi posta pelo governo do General Eurico Gaspar Dutra para barrar o apoio
massivo que o PCB angariou no pós-1945. (POMAR, 2002)
A Liga Camponesa de Santo Anastácio foi um instrumento de organização política do
PCB formada em um contexto das primeiras eleições democráticas de amplo alcance. A liga
foi fundada em sistema democrático e com mandato de voltado aos interesses de seus sócios,
os camponeses pobres na sua grande maioria, sendo reflexo de sua conjuntura. Segundo
Welch,
6
Relatório do inquérito policial em Santo Anastácio. 19-04-1949. Prontuário 82320 – Nestor Vera, DEOPS-SP.
AESP.
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também foi eleito General Dutra, que provou ser um chefe de governo centralizador,
equivalente a ditadura varguista. Sua preocupação com a popularidade do PCB provocou a
cassação de direitos dos trabalhadores e de ignorar qualquer pretensão de ser uma democracia
participativa. Como aponta Pedro Estevam Pomar em sua obra “A democracia intolerante”.
7
“Milhares de camponeses protestam contra o processo.” Voz Operária, 12 de maio de 1951, p. 10.
8
Relatório do inquérito policial em Santo Anastácio. 19-04-1949. Prontuário 82320 – Nestor Vera, DEOPS-SP.
AESP.
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reclamações judiciais e tentativas de obtenção de cartas sindicais e criação de
associações de caráter civil até greves e manifestações de força (...). A “solução
revolucionária” está explícita na condução de dois importantes conflitos rurais que
envolvem outras categorias econômicas que não os assalariados, “a luta pelo arrendo”
a “guerrilha de Porecatu” no norte do Paraná. (FALEIROS, 1989, p. 50)
O PCB traçou como objetivo a sindicalização dos trabalhadores do campo, mesmo que
a legislação trabalhista não previsse esse direito para a área rural. (WELCH, 2010). Sobre a
questão da sindicalização rural como principal meio de organização camponesa, uma
entrevista com Lyndolpho Silva, chefe do setor do campo do PCB no período, é útil:
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Silva apresenta uma memória que o interesse dos militantes do campo não estavam voltados
para questões trabalhistas, algo que a prática de Vera apresenta outra experiência.
Em 1950, o PCB lançou o Manifesto de Agosto de 1950, denominado de Prestes
Aponta aos Brasileiros o caminho da libertação, reforçando a ideia de enfrentamento direto
contra o governo e o capital, conclamando uma frente de libertação nacional para
desenvolvimento de uma política nacional-democrática, contra o imperialismo e o latifúndio
que mantinham o Brasil no atraso econômico. Para o campo a linha diretiva era “pela entrega
da terra a quem a trabalha” conclamando o fim do latifúndio findando o caráter semi-
colonial e semi-feudal do Brasil.
Nesse sentido o programa do Manifesto de 1950 previa,
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destacado especialmente para intervir no conflito.9 De princípio a movimentação começou
como uma iniciativa local dos atingidos com apoio dos comunistas da cidade, devido à
proporção que o conflito começou a ter o Partido decide intervir mais diretamente destacando
um militante.
A questão do plantio do capim na região de São José do Rio Preto passou a ser
frequente com o desenvolvimento da economia pecuária no Estado de São Paulo, sendo que o
capim seria o alimento para o gado deixando de lado outro tipo de plantação nas terras.
Mesmo o latifúndio sendo uma forma retrograda dentro do capitalismo brasileiro, ele se
adaptou e deu forma compatível para seu desenvolvimento no campo, dessa forma, as
contradições entre os interesses de classes antagônicas gerou enfrentamentos como estamos
apresentando. O interesse dos arrendatários da região era cultivar em suas terras um tipo de
agricultura para subsistência, por outro lado os latifundiários visavam lucros com a pecuária.
Segundo o sociólogo Paulo Cunha,
9
MARTINS, Edgard de Almeida. Clandestino: memórias políticas de Edgard de Almeida Martins.
Organizado por Thaelman de Almeida Martins. Edição não publicada, disponibilizada pelo organização ao autor.
10
VERA, Nestor. “Experiências da fazenda gariroba”. Voz Operária, 15-07-1950, p. 9.
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entre 1950-1964. Porém, tanto na historiografia quanto nas memórias dos comunistas são
deixadas de lado, não constando como momentos de insurreição para a Revolução brasileira.
O cenário político dos anos de 1950 traz de volta Getúlio Vargas, voltado também
para as massas camponesas algo que havia sido deixado de lado nos quinze anos de sua
ditadura, um discurso que colocaria a questão camponesa em pauta. Político sagaz Vargas
vendo a forte organização que estava ocorrendo no campo, havendo uma resistência e um
clamor pela reforma agrária e os direitos trabalhistas começou a ceder direitos aos
trabalhadores do campo.
Nestor Vera participou da direção da ULTAB nas gestões dos anos de 1960 até a
fundação da CONTAG, em 1963. Sua participação estava em apoiar a constituição de
sindicatos rurais pressionando o governo para a realização da reforma agrária e pela
concessão dos direitos trabalhistas que a CLT de 1943 já previa para os trabalhadores urbanos.
Paulo Cunha escreve que as posições tomadas pela entidade possuiam um programa de
atuação baseado nas diretrizes do Partidão, principalmente nas diretrizes que estavam sendo
tomadas no IV Congresso do PCB que ocorreu no mesmo ano de fundação da ULTA.
Nesse momento, o PCB realizou seu IV Congresso Nacional no qual se reafirmou
posições que já estavam em curso, se por um lado em seus documentos eles conclamavam
uma insurreição armada, por outro lado, em sua atuação eram mais reformistas. As diretrizes
do PCB tinham por programa explicar que a Revolução e a luta eram contra o imperialismo,
para isso haviam de eliminar sua base econômica e social fundamentada no latifúndio. Como
é visto nessa passagem: “O Programa do Partido reflete esta realidade e levanta a
necessidade do confisco da terra dos latifundiários e seu entrega gratuita aos camponeses em
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terra ou possuidores de pouca terra e a todos que nelas queiram trabalhar, assim como a
abolição de todas as formas semifeudais de exploração.” (CARONE, 1982, p. 81)
Em relação ao IV Congresso, Nestor Vera teve grande admiração e apoiou as atitudes
do Partido em relação ao campo, “o projeto do Programa do PCB faz caracterização real e
clara da situação de miséria, de empobrecimento e de opressão que se encontram as grandes
massas camponesas em nosso país.”11 Em um artigo publicado no jornal Voz Operária, “No
programa do PCB está a salvação dos camponeses”, Nestor enalteceu o programa de 1954
do PCB como referência importante para a luta do campesinato. Partilha de uma análise sobre
a situação do latifúndio no Brasil, levando em consideração o progresso do capitalismo no
campo que gerou uma maior concentração de terras em mãos da burguesia rural.
Devemos ressaltar que seu artigo foi publicado 9 meses antes do congresso, o que
significa que ser publicado na Voz Operária - órgão central do PCB - possui uma perspectiva
aceita pelo Comitê Central. Ataca o discurso varguista de reforma agrária afirmando que este
por fazer parte da elite que comanda o Brasil tendo apoio dos latifundiários nunca iria atuar
pró campesinato principalmente por sua condição de classe burguesa. Em suas palavras, “o
projeto de Programa do PCB é a bússola das forças do progresso. Com este documento
trilharão pelo caminho certo e mais rápido. Destruirão as cadeias do atraso e liquidarão o
atual regime caduco, fazendo florescer nova vida em nosso país.”12 Sua passagem declara
como era a intenção do Partido em continuar com uma luta de libertação nacional para o
desenvolvimento de uma etapa da revolução democrático-burguesa.
A ULTAB, dentro das diretrizes do IV Congresso do Partido houve um gradual
aumento em referência a questão da reforma agrária. Demonstra-se que para Nestor Vera a
reforma agrária deveria ser a entrega imediata das terras de latifúndios para os trabalhadores
sem-terra ou pequenos camponeses, como é visto em um de seus artigos no jornal Voz
Operária dialogando com outros comunistas que acreditavam que os camponeses possuíam
um movimento atrasado e com isso não poderiam ser aliados no momento revolucionário.
“Lutamos no campo por uma reforma agrária que liquide com o monopólio da terra,
pela confiscação da terra dos latifundiários e sua distribuição aos camponeses sem terra ou
com pouca terra e a todas as pessoas que nela queiram trabalhar, e a entrega de títulos
legais de suas propriedades.” 13 Nestor queria demonstrar a necessidade da aliança entre
11
VERA, Nestor. “No programa do PCB está a salvação dos camponeses.” Voz Operária. 20-03-1954. p. 9.
12
VERA, Nestor. “No programa do PCB está a salvação dos camponeses.”.
13
VERA, Nestor. O Programa do PCB e a reforma agrária. Voz Operária, 25 de maio de 1957, p. 8.
68
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camponeses e operários para a conquista da reforma agrária e o fim do latifúndio que
atravancava, em sua visão, o desenvolvimento econômico brasileiro.
Leonilde de Medeiros faz uma leitura sobre a reforma agrária proposta pelo PC a partir
dos direcionamentos feitos no IV Congresso, e nos Congressos camponeses de 1953 e 1954,
14
VERA, Nestor. O papel dos camponeses na Revolução. Novos Rumos, 3 a 6 de junho de 1960, p. 3.
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naquela localidade, mas também fazer uma análise sobre o momento e traçar caminhos para a
organização. De início procura explicar o desenvolvimento do capitalismo no campo que
causava ainda mais uma centralização das terras em mãos do latifúndio em detrimento aos
trabalhadores rurais, segundo Vera, o avanço capitalista provocou a monocultura e a
prioridade na pecuária, com isso houve por consequência a expulsão dos camponeses de suas
terras.
Devido às divergências ocorridas dentro do PCB, a I Conferência da ULTAB que seria
em 1956 só pode ser realizada em 1959, como analisa Maria Izabel Faleiros, o resultado dessa
conferência foi de ratificar as posições do Partido no Manifesto de Março, assim a leitura
sobre o país centrava
A reforma agrária pela qual lutamos neste Congresso e prosseguiremos lutando nas
regiões onde vivemos e trabalhamos, tem por objetivos essenciais a completa
erradicação do monopólio da propriedade e do uso da terra, exercido pelos
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latifundiários e o acesso mais fácil e imediato possível pelos que verdadeiramente
desejam e necessitam trabalhá-la, tornando-a altamente produtiva e rendosa.
[…] Por isso mesmo julgamos necessário lutar em desfalecimento pela conquista de
todas as medidas parciais, por menores que sejam, no sentido não só de através delas
irmos abrindo caminho para a conquista da reforma agrária completa e radical que
almejamos, como também, para ir melhorando as terríveis condições de vida e de
trabalho a que estão submetidas presentemente as grandes massas trabalhadoras. 15
Após o Congresso de Belo Horizonte, Nestor que fazia parte da Direção Executiva do
PCB em São Paulo, trabalhou junto a ULTAB na consolidação de sindicatos rurais por todo o
estado paulista, além de participar de eventos em Minas Gerais como consta um relatório que
o DEOPS produziu ao manter a vigilância sobre suas atividades.16 O Terra Livre apresenta
matérias da fundação de associações rurais e sindicatos que tiveram a presença de Nestor no
mínimo na cerimônia de abertura em Garça, Pontal e Palmital. Muitos destas formações
tiveram a meta de estabelecer a representatividade de um delegado comunista no congresso.
Na primeira metade dos anos 1960, o Brasil passou por uma crise econômica e política
grave, mesmo que Goulart estivesse contando com o apoio de parcela da sociedade ainda
havia os oposicionistas e o governo estadunidense tramando um golpe para derrubá-lo. Com
suas reformas de base para modernização do país Goulart respondia aos camponeses os seus
anseios de fazer a reforma agrária, além da reforma tributária e política, havia todo um pacote
de reformas para que o país desenvolvesse uma autonomia econômica e progressista. No 1º de
maio de 1962, o presidente Goulart pela primeira vez conclama uma reforma agrária, “pela
primeira vez, Goulart comprometia seu governo publicamente com a implementação de uma
reforma agrária radical, inclusive a revisão da Constituição, para eliminar o requerimento
de pagamento em dinheiro pela terra desapropriada.” (WELCH, 2010, p. 332)
O ano de 1963 é marco da disputa pelo avanço das reformas de base, tendo o PCB e a
ala nacionalista revolucionária17 encampando apoio ao governo para que avançasse em suas
propostas. Porém, do outro lado da mesa os golpistas já preparavam a destituição de Goulart e
um não apoio no Congresso Nacional as suas medidas, além de fatores externos, como o
governo de Kennedy investindo forte orçamento via ISEB e IBAD contra Jango.
(BANDEIRA, 1983)
Enquanto isso, o governo aprovou o Estatuto do Trabalhador Rural (ETR) que lhe
15
Discurso de Nestor Vera retirado de “Nestor Vera: “Mobilizar, esclarecer e organizar as massas
camponesas”. Terra Livre, ano XII nº 105 novembro de 1961.
16
Documento: “Informações prestadas pelo agente nº 1896, de 20/11/1963”. Fundo DEOPS, Pasta 099.
Arquivo Público Mineiro.
17
Assim eram chamados os grupos de nacionalistas ligados ao ideário de esquerda, a exemplo Leonel Brizola e o
governador do Ceará Miguel Arraes.
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concede o direito a sindicalização rural, contra a exploração abusiva, salário mínimo, fixação
na terra e descanso semanal, etc.
O ETR foi um ganho para os trabalhadores rurais, no entanto, ainda não garantia a
posse da terra e nem a sua fixação na mesma, além de ser dúbia em alguns aspectos,
principalmente com relação ao tipo do trabalhador rural existente. Caio Prado Jr., historiador
e comunista, escreveu em artigo na Revista Brasiliense que o ETR era de suma importância,
“se efetivamente aplicada com o devido rigor, promoverá por certo uma das maiores
transformações econômicas e sociais já presenciadas neste país.” (PRADO, 1963, p. 143)
Porém, o próprio Caio Prado retrata que o ETR é de cunho mais universal, relegando as
especificidades locais o que levaria os fazendeiros a burlar a lei em seu proveito contra o
direito dos trabalhadores.
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ULTAB, o PCB consegue ganhar a direção da CONTAG tendo postos estratégicos,
Lyndolpho Silva como presidente e Nestor Vera 1º tesoureiro.
“A maioria dos camponeses representados, então, fizeram parte do campesinato que o
partido buscou mobilizar para enfrentar o latifúndio. Para Silva, a Contag nasceu gigantesca,
representando ‘cerca de oitocentos sindicatos e aproximadamente 1 milhão de associados’.”
(WELCH, 2010, p. 389) Com grande porte a CONTAG passa ser um instrumento de apoio ao
governo Goulart que passou em 1964 avançar com seu discurso das reformas de base, levando
a cabo a proposta de reforma agrária radical, no famigerado Comício da Central do Brasil, em
13 de março de 1964, Jango radicaliza seu discurso clamando por reforma agrária, legalização
do Partido Comunista e o voto dos analfabetos.
Ao seu lado estavam Lyndolpho Silva, presidente da CONTAG, e Luís Tenório de
Lima, também líder camponês do PCB, o presidente do Brasil clamava por “Reforma agrária,
como consagrado na Constituição, com o pagamento prévio e a dinheiro, é negócio agrário,
que interessa apenas ao latifundiário, radicalmente oposto aos interesses do povo brasileiro.
(...) Sem reforma constitucional, trabalhadores, não há reforma agrária autêntica.”
(WELCH, 2010, p. 401)
No mesmo mês Nestor Vera, em Governador Valadares (MG), representando a
CONTAG esteve inserido em um conflito onde os camponeses reivindicavam terras da
Fazenda do Ministério. Em seu discurso aos trabalhadores rurais, Nestor reivindicava a
reforma agrária radical, assim como estava exposto no congresso de fundação da entidade.
Eles querem terra imediatamente. Tem que ser já, porque a maioria deles está
desempregada e a época do plantio já esta chegando ao fim. Por isso os
companheiros de Governador Valadares já não podem esperar nem se conformar
com palavras bonitas do governo nem dos políticos influentes. Se o governo
demorar na entrega das terras da Fazenda do Ministério, eles terrão mesmo que
ocupar, de qualquer maneira. Já numa assembléia que realizamos na sede do
Sindicato, com mais de 200 camponeses dirigentes, ficou decidido que entrariam
nos últimos entendimentos com a SUPRA, a fim de resolverem a situação, não
sendo muito o tempo que podem esperar. 18
O presidente João Goulart contava com o apoio dos trabalhadores para as reformas de
base, uma rede conspiratória tomava o país. Militares, empresários, latifundiários, deputados
da oposição e o governo dos Estados Unidos concretizavam uma parceria para findar os anos
democráticos no Brasil, um duro golpe é dado no presidente Jango, que para camponeses e
trabalhadores urbanos foi mais forte por interromper seus avanços políticos na construção da
18
CONTAG e movimento operário exigem: Entrega imediata de terra aos camponeses. Terra Livre. Mar. 1964,
Ano XIV – nº 132, p. 2.
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democracia brasileira. Os anos de chumbo, de intensificação da opressão e da perseguição
surgem no 1º de abril de 1964 pelas mãos de civis e militares na derrubada de João Goulart.
Com a armada estadunidense se posicionando no litoral brasileiro em direção a Santos
com todo um aparato militar de contenção de massas, o general Olimpio Mourão do III
Exército saiu com suas tropas de Juiz de Fora (MG) em direção ao Rio de Janeiro, não houve
reação por parte de João Goulart, nem das Ligas, nem dos trabalhadores organizados na CGT,
os estudantes da UNE, os camponeses da CONTAG ou mesmo PCB, sem muita resistência os
golpistas tomam o país.
Não se tratava apenas de um movimento estritamente militar, mas sim de uma ampla
coalizão civil-militar com apoio de forças estrangeiras, conforme confidenciou ao
político Waldir Pires, no exílio, de acordo com o que apuramos no livro de Dênis de
Moraes. Nesse momento, ele não tinha alternativas. Segundo sua avaliação, a
resistência jogaria o país em uma guerra civil de consequências imprevisíveis.
Leonel Brizola, caindo na clandestinidade, ainda teve esperanças de organizar a
resistência. (FERREIRA, 2006, p. 121)
19
Cópia de Mandado de Intimação. Pasta 065. Fundo DEOPS – Arquivo Público Mineiro
20
Dossiê sobre Nestor Vera, 2ª Auditória da 2ª Região militar – consta no Projeto Brasil Nunca Mais.
75
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agitador social. Nesse mesmo ano o PCB consegue fazer sua primeira reunião do Comitê
Central depois do golpe para tirar as diretrizes de atuação.
Moisés Vinhas, então membro do CC do PCB, explica como foi à leitura programática
do Partido perante a ditadura,
O que não agradou uma parte dos comunistas, principalmente aqueles ligados a Carlos
Marighella que inspirados na Revolução Cubana procuraram uma resistência armada.
Marighella teve forte influência em parte dos comunistas do PCB, formou-se assim a ala
Marighella na qual o Partido passou a barrar seu avanço como força política.
Marighella é afastado da Comissão Executiva do PCB, mas com auxílio de outros
comunistas consegue manter-se na Direção Estadual de São Paulo. Interessante a informação
de Moisés Vinhas quanto à reunião que leva Marighella para o Comitê Estadual, contando
com o apoio de Joaquim Câmara Ferreira, Nestor Vera e Lyndolpho Silva, Antonio Chamorro.
Isso, pois, Nestor mantinha um direcionamento de enfrentamento direto contra o Estado, algo
que o PCB não tinha por diretriz e que o próprio Nestor Vera não iria aplicar como veremos
mais a frente.
O PCB, inspirado na via pacífica da URSS para chegada ao socialismo, preferiu então
derrubar os militares com resistência por dentro, tanto que começaria a infiltrar militantes no
grupo de oposição consentida o Movimento Democrático Brasileiro (MDB), formado em
1966, quando instalou-se o bipartidarismo no país. (MOTTA, 2007)
O duro golpe de 1964, como descreve Cliff Welch, decepou a árvore da organização
camponesa que já estava dando frutos, “todos os funcionários da Contag foram julgados
subversivos, e 23 das 33 federações estaduais foram julgadas ‘fantasmas’ e apagadas do
registro do Ministério do Trabalho.” (WELCH, 2010, p. 412) Em pouco tempo houve a total
desmantelamento do movimento camponês que ressurgiria com total força apenas nos anos de
1980. A vitoriosa experiência em Trombas e Formoso foi destruída sob as invasões dos
militares que levou a tortura e morte de antigos militantes da região, como é o caso do líder
José Porfírio de Souza (Zé Porfírio) que foi morte e desaparecido, consta que foram
torturados: Geraldo Tibúrcio, Nélson Pereira, José Ribeiro entre outros. (CARNEIRO;
76
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CICOCCARI, 2011, p. 236-250)
Em 1967, com o pseudônimo de Jacinto Xavier, Nestor participou como membro da
delegação brasileira na V Conferência Mundial dos Sindicatos dos Trabalhadores da
Agricultura, das Florestas e das Plantações, na Alemanha Oriental. O encontro foi organizado
e financiado pela URSS. Em seu discurso Nestor explicou o desenvolvimento do movimento
camponês no pós-guerra, desde a formação das ligas camponesas até a CONTAG, para ele foi
fundamental a participação do PCB nas conquistas nesse campo.
Há 20 anos que estamos lutando para criar as organizações no campo, à base das
reivindicações mais sentidas dos homens que trabalhavam na agricultura e pela
reforma agrária verdadeira, que entregue a terra a quem nela trabalha. Tem sido este
um trabalho dificil, porque no campo, no Brasil, nunca existiu liberdade. Os
latifundiários e a polícia sempre perseguiam ferozmente qualquer movimento das
massas camponesas, por menor que tenha sido. […] O resultado dessa
importante vitória, a criação de uma central única dos trabalhadores do campo, foi
fruto de um justo trabalho de unidade pela base com todos os trabalhadores e
camponeses, sem descriminação de espécie alguma.” (Fundo Nestor Vera, ASMOB
03.79, Cedem/Unesp)
O MDB se ajustava bem à estratégia estabelecida pelo PCB para enfrentar o regime
militar. Na sua avaliação, era necessário construir uma frente democrática para
tornar possível a derrota da ditadura, envolvendo todos os setores da oposição.
Assim, o MDB foi encarado como o espaço privilegiado para o estabelecimento da
almejada frente democrática. O PCB manteve sua estrutura clandestina em
funcionamento, mas orientou a maior parte de seus militantes para a atividade legal
dentro do MDB, partido a que deveriam filiar-se e ajudar a construir. (MOTTA,
2007, p. 291)
Nos debates Nestor Vera apresenta sua concepção de movimento camponês e sua
relação com o movimento operário para uma futura revolução. Na visão de Nestor sua
77
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proposta era a aliança proletário-camponesa, em discussão dentro do Comitê Central do PCB
para o referido Congresso do Partido, o camponês comunista mantêm-se firme em seu
posicionamento de anos atrás. O texto são sugestões realizadas por Nestor para o congresso,
sua ação esteve no sentido de aprimorar pontos – que em sua visão eram falhos – em relação
ao campo, problemas sobre leituras da composição social das classes sociais no campo e
novamente o descrédito a participação política dos camponeses.
Há de se destacar uma passagem que é sobre os arrendatários lutarem pela reforma
agrária, segundo consta no anteprojeto do VI Congresso os arrendatários não se levantariam
contra o latifúndio por conta de sua dependência ao latifundiário, algo totalmente incoerente
na leitura de Nestor Vera “isto não é correto, porque não são somente os arrendatários que
estão submetidos diretamente com os latifundiários, e sim todos os camponeses, desde os
assalariados agrícolas até os pequenos e médios.” 21 Sobre a reforma agrária, a aliança
operário-camponesa e a direção do proletariado, Nestor continua em sua analisa que “a luta
pela reforma agrária não depende da ‘dependência direta dos latifundiários’ e sim, do grau
do movimento revolucionário e da direção do proletariado urbano e do comando do Partido
Comunista. Os camponeses sozinhos jamais farão a reforma agrária.” O interessante da
citação é entender a contradição e o envolvimento de Nestor ao Partido, mesmo considerando
a centralidade da questão camponesa mantêm a direção no operário. Nestor não rompe com a
política do PCB em deixar o mundo rural como força autônoma, como ocorreu com outros
militantes na mesma época como Marighella que saiu do Partido para formar a guerrilha ALN
(Aliança Libertadora Nacional) a ideia era fazer a luta na cidade para dar base para a
revolução a partir do campo. (SALES, 2007, pp. 64-74)
Mesmo com todos os rachas, e fazendo uma leitura revolucionária do processo, Nestor
Vera se mantêm no Partido e realiza a resistência na frente democrática, sendo destacado para
atuar no Estado de Minas Gerais. Passou a estar diretamente ligado a juventude angariando
votos para o MDB, segundo José Francisco Néres, Nestor estava muito empenhado para
conseguir uma ampla votação no Estado para um candidato a deputado estadual, porém
infelizmente não tivemos acesso ao nome do candidato.22
No processo crime de Néres e outros estudantes no qual Nestor organizava entre 1972
e 1975, demonstra como incentivou eles a “uma ação mais efetiva, tal como pixamentos,
21
Algumas opiniões ao documento “Estrutura de classe da sociedade brasileira”. Fundo Nestor Vera, acervo
ASMOB, CEDEM/UNESP.
22
Processo CENIMAR - 18.097. Pasta 097. Fundo DEOPS – Arquivo Público Mineiro
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panfletagem etc.” 23 Nessa passagem encontramos uma perspectiva de alcançar uma maior
divulgação da oposição para chegar até as massas, pois pixações e panfletagem podem ter um
grande alcance na região que é realizada.
As eleições de 1974 proporcioram uma significativa vitória para o MDB, pois foram
eleitos 16 senadores em oposição aos 6 da ARENA (partido da ditadura), 160 deputados
mdbistas contra os 204 do outro partido. (FICO, 2004, p. 216) Esse avanço gerou um total
descontentamento da ditadura que já alinhava sua “abertura lenta, gradual e segura” proposta
pelo general Geisel, as informações era que o MDB havia em suas fileiras vários militantes do
PC, nesse momento há uma mudança da atuação repressora que depois exterminar os grupos
de resistência armada passou a ser totalmente focada em destruir de vez os comunistas.
A abertura deveria ser para todos, exceto para os que não afinassem ideologicamente
com a ideologia liberal conservadora a embasar o projeto de abertura proposto
(imposto) pelo regime. A exceção atingia em cheio os comunistas, sobretudo o PCB,
além de inimigos imperdoáveis de outrora, entre os quais se destacava Brizola.
(BANDERA, 2003, p. 66)
Bandera descreve que no processo de abertura política o PCB não poderia sobreviver,
os principais quadros de oposição ideológica deveriam ser eliminados do cenário político.
Dessa maneira, a “caça as bruxas” ao PCB intensificou-se entre 1974 e 1975, a Operação
Radar é direcionada a eliminar fisicamente os militantes do Partidão. Praticamente quase todo
o Comitê Central que estava em solo nacional foi assassinado de forma brutal, Nestor Vera
que era um quadro do Partido e membro do CC estava na lista para desaparecer.
Foi com a operação Radar iniciada em 1975 que parte do Comitê Central foi presa.
E o caso do Hiram de Lima Pereira, interrogado em Itapévi, e de Luiz Inácio
Maranhão Filho, preso em São Paulo morreu com a injeção para matar cavalo. João
Massena Melo é outro. Também está no rio e morreu com a injeção para matar
cavalo. Orlando Bonfim Júnior, da cúpula do PCB, está no rio de Avaré. Outro que
está no rio é Elson Costa, assassinado em 1975. Ele era encarregado da seção de
agitação e propaganda do partido. (VIEIRA, 1995, p. 42)
23
Processo crime pela Auditória da 4ª Circunscrição Judiciária militar, processo nº 18/76. – Projeto Brasil Nunca
mais.
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de Minas Gerais, Nestor foi levado para a seção da polícia civil do departamento de Furtos e
Roubos, nos cárceres da repressão passou pelas piores torturas físicas, ressaltamos que o
camponês comunista contava com 60 anos de idade quando passou pelas barbaridades do
Estado brasileiro.
O ex-delegado de polícia o Sr. Cláudio Guerra, em suas memórias publicadas pelo
nome de “Memórias de uma guerra suja”, de 2012, assume a autoria de mais de 100
assassinatos em nome da ditadura civil-militar brasileira, dentre os quais consta o líder
camponês Nestor Vera. No relato de Guerra, descreveu que encontrou Nestor em um estado
deplorável de saúde com fraturas expostas e quase inconsciente, seu trabalho era por fim de
vez na vida do comunista, de uma maneira sádica e cruel explica que deu um “tiro de
misericórdia” para “ajudar” Nestor que agonizava. (GUERRA, 2012, p. 305) Seu corpo
enterrado em um latifúndio de um apoiador do regime de lesa humanidade brasileiro,
depositado em pedaço de terra que lutou a vida toda para ser dividido, terra que sonhou ser o
local que germinaria a semente da construção de uma nova sociedade.
Nestor Vera é um entre 1.196 camponeses mortos pela ditadura civil-militar24, alguém
que dedicou a vida pelo socialismo, dedicou seus sonhos a reforma agrária radical e o
reconhecimento político-social do campesinato brasileiro. Atualmente seguem as mesmas
lutas iniciadas por Nestor, a semente que plantou está perpetuada na terra. O ideal de
transformação social radical permanece nos embates cotidianos de milhares de camponeses
brasileiros e latinoamericanos.
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