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Lady Prunella Adolphus, Duquesa de Bedwin – membro fundador
das Senhoritas Peculiares e, secretamente, Miss Terry, autora de “A
História Sombria de um Duque Maldito”.
Sra. Alice Hunt (nascida Dowding) – não mais tão tímida como
antes; casada recentemente com o notório Nathanial Hunt, proprietário do
exclusivo clube de apostas Hunters, e irmão de Matilda.
Lady Aashini Cavendish (Lucia de Feria) – uma beldade estrangeira;
recentemente, e escandalosamente, casada e feliz com Silas Anson,
visconde Cavendish.
Sra. Kitty Baxter (nascida Connolly) – quieta e vigilante, até que
não esteja. Recentemente fugiu com seu amor de infância, Sr. Luke Baxter.
Lady Harriet St. Clair (nascida Stanhope) -Condessa St. Clair –
séria, estudiosa, inteligente, puritana e usa óculos. Finalmente casada com o
Conde St. Clair.
Bonnie Cardogan – (nascida Campbell) ainda muito franca e sempre
em apuros ao lado de seu marido, Jerome Cadogan.
Ruth Anderson – (nascida Stone) herdeira, filha de um rico
comerciante, vivendo pacificamente na Escócia, depois de ter domado um
selvagem Highlander.
Minerva Butler – prima de Prue; não é tão inútil e vazia quanto
parece; sonha com o amor.
Jemima Fernside – bonita e sem um tostão.
Lady Helena Adolphus – vivaz, controladora, surpreendente.
Matilda Hunt – loira, linda, e arruinada por um escândalo, do qual não
teve culpa.
1
Prometi a mim mesma que não escreveria novamente,
mas parece que não tenho autocontrole, no que diz respeito
ao senhor. Por que não respondeu à minha última carta? O
senhor tem alguma ideia de como é enfadonho ficar
esperando por uma resposta que nunca vem?
Estive em bailes, jantares e festas, fiz intermináveis
visitas sociais e estou entediada. Usei o mais glorioso vestido
amarelo na outra noite e todos me disseram que eu estava
muito bonita, não me importei nem um pouco, porque o
senhor não estava lá. Seus elogios não significaram nada
para mim. Prefiro ouvi-lo repreender minha maldade por
beijá-lo, do que suportar outro poema dedicado aos meus
olhos. O senhor não irá, ao menos, responder e me dizer que
aborrecimento miserável sou?
— Trecho de uma carta da Srta. Minerva Butler ao Sr.
Inigo de Beauvoir.
Inigo permitiu que sua mente vagasse, uma coisa bastante fácil,
enquanto o duque tentava envolver seu cérebro na explicação que acabara
de receber, sobre os experimentos de Humphry Davy com compostos
fluorados. O Sr. Stanhope, irmão de Harriet, estava radiante para a Srta.
Butler, com o entusiasmo de um estudante, ou possivelmente um filhote.
Charmoso e exuberante, o jovem estava cheio de bonomia e, obviamente,
gostava dela. Inigo sentiu uma pontada repentina e indesejável de algo
desagradável, que ele se recusava a dignificar por nome. O garoto o irritava,
isso era tudo, uma pessoa frívola, com nada entre as orelhas, a não ser
penugem. Como se a Srta. Butler fosse gostar de uma criatura como ele. No
entanto, ela estava rindo alegremente, seus belos olhos brilhavam e suas
bochechas estavam coradas, e ele não podia arrastar seu olhar relutante para
longe dela. Lembrou-se dos momentos a sós, com ela, na sala de estar, mais
especificamente do momento em que pressionou a boca na dela. Quando ele
se afastou, a pele dela ficou corada, sua boca rosada e macia, e seus olhos,
aqueles olhos impossivelmente azuis ficaram mais escuros.
Azul da prússia. Tão perigoso quanto aquela cor tentadora que ele
suspeitava. Havia cianeto no azul prussiano, assim como havia algo
destrutivo na tentação que ela lhe oferecia. Embora ele se assegurasse de
que era ela, sozinha, quem corria o risco, havia uma voz mais sombria que
sussurrava que era uma mentira, e uma que ele faria bem em não ignorar.
A sensação dos olhos de alguém sobre ele o fez desviar o olhar dela e
descobriu Lady Helena observando-o, sua expressão impassível. Ela sabia?
Ele se perguntou. Se ela o sabia e não estava fazendo nada ao seu alcance,
para impedir que sua amiga não andasse em caminhos perigosos que estava
contemplando, não estava prestando nenhuma gentileza à Srta. Butler.
Após o jantar, e para surpresa de Inigo, os homens não ficaram sozinhos
para tomar vinho do Porto, mas se juntaram às damas na sala de estar, onde
ele continuou sua conversa com o duque e se esforçou por ignorar a Srta.
Butler.
— Robert.
Todos se viraram, quando a Duquesa de Bedwin chamou seu marido.
Ela parecia pálida e bastante indisposta.
— Prue, querida, o que foi?
— Estou um pouco cansada, é só isso. — ela assegurou a todos com um
sorriso, que parecia bastante forçado — Acredito que vou me retirar para o
meu quarto, mas por favor, continuem na minha ausência.
Em meio a vários desejos de boa noite, a duquesa deixou a sala, e Inigo
e Henry se levantaram, enquanto o duque insistia em escoltar sua esposa até
o quarto. Lady Helena, imediatamente, assumiu o papel de anfitriã e contou
com a ajuda de Henry, na seleção de algumas partituras para tocar no piano,
deixando Inigo sozinho com a Srta. Butler.
— Digamos meio-dia? — deu-lhe um olhar inquietante, continuando a
mesma conversa enlouquecedora, como se não tivesse havido intervalo. —
Vou levar o almoço. Pelo menos assim saberei que o senhor comeu alguma
coisa.
Inigo olhou para ela, perplexo. Por que ela se importava? Por que ele?
Com sua beleza surpreendente e sua conexão com o duque, sem mencionar
o belo dote que o homem lhe dera, ela poderia ter quem quisesse. Por que
ela não estava procurando um título, ou um marido rico? O vestido que ela
usou esta noite, provavelmente, custava o mesmo tanto que ele conseguia
ganhar em um mês, certamente ainda mais do que isso, já que não tinha
ideia sobre a moda feminina. Ele sabia apenas que ela estava gloriosa, que a
cor que usou apenas destacava seus lindos olhos e seu olhar continuava
voltando para o pingente azul safira, que estava aninhado entre seus seios.
Um desejo subiu por seu sangue, quando imaginou pressionar a boca
naquela pele de cetim, arrastando a língua ao longo daquele vale tentador.
Cristo.
— Que jogo está jogando, Srta. Butler? — ele exigiu, enervado ao ouvir
a qualidade rouca de sua voz.
— Não é nenhum jogo, é…
— Um experimento. — completou com um bufo — Sim, eu sei. Mas
por quê? Por que eu?
Ela lançou um olhar estranho para ele, a cabeça inclinada para um lado,
intrigada.
— Por que não o senhor?
— Eu nasci nas favelas de St Giles.
Ele disse isso da mesma forma que poderia dizer que colocava açúcar
em seu chá, sem inflexão, sem emoção, e esperou que ela recuasse
horrorizada, que seu lábio se enrolasse de desgosto, quando percebesse o
que isso significava. Ele tinha nascido numa pobreza miserável. Ela
empalideceu e seus olhos se arregalaram, mas ele não contou com a
estranha criatura que ela era. Ao contrário da maioria das damas da sua
estirpe, não desmaiou ou se afastou dele. A Srta. Butler se aproximou.
Ela se levantou e sentou-se ao lado dele e colocou a mão sobre sua
manga, um gesto tão instintivo de conforto, que ele congelou, sem saber o
que fazer.
— O senhor, certamente, não acha que isso pode fazer algo, além de
aumentar minha admiração por tudo o que o senhor conquistou? — ela
perguntou, mantendo sua voz suave.
Ele murmurou um xingamento e desviou o olhar dela. Pensando que,
talvez, ela não tivesse entendido o que ele queria dizer, pensou que seria
melhor pressionar o ponto sobre sua casa.
— Meus pais morreram quando eu tinha dois anos e fui criado no
hospital dos enjeitados. Não sou um cavalheiro, Srta. Butler. Seria bom a
senhorita se lembrar disso. Então vou perguntar de novo, por que eu?
Ela deu uma risadinha e balançou a cabeça — Oh, conheci muitos
cavalheiros, que são muito menos merecedores do título, lhe asseguro, Sr.
de Beauvoir.
Ele franziu a testa, perturbado pela onda de raiva que suas palavras
provocaram, que qualquer homem possa tê-la tratado com desrespeito.
Continuou, talvez interpretando mal a carranca dele — Quando se está à
margem da sociedade, se segurando pelas pontas dos dedos, alguns
cavalheiros parecem acreditar que o desespero substitui o orgulho ou o bom
senso. Felizmente, nunca estive, suficientemente, desesperada para provar
que estavam corretos.
— Diga um nome? — ele exigiu, seu coração batendo forte, com o
desejo de buscar retribuição de qualquer um que a desonrasse, com
sugestões tão indecentes.
Ela sorriu para ele, e o efeito foi tão avassalador para os sentidos dele,
que foi como ser atingido na cabeça. Havia uma estranha sensação de
agitação em seu peito, e ele se sentiu atordoado e estúpido. Viu tanto calor e
admiração em seus olhos, gratidão também e isso o fez inexplicavelmente
feliz.
— Pronto, eu estava certa. O senhor é mais cavalheiro do que imaginou,
Sr. de Beauvoir. Mas, para responder à sua pergunta, não entendo por quê o
senhor. Eu só sei que, a partir do momento em que nos encontramos na
livraria, tinha que vê-lo novamente, e, cada vez que nos encontramos,
minha certeza sobre o senhor apenas cresce.
— A senhorita poderia se casar com qualquer um. — disse, ainda sob o
feitiço daquele sorriso, incapaz de desviar os olhos daquele azul impossível.
Ela riu, enviando uma emoção de prazer através do seu corpo, que o fez
querer ouvir novamente, para dizer outra coisa que a fizesse rir.
— O senhor fala como minha mãe. — disse, seu tom triste — Mas temo
que ambos estejam errados e, além disso, os dois se recusam a reconhecer a
verdade. Eu não quero um duque ou um conde, ou mesmo um humilde
barão. — Eu quero o senhor.
Ela sussurrou essas últimas palavras, mas elas pareciam tocar em seus
ouvidos tão alto, que ele se sentiu tonto. O desejo que ele tentou reprimir
momentos antes voltou com força, e ele se viu segurando a sanidade por
uma linha mais tênue. Seria tão fácil puxá-la para seus braços e beijá-la,
colocar suas mãos nela, sua boca em sua pele. Seu olhar viajou para o outro
lado da sala, para onde Lady Helena estava brincando com o Sr. Stanhope,
sobre a escolha da música. Inigo respirou fundo, embora um pouco
irregular.
— Amanhã. — disse ele, sabendo que estava sendo um tolo, que estava
convidando problemas para sua vida e, provavelmente, condenando essa
menina tola a um destino que ela não entendia.
— Amanhã. — ela concordou, parecendo tão sem fôlego quanto ele.
Que Deus os ajude.
4
Querida Bonnie,
Espero que tenha passado um lindo Natal e envio-lhe
bons votos para o ano novo. Gordy também manda
lembranças e espera que você não esteja causando muita
angústia ao seu pobre marido - palavras dele, não minhas.
O Natal em Wildsyde foi adorável. Embora me sinta
bastante culpada por admitir, já que é a primeira vez que
passo longe dos meus pais, esse foi, sem dúvida, o mais feliz
que passei. Tivemos uma excelente refeição, graças à Sra.
MacLeod, que fez um trabalho maravilhoso, e tivemos
música, dança e muita risada. Espero que você e o Sr.
Cadogan venham nos visitar em breve. Gordy prometeu se
comportar.
— Trecho de uma carta da Sra. Ruth Anderson para a
Sra. Bonnie Cadogan.
Querida Alice,
Espero que não esteja pensando em presentear seu
marido com seis bebês! A gata pode parecer presunçosa, mas
não recomendo copiá-la. Um embrulhinho roseado de
qualquer sexo será bastante perfeito.
Eu vou continuar a atualizá-la sobre todos os últimos
fuxicos, mas eu gostaria de clarear uma coisa. Em nenhum
momento concordei em aceitar um desafio e não o farei. Foi
minha alegria e privilégio ver todas as Senhoritas Peculiares
passarem por esse rito, apropriadamente peculiar, mas estou
perigosamente perto de um escândalo, para arriscar mais
alguma coisa. Como autonominada mãe coruja l, cuido e
continuarei a cuidar de todas vocês, e a ter prazer vicário em
todas as suas aventuras. Espero que me perdoe por
desapontá-la.
— Trecho de uma carta da Srta. Matilda Hunt para a
Sra. Alice Hunt.
Inigo olhou para a bandeja de anéis brilhantes e caros diante dele e fez
uma careta. Não tinha ideia do que escolher. Queria comprar algo com
diamantes e safiras, algo que brilhasse como os olhos de Minerva, mas se
tivesse alguma chance de sustentar uma esposa, não poderia gastar quase
tudo o que tinha em um único anel.
— Eu só quero uma aliança. — disse, olhando para o homem atrás do
balcão, que, claramente, não estava interessado nele agora, pois outro
cliente havia entrado na loja.
O novo cliente era um dândi, adornado dos pés à cabeça, e, obviamente,
muito mais rico do que Inigo.
— Uma aliança de casamento. — disse o joalheiro impaciente,
acenando enquanto observava o recém-chegado tirar um saquinho de joias e
abri-lo com um suspiro aguçado.
Uma nova bandeja de anéis apareceu, ouro puro ou prata desta vez.
— Aquela. — disse Inigo com pressa, o pânico subindo pela nuca.
— Uma excelente escolha, senhor. — disse o joalheiro com um sorriso
insincero, que fez Inigo querer levantar a bandeja e jogá-la nele.
Por que estava fazendo isso? O que aconteceu com a vida dele? Não
queria se casar. Não queria uma esposa e uma família e, de repente, estava
pensando em Minerva carregando seu filho, e suas mãos tremeram. O suor
formigou em sua espinha quando muitas emoções conflitantes surgiram em
seu peito. Desejo, terror e culpa. Não importa o que ele quisesse, tinha que
proteger Minerva. Graças a sua total falta de juízo, ontem, ela poderia já
estar esperando um filho seu. Deviam se casar, não importando o que ele
queria. Que não pudesse suportar a ideia de passar um dia inteiro sem vê-la
era irrelevante. Sua obsessão não era razão para o casamento; mantê-la
segura era a única razão que importava.
O joalheiro voltou com o anel em uma pequena caixa de veludo azul e
Inigo entregou o dinheiro. Pegou o anel e o enfiou no bolso, antes de sair
correndo pela porta. Uma vez fora, respirou fundo, desejando que o ar frio
acalmasse seus nervos.
— Inigo?
Ele se virou, amaldiçoando quem quer que fosse, antes de ver Solo
saudá-lo do outro lado da rua. Sabendo que não escaparia agora, Inigo
atravessou a rua, evitando, meticulosamente, os respingos de sujeira que a
chuva de ontem havia deixado, e as poças sujas, acenando em saudação a
Solo.
— Eu não posso acreditar. — disse Solo, com um sorriso torto nos
lábios, enquanto olhava para a joalheria, do outro lado da rua — Vejo que
seguiu meu conselho.
Inigo soltou um suspiro — Não tive muita escolha.
Solo franziu a testa com isso, acenando em direção a um restaurante,
algumas portas abaixo — Estou faminto. — disse — Venha comer comigo,
assim pode me contar tudo.
Ele hesitou, considerando quanto tempo levaria para chegar em casa.
Eram apenas dez e meia, mas precisava voltar a tempo, caso Minerva
aparecesse mais cedo do que havia sugerido.
— Tomou café da manhã? — Solo exigiu com um suspiro.
Inigo revirou os olhos — O que é essa necessidade esmagadora que
todo mundo tem de me fazer comer? Você não é minha maldita mãe.
— É por isso, seu tolo. — retrucou Solo — Nunca teve ninguém para
cuidar de você, e também não é capaz de fazer isso sozinho.
— Eu tenho trinta anos de idade! — Inigo protestou — Eu consegui até
agora.
Solo deu-lhe um longo olhar, considerando que Inigo não duvidava ter
uma gravata e um casaco amassados. Para sua mortificação, seu estômago
decidiu que seria um bom momento para se juntar e dar um grunhido alto.
Solo ergueu uma sobrancelha.
— Tudo bem. — murmurou Inigo, zangado.
Estava zangado porque Minerva não estava ao seu lado, porque sentia
tanto sua falta, porque não pôde visitá-lo naquela manhã, zangado com sua
família, por mantê-la longe dele e ainda mais zangado, por suas amigas
permitirem que fosse atrás dele, em primeiro lugar. Todo mundo estava
causando-lhe irritação, e ansiava pelo tempo em que esteve sozinho, com
apenas seus experimentos para fazer-lhe companhia. A vida era muito
simples. Vazia e solitária, talvez, mas bem mais simples.
Encontraram uma mesa em um canto, relativamente, tranquilo da casa
de costeletas, movimentada, pedindo costeletas de cordeiro, batatas, pudim
de ervilhas e dois copos de cerveja preta. O pedido foi entregue com uma
velocidade notável e comeram em silêncio por um tempo, pelo qual Inigo
ficou grato. Sabia que não duraria.
— Então, comprou um anel?
Inigo esfaqueou uma batata e fez uma careta para ela — Sim.
— Quando você vai lhe propor?
Ele encolheu os ombros — Hoje, amanhã, o que isso importa?
Solo revirou os olhos — Tem alguma ideia do que vai dizer?
Inigo mastigou a batata, olhando fixamente para Solo e desejando que
ele cuidasse de sua própria vida — Porque se importa?
Solo suspirou e voltou sua atenção para o almoço — Porque tenho
medo de que estrague tudo, e então vou ficar assistindo-o cair em um
grande buraco escuro, quando perceber o quão idiota foi.
Inigo esfaqueou outra batata, franzindo a testa — Eu a arruinei. Ela não
tem escolha.
Solo olhou para ele incrédulo e depois esfregou uma mão cansada nos
olhos — Você realmente não entende as mulheres, não é?
— O que? — Inigo exigiu — Ela pode estar grávida, e não importa mais
o que, ela é uma mulher inteligente. A resposta é óbvia.
Inigo sentiu-se desconfortável, quando Solo apenas balançou a cabeça e
retornou uma expressão de pena.
— Disse-lhe que a ama?
Inigo abriu a boca para se opor, mas Solo o impediu.
— Nem se dê ao trabalho de negar. Ouvi todo o seu argumento sobre
desejo com um anel no dedo e não estou fingindo que não há verdade nisso.
Você a ama, e se não lhe contar, quando pedi-la em casamento, realmente é
um idiota.
Inigo balançou a cabeça, teimoso demais para considerar aquilo — Não
sei o que é o amor, o que parece, mas entendo sobre luxúria e desejo. Isso
eu reconheço.
— E isso é tudo? — Solo comentou, pousando a faca e o garfo no prato
vazio — Não sente mais nada por ela?
A confusão de sentimentos contra a qual estava lutando, quando Solo o
saudou, voltou, ameaçando sufocá-lo, e Inigo empurrou seu prato para
longe, de repente sentindo-se enjoado.
— Olha, não precisa admitir nada para mim, Inigo. — disse Solo. —
Deus sabe que não sou um entusiasta do felizes para sempre, mas não sou
tão tolo a ponto de não reconhecer que essa mulher é importante para você.
É uma das poucas pessoas com quem me importo neste mundo, por mais
deprimente que seja admitir isso. Gosto de pensar que pode ter sucesso
onde falhei.
Inigo pensou nisso por um tempo, antes de voltar seu olhar para Solo —
Você não falhou.
Houve uma risada amarga, como Inigo já antevia.
— Ah, falhei com tantas pessoas, de tantas maneiras, que é difícil
acreditar, mas isso não vem ao caso no momento. Não vou falhar com você,
mantendo minha boca fechada, mesmo que prefira que eu falhe.
Ele se levantou, jogou algumas moedas sobre a mesa e colocou uma
mão pesada no ombro de Inigo.
— Boa sorte. — disse Solo, antes de se dirigir para a porta.
Inigo o observou partir, seu andar desnivelado, como muitas vezes
acontecia, em um clima tão frio e úmido. Enfiou a mão no bolso e tirou a
caixinha de veludo. Abriu-a e olhou para o anel de ouro simples, aninhado
em sua cama de seda azul. Uma onda de medo estremeceu seu corpo,
enquanto considerava pedir Minerva em casamento. Além do fato de que a
arruinou, Inigo não conseguia pensar em nenhuma razão terrena para que
ela aceitasse.
Ela o ama, disse uma vozinha em sua cabeça.
— O amor não existe. — murmurou, fechando a caixa e guardando-a.
Minerva foi pega nessa obsessão destrutiva, assim como ele. Isso era
tudo. Eventualmente, esses sentimentos se esgotariam e desapareceriam,
como aquele maldito diamante que ele destruiu. Quando isso acontecesse,
se encontraria casada com um homem muito abaixo dela, alguém que não
podia lhe dar todas as coisas que queria e merecia, e, quando percebesse –
isso, o crucificaria. A ideia de Minerva olhando para ele, com qualquer
coisa menos do que a adoração que viu em seus olhos, deixava seu peito
apertado de tristeza.
Disse a si mesmo que seria melhor perdê-la agora do que enfrentar a
morte lenta e agonizante, que era inevitável, enquanto a observava aceitar
que seus sentimentos haviam sido uma ilusão. Como suportaria, quando
visse o véu cair de seus olhos e seu afeto por ele diminuir a cada dia? O
problema era que não podia deixá-la ir. Embora cada argumento lhe
dissesse que seria melhor para ele, não poderia fazê-lo.
Deixá-la ir era tão aterrorizante, que não conseguia nem considerar,
embora mantê-la com ele o assustasse ainda mais. No entanto, houve um
fato empírico que influenciou a escala firmemente em direção ao
casamento. Arruinou-a, ela já poderia estar carregando seu filho, estaria
condenado, se fosse responsável por outro bastardo sem pai no mundo.
Querida Minerva,
Estou muito feliz por você. O casamento foi lindo, e eu
chorei muito. Seu marido parecia totalmente fascinado com
sua própria sorte, assim como deveria. Eu tenho todas as
expectativas de vê-los se acomodarem em um casamento,
maravilhosamente, feliz. Me escreva em breve e conte seus
planos. Como é a sua nova casa, e como é viver com um
sujeito tão inteligente?
Devo agradecer-lhe também pela sua discrição. Confesso
que foi como estar sentada sobre espinhos ficar no mesmo
ambiente que Lorde Rothborn. Eu tinha certeza de que todos
estavam me vendo corar e sabiam de tudo, sempre que sentia
seus olhares se voltarem para mim. Ele é um homem
estranho, capaz de ser tão gentil e, no entanto, tão distante
também, mas estou determinada a conhecê-lo melhor.
Embora ele faça o possível para frustrar meus esforços, não
serei dissuadida, pois ele aprenderá a seu custo.
—Trecho de uma carta da Srta. Jemima Fernside para a
Sra. Minerva de Beauvoir.
1
Dragões do rei UK
Querida Bonnie,
Estou tão agitada que não consigo lhe dizer. Minerva
chegou em casa hoje, muito alvoroçada, e eu sou um poço de
preocupação. Foi vista na casa do Sr. de Beauvoir pela Sra.
Tate. De todas as mulheres! Jura que de Beauvoir a silenciou
por hora, e, louvado seja, ter lhe dito que verá meu irmão
esta noite, para pedir sua mão em casamento. O problema é
que ela não parece feliz com isso. Não quer falar comigo e
não há nada que eu possa fazer. Não posso implorar a Robert
que aceite a proposta até que ela aconteça, pois Min me
pediu segredo, e eu devo ir a um musical estúpido, e sabe
como eu detesto ficar parada, por qualquer período de
tempo. Passarei a noite inteira sentada sobre espinhos, em
uma ansiedade absoluta. Apenas rezo para que haja um final
feliz quando chegar em casa.
—Trecho de uma carta de Lady Helena Adolphus para
a Sra. Bonnie Cadogan.
9786588382486
D amas O usadas - L ivro 4
9786580754267
D amas O usadas - L ivro 6
Dentro de cada jovem tímida e isolada pulsa o coração de uma leoa,
uma pessoa apaixonada disposta a arriscar tudo pelo seu sonho, se puder
encontrar a coragem para começar. Quando essas jovens ignoradas fazem
um pacto para mudar suas vidas, tudo pode acontecer.
Dez mulheres - dez desafios inesperados. Quem se atreverá a arriscar
tudo?
Dançando com um Diabo
Uma jovem desesperada para escapar de seu destino.
O tempo de Bonnie Campbell está quase acabando. À luz de ofertas
melhores, seu tutor, o conde de Morven, a está forçando a se casar com seu
primo, Gordon Anderson. A vivaz Bonnie não terá outra opção a não ser
obedecer, condenando-se a passar o resto de sua vida na selva das
Highlands escocesas, longe de seus amigos e de qualquer possibilidade de
diversão. Durante suas últimas semanas de liberdade, no entanto, ela viverá
como se estes fossem seus últimos dias na terra e encontrará a coragem de
mostrar ao homem que ama de verdade, como se sente.
Um jovem determinado a provar que seu irmão mais velho estava
errado.
Jerome Cadogan, irmão mais novo do conde de St. Clair, é um canalha
jovial. Sua aparência, com belos cabelos loiros e olhos azuis, não é
minimamente prejudicada por seu nariz quebrado, sua reputação de
encrenqueiro, nem sua predileção por se apaixonar por mulheres
inadequadas. Recuperando-se de um sermão doloroso proferido por seu
irmão, o conde, Jerome corre o risco de ter sua mesada cortada se não ceder
e mudar seus modos. Determinado a provar que pode ser tão maduro e
sensato quanto St. Clair, Jerome promete parar de beber e se embriagar e
não se meter em mais em encrencas.
Um escândalo em busca de um lugar para acontecer.
Infelizmente, sua querida amiga Bonnie tinha outras ideias.
Cambaleando de um desastre para o próximo, Jerome estava arrancando
seus cabelos e sabia que devia terminar sua amizade, antes que seu irmão
acabasse com ela.
No entanto, a montanha de um homem aparece para reivindicar Bonnie,
e Jerome, que deveria respirar aliviado pelo livramento, acaba descobrindo
algo imperdoável: seu maldito coração se apaixonou pela mulher mais
inadequada de todas.
9786580754267
D amas O usadas , L ivro 7
Dentro de cada jovem tímida e isolada pulsa o coração de uma leoa,
uma pessoa apaixonada disposta a arriscar tudo pelo seu sonho, se puder
encontrar a coragem para começar. Quando essas jovens ignoradas fazem
um pacto para mudar suas vidas, tudo pode acontecer.
Onze mulheres - onze desafios inesperados. Quem se atreverá a arriscar
tudo?
9786580754854
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