Ebook Cirrose Hepatica e Suas Complicacoes
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É muito provável que você já tenha se deparado com um paciente cirrótico ao longo da
sua carreira médica. Isso porque a cirrose hepática é muito prevalente, seja em contexto
de emergência, ambulatorial ou até mesmo de questões na prova de residência médica!
Sabemos que o manejo desses pacientes não é nada fácil, principalmente daqueles que
têm todas as complicações possíveis decorrentes da cirrose hepática. Por isso, juntamos
as principais informações que você precisa saber na hora de diagnosticar e manejar um
paciente hepatopata.
Boa leitura!
Equipe Medway
ÍNDICE
Introdução.............................................................................................................................................................................................6
Avaliação inicial..........................................................................................................................................................10
Ascite.......................................................................................................................................................................................22
Encefalopatia hepática.............................................................................................................................................. 30
Síndrome hepatorrenal...............................................................................................................................................31
Síndrome hepatopulmonar....................................................................................................................................32
Carcinoma hepatocelular.........................................................................................................................................33
Referências Bibliográficas.................................................................................................................................................... 34
Conclusão............................................................................................................................................................................................35
Anexos............................................................................................................................................................................ 36
Nossos cursos................................................................................................................................................................... 38
Acesse gratuitamente................................................................................................................................................40
Depois de muito estudo, trabalho duro e dedicação total, desenvolvemos cursos exclusivos
e que nos enchem de orgulho. Isso porque, na prática, temos visto esses cursos serem a
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nosso maior diferencial.
Não te enrolamos e nem falamos o que você quer ouvir. Não generalizamos. Te tratamos
com respeito, da forma como gostaríamos de ser tratados.
Muitos nos veem como professores ou mentores. Nós gostamos de nos enxergar como
aqueles veteranos que você admira pelo conhecimento técnico, mas também pela
didática e pelo lado humano.
Se você chegou até aqui, saiba que já nos orgulhamos muito de você ter se conectado com
a Medway. Estamos e estaremos ao seu lado para sermos parceiros em toda a sua jornada
como profissional de Medicina. Até a prova de residência e depois dela. Vamos juntos até
o final!
Boa leitura!
O QUE NOSSOS ALUNOS
ESTÃO FALANDO?
Introdução
Fala, galera! Animados para entrarmos em um mundo da hepatologia?
Índice
6
A unidade funcional do fígado é o lóbulo hepático. Cada lóbulo é hexagonal e uma tríade
portal (ramo da veia porta, ramo da artéria hepática e o ducto biliar) fica em cada canto do
hexágono.
Sinusoide hepático
Veia central
Canalículo biliar
Célula reticuloendotelial
Hepatócitos
Sinusóide hepático
Tríade portal
Canalículo
biliar Ramo do ducto biliar
Ramo da veia
porta hepática
Ramo da
A. Lóbulo hepático artéria hepática
B. Hepatócitos e sinusóides
Figura 2. Lóbulo hepático e tríade portal. Fonte: Mescher AL. Junqueira’s basic histology: text and atlas. 2010.
É preciso um trabalho em conjunto dos lóbulos hepáticos para que o fígado como um
todo consiga realizar suas funções no organismo. Note que os lóbulos hepáticos são
interligados, e após cada um fazer o seu trabalho, o sangue agora purificado cai nas veias
centrolobulares que são tributárias da veia hepática.
O fígado consegue sobreviver com um número muito menor de lóbulos hepáticos, tanto
que não é incomum cirurgias para retirada de um grande pedaço do fígado devido a
tumor ou cisto. Porém o fígado não consegue exercer sua função quando a comunicação
entre os lóbulos hepáticos é prejudicada. E é isso que ocorre na cirrose hepática.
Quando vocês lerem o termo cirrose hepática, traduzam mentalmente como fibrose
hepática. A cirrose nada mais é que o processo generalizado de fibrose das unidades
Índice
7
funcionais do fígado, que ocorre de forma irreversível em resposta a um insulto crônico,
gerando inflamação crônica e levando à fibrose dos sinusoides hepáticos.
As células estreladas vão responder ao insulto hepático (álcool, outras toxinas, autoimune,
gordura), formando fibrose, que irá comprometer a troca nos sinusoides hepáticos,
aumentando a pressão do sistema porta. Com a continuação da agressão (quando não
cessamos o estímulo lesivo) ocorre fibrose que acomete não só o sentido centro-periferia
(veia centrolobular - tríade portal) mas também ocorre fibrose entre as tríades portais
(entre os vértices do lóbulo hepático), levando a uma conformação nodular, literalmente
isolando os lóbulos hepáticos em pequenas unidades que agora não são mais capazes de
realizar as funções esperadas pelo fígado. Neste momento, quando temos diversas ilhotas
de lóbulos hepáticos isolados, atingimos os estágios mais avançados da fibrose hepática e
o maior comprometimento do fígado, quando temos as maiores chances de complicações
da cirrose.
Índice
8
CLASSIFICAÇÃO E CAUSAS DE HIPERTENSÃO PORTAL
• Síndrome de Budd-Chiari
PÓS-HEPÁTICA • Pericardite constritiva
• Cardiomiopatia restritiva
Mas o que acontece quando um paciente desenvolve hipertensão portal? Se o sangue tem
dificuldade de retornar à circulação sistêmica pela veia porta, quais as outras alternativas?
Para responder a essa pergunta, temos que relembrar um pouco da drenagem venosa do
aparelho digestivo.
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9
Figura 3. Drenagem venosa do aparelho digestivo. Fonte: Moore, Anatomia orientada para a clínica, 8 ed.
Note que o sistema porta é formado pela união da veia mesentérica superior com a
veia esplênica (que recebe a mesentérica inferior). Antes de entrar no fígado a veia porta
recebe o sangue proveniente da veia gástrica direita, responsável pela drenagem da região
da pequena curvatura gástrica e da transição esofagogástrica, incluindo a porção distal do
esôfago.
Neste local temos o primeiro shunt portossistêmico, pois corre anastomoses entre
a região do terço inferior do esôfago (que drena para a porta) com o terço médio e
superior do esôfago que drena para o sistema ázigos e veia cava superior. Nas situações de
hipertensão portal ocorre aumento do fluxo de sangue para o terço inferior do esôfago
na tentativa de fugir do “congestionamento” da veia porta e desviar para o sistema
ázigo terminando na veia cava superior. Com isso, ocorre a formação das temidas varizes
esofágicas.
Avaliação Inicial
Todo paciente recém-diagnosticado com cirrose hepática passará por anamnese
detalhada, buscando todos os potenciais fatores de risco (exposição a álcool, dieta, fatores
de risco para hepatites virais, história familiar e antecedentes pessoais).
Índice
10
aumento de transaminases, alargamento do tempo de protrombina e encefalopatia
hepática, como vimos agora há pouco.
Ao exame físico, são vistos os estigmas da cirrose, que devem ser buscados ativamente:
• Telangiectasias ou spiders
• Circulação colateral no abdome (cabeça de medusa)
• Contratura palmar de Dupuytren: específica do paciente etilista
• Ginecomastia
• Sarcopenia e caquexia
• Ascite
• Eritema palmar
• Esplenomegalia
• Hepatomegalia, porém nas fases mais avançadas o fígado é reduzido em tamanho
• Atrofia testicular
• Rarefação de pelos
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11
Figura 5. Contratura Palmar de Dupuytren. Fonte: Bildinhalt: Rechte Männerhand mit Morbus Dupuytren am
Ringfinger. Aufnahmeort: Baden-Baden, Deutschlan
Além das alterações do exame físico, o paciente pode desenvolver complicações da cirrose,
que serão detalhadas adiante.
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12
• Função renal (Ur e Cr): podem evidenciar complicação da cirrose, a síndrome hepatorrenal
• Eletrólitos: o cirrótico pode ter hiponatremia dilucional, secundária à hipervolemia, e
distúrbios hidroeletrolíticos secundários à doença renal
• Hemograma: a hipertensão portal e o hiperesplenismo acarretam plaquetopenia, em
valores que não costumam ser menores que 50.000. Também é comum haver anemia
• Endoscopia digestiva alta: faz parte da avaliação inicial de todo cirrótico! Para detectar
varizes de esôfago ou gastropatia hipertensiva portal
Em posse dos exames, já conhecendo melhor nosso paciente, vamos calcular o Escore de
Child-Pugh:
ESCORE DE CHILD-PUGH
Bilirrubinas
<2 2-3 >3
(mg∕dL)
TP (segundos)
< 4 s ou < 1,7 4-6 s ou 1,7-2,3 > 6 s ou > 2,3
ou INR
CHILD A: 5 a 6 pontos
CHILD B: 7 a 9 pontos
CHILD C: 10 a 15 pontos
É fácil entender por que quanto maior o Child, maior a mortalidade do paciente! Ele é
muito usado na prática clínica para avaliação prognóstica e todo cirrótico deve ter o escore
calculado. Algumas bancas ainda gostam de cobrar o cálculo decorado, mas a maioria
exige apenas que você saiba quais são os critérios (ainda bem!). Para ajudar, fica o macete:
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“BEATA”
B - Bilirrubina
E - Encefalopatia
A - Albumina
T - TP
A - Ascite
“BIC”
B - Bilirrubina
I - INR
C - Creatinina
Fisiopatologia
A história natural da lesão hepática secundária ao etilismo começa pela esteatose hepática,
que é o acúmulo de gordura no fígado secundário a essa inflamação, sendo tipicamente
macrovesicular. Até 90% dos indivíduos que bebem vão ter algum grau de esteatose
hepática. Se eles continuarem a beber, até um terço vai evoluir para esteato-hepatite, em
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14
que há maior atividade inflamatória, marcada pelo aumento de transaminases. Por fim,
toda essa inflamação gera fibrose hepática, que evolui com cirrose e suas complicações.
Nesse ponto, não é mais reversível, e há dano à arquitetura do fígado, insuficiência hepática
e hipertensão portal.
Quadro clínico
Exames complementares
• Aumento de TGO e TGP com TGO∕TGP > 2
• Gama-GT elevada
• Anemia macrocítica (VCM > 100)
• Ultrassonografia: aumento da ecogenicidade hepática, fígado irregular e heterogêneo
Tratamento
Fisiopatologia
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15
marcada pelo aumento das transaminases. Por fim, o paciente evolui com cirrose hepática
e suas complicações.
Quadro clínico
Exames complementares
• Aumento de transaminases até 5 vezes o limite superior da normalidade (LSN). Lembrando
que as transaminases podem estar normais também.
• Relação AST∕ALT < 1
• Ferritina > 1,5 vezes o LSN
• Ultrassonografia: aumento da ecogenicidade hepática
• NAFLD escore: escore baseado em parâmetros laboratoriais e clínicos para estimar o grau
de fibrose
• Elastografia hepática: ultrassonografia especial, que consegue também estimar o grau
de fibrose hepática de forma não invasiva
• Biópsia hepática: reservada para casos em que há dúvida diagnóstica
Agora lembrem-se de uma coisa: o diagnóstico de DHGNA na maioria das vezes não é
realizado por biópsia e, portanto, costuma ser um diagnóstico de EXCLUSÃO. Apesar da
DHGNA ser a causa mais comum de esteatose na população, outras doenças hepáticas
podem se apresentar com esteatose (hepatopatia alcoólica, doença de Wilson, esteatose
hepática aguda da gravidez, doença hepática por medicamentos - metotrexate, dentre
outras). Logo, diante de um paciente com esteatose, é prudente afastarmos o uso nocivo
de etanol e outras drogas potencialmente esteatogênicas, hepatites virais e outras doenças
que possam causar o quadro. Caso a gente exclua todas e o paciente apresente fatores de
risco para DHGNA (diabetes, obesidade, HAS, tabagismo etc.), podemos dar o diagnóstico
presuntivo de DHGNA!
Tratamento
MUDANÇA DE ESTILO DE VIDA! Atividade física e dieta estão indicadas para todos os
pacientes. A perda de peso é o principal tratamento, com maior nível de evidência
e que tem maior benefício. Perder 5 a 10% do peso corporal já tem impacto na história
natural da DHGNA.
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HEMOCROMATOSE HEREDITÁRIA (HH)
Fisiopatologia
Quadro clínico
A hemocromatose pode afetar diversos órgãos e sistemas. É conhecida como a doença dos
6Hs:
• Hepatopatia crônica
• Heart – cardiomiopatia
• Hipogonadismo
• Hiperglicemia - Diabetes
• “H”artrite (essa é ruim, mas aceita que ajuda a gravar)
• Hiperpigmentação cutânea
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Diagnóstico
Tratamento
DOENÇA DE WILSON
Mais uma doença genética, dessa vez autossômica recessiva, cujo defeito na ceruloplasmina
(proteína carreadora de cobre) acarreta acúmulo de cobre pelo corpo. No fígado, pode
levar a insuficiência hepática aguda e cirrose.
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18
Quadro clínico
Cursa tanto com hepatopatia crônica, cirrose e todas as suas complicações quanto com
insuficiência hepática aguda fulminante. Nesses casos agudos, a liberação de cobre pelos
hepatócitos pode levar a quadro de anemia hemolítica. O acúmulo de cobre na retina leva
aos famosos anéis de Kayser-Fleischer. No sistema nervoso central, pode gerar quadros
de parkinsonismo, tremores e distonias.
Figura 6. Presença de anel pigmentado na periferia corneana (anel de Kayser-Fleischer). Fonte: https://www.
scielo.br/j/abo/a/zmjYqdVLVjZvXHKf8ScnHXh/?lang=pt
Diagnóstico
O diagnóstico é dado pela dosagem dos níveis urinários de cobre, que estão altos, e da
ceruloplasmina, que está baixa. O teste genético confirma o diagnóstico.
Tratamento
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HEPATITE AUTOIMUNE
Como toda boa doença autoimune, é mais comum em mulheres de qualquer idade, mas
tipicamente é bimodal, com pico na 2ª década e na 5ª década de vida. Também é fator de
risco importante indivíduos que já têm outra doença autoimune.
Quadro clínico
Exames complementares
• Aumento expressivo de transaminases, chegando a 10-20x o LSN
• Aumento de fosfatase alcalina, com relação FA∕AST ou ALT < 1,5
• Aumento de gamaglobulinas, especialmente IgG
• Autoanticorpos:
• Hepatite autoimune tipo 1: anti-músculo liso
• Hepatite autoimune tipo 2: anti-LKM-1
• Biópsia hepática: confirma o diagnóstico
Tratamento
Doença autoimune, mais comum em mulheres >40 anos, chegando a uma relação 9:1. É
mais comum em descendentes de europeus.
Quadro clínico
Índice
20
fosfatase alcalina. Claro, casos mais graves e avançados vão evoluir para cirrose e suas
complicações.
Exames complementares
• Autoanticorpo: antimitocôndria
• Biópsia hepática: reservada para casos de dúvida diagnóstica
Tratamento
Doença autoimune que tem maior prevalência em homens. Além disso, tem íntima
relação com doença inflamatória intestinal (DII), especialmente a retocolite ulcerativa.
Até 85% dos casos de CEP ocorrem em indivíduos com DII.
Quadro clínico
Diagnóstico
Esse tem uma imagem clássica que as bancas adoram! O diagnóstico da CEP é feito
por exame de imagem das vias biliares – preferencialmente a colangiorressonância
magnética. Você vai ver as vias biliares alternando áreas de estenose e de dilatação, as
famosas “contas de rosário”.
Tratamento
CIRROSE CRIPTOGÊNICA
Pessoal, até 10 a 15% dos casos de cirrose não têm causa bem definida! É quando chamamos
Índice
21
de cirrose criptogênica. É importante avaliar a fundo todos os fatores de risco, exposição ao
álcool e síndrome metabólica.
A ascite é uma das complicações mais comuns da cirrose (até 50% dos cirróticos vão
desenvolvê-la) e é definida como o acúmulo de líquido intra-abdominal.
Diagnóstico
• Exame físico: aumento do volume abdominal e macicez à percussão. Algumas manobras
e achados do exame físico podem ajudar:
• Macicez móvel: com o paciente em decúbito dorsal, vamos percutir o abdome da
cicatriz umbilical em direção ao flanco. Você vai observar o ponto em que se inicia a
macicez e marcá-lo – é onde está o líquido ascítico. A seguir, vamos virar o paciente
para decúbito lateral e percutir novamente. Você vai notar que o ponto em que se inicia
a macicez ficou mais medial, pois o líquido se moveu na cavidade abdominal com a
mudança de decúbito.
• Semicírculo de Skoda: no paciente em decúbito dorsal, o líquido ascítico se concentra
nas regiões laterais e inferiores do abdome. Na percussão, você vai notar abdome
maciço nessas regiões e timpânico no centro, ao redor da cicatriz umbilical.
A B
C D
Figura 7. Manobras semiológicas para avaliação de ascite. Fonte: Semiologia Clínica - HCFMUSP, 1 edição, 2021.
Índice
22
• Ultrassonografia de abdome: pode ajudar na detecção de ascite de pequeno volume,
não detectável ao exame físico
• Paracentese: a maioria das ascites no pronto socorro deve ser puncionada! Seja porque o
paciente ainda não tem o diagnóstico da causa da ascite, seja porque ele está em vigência
de descompensação da cirrose e pode ter infecção
Este exame vai ser importante para o diagnóstico diferencial das causas de ascite. Dessa
forma:
INTERPRETAÇÃO DO GASA
Tratamento
A primeira medida é adotar uma dieta restrita em sódio: até 2g de sódio por dia.
Índice
23
A paracentese de alívio está indicada para pacientes com ascite muito volumosa,
causando desconforto respiratório, que são intolerantes à terapia com diuréticos (pode
ocorrer piora da função renal) ou refratários a ela.
A causa mais comum é infecção por bacilos gram negativos (com destaque para
Escherichia coli), porém pode ocorrer por outras bactérias. Temos uma exceção em uma
doença: síndrome nefrótica. O principal germe que causa PBE nas ascites por síndrome
nefrótica é o Streptococcus pneumoniae. Como o paciente perde muitas proteínas pela
urina nesse doença, ele acaba urinando anticorpos também, fazendo com que haja uma
susceptibilidade à infecções por germes encapsulados, como o pneumococo!
Índice
24
Tabela 5. Diagnóstico de PBE e seus diferenciais. Fonte: Acervo Medway.
• Glicose < 50
• Cultura polimicrobiana
Índice
25
Além disso, atenção! O risco dos cirróticos com PBE desenvolverem síndrome
hepatorrenal (SHR) é de cerca de 40%, sendo a principal causa de morte nesse grupo.
> 250
POLIMORFONUCLEARES CONDUTA
(NEUTRÓFILOS); PBE TRATAR
CRESCIMENTO
MONOBACTERIANO
Geralmente, a cultura
> 250 demora mais a ser liberada.
ASCITE
POLIMORFONUCLEARES CONDUTA Pelo risco de PBE,
NEUTROFÍLICA CONDUTA
CULTURA NEGATIVA iniciamos o tratamento
ate a cultura ser liberada
PARACENTESE
DIAGNÓSTICA
Pode ser apenas
< 250
contaminação, então
POLIMORFONUCLEARES
BACTERASCITE devemos repuncionar
BACTÉRIAS
CONDUTA e tratar se confirmado
PRESENTES
na segunda punção
2 DOS SEGUINTES
1) PROTEÍNA TOTAL > 1 g/dl
PERITONITE
2) GLICOSE < 50 mg/dl
SECUNDÁRIA
3) LDH > QUE O LDH
SÉRICO
CONDUTA
Exame de imagem
do abdome +
Antibioticoterapia
ampliando para
anaeróbios
Figura 8: Fluxograma para o diagnóstico e tratamento das infecções do líquido ascítico. Fonte: acervo Medway.
Galera, as hemorragias digestivas altas (HDA) são uma das complicações com maior
mortalidade para os portadores de cirrose tanto pelo sangramento agudo ameaçador
à vida quanto pela translocação bacteriana gerada, propiciando PBE, e a hipovolemia
levando à injúria renal que pode ser tanto aguda como levar a condições mais graves,
como veremos adiante. A mortalidade dos pacientes com tal sangramento gira em torno
de 20 a 30% nas 4 a 6 semanas seguintes!
Índice
26
A maioria dos sangramentos no hepatopata são de origem varicosa, principalmente
varizes esofágicas. Aqui dividiremos nossa abordagem em 2 momentos: o atendimento
agudo e as profilaxias, vamos lá!
Primeiro, devemos lembrar que a HDA pode ter etiologia não varicosa (sendo a mais
comum devido à doença ulcerosa péptica) e varicosa (responsável por pouco menos de
50% dos casos em cirróticos).
Além disso, uma outra prioridade é realizar a endoscopia em até 12 horas do início do
sangramento. Aliado a isso, como tentativa de controle do sangramento agudo, podemos
fazer vasoconstrictores esplâncnicos como a terlipressina, devendo ser mantida por até 5
dias e temos como opção também o octreotide e a somatostatina.
Índice
27
MANEJO DA HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA
Estabilização hemodinâmica
• Solução cristaloide
• Droga vasoativa
• Hemoconcentrados
Dieta zero
Transfusão de plaquetas
• Se plaquetas < 50000/mm³
Vasoconstritor esplâncnico
• Terlipressina: 4 mg IV em bolus + 2 mg IV 4h/4h
• Octreotide
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28
MANEJO DA HDA VARICOSA
TIPS
(derivação portossistêmica transjugular)
Cirurgia
Além disso, não vamos esquecer da profilaxia para PBE. Pacientes cirróticos com HDA
devem receber norfloxacino (400 mg/dia) ou ceftriaxona (1g/dia) para combater
possíveis translocações bacterianas e desenvolvimento de PBE.
Índice
29
PROFILAXIA SECUNDÁRIA DE
SANGRAMENTO DE VARIZES ESOFÁGICAS
Ligadura endoscópica
Pacientes que já apresentaram HDA +
betabloqueadores não seletivos
Se contraindicação de ligadura
Betabloqueador + nitrato
endoscópica
Quadro clínico:
Índice
30
CRITÉRIOS DE WEST-HAVEN PARA ENCEFALOPATIA HEPÁTICA
GRAU DE
MANIFESTAÇÃO CLÍNICA
ENCEFALOPATIA
Tratamento:
É a disfunção renal associada à cirrose avançada e hipertensão portal grave. Pode ser aguda
e de rápida instalação (antes chamada de SHR tipo 1) ou de instalação lenta e progressiva
(a SHR tipo 2). Geralmente, tem prognóstico ruim.
Índice
31
• Ultrassonografia sem sinais de nefropatia parenquimatosa ou obstrução de vias urinárias
• Urina 1 com < 50 células e proteinúria < 500 mg
• Ausência de melhora na função renal com a suspensão de diuréticos e expansão com
albumina: 1g∕kg por dia por 48h
Tratamento:
SÍNDROME HEPATOPULMONAR
Tema quente em hepatologia! Há alguns anos, foi descrita a Acute on Chronic Liver Failure
(ACLF), que nada mais é do que a cirrose descompensada. Porém, é uma condição especial,
diferente das descompensações comuns da cirrose. Tem alta mortalidade a curto prazo e
se caracteriza por intensa inflamação, um fator descompensador (libação alcoólica ou
infecções) e falência de múltiplos órgãos:
• Falência hepática: aumento de bilirrubinas
• Falência renal: aumento de creatinina
• Falência cerebral: encefalopatia hepática
• Coagulopatia: alargamento do INR
• Falência circulatória: hipotensão e choque
• Falência respiratória: necessidade de suporte de O2 e queda da relação de troca
(relação pO2/FiO2)
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CARCINOMA HEPATOCELULAR (CHC)
É a neoplasia do fígado que mais se associa à hepatopatia crônica. Até 85% dos casos
de CHC ocorrem em indivíduos cirróticos. Sempre deve ser pesquisada em vigência de
descompensação da cirrose. O marcador tumoral é a alfafetoproteína (AFP).
Diagnóstico:
É uma das poucas neoplasias cujo diagnóstico não depende de biópsia. A imagem na
TC de abdome com contraste é típica: lesão irregular com hipervascularização na fase
arterial a wash-out ou clareamento na fase pós-contraste.
A B
Figura 9. CHC avançado com aspecto em mosaico em TC dinâmica. A: fase arterial conferindo aspecto em mosaico.
B: fase tardia demonstrando cápsula. Fonte: https://www.researchgate.net/figure/Figura-3-CHC-avancado-com-
aspeto-em-mosaico-em-TC-dinamica-A-fase-arterial-conferindo_fig2_322557528
Tratamento:
Índice
33
• Paciente com baixo performance status e Child C = cuidados paliativos.
Rastreamento:
Todo paciente cirrótico ou portador de vírus da hepatite B (mesmo que não cirrótico) é
rastreado para CHC a cada 6 meses com ultrassonografia E AFP.
Referências bibliográficas
1. Piettrangelo A. Review Article: Hereditary Hemochromatosis: a New Look at an Old
Disease. N Engl J Med. Jun 2004.
2. Radford-Smith DE, Powell EE, Powell LW. Haemochromatosis: a clinical update for the
practising physician. Internal Medicine Journal. Nov 2017.
3. Griffiths WJH, et al. Diagnosis and therapy of genetic haemochromatosis (review and
2017 update). British Journal of Haematology. April 2018.
4. Farias AQ, Bittencourt PL, Martinelli ALC. Hemocromatose Hereditária: muito além do
HFE. Sociedade Brasileira de Hepatologia – Programa de Educação Continuada.
5. Hoofnagle JH, Bjornsson ES. Drug Induced Liver Injury: Types and Phenotypes. N Engl
J Med. 2019
6. Giordano C, Rivas J, Zervos X. Na Update on Treatment of Drug-Induced Liver Injury. J
Clin Transl Hepatol. 2014
7. Arroyo V, Moreau R, Jalan R. Acute on Chronic Liver Failure. N Engl J Med. 2020
8. Manual do residente de Clínica Médica. Manole. 2ª edição
9. Medicina de emergência: abordagem prática. Manole. 15ª edição
10. Medicina intensiva: abordagem prática. Manole. 4ª edição
11. Clínica Médica, volume 4. Manole. 2ª edição
Índice
34
CONCLUSÃO
Esperamos que agora você se sinta mais seguro para diagnosticar e manejar um paciente
cirrótico com ou sem complicações!
Esse é um tema super frequente e importante na prática clínica, bastante frequente nas
unidades de emergência e de internação em nosso país. Saber a condução é essencial!
Por isso, entender a fisiopatologia da cirrose hepática ajuda na compreensão de suas
complicações e na terapêutica necessária para estas.
A gente sabe, é muita informação. Mas lembre-se que você pode consultar este material a
qualquer momento, como se fosse um guia de bolso, seja num atendimento ambulatorial
ou em um pronto socorro!
Por isso, criamos diversos materiais como este para que você possa ter um acesso fácil
e rápido a informações confiáveis, direto ao ponto e com o essencial sobre cada tema
abordado!
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Equipe Medway
Índice
35
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36
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