Agronômico Complexo de Enfezamento Na Cultura Do Milho
Agronômico Complexo de Enfezamento Na Cultura Do Milho
Agronômico Complexo de Enfezamento Na Cultura Do Milho
DESENVOLVIMENTO
TECNOLÓGICO
ANO 5 • NÚMERO 4
JUNHO 2016
COMPLEXO DE ENFEZAMENTO
NA CULTURA DO MILHO
1. Introdução
O complexo de enfezamento pálido e vermelho é causado por
patógenos da classe dos molicutes e é transmitido pela cigarrinha-do-milho
(Dalbulus maidis). Inicialmente observada no Brasil na década de 70, a doença
foi considerada de importância secundária (COSTA et al., 1971). No entanto, o
plantio tardio da primeira safra (primavera/verão) e segunda safra (safrinha)
tem favorecido seu aparecimento, devido a um aumento populacional do inseto
vetor nessas épocas, podendo ser mais acentuado quando se opta pelo cultivo
de milho em sucessão a milho. Nessa condição, a população do inseto vetor
é potencializada, migrando para as culturas mais novas e causando severas
epidemias de enfezamento nesses cultivos (FERNANDES; BALMER, 1990;
SILVA et al., 1991; WAQUIL, 1997).
Nas últimas safras, devido a sua elevada incidência e severidade, o
enfezamento tem trazido grande preocupação a técnicos e agricultores. Vários
autores têm relatado prejuízos causados pela doença. No Paraná, apenas na
safrinha 2003, estimou-se um prejuízo de cerca de US$ 16,5 milhões (OLIVEIRA
et al., 2003). De lá para cá, a severidade tem aumentado, e os prejuízos na última
safrinha podem ser bastante elevados. A cultura de milho no campo durante
praticamente todo o ano tem modificado o comportamento de determinadas
pragas e doenças, trazendo a necessidade de capacitar assistentes técnicos e
agricultores na bioecologia de insetos e na correta identificação de sintomas, a
fim de implementar as práticas de MIP, de maneira a reduzir os danos causados.
2. Tipos de enfezamento – sintomas e características
Ocorrem dois tipos de enfezamento no milho, e é difícil distinguir entre os dois
com base apenas nos sintomas, sob condições de campo. O enfezamento pálido do milho
(“corn stunt spiroplasma” – CSS) é causado pelo Spiroplasma kunkelii e o enfezamento
vermelho do milho (“maize bushy stunt phytoplasma” – MBSP) é causado pelo
Phytoplasma (“astri”). Ambos os organismos são bactérias procariontes (pertencentes
à classe dos molicutes), distinguindo-se totalmente de quaisquer outras por serem
desprovidas de membrana celular. Essas bactérias alojam-se no floema das plantas de
milho e são causadoras de grande redução na produtividade da cultura. Os sintomas da
doença aparecem cerca de três semanas após o milho ter sido infectado, e o nível de
redução da produtividade depende do estádio da planta de milho quando infectada, das
condições ambientais e do material genético.
3. Enfezamento vermelho
O sintoma típico dessa doença é o avermelhamento intenso e generalizado da
planta que ocorre durante o desenvolvimento das espigas. O avermelhamento começa
nas pontas e bordas das folhas, podendo cobri-las por completo e levar ao secamento das
mesmas. A doença também pode provocar perfilhamento tanto nas espigas como na base
das plantas de milho.
No geral, as plantas apresentam crescimento aparentemente normal durante o ciclo
vegetativo, e os sintomas típicos da doença aparecem mais fortemente no florescimento
e na fase de enchimento dos grãos. A doença prejudica o crescimento das espigas e dos
grãos, que podem ficar pequenos, manchados, frouxos na espiga ou chochos, devido ao
seu enchimento incompleto. As plantas também poderão apresentar encurtamento de
internódios, caracterizando o sintoma conhecido por hipoplástico.
7. Manejo / controle
Para o controle do complexo de enfezamento, recomenda-se a utilização de diversas
estratégias de monitoramento e manejo integrado de pragas (MIP), pois, sozinhas, nenhuma
é suficientemente eficiente.
Considerando-se a bioecologia dos patógenos e dos vetores, os métodos culturais
são os primeiros a ser observados:
• Rotação de culturas.
8. Considerações finais
Em função da importância e do potencial de danos dessa doença, especialmente
em anos mais quentes, devemos adotar boas práticas de manejo integrado de pragas (MIP),
como o tratamento de sementes, a rotação de culturas, o monitoramento da cigarrinha e
seu controle, quando necessário. Vale ressaltar que, apesar dos surtos de enfezamento
no Brasil terem sido bastante sazonais, trata-se de uma doença de elevada severidade,
mas que pode ser manejada. Buscar informações técnicas constantemente é de extrema
importância, assim como a realização do monitoramento de cigarrinhas durante todo o
período vegetativo da lavoura.
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