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Pragas da melancia
e seu controle
92
Brasília, DF
Novembro, 2010
(honeydew).
A B
Figura 3. Danos causados pelo pulgão Aphis gossypii em Figura 5. Armadilhas para monitoramento de pulgões.
folhas da melancia. A – encarquilhamento de ponteiros; A – placa adesiva de cor amarela; e B – bacia amarela,
e B – fumagina. com água e detergente.
4 Pragas da melancia e seu controle
Monitoramento:
Foto: Renata Monteiro
Figura 6. Tripes adulto da espécie Thrips palmi. Fotos: Miguel Michereff Filho
Sintomas e danos:
Brocas-das-cucurbitáceas
Descrição:
Sintomas e danos:
Foto: Jorge Anderson Guimarães
Monitoramento:
Mosca-branca
Descrição:
Pragas secundárias
Lagarta-rosca
Descrição:
Sintomas e danos:
Foto: Jorge A. Guimarães
A decisão para controle preventivo (antes da O ambiente de cultivo pode ser manipulado para
praga se estabelecer efetivamente no cultivo) será se tornar desfavorável às pragas, e isso pode
adotada em algumas exceções, como por exemplo, ser alcançado mediante adoção de práticas que
quando houver histórico de anos sucessivos com reduzam as chances de localização e colonização
alta incidência de viroses transmitidas por pulgões, da planta hospedeira, promovam a dispersão dos
com alta percentagem de mudas e plantas jovens indivíduos e afetem a reprodução e sobrevivência
mortas pelo ataque de formigas cortadeiras, em dos insetos e ácaros-praga na área cultivada. Assim,
razão da dificuldade de controle dessas pragas e da recomenda-se a adoção planejada e preventiva das
severidade dos danos gerados. seguintes medidas:
(Continua)
1
Produto aplicado na forma de “drench” (esquiço) sobre mudas e plantas jovens, com volume de calda de 10-17 L/ha.
2
Classe toxicológica: I- Extremamente tóxico (faixa vermelha); II - Altamente tóxico (faixa amarela); III - Moderadamente tóxico (faixa azul); IV - Pouco tóxico (faixa verde).
3
Classe ambiental: I - Produto altamente perigoso ao meio ambiente; II - Produto muito perigoso ao meio ambiente; III - Produto perigoso ao meio ambiente; IV - Produto pouco perigoso ao
meio ambiente.
Formulação: EC – Concentrado emulsionável; SC – Suspensão concentrada; SP – Pó solúvel; WG – Granulado dispersível em água; WP - Pó molhável.
Fonte: BRASIL (2010).
Pragas da melancia e seu controle
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Tabela 2. Produtos registrados para o controle de pragas na cultura da melancia (Continuação)
Pragas da melancia e seu controle
1
Produto aplicado na forma de “drench” (esquiço) sobre mudas e plantas jovens, com volume de calda de 10-17 L/ha.
2
Classe toxicológica: I- Extremamente tóxico (faixa vermelha); II - Altamente tóxico (faixa amarela); III - Moderadamente tóxico (faixa azul); IV - Pouco tóxico (faixa verde).
3
Classe ambiental: I - Produto altamente perigoso ao meio ambiente; II - Produto muito perigoso ao meio ambiente; III - Produto perigoso ao meio ambiente; IV - Produto pouco perigoso ao
meio ambiente.
Formulação: EC – Concentrado emulsionável; SC – Suspensão concentrada; SP – Pó solúvel; WG – Granulado dispersível em água; WP - Pó molhável.
Fonte: BRASIL (2010).
Pragas da melancia e seu controle 15
sérios problemas, como surgimento de populações produtos devem ser aplicados de forma seletiva,
das pragas resistentes aos produtos utilizados, ou seja, nas bordaduras do cultivo (onde se inicia
ressurgência da praga, erupção de pragas secundárias, a infestação) e nos focos de infestação. Para o
eliminação de organismos benéficos (polinizadores, controle da mosca-das-frutas, o uso de inseticidas
inimigos naturais e microbiota decompositora), somente deve ser adotado em ataques mais
poluição do meio ambiente, intoxicação dos usuários severos, o que não é muito comum; sugere-se desta
e resíduos tóxicos nos frutos acima do tolerável, forma, a pulverização nas bordaduras do cultivo e
colocando em risco a saúde dos consumidores e a nos focos de maior infestação de adultos, enquanto
exportação de melancia. os frutos estão verdes, ou utilização de iscas
tóxicas contra os adultos. Quando a cultura estiver
O controle eficaz dos insetos sugadores
em região produtora submetida ao sistema de
transmissores de viroses representa o principal
mitigação de risco dessa praga, o controle deve ser
desafio para o manejo integrado de pragas da
feito quando for atingido o nível de controle através
melancia, tendo em vista que, nas áreas com
do monitoramento com armadilhas, adotando-se
histórico de alta incidência de viroses, torna-se
as estratégias e tecnologias de aplicação conforme
necessário o emprego de inseticidas de forma
estabelecido pelas medidas de mitigação de risco.
preventiva. Contudo, a concepção que a simples
aplicação de agrotóxicos para eliminar o inseto Na Tabela 2 constam os princípios ativos e produtos
vetor (pulgões e tripes) é suficiente para controle comerciais, registrados no Ministério da Agricultura,
das viroses é equivocada, sendo muito comum Pecuária e Abastecimento (MAPA), para o controle
observar cultivos de melancia com intensa aplicação de pragas na cultura da melancia. Não existe, no
de inseticidas para controle de pulgões e com 100% MAPA, registro de inseticidas que controlem o
de incidência de viroses. pulgão M. persicae, o tripes T. tabaci, a lagarta-
rosca A. ipsilon, o percevejo escuro L. gonagra
A pulverização com óleo mineral ou vegetal
e formigas cortadeiras Atta spp. e Acromyrmex
emulsionável também não oferece a proteção
spp. Também não há registro de produtos em
desejada, podendo causar fitointoxicação em razão
formulações para tratamento de sementes e para
da concentração utilizada.
aplicação no solo, visando o controle de pragas
Portanto, o manejo dos insetos sugadores que atacam a cultura após a semeadura e logo
transmissores de viroses deve preconizar várias após a emergência das plântulas (lagarta-rosca,
táticas de controle (cultural, físico, mecânico, larvas de vaquinha, cupins e insetos sugadores).
biológico e químico) adotadas simultaneamente, Portanto, estas práticas não são recomendáveis,
sendo todas igualmente importantes. Especial devendo-se investir no manejo do ambiente de
atenção deve ser dada na fase de produção de cultivo. Para aquelas pragas que tenham inseticidas
mudas e logo após o estabelecimento das plantas registrados na cultura, sugere-se o uso de
no campo, para evitar a infecção precoce das inseticidas em pulverização (com ação por contato
fitoviroses. A produção de mudas deve ser feita e sistêmicos) logo após o surgimento das plântulas,
em locais protegidos contra insetos sugadores, conjuntamente com outras táticas de controle.
juntamente com a aplicação de inseticidas de ação
sistêmica, aplicados em pulverização ou na forma Para o uso de inseticidas e acaricidas químicos,
de esguicho (drench). Em áreas sem histórico de algumas precauções devem ser tomadas para
incidência de viroses, quando necessário, o controle alcançar a eficiência de controle desejada, causar
de pulgões, tripes e da mosca-branca deve ser o mínimo de desequilíbrio biológico e evitar o
iniciado após a constatação dos primeiros sintomas surgimento de populações de pragas resistentes aos
de ataque ou capturas nas armadilhas adesivas. produtos. Recomenda-se:
Para as demais pragas da melancia, o controle – Utilizar apenas os produtos registrados, no MAPA,
químico somente deve ser utilizado quando para a cultura da melancia;
se detectar infestações que possam acarretar
danos econômicos. Para o controle das brocas- – Dar preferência para produtos que sejam seletivos
das-cucurbitáceas recomenda-se a utilização de em favor dos inimigos naturais e polinizadores e
inseticidas de contato e, dentro do possível, os pouco tóxicos ao homem;
16 Pragas da melancia e seu controle
– Evitar o uso de produtos de amplo espectro – Sempre consultar um engenheiro agrônomo para
de ação, como inseticidas piretróides e obtenção do receituário agronômico, contendo o
organofosforados, no inicio do ciclo da cultura produto mais indicado e recomendações de uso para
e durante a época de florescimento das plantas, determinada praga e situação.
pois causam grande distúrbio no agroecossistema,
inclusive alta mortalidade dos polinizadores; Controle Alternativo
– Evitar o uso indiscriminado de fungicidas, já que Uma opção promissora para auxiliar no manejo de
muitos destes produtos apresentam efeito nocivo pragas é o uso de produtos naturais ou alternativos,
aos fungos entomopatogênicos; como o inseticida botânico a base de óleo de nim
(Azadirachta indica A. Juss.). A eficiência do nim
– Utilizar a dosagem recomendada pelo fabricante
como inseticida baseia-se no seu principio ativo, a
e a quantidade de água conforme o estádio de
azadiractina, que possui múltiplos modos de ação,
desenvolvimento da cultura, observando, ao mesmo
atuando como regulador de crescimento, inibidor
tempo, o período de carência;
da alimentação, efeito esterilizante, bloqueio de
– Evitar a aplicação de mistura de inseticidas; enzimas digestivas, repelência e outros. Além disso,
o nim possui ação sistêmica e de profundidade,
– Utilizar espalhante adesivo;
permitindo seu contato com insetos em
– Ter cuidado com fitotoxicidez de inseticidas e desenvolvimento no interior de folhas. No entanto,
acaricidas à melancia; seu uso no campo ainda dependerá do avanço das
pesquisas visando o desenvolvimento de produtos
– Utilizar, de forma alternada, inseticidas de com maior efeito residual, visto que é um produto
diferentes grupos químicos, levando-se em que se degrada muito rapidamente no ambiente,
consideração o modo de ação do produto, o estádio requerendo aplicações a intervalos de 4-5 dias.
de desenvolvimento da praga e a fase fenológica
da cultura, para evitar a ocorrência de resistência Existem diversos produtos comerciais a base de
das pragas aos pesticidas. Cada produto deve ser óleo de sementes de nim. Para melancia utiliza-se o
utilizado por um período de três semanas, sendo inseticida na concentração de 0,5%, ou seja, para o
substituído por outro, caso seja necessária a preparo da calda deve-se misturar 50 mL do produto
continuidade das pulverizações; comercial em 10 L de água. Doses mais altas
poderão ocasionar fitointoxicação e o uso frequente
– Evitar pulverização nos períodos quentes do
de produtos à base de nim pode ter efeito nocivo
dia, bem como nos momentos de ventos fortes.
sobre os inimigos naturais.
As pulverizações devem ser realizadas a partir
das 16:00 h devido a maior atividade dos insetos
polinizadores pela manhã; Referências
– Ao aplicar inseticidas não sistêmicos, certificar- BACCI, L.; PICANÇO, M.C.; FERNANDES, F.L.;
se de que as folhas, flores e frutos tenham boa SILVA, N.R.; MARTINS, J.C. Estratégias e táticas
cobertura, lembrando sempre que tanto insetos de manejo dos principais grupos de ácaros e
sugadores como as lagartas das broca-das- insetos-praga em hortaliças no Brasil. Cap.13,
cucurbitáceas permanecem na região inferior da p. 463-504. In: ZAMBOLIM, L.; LOPES, C.A.;
folha e em locais sombreados; PICANÇO, M.C.; COSTA, H. (eds.). Manejo
Integrado de doenças e pragas: hortaliças. Viçosa:
– Manter os equipamentos em boas condições de
UFV; DFT, 2007. 627p.
trabalho (pressão de aspersão recomendada, bicos
adequados e bem regulados), garantindo a aplicação BARBOSA, S.; FRANÇA, F.H. Pragas das
do produto na dosagem correta; cucurbitáceas e seu controle. Informe Agropecuário,
v.8, n.85, p.54-57, 1982.
– Para o manuseio dos pesticidas químicos deve-se
sempre utilizar o equipamento de proteção individual BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e
(EPI), e seguir todas as recomendações constantes Abastecimento. AGROFIT – Sistema de Agrotóxicos
nas bulas dos produtos e no receituário agronômico; e Fitossanitários. Brasília: MAPA, 2003. Disponível
Pragas da melancia e seu controle 17
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UFV/DFP, 2008. 652p.
Circular Exemplares desta edição podem ser adquiridos na: Comitê de Presidente: Warley M. Nascimento
Técnica, 92 Embrapa Hortaliças Publicações Editor Técnico: Mirtes F. Lima
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Expediente Normalização Bibliográfica: Antonia Veras de Souza
1a edição Editoração eletrônica: André L. Garcia
1a impressão (2011): 2000 exemplares