PCDTManejoda Infecopelo HIVem Adultos Mdulo 2 Coinfeces
PCDTManejoda Infecopelo HIVem Adultos Mdulo 2 Coinfeces
PCDTManejoda Infecopelo HIVem Adultos Mdulo 2 Coinfeces
Relatório de Recomendação
Nº 854
PROTOCOLOS & DIRETRIZES
Elaboração
COORDENAÇÃO-GERAL DE VIGILÂNCIA DO HIV/AIDS E HEPATITES VIRAIS –
CGAHV/DATHI/SVSA/MS
COORDENAÇÃO-GERAL DE GESTÃO DE PROTOCOLOS CLÍNICOS E DIRETRIZES
TERAPÊUTICAS – CGPCDT/DGITS/SECTICS/MS
Comitê Gestor
Departamento de Gestão e Incorporação de Tecnologias em Saúde - DGITS
Coordenação-Geral de Gestão de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas - CGPCDT
Grupo Elaborador
COORDENAÇÃO-GERAL DE VIGILÂNCIA DO HIV/AIDS E HEPATITES VIRAIS –
CGAHV/DATHI/SVSA/MS
Draurio Barreira Cravo Neto Tatianna Meireles Dantas de Alencar
Ana Cristina Garcia Ferreira Beatriz Brittes Kamiensky
Maria Clara Gianna Garcia Ribeiro - Gustavo Luís Meffe Andreoli
Ronaldo Campos Hallal Romina do Socorro Marques de Oliveira
Colaboração:
Ana Roberta Pati Pascom - DATHI/SVSA
Álisson Bigolin - DATHI/SVSA
Camila Fernanda dos Santos Santana - CGZV/DEDT/SVSA
Fernanda Dockhorn Costa - CGTM/DATHI/SVSA
Francisco Álisson Paula de França - CGAHV/DATHI/SVSA
Guilherme Alves de Lima Henn - Universidade Federal do Ceará
Kathiely Martins dos Santos - CGZV/DEDT/SVSA
Leonor Henriette de Lannoy - CGIST/DATHI/SVSA
Lilian Nobre de Moura - CGAHV/DATHI/SVSA
Liliana Romero Veja - CGTM/DATHI/SVSA
Lisandra Serra Damasceno – Universidade Federal do Ceará
Marcela Vieira Freire – DATHI/SVSA
Marcelo Yoshito Wada - CGZV/DEDT/SVSA
Marcia Leite de Sousa Gomes - CGZV/DEDT/SVSA
Maria Adelaide Millington - CGTM/DATHI/SVSA
Mayara Maia Lima - CGZV/DEDT/SVSA
Mayra Gonçalves Aragón - CGIST/DATHI/SVSA
Nicole Menezes de Souza - CGTM/DATHI/SVSA
Orlando Marcos Farias de Sousa - CGZV/DEDT/SVSA
Pâmela Cristina Gaspar - CGIST/DATHI/SVSA
Paula Pezzuto - DATHI/SVSA
Rodrigo Ramos de Sena – CGDE/DEDT/SVSA
Rosalynd Moreira - CGZV/DEDT/SVSA
Swamy Lima Palmeira - CGZV/DEDT/SVSA
Tayrine Huana de Sousa Nascimento - CGAHV/DATHI/SVSA
Terezinha do Menino Jesus Silva Leitão - Universidade Federal do Ceará
Thiago Cherem Morelli - CGAHV/DATHI/SVSA
Veruska Maia da Costa - CGZV/DEDT/SVSA
Revisão
Coordenação-Geral de Gestão de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas - CGPCDT
Subcomissão Técnica de Avaliação de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas
Camila Francisca Tavares Chacarolli - CGPCDT/DGITS/SECTICS/MS
Marta da Cunha Lobo Souto Maior- Coordenadora Geral CGPCDT/DGITS/SECTICS/MS
Supervisão
Marta da Cunha Lobo Souto Maior- Coordenadora Geral CGPCDT/DGITS/SECTICS/MS
Luciene Fontes Schluckebier Bonan - DGITS/SECTICS/MS
3
Marco Legal
5
Apresentação
Deliberação inicial
Consulta Pública
7
Item Contribuição Resposta
as ações de vigilância, diagnóstico e diretrizes
terapêuticas da doença.
6 Item 3.2.1 – Teste Rápido molecular para Sugestão acatada.
Tuberculose Incluído link para material específico para TRM-
É importante reforçar que o TRM-TB é o teste TB:
inicial para o diagnóstico da tuberculose desde https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-
2020. Na prática, ainda vemos muitos conteudo/publicacoes/svsa/tuberculose/teste-
diagnósticos sendo buscados através da rapido-molecular-para-tuberculose-trm-
baciloscopia. Considero importante comentar as tb/@@download/file”
melhorias com o cartucho Ultra mas, para evitar
confusões, vale ressaltar que o cartucho foi
incorporado na rede pública substituindo a sua
versão anterior. Muitos colegas questionam
como devem proceder para solicitar o TRM-TB
no ultra.
7 Item 3.2.2 – LF-LAM: Reforçar que é um teste Sugestão acatada. Texto inserido:
de triagem para indivíduos gravemente doentes.
Dessa forma fica mais claro o porque o ponto de “Diante da sensibilidade e especificidade do LF-
corte de CD4 é mais alto nos pacientes LAM há necessidade de incluí-lo em um conjunto
internados. de ações para o rastreio e diagnóstico de
tuberculose. A indicação seguindo a contagem de
LT-CD4 tem como objetivo aumentar a
sensibilidade do teste.”
8 Item 3.2.3 – Infecção latente pelo Sugestão não acatada.
Mycobacterium tuberculosis O texto enfatiza que não há indicação de realizar
No segundo parágrafo reiterar que a PT pode teste tuberculínico em PVHA com CD4 abaixo de
apresentar falsos negativos em PVHA com 350 células/mm3.
CD4<350 cels/mm³.
No primeiro parágrafo após o quadro 2. Reiterar Sugestão não acatada para o Quadro 2.
que, os dois testes marcam contato com O texto já enfatiza as indicações de uso e a
tuberculose, sendo assim a forma ativa da doença interpretação dos resultados.
deve ser descartada obrigatoriamente antes do
início do tratamento da ILTB. Ademais, Sugestão não acatada para o Quadro 3. O texto
considerando que vivemos em um país de alta apresenta a posologia adequada e está de acordo
carga de tuberculose, os testes não devem ser com o relatório de recomendação da Conitec.
utilizados para rastreio de TB ativa. Muitos
profissionais de saúde ainda solicitam IGRA para
investigar doença pulmonar ativa. Sugestão acatada parcialmente. Foi grifada a
No quadro três, linha dois. A descrição está palavra “Exceto” no respectivo quadro para
correta mas, pode gerar confusão em quem é destacar e evitar interpretação equivocada.
menos habituado com o tratamento de ILTB.
Sugiro reescrever detalhadamente. Ex.: dose
única diária administrada ao longo de 6 a 9 meses
até completar 180 doses.
No quadro três, linha 4. O texto pode gerar
interpretação equivocada e levar o leitor a
acreditar que deve tratar contatos de TB
monorresistente à isoniazida com isoniazida.
Sugiro da ênfase nas indicações e fazer uma nova
linha para as contra-indicações.
9 Item 3.4.1 – Tratamento da tuberculose em Sugestão parcialmente acatada. Foi referenciado o
PVHA. Manual para Controle da Tuberculose para
Considerando as bases farmacológicas do informações adicionais.
tratamento da TB, a fase de ataque tem por
objetivo eliminar os bacilos de crescimento
rápido. Desta forma a fase de ataque dura pelo
menos dois meses e a fase de manutenção só
8
Item Contribuição Resposta
inicia após baciloscopia negativa. É importante
reforçar que para troca de fase devem ser
atingidos os dois objetivos: dois meses e
bacilosocpia negativa. Caso seja necessário a
fase de ataque deverá ser prolongada.
10 Sugestões de alteração no Capítulo de Doença de Sugestões acatadas. Texto ajustado.
Chagas.
11 “Sim, sugiro que seja proposto a terapia Sugestão não acatada.
combinada para LV/HIV (ou que se pense no No momento, não há evidências científicas que
assunto como forma de estudo clínico), assim justifiquem o uso da terapia combinada. Novas
como já ocorre no leste da África e na Índia, evidências poderão respaldar nova atualização
seguindo orientações da OMS para aquelas sobre o tema.
regiões. Vemos que os pacientes LV/HIV
possuem difícil manejo, com lata taxa de
letalidade e de recidiva, mesmo utilizando
anfotericina B lipossomal. Temos visto bons
desfechos em pacientes LV/HIV que fazem
terapia combinada aqui no RN”
12 Título “Condições que indicam a necessidade de Sugestão acatada, reajustado o título do quadro.
investigação de leishmaniose (tegumentar e
visceral)”.
Deliberação final
10
Decisão
MINISTÉRIO DA SAÚDE
SECRETARIA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA, INOVAÇÃO E COMPLEXO DA
SAÚDE
Art. 1º Fica aprovado, no âmbito do Sistema Único de Saúde - SUS, o Protocolo Clínico
e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em Adultos: Módulo 2 Coinfecções
e Infecções Oportunistas.
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
COINFECÇÕES
Sendo a TB uma infecção de alta prevalência entre PVHA, sua presença deve ser investigada
em todas as oportunidades de atendimento a esse grupo. Também é necessário realizar o teste
para diagnóstico de infecção pelo HIV em todas as pessoas com diagnóstico de TB.
3.1. Epidemiologia
13
Desde 1998, recomenda-se testar o usuário imediatamente para infecção pelo HIV assim
que for realizado o diagnóstico de TB, possibilitando o início imediato da TARV. A partir de
2013, com a disponibilidade ampliada de testes imunocromatográficos para diagnóstico da
infecção pelo HIV (teste rápido), estes passaram a ser o método preferencial para testagem de
pessoas com diagnóstico recente de TB 3, evitando com isso retardar o início da TARV.
É importante destacar que, segundo a OMS, o Brasil encontra-se entre os 30 países com
alta carga para TB e TB-HIV, sendo necessárias medidas estritas para o controle da doença1,2.
As ações prioritárias destinadas às pessoas com TB e às PVHA são:
GARANTIR ÀS PVHA:
- Identificação precoce dos sintomas de TB com seu diagnóstico e instituição do tratamento
oportunamente.
- Realização da prova tuberculínica ou IGRA anual (conforme suas indicações);
- Acesso oportuno ao tratamento da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis;
- Tratamento da ILTB para PVHA.
O início célere da TARV nas PVHA é também uma estratégia de prevenção da TB, uma
vez que a terapia diminui a incidência de TB nessa população, devendo ser instituída sem demora
4
.
O diagnóstico e o tratamento da ILTB em PVHA é essencial para minimizar o risco de
adoecimento. A estratégia de controle da coinfecção TB-HIV está pautada no diagnóstico precoce
de ambas as afecções e na garantia de tratamento adequado à pessoa, de forma oportuna.
3.2. Diagnóstico
A TB deve ser investigada em todas as visitas das PVHA aos serviços de saúde. A presença de
febre, sudorese noturna, emagrecimento e/ou tosse, independentemente do tempo de duração,
deve ser avaliada em todas as consultas de rotina.
O teste rápido molecular para TB (TRM-TB) e a baciloscopia devem sempre ser acompanhados
da realização de cultura, identificação da espécie e realização de teste de sensibilidade (TS)
frente à suspeita de TB pulmonar ou extrapulmonar, utilizando, quando necessário, o escarro
induzido ou exame de broncoscopia para coleta de lavado broncoalveolar.
3.2.2. LF-LAM
16
gástrico, urina, líquidos (pleural, sinovial, peritoneal,
pericárdico, ascítico e cefalorraquidiano), fragmento
de órgãos, fragmentos cutâneos, fragmentos ósseos,
sangue, aspirados (de medula, de linfonodos, de
tumores), fezes, pus e secreções.
Adenosina deaminase (ADA) (c) Líquido pleural, líquido pericárdico
Em PVHA, para todas as amostras biológicas obtidas na investigação de TB recomenda-
se realizar a cultura para Mycobacterium tuberculosis com teste de sensibilidade.
Fonte: CGTM/SVSA/MS.
(a) O teste rápido molecular para tuberculose é um teste baseado na reação em cadeia da polimerase. Difere
do PCR convencional por ser em tempo real. É capaz de amplificar o DNA de micobactérias vivas e mortas.
(b) PVHA com sintomas sugestivos de TB pulmonar e/ou extrapulmonar seguindo os critérios para
solicitação do LF-LAM.
(c) O ADA é considerado um exame auxiliar no diagnóstico da TB pleural. Baseia-se na determinação da
atividade da adenosina-deaminase.
As PVHA estão entre os grupos de maior risco para adoecimento por TB1,2. Em PVHA,
a instituição do tratamento da ILTB reduz o risco da progressão para a doença 10. O tratamento
da ILTB reduz significativamente o risco, nos anos seguintes, de desenvolvimento de
tuberculose em PVHA com PT positiva ou IGRA positivo 11,12. O tratamento da ILTB
associado à TARV é o cenário de maior benefício para a proteção.
A ILTB pode ser identificada por meio da realização da PT, mediante a inoculação do
derivado proteico purificado (PPD). A PT é considerada positiva se o resultado da leitura for igual
ou maior que 5 mm.
Outro método para detecção de ILTB é a realização do teste de liberação interferon-gama
(do inglês interferon gamma release assay - IGRA) IGRA, que faz a detecção de interferon-gama
liberado pelas células T após exposição aos antígenos do M. tuberculosis in vitro. O resultado
pode ser reagente, não reagente ou indeterminado e está indicado para PVHA com contagem de
LT-CD4 acima de 350 células/mm³, assim como a realização da PT.
As indicações para tratamento da ILTB, após exclusão de tuberculose ativa, estão
resumidas no Quadro 2. Pessoas com histórico prévio de tuberculose e de tratamento para ILTB
não necessitam novo tratamento, exceto quando identificada nova exposição de risco, como ser
contato de pessoa com TB ativa. Nessa situação não há necessidade de realizar a PT ou o IGRA,
afastada a TB ativa, realizar o tratamento da ILTB.
17
Contatos de TB pulmonar com confirmação laboratorial.
Registro documental de ter tido PT igual ou maior que 5 mm ou IGRA positivo e não submetido ao
tratamento da ILTB na ocasião
Radiografia de tórax com cicatriz radiológica de TB, sem tratamento anterior para TB
PT maior ou igual a 5 mm ou IGRA positivo em PVHA com contagem de LT-CD4+ maior que 350
células/mm3
Fonte: CGTM/SVSA/MS.
Os dois testes não fazem distinção entre a forma ativa e a forma latente da tuberculose,
assim como um resultado negativo (IGRA negativo e PT menor que 5 mm) não exclui doença
ativa.
Todas as PVHA com contagem de LT-CD4+ menor ou igual a 350 célular/mm3 tem
indicação de tratamento para ILTB, sem necessidade da realização de PT ou IGRA.
18
Esquemas de tratamento
Características
6H1 9H1 3HP1 4R1
Tempo de
6 meses 9 meses 3 meses 4 meses
tratamento
180 doses 270 doses
12 doses semanais 120 doses diárias entre
Número de doses diárias entre 6 diárias entre 9
entre 12 a 15 semanas 4 a 6 meses
a 9 meses a 12 meses3
Em adultos (a partir Em adultos:
de 30 kg): 10 mg/kg de peso, até
5 a 10 mg/kg de peso até a dose - Isoniazida: 900 a dose máxima de 600
Posologia
máxima de 300 mg/dia2. mg/semana mg/dia
- Rifapentina: 900
mg/semana
Todas as indicações
da ILTB, incluindo
PVHA (ver interações
com antirretrovirais),
sob tratamento
diretamente observado
(TDO) durante todo o
Indivíduos com mais
tratamento ou com
Todas as indicações da ILTB, de 50 anos,
tratamento
exceto efeitos adversos graves hepatopatas, contatos
autoadministrado
com isoniazida, contatos de de pessoas com TB
Indicação sendo organizadas
monorresistentes à isoniazida, monorresistente à
estratégias de adesão4.
hepatopatas e pessoas acima de isoniazida e
50 anos. intolerância à
Não utilizar em
isoniazida.
contatos de pessoas
com TB
monoressistência à
isoniazida ou à
rifampicina e
intolerância à
isoniazida.
Pode ser usada com segurança Não recomendada a
Uso em na gestação, incluir durante todo sua utilização na Pode ser usado com
5
gestantes o tratamento o uso de piridoxina gestação por falta de segurança na gestação.
(Vit B6) entre 50 a 100 mg/dia. estudos com gestantes.
Contraindicado o uso
com inibidores de
Contraindicada com
protease (IP),
IP, nevirapina e
nevirapina e tenofovir
tenofovir alafenamida.
alafenamida.
Interações com Sem interações importantes,
Pode ser usado com
antirretrovirais usar na dose habitual. Pode ser usada com
Tenofovir, efavirenz,
dolutegravir e
dolutegravir e
raltegravir com ajuste
raltegravir sem
da dose6.
necessidade de ajuste
da dose.
Reações de Reações de
Reações
Hepatotoxicidade, neuropatia hipersensibilidade, hipersensibilidade,
adversas mais
periférica, rash cutâneo, náuseas hepatotoxicidade hepatoxicidade (menos
frequentes
(menos frequente), frequente),
19
Esquemas de tratamento
Características
6H1 9H1 3HP1 4R1
cefaleia, rash cutâneo, plaquetopenia, rash
náuseas, coloração cutâneo, náuseas,
avermelhada de suor, coloração avermelhada
urina e lágrima. de suor, urina e
lágrima.
Fonte: CGTM/SVSA/MS
1- 6H: 6 meses de isoniazida; 9H: 9 meses de isoniazida; 3HP: 3 meses de rifapentina mais
isoniazida; 4R: 4 meses de rifampicina.
2- Isoniazida (H): disponível em comprimidos de 100 e 300 mg (uso restrito); Rifampicina (R):
disponível 300 mg em cápsula; Rifapentina (P): disponível comprimido 150 mg.
3- O esquema com 270 doses possui melhor eficácia quando comparado com o esquema 180
doses
4- Quando em tratamento autoadministrado, utilizar alternativas para estimular e monitorar a
adesão ao tratamento, como ligações telefônicas, mensagens de celular, chamadas de vídeo,
contagem dos comprimidos ao retorno às consultas e quando possível, o apoio de familiares.
Nessa situação, preferir consultas mensais para avaliação.
5- Ver indicações para o tratamento da ILTB em gestantes no Manual de Recomendações para o
Controle da Tuberculose no Brasil (2ª edição atualizada, 2019).
6- Ajuste da dose: dolutegravir 50 mg de 12/12h; raltegravir 800 mg de 12/12h.
Vale salientar que o mais importante é o número de doses e não somente o tempo de
tratamento.
FASES DO
MEDICAMENTOS FAIXA DE PESO UNIDADE/DOSE MESES
TRATAMENTO
RHZE 20 a 35 kg 2 comprimidos
Intensiva 150/75/400/275 mg 36 a 50 kg 3 comprimidos
2
(2RHZE)(a) Comprimido em dose 51 a 70 kg 4 comprimidos
fixa combinada Acima de 70 kg 5 comprimidos
1 comprimido de
300/150 mg ou 2
20 a 35 kg
comprimidos de 150/75
mg
1 comprimido de
300/150 mg + 1
36 a 50 kg comprimido de 150/75
RH 300/150 mg ou mg ou 3 de comprimidos
Manutenção 150/75 mg de 150/75 mg
4
(4RH)(b) Comprimido em dose 2 comprimidos de
fixa combinada 300/150 mg ou 4
51 a 70 kg
comprimidos de 150/75
mg
2 comprimidos de
300/150 mg + 1
Acima de 70 kg comprimido de 150/75
mg ou 5 comprimidos de
150/75 mg
Fonte: CGTM/SVSA/MS.
(a) RHZE: combinação de rifampicina (R), isoniazida (H), pirazinamida (Z) e etambutol (E).
(b) RH: combinação de rifampicina (R) e isoniazida (H).
O melhor momento para o início da TARV, em pessoas coinfectadas por TB-HIV, foi
avaliado por ensaios clínicos multicêntricos e uma recente revisão sistemática.
Recomenda-se o início da terapia antirretroviral em ATÉ sete dias após o início do tratamento
para TB, independentemente da contagem de LT-CD4.
23
I. Pessoas que são diagnosticadas concomitantemente com ambas as afecções – sem
uso de TARV ou sem tratamento de TB:
Nesse cenário, há indicação de tratamento da TB e ARV. O tratamento para tuberculose
deverá ser instituído imediatamente e o tratamento ARV deve ser instituído em até uma semana
para PVHA sem evidência de meningite tuberculosa.
Nos casos de meningite tuberculosa, o início da TARV deve ocorrer, usualmente, após a
4ª semana de tratamento para a tuberculose. Em locais que disponham de especialistas e
acompanhamento frequente para avaliação de eventos adversos e SIRI, a introdução da TARV
pode ser mais precoce, principalmente nas PVHA com CD4 <50 células/mm3. Por outro lado,
locais com dificuldade para acessar serviços e profissionais especializados, o tempo pode ser
estendido. (Informações complementares estão disponíveis no Módulo 1 do PCDT).
25
SITUAÇÃO RECOMENDAÇÃO
medicamento resistente à
TB
Fonte: DATHI/SVSA/MS.
(a) Em caso de contraindicação ao tenofovir, ver item Como iniciar.
(b) IP + RTV não é recomendado em PVHA em uso de rifampicina. Nos casos de necessidade de
uso de IP + RTV, manter IP + RTV na dose habitual e substituir a rifampicina pela rifabutina.
PVHA em interrupção de tratamento de tratamento, que retornam para acompanhamento
e PVHA em falha virológica que apresentam coinfecção com tuberculose devem seguir as
recomendações abordadas no Módulo 1 do PCDT para manejo do HIV.
A SIRI pode ocorrer em pessoas com coinfecção TB-HIV que iniciam TARV. É um
evento relativamente comum, podendo estar presente entre 8% e 43% dos casos no início da
TARV17.
Pode ocorrer por resposta paradoxal ou desmascaramento, levando a uma resposta
inflamatória exacerbada, a qual estimula a formação de granulomas, resultando em agravamento
de lesões pré-existentes ou aparecimento de novos sinais, sintomas ou achados radiológicos de
novas lesões, tais como linfadenomegalias com sinais flogísticos, que podem evoluir para
fistulização e compressão de estruturas nobres ou levar à perfuração de órgãos (como o intestino).
Esse fenômeno ocorre em resposta a antígenos micobacterianos e não caracteriza falha no
tratamento da TB nem no da TARV18–21.
O diagnóstico de SIRI pressupõe a exclusão de fatores como: resistência aos
medicamentos para tratamento da TB, baixa adesão ao tratamento e outros diagnósticos
diferenciais definidores de aids.
O tratamento da SIRI é feito com corticoterapia nos casos moderados a graves. A dose de
prednisona mais frequentemente utilizada é de 1 a 2 mg/kg dia, por um período de duas semanas,
seguida de uma redução de 0,75 mg/kg/dia por mais duas semanas 22,23.
Não existe indicação para interromper a TARV ou o tratamento da TB para obter
melhora da SIRI.
O início concomitante do tratamento da TB e da TARV continua sendo contraindicado,
uma vez que pode aumentar o risco de intolerância e toxicidade, dificultando a identificação de
medicamentos envolvidos e piorando a adesão.
26
3.6. Reações adversas associadas aos medicamentos para
tratamento da TB e aos ARV
REAÇÕES
TARV TB OBSERVAÇÕES
ADVERSAS
Sintomas transitórios (2-
Terizidona,
Confusão mental, 3 semanas); se não
isoniazida,
insônia, pesadelos, Efavirenz houver melhora,
etionamida e
tonturas considerar a substituição
fluoroquinolonas
de medicamentos
Avaliar a influência de
circunstâncias
socioeconômicas;
Terizidona,
antidepressivos; reduzir
fluoroquinolonas,
Depressão Efavirenz a dosagem de
etionamida,
medicamentos; se
isoniazida
possível, avaliar a
substituição de
medicamentos
Zidovudina,
Efavirenz, Diagnóstico diferencial
Atazanavir + com outras doenças
Terizidona,
Cefaleia Ritonavir, infecciosas;
fluoroquinolonas
Lopinavir/ritonavir, sintomáticos;
Tipranavir, autolimitada
Raltegravir
Etionamida, ácido Hidratação;
Atazanavir +
paraminossalissílic sintomáticos; a
Ritonavir,
o (PAS), necessidade de retirada
Náuseas e vômitos Darunavir +
fluoroquinolonas, do medicamento é
ritonavir,
pirazinamida, incomum; avaliar a
Raltegravir
isoniazida e outros função hepática
Avaliar pancreatite,
Clofazimina,
Dor abdominal Todos hepatotoxicidade e
etionamida, PAS
acidose lática
Efavirenz,
Pirazinamida, Interrupção até a
Atazanavir +
rifampicina, resolução; considerar
Ritonavir,
Hepatotoxicidade isoniazida, PAS, substituir os
Etravirina,
etionamida, medicamentos mais
Darunavir +
fluoroquinolonas hepatotóxicas
Ritonavir
Abacavir, Isoniazida,
Suspender o esquema;
Rash cutâneo Efavirenz, rifampicina,
sintomáticos;
Atazanavir + pirazinamida, ácido
27
REAÇÕES
TARV TB OBSERVAÇÕES
ADVERSAS
Ritonavir, paraminossalissílic reintrodução do abacavir
Entravirina, o sempre contraindicada
Enfuvirtida, (PAS),
Maraviroque fluoroquinolonas e
outros
Zidovudina, Suspender os
Acidose lática Linezolida
Lamiduvina medicamentos
Suspender os
medicamentos; reajustar
Nefrotoxicidade Tenofovir Aminoglicosídeos as doses dos demais de
acordo com o clearance
de creatinina
Suspender os
Linezolida, medicamentos mais
Mielodepressão Zidovudina rifampicina (rara), agressivos (zidovudina e
isoniazida (rara) linezolida); monitorar
hemograma
Fonte: DATHI/SVSA/MS.
A coinfecção HIV-vírus da hepatite C (HCV) foi responsável por 8,3% (17.788) dos casos
notificados de HCV entre os anos de 2007 a 2021, observando redução no percentual de
coinfecção ao longo do período, sendo de 7,6% em 202124.
As principais formas de transmissão do HCV são 25–32:
- Via parenteral:
- Compartilhamento de agulhas, seringas
- Falha na esterilização de equipamentos
- Reutilização de materiais
- Sangue e derivados
28
- Transmissão sexual (sem uso de preservativo): mais comumente observada entre homens
que fazem sexo com homens (HSH), especialmente naqueles com HIV.
Todas as PVHA que iniciam o tratamento devem ser testadas para hepatite C e a
triagem deve ser anual ou com intervalos menores nos casos em que há exposição de risco.
Pessoas coinfectadas com HCV-HIV devem ser vacinadas contra hepatite A e B, se
suscetíveis a essas doenças, considerando os ajustes de doses e a realização da sorologia pós-
vacinação para hepatite B.
Paciente com histórico de tratamento para HCV com resposta virológica sustentada
(RVS) devem ser monitorados por meio da avaliação das transaminases (ALT e AST). Nos casos
em que há exposição sexual desprotegida, outra vulnerabilidade para a aquisição de hepatite C ou
alteração laboratorial, recomenda-se avaliação anual de reinfecção e coleta de HCV-RNA33.
O tratamento da infecção pelo vírus da hepatite C está em rápida evolução. Os dados
sugerem que os pacientes coinfectados com HIV-HCV tratados com os novos esquemas de
medicamentos orais têm taxas de RVS comparáveis às dos pacientes monoinfectados com HCV
4,34
.
As atuais alternativas terapêuticas disponíveis para o tratamento da hepatite C apresentam
alta efetividade terapêutica e são comparáveis entre si em situações clínicas semelhantes. Apenas
algumas características as diferenciam, tais como: indicações para determinadas populações,
diferenças inerentes à comodidade posológica e o preço praticado pelas indústrias fabricantes.
São priorizadas alternativas com menor impacto financeiro ao sistema, sem deixar de
garantir o acesso a terapias seguras e eficazes às pessoas com hepatite C.
O tratamento da hepatite C crônica está indicado a todos os pacientes adultos coinfectados pelo
HIV, independentemente da contagem de LT-CD4+ ou do grau de fibrose hepática.
Todas as PVHA devem ser triadas para infecção pelo vírus da Hepatite B (HBV) e vacinadas
se susceptíveis a essa infecção.
Portadores de coinfecção HIV-HBV devem ser orientados a evitar o consumo de álcool e outras
substâncias hepatotóxicas.
Pacientes portadores de coinfecção HIV-HBV que sejam susceptíveis à infecção pelo vírus da
hepatite A (HAV) devem ser vacinados.
29
A coinfecção pelo HIV tem um profundo impacto no curso da infecção pelo HBV,
influenciando na história natural da doença. Há uma progressão mais rápida para cirrose e
carcinoma hepatocelular (CHC), maior mortalidade relacionada à doença hepática e pior resposta
ao tratamento em comparação com pessoas vivendo com HBV não infectadas pelo HIV 4,36.
Em pacientes coinfectados, o HIV aumenta a replicação do HBV, levando à forma mais
grave de doença hepática. Uma vez portador do HBV, o indivíduo tende a evoluir com menores
taxas de soroconversão espontânea do HBeAg/anti-HBe e HBsAg/anti-HBs, além de apresentar
altas taxas de replicação viral 37–39 .
O tenofovir é um ARV com atividade contra o HIV e contra o HBV, diminuindo o risco
de progressão para cirrose e CHC.
Pacientes portadores de coinfecção HIV-HBV devem ter sua TARV estruturada com tenofovir.
Nos casos de modificação de TARV por falha virológica ao HIV, o tenofovir deverá ser
mantido como tratamento contra o HBV, em combinação com outros ARV com atividade
adequada à supressão viral do HIV.
30
Pacientes coinfectados HIV/HBV podem evoluir com “HBV oculto”44, caracterizado por
baixa carga viral (CV)-HBV e HBsAg não reagente, estando autorizada a realização semestral de
exame para quantificação da CV-HBV para elucidação diagnóstica45.
Sífilis e HIV
Todas as PVHA com vida sexual ativa devem ser rastreadas a cada seis meses para sífilis.
Em pessoas com prática sexual de risco (múltiplos parceiros, abuso de drogas lícitas ou ilícitas,
parcerias anônimos e/ou desconhecidos, troca de sexo por dinheiro)56.
O rastreamento deve ser realizado com o teste disponível no local e seguir os fluxogramas
disponíveis no Manual técnico para diagnóstico da sífilis vigente 59.
O TR disponibilizado pelo Ministério da Saúde é do tipo treponêmico, os quais são os
mais indicados para iniciar a investigação de sífilis, por serem os primeiros testes imunológicos
a se tornarem reagentes. No entanto, para avaliar a atividade da doença, os testes treponêmicos
31
são insuficientes, sendo necessária a complementação por meio de teste não treponêmico (ex:
VDRL, RPR).
EO diagnóstico de sífilis sinaliza a necessidade de avaliação para outras IST e hepatites
virais.
Os TR são práticos e de fácil execução, com leitura do resultado em, no máximo, 30 minutos.
Podem ser realizados com amostras de sangue total colhidas por punção digital ou venosa. Têm
a vantagem de serem realizados no momento da consulta, possibilitando tratamento imediato.
As manifestações clínicas da sífilis nas PVHA são geralmente semelhantes às das pessoas
sem infecção pelo HIV, com algumas particularidades que serão abordadas no Quadro 10.
Cerca de um terço das infecções por sífilis em PVHA são assintomáticas.
A úlcera genital da sífilis primária é tipicamente indolor, por vezes não é percebida,
devido à localização de difícil visualização (como por exemplo: vagina, colo do útero, ânus, reto,
cavidade oral). Essas características contribuem para a persistência da sua transmissão, pois é nos
estágios mais precoces (sífilis primária e secundária) que se observa maior infectividade.
A infecção pela sífilis é dividida em estágios baseados em achados clínicos, que orientam
tanto o tratamento como o seguimento dos infectados.
Quadro 10: Estágios clínicos da sífilis.
Estágio Duração Manifestações clínicas 60–64
- Cancro duro: nódulo indolor único no local do contato, que se
ulcera rapidamente. Pode ser observado na genitália, períneo, ânus, reto,
10 – 90 dias
orofaringe, lábios, mãos;
Primária (média 21
- A lesão é rica em treponemas
dias)
- Particularidades em PVHA: Nódulos múltiplos ou atípicos;
eventual ausência de manifestação inicial
- Sinais e sintomas sistêmicos: febre, perda ponderal, mialgia,
linfonodomegalia, mal-estar, adinamia;
- Rash cutâneo: morfologia variada, pode ser disseminado,
acomete principalmente na palma das mãos e planta dos pés;
6a8
Secundária - Condiloma plano ou condiloma lata: lesões pápulo-hipertróficas
semanas
nas mucosas ou pregas cutâneas;
- Alopecias e madarose
- Particularidades em PVHA: Progressão mais rápida e/ou extensa;
“Sífilis maligna” ou sífilis ulceronodular.
Recente - Assintomática;
(até 1 ano) - Podem ocorrer relapsos de lesões de secundarismo;
Latente Tardia - Grande parte dos diagnósticos ocorre nesse estágio, observando
(Maior que reatividade dos testes imunológicos que detectam anticorpos.
1 ano)
32
Estágio Duração Manifestações clínicas 60–64
- Neurossífilis: paresias, tabes dorsalis, perda de visão, perda
Mais que 1 auditiva e alterações psiquiátricas.
ano até - Sífilis ocular;
décadas - Cardiovascular: dilatação aórtica, regurgitação aórtica, estenose
Terciária
após a do óstio carotídeo;
infecção - Goma sifilítica: tumorações (com tendência a liquefação) na pele,
primária mucosas, ossos ou qualquer tecido
- Particularidades PVHA: Uveíte ou meningite são mais comuns
Fonte: DATHI/SVSA/MS
Diante de um indivíduo com diagnóstico confirmado de sífilis em que não seja possível
inferir a duração da infecção, deve-se tratar o caso como sífilis latente tardia.
5.2.1. Neurossífilis
33
5.3. Diagnóstico e interpretação laboratorial
O diagnóstico da infecção pela sífilis exige uma correlação entre dados clínicos,
resultados de testes laboratoriais, histórico de infecções passadas e investigação de exposição
recente.
Os testes laboratoriais utilizados para o diagnóstico da sífilis são divididos em duas
categorias: exames diretos e testes imunológicos. No momento da escolha dos testes, é importante
considerar não somente os testes disponíveis, mas também o provável estágio da sífilis a ser
diagnosticado. Os testes imunológicos são os mais utilizados na prática clínica.
O Quadro 11 apresenta os principais testes laboratoriais empregados no diagnóstico da
infecção por sífilis e suas categorias.
Para estabelecer o diagnóstico, são necessários, pelo menos, dois testes imunológicos. As
possíveis interpretações relacionadas aos testes diagnósticos são abordadas no Quadro 12.
34
Quadro 12: Resultados de testes treponêmicos e não treponêmicos, interpretação e conduta
35
PRIMEIRO TESTE
+ POSSÍVEIS INTERPRETAÇÕES CONDUTA
TESTE COMPLEMENTAR
36
PRIMEIRO TESTE
+ POSSÍVEIS INTERPRETAÇÕES CONDUTA
TESTE COMPLEMENTAR
Realiza-se um terceiro teste treponêmico com metodologia Quando sífilis: tratar, realizar monitoramento com
diferente do primeiro. teste não treponêmico e avaliar critério de notificação
• Se reagente: diagnóstico de sífilis ou de sífilis.
cicatriz sorológica. Quando confirmado caso de cicatriz sorológica:
• Se não reagente: considera-se resultado apenas orientar.
falso-reagente para o primeiro teste, sendo excluído Para os casos concluídos como ausência de sífilis:
o diagnóstico de sífilis. apenas orientar.
Se o terceiro teste treponêmico não estiver disponível,
avaliar exposição de risco, sinais e sintomas e histórico de
Teste Teste não tratamento para definição de conduta.
treponêmico: + treponêmico:
reagente não reagente
37
PRIMEIRO TESTE
+ POSSÍVEIS INTERPRETAÇÕES CONDUTA
TESTE COMPLEMENTAR
Realiza-se um terceiro teste treponêmico com metodologia Quando sífilis: tratar, realizar monitoramento com
diferente do primeiro. teste não treponêmico e avaliar critério de notificação
O resultado final do fluxograma será definido pelo resultado de sífilis.
desse terceiro teste. Quando confirmado caso de cicatriz sorológica:
• Se reagente, diagnóstico de sífilis ou apenas orientar.
Teste não
Teste treponêmico: cicatriz sorológica. Para os casos concluídos como ausência de sífilis:
treponêmico: + apenas orientar.
reagente
não reagente • Se não reagente, considera-se resultado
falso-reagente para o primeiro teste, sendo excluído
o diagnóstico de sífilis.
Se o terceiro teste treponêmico não estiver disponível,
avaliar exposição de risco, sinais e sintomas e histórico de
tratamento para definição de conduta.
38
PRIMEIRO TESTE
+ POSSÍVEIS INTERPRETAÇÕES CONDUTA
TESTE COMPLEMENTAR
Teste não Não realizar teste Ausência de infecção ou período de incubação (janela Em caso de suspeita clínica e/ou epidemiológica,
treponêmico: complementar se o imunológica) de sífilis recente. solicitar nova coleta de amostra em 30 dias.
não reagente primeiro teste for não Isso não deve, no entanto, retardar a instituição do
ou + reagente e se não tratamento, caso o diagnóstico de sífilis seja o mais
Teste houver suspeita provável (ex.: visualização de úlcera anogenital) ou o
treponêmico: clínica de sífilis retorno da pessoa ao serviço de saúde não possa ser
não reagente primária garantido.
Fonte: DATHI/SVSA/MS.
39
5.3.1. Possíveis dúvidas diagnósticas
Para pacientes com testes não treponêmicos reagentes com títulos baixos, normalmente
menor ou igual a 1:4, se faz necessária a diferenciação entre: diagnóstico de sífilis, resposta
imunológica benigna (cicatriz sorológica) ou teste falso positivo.
- Cicatriz sorológica: persistência de resultados reagentes nos testes treponêmicos e/ou
nos testes não treponêmicos com baixa titulação após o tratamento adequado para sífilis,
afastada a possibilidade de reinfecção. Utilizado para as situações em que a pessoa,
comprovadamente tratada, apresenta queda da titulação em duas diluições, mas ainda
mostra reatividade nos testes. Nesses casos, os testes treponêmicos tendem a ser
reagentes, e os testes não treponêmicos quantitativos apresentam baixos títulos (menor
ou igual a 1:4).
- Teste falso-reagente: algumas situações podem gerar quadros de testes não
treponêmicos falso-reagentes, os quais podem ser transitórios ou permanentes.
Situações que podem gerar resultados Situações que podem gerar resultados
falso-reagentes transitórios falso- reagentes permanentes
- Algumas doenças infecciosas febris (ex: - Infecção pelo HIV;
malária, hepatite, varicela e sarampo); - Hepatite crônica;
- Após imunizações; - Doenças autoimunes;
- Após infarto do miocárdio; - Uso de drogas injetáveis;
- Gravidez. - Hanseníase;
- Idade avançada.
Fonte: Adaptado de Manual técnico para diagnóstico da sífilis, 2021.
A interpretação como sífilis recente (“aguda”) ou tardia (“crônica”) com base nas porções
IgM e IgG dos testes treponêmicos é equivocada, uma vez que na infecção pelo T. pallidum tal
correlação não é válida.
40
Efeito Prozona: relação desproporcional entre as quantidades de
antígenos e anticorpos resentes na reação não treponêmica, gerando resultados
falso-não reagentes. Por esse motivo, é fundamental que, todas as vezes que se
realizar qualquer teste não treponêmico, a amostra seja sempre testada pura e na
diluição 1:8.
Deve-se buscar o diagnóstico por formas alternativas e solicitar testes treponêmicos (teste
rápido), bem como eventuais exames diretos da lesão. O fenômeno de prozona não ocorre nos
testes treponêmicos.
Mais informações sobre testes diagnósticos de sífilis podem ser encontradas no “Manual
técnico para o diagnóstico da sífilis”, disponíveis em: https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de-
conteudo/manuais-tecnicos-para-diagnostico.
A avaliação do líquor pode ser considerada para PVHA assintomáticos com contagem de
LT-CD4 ≤ 350 células/mm3 e/ou presença de títulos maior ou igual a 1:32 no teste não
treponêmico sérico e sem uso de TARV. No entanto, há controvérsias sobre os benefícios de
realizar rotineiramente a punção lombar, sem sinais ou sintomas neurológicos.
Os achados mais frequentes no líquido cefalorraquidiano (LCR) nos pacientes com
neurossífilis podem ser encontrados em indivíduos com HIV mesmo sem neurossíflis, o que
dificulta o diagnóstico e incluem:
41
5.4. Tratamento
SEGUIMENTO
ESQUEMA (a)
ESTADIAMENTO ALTERNATIVA (teste não
TERAPÊUTICO
treponêmico)
Benzilpenicilina
Sífilis recente: primária, benzatina 2,4 milhões Teste não treponêmico
Doxiciclina 100 mg,
secundária e latente UI, via intramuscular trimestral (em gestantes,
VO, 12/12 horas, por 15
recente (Menos de 1 ano (IM), dose única (1,2 o controle deve ser
dias (exceto gestantes)
de evolução) milhão UI em cada mensal)
glúteo)
Benzilpenicilina
Sífilis tardia: latente
benzatina 2,4 milhões Teste não treponêmico
tardia (Mais de1 de ano Doxiciclina 100 mg,
UI, via IM, dose trimestral (em gestantes,
de evolução) ou latente VO, 12/12 horas, por 30
semanal, por 3 semanas. o controle deve ser
com duração ignorada e dias (exceto gestantes)
Dose total: 7,2 milhões mensal)
sífilis terciária
UI, IM
Benzilpenicilina
potássica/cristalina 18 a
24 milhões UI/dia,
1x/dia, por via Ceftriaxona 2 g, via IV, Exame de LCR a cada 6
Neurossífilis
intravenosa (IV), 1x/dia, por 10 a 14 dias meses até normalização
administrada em doses
de 3 a 4 milhões UI, a
cada 4 horas, por 14 dias
Fonte: DATHI/SVSA/MS
(a) A benzilpenicilina benzatina é a única opção segura e eficaz para o tratamento adequado das
gestantes. Em não gestantes, o intervalo entre doses não deve ultrapassar 14 dias. Caso isso ocorra,
o esquema deve ser reiniciado.
Ocorre nas primeiras 24 a 48 horas após o tratamento para sífilis e caracteriza-se por
reação febril, que pode ser acompanhada de cefaleia, mialgia, sudorese, hipotensão e piora das
lesões de pele se inicialmente presentes. A reação normalmente é autolimitada e resolve-se
dentro de 12 a 24 horas. Ocorre mais frequentemente após o tratamento da sífilis recente. A
coinfecção com HIV não altera o tipo e intensidade da reação. Não há como prevenir a reação,
mas podem ser orientados cuidados sintomáticos com antipiréticos 75,76.
Muitas vezes, em situações que não se enquadram como resposta imunológica adequada,
é difícil diferenciar a reinfecção, a reativação e a resposta imunológica benigna, sendo
fundamental a avaliação da presença de sinais ou sintomas clínicos novos, epidemiologia
(reexposição, comorbidades), histórico do tratamento (duração, adesão e medicamentos
utilizados) e exames laboratoriais prévios, para facilitar a elucidação diagnóstica. Caso ainda haja
suspeita de infecção ativa pela sífilis, o retratamento deve ser instituído.
São critérios de retratamento e necessitam de conduta ativa do profissional de saúde:
44
- Ausência de redução da titulação em duas diluições no intervalo de seis meses (sífilis
recente, primária e secundária) ou 12 meses (sífilis tardia) após o tratamento
adequado (ex.: de 1:32 para maior que 1:8, ou de 1:128 para maior que 1:32); ou
- Aumento da titulação em duas diluições ou mais (ex.: de 1:16 para 1:64, ou de 1:4
para 1:16); ou
- Persistência ou recorrência de sinais ou sintomas de sífilis.
Um terço das parcerias de pessoas com sífilis desenvolverão a infecção dentro de 30 dias
da exposição. Portanto, além da avaliação clínica e do seguimento laboratorial, se houve
exposição à pessoa com sífilis (até os 90 dias anteriores), recomenda-se oferta de tratamento
presuntivo a esses parceiros sexuais (independentemente do estágio clínico ou sinais e sintomas),
com dose de benzilpenicilina benzatina 2,4 milhões UI, via IM (1,2 milhão UI em cada glúteo).
Todas as parcerias devem ser testadas. Quando o teste de sífilis for reagente, recomenda-
se tratamento de sífilis adquirida no adulto, de acordo com o estágio clínico.
A avaliação e tratamento das parcerias sexuais são cruciais para interromper a cadeia de
transmissão.
Mais informações sobre o manejo da sífilis adquirida e sífilis em gestante podem ser
encontradas no “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas
com Infecções Sexualmente Transmissíveis” e “Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para
Prevenção da Transmissão Vertical do HIV, Sífilis e Hepatites Virais”, disponíveis em:
https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de-conteudo/pcdts/2022/ist/pcdt-ist-2022_isbn-
1.pdf/view.
6.1. Epidemiologia
45
Mantém-se como um processo infeccioso crônico relevante: estimam-se entre 6 milhões
de indivíduos infectados no mundo, e os relatos mais frequentes em áreas tradicionalmente não
endêmicas são resultado do processo de migração internacional 85.
A síndrome clínica é multissistêmica, com duas fases clínicas da doença: uma aguda,
identificada em apenas 5% dos casos, podendo evoluir para uma segunda fase, crônica. Na fase
crônica, a forma indeterminada, sem expressão clínica, é mais frequente (60% a 70%) 86. As
formas determinadas (30 a 40% dos casos) potencialmente fatais que ocorrem após décadas da
infecção inicial, nas formas cardíacas, digestivas, neurológicas ou mistas, que podem demandar
tratamento etiológico 83, 84.
No Brasil, estimam-se 1,9 a 4,6 milhões de indivíduos na fase crônica, com uma média
aproximada de 4.400 óbitos anuais como causa básica, gerando alta carga de morbimortalidade83.
Entretanto, estima-se que somente cerca de 10 a 30% das pessoas acometidas sabem do seu
diagnóstico, o que contribui para que somente 1% daquelas que necessitam de tratamento
etiológico tenha acesso de fato, mantendo o elevado impacto de morbimortalidade e de custo
social, com limitação da qualidade de vida84.
As mudanças na epidemiologia da doença de Chagas devem ser consideradas: maior
sobrevida, processos migratórios nas últimas cinco décadas, urbanização, entre outras. Amplia-
se, portanto, a probabilidade de ocorrência de comorbidades, infecciosas ou não, incluindo a
coinfecção do HIV com T. cruzi, fato que reforça a importância do diagnóstico oportuno.
Como em outras doenças infecciosas, o T. cruzi comporta-se, potencialmente, como
microrganismo oportunista em indivíduos com imunossupressão. No Brasil, estima-se a
prevalência da coinfecção T. cruzi/HIV em 1,3% a 5% 87,88.
46
Há relação direta entre nível de parasitemia (por PCR quantitativa) e CV e relação inversa
entre parasitemia e nível de LT-CD4+ ou relação CD4+/CD8+ em indivíduos coinfectados, com
ou sem reativação88.
A elevada letalidade registrada, particularmente na presença de meningoencefalite,
reforça a necessidade de rápida identificação, diagnóstico e manejo da coinfecção, a fim de evitar
desfechos desfavoráveis.
Recomenda-se que a solicitação de teste de anticorpos anti-T. cruzi esteja disponível para
toda PVHA, com base na existência de antecedente epidemiológico, conforme descrição prévia.
A testagem deve incluir dois métodos de princípios distintos ou com diferentes
preparações antigênicas para detecção de IgG (hemaglutinação indireta, imunofluorescência
indireta, ELISA e quimioluminescência). A avaliação sorológica é o padrão-ouro para diagnóstico
da doença de Chagas na fase crônica, apesar de não confirmar o diagnóstico da reativação83,92.
A reativação da doença de Chagas em PVHA faz parte das doenças definidoras de aids,
a partir do diagnóstico definitivo de meningoencefalite e/ou miocardite.
Para a fase crônica, devem ser considerados os seguintes fatores epidemiológicos
associados a maior risco de possuir a infecção por T. cruzi, independentemente de quadro clínico
sugestivo:
- Indivíduos que residiram na infância ou residem em área rural com relato de presença do
triatomineo e/ou residindo em habitações onde possa ter ocorrido o convívio com vetor
(principalmente casas de estuque, taipa sem reboco, sapê, pau-a-pique, de madeira e
suspensas em rios nos cenários ribeirinhos da Amazônia);
- Indivíduos residentes em (ou procedentes de) áreas com registro de transmissão ativa e
com histórico epidemiológico sugestivo da ocorrência da transmissão da doença, como
consumo frequente de frutos in natura ou carne de caça no contexto da Região
Amazônica;
- Indivíduos que realizaram transfusão sanguínea antes de 1992;
- Indivíduos com parentes ou pessoas do convívio que tenham diagnóstico de Chagas, em
especial filhos de mães com a infecção comprovada por T. cruzi.
Na maioria dos casos, a reativação foi descrita no SNC, seguido pelo coração, e
caracterizada clinicamente por sinais de doença aguda, sendo a febre a principal manifestação.
O quadro clínico focal de cada órgão acometido é inespecífico, incluindo, para o SNC,
cefaleia, sinais de hipertensão intracraniana, convulsões, localização motora e coma, gerando
confusão diagnóstica, principalmente com meningoencefalite por toxoplasmose e tumores do
SNC (em especial linfomas). Entre as principais características diferenciais da meningoencefalite
por T. cruzi em relação àquela por Toxoplasma gondii incluem-se: sede das lesões mais frequente
na substância branca que na cinzenta, sem descrição nos núcleos da base; hemorragia difusa das
47
áreas necróticas; grande presença de parasitos nos tecidos; lesões mielínicas frequentes e de maior
intensidade; leptomeninges com acometimento difuso e de intensidade variável; menor frequência
e intensidade de vasculite necrosante e trombose 93–95.
Para complementação diagnóstica, são indicados métodos de imagem, nos quais se
verifica a presença de lesões iso ou hipodensas únicas ou múltiplas, de aspecto pseudotumoral,
com ou sem reforço anelar de após contraste venoso, podendo apresentar ou não efeito de massa.
Assim, em contextos epidemiológicos favoráveis à doença de Chagas, todos os casos com lesões
cerebrais com efeito de massa devem ser avaliados quanto à possibilidade de infecção por T. cruzi
reativada.
No coração, a reativação consiste em desencadeamento ou exacerbação de insuficiência
cardíaca congestiva, arritmias, bloqueios atrioventriculares, de ramo e fasciculares. Outros locais
menos comuns de reativação foram pericárdio, peritônio, pele, intestino e colo uterino.
Nos casos de reativação, o parasita é facilmente encontrado por métodos diretos no
sangue periférico, no LCR e/ou em outros fluidos corporais (líquidos ascítico e pericárdico). A
presença de tripomastigotas de T. cruzi ao exame microscópico caracteriza, portanto, a reativação
da doença. Como métodos diretos no sangue, estão disponíveis a pesquisa em creme leucocitário
e o micro-hematócrito. No LCR, o parasita é pesquisado no precipitado de material centrifugado
93
.
Diante da suspeita clínica, a negatividade da pesquisa direta do parasita não exclui
possibilidade de reativação da doença de Chagas, devendo, nesses casos, ser realizadas pesquisas
repetidas no sangue e no LCR 93,95.
A positividade do xenodiagnóstico, da hemocultura e da pesquisa de DNA do parasita
por PCR não deve ser considerada como evidência de reativação, uma vez que, na fase crônica
da doença em pacientes imunocompetentes, a parasitemia pode ser demonstrada por esses
métodos.
Caso ocorra reativação, deve-se iniciar o tratamento etiológico indicado para a fase aguda
da doença de Chagas. Apesar de o nível de evidência ser moderado, a recomendação é classificada
como forte, pois os medicamentos antiparasitários podem apresentar benefícios potenciais na
prevenção da ocorrência de reativações e suas consequências, assim como no seu controle e
mesmo quanto à sua recorrência83.
A evidência de reativação parasitária deve ser abordada com internação hospitalar e
instituição de tratamento. As orientações para a escolha do tratamento são apresentadas no
Quadro 1483.
48
(1) 5 mg/kg/dia, 1 a 2 x/dia, por 60 dias
Benznidazol (primeira escolha) OU
Adulto (2) 300 mg/dia, em 2 a 3 tomadas diárias,
Comprimidos de 100 mg pelo número de dias equivalente ao peso
do indivíduo (máximo 80 dias)
Nifurtimox (alternativa a
intolerância ou que não respondam
Adulto 10 mg/kg/dia, 3 x/dia, por 60 dias
ao tratamento com benznidazol)
Comprimidos de 120 mg
Fonte: Brasil, 2018
Embora a literatura seja escassa e não haja consenso quanto ao momento adequado para
iniciar a TARV, a suspeição assim como o diagnóstico precoce serão fundamentais para reduzir
a letalidade dessa condição clínica. Desse modo, é necessário individualizar cada caso e
considerar a introdução da TARV oportunamente, considerando o risco de SIRI, principalmente
se acometimento do sistema nervoso central 96–98 .
49
6.6. Profilaxia
No Brasil, a doença de Chagas na fase aguda está tradicionalmente inserida como doença
de notificação compulsória (http://www.portalsinan.saude.gov.br/doenca-de-chagas-aguda). A
Portaria GM/MS nº 1.061, de 18 de maio de 2020, incluiu a doença de Chagas na fase crônica na
Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública,
enquanto a disponibilização de instrumentos e de referencial de sistema de informação ocorreu
em janeiro de 2023 (https://datasus.saude.gov.br/notifica/ e https://www.gov.br/saude/pt-
br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/doenca-de-chagas/arquivos/2023/).
A forma reativada da doença é considerada, no Brasil, como doença indicativa de
imunodeficiência grave em indivíduos com 13 anos de idade ou mais para definição de caso de
aids desde janeiro de 2004 para fins de vigilância epidemiológica. Somente são considerados
casos de reativação aqueles que apresentarem diagnóstico definitivo de infecção por T. cruzi e
meningoencefalite e/ou miocardite aguda.
Hanseníase e HIV
7.1. Epidemiologia
A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução crônica, que embora curável, ainda
permanece endêmica em várias regiões do mundo, principalmente na Índia, Brasil e Indonésia.
No Brasil ainda é considerada um importante desafio em saúde pública. É causada pelo
Mycobacterium leprae (M. leprae), um bacilo álcool-ácido-resistente, de multiplicação lenta e
não cultivável in vitro. A transmissão ocorre pelo contato direto, prolongado, pessoa a pessoa, e
é facilitada pelo convívio de doentes não tratados com indivíduos susceptíveis. A doença cursa
com neuropatia em graus variados podendo causar incapacidades físicas e perda funcional,
especialmente nas mãos, nos pés e nos olhos, que pode ser muito grave em casos com diagnóstico
tardio 99.
Pode acometer qualquer indivíduo, porém, dados epidemiológicos demonstram o
predomínio em homens pretos, de 30 a 59 anos e com baixa escolaridade, principalmente nas
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste 100.
50
7.2. Influência do HIV na história natural da hanseníase
O Ministério da Saúde define um caso de hanseníase pela presença de pelo menos um ou mais dos
seguintes critérios, conhecidos como sinais cardinais da hanseníase:
1) Lesão(ões) e/ou áreas(s) da pele com alteração de sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil;
2) Espessamento de nervo periférico, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas;
3) Presença do M. leprae, confirmada na baciloscopia de esfregaço intradérmico ou na biópsia de pele.
Fonte: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase (BRASIL, 2022)
51
duração determinado pela classificação operacional da doença, podendo variar de seis a doze
meses, conforme abaixo:
- Hanseníase paucibacilar (PB): PQT-U por seis 06 meses;
- Hanseníase multibacilar (MB): PQT-U por doze 12 meses.
52
Para mais informações referentes ao tratamento da hanseníase, dos casos de reação
hansênica e possíveis eventos adversos consultar o PCDT de Hanseníase, disponível em:
https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/protocolos-clinicos-e-diretrizes-terapeuticas-pcdt
7.5. Profilaxia
HTLV-1/2 e HIV
53
injetável. No Brasil, o estado da Bahia apresenta-se como uma das áreas de maior prevalência de
infecção pelo HTLV107,108.
Dos pacientes infectados por HTLV-1/2, aproximadamente 5% apresentam risco de
desenvolvimento de paraparesia espástica tropical ou leucemia/linfoma associada ao HTLV-1109.
O HTLV-1 infecta preferencialmente células linfoides T periféricas, principalmente LT-
CD4+ de memória e LT-CD8+, e estimula a proliferação de linfócitos, enquanto o HIV apresenta
intensa depleção linfocitária 110.
A linfoproliferação induzida pelo HTLV-1 pode aumentar a contagem de linfócitos T
CD4+ no sangue periférico, mas essas células são disfuncionais, e não proporcionam proteção
contra as infecções oportunistas, podendo induzir o médico a retardar o início da terapia
antirretroviral, por subestimar as alterações imunológicas48.
O impacto da coinfecção do HTLV-1 e HIV pode se expressar por meio de alterações
laboratoriais, em que o valor de LT-CD4+ não corresponde ao estágio real de imunossupressão
do paciente. A recomendação atual de tratamento para todas as PVHA minimiza o impacto da
possibilidade de retardo no início de tratamento, mas pede atenção na instituição das profilaxias
e avaliação de risco para as infecções oportunistas (IO).
Alguns estudos sugerem que indivíduos coinfectados pelo HTLV-1 e HIV têm um risco
maior de rápida progressão da doença e desenvolvimento de doenças associadas ao HTLV-1
(doenças dermatológicas, neurológicas e oftalmológicas, além de leucemia/linfoma associada ao
HTLV-1)111,112.
O Brasil é considerado uma área endêmica para o HTLV, sendo as regiões Norte e
Nordeste com a maior prevalência da doença. Também é importante lembrar de fluxo migratórios
de indivíduos do Norte e Nordeste para outras regiões do país105. Sendo assim, recomenda-se:
Recomendações práticas:
1. Todos os indivíduos infectados pelo HIV-1 devem ser testados para anticorpos anti-
HTLV-1/2, em especial se apresentarem sintomas clínicos que possam ser relacionados
à infecção por este vírus e apresentarem eventos oportunistas com linfócito CD4 elevado.
2. Os pacientes coinfectados pelo HIV-HTLV-1 podem apresentar dissociação entre a
contagem de LT-CD4+ e o estadiamento clínico;
3. Indivíduos coinfectados pelo HIV-1-HTLV-1 podem apresentar doença neurológica ou
oncohematológica relacionada ao HTLV-1.
54
• Uso de preservativo em todas as relações sexuais;
Mais informações podem ser encontradas no “Guia para Manejo Clínico da Infecção pelo
HTLV”, disponível em: https://www.gov.br/aids/pt-br/centrais-de-
conteudo/publicacoes/2022/guia_htlv_internet_24-11-21-2_3.pdf/view.
Leishmanioses e HIV
9.1. Epidemiologia
55
Leishmaniose visceral: a doença é caracterizada principalmente pela síndrome de
hepatoesplenomegalia febril, associada sobretudo a citopenias. Em pacientes coinfectados,
observa-se manifestação clínica semelhante à de pacientes sem infecção pelo HIV. Entretanto,
manifestações atípicas, com comprometimento de pleura pulmonar, esôfago e intestino também
são relatadas. Essas manifestações clínicas da leishmaniose visceral são semelhantes às de muitas
doenças oportunistas, o que geralmente dificulta o diagnóstico114.
As condições descritas no Quadro 17 indicam investigação:
- Qualquer tipo de lesão cutânea ou mucosa com mais de duas semanas de evolução em
pessoas expostas à área de transmissão em qualquer época da vida;
- Hepatomegalia ou esplenomegalia associada ou não a febre e citopenias.
56
9.3. Definição diagnóstica
Para forma tegumentar, é utilizado o exame direto com pesquisa de parasito em material
coletado por meio de procedimentos de escarificação, de punção aspirativa ou de biópsia das
lesões cutâneas, de linfonodos ou de mucosas. O exame histopatológico convencional com
hematoxilina-eosina (HE) também é útil na detecção das formas amastigotas nos tecidos e possui
singular importância para descartar ou confirmar outras doenças que fazem parte do diagnóstico
diferencial.
Na leishmaniose visceral, recomenda-se a pesquisa do parasito em amostras de aspirado
de medula óssea e cultura do parasito, além da realização de teste sorológico, como o teste rápido
imunocromatográfico. Em casos com resultados parasitológicos e sorológicos negativos ou
inconclusivos, é possível realizar o diagnóstico molecular em laboratórios de referência,
utilizando DNA extraído de fragmento de pele, mucosa, sangue periférico, medula óssea ou
órgãos do sistema fagocítico-mononuclear.
O diagnóstico deve seguir as orientações dos documentos a seguir:
- Manual de vigilância da leishmaniose tegumentar, 2017
Manual de recomendações para diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pacientes
com a coinfecção leishmania-HIV, 2015.
- Guia de vigilância em saúde 5ª edição, 2022
9.4. Tratamento
57
9.5. Profilaxia primária e secundária
58
As estratégias de controle das leishmanioses devem ser flexíveis, distintas e adequadas a
cada região ou foco em particular. Para se definirem as estratégias e a necessidade das ações de
controle para cada área a ser trabalhada, deverão ser considerados os aspectos epidemiológicos,
bem como seus determinantes. As medidas de controle devem ser realizadas de forma integrada
para que possam ser efetivas.
Paracoccidioidomicose e HIV
10.1. Epidemiologia
Os achados clínicos relacionados à PCM em PVHA são semelhantes aos observados nas
formas agudas da PCM endêmica. Não raro, a PCM é a primeira infecção oportunista de pessoas
com imunodeficiência avançada pelo HIV, a maioria dos quais com contagem de LT-CD4+
abaixo de 200 células/mm3. 118 A infecção pelo HIV e a consequente imunodepressão celular
modificam a história natural da PCM. Em comparação à doença em imunocompetentes, os
pacientes coinfectados tendem a ser mais jovens e menos envolvidos em atividades agrícolas,
predominando as profissões e ambientes urbanos. A PCM oportunista evolui com maior rapidez
e com presença de febre e sintomas de inflamação, devendo ser considerada como uma condição
definidora de aids92,118,119.
Por vezes, o que se observa é a sobreposição de formas clínicas (pulmonar e do sistema
mononuclear fagocítico), o que parece ser provocado pela imunodepressão inicial no paciente
coinfectado. Assim, casos que seriam inicialmente classificados como forma crônica (ou do tipo
adulto) de PCM assumem também padrão de acometimento agudo/subagudo (ou do tipo juvenil),
dificultando o entendimento diagnóstico por parte da equipe de saúde 120,121.
Pode haver desenvolvimento de lesões fúngicas disseminadas, em geral consistindo de
infiltrado pulmonar retículo-nodular bilateral, linfadenomegalia, lesões cutâneas,
hepatoesplenomegalia, ulcerações na mucosa oral e outras lesões viscerais menos frequentes. O
diagnóstico diferencial inclui TB e outras micobacterioses, histoplasmose e linfoma.
59
A mortalidade para a coinfecção PCM-HIV era maior nos primeiros relatos de casos, mas
tem se observado uma tendência de queda nos últimos anos, explicada, principalmente, pela
melhoria do diagnóstico e tratamento precoce em associação à TARV. De qualquer forma, ainda
é comum haver dificuldades na definição precisa das formas de PCM associadas ao HIV, bem
como na compreensão da sua característica oportunista e conhecimento da frequência dessa
coinfecção.
60
Dose: 2 comprimidos de 8/8 horas ou de
12/12 horas
Anfotericina B complexo lipídico 2 a 4 semanas (até
Grave
Dose: 3 a 5 mg/kg/dia melhora clínica)2
1ª opção: Anfotericina B lipossomal
Dose: 3 mg/kg/dia Até melhora
Neuroparacoccidioidomicose 2ª opção: sulfametoxazol+ trimetoprima clínica – 2 a 4
80 mg/mL + 16 mg/mL, via IV3 semanas
Dose: 2 a 3 ampolas, 8/8 horas.
Fonte: CGHIV/DATHI/SVSA
1.
Avaliação do estado nutricional, quadro respiratório e/ou neurológico, hipotensão, ascite.
2.
Requer tratamento de manutenção com itraconazol ou sulfametoxazol+trimetoprima.
3.
Preferencial para pacientes com quadro de insuficiência respiratória, tratamento empírico para
pneumocistose ou Histoplasmose
61
10.5. Profilaxia
INFECÇÕES OPORTUNISTAS
62
Os pacientes podem apresentar-se com meningite, habitualmente, de curso subagudo. As
manifestações clínicas mais comuns são cefaleia, febre, mal-estar geral, náuseas e/ou vômitos, e
rebaixamento do nível de consciência. Além disso, o impacto sistêmico é frequente, podendo
haver envolvimento pulmonar (por exemplo, consolidação lobar, infiltrados nodulares ou
intersticiais) e cutâneo (por exemplo, pápulas umbilicadas semelhantes às lesões de molusco
contagioso)125,130,131.
Sinais meníngeos nem sempre estão presentes. Entretanto, na manifestação de
hipertensão intracraniana (HIC), pode haver vômitos, diplopia, confusão mental (confundidos
com quadros psiquiátricos), coma e papiledema.
Alguns fatores clínicos e laboratoriais associados a pior prognóstico na meningite
criptocócica estão listados no Quadro 19.
11.2. Diagnóstico
63
Evidência recente demonstra valores de concordância elevados entre o ensaio de fluxo lateral
realizado no plasma ou soro e aquele realizado em sangue total (polpa digital) 133.
A Figura 1 orienta sobre a coleta do LF-CrAg para rastreio e diagnóstico de criptococose.
A coloração com tinta da China também confirma a doença, mas apresenta sensibilidade
em amostra de LCR entre 60% a 90%, de acordo com a expertise do técnico e da carga fúngica.
Por sua vez, a cultura liquórica também confirma o diagnóstico, mas o resultado tarda em torno
de sete dias92.
Além disso, indivíduos com LF-CrAg reagente no soto ou sangue periférico devem
ser investigados para meningite com punção lombar, independente da sintomatologia 134.
PVHA com histórico prévio de criptococose podem persistir com teste antigênico positivo,
portanto, a presença de manifestações compatíveis com meningite criptocócica deve ser avaliada
criteriosamente.
As PVHA com histórico prévio de criptococose devem ser avaliadas quanto aos sinais e
sintomas neurológicos e, se necessário, encaminhadas para realização de punção lombar com
avaliação liquórica (exame micológico direto e cultura) e hemocultura para verificar a fungemia.
11.3. Tratamento
64
considerar algumas medidas de prevenção e monitoramento da toxicidade associada
à anfotericina B desoxicolato (Apêndice B)
- Se houver contraindicação ou indisponibilidade de anfotericina B desoxicolato,
anfotericina B lipossomal e complexo lipídico de anfotericina B, deve-se utilizar
flucitosina 100 mg/kg/dia, VO, associada a fluconazol 1.200 mg/dia (6 cápsulas de
200 mg) ou injetável (6 frascos de solução injetável), conforme disponibilidade, por
pelo menos 2 semanas.
- Se houver indisponibilidade de formulação lipídica de anfotericina B e dificuldade
para monitoramento laboratorial de toxicidade medicamentosa: utilizar anfotericina
B desoxicolato 1 mg/kg/dia associada a flucitosina 100 mg/kg/dia, durante uma
semana, seguidas de fluconazol 1.200 mg/dia oral (6 cápsulas de 200 mg) ou injetável
(6 frascos de solução injetável), conforme disponibilidade, durante pelo menos mais
uma semana (usar pelo menos por 2 semanas).
65
- Na presença de pressão intracraniana normal em duas aferições consecutivas,
recomenda-se a punção lombar semanal para monitoramento micológico da resposta
terapêutica.
- Se a pressão intracraniana se mantiver persistentemente elevada após 7 a 10 dias de
punção lombar diária, considerar a abordagem neurocirúrgica para derivação liquórica
(usualmente, derivação lombar externa ou lombo-peritoneal).
- Manitol, acetazolamida e corticoides não devem ser utilizados no manejo de HIC
secundária a criptococose.
Fonte: DATHI/SVSA/MS.
1
Para rastreio da doença criptócica em PVHA assintomáticas, quando disponível e oportuno, optar por
amostra de soro.
66
Fluconazol 800 mg/dia (8 cápsulas/dia), durante duas semanas, seguido de
Fluconazol 400 mg/dia (4 cápsulas/dia), durante oito semanas.
A TARV pode ser iniciada após as duas primeiras semanas de tratamento antifúngico
(119).
67
Figura 1: Rastreio e tratamento preemptivo de doença criptocócica em PVHA
LF-CrAg - teste rápido para detecção do antígeno criptocócico; TARV - Terapia antirretroviral
1 – Hemocultura para verificar fungemia e encaminhar líquor para o laboratório para realização de LF-CrAg, exame micológico direto e cultura.
2 – Manter fluconazol até recuperação da imunidade e observar o desenvolvimento de sinais e sintomas. Caso ocorram, realizar punção lombar e encaminhar o
líquor para o laboratório.
3– Hemocultura para verificar fungemia e encaminhar líquor para o laboratório para realização exame micológico direto e cultura
4– Manter fluconazol até recuperação da imunidade
68
11.6. SIRI e criptococose
Toxoplasmose cerebral
69
12.1. Manifestações clínicas
12.2. Diagnóstico
12.3. Tratamento
Os esquemas de escolha consistem nas associações apresentadas no Quadro 22145,148–150.
Tempo de
Esquemas
tratamento
Sulfadiazina, VO, a + pirimetamina 200 mg (8 + ácido folínico 10
cada seis horas, nas comprimidos de 25 mg) VO mg/dia VO
seguintes doses: no primeiro dia, seguida das
doses VO: OU
Abaixo de 60 kg: 1.000
mg (2 comprimidos de Abaixo de 60 kg: 50 mg/dia (2 6 semanas
500 mg) comprimidos de 25 mg)
71
A resposta clínica e radiológica, assim como a mortalidade, não apresenta diferenças
significantes, quando comparados os esquemas contendo sulfametoxazol + trimetoprima e os
esquemas com pirimetamina. Adicionalmente, a descontinuação do tratamento devido à
toxicidade foi significativamente menor com sulfametoxazol + trimetoprima (7,3%), versus
sulfadiazina + pirimetamina + ácido folínico (30,5%) ou clindamicina + pirimetamina + ácido
folínico (13,7%).
Em casos de alergia ou intolerância à sulfa, recomenda-se o uso de clindamicina 600 mg
via oral (2 cápsulas de 300 mg), a cada seis horas + pirimetamina + ácido folínico, ambos nas
mesmas doses descritas acima, durante seis semanas. Nesse caso, um esquema adicional de
profilaxia para PCP deve ser prescrito. Pacientes mais graves e/ou com lesões extensas podem
precisar de períodos mais prolongados de tratamento.
Após o período de seis semanas de tratamento da toxoplasmose cerebral, deve-se ser
prescrita a terapia de manutenção, usualmente com a metade da dose de sulfadiazina,
sulfametoxazol + trimetoprima, clindamicina e pirimetamina, a depender do esquema escolhido.
Neste cenário, o uso de sulfametoxazol + trimetoprima mostra vantagens posológicas com similar
eficácia aos esquemas contendo pirimetamina151.
Indica-se o uso de corticoides nos casos de edema cerebral difuso e/ou intenso efeito de
massa (desvio de linha média, compressão de estruturas adjacentes). Não se indica o uso
profilático de anticonvulsivantes.
A TARV pode ser iniciada nas duas primeiras semanas de tratamento antiparasitário.
Pneumocistose (PCP)
A PCP é uma infecção oportunista causada pelo fungo Pneumocystis jirovecii. A despeito
da redução na incidência, após a introdução da TARV e da profilaxia primária, ainda segue como
importante causa de pneumonia, principalmente nas pessoas com comprometimento do sistema
imunológico 152–154.
72
O achado radiográfico mais típico de PCP é o infiltrado intersticial peri-hilar e simétrico.
Pneumatoceles e pneumotórax também podem ser observados. Ressalta-se que a radiografia de
tórax pode ser normal em até um quarto dos casos de PCP; nessa situação, a TC pode revelar
atenuação pulmonar em vidro fosco 156,157.
13.1. Diagnóstico
O diagnóstico definitivo é realizado pela identificação do agente por meio das colorações
de azul de toluidina, Grocott, Giemsa ou técnica de imunofluorescência a partir de espécimes
respiratórios. A pesquisa direta do agente oportunista em amostras de escarro espontâneo ou
induzido geralmente é pouco sensível para PCP. Amostras biológicas obtidas por broncoscopia
com lavado broncoalveolar e biópsia pulmonar transbrônquica elevam a precisão do diagnóstico
etiológico.
13.2. Tratamento
73
O esquema alternativo para casos de intolerância à sulfa é clindamicina 300 mg, por
via oral, a cada seis horas + primaquina 15 a 30 mg (1 a 2 comprimidos de 15 mg), por via oral
uma vez ao dia, por 21 dias.
PNEUMONIA MODERADA A GRAVE (PaO2 <70MMHG):
Recomendam-se esquemas administrados preferencialmente por via IV. A mudança de
via de administração de intravenosa para oral deve ser realizada quando ocorrer melhora
clínica.
O esquema de escolha é a associação sulfametoxazol + trimetoprima (5 mg/kg de
trimetoprima), IV, a cada seis ou oito horas. O tempo total de tratamento é de 21 dias.
Clindamicina 600 mg IV a cada seis ou oito horas, conforme disponibilidade local, +
primaquina 15 a 30 mg (1 a 2 comprimidos de 15 mg), VO, uma vez ao dia é o principal
esquema alternativo em caso de intolerância à sulfa.
A associação de corticoides ao tratamento de PCP moderada a grave apresentou
redução importante na mortalidade.
A profilaxia secundária deverá ser instituída após tratamento e deverá ser realizada com
sulfametoxazol+trimetoprima, VO, na dose de 800 mg + 160 mg (2 comprimidos) três vezes
por semana ou 400 mg + 80 mg/dia (1 comprimido) até alcançar LT-CD4+ acima de 200
células/mm³ por pelo menos três meses.
Doença citomegálica
O CMV é um DNA vírus de fita dupla da família dos herpes vírus, permanece em estado
latente após a infecção primária. O risco de reativação da doença se eleva em pessoas com
74
avançada imunossupressão (contagem LTCD4+ abaixo de 100 células/mm³). A incidência de
casos de CMV teve decréscimo importante após a introdução da TARV158,159.
Doenças em órgãos causadas pelo CMV ocorrem, usualmente em pessoas com LT-
CD4 < 50 células/mm3, que frequentemente não estão em uso de TARV ou estão em falha
virológica.
14.1. Diagnóstico
O diagnóstico precoce da infecção pelo HIV e adesão à TARV são importantes fatores
para prevenção da reativação da doença citomegálica.
Os principais sítios de infecção são retina e aparelho digestivo, podendo ser acometidos
também pulmões, fígado, vias biliares e SNC (demência, ventriculoencefalite e
polirradiculomielite) 160–163.
A retinite por CMV permanece como uma causa importante de morbidade ocular e um
dos principais agentes causadores de cegueira em pacientes com aids 164.
Os sintomas dependem da localização e grau de comprometimento retiniano. De maneira
geral, o comprometimento ocular inicia-se em um dos olhos; porém, sem tratamento sistêmico
específico ou reconstituição imune, pode se estender ao olho contralateral. Apresentações clínicas
mais comuns incluem escotomas, redução da acuidade visual e, menos frequentemente, perda
visual súbita.
O diagnóstico é clínico e baseia-se no aspecto da lesão retiniana, bem como em dados
clínicos e laboratoriais de imunodepressão avançada. Recomenda-se fundoscopia sob dilatação
pupilar para a detecção de lesões periféricas.
75
Figura 2: Principais manifestações da doença citomegálica no aparelho digestivo
Fonte: DATHI/SVSA/MS.
O diagnóstico é sugerido pelo aspecto endoscópico de ulceração clássica da mucosa,
mediante biópsia identificando células com inclusão intranuclear (“olhos de coruja”), bem como
dados clínicos e laboratoriais de imunodepressão avançada165,166. Testes para detectar viremia
(PCR ou antigenemia), quando disponíveis, não são bons preditores de doença ativa ou
recorrência em PVHA. Não se recomenda tratar viremia na ausência de evidência de lesão
orgânica. Resultados negativos da antigenemia ou PCR plasmático não excluem a doença por
CMV em órgãos.
A presença de anticorpos para CMV não é útil no diagnóstico, embora IgG negativo
indique pouca probabilidade de ser o CMV o causador da doença investigada.
14.4. Tratamento
A candidíase orofaríngea e/ou esofágica é comum entre as PVHA, geralmente, em pessoas com
contagem de LT-CD4+ inferior a 200 células/mm³.
77
15.1. Diagnóstico
O diagnóstico de candidíase oral e/ou esofágica é clínico, sendo a cultura de material dessas regiões
pouco útil em razão da presença do fungo como comensal dessas mucosas.
15.2. Tratamento
CANDIDÍASE ESOFÁGICA
O tratamento de escolha para candidíase esofágica é fluconazol 200 a 400 mg/dia (2 a 4
cápsulas de 100 mg), VO, ou 400 mg/dia (2 frascos de solução injetável), IV, nos casos de disfagia
importante.
Ressalta-se que a grande maioria dos casos de candidíase esofágica responde clinicamente
em 7 a 14 dias de tratamento antifúngico sistêmico.
Tratamento alternativo, para casos refratários ao fluconazol, pode ser realizado com
anidulafungina 200 mg/dia (2 frascos-ampola), IV, em dose única, por 7 a 14 dias176, ou complexo
lipídico de anfotericina B 5 mg/kg/dia, IV*.
Na ausência de resposta clínica após esse período, deve-se levantar a suspeita de um
diagnóstico alternativo para o sintoma esofágico.
Fonte: CGHIV/DATHI/SVSA
*A depender da disponibilidade do medicamento a ser ofertado.
78
Histoplasmose
16.1. Introdução
79
Exames laboratoriais revelam bicitopenia ou pancitopenia, elevação de transaminases
(com TGO até 3 vezes maior que a TGP), fosfatase alcalina, gama glutamil-transferase (GGT),
desidrogenase láctica (LDH – com níveis superiores a 1.000 UI/L), proteína C reativa e ferritina,
que apesar de inespecíficos, num contexto de pouco recursos diagnósticos, são muito sugestivos
de histoplasmose disseminada e podem ajudar na tomada de decisão terapêutica 177,186. A
mensuração da LDH pode ser usada como um marcador biológico associado a febre para rastrear
PVHA suspeitos de histoplasmose e realizar investigação laboratorial direcionada, permitindo o
início precoce do tratamento188,193.
Quadros de grave fungemia, com hipotensão e coagulação intravascular disseminada,
insuficiência renal e insuficiência respiratória aguda são mais usuais em pacientes com aids e
acometem 10 a 20% dos casos178. A histoplasmose, como síndrome de reconstituição imune, pode
surgir semanas após o início de TARV, sendo, porém, de ocorrência pouco frequente 184.
Recaídas da histoplasmose disseminada podem ocorrer em PVHA e apresentam altas taxa
de mortalidade, o principal fator associado às recaídas é a falta de adesão à TARV 182.
16.2. Diagnóstico
81
Define-se como forma moderada a grave:
Presença de pelo menos um dos seguintes sinais ou sintomas envolvendo órgãos vitais
184
:
- Insuficiência respiratória ou circulatória,
- Acometimento do SNC,
- Insuficiência renal,
- Alteração da coagulação ou
- Status de desempenho da OMS ≥ 2, na qual a pessoa fica confinada a uma cama ou cadeira
por mais da metade das horas de vigília e é apenas capaz de autocuidado limitado.
O itraconazol deve ser ingerido junto com alimentos, devido à sua variável
biodisponibilidade. Deve-se atentar para as interações medicamentosas do itraconazol com
medicamentos como antiácidos, antagonistas H2, antirretrovirais, rifampicina, rifabutina,
anticonvulsivantes, etc.
A TARV deve ser iniciada assim que possível, quando o paciente estiver clinicamente
estável, desde que não haja suspeita de envolvimento do SNC 4.
A SIRI associada à histoplasmose pode ocorrer, porém não é frequente. Em geral, pode
acometer PVHA que tenham iniciado a TARV há 60 dias 184. Nestes casos, deve-se:
82
- Manter a TARV;
- Iniciar tratamento antifúngico conforme as recomendações anteriores;
- Considerar o uso de corticoide por curto curso, caso haja complicações ameaçadoras da
vida, como prednisona (ou equivalente) na dose de 1 a 2 mg/kg por dia, por 1 a 2 semanas,
seguido do desmame do medicamento por duas semanas.
Quadro 27: Profilaxia primária das infecções oportunistas (evitar o primeiro episódio de
doença)
CRITÉRIOS
AGENTE INDICAÇÃO 1ª ESCOLHA ALTERNATIVAS DE
SUSPENSÃO
Boa resposta à
LT-CD4+ abaixo
TARV com
de 200 células/mm3
manutenção de
(ou <14%) ou
Sulfametoxazol + LT-CD4+ maior
presença de
trimetoprima 800 (a) que 200
Pneumocystis candidíase oral ou Dapsona 100
+ 160 mg (2 células/mm3 por
jiroveci febre indeterminada mg/dia
comprimidos) mais de 3 meses
com mais de duas
3x/semana Reintroduzir
semanas de duração
profilaxia se LT-
ou doença
CD4+ abaixo de
definidora de aids
200 células/mm3
83
CRITÉRIOS
AGENTE INDICAÇÃO 1ª ESCOLHA ALTERNATIVAS DE
SUSPENSÃO
Dapsona 50 mg/dia
(b)
+ pirimetamina
50 mg (2
comprimidos de 25
mg)/semana
+ ácido folínico 10
mg 3x/semana Boa resposta à
TARV com
OU manutenção de
Sulfametoxazol+ LT-CD4+ acima
LT-CD4+ abaixo
trimetoprima 800 Clindamicina 600 de 200
Toxoplasma de 100 células/mm3
+ 160 mg (2 mg (2 comprimidos células/mm3 por
gondii e IgG anti T. gondii
comprimidos) de clindamicina mais de 3 meses
reagente
1x/dia 300 mg ou 4 Reintroduzir
comprimidos de profilaxia se LT-
clindamicina 150 CD4+ abaixo de
mg) 3x/dia 100 células/mm3
+ pirimetamina 25 a
50 mg (1 a 2
comprimidos de 25
mg)/dia
+ ácido folínico 10
mg 3x/semana
LT-CD4+ abaixo Azitromicina
Claritromicina 500
Micobactéria de 50 células/mm3 e 1.250 a 1.500 mg Após início da
mg (1 comprimido
não tuberculosa que ainda não (até 3 cápsulas de TARV
ou cápsula) 2x/dia
iniciaram TARV 500 mg)/semana
Cryptococcus sp. Não se indica profilaxia primária para criptococose
Evitar situações de risco, tais como entrar em cavernas ou se expor a fezes de pássaros
e morcegos
Complexo lipídico de Boa resposta à
Histoplasma anfotericina B 5 TARV com
LT-CD4+ abaixo de
capsulatum Itraconazol 200 mg mg/kg/dia ou, no caso manutenção de
150 células/mm3 em
(2 cápsulas de 100 de comprometimento LT-CD4+ ≥ 150
áreas
mg) 1x/dia de SNC, anfotericina células/mm3 e CV
hiperendêmicas*
B lipossomal 3 indetectável por 6
mg/kg/dia. meses
Não se indica profilaxia primária
Citomegalovírus Recomenda-se diagnóstico precoce de retinopatia por meio de fundoscopia rotineira
em PVHA com LT-CD4+ abaixo de 50 células/mm3
Herpes simplex Não se indica profilaxia primária
Fonte: DATHI/SVSA/MS.
* Área hiperendêmica: mais de 10 casos /100 pacientes anualmente 195,196
(a): coleta de G6PD antes da prescrição
(b): Disponível apenas na apresentação de 100 mg. Ajustar dose.
84
17.2. Profilaxia secundária (prevenção da recorrência)
Essa estratégia tem como objetivo evitar a recidiva de IO anterior que já tenha recebido
tratamento completo.
As recomendações de profilaxias secundárias estão resumidas no
Quadro 28.
86
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88
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100
APÊNDICE A
Quadro A- Lista de medicamentos preconizados neste Protocolo.
Princípio ativo Apresentação disponível no SUS
Aciclovir Comprimido de 200 mg
Ácido folínico Comprimido de 15 mg
Anfotericina B (complexo lipídico) Suspensão injetável de 5 mg/mL
Anfotericina B (desoxicolato) Pó para solução injetável de 50 mg
Anfotericina B (lipossomal) Pó para solução injetável de 50 mg
Anidulafungina Pó para solução injetável de 100 mg
Azitromicina Comprimidos de 250 mg ou 500 mg
Pó para suspensão injetável ou suspensão injetável de
Benzilpenicilina benzatina
1.200.000 UI
Benzilpenicilina potássica Pó para solução injetável de 5.000.000 UI
Benznidazol Comprimidos de 100 mg
Ceftriaxona Pó para solução injetável de 1 g
Comprimido de 250 mg
Claritromicina
Comprimido ou cápsula de 500 mg
Cloridrato de clindamicina Cápsulas de 150 mg ou 300 mg
Cloridrato de doxiciclina Comprimido de 100 mg
Cloridrato de etambutol Comprimido de 400 mg
Dapsona Comprimidos de 100 mg
Difosfato de primaquina Comprimido de 5 mg ou 15 mg
Fosfato dissódico de dexametasona Solução injetável de 4 mg/mL
Flucitosina Cápsula de 250 mg ou 500 mg
Cápsula de 100 mg
Fluconazol
Solução injetável de 2 mg/mL
Comprimido de 100 mg
Isoniazida
Comprimido de 300 mg
Itraconazol Cápsula de 100 mg
Metilprednisolona Pó para solução injetável 500 mg
Miltefosina Cápsula de 10 mg ou 50 mg
Nifurtimox Comprimidos de 120 mg
Nistatina Suspensão oral de 100.000 UI/mL
Pirazinamida Comprimido de 500 mg
Pirimetamina Comprimido de 25 mg
Rifampicina 150 mg ou 300 mg cápsula
PQT-U adulto Clofazimina 50 mg ou 100 mg cápsula
Dapsona 100 mg comprimido
Prednisona Comprimido de 5 mg ou 20 mg
Rifabutina Cápsula de 150 mg
Rifampicina Cápsula de 150 mg
Comprimido de 150 mg + 75 mg
Rifampicina + isoniazida
Comprimido de 300 mg + 150 mg
Rifampicina + isoniazida +
Comprimido de 150 mg + 75 mg + 400 mg + 275 mg
pirazinamida + cloridrato de etambutol
Rifapentina Comprimido de 150 mg
Sulfadiazina Comprimido de 500 mg
Sulfametoxazol+ trimetoprima Solução injetável de 80 mg/mL + 16 mg/mL
101
Princípio ativo Apresentação disponível no SUS
Comprimido de 400 mg+80 mg
102
APÊNDICE B
103
104
105
Prevenção e monitoramento da toxicidade associada à anfotericina B desoxicolato
MEDIDAS PREVENTIVAS
- Antes da administração de anfotericina: infusão de um litro de solução salina com uma
ampola de cloreto de potássio (KCl) 19,1% em duas a quatro horas.
- Após administração da anfotericina: dieta rica em potássio e suplementação com KCl
oral 8 mEq duas vezes ao dia.
MONITORAMENTO
- Dosagem de creatinina, ureia, sódio e potássio séricos pré-tratamento e duas vezes por
semana durante tratamento.
- Hemograma pré-tratamento e uma vez por semana durante tratamento.
MANEJO DA ELEVAÇÃO DA Cr
- Se houver hipocalemia significativa (potássio menor que 3,3 mmol/L), aumentar a
suplementação de potássio para duas ampolas de KCl (40 mmol) ou um a dois comprimidos
de KCl (8 mEq) três vezes ao dia. Monitorar diariamente potássio sérico.
- Se a hipocalemia não for corrigida, dobrar a suplementação oral de magnésio.
- Se houver aumento >2x do valor basal da Cr, avaliar descontinuação temporária da
dose de anfotericina B ou aumento da pré-hidratação para um litro a cada oito horas.
Quando os níveis de Cr melhorarem, reiniciar a anfotericina B na dose de 0,7 mg/kg/dia
(considerar anfotericina B em dias alternados). Se a Cr permanecer elevada, interromper a
anfotericina B e continuar com fluconazol 1.200 mg/dia. Monitorar a Cr diariamente.
Fonte: DATHI/SVSA/MS.
106
APÊNDICE 1 - METODOLOGIA DE BUSCA E AVALIAÇÃO DA
LITERATURA
107
Rosana Del Bianco Thiago Cherem Morelli
Simone de Barros Tenore Valdilea Veloso
Swamy Lima Palmeira Valéria Cavalcanti Rolla
Tatianna Meireles Dantas de Alencar Veruska Maia da Costa
Tayrine Huana de Sousa Nascimento
Consulta Pública
108
Todos os participantes do processo de elaboração do PCDT preencheram o formulário de
Declaração de Conflitos de Interesse, que foram enviados ao MS para análise prévia às reuniões
de escopo e formulação de recomendações.
Para a atualização das recomendações do novo documento, elaborou-se uma proposta
inicial do escopo de atualização do PCDT, que motivou a primeira reunião on-line com o grupo
técnico assessor realizada em novembro de 2022. Nesta reunião, foram estabelecidos os pontos
que demandavam atualização, considerando as novas tecnologias em saúde previamente
incorporadas, o cenário epidemiológico e as principais estratégias de enfrentamento à epidemia
de Aids.
Diante do exposto, foram realizadas buscas na literatura científica por revisões
sistemáticas, ensaios clínicos randomizados, além de protocolos e diretrizes clínicas
internacionais sobre os temas específicos de cada uma das seções. Também foram utilizados os
Relatórios de Recomendação referente às novas tecnologias incorporadas, como o LF-LAM,
CrAg, flucitosina, anidulafungina. Também foram consultados os protocolos clínicos e diretrizes
terapêuticas e demais publicações do Ministério da Saúde referentes às coinfecções e infecções
oportunistas.
Após a análise das evidências científicas, buscou-se identificar as necessidades de
atualização do PCDT publicado em 2017, como subsídio para a nova reunião com o grupo de
especialistas, que ocorreu em junho de 2023. O levantamento de evidências resultante das buscas
na literatura científica, foi utilizado para elaboração da proposta preliminar.
Previamente, os especialistas receberam a proposta elaborada pela Coordenação-Geral de
Vigilância do HIV/Aids e das Hepatites Virais (CGAHV/DATHI/SVSA/MS) e que elencava os
pontos chave para atualização do PCDT. Durante o encontro, foi aplicada uma adaptação do
método Delphi para obter o consenso dos especialistas para a tomada de decisão sobre as novas
recomendações e também em relação àquelas que apresentavam diferenças de parâmetros na
literatura.
Os principais temas atualizados foram:
a) Inclusão do IGRA para diagnóstico da infecção latente pelo Mycobacterium
tuberculosis (ILTB) quando LT-CD4 < 350 células.
b) Inclusão da rifapentina como esquema preferencial para tratamento da ILTB.
c) Inclusão dos testes rápidos Lipoarabinomanano em urina (LF-LAM) e do Antígeno
criptocócico (LF-CrAg) como rastreio para PVHA com dano imunológico grave.
d) Inclusão da flucitosina para o tratamento de pacientes com meningite criptocócica e
demais formas de neurocriptococose.
e) Atualização do tempo de início da terapia antirretroviral em pessoas coinfectadas com
TB-HIV e no esquema antirretroviral preferencial para esse grupo.
f) Proposição do esquema TDF/3TC associado a DTG 50 mg em dose dobrada como
esquema preferencial na coinfecção TB-HIV.
g) Atualização do esquema terapêutico para hanseníase.
h) Inclusão do tenofovir alafenamida (TAF) como opção terapêutica para PVHA com
HBV-HIV, quando indicado.
i) Atualização dos esquemas terapêuticos para micoses sistêmicas, incluindo como
preferencial ou alternativo as anfotericinas nas formulações lipídicas.
j) Ampliação da indicação da anfotericina B lipossomal na coinfecção Leishmaniose e
HIV.
109
Após a reunião, as decisões foram incorporadas ao texto do documento final, o qual foi
compartilhado com o grupo de especialistas para a definição da versão final, sendo que as
sugestões adicionais foram consolidadas pela equipe da CGAHV/DATHI/SVSA/MS.
Na sequência, a minuta de texto atualizado foi apresentada à Coordenação-Geral de
Gestão de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (CGPCDT/DGITS/SECTICS/MS) e,
após revisão, foi avaliada pela Subcomissão Técnica de Protocolos Clínicos e Diretrizes
Terapêuticas.
110
APÊNDICE 2 - HISTÓRICO DE ALTERAÇÕES DO PROTOCOLO
111
112