1) O documento apresenta uma resenha do livro "Atividades de Linguagem, textos e discursos - Por um interacionismo sociodiscursivo" de Jean-Paul Bronckart. 2) O livro propõe uma abordagem teórica chamada de interacionismo sociodiscursivo para analisar a produção de textos. 3) A obra teve grande influência no Brasil e contribuiu para a formulação dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
1) O documento apresenta uma resenha do livro "Atividades de Linguagem, textos e discursos - Por um interacionismo sociodiscursivo" de Jean-Paul Bronckart. 2) O livro propõe uma abordagem teórica chamada de interacionismo sociodiscursivo para analisar a produção de textos. 3) A obra teve grande influência no Brasil e contribuiu para a formulação dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
1) O documento apresenta uma resenha do livro "Atividades de Linguagem, textos e discursos - Por um interacionismo sociodiscursivo" de Jean-Paul Bronckart. 2) O livro propõe uma abordagem teórica chamada de interacionismo sociodiscursivo para analisar a produção de textos. 3) A obra teve grande influência no Brasil e contribuiu para a formulação dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
1) O documento apresenta uma resenha do livro "Atividades de Linguagem, textos e discursos - Por um interacionismo sociodiscursivo" de Jean-Paul Bronckart. 2) O livro propõe uma abordagem teórica chamada de interacionismo sociodiscursivo para analisar a produção de textos. 3) A obra teve grande influência no Brasil e contribuiu para a formulação dos Parâmetros Curriculares Nacionais.
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ReVEL, edição especial, v. 18, n. 17, 2020 www.revel.inf.
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MATTIASSI, Rosana Cristina. Resenha do livro “Atividade de linguagem, textos e discursos -
Por um interacionismo sociodiscursivo”, de Jean-Paul Bronkart. ReVEL, edição especial, v. 18, n. 17, 2020. [www.revel.inf.br]
RESENHA DO LIVRO “ATIVIDADE DE LINGUAGEM, TEXTOS E
DISCURSOS - POR UM INTERACIONISMO SOCIODISCURSIVO”
Rosana Cristina Mattiassi1
rosanamattiassi@hotmail.com
A obra Atividades de Linguagem, textos e discursos – Por um interacionismo
Sociodiscursivo, de Jean-Paul Bronckart, é a principal referência em língua portuguesa daqueles que aderem ao quadro teórico do ISD. Sua primeira publicação no Brasil aconteceu em 1999, com a tradução de Anna Rachel Machado e Péricles Cunha, e até os dias atuais a relevância da obra é notória, pois o quadro sócio interacionista proposto por Bronckart leva a analisar as condutas humanas como ações significantes, cujas propriedades estruturais e funcionais são antes de tudo um produto da socialização. As proposições de Bronckart encontram eco nas inúmeras pesquisas realizadas acerca da linguagem porque dão ênfase à natureza da atitude verbal do ser humano em todas as suas dimensões práticas. Pesquisadores do Departamento de Didática de Línguas da Universidade de Genebra como Bernard Schneuwly, Daniel Bain, Joaquin Dolz e outros alinham-se a esta perspectiva teórica contribuindo com sua ampliação. O ISD conta, atualmente, com as contribuições de diversos pesquisadores no Brasil pertencentes ao grupo ALTER – CNPQ, além dos derivados deste como a ALTER-AGE (USP), ALTER-FIP (UNESP) ou ALTER-LEGE (USF), entre outros, reunindo estudiosos de universidades brasileiras entre elas a PUC- SP, PUC- Minas, UNISINOS, UFC, UFG, UEL, UFPB, USF, USP, além de pesquisadores da
1 Pedagoga, Mestre em Educação, Doutoranda em Educação/USF- Itatiba/SP.
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Universidade Nova de Lisboa, em Portugal, da Universidade de Rosário e Universidade
do Rio Negro, na Argentina. Um fator importante que destaca a importância da obra no Brasil é o fato de o ISD ter influenciado a formulação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), homologando diretrizes primárias para as atividades de letramento e de produção textual no ensino de Língua Portuguesa. O ISD aparece no nível de pesquisa e de intervenções em todas as regiões do Brasil e sua força como perspectiva teórica é notada nos encontros nacionais e internacionais que são realizados anualmente dentro e fora do Brasil. Para o ano de 2021, o Encontro Internacional do ISD será na Espanha. O livro Atividades de Linguagem, textos e discursos – Por um interacionismo sociodiscursivo conta com uma introdução, uma separação em duas partes divididas em capítulos, um “A seguir” e a bibliografia. A primeira parte é composta pelos capítulos 1 – Quadro e questionamento epistemológico; 2 – Os textos e seus estatuto: considerações teóricas, metodológicas e didáticas; 3 – As condições de produção dos textos e apresenta uma primeira síntese intermediária. A segunda parte, nomeada como A Arquitetura interna dos textos, é composta pelos capítulos 4 – Visão de Conjunto; 5 – Os tipos de discurso; 6 – Sequências e outras formas de planificação e, em seguida apresenta uma segunda síntese intermediária; prossegue com os capítulos 7 – Os mecanismos de textualização; conexão e coesão nominal; 8 – Os mecanismos de textualização: a coesão verbal; 9 – Os mecanismos enunciativos. Na introdução, em relação ao plano de orientação geral do projeto do autor, fica clara a adesão aos princípios epistemológicos do interacionismo social de Vygotsky, o que leva a analisar as condutas humanas como ações significantes, ou como ações situadas, cujas propriedades estruturais e funcionais, são, antes de mais nada, um produto da sociedade. A primeira parte da obra – Os textos como produções sociais – está centrada na questão do estatuto e das condições de produção dos textos e o autor se posiciona no quadro geral da psicologia de base vygotskyana e do interacionismo social. Depois da primeira síntese intermediária, na qual elementos essenciais do quadro teórico são retomadas, a segunda parte, denominada A arquitetura interna dos textos, dedica-se à análise da arquitetura interna dos textos. No primeiro capítulo – Quadro e questionamentos epistemológicos – é apresentado o conjunto de razões que levam o autor a inscrever a sua abordagem no quadro epistemológico geral do interacionismo social, e ao mesmo tempo defender
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uma versão mais específica deste quadro, chamada de interacionismo sociodiscursivo.
O interacionismo social designa uma posição epistemológica geral, na qual podem ser conhecidas diversas correntes da filosofia e das Ciências Humanas. Essas correntes têm em comum o fato de aderir à tese de que as propriedades específicas das condutas humanas são o resultado de um processo histórico de socialização. Seu posicionamento, seus pressupostos teóricos dialogam com Vygostky, no que se refere a forma de organização das pessoas no mundo. A isso, acrescenta-se o papel fundamental dos instrumentos, da linguagem e do trabalho na medida em que são responsáveis pela construção e desenvolvimento da consciência. No capítulo 2 – Os textos e seu estatuto: considerações teóricas, metodológicas e didáticas, Bronckart apresenta o estatuto dos textos, problemas teóricos e metodológicos que sua análise coloca e alguns problemas didáticos relativos ao seu ensino. O autor retoma Saussure que reafirma que o sistema da língua não pode ser considerado estável senão em um momento sincrônico dado, por um procedimento metodológico que faça abstração das mudanças que permanentemente o transformam, sob o efeito do tempo e das variações do uso. Qualquer língua natural assume aspectos muito diversos que são articulados em diferentes situações de comunicação empíricas gerando diferentes textos. As questões das condições externas de produção de textos e a concepção sobre ações de linguagem e seu contexto são apresentadas no capítulo 3 – As condições de produção dos textos. Segundo Bronckart, o contexto de produção pode ser definido como o conjunto dos parâmetros que podem exercer uma influência sobre a forma como um texto é organizado, sendo o contexto global mais amplo. Todo texto resulta de um comportamento verbal concreto, desenvolvido por um agente situado nas coordenadas do espaço e tempo, isto é, dentro de um contexto físico que pode ser definido por quatro parâmetros precisos: lugar de produção, momento de produção, emissor, receptor, num primeiro plano. No segundo plano, a produção do texto se inscreve no quadro das atividades de uma formação social, isto é, um contexto sociossubjetivo que pode ser decomposto em quatro parâmetros principais: lugar social, posição social do emissor, posição social do receptor e o(s) objetivo(s) da interação. Quanto ao conteúdo temático de um texto, ele pode ser definido como o conjunto das informações que nele são explicitamente apresentados. No quarto capítulo – Visão de Conjunto, Bronckart apresenta a concepção de texto como um folhado constituído por três camadas superpostas: a infraestrutura
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geral do texto, os mecanismos de textualização e os mecanismos enunciativos. Essa
distinção de níveis de análise responde adequadamente à necessidade metodológica de desvendar a trama complexa da organização textual e mais, profundamente, na constatação do caráter hierárquico de qualquer organização textual. (Bronckart, 2009, p.119) Os tipos de discurso abordados no capítulo 5 estão intrinsicamente ligados ao texto uma vez que aos produzi-los o sujeito adere a um tipo de discurso, colocando-se de maneira conjunta ou disjunta das coordenadas do mundo ordinário da ação de linguagem. Os tipos de discurso podem ser da ordem do expor – discurso interativo e discurso teórico – ou da ordem do narrar – discurso interativo ou narração. No capítulo 6 – Sequências e outras formas de planificação, o autor afirma que a infraestrutura textual também se caracteriza pela organização sequencial ou linear do conteúdo temático. Bronckart recorre a Adam e adere a cinco tipos básicos de sequências, sendo elas: narrativa, descritiva, argumentativa, explicativa e dialogal. Acrescenta a estas sequências o script e a esquematização. Pode-se afirmar que os tipos de sequências demarcam as representações dos efeitos pretendidos que norteiam o enunciador em relação ao destinatário. Essas diferentes sequências podem ser combinadas em um texto, em várias modalidades e é da diversidade das sequências e da diversidade de suas modalidades de articulação que decorre a heterogeneidade composicional da maioria dos textos. Nos capítulos 7 – Os mecanismos e textualização: conexão e coesão nominal e capítulo 8 – Os mecanismos de textualização: a coesão verbal o autor afirma que a função dos mecanismos de textualização é assegurar a organização do conteúdo temático do texto, através dos processos de conexão e de coesão nominal e coesão verbal. Os mecanismos de conexão são realizados por organizadores textuais que marcam as articulações temáticas da progressão temática do texto no nível do plano geral do texto, na transição entre os tipos de discurso ou sequências ou de articulações de sintaxe local no texto. Sua função é dar conta das relações que se estabelecem entre os diferentes níveis de organização do texto segundo processos de segmentação, demarcação/balizamento e empacotamento de unidades. No último capítulo – Os mecanismos enunciativos, Bronckart apresenta os mecanismos enunciativos que se referem à evidenciação dos posicionamentos enunciativos, bem como à explicitação das modalizações que contribuem para o
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estabelecimento da coerência pragmática do texto, passando a explicitar tanto as
avaliações, julgamentos, opiniões, sentimentos – que podem ser formuladas sobre aspectos referentes ao tema – quanto as próprias fontes dessas avaliações. O autor do texto é responsável pelas interações que são realizadas no texto produzido. A ação empreendida pelo autor é uma ação de linguagem, no sentido que explora os recursos da língua natural em que se inscreve; realiza um empréstimo (e pela adaptação de) um dos modelos de gênero disponível produz seu texto. No seu último capítulo, intitulado de “A seguir”, o autor, retoma o objetivo geral do livro, que foi o de apresentar o quadro teórico e metodológico para a análise dos processos em ação em toda produção textual, quadro este construído em interação com um programa coletivo de pesquisa sobre centenas de textos empíricos. Bronckart, em sua obra, buscou delimitar e definir os três principais níveis da arquitetura textual: a infraestrutura, que consiste em uma combinatória de tipos de discursos, de sequências ou de outras formas de planificação; os mecanismos de textualização (conexão, coesão nominal e coesão verbal), que conferem coerência temática ao texto e os mecanismos enunciativos (distribuição de vozes e explicitação de modalizações, que dão coerência pragmática ou interativa ao texto. (Bronckart, 1999, p. 337) Buscamos, nesta resenha, destacar a relevância deste quadro teórico no ensino e análise de textos que contribui na instrumentalização de professores em perspectivas de trabalho com gêneros, quer na sua formação profissional, quer no seu trabalho com alunos em sala de aula. O quadro teórico ainda permite olhar para os diferentes gêneros textuais como megainstrumentos de ação comunicativa, uma vez que dentro do arquitexto eles estão à disposição de todos para adoção e adaptação como ferramentas que possibilitam a comunicação oral ou escrita e, ainda, explorar as possibilidades de fazer do ISD um quadro teórico capaz, também, de analisar o papel das ações de linguagem e dos textos na organização sociocultural. O livro encontra-se esgotado, mas há negociações para seu novo lançamento em português. Certamente, todos aqueles que têm interesse pelo ISD têm interesse nesta nova publicação por se tratar de uma obra considerada clássica no meio acadêmico.
BRONCKART, Jean-Paul. Atividade de linguagem, textos e discursos. Por um
interacionismo sociodiscursivo. Trad. Anna Rachel Machado e Péricles Cunha. São Paulo, Educ, 1999.353 p.
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O Papel Mediador Das Interações Sociais e Da Prática Pedagógica Na Aquisição Da Leitura e Da Escrita Antonio Roazzi Telma Ferraz Leal Universidade Federal de Pernambuco (PE)