A Vila Mimosa surgiu no Rio de Janeiro no início do século XIX, quando a família real portuguesa expulsou moradores de suas casas para se instalar. Muitos foram morar em mangues e favelas, onde cresceu a prostituição. Anos depois, a área da Vila Mimosa tornou-se o maior centro de prostituição do país, frequentado por figuras como Zé Pilintra, patrono do local que protegia as prostitutas.
A Vila Mimosa surgiu no Rio de Janeiro no início do século XIX, quando a família real portuguesa expulsou moradores de suas casas para se instalar. Muitos foram morar em mangues e favelas, onde cresceu a prostituição. Anos depois, a área da Vila Mimosa tornou-se o maior centro de prostituição do país, frequentado por figuras como Zé Pilintra, patrono do local que protegia as prostitutas.
A Vila Mimosa surgiu no Rio de Janeiro no início do século XIX, quando a família real portuguesa expulsou moradores de suas casas para se instalar. Muitos foram morar em mangues e favelas, onde cresceu a prostituição. Anos depois, a área da Vila Mimosa tornou-se o maior centro de prostituição do país, frequentado por figuras como Zé Pilintra, patrono do local que protegia as prostitutas.
A Vila Mimosa surgiu no Rio de Janeiro no início do século XIX, quando a família real portuguesa expulsou moradores de suas casas para se instalar. Muitos foram morar em mangues e favelas, onde cresceu a prostituição. Anos depois, a área da Vila Mimosa tornou-se o maior centro de prostituição do país, frequentado por figuras como Zé Pilintra, patrono do local que protegia as prostitutas.
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VILA MIMOSA - Vila de amores, Vidas em d…
VILA MIMOSA - Vila de amores, Vidas em dores.
A tão famosa Vila Mimosa é nada menos que a maior e
o mais antigo centro do meretrício do país e passagem obrigatória da malandragem antiga, sendo que no mesmo existem relatos sobre a passagem de dois dos mais famosos malandros da Quimbanda : Seu Zé Pilintra e Miguel Camisa Preta. Entender este lugar é entender como a Lapa funciona e como este "antro" funcionou durante décadas não só como o reduto da malandragem carioca, mas como a resistência de um povo sofrido que durante as épocas de perseguição à Umbanda, à Quimbanda e ao Candomblé acolheram muitos Sacerdotes afros. Paremos de julgar e avaliemos sem temor o "Reino do sexo " da antiga capital brasileira. Durante o processo de fuga da Europa, devido as perseguições impostas por Napoleão Bonaparte, a família Imperial da Coroa Portuguesa veio aportar no Rio de Janeiro e como consequência, várias pessoas foram obrigadas a "se retirar" de suas casas para poderem assim "abrigar" a família Imperial. O problema em si, é que o Rio de Janeiro na época não era uma mega-metrópole como nos dias de hoje, estava mais para vilarejo do que para capital. Seu cais não tinha infraestrutura alguma, piorou o sistema urbano de moradias e de saneamento básico. O asco da Real Família Portuguesa foi imediato e a indignação tomou conta de todo o séquito imperial (com Dom João VI não veio só seus familiares , mas todo o séquito imperial, composto de 21 mil pessoas, desde Marqueses, Duques até empregados) e o que fazer com esse povo todo ? provisoriamente ele simplesmente divulgou um decreto onde todos os moradores e servidores da !Coroa Imperial residentes naquela cidade eram deliberadamente "convocados" a "ajudarem" a corte portuguesa e assim deliberada‐ mente a deixarem suas residências só com os panos e sacos de roupa e se mandarem dali (o decreto foi promulgado às 6h da manhã e os moradores tinham o prazo até as 15h da tarde para saírem).
Com isso feito, o povão foi pro olho da rua enquanto
os Reais (inclusive camareiras e amantes da família imperial iriam ali residir). Muitos foram morar nos mangues (no antigo Rio de Janeiro manguezais era o que não faltava) , outros nas beiras das praias e outros no interior das matas infestadas de muriçocas, cobras e onças. Com o passar do tempo (cerca de dois anos depois) os povoados nesses mangues e orlas de praias (estas eram repudiadas pelo povo europeu, eles odiavam água, tomar banho...piorou) foram sendo sistematicamente e desordenadamente povoados de portugueses pobres, mulatos e escravos fugidos. Com a cidade crescendo, outra coisa foi começando também...a criminalidade sexual , infligida pelos europeus contra as mulheres da colônia. Afim de parar com isso (a coisa tava de tal modo sem controle que estupradores europeus não estavam mais sendo presos, mas capados ou mortos pelos moradores da colônia). Dom João VI institualizou a permissividade da existência da Casa da Luz vermelha nos arredores da Praia de Copacabana, na Gamboa e fechava os olhos para a prostituição que começava a crescer em volta do paço imperial. Estas mulheres eram feias, desdentadas e na sua grande maioria negras ou mulatas, coisa bem atrativa para o jovem demonão, o tarado do paço imperial que amava estuprar negrinhas e depois bater nelas, e que ninguém tinha coragem de bater de frente, pois este se tratava do não menos Dom Pedro I, filho do Imperador Dom João VI. Vindo de Portugal também um comerciante esperto, novo e mulherengo logo se fez de amigo do jovem demonão, e viu na desgraça do povo um meio de ganhar um dinheiro, e assim pegando um dinheirinho emprestado com seu amigo real, investiu e trouxe da Europa prostitutas Polonesas e Francesas de olhos verdes e azuis para agradar a corte portuguesa, e assim ganhar um dinheirinho a mais com as "novidades" vindas da Europa.
Com o passar do tempo, esta instituição que
ficava nas proximidades do paço imperial , foi por medidas de respeito aos bons costumes e da moral institualizada pelos Padres, devidamente transferida para as imediações da região do Estácio, uma região de ruas lamacentas na época e cheia de comércio, localizada bem no centro da cidade. Com isso as Francesinhas e Polonesas se agruparam com mulatas, negras e índias, fora o contigente de meninas que chegavam da Bahia, Pernambuco e Alagoas, que cada dia mais engrossavam as fileiras da prostituição na Capital brasileira. Até então esta área denominada como Zona vermelha, era cheia de bordéis e consequentemente de crimes e histórias de dor e de revolta. Com as reclamações dos "senhores da moral e dos bons costumes" voltando a lhe importunar, foi acon‐ selhado pelo melhor amigo de Dom Pedro II, o então rapaz novinho porém com tino político formidável, o então quase desconhecido advogado e lutador de es‐ padas inveterado e sobretudo mulherengo e membro quase que diário deste lugar, José Bonifácio de An‐ drade e Silva a transferir outra vez este "antro de maus costumes" para um lugar distante do centro da cidade. Nesta época as prostitutas de origem européia eram denominadas Messalinas , enquanto as nascidas na colônia eram denominadas Caboclas, e cada uma um lugar para ficar. As Messalinas em bordéis de luxo e as Caboclas em bordéis de choupana...as negras era na rua mesmo. Com isso a população "de bem" ficava exposta e por isso de novo a prostituição teve que ser arrebanhada para outras paisagens menos na cara do povão e com isso Dom João VI institualizou a criação da Cidade Nova.
O nome "Cidade Nova" tem registros que remontam ao
período do reinado de D. João VI. Até o início do século XIX a região era um alagadiço que servia de rota de passagem entre o Centro e as zonas rurais da Tijuca e São Cristóvão. Com os aterros feitos com a intenção de melhorar esta travessia, surgiu o projeto de impulsionar o crescimento da cidade para a área, vindo daí o nome. A Cidade Nova passou a ser caracteristicamente um bairro proletário, de pequenas casas operárias. Nele, localizava-se a antiga praça 11 de Julho, que seria destruída com as obras de abertura da Avenida Presidente Vargas. Com o passar do tempo, outra área foi crescendo vertiginosamente...esta área que no início era rural, começava a abrigar nordestinos, negros alforreados e sobretudo cultos africanos. Estes por sua vez, eram severamente perseguidos pela monarquia de princípios católicos e assim sendo, os trabalhos de encruzilhadas, cemitérios, campinas, matas eram feitos nesta região da Cidade Nova. Muitos yawos ou recém iniciados nos cultos afro brasileiros trabalhavam como comerciantes nesta área e tinham contatos com as prostitutas de lá. Com a criminalidade aumentando , estas prostitutas , abandonadas pelas suas famílias, rejeitadas pela sociedade e impossibilitadas de frequentarem as igrejas, voltaram-se para os cultos afros, onde uma de‐ terminada entidade começava a ganhar uma atenção dessas mulheres sofridas...esta entidade as entendia, não as julgava e melhor, as ajudava carinhosamente. Estas entidades eram as POMBAGIRAS.
Com o crescimento da cidade do Rio de Janeiro , no‐
vos bairros foram crescendo e sendo "institualizados", dentre eles, Santa Teresa, Lapa e a Cidade Nova. Mas o que os três tinham em comum: pobres, imigrantes nordestinos e mulheres. Com a subsequente onda de crescimento demográfico na cidade e com poucas ou nenhuma chance de possibilidade de adquirirem um emprego, muitas destas mulheres optaram pelo dinheiro fácil. Mas será que era tão fácil assim ? Não, não o era na verdade. Tinham que suportar doenças venéreas, pouco dinheiro , gravidez indesejada e pra piorar, po‐ diam esperar a violêcia...ou dos clientes ou da polícia, que além de bater nelas tomava o dinheiro todo. Neste meio , surgiu a necessidade de alguém que as amparassem, que as defendessem desses infortúnios e é aí que surge a figura mítica de um mulato quase negro, alto, valente e sobretudo com uma fama de cultuador dos ancestrais e mestre em capoeira, o famoso Zé Pilintra. Este senhor, que virou lendas nestes três bairros, fazia sua "ronda" nestes três bairros, defendia as prostitutas e por elas era amado e reverenciado, e com isso, apesar de ter muitas histórias do mesmo nos Arcos da Lapa, o mesmo era frequentador assíduo deste lugar e até hoje la é cultuado em todos os bares, prostíbulos e raro é não ver uma imagem sua por lá. Lá Zé Pilintra não pede...ele manda. Lá ele não mora...lá ele reina absoluto e incontestavelmente como o Patrono da Vila Mimosa.
Durante quase todo o século XX o Rio de Janeiro
comportou em sua região central, conhecida como Cidade Nova, uma vasta área onde o baixo meretrício floresceu e perdurou. A Zona do Mangue, como era chamado aquele conjunto de ruelas e casas que se estendia às margens do canal, estava próxima das estações dos trens da Central do Brasil e da Leopoldina, e ligava-se ao Cais do porto pelo bairro vizinho da Gamboa. Além disso, abrigava em seu perímetro pequenos alojamentos, cortiços, pensões e "casas de zungu" que propiciavam o acolhimento dos trabalhadores que por ali passavam em suas rotinas cotidianas ou na chegada à cidade. A palavra zungu provém da língua kimbundo (nzungu) que quer dizer confusão, e assim eram denominadas as zonas de meretrício das camadas menos favorecidas. Cada casa de zungu possui as mesmas características de ter em seus interiores vários cômodos ou quartinhos como denominamos hoje, onde , não só serviam para fazer sexo, mas sobretudo servia como esconderijo para os malandros poderem fugir do assédio da polícia. Existiam na época instaladas neste zungus cerca de 50 mil prostitutas, sendo que Polacas, Francesas e Polonesas depois de ficarem à mingua e deixando de ser "novidades" iam pra estes zungus e contabilizavam cerca de 10 mil entre as décadas de 20 e 30. Precisamente pela razão de sua localização e pelo grande número de pessoas que concentrava, instalaram-se nos limites do Mangue duas instituições disciplinares responsáveis por destinar à aquela área a função capital de um cordão sanitário. A primeira delas foi o Hospital São Francisco de Assis, em 1922, que passou a funcionar no antigo prédio do primeiro asilo de mendigos da cidade. Dois anos antes de abrirem as portas como hospital destinado ao tratamento de doenças venéreas, o governo da antiga capital da República já havia mandado retirar as prostitutas que faziam o trottoir em outros bairros centrais, obrigan‐ do-as a permanecerem nos lupanares do Mangue durante a visita do Rei e da Rainha da Bélgica à cidade. A segunda instituição disciplinar instalada na região foi o 13º. Distrito de Polícia, o qual mantinha em seus arquivos um fichário com o nome de todas as mulheres que trabalhavam nos bordéis locais.
Durante o período compreendido entre 1900 à 1920 ,
o Rio de Janeiro era a capital do Brasil, fato que con‐ tinuaria até a construção de Brasília e a transferência como capital do Brasil...até então os grandes senhores Barões do café e os Mandatários do leite , que formariam até o final dos anos 30 a dinastia do café com leite , praticamente mandavam em tudo no Brasil, mas estes tinham um defeito e ao mesmo tempo um ponto fraco...as mulheres deste citado meretrício. Durante esta época, muitas mulheres foram beneficiadas tornando-se amantes incondicionais e até mesmo esposas destes grandes senhores do dinheiro e do poder político. Isso pode ser aparentemente irrelevante para nós, mas na verdade não o é ...muitas dessas mulheres também eram amantes de Delegados e durante este período as religiosidades afro religiosas eram demasiadamente perseguidas e reprimidas pelo crime de atentado ao pudor e aos bons costumes e muitos Sacerdotes afros apanharam literalmente no pau de arara ou eram deportados para a penitenciária e de lá raramente saíam vivos. E nada melhor pra mudar a cabeça de um homem do que uma mulher, especialmente que estas na sua grande maioria eram iniciadas nas religiosidades afro brasileiras (Umbanda , Quimbanda, Candomblé, etc...) e estas interviram nisso e graças a isso muitas casas de asé foram salvas de serem fechadas e de seus zeladores acabarem mortos, graças ao famoso asé de pernas.
O fato ainda se perpendicularia ainda mais, pois duas
eram filhas de santo de dois zeladores que viriam a lutar muito pelas religiosidades afros...uma era Mãe Ciata , Quimbandeira, jongueira e Mãe de santo do Candomblé, que era vendedora informal de acarajés na praça da bandeira, que apoiou as manifestações afro musicais do nordeste que se infundiriam para sempre na cultura brasileira, pois esta levava músicos para sua casa e nos fundos da sua casa, prostitutas, malandros , políticos, jornalistas e estes músicos iriam construir a maior manifestação cultural deste país...o Samba ! Outro era Feliciano Sower, o detestável e temido Quimbandeiro, Kabulista e Pai de Santo da nação Ketu , que todos do país temiam...caladão, sisudo e sobretudo, intragável. Este senhor era tão temido pelos seus feitiços que a polícia passava a léguas de distância do seu bairro e mesmo assim se isto sequer cheirasse a perseguição, as consequências eram funestas. Até mesmo após a sua morte, foi lembrado por personalidades dos cultos afros como Mãe Senhora, Agenor Miranda , Joãozinho da Goméia, Mãe Menininha do Gantois e principalmente Zélio Fernandino de Morais que em vida o conheceu e que por este foi defendido diversas vezes nos conselhos internos de Pais de santo por causa deste ter criado a Umbanda (coisa muito mal vista na época não só por Kardecistas, mas sobretudo por praticantes dogmáticos da antiga macumba carioca, jongueiros, candomblecistas e quimbandeiros) e isso geralmente acabava em morte. Coisa que não aconteceu à Zélio e tão pouco aos seus iniciados que foram protegidos sempre por este senhor. Hoje vejo muitos Umbandistas falando mal de Quimbandeiros e Candomblecistas, mas a Umbanda deve muito à senhores como este.
Durante esta época veremos a ascensão e criação
dos grandes cassinos, principalmente o da Urca e a ascensão política de Getúlio Vargas. Mas enquanto isso, o sofrimento do povão continuava , mas eis que outro malandro surge para defender este povo...negro, alto, bebedor inveterado de cerveja, frequentador dos bares da baixada da Lapa, devoto de Zé Pilintra e feito na Quimbanda. Este senhor era frequentador assíduo desse prostíbulo e à ele e a seus comerciantes defendia, este senhor era nada menos que Miguel Camisa Preta, um malandro que de tão estimado e amado, ficou conhecido como o defensor e sucessor de Zé Pilintra e nas rodas do submundo era por deveras respeitado. Pessoas como Noel Rosa e Manuel Bandeira o conheceram e por ele foram defendidas. Para alívio desse povo, Getúlio Vargas ficou doente e este procurando médicos e não melhorando foi levado à casa de uma Mãe de santo que o recepcionou com carinho e amor, e onde havia sido perseguida esta lhe estendeu as mãos quando muitos queriam a morte deste. Este foi socorrido e amparado , foi limpo no ritual de sararieie, teve seu exú assentado e fez borí, e com isso respeitava carinhosamente aquele asé. Se trata do Asé Opo Afonjá, no Rio de Janeiro. Esta senhora lhe mostrou a validade dos ritos afro brasileiros e este, enternecido, institualizou a lei constitucional de amparo às religiosidades afro brasileiras, o que possibilitaria a licenciatura e criação de terreiros mediante alvará municipal e da delegacia de bons costumes. Muitos terreiros foram abertos nesta época graças à intervenção dessa senhora. Esta senhora possuía três médiuns...duas trabalhavam no meretrício e um atuava como vendedor ambulante de cocadas e cigarros nas imediações. E uma dessas era amante do segurança de Getúlio Vargas e que o levou a este terreiro, este era nada menos que Gregório Fortunato, o famoso anjo negro.
Um dos filhos de Getúlio Vargas era mulherengo
pra cacete e por uma prostituta desse meretrício se apaixonou perdidamente e a tirou da prostituição. Além de prostituta, a mesma era mulata, coisa detestável aos olhos do jornalista e político adversário de Getúlio Vargas e que estava prestes a destruir a carreira de Vargas por causa disso. Gregório Fortunato quando soube disso ficou possesso e chamou um amigo pra acabar com o fofoqueiro metido e armou uma tocaia contra Carlos Lacerda (o jornalista) mas infelizmente deu errado e o tiro acabou acertando um oficial da aeronáutica que andava com Lacerda. Resultado : o crime que teve motivações passionais virou catapultada para a derrota política de Getúlio Vargas na política brasileira e que culminou na sua morte. Posteriormente o povo brasileiro choraria a perda do "pai dos pobres". Logo depois, entre os períodos de 50 e 60 os cassinos ganharam uma ascensão elevada e a degradação do "mangue" (antes a zona não era conhecida como vila mimosa mas como zona do mangue), que com a transferência da capital do Brasil do Rio de Janeiro para Brasília diminuiu em muito o prestígio desse meretrício.
Mas se vocês acham que durante o período de 1930
à 1960 ficou largado às moscas e sem um protetor, malandro e boêmio...estão muito enganados. Elas, as prostitutas, tiveram outro malandro, de gênio instável e sobretudo desbocado (amava falar palavrões), mas um fato era curioso...ele era homossexual. Este malandro teve nas suas costas a morte de 100 policiais (83 na zona do meretrício do mangue e o restante na Lapa) abusadinhos que gostavam de bater em prostitutas ou de querer dar na cara de iniciados nas religiosidades afro brasileiras (ele era iniciado na antiga macumba carioca , era devoto de Zé Pilintra, Maria Padilha e Ogum) e ficou conhecido por arrumar mais de 3000 brigas com golpes de capoeira e navalha afiadíssima. Morava com uma prostituta da zona do mangue na antiga Lapa boêmia e foi preso diversas vezes na penitenciária de Ilha grande. Quer fosse na Lapa, na zona do mangue ou nos bares de Santa Teresa, lá estava João Francisco dos Santos, nordestino, pobre, analfabeto, cultuador de uma religiosidade afro e sobretudo, homossexual. Lá era Rei e Rainha, Santo e Diaba...assim era o famoso Madame Satã.
Durante a época de 70 a prostituição e a malandragem
carioca passaram a ser caracterizadamente deturpadas. A prostituição passou a ser encarada como algo usado pela maioria pobre e casas de doenças venéreas e a malandragem a ser confundida com criminalidade. Resultado: começaram as perseguições impostas pela ditadura e uma das primeiras coisas que tentaram fazer foi a criação de um muro feito de papel, isso mesmo, de papelão. E assim, supostamente esconder a zona do meretrício com a zona militar brasileira, onde as duas residem desde a época de Dom João VI. O fato em si, é que a lapa, o bairro de Santa Teresa e a zona do mangue sofreram perseguições cruéis e incessantes, sendo assim...vários músicos, Umbandistas, Quimbandeiros, Malandros, Sambistas e tantos outros praticamente sumiram nesta época. Outros como Dicró, Agepê e tantos outros ficaram e ajudavam os mais perseguidos. Com o tempo e com o fim da ditadura, a Lapa boêmia voltou através de documentários e artigos jornalísticos a ser alvo de defesa de supostos defensores da malandragem carioca e assim consequentemente o bairro de Santa Teresa também começou a ser visto de outros parâmetros, tendo inclusive sua arquitetura nomeada como patrimônio nacional.
Mas a zona do mangue não foi esquecida...com o
tempo foi fundada uma associação das prostitutas e estas denominaram a antiga zona do mangue como Vila Mimosa (uma forma de homenagear uma antiga prostituta da região e que um dia fora amante do famoso malandro Miguel Camisa Preta). Esta vila até hoje esta de pé com seus 70 puteiros (cada puteiro tem cerca de 10 quartos) , funcionando 24 horas por dia em todos os dias da semana, formando atrizes pornôs (pra quem não sabe muitas atrizes do pornô nacional saíram de lá) e atendendo diariamente cerca de 7000 pessoas. Vila de amores secretos...vidas em dores amargas...assim é a Vila Mimosa, assim é uma parte escondida da história afro religiosa carioca que muitos tem medo ou hipocrisia de falar. Vila Mimosa, vila protegida por Pombagiras e por Malandros. - Entre as personalidades conhecidas que transitavam por lá estão o pintor Di Cavalcanti e os músicos Dicró, Mr. Catra e Cartola. Manuel bandeira , Duque de Caxias , etc.. - A Vila Mimosa é a maior zona de prostituição do mundo. - Instituições importantes como OAB e FAETEC são parceiras da Vila Mimosa. - A Vila começou a diminuir quando o prefeito Pereira Passos iniciou seu projeto de modernização da cidade, no início do século XX. A partir daí, uma série de outros acontecimentos foram colaborando para que a Vila mudasse definitivamente de lugar: as transformações sanitárias promovidas por Oswaldo Cruz e a construção do Metrô, do teleporto e da sede do Governo municipal. - Cerca de 95% das prostitutas são adeptas das religiosidades afros...todas são devotas de Zé Pilintra e cada estabelecimento tem uma imagem dele e/ou de uma determinada Pombagira. - Todo ano há um concurso de beleza para escolher uma Miss entre as prostitutas que trabalham na Vila Mimosa. O nome desse concurso é "Gatinha Mimosa". - Apesar do lugar ser conhecido como zona de prostituição de baixo meretrício, ou seja, de garotas de programa e clientes pobres, a Vila Mimosa movimenta por mês R$1 milhão de reais. - Há mais de 15 anos não são constatados casos de HIV na Vila Mimosa. - O projeto da nova Vila Mimosa, já batizado de "Cidade das Meninas" pelas prostitutas, é dividido em dois complexos com cinco módulos, num total de 1.825 metros quadrados. Há espaços para teatro, desfiles de moda, salas para cursos profissionalizantes, creche para 50 crianças, estacionamento para 70 carros, posto de saúde e escritórios. Foi desenhado pelo arquiteto Guilherme Rodrigues Ripardo, que se inspirou em obras de Oscar Niemeyer. A parte estrutural, sem contar com o terreno, está orçada, no mínimo, em R$ 3 milhões. Última modificação: 03:43
Confortavelmente entorpecido: produção e consumo de romances de folhetim na obra Rocambole, de Ponson du Terrail – um estudo acerca da massificação da literatura no século XIX