Hipovitaminose A
Hipovitaminose A
Hipovitaminose A
DEFINIÇÃO:
A hipovitaminose A é uma condição caracterizada pela deficiência de vitamina A no
organismo. A vitamina A é lipossolúvel, ou seja, solúvel em gorduras, e, desempenha um
papel essencial no funcionamento adequado do sistema imunológico, na visão, no
crescimento e desenvolvimento celular, reprodução e saúde da pele. É importante buscar
orientação médica e de um nutricionista para o diagnóstico e tratamento adequados da
hipovitaminose A.
DIAGNÓSTICO:
O diagnóstico da hipovitaminose A geralmente é baseado em uma combinação se
sinais clínicos, histórico alimentar e exames laboratoriais. Importante ressaltar que o
diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde qualificado, como um médico ou
nutricionista, com base em uma avaliação clínica completa e resultados dos exames.
Algumas abordagens comuns:
Avaliação clínica: o médico avalia os sintomas relatados pelo paciente, como problemas de
visão, pele seca e escamosa, comprometimento do sistema imunológico e histórico
alimentar inadequado. Podendo levar a suspeita de hipovitaminose A.
Exames físicos e teste da função visual: como essa hipovitaminose está muito associada a
problemas de visão como sinais podem estar sintomas como xeroftalmia (ressecamento e
opacificação da córnea), manchas de Bitot (manchas esbranquiçadas na conjuntiva ocular)
e ceratomalácia (amolecimento da córnea).
Exames laboratoriais: exames de sangue podem ser solicitados para medir os níveis de
vitamina A. Dosagem de retinol sérico, retinol ligado à proteína de transporte (RBP) e o
índice de saturação da RBP.
SINAIS E SINTOMAS:
A hipovitaminose A pode apresentar uma variedade de sinais e sintomas, que
podem variar em gravidade. Sinais esses avaliados na abordagem clínica do profissional
de saúde para diagnóstico preciso. Entre os mais comuns estão: problemas na visão, pele
seca e escamosa, comprometimento do sistema imunológico, agravamento de infecções,
atraso no crescimento e desenvolvimento sendo ele físico e mental.
PREVALÊNCIA E INCIDÊNCIA:
A prevalência e incidência da hipovitaminose A pode variar de acordo com a região
do mundo, sendo mais recorrente em áreas onde a desnutrição e falta de alimentos ricos
desse micronutriente é comum. Ela é mais prevalente em países em desenvolvimento,
onde as condições de saúde podem ser mais precárias.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), estima-se que cerca de
250 milhões de crianças em todo mundo sejam afetadas pela deficiência da vitamina A,
com alto índice na África Subsaariana e do Sudeste Asiático.
A DVA é considerada um problema de saúde pública nos países em
desenvolvimento, atingindo principalmente crianças, gestantes e nutrizes. Estima-se que a
DVA atinja 96 países no mundo. (SILVA. 2007)
Há uma relação da DVA com a mortalidade materna, principalmente em regiões
menos desenvolvidas. Um estudo dessa relação, feito no Nepal, mostrou que a
suplementação de VA em baixas doses semanais, durante o pré-natal, proporcionou uma
redução de 44% na mortalidade das gestantes, pois a taxa de mortalidade materna no
Nepal é muito elevada, sendo 125 vezes maior do que a dos Estados Unidos, a cegueira
noturna dessas mulheres manifesta-se em torno de 10 a 20%. (MINISTÉRIO DA SAÚDE,
2007)
No Brasil, evidências de DVA e xeroftalmia são encontradas na região Nordeste,
mas também, de modo disperso, em áreas setentrionais e meridionais, sendo uma
carência endêmica. (DINIZ, 2000). Na década de 90, um estudo de revisão mostrou que
50,0% das gestantes do município de Campinas apresentavam hipovitaminose A.
(GERALDO, PAIVA, PITAS, GODOY, CAMPANA, 2003)
CONSEQUÊNCIAS:
A hipovitaminose A pode trazer diversas consequências negativas para a saúde
como problemas oculares, comprometimento do sistema imunológico, aumento do risco
da mortalidade infantil, impacto na saúde materna, atraso no crescimento e
desenvolvimento cognitivo. Mas, é importante ressaltar que esse problema pode ser
prevenido ou tratado com base na alimentação ou suplementação se for o caso.
INTERVENÇÕES:
O governo desempenha um papel importante na prevenção da hipovitaminose A por
meios de intervenções em saúde pública
O Vitamina A Mais – Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A – é um
programado Ministério da Saúde que busca reduzir e controlar a deficiência nutricional
de vitamina A em crianças de 6 a 59 meses de idade e mulheres no pós-parto imediato
(antes da alta hospitalar), residentes em regiões consideradas de risco. Além disso, o
governo incentiva:
• O aleitamento materno exclusivo até o 6º mês e complementar até 2 anos de
idade, pelo menos.
• A promoção da alimentação saudável, assegurando informações para incentivar o
consumo de alimentos ricos em vitamina A pela população.
• A fortificação de alimentos com os micronutrientes necessários ao indivíduo,
incluindo a vitamina A.
Tudo isso faz parte da Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN). A PNAN
é uma resposta do Sistema Único de Saúde (SUS) para reorganizar, qualificar e
aperfeiçoar suas ações para o enfrentamento da complexidade da situação alimentar e
nutricional da população brasileira.
EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS:
No Brasil, a EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) coordena as
pesquisas em andamento sobre biofortificação de alimentos, como para arroz, feijão,
batata-doce, mandioca, milho, feijão-caupi, trigo e abóbora (NUTTI, 2006). Em outros
países, como nas Filipinas, existem estudos em biofortificação de sementes de arroz
enriquecidas com ferro. Na Alemanha introduziu-se o ß-caroteno no endosperma do arroz
para produção do “Arroz Dourado” e, em Uganda, a batata doce está sendo biofortificada
com caroteno de forma eficiente (ZANCUL, 2004)
A vitamina A atua na manutenção da visão, no funcionamento adequado do sistema
imunológico e mantêm saudáveis as mucosas, atuando como barreira contra as infecções.
A fortificação com vitamina A é realizada com a utilização de carotenóides, pelo fato destes
apresentarem menor toxicidade quando comparados a vitamina A na sua forma íntegra
(ZANCUL, 2004).
A deficiência por vitamina A é um problema de saúde pública mundial. Em longo
prazo a fortificação de alimentos com vitamina A é uma alternativa efetiva no combate ao
problema (MILAGRES et al. 2007).
No Brasil a deficiência de vitamina A ocorre em todas as regiões sem restringir as
áreas mais pobres. Um dos alimentos mais utilizados na fortificação com essa vitamina é o
óleo vegetal, consistindo assim em uma técnica simples e de baixo custo. A técnica
utilizada no óleo vegetal consiste em adicionar à vitamina A ao óleo usado na alimentação
básica para cozimento de arroz, pois a vitamina se conserva estável durante o
aquecimento mostrando ser eficaz para a fortificação. Em alguns estudos, esta técnica
mostrou um significativo aumento das reservas desta vitamina no fígado. Outros alimentos
que funcionam como veículo de fortificação com vitamina A são: a margarina, o açúcar,
bolachas, bebidas, macarrão e leite (ZANCUL, 2004).
Dentre o público-alvo para suplementação de vitamina A o grupo pré-escolar está
sob maior risco para o desenvolvimento de hipovitaminose A devido ao processo rápido de
crescimento e desenvolvimento, com consequente aumento das necessidades da vitamina.
Assim, medidas de intervenção são factíveis a curto e médio prazo, tais como a
suplementação com doses regulares e a fortificação de alimentos. Os suplementos são
uma das alternativas nos casos em que a disponibilidade local de alimentos fonte ou
ausência de alimentos enriquecidos venha a comprometer a ingestão adequada dessa
vitamina. A fortificação, por sua vez, constitui alternativa autossustentável de assegurar à
ingestão contínua de vitamina A (RAMALHO et al., 2001).
Pesquisas científicas demonstram que a suplementação e fortificação com vitamina
A possuem relevância no controle da anemia, principalmente em países em
desenvolvimento, onde essa enfermidade é mais prevalente, portanto são necessários
mais estudos para comprovação da eficácia da interação entre o ferro e a vitamina A
(NETTO et al., 2007).
De acordo com o médico urologista Dr. Fernando Ferreira Chagas (CRM 4894), a
vitamina A também altera a qualidade do esperma, segundo ele: “A vitamina A está
diretamente relacionada com a produção de hormônios sexuais masculinos. A sua
carência pode reduzir o volume de sêmen e a quantidade dos espermatozoides.
SISVAN:
REFERÊNCIAS:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção
Básica. Protocolos do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN na
assistência à saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2008.
DINIZ AS, SANTOS LMP. Hipovitaminose A e xeroftalmia. J Ped 2000; 16: 311-322.
GERALDO RRC, PAIVA SAR, PITAS AMCS, GODOY I, CAMPANA AO. Distribuição da
hipovitaminose A no Brasil nas últimas quatro décadas: ingestão alimentar, sinais clínicos e
dados bioquímicos. Revista de Nutrição. Campinas 2003; 15: 443-460.