Caracterizacao Morfometrica Da Bacia Hidrografica
Caracterizacao Morfometrica Da Bacia Hidrografica
Caracterizacao Morfometrica Da Bacia Hidrografica
net/publication/276879813
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All content following this page was uploaded by Aichely Rodrigues Silva on 02 November 2018.
ABSTRACT: This article comes from the analysis of morphometric characterization of the river
basin Cacau, affluent of the Tocantins River, which covers the municipalities of Buritirana,
Davinopólis, Governador Edson Lobão, Imperatriz and Senador La Roque in the state of
Maranhão. The analysis and delineation of the watershed was obtained from the softwares Global
Mapper 9 and Idrisi Kilimanjaro. The drainage area has 917 km² and the perimeter of 156.7
kilometers. The basin has a great relevance to their area of coverage, mainly for the local
population. In general, it was found that the studied area has alongated shape, with average
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ISSN: 2177- 3300
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drainage density, flat terrain and average slope of 44.83%. These parameters have great influence
on the surface seeps ment and, consequently, about the process of erosion that results in loss of
soil, water, organic matter, nutrients and elements of microfauna, that may cause siltation of
bodies of water. So, it is expected that this study on the dynamics of hidrogeomorfológics
processes may contribute to the rational management of land use in the watershed.
Key words: Morphometry; Cacau River; Watershed.
1 INTRODUÇÃO
As bacias hidrográficas são áreas de drenagem, nas quais os cursos d’água tributários
deságuam para o curso principal. Assim, suas características físicas constituem elementos de
grande importância para avaliação de seu comportamento hidrológico (VILLELA; MATTOS,
1975) e da utilização de forma racional do uso do solo. A bacia hidrográfica, entendida como
célula básica de análise ambiental, permite conhecer e avaliar diversos componentes, processos e
interações que nela ocorrem constantemente (BOTELHO, et al, 2004; GRIBBIN, 2009). Em
estudos relacionados às interações entre os processos quantitativos, emprega-se o método de
análise morfométrica.
Desse modo, ao consolidar relações e comparações entre dados hidrológicos, pode-se
determinar indiretamente os valores hidrológicos. A análise de aspectos relacionados à drenagem,
relevo e geologia pode levar à elucidação e compreensão de diversas questões associadas à
dinâmica ambiental local. Esses parâmetros podem revelar indicadores físicos específicos que
qualificam as alterações ambientais (CHRISTOFOLETTI, 1977).
Diante do exposto, pretende-se demonstrar a caracterização morfométrica da bacia
hidrográfica do Rio Cacau, afluente da margem direita do Rio Tocantins. A bacia engloba cinco
municípios do Estado do Maranhão, sendo importante para o abastecimento da população
ribeirinha. Para tanto, foram tomando como dados estimativos alguns parâmetros que revelam os
principais indicadores físicos como: coeficiente de compacidade, fator de forma, índice de
circularidade, declividade, altitude, ordem e densidade de drenagem. De tal forma, foi possível
qualificar as alterações ambientais na bacia hidrográfica.
2 MATERIAIS E MÉTODOS
A bacia do Rio Cacau está localizada, na malha hidrográfica do Rio Tocantins que drena
767.000 km2, que representa 7,5% do território nacional e 4% do território maranhense
(ANATEL, 2014). A área de estudo pertence à Mesorregião Oeste do Estado do Maranhão e a
Microrregião de Imperatriz. A bacia encontra-se entre as coordenadas, latitude 05º20’55’’ e 05º
40’32” S e longitude 47º05’34” e 47º28’56 W, abrangendo os municípios de Buritirana,
Davinopólis, Governador Edson Lobão, Imperatriz e Senador La Roque no Estado do Maranhão
(Figura 1).
5º 21’ S
5º 21’ S
47º 29’ 29” W 47º 05’ 38” W
Cerrado
Veg. Secundária Mista
Pastagem
Área antropizada
Corpos d´água
5º 40’24” S 5º 40’24” S
Nota-se também que a bacia detém 27,7% de sua área ocupada com a presença de
vegetação secundária (capoeira) proveniente da regeneração de danos causados em suas
características naturais. São florestas em recuperação, nas quais se restabelecem condições
orgânicas para o solo, sendo reserva de frutos e sementes de espécies nativas, possibilitando a
manutenção da diversidade florísticas, faunísticas e biológicas da região. Essa vegetação também
é importante para a manutenção de muitas famílias que utilizam o babaçu (Orbignya phalerata),
para obterem renda por meio da exploração e comercialização de produtos fabricados a partir
desse vegetal.
Proporcionalmente, em relação ao total da área que compõe a bacia, verifica-se que pouco
restou da vegetação natural, somente 18,3 % da vegetação florestada manteve-se intacta.
Contudo, cabe lembrar que essa parte da área estudada só não foi mais explorada devido à
dificuldade de acesso à mesma. Outro aspecto referente à vegetação é o cerrado que representa
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4,9% do total da área e suas espécies vegetais são fontes de renda para a população ribeirinha,
como o pequi, utilizada na construção civil, como fonte de carvão para as siderúrgicas, para a
alimentação da população e como produto medicinal.
Na área de solo exposto e habitado, tem-se a área antropizada, representando 1,9% do
total do território analisado (SILVA, 2010). As cidades sem planejamento não apresentam
infraestrutura básica, implicando o lançamento de todos os resíduos sólidos e efluentes
domésticos nos corpos d´água in natura. Essa área da bacia comporta uma população de mais de
250.000 habitantes, que ocupa as zonas ripárias e, por isso, interfere na hidrologia da bacia.
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
circularidade encontrado na bacia confirma que os valores menores que 0,51 sugerem que a bacia
tende a ser mais alongada favorecendo o processo de escoamento (TONELLO; DIAS; SOUZA,
2006).
A área da bacia apresenta como características principais o relevo plano, sendo as maiores
elevações nas bordas da bacia, conforme o gráfico da (figura 3) o relevo predominante é o plano,
tendo como parâmetros a classificação da EMBRAPA (1979). Representando 77,10% da área da
bacia, seguido do relevo suave ondulado com 17,10% e relevo ondulado com 4,40%, onde estão
localizadas as serras do Arapari, Figueira, Gurupi e Cumaru, além de chapadas, sendo formada
em sua maioria por rocha tipo areníticas e solos bastante arenosos.
Assim, a declividade demonstra uma relação importante e também complexa com a
infiltração, o escoamento superficial, a umidade do solo e a contribuição de água subterrânea ao
escoamento do curso d’água. Como o relevo predominante é o plano, sendo esse um dos fatores
mais importantes que controla o tempo do escoamento superficial e da concentração da chuva e
tem uma importância direta em relação à magnitude da enchente, entende-se que quanto maior a
declividade maior a variação das vazões instantâneas.
5º20’37”
47º30’00”
5º35’30”
47º03’45”
A altitude é outro fator importante, pois indica as elevações da bacia que se apresenta
variações entre 497,71 m nas áreas de nascente e a menor altitude a 109,61 m na foz do rio, sendo
que a média das altitudes são 303,48 m. A altitude média influencia a quantidade de radiação que
ela recebe e, consequentemente, a evapotranspiração, temperatura e precipitação (TONELLO;
DIAS; SOUZA, 2006). As áreas de maior declividade se encontram expostas ao sol, refletindo
muita a luz e são, portanto, muito visíveis; já aquelas áreas que se encontram nas encostas não
iluminadas diretamente pelo sol são escuras. No modelo o valor é de 0,25% (figura 4).
As altitudes mínimas encontradas na bacia do Rio Cacau foram de 109,60 m nas
proximidades da foz, chegando ao Rio Tocantins, as médias de altitude 303,65m e as altitudes
máximas de 497,71 m.
5º20’37’
47º30’00’’
5º35’30’
47º03’45’’
Dessa forma, compreende-se que bacia do Rio Cacau possui uma ótima capacidade de
alimentação da umidade que vem das bordas. Grande porcentagem do terreno da bacia em estudo
possuía seu terreno voltado para a face norte–oeste, indicando uma ótima retenção de umidade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise dos dados e a interpretação dos resultados obtidos permitiram concluir que a
bacia hidrográfica do Rio Cacau possui a forma alongada. Evidenciando menor risco de cheias
em condições normais de pluviosidade anual. Apresenta o relevo plano em sua maior área, sendo
que a média caracteriza como forte ondulado, drenagem suficiente (Dd = 0,43km/km2) e
precipitação anual de 1200mm a 1600mm, esses parâmetros têm grande influência sobre o
escoamento superficial e, consequentemente, sobre o processo de erosão.
O padrão de drenagem formado pelos cursos d´água com um grande número de tributários
é de grande relevância principalmente para a população ribeirinha que utiliza o rio para sua
subsistência, com a pesca e a utilização das margens para o plantio de hortaliças que contribui
para o assoreamento do canal.
Todavia, é importante ressaltar que a bacia do Rio Cacau sofre com o avanço da
urbanização desenfreada e sem planejamento, atrelado a falta de saneamento básico, uma vez que
a população ribeirinha lança no rio, resíduos sólidos e efluentes domésticos sem tratamento,
através de ligações clandestinas. Com as enchentes constante ela sofre com a perda de seus bens
materiais e com os impactos na estrutura física das residências.
Nessa perspectiva, faz-se necessário estudo sobre a qualidade da água e estudos
sedimentológicos no rio principal, objetivando analisar a relação do despejo de resíduos sólidos
como caso de doenças de origem hídrica.
REFERÊNCIAS
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VILLELA, S. M.; MATTOS, A. Hidrologia aplicada. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1975.
Enviado em 26/06/2014
Aceito em 08/09/2014