X - Combate A Incêndios Urbanos e Industriais
X - Combate A Incêndios Urbanos e Industriais
X - Combate A Incêndios Urbanos e Industriais
Combate a Incêndios
Urbanos e Industriais
Carlos Ferreira de Castro e José M. Barreira Abrantes
SINTRA – 2005
2 Combate a Incêndios Urbanos e Industriais
Manual de Formação Inicial do Bombeiro
Ficha Técnica
Título
Combate a Incêndios Urbanos e Industriais
(vol. X)
Colecção
Manual de Formação Inicial do Bombeiro
Edição
Escola Nacional de Bombeiros
Quinta do Anjinho – Ranholas
2710-460 Sintra
Telef.: 219 239 040
Fax: 219 106 250
E.mail: enb@mail.telepac.pt
Texto
Carlos Ferreira de Castro e José M. Barreira Abrantes
Ilustração
Osvaldo Medina
Ricardo Blanco
Victor Hugo
Fotografia
Jorge Vicente
Rogério Oliveira
Victor Hugo
Grafismo e maquetização
Victor Hugo Fernandes
Impressão
Gráfica Europam, Lda.
ISBN: 972-8792-17-4
Depósito Legal n.º 174177/01
1.ª edição: Dezembro de 2002
2.ª edição: Abril de 2005
Tiragem: 2.000 exemplares
Preço de capa: 10,00 (pvp)
5,00 (bombeiros)
Duarte Caldeira
Presidente da direcção da E.N.B.
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Manual de Formação Inicial do Bombeiro
VOLUME Combate a Incêndios Urbanos e Industriais 5
1 Introdução ..... 9
3 Reconhecimento ..... 11
4 Salvamentos ..... 13
• Ataque e protecção;
• Rescaldo;
• Vigilância.
Todas estas diferentes fases, descritas nos pontos seguintes, devem ser
seguidas em qualquer operação de combate a incêndios, com excepção das
fases dos salvamentos e da vigilância, que poderão não ser necessárias.
No entanto, não é possível estabelecer regras e procedimentos comuns
no combate a incêndios urbanos e industriais.
Por exemplo, é seguramente diferente combater um incêndio numa
vivenda ou num hospital.
No caso dos incêndios industriais, as diferenças ainda são mais evidentes,
na medida em que os procedimentos a adoptar variam com o tipo de indústria.
São muito diferentes os produtos, tipos de edifícios e respectivos riscos
numa indústria cerealífera, metalúrgica ou química, por exemplo.
Torna-se, portanto, absolutamente necessário conhecer previamente a
natureza dos produtos existentes na instalação industrial onde foi declarado o
incêndio, nomeadamente as suas características físicas e químicas, toxicidade,
exposição às temperaturas, contacto com a água, etc..
Por outro lado, numa instalação industrial, uma actuação sem conheci-
mento prévio dos riscos existentes pode dar origem a acidentes de extrema
gravidade e, eventualmente, implicar evacuação de populações e danos materiais
muito para além do perímetro da empresa. Por isso, a intervenção dos bombeiros
deverá ser sempre coordenada com os serviços de segurança da empresa.
Ao comandante das operações de socorro (COS) compete sempre determinar
a melhor forma de proceder à intervenção. Ao bombeiro compete cumprir as ordens
do COS e efectuar as manobras indicadas de forma eficaz e em segurança.
3 Reconhecimento
O reconhecimento é a primeira das fases da marcha geral das operações
de combate a um incêndio e é crucial para o sucesso das restantes.
A fase de reconhecimento consiste na avaliação, tão exacta quanto
possível, das condições concretas em que se desenvolve o incêndio, de modo a
que se possam identificar e dimensionar as acções a tomar. Garante-se, assim,
uma maior possibilidade de sucesso nos salvamentos e no ataque ao incêndio.
11
O reconhecimento inicia-se com a chamada de socorro(1) e pode
(1)
Consultar o Volume VI – Comunicações.
Apesar dessa responsabilidade do primeiro comandante das operações
de socorro, qualquer bombeiro envolvido no combate ao incêndio deve
colaborar na recolha de informação sempre que tal seja solicitado pelo COS.
As informações que se obtêm vão determinar, então, quais as acções a
efectuar, onde, quando e como serão executadas.
Geralmente os dados essenciais a recolher para que se faça um bom
reconhecimento são:
12 • Existência de vítimas ou pessoas em perigo;
• Tipo de construção e respectiva ocupação;
Manual de Formação Inicial do Bombeiro
A B
C C
Fig. 2 Manobras de salvados.
A – Por cinto conjugado; B – Por manga de salvação; C – Por escada giratória.
Este método é mais demorado e implica as manobras(1) referidas, com o
envolvimento de meios como escadas de ganchos, escadas extensíveis, cintos
ou outros aparelhos de salvados, mangas, escadas giratórias ou plataformas
elevatórias, por exemplo.
Nas operações de salvamento incluem-se, também, todas as acções, a
desenvolver no interior do edifício, necessárias para localizar e salvar vítimas,
sempre que se suspeitar da existência de pessoas em perigo. Essas acções
designam-se por busca e salvamento(2).
15
(1)
Consultar o Volume XVI – Manobras de Salvados, Nós e Ligações.
(2)
Consultar o Volume XI – Busca e Salvamento.
As equipas conjugam os seus esforços nas diversas manobras definidas,
pela ordem de prioridade estabelecida pelo comandante das operações de
socorro, sempre sob o comando do respectivo chefe de equipa.
De entre os meios de acção a estabelecer pelas equipas, merecem
destaque os seguintes:
• Meios de salvamento, como já se referiu;
• Meios de socorro na área da saúde, para assistir eventuais vítimas,
16
quando estas se encontrarem em local seguro;
• Linhas de mangueira para combate ao incêndio e para protecção das
Manual de Formação Inicial do Bombeiro
exposições;
• Meios de ventilação táctica(1), para garantir a saída controlada do
fumo, calor e gases de combustão para o exterior do edifício;
• Meios de acesso pelo exterior, como escadas de diversos tipos, escadas
giratórias ou plataformas elevatórias;
• Meios de entrada forçada, para garantir a acessibilidade aos locais
onde tal não seja possível por outra forma;
• Meios de protecção relativos aos efeitos das acções de combate ao
incêndio, nomeadamente da água que não se vaporizou;
• Meios para apoio ao abastecimento de água (linhas de mangueira para
abastecimento, tanques desmontáveis, corpos de chupadores, etc.).
6 Ataque e protecção
6.1. Generalidades
18
19
6.2.2. Estratégia defensiva
Fig. 5 A estratégia defensiva não deve ser utilizada se ainda existirem pessoas no
interior do edifício.
70 mm 45 mm 25 mm
(1)
Consultar o Volume XIV – Manobras de Mangueiras e Motobombas.
Ao recorrer a este método, que implica o recurso a mais bombeiros,
deve ter-se o cuidado de criar reserva de mangueira suficiente (em
seios), no patamar do piso de ataque ao incêndio e no lanço da escada
de acesso ao andar superior, de modo a facilitar a progressão da
equipa de ataque.
Devem ser deixados bombeiros, espaçadamente, em alguns
patamares para facilitar o avanço da mangueira, puxando-a a pedido
do chefe de equipa.
29
• Pelo interior, recorrendo à bomba da caixa de escada (fig. 14).
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Manual de Formação Inicial do Bombeiro
31
B
Fig. 16 Linhas de mangueira pelo exterior. A – Correcto; B – Incorrecto.
Dependendo do tipo de agulheta utilizado e das condições do incêndio,
em especial da sua intensidade, pode adoptar-se um dos três métodos tácticos
de aplicação de água no combate a incêndios pelo interior do edifício – directo,
indirecto e combinado.
Para qualquer destes métodos é muito importante a conjugação com a
ventilação táctica(1), utilizando-se a seguinte regra geral de combate a incêndios
no interior de edifícios (fig. 17):
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AGULHETAS POR UM LADO ➞ SAÍDA DE VENTILAÇÃO PELO OUTRO
Manual de Formação Inicial do Bombeiro
B
Fig. 17 Conjugação das agulhetas com a ventilação táctica. A – Correcto; B – Incorrecto.
(1)
Consultar o Volume XII – Ventilação Táctica.
6.4.3. Método de ataque directo
34
6.4.4. Método de ataque indirecto
Manual de Formação Inicial do Bombeiro
6.5.1. As espumas
39
(1)
Consultar o Volume III – Hidráulica.
6.7. Condições de acesso e meios
de entrada forçada
Machado Force
41
Machado
Alavanca
Uma equipa de bombeiros que relegue para segundo plano a questão da sua
segurança, arrisca-se a ter problemas graves. Deve, também, dar-se atenção parti-
cular quando se trabalha com aparelhos de oxicorte ou ferramentas hidráulicas.
O local de entrada é, quase sempre, função do espaço onde deflagra o
incêndio. Se este se desenvolve numa área grande e cercou alguns dos seus
ocupantes, a entrada faz-se de imediato pelo rés-do-chão ou pelo piso
imediatamente abaixo com a utilização de escadas, entrando por uma janela e
subindo pelo interior. É de referir, também, que o local de entrada depende do
tipo de ocupação, do número de ocupantes e da hora a que se dá a ocorrência.
A estrutura geral dos pavimentos e paredes de betão e, até mesmo, de alve-
naria, torna-os extremamente difíceis de romper. Tentar o acesso através destes
42
elementos de um edifício deve, se possível, ser evitado pois, ou se dispõe de ferra-
Manual de Formação Inicial do Bombeiro
(1)
Para evitar cortes, quebrar totalmente o vidro desse lado.
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Manual de Formação Inicial do Bombeiro
A B
Fig. 28 Posição para partir um vidro. A – Correcta; B – Incorrecta.
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Na maior parte das vezes utiliza-se uma porta para fazer a entrada.
Existindo um número elevado de tipos de portas, o bombeiro deve ter a noção
do tipo de fecho e de trinco utilizado.
A abertura de uma porta depende, especialmente, da maneira como está
fixada e da forma como está fechada. Antes de tentar forçar a sua abertura deve
verificar-se se ela está trancada (fig. 31-A), se os pernos da dobradiça podem ser
removidos (fig. 31-B) e comprovar se a porta está quente, usando as costas da
mão (fig. 31-C e D).
A temperatura da porta poderá dar uma indicação se é provável que
ocorra alguma explosão de gases de combustão ou mesmo uma explosão de
fumo, quando a porta for aberta.
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Manual de Formação Inicial do Bombeiro
A B
C D
Fig. 31 Passos para avaliar a abertura de uma porta.
(1)
Também designados por cadeados.
47
48
Manual de Formação Inicial do Bombeiro
A B C
C C C
D E E
Fig. 33 Exemplos de portões. A – Basculante; B – Correr vertical; C – Correr horizontal;
D – Enrolar; E – Correr horizontal com porta de homem.
6.8. Protecção
Fig. 36 Protecção de uma cobertura danificada, para evitar a destruição do interior por
acção da chuva.
7 Rescaldo e vigilância
7.1. Rescaldo
7.3. Vigilância
57
(1)
Consultar o Volume VII – Fenomenologia da Combustão e Extintores.
59
61
Fig. 48 Com baixa visibilidade deve tactear-se o chão à frente, à medida que se caminha.
Fig. 49 Em locais de reduzida visibilidade, a deslocação deve ser feita junto ao piso.
• A deslocação pelas escadas do edifício (fig. 50) deve ser feita, preferencial-
mente, «de gatas», quando as condições de visibilidade são adversas.
Ao subir, a cabeça do bombeiro deve ir à frente. Ao descer, os pés
devem ir à frente.
Esta deslocação sendo, embora, mais lenta, permite que o bombeiro
se movimente na camada de ar menos aquecida junto ao piso.
69
(1)
Consultar o Volume II – Construção Civil.
pode fazê-lo desequilibrar. Nesta situação, qualquer deslocação
será efectuada com a agulheta fechada abrindo-a lentamente
quando voltar a parar numa posição segura. Se tal não for possível,
deve regular a agulheta para a posição de chuveiro com maior
ângulo de água (menor reacção da agulheta) enquanto se desloca.
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Manual de Formação Inicial do Bombeiro
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afectam os combustíveis vizinhos nos mecanismos de
transmissão de calor (não há propagação, não existem
Manual de Formação Inicial do Bombeiro
grandes chamas)
Incêndio extinto – Incêndio que atingiu uma fase onde já não existem chamas,
mas apenas pequenos focos de combustão (brasas)
Inflamação – Fase inicial da combustão, em que surge a chama
Jacto – Aplicação de água de forma compacta para combate a
incêndios
Molhante – Substância que aumenta a capacidade da água aderir à
superfície de um corpo e penetrar no seu interior
Oxidação – Reacção química caracterizada pela perda de electrões.
Reacção de uma substância com o oxigénio (combustão)
Propagação (de um incêndio) – Desenvolvimento do incêndio no espaço,
através dos mecanismos de transmissão de energia
Radiação – Propagação de energia ou de um sinal rádio através do
espaço sem suporte material
Reacção em cadeia – Sucessão de reacções, geralmente envolvendo radicais
livres, caracterizada pela contínua formação de espécies
reagentes, que podem alimentar a combustão
Reconhecimento – Avaliação dos problemas e das condições concretas que
serve de base ao plano de acção com vista ao desenvolvi-
mento das operações de socorro
Rede de incêndio armada – Rede privativa de serviço de incêndios de um
edifício ou instalação industrial que contém bocas de
incêndio armadas
Rescaldo – Fase das operações de combate a um incêndio destinada a
assegurar que se eliminou toda a combustão na área ardida
ou que, pelo menos, o material ainda em combustão está
devidamente isolado e circunscrito de forma a não constituir
perigo 79
I
Ignição ................................................................................................... 37, 77
Incêndio ........................ 9-14, 16-30, 32-40, 42, 43, 50-55, 57, 58, 62-71, 78
Incêndio circunscrito ............................................................................. 17, 78
Incêndio dominado ............................................................................... 17, 78
Incêndio extinto ........................................................................ 17, 50, 52, 78
J
Jacto ......................................................................... 23, 26, 33, 34, 36, 70, 78
Janela de correr vertical ............................................................................... 43
L
Linha de mangueira ............................................................. 25, 28-31, 39, 67
M
Matérias perigosas ............................................................................ 12, 19, 55
Molhante ............................................................................................... 53, 78
P
Plano de acção ............................................................................................. 15
Progressão horizontal ................................................................................... 22
Propagação ........................................................................... 22, 23, 36, 37, 78
Pulverizada ................................................................................................... 33
R
Radiação ................................................................................................. 22, 78
Reacção em cadeia ................................................................................... 9, 78
Reconhecimento ......................................................................... 10-12, 15, 78
Rescaldo ......................................................................................10, 52, 54, 79
S
Salvamentos .......................................................................... 10-16, 21, 23, 50
Segurança ............. 9, 10, 17, 19, 35, 41, 42, 46, 49, 51, 55-57, 64, 69-71
T
Telha passadeira ..................................................................................... 70, 79
Toxicidade ........................................................................................ 10, 55, 79
Triângulo do fogo .......................................................................................... 9
V
Ventilação táctica ......................................... 18, 19, 32, 34, 35, 37, 38, 50, 79
Vestígio ................................................................................................... 54, 79
83
Vigilância ................................................................................... 10, 52, 54, 79
Sumário ............................................................................................... 5
Siglas .................................................................................................... 7
1 Introdução ................................................................................. 9
3 Reconhecimento ...................................................................... 11
4 Salvamentos ............................................................................. 13
Bibliografia .......................................................................................... 73
Glossário .............................................................................................. 75