Pode Ajudar Metodologia
Pode Ajudar Metodologia
Pode Ajudar Metodologia
CAMPUS SALVADOR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
E TECNOLÓGICA
Salvador - BA
2021
PAULA DE JESUS MARQUES
Salvador - BA
2021
Biblioteca Raul V. Seixas – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia
da Bahia - IFBA – Campus Salvador/BA.
Responsável pela catalogação na fonte: Samuel dos Santos Araújo - CRB 5/1426.
CDU 2 ed. 37
INSTITUTO FEDERAL DA BAHIA
Autarquia criada pela Lei n° 11.892 de 29 de Dezembro de 2008
__________________________
Danilo Almeida Souza, Prof. Dr. Presidente
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Bahia - IFBA
Orientador
___________________________
Jocelma Rios, Profa. Dra. Examinadora Interna
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Bahia - IFBA
__________________________
Maria Raidalva, Profa. Dra. Examinadora Externa
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Bahia - IFBA
__________________________
Alex Batista Lins, Prof. Dr. Examinador Externo
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Bahia - IFBA
16/12/2021 16:03 SEI/IFBA - 1969777 - Folha de Aprovação TCC
Banca Examinadora:
________________________________________________________
Prof. Dr. Danilo Almeida Souza
Orientador – Instituto Federal da Bahia (IFBA)
_________________________________________________________
Prof. Dr. Alex Batista Lins
Membro Externo – Instituto Federal da Bahia (IFBA)
_________________________________________________________
Profa. Dra. Maria Raidalva Nery Barreto
Membro Externo – Instituto Federal da Bahia (IFBA)
_________________________________________________________
Profa. Dra. Jocelma Almeida Rios
Membro Interno – Instituto Federal da Bahia (IFBA)
https://sei.ifba.edu.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=2352496&infra_siste… 1/2
16/12/2021 16:03 SEI/IFBA - 1969777 - Folha de Aprovação TCC
Em 26 de agosto de 2021.
23279.005501/2021-51 1969777v7
https://sei.ifba.edu.br/sei/controlador.php?acao=documento_imprimir_web&acao_origem=arvore_visualizar&id_documento=2352496&infra_siste… 2/2
Dedico este trabalho aos meus pais Crispim e Conceição.
Sem vocês nada seria possível.
AGRADECIMENTOS
Ao meu Deus, que iluminou todo meu caminho e que me mostra a todo
instante que para tudo na vida há um propósito.
Aos meus pais e toda minha família, que são a minha base e a razão de ter
alcançado este patamar tão importante.
Ao meu orientador Danilo pelas orientações, apoio, humildade e incentivo na
condução deste trabalho. Ao orientador Alex Lins, pela relevante orientação durante
a primeira etapa da pesquisa.
Ao professor Georges Reis pelo acervo de livros disponibilizados e pelo seu
compromisso pedagógico na disciplina Gestão Educacional.
À professora Luzia Mota, pelas provocações nas aulas de Bases Conceituais
em EPT que me engajaram a um novo patamar de reflexão, oratória e
posicionamento frente à realidade.
Aos professores do Programa de Mestrado PROFEPT que contribuíram de
maneira significativa com os seus saberes para o meu aprendizado.
Aos meus amigos que sempre torceram pelo meu sucesso, em especial aos
amados amigos do IFBA, que fazem parte desta conquista: Adriano, Cristiane,
Deisiane e Rubens.
Aos colegas do Mestrado em Educação Profissional e Tecnológica, pelo
companheirismo nesta jornada de conhecimento, em especial à querida amiga Cleo,
companheira do início ao fim, que me apoiou e encorajou nos momentos mais
difíceis. Geisa, Barbara, Rosana, Priscila, Thereza e Shirley, pelos muitos
momentos compartilhados. Levo todas no coração!
Aos participantes da pesquisa: estudantes, servidores e colaboradores que
de forma voluntária contribuíram para o desenvolvimento desse trabalho.
Finalmente, àqueles que de alguma forma fizeram parte do meu caminho e
que me auxiliaram nessa jornada. A todos, GRATIDÃO!
“Não existe imparcialidade. Todos são
orientados por uma base ideológica.
A questão é: sua base ideológica é
inclusiva ou excludente?”
(Paulo Freire, 1996)
RESUMO
This master thesis was developed under the Graduate Program in Professional and
Technological Education - PROFEPT and aimed to develop as an educational
product, a website with propositions to guide and expand the concepts of democratic
management and participation in the Federal Institute of Education, Science and
Technology of Bahia (IFBA) Camaçari campus. Assuming that democratic
management in the context of the EPT implies the opening of decision-making
spaces, it is important to clarify that the entire school community (professors,
technical-administrative servants, employees, students and the external community)
must have guaranteed the right to participate. It is understood that the school
community has ensured in legislation and institutional documents the right to
democratic management, however there is a gap between the management policies
proposed in the documents and institutional praxis. Theoretical discussions were
carried out from authors who deal with the conceptual bases of EPT and democratic
management, such as: Marx, Gramsci, Freire, Libâneo, Luck, Paro, Dourado,
Frigotto, Ciavatta, among others. In methodological terms, the approach of qualitative
research was used, in the modality of applied research, with participant bias and
aligned with the assumptions of dialectical-historical materialism. In what refers to the
techniques and instruments for data collection, the following were used: bibliographic
review, document analysis, participant observation and questionnaires. The research
locus was IFBA, Camaçari campus and the research participants were members of
the institute's internal community, consisting of professors, technical-administrative
servants, employees and students. From the data collection and interpretation, it was
possible to establish some considerations regarding the perception of the community.
The most evidenced point is that the community, in general, hungers for the
construction of more solidary relationships and for a more democratic and
participative institution, aligned with what is foreseen in the theoretical framework that
underpins this work. The educational product proposal was an educational website
that dialogues with issues related to democratic management in the context of the
EPT and proposes the expansion of the concepts of democratic management,
citizenship and mechanisms of participation. The possibility of this work contributing
to the debate and reflection on democracy and participation in the IFBA campus
Camaçari is envisioned.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 27
2.1 Caminhos para a Educação Profissional e Tecnológica no Brasil 27
2.2 Gestão democrática: reflexões e contexto da EPT 41
2.3 A gestão democrática na legislação 52
2.4 As políticas de gestão pactuadas no PDI do IFBA (2014-2018) 55
3. PERCURSO METODOLÓGICO 64
3.1 Técnicas de Pesquisa 69
3.1.1 Pesquisa Participante 69
3.1.2 Revisão de literatura 72
3.1.3 Análise documental 72
3.1.4 Questionário 73
3.1.5.Observação participante 75
3.2 Atores sociais e locus da pesquisa 77
3.3 Coleta e análise dos dados 77
3.4 O Produto Educacional 78
4. ANÁLISE DE DADOS (RESULTADOS E DISCUSSÕES) 79
4.1 Desvelando a realidade: Aspectos gerais do IFBA campus Camaçari 82
4.2 Desvelando a realidade: A percepção do segmento discente 88
4.3 Desvelando a realidade: A percepção do segmento docente 118
4.4 Desvelando a realidade:A Percepção dos TAEs e colaboradores 141
4.5 Desafios e possibilidades frente a efetivação da gestão democrática 166
5. O PRODUTO EDUCACIONAL 169
5.1 Descrição 169
5.2 Objetivo do site 172
5.3 Para quem se destina o produto? 172
5.4 Desenvolvimento do site 173
5.5 Estrutura do site 175
5.6 Avaliação e validação do produto 192
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 194
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 198
APÊNDICES 211
20
1. INTRODUÇÃO
1
Entendido nesse contexto como estado atual das coisas.
21
(2002), Kuenzer e Grabowski (2007) , Lombardi (2010), Frigotto (1989; 1995; 2018),
Ramos (2008), Moura (2013), Moura, Lima Filho e Silva (2015), Ciavatta(2005,
2016) entre outros importantes autores que se fizeram presentes nas análises ao
longo do trabalho.
No que se refere ao trilhar da pesquisa, a dissertação apresenta a seguinte
estrutura: introdução, justificativa, problematização, objetivo geral, objetivos
específicos, fundamentação teórica e percurso metodológico, análise e discussão
dos resultados, desenvolvimento, aplicação e validação do produto educacional e
considerações finais.
Inicialmente foram discutidas as bases conceituais que ancoram a Educação
Profissional e Tecnológica no Brasil e apresentado um breve histórico a respeito do
tema e tendo como elementos de estudo principais o trabalho como princípio
educativo, a politecnia e a formação integrada (GADOTTI, 1992; ARAÚJO;
FRIGOTTO, 2015, MOURA; LIMA; SILVA, 2015; ARAÚJO; RODRIGUES, 2010,
CIAVATTA, 2005;2016; RAMOS, 2008; NOSELLA, 2007).
Em um segundo momento, buscou-se firmar a análise a respeito da Gestão
democrática, privilegiando o tema também no contexto da EPT. Ao abordar a gestão
democrática em consonância com a Educação Profissional e Tecnológica,
pretendeu-se compreender de que forma as práticas educacionais na EPT estão em
consonância com um projeto educativo democrático, participativo e emancipador.
Na sequência foram trazidos para análise a gestão democrática nos
dispositivos legais, bem como nos documentos institucionais do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia, a fim de serem compreendidas as
políticas, bem como objetivos e mecanismos de gestão e se estes estavam em
consonância com a prática educacional democrática e participativa.
A proposta do produto educacional foi uma mídia educacional, em formato de
site que dialoga com questões voltadas à gestão democrática no contexto da
Educação Profissional e Tecnológica e propõe a ampliação dos conceitos de gestão
democrática, cidadania e mecanismos de participação.
1.2. Objetivos
1.2.1 Geral
1.2.2 Específicos
III) Desenvolver como produto educacional um site que possa contribuir para
ampliação dos conceitos de gestão democrática, cidadania e na promoção de
mecanismos de participação no IFBA campus Camaçari.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2
Educação popular igual? O que se entende por essas palavras? Crê-se
que na sociedade atual ( e apenas ela está em questão aqui) a educação
possa ser igual para todas as classes? Ou se exige que as classes altas
também devam ser forçadamente reduzidas à módica educação da escola
pública, a única compatível com as condições econômicas não só do
trabalhador assalariado, mas também do camponês?
[...]
O parágrafo sobre as escolas devia ao menos ter exigido escolas técnicas
(teóricas e práticas) combinadas com a escola primária.
Absolutamente condenável é uma "educação popular sob incumbência do
Estado" é completamente inadmissível. Uma coisa é estabelecer, por uma
lei geral, os recursos para as escolas públicas, a qualificação do pessoal
docente, os currículos, etc., e velar pelo cumprimento destas prescrições
legais mediante inspetores estatais, como se faz nos Estados Unidos, e
outra coisa completamente diferente é designar o Estado como educador do
povo! Longe disto, o que deve ser feito é subtrair a escola a toda influência
por parte do governo e da Igreja. (MARX, 2012, p.45).
2
Em que pese a extensão da citação, faz-se necessário transpô-la na íntegra a fim de maior
compreensão a respeito do tema.
3
Manacorda, ao referir-se às obras de Marx, explicita que a união entre ensino e trabalho bem como
“a exigência de escolas técnicas que, com seu duplo conteúdo teórico e prático, representam a
mesma educação do futuro desejada nas Instruções e em O Capital” (MANACORDA, 2007, p.53).
34
teoria e prática, ao defender a união entre escolas técnicas e a escola primária. Não
deixa de ser pertinente retomar Marx, quando explicita que:
[...] a última fase deve ser concebida e organizada como a fase decisiva, na
qual se tende a criar os valores fundamentais do "humanismo", a
autodisciplina intelectual e a autonomia moral necessárias a uma posterior
especialização, seja ela de caráter científico (estudos universitários), seja de
caráter imediatamente prático-produtivo [...] O estudo e o aprendizado dos
métodos criativos na ciência e na vida devem começar nesta última fase da
36
A luta contra isso é uma luta contra hegemônica. É uma luta que não dá
tréguas e que, portanto, só pode ser travada com muita força coletiva. A
concepção da escola unitária expressa o princípio da educação como direito
de todos. (RAMOS, 2008, p.2).
4
O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) é classificado como “uma espécie de documento-
síntese, no qual se explicitam as diretrizes gerais que irão ensejar, em articulação com outras ações
empreendidas, o cumprimento da missão do Instituto e do seu consequente crescimento”(IFBA, 2013,
p.26)
5
Para Kuenzer (2002), a politecnia significa o “domínio intelectual da técnica e a possibilidade de
exercer trabalhos flexíveis, recompondo as tarefas de forma criativa; supõe a superação de um
conhecimento meramente empírico e de formação apenas técnica, através de formas de um
pensamento mais abstratas, de crítica, de criação, exigindo autonomia intelectual e ética” (KUENZER,
2002, p.89).
40
Convém salientar a concordância com Frigotto (1989) visto que ele explicita
que o processo de superação das relações sociais desumanizadoras acontece
dentro dessas mesmas relações. Além disso, o presente autor reforça que para
superá-las, é necessário, antes de mais nada, a tomada de consciência crítica por
parte dos indivíduos. Neste processo crítico de superação, o trabalho torna-se
educativo. Nesta direção, Grabowski (2014) reforça sobre a importância da EPT na
formação de cidadãos críticos:
precisa se tornar um local cujo espírito democrático seja o verdadeiro fio condutor
das relações.
Nesse percurso, Souza (2009) entende que os mecanismos considerados
como de gestão democrática, tais como os conselhos escolares, as eleições para
dirigentes entre outros, não representam, por si só, a essência da democracia. Desta
forma, para se garantir a implementação de um projeto efetivamente democrático é
fundamental que a comunidade escolar proponha suas ações baseadas no diálogo e
em ações coletivas.
Conforme exposto acima por Marx (2012), a luta contra os reveses impostos
pelo capital exige tomada de consciência e posse do poder político pela classe
trabalhadora. Lutar contra a exploração capitalista é uma luta política. Da mesma
forma pode-se considerar a luta no contexto da política escolar, visto que a luta pela
democracia precisa ser coletiva.
Para Luck (2013), a dimensão política se realiza, no seu sentido pleno,
quando a vivência democrática acontece. E para a experiência democrática
acontecer convém o compartilhamento do poder entre todos os membros da
comunidade. Nesta mesma direção, é colocado por Souza:
O que se propõe, então, não é uma ação educadora qualquer, mas uma
educação vinculada a um Projeto Democrático, comprometido com a
emancipação dos setores explorados de nossa sociedade; uma educação,
que assimila e supera os princípios e conceitos da escola e incorpora
aqueles gestados pela sociedade organizada. Mais do que isso a
comunidade educa a própria escola e é educada por ela, que passa a
assumir um papel mais amplo na superação da exclusão social.
(PACHECO, 2011, p. 10).
durante o decênio de 2014 a 2024. O PNE dispõe do tema gestão democrática nas
próprias diretrizes, elencadas no artigo 2°, no artigo 9°, nas estratégias e na meta
54
19. No que se refere ao artigo 2º, o PNE reforça os princípios expostos no artigo 206
O PNE, dentre a legislação, foi a lei que mais abordou o tema gestão
democrática. Dando prosseguimento à matéria, menciona novamente a gestão
democrática nas estratégias:
[...]
Conforme observa-se, no PDI (IFBA, 2014) há, de maneira clara, alusão aos
aspectos fundamentais para o alcance das diretrizes para uma gestão democrática.
59
6
Segundo Paro (2016), os condicionantes institucionais são elementos internos que muitas vezes
criam uma série de dificuldades nos processos participativos da escola.
62
3. PERCURSO METODOLÓGICO
em direção à transformação social. Nesta mesma direção, Gil (2008) corrobora com
a reflexão sobre a dialética, na medida em que
pesquisa participante intenta ser engajada e científica, para além do ato crítico de
reivindicação. Por esta razão, é fundamental considerar o desafio metodológico
frente ao pensar e intervir juntos na realidade. Nesse contexto, Demo destaca que:
3.1.4 Questionário
possibilita
7
Segundo o portal do MEC, As pós-graduações stricto sensu compreendem programas de mestrado
e doutorado abertos a candidatos diplomados em cursos superiores de graduação e que atendam às
exigências das instituições de ensino e ao edital de seleção dos alunos (Art. 44, III, Lei nº
9.394/1996).
79
8
http://www.camacari.ba.gov.br/municipio-de-camacari/#historia
83
9
https://portal.ifba.edu.br/camacari/institucional/.
10
De acordo com o portal do MEC, As pós-graduações lato sensu compreendem programas de
especialização e incluem os cursos designados como MBA (Master Business Administration). Com
duração mínima de 360 horas, ao final do curso o aluno obterá certificado e não diploma.– Art. 44, III,
Lei nº 9.394/1996.
86
11
https://www.coficpolo.com.br/.
12
http://www.camacari.ba.gov.br/municipio-de-camacari/#historia .
87
13
https://portal.ifba.edu.br/dgcom/camacari/institucional/document
88
Segundo Freire (2005), sem o corpo discente não existe prática educativa
docente. Ou seja, não há vislumbrar-se do ato de ensinar sem considerar o aprender
e ambos devem estar orientados a uma fazer pedagógico crítico-transformador
que consolide o compromisso com a formação de autores históricos, conscientes e
protagonistas das suas histórias de vida. Nesse sentido, o objetivo principal da
escola é garantir a qualidade das ações educacionais que se traduzem na
aprendizagem e formação dos alunos (LUCK, 2009).
É ainda na perspectiva da prática educativa crítica, que Paulo Freire
considera que
Uma das tarefas mais importantes da prática educativo-crítica é propiciar as
condições em que os educandos em suas relações uns com os outros e
todos com o professor ou a professora experiência profunda de assumir-se.
Assumir-se como ser social e histórico, como ser pensante,
comunicante,transformador, criador, realizador de sonhos, capaz de ter
raiva porque capaz de amar. (FREIRE, 2005, p. 22).
Os alunos são as pessoas para quem a escola existe e para quem deve
voltar as suas ações, de modo que todos tenham o máximo sucesso nos
estudos que realizam para sua formação pessoal e social. Para tanto,
devem ser envolvidos em ambiente e experiências educacionais
estimulantes, motivadoras e de elevada qualidade. Alunos tendo sucesso na
escola, pelo desenvolvimento de seu potencial e o gosto e hábito de
aprender, são o foco principal da escola. (LUCK, 2009, p. 21).
90
Portanto, não há que se pensar no universo escolar sem seu foco principal: os
discentes e a promoção da educação de qualidade. Por esse motivo, pode-se
afirmar que o segmento discente exerce um importante papel no processo
educativo e precisa ter seu espaço garantido no cenário escolar. Entretanto, fica
desde logo claro que o cotidiano escolar reclama experiências participativas a
serem vivenciadas pelos estudantes. Em outros termos, falar sobre o segmento
discente implica, sobretudo, falar em participação, engajamento e protagonismo
deste segmento na gestão escolar. Há, portanto, alguns elementos fundamentais
que devem ser levados em consideração quando se trata de participação.
Segundo Dallari (1984, p. 43), a participação pode se efetivar tanto a nível
individual quanto coletivo. O referido autor salienta que em termos individuais, a
participação corresponde a busca por melhores caminhos e melhores oportunidades
para o processo de conscientização e participação de todos. Já no que diz respeito
ao caráter coletivo, a participação acontece por meio da integração do grupo social e
que, através da ação conjunta, há o privilégio da integração das ações e
consequentemente o desenvolvimento do grupo.
É na perspectiva de participação a nível coletivo que destaca-se o relevante
papel da atuação dos discentes no grêmio estudantil e em outras esferas de
participação como o colegiado, conselhos de classe, Conselho de Campus e o
Conselho de Representantes de Turmas (CRT)14, por exemplo.
Deste modo, garantir a participação dos estudantes e suas formas de se
representar e serem ouvidos é uma maneira muito relevante, a propósito, de
incentivá-los ao exercício de habilidades fundamentais para a vida em sociedade.
Assim, assegurar a participação do jovem na escola, é defender uma gama de
possibilidades no que se refere ao processo de formação, é propiciar aos discentes
o desenvolvimento da empatia, o engajamento em processos decisórios e a
possibilidade em aprender a lidar com conflitos e vislumbrar formas mais
democráticas e participativas de superá-los.
14
Segundo o art. n° 12 do Estatuto do Grêmio Estudantil Primavera nos Dentes, o Conselho de
Representantes de Turmas (CRT), instância intermediária de deliberação do Grêmio, é o órgão de
representação exclusiva dos estudantes, constituído pelos representantes de turmas, eleitos pelos
estudantes de cada turma, e presidido por dois de seus membros, eleitos pelo próprio Conselho.
91
[...] todos que fazem parte da escola influenciam sua cultura, interferem
sobre seus resultados, direta ou indiretamente, positiva ou negativamente,
de acordo com o modo como nela agem, é fundamental que desenvolvam
consciência sobre como atuam no conjunto e como suas ações se
relacionam, se interinfluenciam e se interdependem. (LUCK, 2013, p. 90).
Convém salientar que tal relação não só auxilia na formação dos discentes
sobre respeito, colaboração e compromisso coletivo, como no desenvolvimento de
uma cultura de reflexão crítica e consciência social requeridos na vida em
sociedade, uma vez que
Dito isto, através do que foi levantado no Gráfico 3, foi possível compreender
a percepção dos discentes frente a relação com os funcionários. De acordo com os
dados coletados, cerca de (18,8%) consideram a relação com a equipe de
colaboradores e servidores ótima. Seguidos, em escala de gradação, (29,4%)
consideram boa, (32,1%) razoável, (11,8%) pouco satisfatória e (5,9%) optaram em
não responder.
Os resultados obtidos através da análise do Gráfico 3 reforçam que os
estudantes, em sua maioria (32,1%) consideram a relação com os funcionários
razoável.
Desta forma, cabe destacar que é sempre positivo e necessário o trabalho
coletivo de promoção de uma maior aproximação entre os membros da escola, visto
que uma comunidade escolar mobilizada na realização de um trabalho educativo
coletivo e ancorada em um ambiente educacional estimulante, que incentiva o
aprofundamento de relações pessoais e sociais de qualidade caminha em direção a
melhoria contínua da educação ofertada aos seus alunos.
[...] ocorre na medida em que sejam reconhecidos como pessoas, com suas
diferenças individuais que não apenas são aceitas, mas são também
reconhecidas por apresentar demandas por variações metodológicas e de
ritmo de ensino, assim como variações capazes de promover a manutenção
da sua motivação para aprender. Essa valorização está associada ao
desenvolvimento de uma autoimagem positiva pelo aluno, que deve ser o
sentido da educação, pois, ao desenvolver aprendizagens significativas, o
aluno se sente mais competente e autoconfiante. (LUCK, 2011, p. 155, grifo
nosso).
Nesse sentido, é esta perspectiva, para além do formal, que deve ser
perseguida, incentivada e consolidada pela direção da escola, a fim de formar
discentes mais engajados e preparados para a vida em sociedade. A escola nada
100
Gráfico 6 – Visão dos discentes acerca dos segmentos e setores que mais
sentem liberdade para expressar ideias
15
Conforme falado anteriormente e novamente elucidado por Santos e Souza (2019, p. 40), a Lei nº
7.398, de 4 de novembro de 1985 assegura a organização, o funcionamento e as atividades dos
grêmios (BRASIL, 1985), ratificando o direito de organização e de participação de entidades
estudantis (BRASIL, 1990). Mais tarde, a Lei nº 9.394/1996 assegurou que a educação abrange os
processos formativos que se desenvolvem não só na vida familiar, na convivência humana e no
trabalho, mas também nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações
da sociedade civil e nas manifestações culturais” (BRASIL, 1996).
108
16
Segundo PPI (IFBA, 2013, p. 20), os princípios balizadores da relação social, administrativa e
educativa da Instituição são:a igualdade,a solidariedade, a equidade,a inclusão, a sustentabilidade e
a democracia. Esses princípios se justificam na perspectiva de formação de um sujeito omnilateral.
17
A concepção de diálogo fraterno também foi trazida pelo Projeto Pedagógico Institucional, no rol
dos princípios, objetivos, ideais e necessidades da comunidade (IFBA, 2013).
109
Com efeito, não se pode negar, nem minimizar a importância dos grêmios
estudantis enquanto elemento essencial para o resgate da dimensão política,
democrática e cidadã na escola. Cumpre analisar que o alcance da cidadania
corresponde a um exercício permanente e precisa ir de encontro ao autoritarismo,
que ao contrário da cidadania, difunde a lógica do medo, do autoritarismo, da
submissão e passividade. Além disso, a dimensão política 18, possibilita a
coparticipação e o aumento do poder coletivo. (ARAÚJO, 2009; LUCK, 2013).
Portanto,
É de fundamental importância que a gestão escolar e os profissionais da
educação reconheçam a legitimidade dos grêmios estudantis como órgãos
representativos dos interesses dos alunos. Isso não significa que a gestão
escolar deva instrumentalizá-los de acordo com os seus interesses, o que
fere o princípio da autonomia estudantil, mas oportunizar espaços concretos
para que as vozes e as propostas dos estudantes possam ser valorizadas e
viabilizadas no cotidiano da escola. (ARAÚJO, 2009, p. 259).
.
18
Segundo Luck (2013, p. 65) a participação, independentemente de sua natureza, nível de
abrangência e contexto em que ocorra, manifesta três dimensões convergentes entre si e
interinfluentes: política, pedagógica e técnica. Essa separação, portanto, em sua análise, é apenas
didática, já que nenhuma ocorre independentemente da outra e não representa a realidade como um
todo, visto que se entrecruzam, formando um todo dinâmico pela força de sua associação. Cada ação
participativa constitui um todo indissociável, uma vez que, alterando-se qualquer uma das dimensões,
altera-se as demais e o todo que constituem.
110
2008, p.9).
19
O Manual do Aluno encontra-se disponível no portal
https://portal.ifba.edu.br/camacari/ensino/documentos-
estudante/2019_manual_aluno_integrado_subsequente_24jan.pdf
112
Camaçari?
A análise da questão explícita no Gráfico 8 demonstrou que, de acordo com
os discentes, (63%) receberam o Manual do Aluno, enquanto (12,9%) informaram
não terem recebido o Manual do Aluno e (23,5%) dos discentes não souberam
informar sobre o recebimento do Manual do Aluno.
Através da interpretação e análise evidenciada no Gráfico 8, pode-se concluir
que, apesar de ser um documento importante e que representa o contato inicial dos
discentes com a vida acadêmica a ser vivenciada, uma parcela dos discentes não
tem conhecimento ou não tiveram acesso ao Manual do Aluno.
No que se refere ao não recebimento do Manual do Aluno em formato físico é
facilmente justificado diante do cenário atual, período de suspensão das atividades
presenciais no âmbito do IFBA, diante da pandemia da Covid-19. Nesse sentido, as
atividades de ensinos estão sendo realizadas no formato remoto, nos moldes das
atividades de ensino não presenciais (AENPE)20.
Apesar do Manual do Aluno não ter sido disponibilizado no formato físico, o
referido documento pode ser encontrado no portal do IFBA campus Camaçari
através do link <https://portal.ifba.edu.br/camacari/ensino/manuais>. Entretanto,
importa salientar que, o percurso para acessar o Manual do Aluno requisita o acesso
através do mecanismo de busca do portal, o que implica em um acesso ao
documento considerado dificultoso para os discentes. Outro ponto notado que
precisa ser sinalizado é o fato do Manual do Aluno disponibilizado no portal ser
referente ao ano de 2019, quando a pesquisa foi realizada em 2021.
Como se pode observar, o Manual do Aluno, recurso pedagógico e didático,
contém uma série de informações muito importantes sobre as normas e diretrizes
que regulamentam a relação instituição-aluno. Em outras palavras, é um recurso
educativo privilegiado que possibilita aos discentes uma compreensão inicial no que
diz respeito à jornada acadêmica, aos objetivos de formação e desenvolvimento
profissional e o acesso a informações que possibilitam aos discentes
compreenderem a importância da atuação estudantil e o relevante papel no
20
As Atividades de Ensino Não Presenciais Emergenciais (AENPE) foram normatizadas/aprovadas
na Resolução CONSUP/IFBA nº 19, de 24 de agosto de 2020, que estabelece as normas acadêmicas
e provisórias para as Atividades Educacionais Não Presenciais Emergenciais (AENPE) durante o
período de suspensão das atividades presenciais no âmbito do IFBA, enquanto durar a situação de
pandemia da Covid-19 https://portal.ifba.edu.br/camacari/aenpecopia
113
21
Essa responsabilidade social, de acordo com Heloísa Lück (2009, p.71) , se revela na medida em
que seja orientada em favor do aluno, para o seu desenvolvimento, para a sua formação, para a
114
cidadania e aprendizagem significativa, promotora das competências e consciência que lhe permitam
atuar de forma positiva na sociedade e usufruir de seus bens e serviços.
115
realidade.
Segundo Paulo Freire (2003, p.177), “O educador ou educadora como um
intelectual tem que intervir. Não pode ser um mero facilitador”. Certamente, seria
uma postura bastante ingênua e descompromissada conceber o professor em sua
ação pedagógica desvinculada da sua prática educativa transformadora, reflexiva e
articuladora do processo de ensino-aprendizagem.
Nesse sentido, importa refletir a ação docente na perspectiva de um fazer
educativo crítico e orientado para a democracia. Essa perspectiva de educação
precisa estar pautada no diálogo, na participação e na formação da consciência
crítica dos educandos. Para Freire,
pela reflexão que o professor realiza na ação. [...] Mas sua reflexão na
ação precisa ultrapassar a situação imediata. Para isso é necessário
mobilizar a reflexão sobre a reflexão na ação. Ou seja, uma reflexão que se
eleve da situação imediata, possibilitando uma elaboração de seus saberes.
(PIMENTA, 2011, p. 27 grifo nosso).
IFBA campus Camaçari, o relacionamento com a equipe diretiva e por fim os demais
aspectos relativos à vivência democrática.
Em observância a análise dos dados elucidados no Gráfico 11, buscou-se
verificar o tempo de docência dos professores participantes da pesquisa no IFBA
Camaçari. A razão pela qual aborda-se este quesito se dá diante do entendimento
de que a permanência do docente durante um considerável período de tempo em
uma mesma instituição possibilita o estabelecimento de vínculos mais profundos,
propiciando um alargamento dos laços afetivos e sociais, o engajamento do corpo
docente com a instituição, e consequentemente a criação de um ambiente
acolhedor, harmonioso e mais saudável.
Ramos (2011), ao refletir sobre vínculo na prática educativa escolar e
ancorando sua linha de pensamento em Freire (1994) e Vygotsky (1998) destaca
que
22
Pode-se citar, dentre outros, os seguintes autores que elucidam sobre autonomia: Luck (2000),
Libâneo, Oliveira e Toschi (2012), Libâneo (2013), Martins (2011),Paro (2006), Gracindo (2007,
2013), Dourado (2008), Gadotti (2000), Veiga (2013), Araújo (2009) e Lima (2013).
125
Por esses motivos, na pergunta que está expressa no Gráfico 12, pretendeu-
se compreender a autonomia ligada ao exercício da docência. Os dados
apresentados através do Gráfico 12, expõem que (52,9%) concordam que a
autonomia em sua prática docente é muito elevada. Enquanto (35,2%) explicitam
que a autonomia docente é consideravelmente exercida e (11,8%) consideram a
autonomia docente em uma escala menor.
Os resultados evidenciam que uma parcela considerável dos docentes
(52,9%) concorda que sua prática profissional é autônoma. Esse fato destaca um
elemento importante, o segmento docente tem se mostrado articulado no sentido de
alcançar graus significativos de autonomia e conquistas na unidade escolar e a nível
do instituto.
Todavia, segundo Pacheco (2010), é imprescindível compreender o discurso
da autonomia de maneira crítica quando compete ao entendimento do trabalho
docente
A organização social dos processos de formação é um fator decisivo,
inibidor ou propiciador do assumir de autonomia – „fala-se muito de
desenvolvimento, de cooperação e de reforço do poder dos professores,
mas as tendências dominantes continuam a ser a centralização, a
uniformização e a racionalização‟. O discurso da autonomia pode
desempenhar uma poderosa função ideológica estimulando o sentido da
eficácia pessoal, mas também promovendo a subordinação do indivíduo ao
controle organizativo. Será necessário, portanto, promover a distinção entre
uma autonomia formal e uma concepção democratizante de autonomia
geradora de modalidades de intervenção formativa distinta da participação
formal de professores em ações condicionadas pela instrumentalidade e a
racionalidade técnica. (PACHECO, 2010, p.116).
.
De outro modo, o entendimento do conceito de autonomia, segundo o autor,
pode assumir diversos significados, desde o significado democrático ao significado
racional, ideológico e dominante. O que exige do docente uma reflexão contínua e
atenta sobre o sentido do conceito.
Ainda nessa mesma direção, Martins (2011, p. 9) enfatiza que:
Nessa perspectiva, importa reforçar mais uma vez que, a autonomia docente
não pode ser concebida de maneira isolada e não prescinde de apoio e intercâmbio
com a comunidade, em outras palavras, todos os segmentos da comunidade
precisam estar na mesma direção para que a instituição escolar exerça seu papel
social e político.
Com efeito, poder-se-ia defender a ideia de que todos devem construir
coletivamente a autonomia da escola e a autonomia do exercício docente precisa
caminhar juntamente com a autonomia da comunidade educativa. Há de se
perseguir, portanto, estratégias eficazes e democráticas, no âmbito da instituição
escolar, para que tal propósito seja alcançado.
É sob esta ótica que o seguinte questionamento foi lançado aos docentes:
Você participa ativamente ou já participou na elaboração dos documentos
institucionais do IFBA como: Projeto Político Pedagógico Institucional, Plano de
Desenvolvimento Institucional IFBA e Regimento Geral? Cujos resultados
revelaram que (29,4%) participou pouco na elaboração dos documentos
institucionais, (17,6%) participou muito, (29,4%) e (11,8%) participou,
respectivamente, em escala razoável e (11,8%) preferiu não responder.
É importante deixar claro, entretanto, no que diz respeito à participação na
elaboração dos documentos institucionais e levando em consideração o
quantitativo significativo respondente, a forma de participação utilizada na
elaboração desses documentos se dá através de mecanismos de participação nos
órgãos de representação colegiados e deliberativos.
Todavia, Paro (2016) expõe com muita clareza que
[...] não esgota as ações necessárias para que seja assegurada a qualidade
de ensino. Tanto quanto os vários elementos do processo
organizacional, e como um dos elementos deste, a participação é um
132
De outro modo, Luck (2013) reforça que conceder somente aos docentes
espaço de participação nos processos educativos e excluir os demais segmentos da
comunidade reforça apenas práticas autoritárias, distanciadas de um papel docente
efetivamente conscientizador e social.
de decisões pelo Conselho do Campus. Tal resultado apenas desvela um dado real:
a instituição recente do Conselho de Campus no IFBA Camaçari.
De acordo com o PDI (2014-2018), aprovado pela resolução 47, de 4 de
Novembro de 2015 do CONSUP, e de acordo com o Regimento Geral do IFBA
(2013), o Conselho de Campus é órgão consultivo e propositivo, que possui a
incumbência de contribuir para “o aperfeiçoamento do processo educativo e de zelar
pela correta execução das políticas do Instituto Federal da Bahia em cada campus”
(IFBA, 2015, p.205).
O Conselho do Campus, conforme PDI (2014-2018) e Regimento Geral do
IFBA, deve ser constituído por representantes da Direção, de professores, de
técnicos administrativos, de estudantes, de egressos, da sociedade civil e de
pais/responsáveis de estudantes. Além disso, o Conselho do Campus reúne-se,
ordinariamente, uma vez por mês.
Muito embora a instituição do Conselho de Campus esteja regulamentada nos
documentos institucionais do IFBA, o fato é que a instituição do órgão foi uma
conquista recente no campus Camaçari. No caso do Conselho de Campus de
Camaçari, a Portaria nº 50 de 04 de setembro de 202023 designou a Comissão
Eleitoral para instituição do Conselho de Campus para o biênio 2020-2022.
Tal cenário revela que, apesar da importância da instituição do Conselho
enquanto parte das Políticas de Gestão institucionais, que incluem as diretrizes e
mecanismos de monitoramento da gestão democrática, a instituição do órgão ainda
é considerado um avanço tímido e tardio. Entretanto, entende-se que tal conquista é
um marco para a comunidade.
23
Disponível em: https://portal.ifba.edu.br/camacari/institucional/conselho-de-campus-1/documentos-
conselho-de-campus
137
cuja avaliação se deu através da análise no que diz respeito A prática de Vivência
da Gestão Democrática nas ações do Campus Camaçari.
Como se pode verificar com a investigação manifesta no Gráfico 20, os
resultados evidenciaram que (29,4%) dos docentes consideram, em escala
máxima, que o campus vivencia a Gestão Democrática; (23,5%) e (17,6%)
consideram, respectivamente, em escala significativa e razoável que o IFBA
Camaçari está no rumo de uma Gestão Democrática e por fim, (11,5%) dos
docentes avaliam em escala mínima a prática de Vivência da Gestão Democrática
nas ações do campus Camaçari. Apenas (5,9%) dos docentes optaram pela não
resposta.
Face aos resultados, impende destacar que, apesar da vivência democrática
ser ainda distante em grande parte das escolas públicas, na leitura dos docentes
respondentes da pesquisa do campus Camaçari, o diálogo, a alteridade e a
participação efetiva dos segmentos da comunidade escolar fazem parte da
realidade.
Desta forma, em relação aos resultados das análises e da percepção do
segmento docente, pode-se identificar, através da aplicação dos instrumentos de
pesquisa, um cenário onde a Vivência Democrática é ratificada por boa parte dos
docentes do campus. Entretanto, há de se ressaltar que, com base nos referenciais
teóricos que ancoram o presente estudo, ainda há um caminho significativo a ser
percorrido, a fim de garantir a efetivação da gestão democrática de maneira plena,
para além da democracia “aparente”.
Camaçari, de acordo com o portal do campus24 e com a Lei n°11.091/05, que institui
o plano de carreira dos técnico-administrativos em educação das instituições
federais de ensino (BRASIL, 2005), a instituição possui em seu quadro funcional o
quantitativo de 38 servidores que exercem cargos diversos. Os cargos incluem
desde atividades de suporte e apoio pedagógico até as de apoio não-pedagógico.
Como exemplo dos cargos exercidos no IFBA Camaçari, pode-se citar: Pedagogo
(a), Bibliotecário (a), Administrador (a), Psicólogo (a), Técnico (a) em Laboratório,
Técnico (a) em Química, Assistente Social, Nutricionista, Assistente em
Administração, Assistente de Alunos, Jornalista, Médico (a), Contador (a), dentre
outros.
É importante destacar que através dos exercícios dos cargos, os servidores e
servidoras TAEs se articulam e interagem com as diversas atividades que abrangem
os demais setores do IFBA. Dessa forma, é importante reconhecer que toda equipe
de apoio e suporte do campus precisam ter garantidas condições necessárias para
exercer suas atribuições de maneira atuante, consistente e continuamente vinculada
ao ensino de qualidade.
A par disso, Dourado (2012) não se furta da análise de que os trabalhadores
não-docentes, denominados “funcionários da escola”, ocupam um importante papel
no desenvolvimento do processo formativo e destaca, ainda, a necessidade desses
trabalhadores terem o entendimento da legislação, dos mecanismos de participação
e tomadas de decisão, dos processos de trabalho, da escola em que atuam, dentre
outros elementos fundamentais para o alcance e vivência da gestão democrática.
No que se refere aos colaboradores, salienta-se que são profissionais
contratados através do regime de terceirização, onde a execução das atividades
laborais são divididas entre quatro empresas: Servite, Sulclean, Renovar e Java. O
campus do IFBA Camaçari conta com 24 colaboradores que exercem as atividades
de apoio não-pedagógico como alimentação,conservação, vigilância, manutenção,
limpeza, transporte, recepção e outras.
É importante salientar que este regime empregado para a realização de
“atividades-meio” é utilizado comumente em empresas e ancorado no método de
administração científica. Para Luck (2000), o método da administração científica é
24
https://portal.ifba.edu.br/dgcom/camacari/acesso-a-informacao/servidores
143
comunidade.
Aos servidores técnico-administrativos em educação e colaboradores foram
aplicados questionários sistematizados em 10 questões fechadas. Ao total, 26
participantes responderam as questões direcionadas aos TAEs e colaboradores É
importante sinalizar que atualmente o campus conta com 66 funcionários não
docentes em seu quadro funcional.
Buscou-se compreender, através das questões aplicadas, tópicos essenciais
a temática de estudo do presente trabalho, que vão desde o tempo de trabalho no
campus, a autonomia para tomar decisões nas questões relacionadas à área de
trabalho, a percepção e participação dos em relação aos documentos institucionais,
a visão dos servidores técnico-administrativos e colaboradores em relação a atuação
da equipe gestora, a participação efetiva dos segmentos da comunidade, a
promoção da confiança no trabalho desenvolvido pelos servidores e colaboradores,
o processo de tomada de decisões no IFBA campus Camaçari, o relacionamento
com a equipe diretiva até a compreensão dos aspectos concernentes a vivência
democrática.
Do ponto de vista da análise dos dados, um aspecto relevante a ser
considerado no espaço educativo é o tempo de serviços prestados à instituição,
tanto pelos servidores, quanto pelos colaboradores do campus. A atenção dada a
esse aspecto justifica-se pelo entendimento de que o tempo de trabalho em uma
instituição pressupõe um maior vínculo entre os indivíduos e consequentemente o
estabelecimento de relações mais orgânicas, saudáveis, harmoniosas e um maior
envolvimento dos profissionais no processo escolar.
Segundo Pichon-Rivieré (2009), o ser humano possui a necessidade de se
relacionar com outras pessoas ao longo de sua vida e a partir daí, estabelece uma
forma própria de se conectar com outras pessoas, o vínculo. Nessa mesma direção,
Rodrigues et al (2017) explicitam que os vínculos implicam uma relação de
cumplicidade entre os indivíduos e demanda das partes envolvidas a vontade para
estabelecer a relação ou desejo pela vinculação.
Kramer e Faria (2007) também trazem reflexões sobre os vínculos
organizacionais, apontando alguns pressupostos que importa sinalizar. Segundo os
autores, características como identificação com a organização, sentimento de
pertença, cooperação nas atividades, participação nas decisões, idealização da
organização, reconhecimento, valorização dos indivíduos, solidariedade, integração
146
25
Luck (2016, p. 23) salienta que “através da prática da participação competente, é possível superar
o exercício do poder individual (...) e promover a construção do poder da competência, pautado na
unidade social escolar de maneira coletiva.”
148
26
Caderno Os ciclos de aprendizagem e a organização escolar. Fóruns-debate. Série: Caderno
Municipal de Educação SEC/PCR. Secretaria de Educação. Prefeitura da Cidade do Recife, 2001.
149
possuem muita autonomia para tomar decisões nas questões concernentes a área
de trabalho; Cerca de (34,6%), dos servidores TAEs e colaboradores consideram
que possuem relativa autonomia para tomar decisões nas questões concernentes a
área de trabalho; O equivalente a (30,8%) dos servidores TAEs e colaboradores
consideram que é ocasional a autonomia para tomar decisões nas questões
concernentes a área de trabalho, (sendo 23,1% e 7,7%, respectivamente);
Enquanto (3,8%) dos servidores TAEs e colaboradores consideram pouca a
autonomia para tomar decisões nas questões concernentes a área de trabalho.
Optaram em não responder cerca de (3,8%) dos servidores TAEs e colaboradores.
Diante da interpretação dos dados quantitativos e análise qualitativa do
Gráfico 22, identifica-se que a maioria dos servidores TAEs e colaboradores
consideram a autonomia relativa. Neste seguimento, convém ressaltar, mais uma
vez, o pensamento da autora Luck (2000), onde traz a afirmação de que não há que
se pensar na democratização da gestão escolar, sem considerar a participação, a
autonomia e sem a descentralização do poder da mesma.
De acordo com Paro (2006), é necessário, ainda, ressignificar o conceito da
autonomia na direção de uma autonomia intelectual e política, que garanta aos
membros da comunidade atuar de maneira reflexiva, crítica e emancipada.
Dessa forma, o alcance do processo de democratização da gestão da escola
requer, portanto, para além do entendimento das concepções e conceitos a
descentralização do poder, a percepção empática para conduzir a escola, levando
em consideração as demandas da comunidade educativa bem como a atitudes
pautadas na tomada de decisões coletivas.
Gráfico 22 – Autonomia servidores e colaboradores na tomada de decisões
em sua área de trabalho
150
27
Segundo Luck (2008, p. 35) na participação como presença, é participante quem pertence a um
grupo ou organização, independente de sua atuação nele. Para ter participação basta ao indivíduo
estar num ambiente para que tal ação seja entendida como participação, pode ocorrer por
obrigatoriedade, por eventualidade ou por necessidade e não por intenção e vontade própria.
160
5. O PRODUTO EDUCACIONAL
5.1 Descrição
A página “Vamos seguir a lei? ” (Figura 11), conta com perguntas reflexivas e
na sequência apresenta-se um infográfico (Figura 12) com a disponibilização das
legislações que trazem em seu bojo a gestão democrática. O entendimento dos
fundamentos históricos e dispositivos legais é essencial no processo de
conscientização da comunidade.
A ação participativa deve ser orientada por valores fundamentais que muitas
vezes são desconhecidos pela comunidade. A compreensão dos valores como ética,
solidariedade, compromisso e equidade possibilita um maior envolvimento da
comunidade frente ao alcance dos objetivos educacionais (LUCK, 2000).
educativo e zelar pela correta execução das políticas no Instituto Federal da Bahia
em cada campus. De acordo com o Regimento Geral do IFBA, a composição do
Conselho do Campus deverá garantir a representação paritária dos segmentos que
compõem a comunidade e representantes das instituições econômicas e sociedade
civil (IFBA, 2013).
Fonte: Ferramenta
Google Sites (2021)
194
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
https://www.fe.unicamp.br/eventos/histedbr2016/anais/pdf/1027-2869-1-pb.pdf
Acesso em: 19 jan. 2019.
DEMO, P. Pesquisa: princípio científico e educativo. 14. ed. São Paulo: Cortez,
2011, 128p.
http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_docman&view=download&alias=334
61-02-disciplinas-form-pedagogica-caderno-06-gestao-em-educacao-escolar-
pdf&category_slug=fevereiro-2016-pdf&Itemid=30192. Acesso em: 12 out. 2020.
FERREIRA, Alice Fontes; VIANA, Gilvania Clemente; CORREIA, Silvia Letícia Costa
Pereira; SANTOS, Tarsis de Carvalho. A pesquisa aplicada em educação: uma
experiência de intervenção na educação básica de Salvador/BA. Congresso
Nacional de Educação (CONEDU). 18 a 20 de setembro de 2014. Disponível em:
http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/Modalidade_1datahora_1
2_08_2014_17_53_01_idinscrito_5243_d93f3b9566b55d5db7bc53a3bfff1e3e.pdf.
Acesso em: 17 jun. 2019.
FREIRE, Paulo. [1965]. Educação como Prática da Liberdade. 43. ed. Rio de
Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 1967.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 24ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra,
1997.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2010
GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6 ed. São Paulo: Atlas, 2019
Disponível em
http://ensinosaudeambiente.uff.br/index.php/ensinosaudeambiente/article/viewFile/94
/93. Acesso em 21 jun. 2019.
LIBÂNEO, José Carlos, OLIVEIRA, João Ferreira de, TOSCHI, Mirza Seabra.
Educação escolar: políticas, estruturas e organização. 10ª ed. rev. e ampl. São
Paulo: Cortez, 2012.
LIMA, Licínio C. Por que é tão difícil democratizar a gestão da escola pública?
Educar em Revista, Curitiba, Brasil, v. 34, n. 68, p. 15-28, mar./abr. 2018.
Disponível em:
206
https://www.scielo.br/j/er/a/YCPpdwGWZshhVyhjwpzHZtp/?lang=pt&format=pdf
Acesso em: 27 jun. 2019.
MARX, Karl. Teses sobre Feuerbach. In: MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A
ideologia alemã. São Paulo: Ciências Humanas, 1986, p. 125-128.
MARX, Karl. Crítica do Programa de Gotha / Karl Marx; seleção, tradução e notas
Rubens Enderle. São Paulo: Boitempo, 2012. Disponível em:
https://mega.nz/#F!vOpwmQiJ!nJFgpdsE-0mCF0yOOQYqCA!rXQklCJa. Acesso em:
14 maio 2019
https://www.marxists.org/portugues/marx/1848/ManifestoDoPartidoComunista/index.
htm. Acesso em: 13 maio 2019.
, 2017.
MOURA, Dante Henrique, LIMA FILHO, Domingos Leite, Mônica Ribeiro, SILVA.
Politecnia e formação integrada: confrontos conceituais, projetos políticos e
contradições históricas da educação brasileira. Revista Brasileira de Educação v.
20 n. 63 out.-dez. 2015. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rbedu/v20n63/1413-2478-rbedu-20-63-1057.pdf Acesso
em: 16 maio 2019.
PARO, Vitor Henrique. Diretor escolar: educador ou gerente? São Paulo: Cortez,
2015.
PARO, Vítor Henrique. Escritos sobre educação. São Paulo: Editora Xamã, 2011.
PARO, Vítor Henrique. Gestão democrática da escola pública. 4 ed. - Obra revista
e atualizada. São Paulo: Cortez Editora, 2016.
RAMOS, Antonia Lucia Leite. Vínculo na prática educativa escolar: um estudo com
base na ludicidade e no sociodrama. Revista brasileira de psicodrama vol.19 no.2
São Paulo, 2011.
APÊNDICES
APÊNDICE A
entre os segmentos da comunidade escolar, como você considera sua relação com
a equipe de SERVIDORES TÉCNICO-ADMINISTRATIVOS E COLABORADORES
da escola? Avalie numa escala de 1 a 5 (onde 1 representa Ruim e 5 Ótima).
6 – Ainda de acordo com a liberdade em expor suas ideias, com quem você tem
mais sensação de abertura para o diálogo?
é espectador
é atuante
cobra soluções
214
APÊNDICE B
APÊNDICE C
na unidade escolar. Para tanto, todos devem estar comprometidos com o que foi
pactuado coletivamente. Diante disso, assinale a opção abaixo que condiz com a
sua percepção, de acordo com a realidade do IFBA Camaçari: