Apostila Terapia Cognitiva Comportamental - Módulo I
Apostila Terapia Cognitiva Comportamental - Módulo I
Apostila Terapia Cognitiva Comportamental - Módulo I
Comportamental
Módulo I
Atenciosamente
Equipe Cursos 24 Horas
Sumário
Introdução..................................................................................................................... 3
Unidade 1 – Terapia Cognitivo Comportamental........................................................... 6
1.1 – O que é terapia cognitivo-comportamental? ...................................................... 6
1.2 – Fundamentos da terapia comportamental ........................................................ 11
1.3 – Fundamentos da terapia cognitiva................................................................... 19
1.4 – Mitos e esclarecimentos.................................................................................. 25
Unidade 2 – Processo Terapêutico .............................................................................. 29
2.1 – Componentes do processo terapêutico ............................................................ 29
2.2 – Conceitos básicos ........................................................................................... 35
2.3 – Estrutura das sessões ...................................................................................... 38
2.4 – Papel do terapeuta .......................................................................................... 47
2.5 – Relação terapêutica......................................................................................... 51
2.6 – Objetivos e metas ........................................................................................... 53
2.7 – Tarefas de casa ............................................................................................... 56
2.8 – Técnicas cognitivas e comportamentais .......................................................... 58
2.9 – Término ou alta terapêutica ............................................................................ 65
Conclusão do Módulo I............................................................................................... 69
Introdução
Olá, aluno(a)!
Ainda que possamos dizer que o cenário das psicoterapias seja um novo
ambiente, muito já foi feito em termos de evolução, pesquisas e materiais, que nos
revelam uma tentativa sincera de responder algumas questões dos seres humanos. E,
falando em seres humanos, o que nos diferencia das outras espécies é o fato de que
podemos fazer muitas coisas diferentes: podemos viver de diferentes maneiras,
entendemos diferentes crenças, fazemos diferentes escolhas etc. Enquanto os animais se
especializam em uma regra simples e relativa de viver um tipo de vida ou a ter uma
determinada forma de locomoção, para nós, humanos, o mundo é um universo de
possibilidades.
Então, se nossa forma de pensar pode ser capaz de nos adoecer, esta abordagem
busca por mudanças terapêuticas, através da alteração dos modos disfuncionais de
pensamento, desafiando e apresentando novas maneiras de pensar ao indivíduo.
Melhor explicando, podemos entender este fato afirmando que o nosso cérebro,
por mais fantástico e desenvolvido que seja, é um órgão um tanto primitivo, não
capacitado para diferenciar entre aquilo que a pessoa pensa e aquilo que ela está
vivendo. É por isso que diferentes interpretações, dadas por diferentes pessoas, para o
mesmo evento, são capazes de gerar emoções diversas.
4
resultados excelentes em um período de tempo menor, se compararmos com as outras
terapias ou tratamentos existentes.
Por tudo isso, e o que veremos adiante, podemos concluir a necessidade pela
busca por entendimento e humanização dos profissionais que cuidam dos aspectos
emocionais dos seres humanos. Sem esquecer, claro, que eles também são sujeitos
constituídos por sentimentos e questões outras que precisam ser trabalhadas para que as
tarefas, as que ele se propõe, sejam trilhadas por uma estrada de sucesso, orgulho e
recompensas.
Bom estudo!
5
Unidade 1 – Terapia Cognitivo Comportamental
Olá, aluno(a)!
Bom estudo!
Dentro da área clínica da psicologia há uma vasta gama de teorias que são
utilizadas como ferramentas para o entendimento do funcionamento do comportamento
humano.
6
para a resolução deles. Para tanto, ela enfatiza o presente1, buscando os pensamentos,
sentimentos e comportamentos que causem interferências no dia a dia daqueles que se
encontram em sofrimento.
Há críticas que a julgam como uma abordagem fria, mas a terapia cognitivo-
comportamental se orienta tanto pelo diagnóstico específico do cliente como também
por uma análise individual da questão apresentada. Assim, não deixa de levar em conta
as particularidades do sujeito, analisando os fatores de vulnerabilidade ou
predisposições existentes, tanto como os seus fatores desencadeadores e os fatores
mantenedores.
1
Tal escola não pretende negar que os acontecimentos passados também moldam, como pano
de fundo, a realidade atual do indivíduo. Apesar disso, seu foco está em encontrar soluções para
a modificação do presente.
2
Devemos diferenciar os termos apresentados, de acordo com Franks (2007), entendendo que a
terapia comportamental diz respeito a uma série de abordagens baseadas no Behaviorismo,
podendo se referir (1) a terapia comportamental clássica, isto é, aquela estabelecida pelos
conceitos de condicionamento clássico e operante, estabelecida ainda pelos seus representantes
nos anos 50, (2) a segunda geração baseada, por sua vez, tanto na terapia comportamental
clássica como na terapia cognitiva e (3) em algumas correntes mais recentes, conhecidas como
analítico-comportamentais, muitas vezes chamadas ainda de terceira geração da terapia
comportamental, que se distanciaram do cognitivismo ao realçarem a importância dos conceitos
pregados pelo behaviorismo.
7
Essa primeira geração das terapias comportamentais teve como maior interesse
oferecer uma alternativa que superasse as limitações psicanalíticas. Assim, tal
abordagem não fala sobre o Inconsciente ou o Complexo de Édipo, por exemplo, como
causa dos problemas emocionais, mas em condicionamento, aprendizagem, reforço
positivo e negativo, elementos capazes, dentro desta escola, de alterarem as respostas
dos indivíduos.
Vale ressaltar aquilo que nos foi levantado por Franks (2007): tal escola ainda
que nova em termos históricos nos contava sobre algo muito antigo e antes bem pouco
valorizado como referência para os estudiosos do comportamento.
Porém, apesar dos avanços clínicos, talvez por se definir como uma escola que
se restringia a comportamentos observáveis e definidos, o tratamento de determinados
problemas psicológicos continuava sendo considerado ineficaz. Tal lacuna originou,
ainda no século passado, um segundo movimento denominado de 2ª geração de terapias
cognitivas, onde encontramos a terapia cognitiva de Aaron Beck (1921 - ) para a
depressão e a terapia racional-emotiva de Albert Ellis (1913 - 2007). Como o próprio
nome nos leva a pensar, seu centro é a cognição, uma mistura de pensamentos, valores e
atitudes.
8
Por transformar o pensamento em objeto principal de intervenção terapêutica, a
cognição foi vista como a causa direta do comportamento. Isto porque, nesta
abordagem, o que pensamos é capaz de determinar o que sentimos, influenciando
diretamente na forma como nos comportamos. Desta forma, muitas de suas técnicas
visam à modificação, eliminação e/ou redução da maneira disfuncional criada pelos
pensamentos automáticos dos indivíduos.
Apesar disso, não estamos afirmando que existe uma restrição terapêutica, pelo
contrário, esta escola tem como pressuposto básico se estender a vida diária da pessoa,
visto que é voltada para a ação e não apenas para a tomada de consciência.
9
Hoje, a terapia cognitivo-comportamental conta com pesquisadores conceituados
em diversas universidades ao redor do mundo capazes de demonstrar a eficácia no
tratamento de uma variedade de condições, idades e contextos. Os tratamentos
específicos, com diagnósticos baseados em sintomas, têm favorecido esta escola em
relação às outras, permitindo a diminuição do sofrimento de uma enorme quantidade de
pessoas.
10
1.2 – Fundamentos da terapia comportamental
Foi em 1896 que iniciaram os estudos de Ivan Petrovich Pavlov (1849 - 1936),
responsável pela descoberta das classes de comportamentos que hoje damos o nome de
reflexos. Muitos conhecem o experimento realizado por ele sobre a salivação de um cão
privado de alimento. De início, somente a comida era apresentada ao cão que salivava.
Porém, ao acrescentar à situação experimental do som de uma campainha ao mesmo
tempo que se mostrava a comida ao animal, verificou-se que o som era capaz de
11
provocar a resposta salivar, por antecipar a presença do alimento. E mais, passado um
tempo, ao ter repetido o processo várias vezes, ele percebeu que a saliva aparecia
quando a campainha era tocada ainda que a comida não fosse apresentada ao animal.
12
qual foi emparelhado, permitindo que o seu efeito seja extinto gradualmente. Tal fato
ocorre devido ao rompimento entre a associação do estímulo incondicionado e o
estímulo condicionado, permitindo um enfraquecimento da antecipação da resposta
reflexa condicionada anteriormente.
Foi John Watson que, ainda em 1913, teve um texto publicado onde apresentou
o termo Behaviorismo3 (traduzido livremente do inglês como comportamentalismo). Ele
propunha como objeto de estudo o comportamento passível de observação e descrição
em termos objetivos, visto que para ele as causas do comportamento são os estímulos
ambientais, que ao atingir o organismo, a força emite determinada resposta. Assim,
Watson transformou a psicologia em uma matéria possuidora de um objeto observável e
mensurável, e, como tal, os experimentos realizados poderiam ser reproduzidos em
diferentes condições e sujeitos, permitindo-nos a capacidade de prever e controlar as
variáveis.
3
Em 1958, na África do Sul, Lazarus patenteou, de forma independente, o termo “terapia
comportamental” para referir-se ao fato de acrescentar procedimentos objetivos de laboratório à
psicoterapia tradicional. (FRANKS, 2007, p. 07)
13
“Tal escola percebe os comportamentos como respondentes,
também chamado de reflexos e operantes, controlados através
dos estímulos ou pelas consequências. Sabemos que o
comportamento respondente é “eliciado” (produzido) pelos
estímulos ambientais, enquanto o operante é “emitido”
(expresso), e só depois passa a ser influenciado pelas
consequências que produziu no meio ambiente.”
(CAVALCANTI e CAVALCANTI, 2006, p. 27)
14
“A terapia comportamental explica o aparecimento e
desaparecimento dos comportamentos, sejam eles adequados ou
inadequados, como decorrentes da aprendizagem no meio
ambiente. Uma vez aprendidos, esses comportamentos são
mantidos em sua funcionalidade ou disfuncionalidade por meio
de algum mecanismo de reforçamento.” (CAVALCANTI e
CAVALCANTI, 1996, p. 27)
15
produzida através de um comportamento operante capaz de aumentar a probabilidade da
ocorrência. “O reforço ocorre quando um evento que se segue ao comportamento
aumenta a probabilidade de que este ocorra novamente.” (SOUSA e BAPTISTA,
2001, p. 528)
Agora podemos entender o conceito do reforço primário, isto é, eventos que são
reforçadores em todas as espécies por serem intrinsecamente satisfatórios como, por
exemplo, um sorriso. Por sua vez, os reforços secundários são aqueles aprendidos, que
adquiriram determinada função ao serem pareados com os primários. Dessa forma,
comportamentos podem ser influenciados ou até mesmo controlados através de
recompensas aos comportamentos desejados, somado a possibilidade de ignorar os
comportamentos emitidos que forem julgados como indesejáveis.
Um estímulo não pode ser considerado como reforçador positivo visto os seus
efeitos emocionais, mas por conta do efeito sobre o comportamento que o provoca.
Assim, no caso do estímulo reforçador positivo, seu efeito é fortalecer determinado
comportamento produzido. Porém, o reforço positivo não reforça somente os
comportamentos adaptativos. Embora associado aos sentimentos positivos, ele também
é capaz de produzir comportamentos desajustados.
4
O termo positivo e negativo não tem relação com energia positiva ou negativa.
16
Agora, ao falarmos de reforço negativo, é preciso levantar os conceitos de
esquiva e fuga. No primeiro, falamos da adoção de um comportamento preventivo do
estímulo aversivo. Assim, a esquiva se caracteriza pelo reforço negativo condicionado,
onde a ação produzida é reforçada através do condicionamento operante. Desta forma,
na esquiva o indivíduo passa a adotar um comportamento que visa à prevenção da
ocorrência ou da redução da intensidade do estímulo posterior, por conta da necessidade
de evitar o estímulo. Por exemplo, ao encontrar com o vizinho chato, fingimos que o
telefone celular está tocando para nos esquivarmos daquela sua conversa chata.
Por sua vez, a fuga nos fala do sentido literal da palavra, ou seja, o indivíduo
sem ter evitado o estímulo aversivo, após o evento ocorrido “foge” dele. Determinadas
doenças também podem ser entendidas como um mecanismo de fuga. Como exemplo,
podemos destacar a criança que fica doente sempre às terças-feiras porque teria aula de
matemática na quarta e o seu professor a chamou de burra depois da entrega da última
prova. Ou seja, a fuga nos conta sobre uma justificativa para adiar, evitar ou mesmo
fugir de determinadas situações.
17
Condicionamento operante
Recompensa Capaz de produzir um reforço positivo no mesmo momento da
conduta desejada.
Fuga Refere-se à supressão a um estímulo aversivo.
18
Já na segunda metade do século passado, a terapia comportamental se encontrou
em uma bifurcação, onde podemos notar uma incorporação das variáveis cognitivas na
explicação de problemas comportamentais: enquanto alguns terapeutas seguiam a ideia
do condicionamento operante, outros se uniram à terapia cognitiva de Aaron Beck e
Albert Ellis.
19
este transtorno como o reflexo de padrões negativos de processamento de informação,
onde os processos cognitivos são de suma importância tanto na aquisição como na
regulação do comportamento.
Tal afirmação, contudo, não pretende dizer que os pensamentos são responsáveis
pelos problemas emocionais, mas sim que eles modulam e mantém as emoções
disfuncionais, não importando qual seja a sua origem.
20
publicações, mostrando a abrangência do modelo cognitivo na
compreensão e no tratamento dos transtornos de ansiedade
(Beck, Emery e Greenberg, 1985) e de personalidade (Beck e
Freeman, 1993).” (FALCONE, 2001, p. 49)
Além disso, tal autora nos conta que a abordagem cognitiva de Ellis (1962), que
marca as crenças irracionais como a fonte de efeitos emocionais e comportamentais
perturbados, também motivou os princípios da terapia cognitiva. Albert Bandura (1925 -
) através de seus estudos sobre modelação e autoeficácia e Michael J. Mahoney (1946 -
2006) através de suas pesquisas sobre o controle de expectativas também merecem
destaque em nesta escola.
21
Como esta escola tem como base o conceito da cognição, partindo do princípio
que a maneira como pensamos determina nossos sentimentos, comportamentos e
reações corporais, o trabalho terapêutico nesta abordagem está baseado na
reestruturação cognitiva, isto é, questionar as interpretações tendenciosas, propondo
alternativas através de explicações mais prováveis, e, com isso, permitir a promoção de
uma mudança emocional e comportamental duradoura.
22
A terapia cognitiva entende que o indivíduo é capaz de processar a informação
do meio que o cerca antes de emitir uma resposta. Tal informação é um conjunto entre
classificação e medição do significado do estímulo em função do conjunto de
experiências derivadas da interação com o meio e suas crenças pessoais e atitudes.
24
Por ser baseada nos problemas atuais e no estabelecimento de metas especificas,
a terapia cognitiva ‘sai na frente’ em relação aos diversos sistemas de saúde, que visam
conter custos e melhorar a relação custo-benefício dos tratamentos da saúde mental.
Por ser uma abordagem baseada em estruturas, há uma crença de que a terapia
cognitivo-comportamental não considera as características individuais, priorizando o
tratamento da doença e não do indivíduo. Porém, nada disso acontece. A terapia
cognitivo-comportamental não está interessada somente no comportamento observável,
como também naquilo que o indivíduo sente e seus processos disfuncionais, presentes
em diferentes patologias. Apesar disso, vale ressaltar aquilo que foi lembrado por Lima
e Derdyck (2001): “A TCC é voltada para a solução de problemas e atenta para os
fatores mantenedores das dificuldades, e não para suas origens.” (p. 491)
26
Indicações e contraindicações
Talvez não precisemos salientar que esta abordagem, assim como todas as
outras, está contraindicada para aqueles que não apresentam nenhum tipo de queixa. Ou
seja, o profissional não tem como acolher um indivíduo que o procure, devido a um
pedido feito pela esposa ou pelo chefe, por exemplo. Se o indivíduo não perceber a
importância ou a função da terapia em sua vida, ele nunca poderá ser beneficiado pelo
processo terapêutico.
Apesar disso, devemos ter o cuidado de salientar que as pessoas que não
apresentam nenhum tipo de transtorno, também têm esquemas e crenças nucleares
desadaptativas e, assim, podem se beneficiar com um tratamento psicoterapêutico. Mas,
a diferenciação que aqui se faz necessária é o anseio do sujeito de seguir pelo caminho
terapêutico e a necessidade que ele julga de tal processo.
Como um todo, esta abordagem pede ao indivíduo que ele não tenha receio de
enxergar suas fraquezas ou da mudança que se implementará. Assim, pode-se dizer que
o perfil ideal de cliente é aquele que se encontra motivado com o tratamento, que
entende e segue a proposta terapêutica. Caso contrário, será difícil a adaptação às
modificações implementadas com o avanço terapêutico.
27
Tipos ou perfis resistentes a esta abordagem
2. Nos transtornos bipolares, assim como com suicidas de maneira geral, a terapia
cognitivo-comportamental é indicada somente para os pacientes que estão
fazendo acompanhamento psiquiátrico e sendo medicados.
28
Unidade 2 – Processo Terapêutico
Olá, aluno(a)!
Bom estudo!
Ambas, de acordo com Rosen (1988), citado por Beck (1997), surgem através
das tentativas de dar um sentido ao ambiente desde os seus primeiros estágios de
desenvolvimento. Tal fato ocorre devido à necessidade que todas as pessoas possuem de
organizar as experiências coerentemente, visando um funcionamento mais adaptativo.
Assim, os esquemas, o outro nome dado para a crença central, são capazes de
orientar o indivíduo, selecionando detalhes sobre o ambiente e distorcendo as
informações para manter a validade inicial. Dessa forma, podemos dizer que os
esquemas contaminam a interpretação dos acontecimentos, refletindo concepções
errôneas, atitudes distorcidas, premissas inválidas e metas/expectativas pouco realistas.
Crença central
Crença intermediária
30
Vale ressaltar que, em vez de resultar de acontecimentos traumáticos isolados, a
maioria dos esquemas é causada por padrões continuados de expectativas e experiências
nocivas cotidianas que, acumulativamente, reforçam o esquema inicial.
31
O profissional, em conjunto com o paciente, deverá analisar as vantagens e
desvantagens de manter tais crenças. Pode-se, inclusive, em conjunto, fabricar uma lista
com as desvantagens da crença e/ou do comportamento, onde o terapeuta deverá se
esforçar para evitar salientar as vantagens, enfatizando as desvantagens da manutenção
da crença. Com a finalidade de validar novas crenças e invalidar as disfuncionais, testes
comportamentais de experimento da realidade poderão ser utilizados.
32
crenças aprendidas ao longo da vida.” (CAVALCANTI e
CAVALCANTI, 1996, p. 27)
6
O próprio autor (1997) nos lembra de que ainda que tais pensamentos pareçam surgir
espontaneamente, eles se tornam bastante previsíveis, uma vez que as crenças subjacentes sejam
identificadas.
34
TÉCNICAS PARA MODIFICAR PENSAMENTOS AUTOMÁTICOS
35
automáticos e das crenças disfuncionais, ao propor a reformulação do sistema de
esquemas e crenças do cliente.
Por conta disso, Sousa e Baptista (2001) afirmam que a reestruturação cognitiva
permite que o terapeuta trabalhe na tentativa de modificar as interpretações distorcidas
dos eventos, com a finalidade de construir, de maneira gradual e sistemática, uma base
de referência com novas estratégias de enfrentamento.
36
realizações ou de algo bom que tenha acontecido;
37
juntamente com o cliente, as falhas existentes na forma de pensar, ou seja, seus padrões
de pensamento.
38
Assim, enquanto levanta algumas questões, cabe ao terapeuta ficar atento aos
pontos fortes e aos recursos apresentados pelo indivíduo, identificando as situações
estressantes que o cliente tem atravessado e quais são os pensamentos automáticos que
o acompanham em diferentes situações.
Vale salientar que, apesar de cada sessão terapêutica ter uma programação
diferente, a estrutura fechada da sessão só deverá ocorrer após o estabelecimento da
aliança terapêutica. Desta forma, um acontecimento que tenha ocorrido
inesperadamente com o cliente, ainda que não apareça como “ata” daquela sessão, vem
antes das metas que foram traçadas ou dos objetivos a serem atingidos.
Resolução de problemas
Objetivos Passos
40
5. Avaliar a efetividade da solução.
7
A terapia cognitivo-comportamental se baseia em um formato curto de tempo para seus
atendimentos. Apesar disso, existem casos em que ela pode ser estendida, como, por exemplo,
em presença de doenças associadas ao transtorno presente, no caso de o cliente apresentar
sintomas crônicos ou, ainda, no caso de resistência ao tratamento.
Assim, a terapia cognitiva de curto prazo supõe certa flexibilidade por parte daqueles que a
procuram e um acesso relativamente livre aos pensamentos e sentimentos. Quando o cliente
apresenta certos bloqueios ou tem dificuldade de fazer contato com aquilo que sente, é preciso
modificar o entendimento de uma abordagem de curto prazo.
41
por exemplo, depois de 1 ou 3 meses ou, até mesmo, 1 ano. Ao final do tratamento, o
trabalho é direcionado para a prevenção de recaídas, ajudando o cliente a identificar os
problemas em potencial e as necessárias técnicas de enfrentamento.
Não podemos deixar de ressaltar aquilo que foi levantado através de Falcone
(2001). A autora, levantando Dattilio e Freeman (1998), afirmou que o terapeuta
cognitivo não costuma limitar as sessões a um determinado número, salvo quando o
paciente participa de um estudo de resultados. O tempo do tratamento estará na
dependência da natureza, da quantidade dos problemas apresentados e da motivação,
assim como da disponibilidade do paciente para o tratamento.
Cabe salientar aqui que o profissional deve estar atento sobre a contraindicação
da técnica de relaxamento em alguns clientes, visto que, devido ao medo de perderem o
controle, eles poderiam experimentar uma crise de pânico durante a tentativa de
implementação deste procedimento.
Para Beck (1997), a sessão inicial serve para estabelecer confiança e rapport,
socializar o paciente na terapia cognitiva, educá-lo sobre seu transtorno, sobre o modelo
cognitivo e sobre o processo de terapia. Além disso, também serve como uma forma de
regularizar as dificuldades apresentadas e instaurar a esperança, extrair (e corrigir, se
necessário) as expectativas com a terapia, coletar informações adicionais sobre as
dificuldades do indivíduo e utilizar essas informações para desenvolver uma lista de
objetivos a serem alcançados.
43
Tópicos a serem abordados em uma avaliação inicial
(Rangé e Silvares, 2001, p. 81)
1. Problema(s) apresentado(s)
3. Desenvolvimento
44
c. História social: relações de amizade na infância, adolescência, vida adulta;
relacionamentos sexuais, identidade sexual e preferências, namoros, relações
sérias e casamento (incluindo descrição dos parceiros e quaisquer problemas
nos relacionamentos).
4. Experiências traumáticas
5. História médica
7. Status psicológico
45
8. Rapport
46
2.4 – Papel do terapeuta
8
Lembremos que nosso trabalho, enquanto profissionais, está voltado para a interação entre as
emoções, os pensamentos, os comportamentos e os consequentes estados fisiológicos.
9
Para esta escola, o comportamento tende a se repetir, caso seja recompensado (reforço
positivo) ou então, caso seja capaz de eliminar um estímulo aversivo, ao ser emitido (reforço
negativo).
47
Meyer e Vermes (2001), ao realizarem um levantamento da literatura, apontaram
como qualidades necessárias ao terapeuta a postura empática e compreensiva, a
aceitação desprovida de julgamentos, a autenticidade, a autoconfiança e a flexibilidade
na aplicação de técnicas.
De acordo com Beck (1997), o terapeuta ainda pode demonstrar que se preocupa
com o cliente, que não se sente oprimido pelos problemas apresentados, ainda que o
paciente possa estar, sendo que, apesar disso, ele já atendeu e ajudou casos semelhantes
e, por isso, acredita que esse é o tratamento apropriado. Assim, o terapeuta é capaz de
demonstrar que não só valoriza como também acredita no trabalho que realizarão em
conjunto. E, ainda mais do que isso, acredita que pode ajudar o cliente e que ele pode
aprender a ajudar a si mesmo.
48
Qualidades necessárias ao terapeuta
MEYER e VERMES, 2001
Aceitação desprovida de
julgamentos;
Autenticidade;
Autoconfiança;
Orientação (orientações
estratégicas, instruções e fornecimento
de modelos).
Por outro lado, é importante que o terapeuta monitore seu próprio nível de
desconforto e identifique seus próprios pensamentos automáticos durante ou mesmo
entre as sessões realizadas. “Prestando atenção em tais estímulos, se torna possível
avaliar e responder aos seus pensamentos e resolver problemas para tornar mais fácil
49
para ele experimentar implementar a estrutura padrão na próxima sessão.” (BECK,
1997, p. 86)
Meyer e Vermes (2001) salientam que, de acordo com alguns autores, alcançar o
sucesso planejado por cliente e terapeuta, dependerá da qualidade dessa relação. Assim,
destaca-se a importância de que terapeutas iniciantes que apresentem dificuldades
específicas no estabelecimento de uma relação satisfatória estejam atentos aos
sentimentos que são provocados pelos atendimentos, assim como a preocupação
50
constante em seguir as regras estabelecidas pelo supervisor e a rigidez sobre aquilo que
deve estar presente nas entrevistas terapêuticas.
Os dois, terapeuta e
cliente, funcionam como uma equipe e colaboram para um trabalho de mão dupla, onde
cabe ao segundo expressar seus pensamentos e sentimentos, enquanto que, ao primeiro,
cabe avaliar as crenças irracionais apresentadas, testando-as junto com seu cliente.
Assim, a relação terapeuta é colaborativa, de enfoque didático, visando sempre um
mesmo objetivo.
Com isso, não queremos dizer que o objetivo terapêutico é adotar pura e
simplesmente uma visão positiva ou pecadora pelo falso excesso de positividade. É
51
preciso que se olhe para a questão levantada através de pontos de vista diferentes, sejam
positivos, neutros ou, inclusive, negativos.
Talvez haja a necessidade de fazermos um adendo aqui e ressaltar que, para que
haja o sucesso terapêutico, é preciso conhecer, não só a teoria como as técnicas
utilizadas, as quais veremos em algumas páginas. Porém, tão importante quanto isso é a
necessidade de se engajar em uma relação terapêutica satisfatória, segura e afetiva que
permita a exploração e o desenvolvimento de novas formas de lidar com o mundo e
consigo. É um erro primário acreditar que tal escola se utiliza de técnicas ou estratégicas
de forma mecânica10, visto que o uso que é feito dos instrumentos terapêuticos
existentes não exclui a relação humana.
Por outro lado, Meyer e Vermes (2001) levantaram que elementos oriundos da
história de vida do terapeuta podem trazer consequências negativas ao cliente. No
10
Não podemos esquecer que as técnicas se baseiam na crença de que as cognições e os
comportamentos caminham de mãos dadas. Assim, de nada adianta aplicar técnicas sem o
correto entendimento do que se propõe e para que elas servem.
52
entanto, quando tais sentimentos não são utilizados como instrumento terapêutico,
podem fazer parte de uma cadeia comportamental que leva a interações inadequadas.
53
É objetivo da terapia cognitivo comportamental
Ainda que esta escola tenha como alicerce o estabelecimento de metas para o
trabalho terapêutico, a preocupação se volta não para a doença, mas para o indivíduo.
Assim, para que possamos estabelecer as metas necessárias, devemos conhecer as
crenças e valores individuais, alinhando as metas de tratamento aos valores pessoais de
determinado cliente.
O foco das metas terapêuticas está voltado para a desconstrução das crenças
disfuncionais. Para tanto, é necessário que haja uma subdivisão do problema
apresentado através de submetas possíveis de serem atingidas, visto que, ao
54
possibilitarmos uma meta menor, dividida em partes, estaremos diminuindo as
expectativas, ao mesmo tempo em que trabalhamos a frustração, o sentimento de
impotência e o possível abandono do tratamento.
É preciso levar em consideração todas as áreas que fazem parte do dia a dia do
cliente na elaboração dessas metas. Sejam elas a esfera profissional (relacionada ao
trabalho ou aos estudos), afetiva (família, amigos, afetivo-sexual), lazer e saúde (física,
mental e emocional). Além destas áreas, também pode-se incluir patrimônio (carros,
imóveis ou investimentos) ou outras que sejam do interesse do sujeito, desde que a meta
tenha a ver com a questão levantada.
55
2.7 – Tarefas de casa
Parte integral da terapia, as tarefas de casa são sempre solicitadas pelo terapeuta,
visto a sua função de complementar as sessões. Assim, durante todo o tratamento
terapêutico, parte da sessão é utilizada para programar e averiguar tais tarefas, ligando,
não só uma sessão a outra, como, também, aumentando o comprometimento e
permitindo que o terapeuta perceba e dirija os passos do tratamento.
A tarefa de casa, além de poder ser utilizada como um termômetro, por autorizar
a utilização das habilidades aprendidas dentro do ambiente terapêutico na vida
56
cotidiana, permite que o cliente possa se tornar o seu próprio terapeuta, experimentando
tais habilidades e oferecendo, ao profissional, a investigação necessária daquilo que
melhor funciona.
Muitos ainda são os que não conseguem realizar as tarefas propostas para a casa,
seja por dificuldade de enfrentamento, capaz de gerar certa resistência, ou por falta de
organização e, até mesmo, por falta de compreensão daquilo que foi proposto durante a
sessão. Assim, o terapeuta deverá ser flexível e capaz de escutar o cliente, caso haja
algum tipo de oposição ou resistência.
57
AUMENTANDO A POSSIBILIDADE DE UMA TAREFA DE
CASA BEM SUCEDIDA
(BECK, 1997, p. 258, 259)
58
Cabe ao terapeuta instruir as técnicas capazes de corrigir as distorções cognitivas
e guiar o cliente dentro do processo terapêutico, permitindo, segundo Meyer e Vermes
(2001), a construção de um amplo repertório comportamental, onde haja habilidades
interpessoais, perseverança, realismo e habilidade para colocar os problemas em
perspectivas, além da orientação para o futuro.
59
Sobre as técnicas comportamentais, em relação à fabricação da agenda, podemos
dizer que ela serve como um instrumento paralelo ao estabelecimento e a realização das
metas propostas. Assim, depois de terapeuta e paciente terem atingido um plano de
ação, criam-se os tópicos específicos e passíveis de serem alcançados, entre aqueles que
o cliente considera incômodo ou que deseje trabalhar para fixarem o compromisso.
60
Também muito utilizado é o registro de pensamentos disfuncionais, que propõe
ao cliente a fabricação de um diário de eventos importantes, onde seja possível
monitorar sentimentos e comportamentos que existam em relação a cada evento
ocorrido fora do ambiente terapêutico. Tal tarefa também pode ser utilizada como uma
ferramenta para analisar e perceber a capacidade do indivíduo de avaliar a situação
vivida, permitindo o desenvolvimento de uma resposta emocional adequada ou
adaptativa.
61
Mas para isso, os exercícios de relaxamento, conforme levantado por Beck
(1997) devem ser ensinados e praticados durante as sessões, onde os problemas poderão
ser manejados pelo profissional e a eficácia avaliada em conjunto com o paciente.
Agora, propor uma visualização dirigida, como o nome nos leva a supor, pede
que o profissional disponha de um lugar tranquilo, onde o cliente será estimulado a
fechar os olhos, enquanto se imagina em um determinado ambiente. As sensações que
esse lugar possivelmente despertaria no indivíduo, passarão a ser imaginadas por ele,
como se estivesse vivenciando a experiência.
Para Chappa (2001) para que ocorra uma efetiva abordagem terapêutica é
necessário determinar quais dimensões da assertividade estão comprometidas, além de
explorar os fatores que mantêm a sua falta. Entre outros, foram destacados o medo da
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A inundação é uma técnica comportamental que desfavorece o pensamento automático. Para
isto, ela pretende trabalhar o máximo da dor diante de um comportamento repetitivo, ou seja, o
comportamento indesejado deverá ser inflado ao expor o indivíduo ao estímulo que desperta
ansiedade até que a resposta apresentada por ele decresça, produzindo-se a habituação.
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reação e da incapacidade de responder que levaria a pessoa a ficar muda ou lenta para
pensar por medo de ser inapropriado, o medo de perder o controle, medo do abandono, a
falta de conhecimento dos direitos pessoais e a falta de competitividade, ou seja, quando
“o paciente pode sentir desagrado pelas pessoas assertivas e considerá-las egoístas, de
modo que se sentem satisfeitas por não sê-lo.” (p. 314)
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redução da ansiedade e do desconforto.” (D’EL REY e
PACINI, 2006, p. 270)
Uma técnica muito utilizada, por seus resultados positivos na busca tanto de
metas, como, também, nos momentos em que o cliente apresenta dificuldade em
especificar o seu problema atual ou mesmo a mudança que gostaria de obter na vida, é a
técnica do gráfico em forma de torta. Tal técnica é capaz de demonstrar as esferas
selecionadas de maneira gráfica, ajudando o cliente de inúmeras formas. Nesta técnica,
o cliente deverá ser instruído a desenhar um círculo que será dividido em fatias,
desenhando, em cada pedaço delas, a quantidade de tempo que é gasta em diferentes
esferas da sua vida atual – esferas adaptadas de acordo com as demandas presentes.
Outro círculo poderá ser confeccionado, revelando como o cliente gostaria que estivesse
em um determinado período de tempo.
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Estratégias em TCC
Tomada de decisão
Questão/Dúvida:
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_________________________________________________________________
_________________________________________________________________
Voltemos a salientar que as técnicas são ferramentas que deverão ser utilizadas
de forma consciente pelo profissional. A sua utilização sem propósito ou critério
impossibilita os inúmeros benefícios possíveis.
Nesse momento, ocorre uma revisão das técnicas que foram aprendidas,
orientando o cliente à prática contínua delas, possibilitando a manutenção da melhora
clínica. Enquanto isso, é rotina que os terapeutas espacem, ao longo de um período pré-
determinado, as consultas, até que ocorra a alta propriamente dita.
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“Desse modo, a preparação para o término, inclui aumentar o
intervalo entre as sessões de uma vez por semana para uma vez
a cada duas semanas e, depois, uma vez a cada três ou quatro
semanas. Além disso, as técnicas cognitiva e comportamental
são utilizadas com a finalidade de preparar o paciente para a
ocorrência de retrocessos, de modo a que este procure resolver
suas dificuldades antes de chamar o terapeuta.” (FALCONE,
2001, p. 55)
De acordo com Falcone (2001), o espaçamento das sessões tem como finalidade
verificar se o cliente consegue caminhar na resolução de seus problemas com um menor
auxílio terapêutico. Se tal fato for confirmado, as sessões passam a ser mensais,
preparando o indivíduo para o término próximo. Nesse momento, orienta-se que os
clientes leiam os registros feitos durante a terapia, identificando as habilidades
aprendidas durante todo o processo. Além disso, eles também recebem orientação para a
realização da autoterapia, assim como aprendem a reestruturar as cognições negativas
sobre as recaídas, recebendo também sessões de encorajamento.
Os tipos de atendimentos
Muito se fala sobre a terapia individual, que tem seus objetivos e efeitos
amplamente conhecidos, independentemente da escola elegida como norte terapêutico.
Nela, o indivíduo busca ajuda para as suas questões pessoais, transformando-se no ator
principal deste processo.
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Assim, cabe ao profissional perceber, além do diagnóstico apresentado pelo
cliente, quais são os seus problemas atuais, como eles se desenvolveram, como são
mantidos, quais pensamentos e crenças disfuncionais estão associados aos problemas e
quais reações (emocionais, fisiológicas e comportamentais) estão associadas ao
pensamento.
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Conclusão do Módulo I
Olá, aluno(a)!
Você está quase chegando ao fim da primeira etapa do nosso curso de Terapia
Cognitivo Comportamental, oferecido pelos Cursos 24 horas.
Para passar para o próximo módulo, você deverá realizar uma avaliação
referente a este módulo já estudado. A avaliação encontra-se em sua sala virtual. Fique
tranquilo(a) e faça sua avaliação quando se sentir preparado!
Até logo!
Site: http://www.wix.com/ana_paula_veiga/atendimento
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