2017 AnaPaulaHirata TCC
2017 AnaPaulaHirata TCC
2017 AnaPaulaHirata TCC
Brasília
2017
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Brasília
2017
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
Banca examinadora:
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Universidade de Brasília
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Universidade de Brasília
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Universidade de Brasília
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AGRADECIMENTOS
Agradeço à minha maior riqueza, minha família, pelo apoio e amor que
sempre recebi dos que tenho a honra de chamar de pai, mãe, irmã e irmão.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO...................................................................................................8
CONCLUSÃO..................................................................................................41
REFERÊNCIAS....................................................,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,...........56
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LISTA DE FIGURAS
INTRODUÇÃO
1
PELEGRINI, Sandra de Cássia Araujo. Patrimônio Cultural: Consciência e Preservação. São
Paulo: Brasiliense, 2009, P. 23.
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2
Informação proveniente de entrevistas transcritas neste trabalho (Apêndice A, B e C, págs. 44-52).
22
3
A transcrição da entrevista encontra-se neste trabalho (Apêndice B, pág. 45).
23
Quanto à origem do Boi, Leticia Cardoso (2005, p.117) afirma que “sua
origem está ligada ao ciclo do gado no Nordeste brasileiro (século XVII)”.
Pode-se perceber que a lenda fala sobre a antiga relação dos negros com os
25
4
A transcrição da entrevista encontra-se neste trabalho (Apêndice C, pág. 48).
26
5
A transcrição da entrevista encontra-se neste trabalho (Apêndice C, pág. 48).
27
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Sotaques são definidos conforme diferentes ritmos/gênero musical/artístico/regional. Ou seja,
mudam conforme composição das roupas, instrumentos utilizados, coreografias, dentre outros.
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Quanto às diferenças que surgiram ao longo dos anos, uma delas foi a
permissão da participação das mulheres na atuação que ocorre durante a
festa. Hermilo Filho (1966, p.14) cita que “não há mulheres representando. Os
papéis femininos são desempenhados por homens vestidos de mulher”.
Quando entrevistado, em 1966, mais do que atualmente a mulher era vista
como responsável por tomar conta da casa, lavar, cozinhar, cuidar de seus
filhos. Nesse mesmo parágrafo completa: “a mulher participante do
espetáculo é a Cantadeira, sentada ao lado da orquestra”, sendo que assim, a
participação constava como um elemento externo à história. Em São Luís do
Maranhão, dois relatos de 1995 falam sobre essa mudança:
fazem por fora uma porção de coisas para ajudar o grupo. [sic]
(CARVALHO, 1995, p.100)
No início foi difícil, tinha uns homem que não aceitavam mulher como
brincante, só queria as mulher junto deles pra servir e pra trabalhar por fora
pelo boi. Mas a gente foi entrando devagarinho e mostrando que podia
também ser brincante de verdade. Uns chiaram muito, mas tavam
precisando de colaboração, aí tiveram que engolir a gente. [sic]
(CARVALHO, 1995, p.100)
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CARVALHO, Maria Michol Pinho de. Matracas que desafiam o tempo: é o Bumba-Boi do
Maranhão: um estudo da tradição modernidade na cultura popular. São Luís: Papirus, 1995, p. 101.
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Além de sua família natural, o indivíduo recupera sua família mítica (...). Ao
tornar-se múltipla, por intermédio dessas representações, a pessoa afirma
sua personalidade e a da comunidade à qual se integra, (...) em um
processo contínuo de atualização da memória coletiva. (CONDURU, 2012,
p. 31)
(Figura 9) Chapéus Marujado do Boi de Seu Teodoro. Imagem de Acervo Pessoal. 2017
CONCLUSÃO
Um dos livros utilizados como base para esse texto foi publicado em
1958, ou seja, há quase 60 anos já havia pesquisas e material sobre tal
manifestação cultural. Boi-Bumbá (Auto Popular), de Bruno de Menezes, é a
prova da importância da história do Boi para com a história do Brasil, sendo
que estes dois possuem uma relação intrínseca. O Boi é uma manifestação
cultural tradicional, de forte vínculo comunitário e religioso, que ao longo do
tempo, recriou sua forma de ser e de se manifestar, sendo gradualmente
apropriada, o que também pode estar relacionado às demandas de consumo,
e reconstruída pelos envolvidos no processo.
Idade: 11 anos
E. Por que os pandeiros daqui são pequenos e do Boi [do Maranhão] são
desse tamanho aqui ((fez gesto com as mãos abertas, para simbolizar algo
grande)).
A. Você disse que gosta de brincar. Veio de família, mas mesmo que não
tivesse algum brincante na família, você gostaria de brincar?
E. ((acenou concordando com a cabeça)). Tem uma coisa que eu não gosto,
por que tem gente que chama de macumba. “Boi é macumba”. Por causa do
tambor, do Boi, essas coisas ((aponta para trás, onde estão os Bois, tambores
e altar com imagens de santos e oferendas)). Outra vez que a gente foi
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A marcação dos passos da dança é feita pelo conjunto de tambores de diferentes tamanhos e contam com o
auxílio de matracas batidas.
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E. Nunca parei.
(Figura 14) Cena de entrevista com Erick Rafael. Arquivo Pessoal. 2017.
Idade: 61 anos
A. Talvez isso até te ajude a ter tanto amor pelo Boi: porque você recebeu
amor do seu Teodoro e de sua família.
M. Ah, para mim foi um elogio, sinal de que confiava em mim, sabia que eu
gosto, que eu ajudava, e eu falei: “ah, tá”. Às vezes, quando eu quero dar
uma saidinha, o Guará diz: “ó, o que tu prometeu para seu Teo” e eu começo
a rir e digo: “não esqueci, não”. ((risos)).
(Figura 15) Cena de entrevista com Maria Placida. Arquivo Pessoal. 2017.
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Guarapiringa Freire é filho de Teodoro Freire, o fundador do Boi de Seu Teodoro.
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Idade: 71 anos
R. Não, vêm bordados de São Luís. Minha filha borda as roupas das índias e
muita testeira10 também. No chapéu eu faço a parte da pena, cubro e coloco
as fitas, só não o bordado.
R. Os pandeiros vêm feitos de São Luis, mas quando furam 11, quem cobre
sou eu. Quem remunta esses bichos ((aponta para os Bois)) também sou eu,
quem faz cavalete para eles sou eu.
A. E o que te levou a continuar? Porque a promessa do seu pai era por sete
anos.
R. Bom, porque a gente vai gostando e é uma diversão a mais. Uma época eu
estava com o pé furado de talo, (...) o talo entrou e eu passei seis meses
doente (...). Eu chorei sem querer, olhando o pessoal ir embora e eu não
podia ir.
R. Sim. Ele foi para o Rio de Janeiro, fez o Boi de Zabumba lá. Na
inauguração de Brasília veio para cá e ainda era de Zabumba, mas ele gostou
daqui e ficou. Depois mudou o ritmo, agora é pandeiro.
R. Antes de vir para cá, eu tomava conta de um Boi [em São Luís], mas tive
um pequeno aborrecimento e larguei. Soube que Zé Diniz ia deixar o Boi e
Seu Teodoro não tinha mais como tomar conta do Boi. Então Seu Teodoro
mandou me procurar para ver se eu queria ajudar aqui [em Brasília] e eu
disse: “eu vou”.
R. Sim, para tomar conta desse Boi. Quando cheguei aqui, tinham três
pandeiros e três chapéus, mas olhe o tanto de chapéu que temos hoje.
Pandeiro, só lá em casa, tem pelo menos dez cobertos e aqui tem mais de
cem pandeiros furados, mas esses não dão mais para usar, tem que fazer
outro. Aqui o couro é difícil. Lá em São Luis você compra o couro de bode por
R$5 - R$10 reais; aqui as pessoas querem R$30 no couro e não tem. (...) Eu
vou daqui [de Brasília] comprar couro lá [em São Luís] direto (...).
R. Não, por que eles colocam um bocado de pena grande embaixo, fecham,
colocam um bocado de miudinhas no meio, fecham e colocam grande em
cima e amarram. E a gente compra amarrado, não dá para saber. Outra
coisa, não dá para andar com isso por que se a [Polícia] Federal, se pegar...
Se você comprar nos armarinhos, tem que pedir nota fiscal.
A. Tem muitos detalhes para poder manter a tradição. Fiquei com uma
dúvida: quando seu pai machucou, porque fez a promessa? Ele já brincava?
R. Não, ele nunca brincou. É gente que tem muita crença em Santo. Seu
Teodoro tem uma crença tão forte com santos, que tem alguns aqui. Quando
cheguei, o pessoal dizia que aqui era terreiro de macumba, mas acho que
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R. Não, o primeiro Boi foi feito pelos índios. (...) Essa que era a diversão
deles, aí o branco olhou e gostou. Só que antigamente os bois não eram
bordados, assim como o Boi do Amazonas, o Caprichoso, só que o deles é
mais parecido com Carnaval. O nosso é original, a pena é de ema. Lá é cada
índia de uma cor, cada chapéu de uma cor. O Boi de Zabumba não saiu do
esquema também, mas o Boi de Orquestra é totalmente diferente. (...)
A. E foi difícil?
R. Não, para mim, não. Foi fácil. O que me prejudica quando está assim é a
rouquidão, mas tirando isso [mais nada]. E eu não bebo quando estou
brincando. (...) Por sinal teve um ano que começou uma briga, (...) depois falei
com Seu Teodoro: “ou eles, ou eu”. Ele tirou os outros porque só faziam
bagunça, e eu vim para cá para arrumar.
(Figura 16) Cena de entrevista com Raimundo Ferreira. Arquivo Pessoal. 2017.
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ANEXOS
REFERÊNCIAS
http://revista.historiaoral.org.br/index.php?journal=rho&page=article&op=view
&path%5B%5D=114&path%5B%5D=109 Acesso em: Maio/2017
SANT´ANNA, Márcia. A festa como patrimônio cultural: problemas e dilemas
da salvaguarda. Revista Observatório Itaú Cultural, São Paulo, Itaú Cultural,
n. 14, maio, 2013. Disponível em:
https://issuu.com/itaucultural/docs/revista_observatorio_14 Acesso em:
Maio/2017
SILVA, José Maria da. O espetáculo do Boi-Bumbá: folclore, turismo e as
múltiplas alteridades em Parintins. 206 f. Tese (Doutorado em Antropologia) –
Universidade de Brasília, Brasília, 2002.