Ritual de Iniciação Satanista
Ritual de Iniciação Satanista
Ritual de Iniciação Satanista
É de suma importância deixar claro que o presente ritual não fará de você – nem de
ninguém – um satanista, se você já não se sente e se vê assim. Poderíamos dizer que a
iniciação se divide em duas etapas. A primeira etapa é interior e consiste em estudo,
reflexão, meditação, percepção e transformação. Sem passar por ela, de nada adianta a
segunda etapa, que é a exterior. Realizar uma cerimônia de iniciação sem ter passado pela
primeira etapa seria o equivalente a comprar um diploma sem ter estudado nada. Ou seja, é
o caso de uma pessoa que anseia por ostentar um título apenas, e exibí-lo com orgulho
leviano seja para si mesmo ou outras pessoas. O ritual de iniciação funciona como uma
formatura, lhe conferindo um título devido aos seus conhecimentos adquiridos. Alguém
pode se perguntar agora: “Mas se não haverá ninguém para me avaliar, como vou saber
quando serei digno e merecedor disto?” A resposta é simples: como eu disse no início,
quando você se sentir um satanista naturalmente. Uma auto-avaliação sincera é o que
basta. O Satanismo é a religião do sem-mestre, e além disso, nele sua opinião é a mais
importante de todas. Então se na sua opinião você é mesmo um satanista, não precisa
buscar avaliações alheias e exteriores. Entretanto, é evidente que só “conhecimentos
adquiridos” não bastam para “fazer” de você um satanista. Obviamente, é preciso também
IDENTIFICAÇÃO. Há muitos estudiosos do tema adeptos de outras religiões. Mas o que é
identificação? É enxergar no Satanismo um espelho, enxergar você mesmo e
reconhecer-se um satanista. É natural que muitos leitores se perguntem: “Mas qual a
utilidade de um ritual de auto-iniciação satânica se você já se considera um satanista?”
Muitas pessoas sentem a necessidade de formalizar e oficializar sua “adesão” ao
Satanismo através de uma cerimônia. Este ritual foi escrito para preencher esta lacuna. De
qualquer forma, é bom lembrar: tudo o que você precisa fazer para ser um satanista é
passar a viver como um. Além disso, não é possível “virar” um satanista, você simplesmente
nasce assim ou não. Este ritual é um modo de proclamar ao Universo o
auto-reconhecimento de que você é um satanista. Em outras palavras, é uma forma de
dizer “eu percebi que sou um satanista!”
Algumas pessoas acham que é preciso colocar alianças e se casar no civil e religioso para
se poder dizer que são casadas “mesmo”, outras dispensam isso e simplesmente vão morar
juntas – mas levam uma vida igual a dos casais “oficiais” e não ficam devendo em nada
para eles. O mesmo se aplica aqui, e esta analogia evidencia a importância da primeira
etapa. Afinal, você se casaria com alguém que conheceu hoje? Logicamente, primeiro vem
um namoro, depois o noivado, e finalmente o casamento. Portanto, não coloque o carro na
frente dos bois. Hoje em dia parece que a maior parte das pessoas está mais preocupada
em conseguir um diploma do que realmente conhecer sua profissão, e no Ocultismo não é
diferente. Tudo ocorre de dentro para fora (vide big-bang), então lembre-se: primeiro o
trabalho interior e depois o exterior. Este ritual não deve ser encarado muito menos
executado de forma leviana e como uma brincadeira.
MATERIAL NECESSÁRIO:
PREPARAÇÃO:
Vista-se de branco e amarre a corda em seus dois pulsos, como uma algema. Seu
comprimento deve ser grande o bastante para lhe dar liberdade de movimento com as mãos
e braços. O altar deve ser posicionado no centro da câmara, de modo que quando o
celebrante estiver de frente para ele fite o Sul. Sobre o altar ficam o espelho, sino/gongo,
adaga, cálice com vinho e a vela vermelha – a vela deve ficar no centro do altar já estando
acesa. As outras quatro velas negras restantes devem ser posicionadas nos pontos
cardeais, mas devem permanecer apagadas por enquanto.
Pegue a adaga e o sino/gongo (ou o cálice para ser batido com a adaga).
Frente à vela do Sul, toque o sino/gongo três vezes lentamente, deixando o som produzido
ressoar. Com sua mão esquerda aponte a adaga para a vela e diga:
“Satã, Senhor do Fogo. Te invoco para ser testemunha de minha libertação e renascimento.
Acendendo esta vela, faço-o presente aqui esta noite.” Acenda a vela.
Repita este mesmo procedimento nos outros pontos cardeais em sentido anti-horário,
substituindo as palavras e nomes necessários:
Leste: Lúcifer – Ar
Norte: Belial – Terra
Oeste: Leviatã – Água
A PROCLAMAÇÃO:
Após ter acendido as quatro velas, fique de frente para o altar fitando-se no espelho e
aponte a adaga na direção do seu reflexo (com a mão esquerda), recitando:
“Eu me reconheço como meu próprio deus, pois o homem é o único ser com o poder de
criar e destruir de que se tem conhecimento. Não há nenhum ser que interfira no destino do
homem além dele mesmo. Em meu altar, a única imagem presente é a minha, pois esta é a
única imagem digna de adoração. Eu olho no fundo dos meus olhos e reconheço tu, Satã!
Eu sou teu reflexo neste mundo. Pois eu me recuso a servir e adorar qualquer ser, assim
como tu. Eu olho para todos os demônios do Inferno, e não sinto medo, mas reconheço
irmãos. Eu olho para todos os anjos do Paraíso, e não vejo salvadores, mas sim os arautos
da mentira! Eu olho para Deus, e não vejo um pai bondoso e justo, mas sim o maior de
todos os déspostas, o tirano inefável! E agora eu olho para ti, Satã, e vejo eu mesmo.
Tornando-me tu, eu sou veículo e canal para sua manifestação na Terra. Eu porto a luz das
chamas do Inferno, eu sou um dos filhos e herdeiros de Lúcifer. Eu levantei o véu de Deus e
vi sua verdadeira face. Eu arranquei sua máscara e vi a verdade. Eu reconheci que os
papéis de herói e vilão no drama do Universo estão invertidos, e eu me recuso a ser um
mero espectador ou figurante. Eu reconheço o Paraíso como o cárcere de servos, e o
Inferno como a morada de reis emancipados e independentes! Como uma criança curiosa,
atraído pelo proibido eu vaguei na escuridão da noite, e lá nada encontrei. Nenhum
espantalho! Então eu olhei para mim, e percebi, eu sou o espantalho do qual eles falavam!
Pois eu era o único que lá estava. Eu sou Satã! Tu me libertaste, Satã! Tu me fez ver além.
Agora para mim não há fronteiras nem limites. Tu rasgaste a venda que cobria meus olhos,
e a minha frente descortina-se o horizonte negro e infinito repleto de estrelas. E então eu
pude ver, eu sou uma destas estrelas! Para representar minha liberdade, eu peço que tu
quebre esta última corrente, símbolo da escravidão da qual a humanidade é vítima. Que as
chamas do Inferno libertem-me!
(O celebrante deve despir-se e ficar totalmente nu – pois foi assim que você nasceu, não
foi? Então é assim que você deve “renascer” também. Com a mão esquerda, mergulhe a
adaga no cálice de vinho e trace levemente – não vá se cortar – um pentagrama invertido
na sua testa – assim representando um batismo. Largue a adaga sobre o altar. Pegue o
cálice e levante-o com sua mão esquerda, olhando-se no espelho e oferecendo um brinde a
si mesmo.)
(Beba todo o conteúdo do cálice de uma só vez, sem retirá-lo dos lábios – e não se
preocupe em não derramar.)
Está feito!”
Nota: se assim desejar, o celebrante pode realizar uma versão mais “hardcore” do ritual
ateando fogo às suas vestes brancas e queimando-as num caldeirão (qualquer um que
tenha estudado um pouco de Ocultismo ou mesmo psicologia sabe que quanto mais
impactante e marcante for um ritual, melhor – principalmente no caso de rituais de
iniciação). Também sinta-se à vontade para retirar sua camisa/camiseta rasgando-a pela
gola e sem abrir botões. Ao final do ritual, dá-se licença aos Príncipes para que possam
partir e agradece-se pela sua presença, somente depois de fazer isso as velas devem ser
apagadas. Se puder – e quiser, é claro – o celebrante deve após a realização do ritual, no
dia seguinte ou quando for mais apropriado realizar algum desejo que tenha sido
negligenciado ou reprimido durante sua vida, assim colocando a indulgência no lugar da
abstinência e fazendo uma oferenda a si mesmo (Satã). Uma oferenda é algo feito para
agradar deuses, mas você mesmo é o deus que adora então agrade-se e faça-o feliz. Faça
aquilo que você sempre teve vontade mas nunca teve coragem – desde que isso não
implique em atividades criminosas, desnecessário dizer. Experimente aquilo que você
sempre quis experimentar. Demita-se e dedique-se a carreira que você sempre sonhou
seguir, mude de cidade, vire um andarilho hippie, coma cinco barras de chocolate, vista-se
de mulher. Faça o que lhe der mais prazer mas que por algum motivo você nunca fez.
Agora a única coisa proibida é preocupar-se com o que os outros podem pensar e suas
opiniões. Ignore-os assim como eles ignoram a própria ignorância. Seja tomar banho de
chapéu ou discutir Carlos Gardel, faz o que tu queres é a única Lei.