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―Há, nesta época, a tentativa de apresentar o Negro como um ser exótico, diferente, e por
ser muito diferente do corpo, do pensamento, da cultura e da sociedade europeias, não
pode ser um ser humano, mas pode passar por um ―processo de humanização‖, e ser
aceito ao se converter ao cristianismo (dominação religiosa), ao se adaptar ao modelo
econômico (dominação capitalista), e ao modelo político do Ocidente (dominação
representativa)‖.
Para Gobineau, o Brasil era a própria personificação do que ele chama de ―anarquia
étnica‖, esse termo sintetiza a sua tese da degeneração das raças que se
corromperam, misturando a raça ―primeira‖, de Adão e Eva, dando origem então às
três raças secundárias; a branca, a amarela e a negra. A miscigenação entre as três
raças tem como consequência as raças terciárias, já consideradas como um
subgênero, já a miscigenação dessas resultavam nas raças quaternárias, que seria o
estágio da miscigenação brasileira‖.
5ª) Supremacia e o “fardo” do homem branco: De acordo com Kant, os
―esclarecidos‖ deveriam tutelar os indivíduos de minoridade, justamente porque
esses não conseguiriam por si mesmos alcançar a autonomia, a liberdade e o
conhecimento.
No modelo estatal ocidental, que o Brasil copiou, o controle sobre a vida das pessoas
ficou com o Estado. A partir do fim do século XVIII essa ―tecnologia de poder‖, a
burocracia e as legislações, que é outra etapa da técnica disciplinar, passa a ser a
tecnologia de controle dos corpos, que ―devem ser vigiados, treinados, utilizados,
eventualmente, punidos‖, essa é a biopolítica. O biopoder determina quem pode viver e
quem pode morrer usando o critério biológico da raça, há raças superiores e raças
inferiores, e esse é um critério eugenista. E qual raça seria essa, condenada a morte?
Todos os países do Sul, do continente africano e da américa latina, são descartáveis.
8ª.) A colonização como base do capitalismo: ―Achile Mbembe, filósofo
camaronês, indica como a história do capitalismo se estabeleceu e se
fortaleceu com a expansão da exploração da mão de obra de corpos africanos,
que saíram da África como mercadoria para produzir riquezas na Europa e no
Novo Mundo (as américas). A colonização acumulou e produziu um lucro
jamais alcançado antes na comercialização de seres humanos como
escravos‖.
―Mas o epistemicídio foi muito mais vasto que o genocídio porque ocorreu
sempre que se pretendeu subalternizar, subordinar, marginalizar, ou
ilegalizar práticas e grupos sociais que podiam constituir uma ameaça à
expansão capitalista‖.
SANKOFA
A reação dos africanos da diáspora e do continente africano ao epistemicídio
1) à arte;
2) à religião;
6.2 – Finalidade (télos): é despojar a alma da ilusão do saber. Dialogar para Sócrates era
levar o discípulo a um ―exame da alma‖ e a uma prestação de contas da própria vida, a
um ―exame moral‖: ―Quem quer que esteja próximo a Sócrates e, em contato com ele,
ponha-se a raciocinar, qualquer que seja o assunto tratado, é arrastado pelas espirais do
discurso e inevitavelmente forçado a seguir adiante, até se ver prestando contas de si
mesmo, dizendo inclusive de que modo vive e de que modo viveu‖.
4.1. O corpo é uma “tumba” para a alma e é a raiz de todo mal: se para
Sócrates, o corpo é um instrumento a serviço da alma, para Platão, o
corpo é como uma “tumba”, como o “cárcere” da alma, como lugar
para o cumprimento de suas penas; no corpo a alma se encontra em
situação de morte, por isso, morrer é libertar a alma. O corpo é a
fonte de paixões, inimizades, discórdias, ignorância e loucura.
4.2. A escatologia: propõe que o ser humano encontra-se de passagem na
terra e que a vida terrena constitui uma prova, a do exercício da razão
para a boa condução da alma. A filosofia, ou seja, o exercício da razão,
representa a força salvífica da busca e da visão da verdade que salva
―para sempre‖.
4.3. O mito do carro alado: A alma se assemelha a um carro alado
puxado por dois cavalos e guiado pelo auriga (razão). Um cavalo
é bom e outro é mau, o que torna difícil a condução do carro.
O auriga simboliza a razão e os dois cavalos representam as
partes da alma. As almas buscam, periodicamente, chegar ao
ápice para contemplar o mundo das Ideias. Trata-se de uma
tarefa árdua procurar contemplar o plano da ideias,
especialmente, por causa do cavalo mau. Aquelas que
conseguem, vivem por mil anos na ―planície da verdade‖. Aquelas
que não conseguem, chocam-se e atropelam-se e se
precipitam sobre a terra. A vida humana é moralmente mais
perfeita quanto mais houver ―contemplado‖ a verdade no plano da
ideia e moralmente menos perfeita quanto menos a tenha
―contemplado‖.
4.4. As partes da alma:
a) Apetitiva (mal): uma tendência que nos arrasta, que consiste no desejo, na vontade ou
na tirania do amor (o cavalo mau), é a falta da razão;
b) Irascível (bem): outra tendência que domina o desejo; encontra-se, em geral, do lado
da razão, mas pode ligar-se também ao mal caso esta seja
corrompida por uma má educação (o cavalo bom).
c) Racional (razão): busca o equilíbrio entre as duas outras partes (auriga).
* quando a parte apetitiva (mal) da alma se harmoniza com a racional (razão) e a ela
obedece, o indivíduo é ―temperante‖;
* quando a parte irascível (bem) da alma sabe manter com firmeza as determinações
da razão, em meio a todas as adversidades, o indivíduo é ―forte‖, ―corajoso‖;
* quando a parte ―racional‖ da alma possui a verdadeira ciência daquilo que é útil a todas
as partes, o indivíduo é ―sábio‖.
Introdução à filosofia política de Platão: A república
1. O contexto e a filosofia: ―As cidades gregas sofreram transformações com a
miscigenação das culturas do Ocidente com o Oriente, o que causou
considerável mudança no ethos grego. O foco de Platão, na República, é a
justiça, no sentido amplo do termo, uma vez que esta deve ser o pilar das
sociedades heterogêneas. Sócrates, protagonista da obra, é instigado a fazer
essa reflexão por Polêmarco, filho de Céfalo‖.
(i) Estado nasce porque cada um de nós não se basta a si mesmo e precisa uns dos outros;
(ii) O Estado e o indivíduo são um só: as três faculdades da alma (razão, bem e mal - mito do
cavalo alado) representam as três classes sociais do Estado: povo (camponeses, artesãos e
comerciantes) representa o mal/vontade; os soldados, que representa a parte boa/irascível; os
filósofos (governantes), que representa a parte racional. Organizar a unidade (indivíduo) é
organizar a coletividade (Estado).
(iii) São imprescindíveis os serviços de todos que provêm as necessidades materiais. Trata-se da
classe dos lavradores, artesãos e comerciantes (boa quando nela predomina a ordem, a
temperança, a disciplina, além da submissão);
(iv) São necessários os serviços de alguns homens responsáveis pela guarda e defesa da cidade.
Trata-se da classe dos guardiões (força irascível da alma, homens dotados de mansidão e
ferocidade);
(v) É necessário a dedicação de alguns poucos homens que saibam governar com justiça. Trata-se
da classe dos governantes (homens que conhecem e contemplam o bem, predomina neles a
alma racional, a sabedoria).
Platão e as Leis
- Trata-se do último e mais extenso diálogo de Platão, que ficou
inacabado. Neste, não há a presença de Sócrates como
protagonista.
1) a tirania (monarquia);
3) a demagogia (democracia).
O papel de cada um:
1º) Os governadores: ―O legislador, em sua legislação, tem que visar três objetivos: racionalidade,
liberdade e unidade do Estado para o qual legisla‖. “Não são a mera segurança e a manutenção da
existência as coisas mais preciosas a serem possuídas pela Humanidade; mas, sim, a conquista de
todo o Bem possível e a preservação deste Bem através da vida‖.
2º) Os governados: ―Seria vulgar, servil e inteiramente indigno chamar de educação uma formação que vise
somente à aquisição de dinheiro, de vigor físico ou mesmo de alguma habilidade mental destituída de
Sabedoria e de Justiça. Enfim, educação é a primeira aquisição que a criança faz da virtude‖. ―A comunidade
que não conhece nem a riqueza nem a pobreza é geralmente aquela na qual se desenvolvem as
personalidades mais nobres, pois aí não há espaço para o crescimento da insolência e da injustiça, das
rivalidades e dos ciúmes‖. ―Os bens e as riquezas, quando excessivos, geram animosidades e conflitos tanto
no Estado como no âmbito particular; quando deficientes, geram, normalmente, servidão‖.
3°) As legislações: “Um Estado que pretenda durar e ser o mais feliz que for humanamente possível terá,
necessariamente, que dispensar corretamente honras e desonras, sendo o modo correto o seguinte: deverá
ser estabelecido que os bens da alma recebam as mais elevadas honras e venham em primeiro lugar, desde
que a alma seja detentora de temperança; em segundo lugar, viriam as coisas boas e belas do corpo; e, em
terceiro lugar, os chamados bens substanciais e propriedades. E, se qualquer legislador ou Estado
transgredir estas regras, atribuindo ao dinheiro o posto da honra, seja designando uma posição superior a
uma das classes de bens inferiores, será responsável por infringir tanto o sagrado quanto o político‖.
―Quando, no Estado, o despotismo e a escravidão destroem os laços de amizade e de camaradagem, o
conselho dos governantes não delibera mais no interesse dos governados e do povo, mas, somente no
interesse da manutenção de seu próprio poder‖.
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA DE ARISTÓTELES - (384-322 a.C.)
Aluno de Platão, por 20 anos, até a morte deste, foi o tutor de Alexandre,
―O Grande‖, Rei da Macedônia. Treze anos depois da morte de Platão,
Aristóteles fundou sua escola que, ao mesmo tempo, foi rival e herdeira da
academia platônica. Foi um homem de cultura, de estudo, de pesquisas,
que se isolou da vida prática, social e política, para se dedicar à
investigação científica. Elaborou uma obra filosófica autoral. É o primeiro
filósofo ―total‖, pois ―escreveu‖ sobre todas as ciências, constituindo
algumas desde os primeiros fundamentos: (i) Escritos lógicos (lógica como
instrumento da ciência); (ii) Escritos sobre a física (cosmologia,
antropologia, metafísica); (iii) Escritos metafísicos (metafísica geral e
teologia); (iv) Escritos morais e políticos (as Éticas a Nicômaco, a Eudemo,
a Grande Ética e a Política, incompleta); Escritos retóricos e poéticos.
1. Platão & Aristóteles: ―Aristóteles foi o mais genuíno dos discípulos de Platão‖.
―Discípulo genuíno‖ de um mestre não é aquele que fica repetindo o mestre, mas
sim aquele que, partindo das teorias do mestre, procura superá-las, indo além
do mestre mas no espírito do mestre:
1.1. Rejeitou o componente místico-religioso-escatológico: trata-se daquele
componente platônico que tem raízes na religião órfica, alimentando-se mais
de fé e crença do que de logos (razão). Ao deixar esse componente de lado,
Aristóteles pretendeu promover uma rigorização do discurso filosófico.
O bem da cidade ―é mais belo e mais divino‖ que o bem do indivíduo, apesar de serem da
mesma natureza. O povo grego concebia o indivíduo em função da Cidade e não a
Cidade em função do indivíduo. Aristóteles define o ser humano como ―animal político‖ (ou
seja, não simplesmente como animal que vive em sociedade, mas como animal que vive
em sociedade politicamente organizada): ―Quem não pode fazer parte de uma
comunidade, quem não tem necessidade de nada, bastando-se a si mesmo, não é parte
de uma cidade, mas é uma fera ou um deus.‖ Há, contudo, grupos distintos: