Qualidade de Vida Na Saude
Qualidade de Vida Na Saude
Qualidade de Vida Na Saude
Funchal,
2023
Escola Superior de Enfermagem de São José de Cluny
Funchal,
2023
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 5
5.2. Mentais......................................................................................................................... 14
5.3. Emocionais................................................................................................................... 15
CONCLUSÃO .................................................................................................................... 18
A avaliação de qualidade de vida tem sido discutida ao longo de vários anos. Vários
cientistas sociais, filósofos e políticos têm tentado chegar a uma conclusão sobre este mesmo
conceito. Assim, a qualidade de vida engloba, pelo menos, três aspetos, sendo estes o bem-
estar físico, emocional e social, no entanto, não deixa de ser um conceito subjetivo, pois cada
pessoa tem a sua própria perspetiva perante este conceito e, deste modo, de igual forma é a
sua avaliação (Kluthcovsky & Kluthcovsky, 2010).
O bem-estar físico é avaliado pela ausência de doenças patológicas, estando,
também, relacionado com muitos mais fatores, como a disposição do indivíduo diariamente,
se este adere a uma alimentação saudável, se pratica exercício físico, se possui uma boa
autoestima física, entre outros. Todos estes fatores têm um efeito significativo na qualidade
de vida de qualquer pessoa (Campoy, 2022).
Por sua vez, existe o bem-estar emocional, é nada mais nada menos caracterizado
pelos sentimentos das pessoas que derivam dos seus próprios pensamentos negativos ou
positivos. Muitos acreditam que um mau estar emocional pode ser muito mais prejudicial do
que um mau estar físico, devido ao facto de impossibilitar as pessoas de trabalhar, estudar,
socializar, dedicar-se aos seus objetivos de vida pessoais, entre outros. Por exemplo, um
indivíduo poderá sentir mal-estar físico, mas um bem-estar emocional e, consequentemente,
viver a sua vida feliz somente com algumas limitações. No entanto, se possuir um bom estar-
físico, mas um mal-estar emocional não será capaz de viver a sua vida normalmente e feliz
consigo próprio. Assim, depois de algum tempo, as diversas situações, que o podem
perturbar, acumulam-se e podendo tomar proporções complicadas de controlar e,
consequentemente, tratar. Deste modo, perante estas situações, na avaliação da qualidade de
vida, o bem-estar emocional possui uma maior importância do que o bem-estar físico
(Campoy, 2022).
Por conseguinte, o bem-estar social remete para uma sociedade onde as
necessidades humanas básicas (água, alimento, abrigo e serviços de saúde) estão acessíveis
a todos os membros de uma certa sociedade, de forma que estes se encontrem bem com a
vida, tenham as mesmas oportunidades de trabalho e educação e que possam viver
pacificamente uns com os outros (Campoy, 2022).
Posto isto, a qualidade de vida é oficialmente avaliada pela OMS (Organização
Mundial de Saúde) que utiliza um questionário com várias perguntas sobre aspetos
essenciais à qualidade de vida, desde o físico aos aspetos religiosos, psicológicos, ao nível
de independência, às relações sociais e ao meio ambiente (Amaral, 2016).
Por outro lado, como referido anteriormente, existe inúmeros instrumentos para esta
mesma avaliação, estes podem ser genéricos ou específicos. Os genéricos consideram
aspetos da qualidade de vida e estado de saúde, comparando esta qualidade de portadores da
mesma doença, de doenças diferentes, ou da população em geral. Contudo, podem falhar na
sensibilidade para detetar aspetos particulares e específicos da qualidade de vida de
determinada doença. Os específicos podem detetar particularidades da qualidade de vida em
determinadas doenças e em relação a efeitos de tratamentos, podendo fornecer informações
de relevância para o manejo dos pacientes, mas podem apresentar dificuldade no processo
de validação psicométrica do instrumento pelo reduzido número de itens, além de falha na
habilidade para comparar qualidade de vida em diferentes condições clínicas (Kluthcovsky
& Kluthcovsky, 2010).
No entanto, tem sido desenvolvido um questionário específico para avaliar a
qualidade de vida dos pacientes submetidos a cardiomiopatia e transplante cardíaco. Ao
contrário dos outros questionários que baseados em questões fechadas, este aplicado no
INCOR (instituto do coração), a partir do livre relato dos pacientes com intervenções do
entrevistador, sendo o resultado realizado a partir de “palavras-chaves” que denotem certas
emoções (Nobre, 1995).
Concluindo, embora existam maneiras diferentes de tentar avaliar, não será
possível, pois depende da perspetiva do indivíduo perante a sua própria vida. Como por
exemplo, uma pessoa de uma classe alta, com grande poder económico pode considerar que
não possui uma qualidade de vida da mesma forma que um individuo com poucas condições
e menos oportunidades pode considerar-se bem e sem qualquer necessidade de mudanças.
vida, apresenta duas perspetivas possíveis para a relação entre saúde e qualidade de vida. A
autora refere-se a esta relação num dos seus pontos de vista, dizendo que, “efetivamente
pode dizer-se que quanto melhor for a saúde, melhor será a qualidade de vida, isto é, na
realidade, aquilo em que acreditei quando era adolescente”, porem numa outra perspetiva,
reflete e pergunta-se, “a saúde não é necessária para se estar feliz? Nada há de menos certo.
Todos nos conhecemos pessoas com doenças graves que estão felizes por viver e que têm
qualidade de vida.”, apresentando uma perspetiva mais popular desta relação, a qual é
usualmente uma visão que a maioria das pessoas subescreve (2007).
Por outro lado, Minayo et al. (2007), aborda o tema numa perspetiva mais detalhada
e fundamentada da relação entre saúde e qualidade de vida, sendo que refere que, “(…) o
valor atribuído à vida, ponderado pelas deteriorações funcionais; as perceções e condições
sociais que são induzidas pela doença, agravos, tratamentos; e a organização política e
econômica do sistema assistencial.”. Esta visão, apresenta alguns requisitos aos quais estes
dois pilares têm de trabalhar em harmonia e equilíbrio para ser possível atingir o bem-estar.
Assim sendo, apesar de todas as diferentes visões é percetível que a saúde e a
qualidade de vida sejam termos indissociáveis um do outro, é impossível referir-se a um
destes fundamentos basilares do nosso bem-estar, sem mencionar o outro. O equilíbrio entre
eles é essencial para um certo nível de conforto e satisfação, porem exige, a que muitos
fatores correspondam a um determinado nível e que ambos trabalhem em estabilidade
(Minayo, M. et al 2007).
Concluindo, a relação saúde e qualidade de vida, não é administrada apenas por estes
fatores, contempla também os profissionais de saúde, sejam; médicos, enfermeiros,
psicólogos até mesmo os “personal trainers” ou nutricionistas podem desempenhar um papel
fundamental a conjugar uma relação eficaz e equilibrada entre estes dois fundamentos,
acabando por ser uma construção social e pessoal e uma luta constante para manter o
equilíbrio entre a saúde e qualidade de vida (Couvreur,1999).
A qualidade de vida pode ser afetada por motivos individuais ou coletivos, ou seja,
um indivíduo pode apresentar sentir algo que lhe cause desconforto, mas se partilhar o que
está a sentir com outro indivíduo ou grupo de indivíduos, pode causar-lhes o mesmo e/ou
outro tipo de desconforto.
Ter qualidade de vida não é apenas ter saúde física, funcional, emocional e/ou
mental, mas também sentir-se bem consigo próprio e com quem e/ou o que o rodeia, ou seja,
não só ter um bem-estar físico e psicológico, mas também social e económico
(saudebemestar, 2023).
Deste modo, os principais fatores que afetam a qualidade de vida são a alimentação,
a atividade física, o stress, a saúde mental, nomeadamente se tem como sintomas a depressão
e/ou a ansiedade, o trabalho profissional e os fatores socioeconómicos. Por sua vez, estes
encontram-se relacionados uns aos outros (Mota & Novais, 2016).
Em vista disso, os fatores que afetam a qualidade de vida são os fatores físicos e
funcionais, mentais, emocionais e sociais e económicos (saudebemestar, 2023).
5.2. Mentais
Segundo o Serviço Nacional de Saúde (SNS) a saúde mental é a base do bem-estar
geral, sendo esta um nível de qualidade de vida cognitiva ou emocional ou a ausência de
uma doença mental (2023).
Deste modo, a saúde mental está relacionada com todos os tipos de saúde,
influenciando-os ou sendo influenciada positiva ou negativamente por estes. A negligência
desta, leva a desigualdades e a uma difícil adaptação de um indivíduo ou grupo de indivíduos
à sociedade (2023). Assim sendo, a saúde mental deve ser vista como um direito humano,
de modo a alcançar o desenvolvimento sustentável e inclusivo. Esta atitude permitiu, em
Portugal, reverter o internamento perpétuo de indivíduos com esta doença, apelando à
sociedade a sua autonomia e conhecimento face a esta (SNS, 2023).
No ano 2019, quase um bilhão de pessoas viviam com um transtorno mental, sendo
14% destas, jovens de todo o mundo. Esta é a principal causa de incapacidade, sendo que
estes transtornos podem levar ou levam ao suicídio (OPAS, 2022).
Por conseguinte, foi criado o Plano de Ação Integral de Saúde Mental, 2013-2030,
no qual estão as metas globais para a transformação da saúde mental, sendo este assinado
pelos 194 Estados Membros da OMS. A mudança tem sido feita, mas mais lentamente do
que o esperado. Deste modo, a necessidade de ação perante esta situação é real, visto que a
área da saúde mental tem sido uma das mais negligenciadas a nível da saúde pública (OPAS,
2022).
5.3. Emocionais
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o stress pode ser definido como
um estado de preocupação ou tensão mental causada por uma situação difícil para um dado
indivíduo. É uma resposta natural que nos desafia a nós e às nossas vidas (OMS, 2023).
Consequentemente, os sintomas podem ser físicos ou psicológicos e têm tendência
a agravar-se ao longo do tempo, podendo afetar drasticamente a qualidade de vida. São
exemplos destes a diarreia, dor no peito, queda de cabelo, manchas na pele, dor de barriga,
dor nas costas, tonturas, entre outros. Este processo ocorre sem intervenção da própria pessoa
e pode ser um ato inconsciente. Por sua vez, os sintomas dependem, também, da forma como
cada indivíduo interpreta o mundo à sua volta, do seu estilo de vida, da sua experiência em
relação ao stress, da sua inteligência emocional, da sua saúde mental, se o stress é agudo ou
crónico, entre outros (saudebemestar, 2023).
Nos dias de hoje, o stress é um dos maiores causadores de ansiedade e depressão,
mas também pode ser causado por fatores internos, como o comportamento, preocupação
constante, perfecionismo, entre outros, ou por fatores externos, como o stress profissional,
ou seja, o stress causado pelo trabalho, “bornout”, ou a falta deste, a problemas financeiros,
familiares, entre outros. Os problemas desenvolvidos a partir do stress e os sintomas
dependem de indivíduo para indivíduo e das causas que o originam, sendo que a maneira
como reagimos é que faz a diferença no nosso bem-estar (saudebemestar, 2023).
indivíduo e consequentemente a sua qualidade de vida. Além disso, uma alimentação boa e
equilibrada, juntamente com a atividade física ajuda a prevenir muitas doenças, tanto físicas
como psicológicas (saudebemestar, 2023).
Com isto, é objetivo a adoção de leis para promover a transformação de serviços,
substituindo as instituições pediátricas por sistemas de apoio comunitário inclusivos e
serviços convencionais, para que haja uma transformação política e prática nesta área (SNS,
2023).
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Maria Cecília de Souza Minayo, Zulmira Maria de Araújo Hartz e Paulo Marchiori
Buss (Quality of life and health: a necessary debate, 2007), retirado de:
https://www.scielo.br/j/csc/a/MGNbP3WcnM3p8KKmLSZVddn/?format=pdf&lang=pt
European Lung Foundation. Qualidade de vida relacionada com a Saúde, retirado
de: https://europeanlung.org/pt-pt/information-hub/living-with-a-lung-
condition/qualidade-de-vida-relacionada-com-a-saude/
Auquier et al. (1997), citada por citada por Minayo M. C S., Hartz Z. M. A. e Buss
P. M. (2007) (Quality of life and health: a necessary debate, 2007)
Bowling A. (1991) citada por Minayo M. C S., Hartz Z. M. A. e Buss P. M. (2007)
(Quality of life and health: a necessary debate, 2007)
Estar, S. e bem. (2023). Qualidade de vida. https://www.saudebemestar.pt/pt/blog-
saude/qualidade-de-vida/
Fernandes, P. M. I. (2012). Qualidade de vida relacionada com a saúde: a perspectiva dos
utentes que frequentam os Centros de Saúde do ACES Trás-os-Montes I Nordeste.
Apnor, 1–170. https://bibliotecadigital.ipb.pt/bitstream/10198/3612/1/tese final
Fevereiro.pdf
Pereira, É. F., Teixeira, C. S., & Santos, A. dos. (2012). Qualidade de vida: abordagens,
conceitos e avaliação. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, 26(2), 241–
250. https://doi.org/10.1590/s1807-55092012000200007
DGS. (2023). Alimentação e Saúde. Obtido em outubro de 2023, de
https://alimentacaosaudavel.dgs.pt/alimentacao-e-saude/
OPAS. (2022). OMS destaca necessidade urgente de transformar saúde mental e atenção.
Obtido em outubro de 2023, de https://www.paho.org/pt/noticias/17-6-2022-oms-
destaca-necessidade-urgente-transformar-saude-mental-e-atencao
https://d1wqtxts1xzle7.cloudfront.net/31059631/64040002-
libre.pdf?1392306902=&response-content-
disposition=inline%3B+filename%3DQualidade_de_vida.pdf&Expires=1695756866&Sig
nature=IIr3l~Zb4ZN8~rISpAktVN6N8nluqQd9G36Xg9vozvKO6pZ9QtKxOEAT4UCAA
5pJ3I8ZUMT57g~VHsrfKSqemz-
WiUw4JiU46GQoadA93dhoAtwkWHckzEUs6eL2RtJ~bXak3JiqPgA-
deFLnzIzT6UsavIaYm2tGLAkLKnF-r3QuxbNm9kRNhmI-
FrAUdeENIkb8ZBH~0~wieFMYBvBQGYIfuZwiDD6H4qju~qSL1c5851msh7qqVmBQ0
Escola Superior de Enfermagem de S. José de Cluny
20
Qualidade de vida na saúde | 2023
KxtyUscO~NTjrAB0HAGlUsvA71Yf6Iwi5v7aM9FzQSEo7L6dDa0ahwu~0iyXxl2-
mbXHjYA6eq2rsqzqXPX647T506IA__&Key-Pair-Id=APKAJLOHF5GGSLRBV4ZA
Samulski, D. M., & Noce, F. (2002). Atividade física, saúde e qualidade de
vida. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, 8(1), 52–61.
https://rbafs.org.br/RBAFS/article/view/871
Couvreur, C. (1999). Qualidade de vida Arte para viver no século XXI . Editions
Racine