O documento apresenta um resumo sobre vitimologia em 3 partes. Primeiro, define vitimologia como o estudo das vítimas e traça sua consolidação após a 2a Guerra Mundial. Segundo, descreve a evolução do papel da vítima ao longo da história e tipologias de vítimas proposta por Mendelsohn e Hentig. Terceiro, apresenta outros expoentes e marcos da vitimologia, como declaração da ONU de 1985 sobre direitos das vítimas.
O documento apresenta um resumo sobre vitimologia em 3 partes. Primeiro, define vitimologia como o estudo das vítimas e traça sua consolidação após a 2a Guerra Mundial. Segundo, descreve a evolução do papel da vítima ao longo da história e tipologias de vítimas proposta por Mendelsohn e Hentig. Terceiro, apresenta outros expoentes e marcos da vitimologia, como declaração da ONU de 1985 sobre direitos das vítimas.
O documento apresenta um resumo sobre vitimologia em 3 partes. Primeiro, define vitimologia como o estudo das vítimas e traça sua consolidação após a 2a Guerra Mundial. Segundo, descreve a evolução do papel da vítima ao longo da história e tipologias de vítimas proposta por Mendelsohn e Hentig. Terceiro, apresenta outros expoentes e marcos da vitimologia, como declaração da ONU de 1985 sobre direitos das vítimas.
O documento apresenta um resumo sobre vitimologia em 3 partes. Primeiro, define vitimologia como o estudo das vítimas e traça sua consolidação após a 2a Guerra Mundial. Segundo, descreve a evolução do papel da vítima ao longo da história e tipologias de vítimas proposta por Mendelsohn e Hentig. Terceiro, apresenta outros expoentes e marcos da vitimologia, como declaração da ONU de 1985 sobre direitos das vítimas.
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Vitimologia – Parte 1
Mariana Barreiras Vitimologia – Parte 1 @profmaribarreiras Vitimologia É o estudo das vítimas
Consolidação: pós 2ª Guerra Mundial
O termo Vitimologia foi cunhado em 1947 por Benjamim Mendelsohn,
advogado romeno-israelita
Para alguns é uma ciência; para outros, um ramo da Criminologia
Vítima • Idade de ouro da vítima: primórdios da civilização até o fim da Alta Idade Média. Possibilidade de autotutela. A vítima tinha muitos poderes. • Neutralização do poder da vítima: tem início com a adoção do processo penal inquisitivo, no século XII. O processo inquisitivo concentra as funções de acusar e julgar nas mãos do juiz. A vítima não podia mais se vingar. • Revalorização do poder da vítima: tem início no século XVIII e perdura até os dias atuais. Percebe-se que a vítima havia sido esquecida pelo processo criminal e que é necessário recuperar certa parcela de seu protagonismo. O discurso se verifica de maneira pronunciada com Benjamim Mendelsohn, advogado romeno- israelita que utiliza o termo Vitimologia, no contexto pós 2ª Guerra Mundial. Vitimologia • Objetivos: • Analisar a personalidade da vítima • Identificar os indivíduos com maior tendência a se tornarem vítimas (periculosidade vitimal) • Descobrir os elementos psíquicos do complexo criminógeno existente na dupla penal, isto é, o potencial de receptividade vitimal • Retirar a vítima do papel marginal que ocupa no processo penal • Conceder mais protagonismo à vítima e não um papel meramente testemunhal • Reaproximar os protagonistas do drama criminal Principais expoentes e marcos • Hans Gross – jurista austríaco – em 1901 publicou “Raritätenbetrug”, em que analisou a ingenuidade das vítimas de fraudes raras. • Benjamin Mendelsohn – em 1947, proferiu a palestra “Um horizonte novo na ciência biopsicossocial”, em que apresentou sua tipologia de vítimas, desenvolvida com base na correlação de culpabilidade entre a vítima e o vitimador (delinquente): quanto maior a culpabilidade de um, menor a culpabilidade do outro. • Hans von Hentig – psicólogo criminal alemão radicado nos Estados Unidos – em 1948, lançou o livro “O criminoso e sua vítima” – defendia, numa visão de corresponsabilização da vítima, que em muitos casos a vítima ativamente leva o agressor à tentação. Principais expoentes e marcos • Israel Drapkin – médico argentino-chileno – em 1973, presidiu o 1º Simpósio Internacional de Vitimologia, em Jerusalém, Israel. • ONU, 1985 – adotou a Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder – Conceito amplo de vítima: • São vítimas as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido um prejuízo, atentado à sua integridade física ou mental, sofrimento de ordem moral, perda material, grave atentado aos seus direitos fundamentais, como consequência de atos ou de omissões violadores das leis penais em vigor num Estado membro, incluindo as que proíbem o abuso de poder. • São vítimas, ainda, a família próxima ou as pessoas a cargo da vítima direta e as pessoas que tenham sofrido um prejuízo ao intervirem para prestar assistência às vítimas em situação de carência ou para impedir a vitimização. Tipologia de vítimas de Mendelsohn • Vítima totalmente inocente (ou ideal): não concorre de forma alguma para o evento. Ex: infanticídio.
• Vítima menos culpada que o delinquente (ou por ignorância): é imprudente.
Ex: andar com a bolsa aberta um lugar perigoso.
• Vítima tão culpada quanto o delinquente (ou voluntária): dá causa ao
resultado. Ex: rixa.
• Vítima mais culpada que o delinquente (ou por provocação): provoca o
delinquente. Ex: homicídio privilegiado praticado após injusta provocação.
imaginária ou pseudovítima): Ex: suicida; agressor vítima de legítima defesa. Tipologia de vítimas de Mendelsohn A VÍTIMA É CULPADA NOME NÃO Ideal - Ignorância = Voluntária + Provocadora EXCLUSIVAMENTE Pseudo
Id, Ig, Vo, Provo, Pseudelsohn
Outras classificações das vítimas Outras classificações das vítimas Vítima imune aquela que, por ser famosa ou por ocupar algum posto, cargo ou função de prestígio, os delinquentes evitam vitimar, diante da repercussão que o caso pode ganhar. É o caso de padres, jornalistas, personalidades, políticos etc. Vítima atuante aquela que busca determinadamente a punição dos autores e a indenização dos danos ou inconformada sofridos, exercendo plenamente a cidadania e comunicando diligentemente o fato criminoso às autoridades competentes. Vítima omissa ou aquela que se afasta das relações sociais e, por não participar da sociedade e viver ilhada isoladamente, deixa de relatar às autoridades competentes seus direitos violados. Vítima potencial aquela que apresenta comportamento, temperamento ou estilo de vida que atrai o ou latente delinquente. É portadora de um impulso irresistível para ser vítima dos mesmos delitos, repetidas vezes. É o caso de prostitutas e usuários de drogas. Vítima nata aquela que apresenta, desde o nascimento, predisposição para ser vítima e que acaba tomando atitudes, conscientes ou não, para figurar nesse papel. Tipos psicológicos de vítimas para Hentig • O tipo depressivo: é dominado por um desejo subconsciente de ser aniquilado e possui um instinto de autopreservação débil. • O tipo ganancioso: é dominado por sua expectativa de obter dinheiro de maneira fácil, o que faz com que suspeitas e inibições sejam suprimidas. Ex do Hentig: meninas vítimas do tráfico de pessoas, que não são transportadas drogadas, inconscientes: elas são persuadidas por imagens de luxo, prazer, riqueza, aplausos e felicidade. São, portanto, vítimas da própria vaidade. • O tipo lascivo: está relacionado, sobretudo, com o homicídio de mulheres jovens e de meia idade, cuja sensualidade é uma fraqueza facilmente explorável. Para Hentig, muitas mulheres são cúmplices ou mesmo provocadoras de crimes sexuais. Tipos psicológicos de vítimas para Hentig • O tipo solitário ou de coração partido: o desejo por companhia é natural e urgente no ser humano. Para quem está solitário, qualquer coisa é melhor do que ficar sozinho. É fácil se tornar presa nessa situação. É o caso de idosos, viúvas, crianças abandonadas ou que fugiram de seus lares, prostitutas sem rede familiar e em ostracismo social. • O tipo tormentoso: são pessoas tiranas, que passam de algozes de um relacionamento abusivo a vítimas de assassinato, praticado pelo oprimido, num momento de rebelião e explosão. Trata-se, por exemplo, de um pai alcóolatra ou psicótico que tortura esposa e filhos. O filho cresce e mata o pai. Tipos psicológicos de vítimas para Hentig • O tipo bloqueado, isento ou lutador: trata-se de uma categoria ampla, que pode ser dividida nos seguintes subtipos: • O tipo bloqueado: é o indivíduo que se encontra em situação tão perdida que movimentos defensivos parecem impossíveis ou mais danosos que a lesão provocada pelo criminoso. É o caso do banqueiro inadimplente que, ao tentar salvar seu negócio, acaba entrando em negócios escusos, é enganado e tem as finanças ainda mais prejudicadas. Profissionais de prestígio, como advogados, banqueiros, médicos, empresários, padres, quando enganados, preferem muitas vezes engolir o orgulho a prestar uma queixa e assumir suas fraquezas. É também o caso do criminoso extorquido pela polícia; ou de uma pessoa que é vítima de crime quando está tendo um momento de intimidade proibida, como no motel com a amante; ou do preso que, estando em posse ilegal de dinheiro, é furtado dentro da prisão. • O tipo isento: é o indivíduo que poderia, a priori, ser vítima, mas que, por suas características e atitudes, é desqualificado, descartado. Ex: o ladrão católico normalmente não vai roubar um padre. • O tipo lutador: é o indivíduo que resiste, revida à violência. Raramente o criminoso insiste em uma vítima agressiva e inteligente. Pode-se, portanto, ter como resultado um crime apenas tentado. E a vítima, nesses casos, tem a tendência de não reportar o delito. Mas há muitos casos em que a resistência da vítima pode agravar a situação. Em crimes sexuais, aliás, a resistência aciona o impulso mórbido do agressor, acrescentando um estímulo novo, poderoso e perigoso. Tipologia alternativa de vítimas de Hentig • Indivíduo sucessivamente criminoso-vítima-criminoso (criminoso vítima da hostilidade carcerária que se torna reincidente)
• Indivíduos que se transformam, imprevisivelmente, em criminosos e vítimas por decorrência
de causas ocasionais (linchamentos, saques), de atos reflexos ou redirecionados (o empregado que, injuriado pelo patrão, ao chegar em casa desabafa espancando a esposa) ou por atas crepusculares ou praticamente inconscientes, como a epilepsia ou a embriaguez patológica (o indivíduo afetado pode cometer delitos inteiramente descabidos, deles não mais recordando ao tornar ao estado normal). Fonte: FERNANDES, Newton; FERNANDES, Valter. Criminologia Integrada. 3 ed. São Paulo: RT, 2010, p. 489. @profmaribarreiras