Coleta Insetos Apost
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Campus de Botucatu
Botucatu - SP
1994
FCA / UNESP - "Campus" de Botucatu
Depto. de Produção Vegetal
1. INTRODUÇÃO:
Uma das principais dificuldades do profissional da área agronômica ou florestal que atua com
fitossanidade é a identificação de insetos de importância (daninha ou benéfica) aos
agroecossistemas. O procedimento imediato é a coleta e envio destes insetos a um especialista e
nesta fase ele se depara com outra dificuldade, que é a falta de conhecimento de como realizar esta
tarefa (coleta, preparo do material e envio) de modo que estes insetos, uma vez nas mãos do
especialista, possam ser adequadamente trabalhados
A presente apostila, elaborada dentro do Programa Cooperativo de Manejo Integrado de
Pragas Florestais - PCMIP - IPEF, não de trata de uma obra completa sobre o assunto, mas de
pequeno manual tem como objetivo suprir a necessidade de informações básicas sobre coleta,
montagem, etiquetagem, envio e conservação de insetos aos agrônomos e engenheiros florestais,
que estão diretamente envolvidos com a área de entomologia aplicada.
2. COLETA DE INSETOS:
Os insetos podem ser coletados de inúmeras formas, utilizando-se desde uma simples coleta
com as próprias mãos até equipamentos auto-controlados (p.e. armadilhas luminosas associadas a
células foto-elétricas e painéis solares).
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fundo com algodão e coloca-se um pedaço de cartolina para evitar que os insetos fiquem
emaranhados no algodão. toda vez que se utilizar o frasco coloca-se uma nova dose da substância
mortífera (BORROR & DeLONG, 1988).
2.1.2.Rede de varredura
Fig. 1. Rede entomológica. A) Sulcos e orifícios feitos na extermidade do cabo; B) Armação de ferro;
C) Amarração da armação com arame; D) Rede montada; E) Corte do saco coletor.(BORROR &
DeLONG, 1988)
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2.1.3.Aspirador bucal
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2.1.4.Guarda-chuva entomológico:
2.1.5.Coleta no pano
2.2.1.Armadilhas atrativas:
2.2.1.1.Armadilha luminosa
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atraídos pela luz, batem nas aletas e caem por um funil até o recipiente coletor (SILVEIRA NETO et
al.,1976). Como a coleta no pano, a armadilha luminosa coleta insetos fototrópicos positivos, porém
a eficiência de coleta é muito maior. Existem vários tipos de armadilhas luminosas (modelos
Rothamsted, Pennsylvania, AL ESALQ, etc.). O modelo mais utilizado pelas empresas
reflorestadoras é o AL intral com lâmpada fluorescente F15T12 BL (ultravioleta). As lâmpadas que
emitem comprimentos de onda na faixa do ultravioleta são as mais indicadas para se coletar insetos.
Outra variação que existe em armadilhas luminosas é quanto ao tipo de recipiente coletor. Existem 3
tipos de recipientes mais comuns que são utilizados na prática: 1) recipiente de tela de arame, no
qual os insetos capturados são mantidos vivos até o momento de se retirar o recipiente. A principal
desvantagem deste recipiente é que os insetos se debatem e muitos ficam danificados, dificultando
a sua identificação; 2) Saco plástico, onde são colocadas tiras de papel jornal e um algodão
embebido com acetato de etila. O acetado de etila tem por função imobilizar os insetos. Neste tipo
de recipiente o espécime coletado tem seus caracteres preservados, mas tem como desvantagem a
necessidade de se montar os insetos rapidamente, pois os insetos mortos endurecem em poucas
horas; 3) recipiente de vidro com álcool 70 %. Os insetos capturados caem no álcool 70% e são
mortos rapidamente. Este método tem como vantagens a preservação dos caracteres dos insetos e
a maior disponibilidade de tempo para montagem dos mesmos (até um mês). A principal
desvantagem deste tipo de recipiente é ter que se deixar secar os insetos por meia hora antes de se
trabalhar com o material.
Além de ser utilizada para coleta de insetos, a armadilha luminosa é uma importante
ferramenta para levantamentos extensivos e estudos de dinâmica populacional de espécies-praga.
Pode ser utilizada também como método de amostragem e até como método de controle de focos
iniciais.
2.2.1.2.Armadilha a álcool
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2.2.2.Armadilhas de interceptação
2.2.2.1.Armadilha de Malaise
2.2.2.3.Armadilha de solo
A armadilha de solo é formada por um único recipiente (um copo plástico de parede
lisa), que é enterrado até a boca ficar ao nível do solo. Utiliza-se a armadilha de solo para se coletar
insetos de hábito rasteiro (formigas e algumas espécies de besouros). Os insetos, ao caminharem,
caem no copo e não conseguem sair. Geralmente coloca-se água mais detergente no fundo do copo
para que os insetos morram afogados.
3. MONTAGEM:
Após a coleta, os insetos precisam ser preparados, para serem guardados em uma coleção
ou enviados para identificação. Portanto, os insetos devem ser montados e existe uma série de
recomendações para a realização desta montagem.
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3.1.Via seca:
A maioria dos insetos são montados com um alfinete e, após estarem secos, podem
durar indefinidamente, quando bem conservados. Apenas os insetos na fase adulta e de tegumento
rígido é que são montados desta forma. Existem dois tipos de montagem a seco:
3.1.1.Montagem simples
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Para insetos pequenos (menores que 0,5 cm) utiliza-se o recurso da dupla
montagem, onde se fixa o inseto na extremidade de um triângulo de papel, no qual é colocado o
alfinete (fig.6a). É recomendado dobrar-se a ponta do triângulo e utilizar esmalte de unhas incolor
para fixar os insetos. O tamanho do triângulo deve ser de, aproximadamente, 0,5 cm de base por 1
cm de comprimento. Outra técnica, mais sofisticada , é a montagem com micro-alfinete. É uma
técnica utilizada apenas por taxonomistas e consiste de se utilizar um pequeno alfinete com duas
pontas (sem cabeça), sendo que em uma ponta se fixa o inseto e na outra um suporte de isopor
rígido ou de miolo de sabugueiro. Um alfinete comum é colocado no suporte, onde tambem vão as
etiquetas (fig. 6b).
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Fig.4. Locais corretos para a alfinetagem em vários insetos (HIGLEY et. al., 1989)
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Fig.5. Posicionamento do alfinete no inseto. A) montagem correta; B) Altura incorreta (muito baixa);
C) Orientação incorreta (HIGLEY et. al., 1989)
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Todos os insetos que estão nas fases imaturas (ovos, larvas, pupas ou ninfas) e
aqueles de tegumento mole (cupins) devem ser obrigatoriamente fixados em álcool 70 %, pois, se
fixados com alfinete, ressecam e torna-se impossível a sua identificação. As lagartas de Lepidoptera,
antes de serem fixadas em álcool 70 %, devem ser mortas em água fervente, pois a água quente faz
com que seus corpos fiquem esticados, facilitando a identificação.
4. ETIQUETAGEM:
Após a montagem, o material deve ser devidamente etiquetado, para que tenha valor
científico. Normalmente se utilizam duas etiquetas por espécime: na primeira coloca-se os dados de
coleta e na segunda a identificação (fig. 7)
As etiquetas são pequenas, medindo de 1,5 a 2,0 cm de comprimento por 0,8 a 1,0 cm de
altura. As etiquetas devem ser escritas com tinta nanquim ou com grafite e jamais com caneta
esferográfica, porque as duas primeiras são eternamente duráveis e a terceira se apaga com o
tempo, além do que, se entrar em contato com álcool, ela se dissolve e perde-se as informações.
5. ENVIO DE MATERIAL
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fundo e na tampa, e devidamente presa com fita adesiva. Recomenda-se a colocação de naftalina
em pó no fundo da caixa como preservativo. Esta caixa deve, então, ser colocada dentro de outra
caixa maior, sendo que nesta segunda caixa coloca-se jornal amassado ou em tiras. Isto tem por
função amortecer a caixa que contém os insetos de choques que possam ocorrer durante o
transporte. Para insetos fixados em álcool deve-se ter o cuidado de completar totalmente o frasco
com o líquido, para evitar que os insetos fiquem chacoalhando. O ideal é se colocar uma tira fina de
papel em forma de sanfona dentro do frasco de vidro, que também tem como função evitar que o
inseto seja agitado. A embalagem segue as recomendações acima descritas.
6. CONSERVAÇÃO:
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
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BORROR, D.J. & DeLONG, D.M. Introdução ao estudo dos insetos. 1a. reimpressão, S. Paulo,
Ed. Edgard-Blücher. 1988. 653 p.
GALLO, D.; NAKANO, O.; SILVEIRA NETO, S.; CARVALHO, R.P.L.; BATISTA, G.C.; BERTI
FILHO, E.; PARRA, J.R.P.; ZUCCHI, R.A.; ALVES, S.B. Manual de Entomologia Agrícola, S.
Paulo, Ed. Agron. Ceres. 1978. 531 p.
HIGLEY, L.G.; KARR, L.L.; PEDIGO, L.P. Manual of Entomology and Pest Management, N. York,
MacMillan Publishing Co., 1989. 282 p.
SILVEIRA NETO, S.; NAKANO, O.; BARBIN, D.; VILLANOVA, N.A. Manual de Ecologia dos
Insetos, S. Paulo, Ed. Agron. Ceres. 1976, 419 p.
Carlos F. Wilcken
Depto. Defesa Fitossanitária
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