Esquecimento Motivado

Esquecimento a incapacidade de recordar, recuperar dados, informaes,
experincias que foram memorizadas. O esquecimento essencial, a prpria

condio da memria: porque esquecemos que continuamos a reter
informaes adquiridas e experincias vividas. Seria impossvel conservar
todos os materiais que armazenamos, tendo o esquecimento a funo de
selecionar para podermos adquirir novos contedos.
Dupla funo:
Seletiva: nem toda a informao guardada, a memria afasta a

informao que no til nem necessria.
Adaptativa: a informao transformada (a teoria das memrias

reconstrudas que observaram no vdeo de Scott Fraser- Por que razo
as testemunhas oculares erram? - Conversas TED, 2012) e por isso
que a memria no reproduz os dados tal como foram armazenados.
Esquecimento motivado
Como o prprio termo deixa transparecer, o esquecimento motivado significa
que esquecemos porque temos razes (estamos motivados) para esquecer,
habitualmente porque uma recordao desagradvel e perturbadora.
Neste sentido, Freud apresentou uma concepo de esquecimento que decorre
da sua teoria sobre o psiquismo humano, segundo a qual ns esquecemos o
que, inconscientemente, nos convm esquecer. Este esquecimento resulta de
um recalcamento, ou seja, um modo inconsciente de as pessoas se
libertarem de recordaes perturbadoras. Atravs deste processo - o
recalcamento - , os contedos do inconsciente seriam impedidos de aceder
conscincia. Constitui um mecanismo de defesa atravs do qual pensamentos,
sentimentos e recordaes dolorosas so afastados da conscincia com o
objetivo de reduzir a tenso. o que acontece com o esquecimento de
situaes de medo, dor ou angstia vividas pelo indivduo. Os contedos
traumatizantes, penosos, as recordaes angustiantes so esquecidos para
evitar a angstia e a ansiedade, assegurando, assim, o equilbrio psicolgico.
O texto que se segue de Elizabeth Loftus, investigadora do Departamento de

Psicologia da Universidade de Washington. A sua rea de investigao a Memria,
sobretudo a construo de falsas memrias. Foi chamada

para argumentar no caso de Eileen, mas o ru foi acusado.
A represso um dos principais alicerces sobre o qual a
estrutura da psicanlise repousa. Algo chocante acontece, e a
mente empurra a experincia para algum canto inacessvel do
inconsciente. Mais tarde
esses contedos emergem
conscincia. Recentemente tem havido um aumento de um tipo
particular de memria reprimida: os relatos de abuso sexual na
infncia, cujas memrias foram supostamente reprimidas por
muitos anos. Com as recentes mudanas na legislao
(americana), as pessoas com memrias recm-descobertas esto
a processar os autores dos alegados abusos por eventos de h
20, 30, 40 ou mais anos. Jris e juzes agora esto a aprender
sobre a represso. Estes novos desenvolvimentos esto a dar
origem a perguntas : 1) Como que as memrias de abuso de
crianas foram reprimidas? 2) Quo autnticas so essas
memrias?
Em 1990, um caso histrico foi a julgamento em Redwood City,
Califrnia. O ru, George Franklin, 51 anos, foi julgado por um
assassinato que ocorreu 20 anos antes. A vtima, de oito anos de
idade, Susan Kay Nason, foi assassinada em 22 de setembro de 1969. A filha de Franklin,
Eileen, com apenas oito anos de idade no momento do assassinato, testemunhou o homicdio.
O que era invulgar sobre o caso que a memria de Eileen havia sido reprimida por mais de
20 anos e no regressou toda de uma vez. Ela alegou que o seu primeiro flashback aconteceu
numa tarde de janeiro de 1989, quando brincava com o seu filho de dois anos de idade, Aaron,
e a filha de cinco anos, Jessica. Num determinado momento, Jessica perguntou me: "No
verdade, mam?" A memria de Susan Nason de repente voltou. Eileen recordou o olhar de
Susie pouco antes do assassinato. Mais tarde, outros fragmentos foram recordados e Eileen
parecia ter uma memria rica e detalhada. Ela lembrou-se do seu pai ter abusado sexualmente
de Susie na parte de trs da Kombi. Lembrou-se que Susie lutava quando dizia: "No, no" e
"Stop". Ela lembrou-se do seu pai dizer "Agora Susie" e ainda imitou a sua entoao precisa.
Em seguida, a memria dela recordou os trs fora da Kombi, onde agora viu o pai com as
mos levantadas acima da cabea com uma pedra. Ela lembrou-se de gritar. Lembrou-se de
onde Susie estava deitada, coberta de sangue, o anel de prata no dedo esmagado. O relatrio
da memria de Eileen foi validado pelo seu terapeuta, por vrios membros da sua famlia, e
pelo escritrio do San Mateo County District Attorney que ela escolheu para processar o pai.
Tambm foi acreditado pelo jri, que condenou George Franklin. O jri iniciou as suas
deliberaes em 29 de novembro de 1990, e apresentou o veredito no dia seguinte.
Impressionado com a memria detalhada e confiante de Eileen, o pai foi considerado culpado
de assassinato em primeiro grau.
A memria detalhada e confiante de Eileen impressionou um grande nmero de pessoas. Mas
sua memria autntica? Ser que ela realmente testemunhou o assassinato da

sua melhor amiga h 20 anos?
Se verdade que algumas memrias reprimidas so falsas, igualmente

verdade que nem todas as memrias reprimidas so falsas. Qual ter sido o
caso de Eileen?

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experincias que foram memorizadas. O esquecimento essencial, a prpria

Seletiva: nem toda a informao guardada, a memria afasta a

Adaptativa: a informao transformada (a teoria das memrias

O texto que se segue de Elizabeth Loftus, investigadora do Departamento de

sobretudo a construo de falsas memrias. Foi chamada

sua memria autntica? Ser que ela realmente testemunhou o assassinato da

Se verdade que algumas memrias reprimidas so falsas, igualmente

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