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Research, Society and Development, v. 9, n.

7, e537974412, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4412
Fragoso LNM, Silva RM, Flores NC, Lucena ALM, Florentino VGB, Almeida Neto LF, Monteiro RVT, Freitas, GB, Araújo Filho, JCWP &
Rocha, JF. (2020). Use of mandibular tórus for partial reconstruction of mandibular trophic jaw – case report. Research, Society and
Development, 9(7): 1-17, e537974412.

Utilização de tórus mandibular para reconstrução parcial de rebordo atrófico em


mandíbula – relato de caso clínico
Use of mandibular tórus for partial reconstruction of mandibular trophic jaw – case
report
Uso del toro mandibular para la reconstrucción parcial de la frontera atófica em la
mandíbula – reporte de caso clínico

Recebido: 11/05/2020 | Revisado: 11/05/2020 | Aceito: 16/05/2020 | Publicado: 26/05/2020

Lukas Natã Mendes Fragoso


ORCID: https://orcid.org/0000-0001-7003-7173
Universidade Federal de Campina Grande, Brasil
E-mail: fragoso.luks@gmail.com
Regina Mendes da Silva
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-8032-3998
Universidade Federal de Campina Grande, Brasil
E-mail: reginamendes16@hotmail.com
Nathalia da Cruz Flores
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-2521-5879
Universidade Federal de Campina Grande, Brasil
E-mail: Nathalia.cruz.flores@hotmail.com
Abraão Lyncolly de Medeiros Lucena
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-6103-5413
Universidade Federal da Paraíba, Brasil
E-mail: abraao.odontologo@gmail.com
Vinicius Gabriel Barros Florentino
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-7930-6031
Universidade Estadual da Paraíba, Brasil
E-mail: viniciusgab@gmail.com

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Luis Ferreira de Almeida Neto
ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3141-1227
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
E-mail: luineto_w@hotmail.com
Rômulo Vinícius Trigueiro Monteiro
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4489-2464
Faculdades Integradas de Patos, Brasil
E-mail: drromulotrigueiro@gmail.com
George Borja de Freitas
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-5652-6154
Faculdades Integradas de Patos, Brasil
E-mail: george_borja@hotmail.com
José Cadmo Wanderley Peregrino de Araújo Filho
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0191-7289
Universidade Federal de Campina Grande, Brasil
E-mail: cadmoaraujo@hotmail.com
Julierme Ferreira Rocha
ORCID: https://orcid.org/0000-0001-9025-5661
Universidade Federal de Campina Grande, Brasil
E-mail: juliermerocha@hotmail.com

Resumo
Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de enxertia óssea autógena cujo leito
doador foi um tórus mandibular, para reconstrução de área atrófica em mandíbula, visando o
aumento da espessura óssea disponível para instalação de um implante dentário. Paciente do
sexo masculino, 50 anos de idade, normossistêmico, buscou atendimento queixando-se do seu
sorriso. Ao exame clínico, o paciente apresentava tórus mandibular bilateral e área atrófica na
região de pré-molares inferiores esquerdo. Foi realizado um procedimento de reconstrução
através de enxerto autógeno com área doadora de tórus mandibular do lado direito, instalação
de implante dentário e reabilitação protética implantossuportada. O tórus mandibular se
mostrou como uma alternativa segura e eficiente de enxerto ósseo autógeno, promovendo um
ganho de volume suficiente para a instalação do implante dentário. Já a técnica cirúrgica

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utilizada provou-se segura e eficaz, contudo, é importante que o profissional cirurgião-
dentista seja capacitado para executa-la.
Palavras-chave: Cirurgia bucal; Exostose; Transplante ósseo.

Abstract
This work aims to report a case of autogenous bone grafting whose donor bed was a
mandibular torus, for reconstruction of the atrophic area in the mandible, aiming at increasing
the bone thickness available for installing a dental implant. A normossystemic 50-year-old
male patient searched for dental services complaining about his smile. On the clinical
examination, the patient presented bilateral mandibular torus and atrophic area in the left
lower premolar region. A reconstruction procedure through the autogenous graft with right
mandibular torus donor area, dental implant installation and implant-supported prosthetic
rehabilitation were performed. It was proved that the mandibular torus is an efficient
alternative of autogenous bone graft, which provides a sufficient volume gain for the
implantation of the dental implant. The surgical technique used has proven to be safe and
effective, however, it is important that the professional dentist is trained to perform it.
Keywords: Exostoses; Bone transplantation; Dental implantation.

Resumen
Este trabajo tiene como objetivo informar un caso de injerto óseo autógeno cuyo lecho
donante era un toro mandibular, para la reconstrucción del área atrófica en la mandíbula, con
el objetivo de aumentar el grosor óseo disponible para instalar un implante dental. Paciente
masculino, 50 años, normosistémico, buscó atención quejándose de su sonrisa. En el examen
clínico, el paciente tenía un toro mandibular bilateral y un área atrófica en la región premolar
inferior izquierda. Se realizó un procedimiento de reconstrucción utilizando un injerto
autógeno con un área donante de toro mandibular en el lado derecho, instalación de un
implante dental y rehabilitación protésica con implante. El toro mandibular demostró ser una
alternativa segura y eficiente para el injerto óseo autógeno, promoviendo un aumento de
volumen suficiente para la instalación del implante dental. La técnica quirúrgica utilizada ha
demostrado ser segura y efectiva, sin embargo, es importante que el dentista profesional esté
capacitado para realizarla.
Palabras clave: Cirugía oral; Exostosis; Trasplante de hueso.

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1. Introdução

A manutenção dos elementos dentários na cavidade bucal é de suma importância para


que se mantenha a qualidade de vida dos indivíduos, uma vez que, a perda dentária resulta,
além de danos psicológicos, em mudanças significativas na dimensão e na qualidade do osso
alveolar residual, o que influencia diretamente em tratamentos reabilitadores futuros (Barone,
Ricci, Tonelli, Santini, & Covani, 2013).
Em casos de rebordos reabsorvidos que dificultam a instalação do implante dentário
em uma posição favorável do ponto de vista estético, funcional e biomecânico é necessária a
reconstrução do defeito ósseo através de enxerto ósseo.
Enxerto ósseo pode ser definido como material utilizado para eliminar deficiências
ósseas e podem ser classificados como autógenos, alógenos, xenógenos ou combinação desses
materiais (Karaca, Ozturk & Akinci, 2019). A escolha do enxerto ósseo depende de vários
fatores como viabilidade do tecido, local e tamanho do defeito, tamanho, forma e volume do
enxerto, características biomecânicas, custos, problemas éticos e características biológicas. O
osso autógeno é considerado “padrão-ouro” devido às suas propriedades osteoindutivas,
osteocondutoras e osteogenitoras (Anbu, Suresh, Gounder, & Kannan, 2019).
Os enxertos autógenos podem ser removidos de sítios extra e intraorais (Zizzari,
2016). Enxertos ósseos intraorais são considerados a melhor opção na reconstrução de
rebordos atróficos por proporcionarem um fácil acesso, melhor qualidade óssea e proximidade
do leito doador com a área receptora, além de proporcionar menor reabsorção e morbidade
pós-operatória quando comparados aos enxertos extraorais (Rocha et al., 2015).
As principais áreas intraorais para doação de osso são: ramo mandibular, sínfise e
tuber da maxila, porém, outras alternativas se fazem presentes, como pilar zigomático e tórus
mandibular e palatino, quando presentes (Alves et al., 2014).
O tórus mandibular é uma protuberância óssea densa, coberta por uma fina camada de
mucosa e, na maioria das vezes, assintomático. Se apresentam, em geral, bilateralmente e são
encontrados na região de palato duro e na superfície lingual da mandíbula (Mendes da Silva et
al., 2017) (Auškalnis et al., 2015). Embora não possua características patológicas, sua
remoção cirúrgica torna-se necessária por limitar o espaço da língua e dificultar na instalação
de próteses em pacientes edêntulos (Hassan, Al-Agal, Abdel-Hady, Swelam, & Elgazzar,
2015).

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Desta forma, o objetivo deste trabalho é relatar um caso de reconstrução parcial de
rebordo alveolar inferior atrófico utilizando enxerto autógeno em bloco de um tórus
mandibular, dando ênfase ao planejamento e execução da técnica utilizada.

2. Estudo do Caso

Paciente do sexo masculino, 50 anos de idade, normossistêmico, buscou atendimento


por queixa estética do seu sorriso. Após anamnese, foi realizado o exame clínico intra e
extraoral, onde foi identificado um quadro de exostose óssea (tórus mandibular) na face
lingual da região de caninos/pré-molares inferior do lado direito e edentulismo na região do
dente 35. Entretanto, o dente 35 estava presente só que havia migrado para posterior.
Ao analisar os exames imaginológicos, Radiografia Panorâmica (RP) (Figura 1) e
Tomografia Computadorizada de Feixe Cônico (TCFC) (Figura 2), observou-se que o
paciente necessitava da reconstrução óssea da região do dente 35, onde apresentava espessura
óssea insuficiente para receber a reabilitação com implante dentário.

Figura 1 – Radiografia panorâmica dos maxilares.

Fonte Elaboração própria.

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Figura 2 – Corte parassagital de região de parassínfise esquerda de mandíbula pré-enxerto.

Fonte Elaboração própria.

O procedimento indicado foi a reconstrução da região atrófica de mandíbula (região do


dente 35) com enxerto em bloco autógeno utilizando o tórus mandibular do lado contra-
lateral.
O paciente foi medicado com Amoxicilina 1g e Dexametasona 4mg (dose única) 1h
antes da cirurgia, como medicação pré-operatória. Após esse período, foi realizada anestesia
local do Nervo Alveolar Inferior (NAI) e Nervo Lingual (NL) do respectivo lado com solução
anestésica de Cloridrato de Articaína 4% + Epinefrina 1:100.000 (ARTICAINE® - DFL
Indústria e Comércio Ltda, Rio de Janeiro-RJ, Brasil).
O procedimento foi iniciado com a exposição da região alveolar atrófica para uma
avaliação clínica do defeito ósseo. Foi realizada uma incisão intrasulcular na face vestibular
com relaxante na mesial do dente 34 (incisão de Newmann) e descolamento mucoperiosteal.
Após exposição do defeito ósseo (Figura 3), foi observado que de acordo com o tamanho do
defeito o enxerto em bloco do tórus mandibular seria suficiente para o ganho de espessura
esperado. O leito receptor foi protegido com uma gaze (CREMER® - Produtos Têxteis e
Cirúrgicos, Blumenau - SC, Brasil) estéril embebida com solução fisiológica de Cloreto de
Sódio a 0,9% enquanto ocorria a remoção do enxerto no lado contra-lateral.

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Figura 3 – Exposição do defeito ósseo.

Fonte Elaboração própria.

O procedimento de obtenção do enxerto ósseo foi iniciado com a anestesia local do


NAI e NL do respectivo lado com solução anestésica de Cloridrato de Articaína 4% +
Epinefrina 1:100.000 (ARTICAINE® - DFL Indústria e Comércio Ltda, Rio de Janeiro-RJ,
Brasil). Foi realizada uma incisão intrasulcular na lingual do incisivo central inferior até o
primeiro molar do lado correspondente e descolamento total do retalho em envelope, expondo
todo o tórus mandibular (Figura 4). Na sequência, foi realizada osteotomia vertical com broca
cirúrgica número 701 até 3/4 da altura do tórus (Figura 5) e em seguida, com o auxílio da
alavanca Apexo número 303(GOLGRAN® - Indústria e Comércio de Instrumentos
Odontológicos Ltda., São Caetano do Sul-SP, Brasil) clivou-se o bloco ósseo que foi
armazenado em recipiente estéril. Em seguida, a loja cirúrgica foi regularizada com lima
óssea, irrigada com solução fisiológica de Cloreto de Sódio a 0,9% e inspecionada. Por fim,
reposicionamos o retalho com o fio de Nylon 3-0, fazendo ponto interrompido entre as
papilas.

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Figura 4 - Aspecto clínico do tórus mandibular após incisão e descolamento total.

Fonte Elaboração própria.

Figura 5 – Osteotomia vertical e remoção do enxerto ósseo.

Fonte Elaboração própria.

Após a remoção do enxerto ósseo, realizou-se o preparo do leito receptor através de


pequenos orifícios realizados com a broca esférica cirúrgica nº2 (Figura 6). Utilizando uma
pinça Arnold GOLGRAN® - Indústria e Comércio de Instrumentos Odontológicos Ltda., São
Caetano do Sul-SP, Brasil) foi realizada a fixação do bloco ósseo através de um parafuso
transfixante de estabilização de 1,6 x 10mm (Figura 7).

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Figura 6 – Descorticalização do leito receptor.

Fonte Elaboração própria.

Figura 7 – Bloco ósseo posicionado e fixado.

Fonte Elaboração própria.

Com o bloco já fixado, foi realizado o preenchimento dos espaços (GAPS) entre o
bloco e o leito receptor com osso particulado xenógeno bovino (CRITÉRIA® - indústria e
comércio de produtos medicinais e odontológicos, São Paulo-SP, Brasil). A seguir, uma
membrana de colágeno (GEISTLICH® - Pharma do Brasil, São Paulo-SP, Brasil) foi utilizada
como o intuito de selar a área enxertada (Figura 8), e o retalho foi posicionado e suturado com
Vicryl 5-0 (ETHICON® - Surgical Instruments, United States).

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Figura 8 – Selamento com membrana de colágeno.

Fonte Elaboração própria.

Após seis meses, uma nova TCFC foi realizada, onde pode-se notar a incorporação do
enxerto e um ganho em espessura da região, o que possibilitou a instalação de um implante de
3,75mm x 10mm de altura (Figura 9). Decorridos quatro meses de cicatrização, foi realizada
uma Radiografia Periapical da região do implante para observação da osteointegração do
implante (Figura 10) e o paciente foi reabilitado com uma coroa fixa unitária.

Figura 9 - Corte parassagital da região de parassínifese esquerda de mandíbula pós-enxerto.

Fonte Elaboração própria.

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Figura 10 - Radiografia periapical evidenciando o posicionamento do implante dentário.

Fonte Elaboração própria.

3. Discussão

A utilização de implantes dentários vem se tornando a abordagem padrão para casos


de pacientes parcial ou totalmente desdentados. Atualmente, com o impulso dos biomateriais
na substituição do tecido ósseo e com o desenvolvimento das várias técnicas de enxerto, a
cirurgia de implante é aplicável à maioria dos pacientes (Karaca et al., 2019).
O enxerto ósseo autógeno é o material padrão ouro quando a finalidade é a
reconstrução de rebordos alveolares atróficos. Se comparado aos enxertos ósseos xenógenos e
alógenos, possui vantagens como a ausência de reação de corpo estranho, melhor
incorporação pelo hospedeiro e mantém a capacidade osteoindutiva e osteogênica, já que é
composto de substância trabecular com medula óssea viável, característica a qual promove
uma maior rapidez da revascularização e integração do enxerto ao sítio ósseo receptor
(Fardim et al., 2010).
Os enxertos oriundos de sítios intrabucais são uma excelente alternativa, sobretudo,
nas reconstruções de pequenos defeitos, uma vez que estes apresentam boa incorporação e
pouca reabsorção, mantendo assim o volume ósseo enxertado (Boronat, Carrillo, &
Peñarrocha, 2010) (Misch, 1997). Contudo, Integrados (2006) e Pinto et al., (2007) relatam
que a maior desvantagem da utilização de áreas doadoras intrabucais é a quantidade reduzida
de tecido ósseo disponível, onde em algumas situações se faz necessário a abordagem de mais
de uma área doadora no mesmo paciente.

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Apesar da morbidade operatória ser inferior nos enxertos de áreas doadoras
intrabucais, complicações têm sido descritas na literatura. A presença de infecção, parestesia,
deiscência e a exposição da cabeça do parafuso de fixação são as principais complicações
observadas (Fardim et al., 2010). No estudo de Alves et al., (2014), observou-se que dos 48
enxertos, 22,91% apresentaram complicações pós-operatórias, dentre estas, 72,72%
relacionados com parestesia, 9,09% perda do enxerto, 9,09% reconstruções insuficientes e
9,09% deiscência. É notório que a parestesia é a principal complicação pós-operatória de
cirurgia de enxerto oriundo de sítios intrabucais, principalmente quando o enxerto é retirado
do mento (Hassan et al., 2015) (Misch, 1997).
Piccinelli, Zardo, Gonçalves, & Takahashi, (2009) estudando de forma retrospectiva
59 pacientes que passaram pelo procedimento com enxertos ósseos autógenos intrabucais e
implantes dentários, evidenciaram que o principal sítio de eleição para retirada de enxertos
intraorais é a mandibula devido sua capacidade de prover blocos ósseos predominantemente
corticais, desenvolvendo baixa morbidade e baixos custos, o que torna viável a instalação de
implantes de maiores dimensões e boa estabilidade primária, melhorando assim a reabilitação
funcional e estética do paciente.
No caso reportado foi utilizado tórus mandibular como alternativa para enxertia
óssea. A ressecção de tórus também apresenta menor morbidade quando comparada ao
mesmo procedimento cirúrgico em região de ramo ou sínfise (Wang, Huang, Grossman, &
Pourati, 2016).
As complicações mais observadas quando da remoção de tórus mandibular são:
hemorragia e dilaceração da mucosa, má adaptação do retalho, edema, hematoma, infecção do
assoalho bucal, lesão do nervo lingual e comprometimento dos ductos salivares
(Albuquerque, Guimarães, Sampaio, Horta, & Pestana, 2007).
Neiva, Neiva & Wang (2016) utilizaram tórus mandibular como material de enxerto
autógeno para o procedimento de aumento ósseo horizontal e vertical e alcançou altura e
largura óssea adequada para a inserção do implante. No presente caso, o paciente apresentava
altura óssea suficiente, portanto, nenhum aumento vertical foi necessário. Também utilizando
enxertos de tórus para reconstrução de defeitos alveolares, Santhanakrishnan & Rangarao
(2014) constataram após um ano de acompanhamento um bom preenchimento ósseo dos
defeitos.
Rastogi, Verma & Bhushan (2013) em relato de caso afirmaram que comumente o
tórus é removido devido a razões protéticas, porém, este também pode ser utilizado como
biomaterial na implantodontia. Santhanakrishnan & Rangarao (2014), afirmam que a

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recuperação do suporte ósseo alveolar perdido ainda é um dos principais objetivos da cirurgia
periodontal, sendo o tórus mandibular uma alternativa de região doadora uma vez que não se
faz necessário um local cirúrgico extra e deve ser considerado como fonte de enxerto ósseo
autógeno sempre que um paciente portador desta exostose necessitar de procedimento de
enxertia óssea.
No que se refere à área receptora, as incisões para exposição do local desejado
comumente são realizadas fora da área do defeito ósseo, seguindo os princípios de incisão,
promovendo a vascularização do retalho. Além disso, a área do enxerto deve estar totalmente
coberta pelo retalho para que ocorra uma correta incorporação do mesmo (Esposito et al.,
2009).
Para que toda a área de ganho de volume ósseo seja recoberta, uma boa sutura deve ser
realizada. A liberação do tecido junto à base do retalho e/ou a realização de incisões verticais
relaxantes podem ser empregadas com essa finalidade, evitando assim a possibilidade de
deiscência do tecido mole (Mallmann et al., 2012).
Para Avila et al. (2014), a melhora na incorporação do enxerto é promovida através da
realização de pequenos orifícios no leito receptor, o que irá facilitar a vascularização do
enxerto, aumentando a disponibilidade do número de células osteogênicas, promovendo a
osteoindução.
Para uma reabsorção óssea diminuída é indicado lançar mão da utilização de uma
membrana de colágeno (Mazzonetto, Netto & Nascimento, 2012).
Para Miguel Júnior et al., 2016, implantes instalados em rebordos reconstruídos com
osso autógeno enxertado tem índices de sobrevivência e de sucesso de implantes instalados
em rebordos com osso enxertado são semelhantes aos colocados em osso nativo ou intocado.

4. Considerações Finais

O tórus mandibular se mostrou como uma alternativa segura e eficiente de enxerto


ósseo autógeno, promovendo um ganho de volume suficiente para a instalação do implante
dentário. Já a técnica cirúrgica utilizada provou-se segura e eficaz, contudo, é importante que
o profissional cirurgião-dentista seja capacitado para executa-la.

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(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i7.4412
Porcentagem de contribuição de cada autor no manuscrito
Lukas Natã Mendes Fragoso – 12%
Regina Mendes da Silva – 9,5%
Nathalia da Cruz Flores – 9,5%
Abraão Lyncolly de Medeiros Lucena – 9,5%
Vinicius Gabriel Barros Florentino – 9,5%
Luis Ferreira de Almeida Neto – 9,5%
Rômulo Vinícius Trigueiro Monteiro – 9,5%
George Borja de Freitas – 9,5%
José Cadmo Wanderley Peregrino de Araújo Filho – 9,5%
Julierme Ferreira Rocha – 12%

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