7391 Article 107415 1 10 20200820
7391 Article 107415 1 10 20200820
7391 Article 107415 1 10 20200820
9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
Tratamento cirúrgico de fratura de mandíbula atrófica severamente deslocada: relato
de caso
Surgical treatment of severely displaced atrophic jaw fracture: a case report
Tratamiento quirúrgico de fractura atrófica de la mandíbula muy desplazada: informe
de un caso
1
Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
Adriano Rocha Germano
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-1661-8038
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
E-mail: adrianorgermanoufrn@yahoo.com.br
Wagner Ranier Maciel Dantas
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-4904-187X
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
E-mail: wagnerranier@yahoo.com.br
André Luiz Marinho Falcão Gondim
ORCID: https://orcid.org/0000-0002-3581-419X
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Brasil
E-mail: algondim@yahoo.com.br
Resumo
As fraturas de mandíbulas atróficas geralmente ocorrem em indivíduos idosos, nos quais a
osteogênese está diminuída, osso cortical é denso e suprimento sanguíneo diminuído. É
consenso na literatura que o tratamento das fraturas de mandíbula atrófica permanece como
um grande desafio para a traumatologia maxilofacial, tendo em vista a baixa disponibilidade
de osso e as características morfológicas e biomecânicas de uma mandíbula desdentada. Este
trabalho tem como objetivo relatar um caso de tratamento cirúrgico de fratura bilateral de
mandíbula atrófica. O paciente do gênero masculino, 61 anos de idade, compareceu ao serviço
de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, após ter sido vítima de acidente
motociclístico, sem o uso dos materiais de proteção individual, evoluindo com fratura
bilateral de mandíbula. Ao exame físico, o paciente apresentava diástase em área de corpo
mandibular bilateral e no exame intraoral foi observado equimose na região de assoalho
bucal. O tratamento consistiu em uma abordagem cirúrgica extraoral, sob anestesia geral,
acesso transcervical, redução e osteossíntese dos cotos fraturados com uma placa do sistema
2.4mm locking em cada uma das fraturas. A terapia proporcionou ao paciente retomada de
suas funções de mastigação com ganho em qualidade de vida. Conclui-se que as fraturas de
mandíbulas atróficas são pouco comuns, mas com o aumento da população idosa nos
próximos anos, espera-se que sua incidência aumente e é imprescindível ao cirurgião
bucomaxilofacial conhecer e saber as possibilidades de tratamento disponíveis.
Palavras-chave: Mandíbula; Arcada Edêntula; Idoso; Cirurgia Bucal; Procedimentos
Cirúrgicos Bucais.
2
Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
Abstract
Atrophic mandible fractures usually occur in elderly individuals, in which osteogenesis is
decreased, cortical bone is dense and blood supply is decreased. There is a consensus in the
literature that the treatment of atrophic mandible fractures remains a major challenge for
maxillofacial traumatology, considering the low availability of bone and the morphological
and biomechanical characteristics of a toothless mandible. This paper aims to report a case of
surgical treatment of bilateral atrophic mandible fracture. The male patient, 61 years old,
attended the Oral and Maxillofacial Surgery service, after being the victim of a motorcycle
accident, without the use of individual protection materials, evolving with bilateral mandible
fracture. On physical examination, the patient had diastasis in the bilateral mandibular body
area and in the intraoral examination, ecchymosis was observed in the floor of the mouth. The
treatment consisted of an extraoral surgical approach, under general anesthesia, transcervical
access, reduction and osteosynthesis of fractured jaw with a 2.4mm locking system plate in
each fracture. The therapy allowed the patient to resume his chewing functions with a gain in
quality of life. It is concluded that atrophic mandible fractures are uncommon, but with the
increase in the elderly population in the coming years, it is expected that its incidence will
increase, and it is essential for the maxillofacial surgeon to recognize the available treatment
possibilities.
Keywords: Mandible; Edentulous Jaw; Aged; Oral Surgery; Oral Surgical Procedures.
Resumen
Las fracturas atróficas de la mandíbula generalmente ocurren en personas de edad avanzada,
en quienes la osteogénesis disminuye, el hueso cortical es denso y el suministro de sangre
disminuye. Existe un consenso en la literatura de que el tratamiento de las fracturas de la
mandíbula atrófica sigue siendo un desafío importante para la traumatología maxilofacial,
dada la baja disponibilidad de hueso y las características morfológicas y biomecánicas de una
mandíbula sin dientes. Este artículo tiene como objetivo informar un caso de tratamiento
quirúrgico de fractura mandibular atrófica bilateral. El paciente masculino, de 61 años, asistió
al servicio de Cirugía Oral y Maxilofacial, luego de ser víctima de un accidente de
motocicleta, sin el uso de materiales de protección individual, evolucionando con fractura
mandibular bilateral. En el examen físico, el paciente tenía diástasis en el área bilateral del
cuerpo mandibular y en el examen intraoral, se observó equimosis en la región del piso
vestibular. El tratamiento consistió en un abordaje quirúrgico extraoral, bajo anestesia
general, acceso transcervical, reducción y osteosíntesis de muñones fracturados con una placa
3
Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
de sistema de bloqueo de 2.4 mm en cada fractura. La terapia permitió al paciente reanudar
sus funciones de masticación con un aumento en la calidad de vida. Se concluye que las
fracturas de la mandíbula atrófica son poco frecuentes, pero con el aumento de la población
de edad avanzada en los próximos años, se espera que su incidencia aumente y es esencial que
el cirujano maxilofacial conozca y conozca las posibilidades de tratamiento disponibles.
Palabras clave: Mandíbula; Arcada Edéntula; Anciano; Cirugía Bucal; Procedimientos
Quirúrgicos Orales.
1. Introdução
4
Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
métodos de fixação; abordagem intra ou extraoral e quando a enxertia óssea deve ser
empregada (Ellis III & Price, 2008).
Logo, o objetivo deste estudo é apresentar um caso de tratamento de fratura bilateral
de corpo mandibular com um elevado grau de diástase, demostrando o manejo cirúrgico e as
características pertinentes ao tratamento deste trauma.
2. Metodologia
3. Estudo de Caso
5
Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
Figura 1 – Imagens pré-operatórias do paciente. A: Foto ¾ do lado direto, onde observa-se a
diástase na região de corpo mandibular direito; B: Foto frontal, evidenciando sutura em
posição na região mentoniana e dificuldade de selamento labial; C: Foto ¾ do lado esquerdo,
na qual pode ser observada descontinuidade do corpo mandibular esquerdo.
Diante dos achados clínicos foi inicialmente solicitado exame de imagem tipo
radiografia panorâmica, sendo evidenciada a presença de traços de fratura na área de corpo
mandibular bilateralmente, caracterizando uma fratura tipo alça de balde. Posteriormente, foi
solicitada a tomografia computadorizada multislice, é possível confirmar nas reconstruções
tridimensionais (3D) da tomografia computadorizada na Figura 2, a presença de fratura com
traço único bilateral em corpo mandibular com rotação horária do segmento distal fraturado.
Após discussão e planejamento do caso foram solicitados exames laboratoriais e parecer
cardiológico.
6
Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
Figura 2 – Imagens da tomografia computadorizada. A: Reconstrução 3D vista ¾ do lado
direito, na qual pode-se observar a fratura do corpo mandibular direito e rotação horária do
fragmento; B: Reconstrução 3D vista frontal, pode-se observar a atrofia mandibular com
superficialização do Nervo Alveolar Inferior na borda superior da mandíbula; C:
Reconstrução 3D vista ¾ do lado esquerdo, mostrando o deslocamento da fratura do corpo
mandibular esquerdo.
7
Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
Atualmente o paciente encontra-se com 01 ano de pós-operatório, apresentando boa
abertura bucal (42mm), sem sintomatologia dolorosa, sem edema residual, não apresentando
áreas de equimose no tecido mole facial ou intraoral e com excelente cicatrização dos tecidos
moles. Encontra-se sem queixas, realizando funções de mastigação, de volta a sua rotina
habitual e com ganho em qualidade de vida. Foi solicitado exame de imagem pós-operatório,
que pode ser visualizado na Figura 4, onde é possível observar a adequada fixação do material
de síntese óssea, assim como excelente redução dos segmentos ósseos.
4. Discussão
8
Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
devido à diminuição do volume ósseo (Shokri, Misch, Ducic & Sokoya, 2019). Luhr, Reidick
& Merten (1996) classificaram as mandíbulas desdentadas atróficas em três grupos com base
na altura residual, Classe I (16 a 20 mm), Classe II (11 a 15 mm) e Classe III (≤ 10 mm), na
Tabela 1 pode ser visualizado o esquema. O paciente apresentava um remanescente de 16mm
de altura mandibular, se enquadrando na Classe I.
9
Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
manipulação dos fragmentos, além da sua manutenção em uma posição adequada, facilitando
a fixação já que não há necessidade de trocaters.
As miniplacas em fraturas de mandíbulas atróficas são submetidas não somente a
cargas repetidas, como também deformações repetidas e terminam fadigando. Para Ehrenfeld,
Manson & Prein (2012) no manual da AOCMF e outros autores, a aplicação de placas de
reconstrução abrangendo a área da fratura e fixada nas áreas da mandíbula onde o osso é
saudável e abundante é recomendado (Madsen & Haug, 2006; Ellis III & Price, 2008; Shokri
et al., 2019). Na osteossíntese das fraturas no presente relato foi utilizada uma placa de
reconstrução 2.4 do sistema locking de travamento placa-parafuso. A vantagem da
reconstrução com o sistema de 2,4 mm é a capacidade de fornecer fixação estável, o que é
bastante útil no tratamento de fraturas de mandíbula atrófica. Mas pode se tornar problemático
em pacientes que desejam fazer o uso de prótese dentária, em virtude da flange da prótese
colidir com a parte superior da placa de rescontrução, causando irritação dos tecidos moles e
ulceração (Ellis III & Price, 2008). O paciente em questão não fazia uso de prótese dentária
no momento pré-trauma e não pretendia fazê-lo após o procedimento cirúrgico.
O uso de enxerto ósseo imediato ou não uso ainda é algo bastante discutido, pode-se
destacar que as vantagens de usar o enxerto ósseo imediato são para facilitar a união dos cotos
fraturados, proporcionar estabilidade à fratura e adicionar espessura óssea para aumentar
possibilidades de reabilitação protética do paciente. Porém, os autores que defendem o não
uso dos enxertos, ressaltam a condição sistêmica dos pacientes idosos e frequentemente
debilitados, no qual o processo de remoção geraria uma maior morbidade ao procedimento
(Ellis III & Price, 2008; Shokri et al., 2019). No caso relatado, o paciente não utilizava
prótese e não tinha pretensão de realizar a reabilitação oral com prósteses sobre implantes
dentários e a osteossíntese com placa de reconstrução é capaz de fornecer estabilidade a
mandíbula fraturada. Sendo assim, foi preferível não estender o procedimento e não realizar o
enxerto ósseo imediato, não aumentando a morbidade da cirurgia.
É importante ressaltar que as fraturas ósseas nas pessoas idosas são consideradas um
problema de saúde pública (Paula, Abreu & Jantara, 2020). Desta forma, com o
envelhecimento da população faz-se relevante capacitar os profissionais para o atendimento
ao idoso, ressaltando todas as fragilidades deste grupo (Carvalho, Ribeiro, Câmara & Pierote,
2020). Sendo assim, é imprescindível a atualização e atuação dos cirurgiões buco-maxilo-
faciais na condução desses casos de fraturas de mandíbulas atróficas em idosos.
10
Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
5. Considerações Finais
Referências
Antes, D. L., Schneider, I. J. C., & d'Orsi, E. (2015). Mortality caused by accidental falls
among the elderly: a time series analysis. Revista Brasileira de Geriatria e
Gerontologia, 18(4), 769-778.
Brucoli, M., Boffano, P., Romeo, I., Corio, C., Benech, A., Ruslin, M., ... & Dediol, E.
(2020). Surgical management of unilateral body fractures of the edentulous atrophic
mandible. Oral and Maxillofacial Surgery, 24(1), 65-71.
Caldas, A. F. J., Caldas, K. U., Oliveira, M. R. M., Amorim, A. A., & Barros, P. M. F. (2005).
O impacto do edentulismo na qualidade de vida de idosos. Rev. Ciências médicas,
Campinas, 14(3), 229-238.
Castro-Núñez, J., Cunningham, L. L., & Van Sickels, J. E. (2017). A historical perspective
with current opinion on the management of atrophic mandibular fractures. Oral Surgery, Oral
Medicine, Oral Pathology and Oral Radiology, 124(6), e276-e282.
11
Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
Coll, P. P., Lindsay, A., Meng, J., Gopalakrishna, A., Raghavendra, S., Bysani, P., & O'Brien,
D. (2020). The Prevention of Infections in Older Adults: Oral Health. Journal of the
American Geriatrics Society, 68(2), 411–416. https://doi.org/10.1111/jgs.16154
Ehrenfeld, M., Manson, P. N., & Prein, J. (2012). Principles of internal fixation of the
craniomaxillofacial skeleton. Thieme.
Ellis III, E., & Price, C. (2008). Treatment protocol for fractures of the atrophic
mandible. Journal of oral and maxillofacial surgery, 66(3), 421-435.
Emam, H. A., Ferguson, H. W., & Jatana, C. A. (2018). Management of atrophic mandible
fractures: an updated comprehensive review. Oral Surgery, 11(1), 79-87.
Gerbino, G., Cocis, S., Roccia, F., Novelli, G., Canzi, G., & Sozzi, D. (2018). Management of
atrophic mandibular fractures: An Italian multicentric retrospective study. Journal of Cranio-
Maxillofacial Surgery, 46(12), 2176-2181.
Gerbino, G., Roccia, F., De Gioanni, P. P., & Berrone, S. (1999). Maxillofacial trauma in the
elderly. Journal of oral and maxillofacial surgery, 57(7), 777-782.
Luhr, H. G., Reidick, T., & Merten, H. A. (1996). Results of treatment of fractures of the
atrophic edentulous mandible by compression plating: a retrospective evaluation of 84
consecutive cases. Journal of oral and maxillofacial surgery, 54(3), 250-254.
12
Research, Society and Development, v. 9, n. 9, e305997391, 2020
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v9i9.7391
Marinho, K., Guevara, H. A. G., Piva, F. H., Rocha, B., Gonzalez, D., & Leandro, L. F. L.
(2015). Epidemiological analysis of mandibular fractures treated in Sao Paulo, Brazil. Revista
Española de Cirugía Oral y Maxilofacial, 37(4), 175-181.
Paula, A. C. S. F., Abreu, D. P. G., & Jantara, R. D. (2020). Scientific production of Nursing
on bone fractures in elderly people: an integrative review. Research, Society and
Development, 9(7), 68973825.
Pereira, A. S., Shitsuka, D. M., Parreira, F. J., & Shitsuka, R. (2018). Metodologia do
trabalho científico. [e-Book]. Santa Maria. Ed. UAB/NTE/UFSM. Available at:
https://repositorio. ufsm. br/bitstream/handle/1/15824/Lic_Computacao_Metodologia-
Pesquisa-Cientifica. pdf.
Shokri, T., Misch, E., Ducic, Y., & Sokoya, M. (2019). Management of Complex Mandible
Fractures. Facial Plastic Surgery, 35(06), 602-606.
Toma, V. S., Mathog, R. H., Toma, R. S., & Meleca, R. J. (2003). Transoral versus extraoral
reduction of mandible fractures: a comparison of complication rates and other
factors. Otolaryngology—Head and Neck Surgery, 128(2), 215-219.
Wittwer, G., Adeyemo, W. L., Turhani, D., & Ploder, O. (2006). Treatment of atrophic
mandibular fractures based on the degree of atrophy—experience with different plating
systems: a retrospective study. Journal of oral and maxillofacial surgery, 64(2), 230-234.
13