A Representacao Pelo Advogado Na Mediacao
A Representacao Pelo Advogado Na Mediacao
A Representacao Pelo Advogado Na Mediacao
Janeiro 2016
Agradecimentos
Aos meus pais, Aurélio e Cristina, à minha irmã Telma e ao meu irmão Mauro e à
minha restante família que com muito carinho e apoio não mediram esforços para que eu
alcançasse a esta etapa da minha vida académica.
2
Lista de siglas e abreviaturas
Art. - Artigo
CC - Código Civil
Cfr.- Conferir
Cit- Citada
Ob.- Obra
Ss - seguintes
UE - União Europeia
3
Índice
1. Introdução ................................................................................................................... 5
8. Bibliografia ............................................................................................................... 46
4
1. Introdução
1
Lei nº54/2013 de 31 de Julho
5
2. Origem e Evolução da Mediação em Portugal
2
CÁTIA MARQUES CEBOLA, “ A mediação pré-judicial em Portugal: Análise do Novo Regime Jurídico”,
Revista da Ordem dos Advogados, Ano 70, nº1-4, 2010, pág.443.
3
Jean-Louis LASCOUX, Pratique de la Médiation, une méthode alternative à la résolution des conflits, Porto,
ESF éditeur, 2001, pág.7.
4
A resolução alternativa de litígios é denominada por Alternative Dispute Resolution na doutrina e no direito
anglo-saxónico, porém no direito francês, é conhecida por Médiation, Arbitrage, Conciliation ou MAC.
5
Os meios extrajudiciais de solução de conflitos, nomeadamente a mediação, não podem substituir ou eliminar
os métodos judiciais tradicionais para a resolução dos litígios. Como tal, a maioria da doutrina critica a
designação de Alternative Dispute Resolution (ADR), termo que nasceu nos EUA, no entanto, além das críticas
continua a ser utilizado para a identificação destes meios. Os autores que criticam esta expressão ou além de
não tomarem partido por uma ou por outra fazem questão de aludir ao problema. Cfr. CÁTIA MARQUES
CEBOLA, ob. Cit., pág.441 e ss; DÁRIO MOURA VICENTE, “A Diretiva sobre Mediação em Matéria Civil
e Comercial e a sua Transposição para a Ordem Jurídica Portuguesa”, Revista Internacional de Arbitragem e
Conciliação, Ano II, 2009, Edições Almedina SA., pág.124 e ss, e DULCE LOPES e AFONSO PATRÃO, Lei
da Mediação - Comentada, Coimbra, Almedina, 2014, pág. 8 e ss.
6
“Nos países anglo-saxónicos, em meados da década de setenta, os modos de resolução de litígios eram
encarados como esquemas de recurso destinados a lidar com questões de importância menor ou marginal, não
merecedoras de um tratamento judicial completo. Contudo, o movimento RAL conseguiu impor-se e suas
propostas têm vindo a ganhar espaço e adeptos no terreno jurídico.” CATARINA FRADE, “A resolução
alternativa de litígios e o acesso à justiça: A mediação do Sobre-endividamento”, Revista Crítica de Ciências
Sociais, nº65, Maio 2003, pág. 126.
6
República Portuguesa, o qual dispõe que “A lei poderá institucionalizar instrumentos e
formas de composição não jurisdicional de conflitos”.
Ainda assim, não se deve justificar o aparecimento destes meios alternativos através
da morosidade e ineficiência dos tribunais portugueses, isto é, da crise do sistema judicial
tradicional, caracterizado pelo congestionamento dos tribunais e de custos elevados. O
aparecimento destes meios alternativos extrajudiciais não está somente inerente a todos estes
entraves da justiça portuguesa, além de alguns autores o justificarem dessa forma.
7
JOÃO CHUMBINHO, Julgados de Paz na prática processual civil: Meio alternativo de resolução de
conflitos: Mediação, Conciliação, Arbitragem e negociação, Lisboa, Quid Iuris Sociedade Editora, 2007,
pág.45.
8
Este autor cita BOAVENTURA SANTOS, O acesso ao Direito e à Justiça: um direito fundamental em
questão, Observatório Permanente da Justiça Portuguesa, Centro de estudos sociais da Faculdade de Economia
da Universidade de Coimbra, 2002.
9
Cfr., MARIA M. ALMEIDA, Os Julgados de Paz, Dissertação apresentada à Faculdade de Direito de
Coimbra, Coimbra, 2010, pág.24 e TEIXEIRA SOUSA, A competência dos Julgados de Paz: a alternativa
consensual, Cadernos de Direito Privado, nº22 de Abril/Junho, 2008, pág.58.
10
João Chumbinho afirma que “os meios alternativos basicamente têm duas finalidades: por um lado, são uma
medida criada para desbloquear as instituições tradicionais de justiça; e por outro lado, pretendem resolver
questões de participação cívica dos cidadãos na administração da justiça e, portanto, questões de cidadania”,
2007, pág.63.
7
Estados Membros e os interessados sobre medidas possíveis para promover o recurso à
mediação.”
Logo após dois anos da exposição crítica da Comissão Europeia sobre esta matéria
deu-se a publicação da Proposta de Diretiva do Parlamento Europeu e do Conselho sobre
certos aspetos da mediação civil e comercial, dando origem à conhecida diretiva
2008/52/CE, a qual foi transposta por diversos países incluindo Portugal.
11
Surge através de um protocolo assinado entre o Ministério da Justiça e a Ordem dos Advogados.
12
CÁTIA MARQUES CEBOLA, Resolução Extrajudicial de Conflitos: Um novo caminho, a costumada
justiça, Dissertação apresentada na Universidade de Coimbra para obtenção do grau de Mestre em Ciências
Jurídico-Civilísticas, Coimbra, 2009, pág.121 e ss.
8
Julgados de Paz. Esta lei foi alterada pela Lei nº54/2013 de 31 de Julho, a qual adequa o
regime dos Julgados de Paz à nova Lei da Mediação.
13
Este sistema foi criado em 2007 e sucedeu ao referido Gabinete de Mediação Familiar. Hoje, o seu regime
está instituído na Lei nº29/2013 de 19 de Abril.
14
Lei nº21/2007 de 12 de Junho e pela Portaria 68-A/2007.
15
Este sistema resultou de um Protocolo de 5 de Maio de 2006 entre associações sindicais e associações
patronais, permitindo aos trabalhadores e empregadores o recurso à mediação.
16
A Portaria nº344/2013, de 27 de Novembro define os requisitos de inscrição dos Mediadores de Conflitos
numa lista pública de mediadores referida na Lei da Mediação (Lei nº29/2013, de 19 de Abril) e a Portaria
nº345/2013, de 27 de Novembro regula o regime aplicável à certificação de entidades formadoras de cursos
de mediação de conflitos, previsto no n.º 2 do artigo 24.º da Nova Lei da Mediação.
17
Lei n.º 10/2013, de 28 de Janeiro.
18
Decreto-Lei n.º 67/2003 (denominada como Lei do Consumidor) alterado posteriormente pelo Decreto-Lei
n.º 84/2008, de 21 de Maio.
19
O artigo 1774º dispõe “antes do início do processo de divórcio, a conservatória do registo civil ou o tribunal
devem informar os cônjuges sobre a existência e os objetivos dos serviços de mediação familiar”.
20
Diretiva do Parlamento Europeu e do Conselho de 21 de Maio de 2008.
9
assistência de um mediador. Este processo pode ser iniciado pelas partes, sugerido ou
ordenado por um tribunal, ou imposto pelo direito de um Estado-Membro”21.
Esta diretiva acrescenta ainda que este conceito de mediação “abrange a mediação
conduzida por um juiz que não seja responsável por qualquer processo judicial relativo ao
litígio em questão”. Por outro lado, ficam excluídas as tentativas do tribunal ou do juiz no
processo para solucionar um litígio durante a tramitação do processo judicial relativo ao
litígio em questão.
O objetivo inicial da diretiva era fazer com que todos os Estados dispusessem do
processo da mediação para resolver os conflitos transfronteiriços, sobretudo os contratos
entre empresas ou entre particulares22.
Esta diretiva dispõe que a mediação “não deverá ser considerada uma alternativa
inferior ao processo judicial pelo fato de o cumprimento dos acordos resultantes da mediação
depender da boa vontade das partes. Por conseguinte, os Estados-Membros deverão
assegurar que as partes de um acordo escrito, obtido por via de mediação, possam solicitar
que o conteúdo do seu acordo seja declarado executório”. Posto isto, é importante frisar que
a mediação tem tanto valor como qualquer processo judicial tradicional, como tal esta
requinta a justiça portuguesa, para além de ser mais uma opção viável.
21
Presente na alínea a) do artigo 3º da Diretiva 2008/52/CE.
22
Não obstante, no artigo 1º/1 da Diretiva 2008/52/CE mostra que o seu objetivo foi “facilitar o acesso à
resolução alternativa de litígios e em promover a resolução amigável de litígios, incentivando o recurso à
mediação e assegurando uma relação equilibrada entre a mediação e o processo judicial”.
23
Lei nº29/2009 de 29 de Junho, que já sofreu alterações pela Lei nº1/2010 de 15 de Janeiro e pela Lei
nº44/2010 de 3 de Setembro.
24
Cfr., CÁTIA CEBOLA, “A Mediação pré-judicial: análise do novo regime jurídico”, idem, pág.447 e ss.
10
Porém, a diretiva não foi transposta corretamente pela lei nº29/200925, na medida
em que era uma lei sobre o processo de inventário, e como o Código do Processo Civil foi
renovado, os artigos forem eliminados e entendeu-se ser necessário fazer uma correta
transposição, daí o surgimento da lei em vigor. Na lei nº29/2009 era possível o recurso aos
sistemas de mediação antes ou durante a pendência de um processo judicial.
25
Revogada pelo artigo 49º da Lei nº29/2013.
26
Presente no artigo 4º/2, alínea m) do Estatuto do Notariado.
27
Presente no artigo 3º/1, alínea r) do Estatuto da Ordem dos Notários.
28
Os Julgados de Paz são uma instância para a resolução de conflitos, onde pode existir a mediação, a
conciliação e o julgamento, isto é, não é um meio de resolução alternativa de litígios.
29
A denominada Proposta de Lei n.º 116/XII ou Proposta de Lei n.º 479/2012 de 22 de Novembro.
30
Com a presente Proposta de Lei “pretendia-se dar mais um passo determinante na afirmação da mediação no
ordenamento jurídico português, nomeadamente através da consagração, pela primeira vez, dos princípios
gerais que regem a mediação realizada em Portugal (seja ela realizada por entidades públicas ou por entidades
privadas), da previsão do regime jurídico da mediação civil e comercial e do regime dos mediadores em
Portugal, e estabelecendo o regime da mediação pública e dos sistemas públicos de mediação. Pretendia-se
concentrar num único diploma legislação que hoje se encontra dispersa por outros normativos”.
Com esta proposta acreditavam que com “a existência de uma lei de mediação como a agora proposta, ao
regular uma matéria na qual se identificam claras lacunas, e ao unificar num único diploma regimes que se
encontram hoje dispersos, contribuirá para uma maior divulgação da mediação e consequentemente para uma
maior utilização deste mecanismo, oferecendo aos cidadãos e às empresas uma solução que não é apenas uma
11
Concluindo, a mediação demonstra uma nova postura das pessoas, dado que já não
querem que o sistema judicial decida por elas e como tal são as próprias a alcançar soluções
vantajosas para ambas as partes, dando origem a acordos inovadores e dinâmicos.
“mera” alternativa ao recurso aos tribunais (e que desta forma contribui também para o descongestionamento
destes) mas corresponde igualmente à consagração de um mecanismo que, em virtude das suas características,
poderá e deverá ser encarado como a melhor solução para determinado tipo de litígio”.
12
3. Caracterização da Mediação
Alguns autores31 consideram a mediação como o meio por excelência, visto que é
o meio onde existe maior proximidade das partes com o próprio processo e o desenrolar do
mesmo, podendo até mesmo dirigir o processo e dar-lhe forma conforme os seus anseios32.
Este meio autocompositivo é sem dúvida um meio paradoxal e não representa uma
via de abandono pela pessoa da sua capacidade de decidir, de tomar a palavra e de procurar
uma solução33, algo que acontece por norma nas tradicionais ações judiciais.
31
Cfr., SUSANA FIGUEIREDO BANDEIRA, “A Mediação como meio privilegiado de resolução de
litígios”, Julgados de Paz e Mediação - um novo conceito de justiça, Lisboa, Associação Acadêmica da
Faculdade de Direito de Lisboa, 2002 e ALMEIDA, Maria Inês Vilão Monteiro, Meios alternativos de
resolução de litígios: verdadeira alternativa?, Dissertação apresentada na Universidade de Coimbra para
obtenção do grau de Mestre em Ciências Jurídico-Forenses, Coimbra, 2011.
32
MÓNICA GONÇALVES CARDOSO, A celeridade processual e os meios alternativos de resolução de
litígios, Dissertação apresentada na Universidade de Coimbra para obtenção do grau de Mestre em Ciências
Jurídico-Forenses, Coimbra, 2013, pág.34.
33
NEUSA MARIA ARRUDA, O papel do advogado na mediação, disponível em:
http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:IKvofrIMPg4J:www.portaldoead.com.br/artigo/315
1308939959jcportalead24062011textomedia%25E7%25E3o.doc+&cd=1&hl=pt-PT&ct=clnk&gl=pt
(consultado no dia 7 de Janeiro de 2015).
13
contemporânea do processo judicial, implicando a sua suspensão34. A Diretiva não tomou
posição sobre esta questão, admitindo, no seu artigo 5º, qualquer sistema35.
34
MARIANA FRANÇA GOUVEIA, A mediação e o processo civil, disponível em
https://www.google.pt/webhp?sourceid=chrome-instant&ion=1&espv=2&ie=UTF-8# (consultado no dia 7 de
Janeiro de 2015), pág.10.
35
BETTINA KNÖLTZ e EVELYN ZACH, “Taking the best from Mediation Regulations”, in Arbitration
International, Volume 23, 2007, p. 668; JEAN A. MIRIMANOFF, “Feasibility of mediation systems in
Switzerland”, in ASA Bulletin, Volume 27, Issue 3, 2009, p. 465; DÁRIO MOURA VICENTE, ob. Cit., p. 135.
36
HENRY BROWN e ARTHUR MARRIOTT, ADR Principles and Practice, 2ª Edição, London, Thomson,
1999, pág.130.
37
LÍLIA MAIA DE MORAIS SALES, Justiça e Mediação de conflitos, Belo Horizonte, Del Rey, 2003,
pág.45.
38
MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa de Litígios, 2ª Edição, Coimbra, Editora
Almedina, 2012, pág.45.
14
Por conseguinte, este fim sobrepõe-se inteiramente à questão do direito39. É a base
que a mediação pretende alcançar, porque só a composição dos interesses permitirá a
duração do acordo e a manutenção do entendimento entre os litigantes.40 O corolário da
mediação é de ganho para ambas as partes, nenhuma parte é considerada vencida nem
vencedora. Muitas vezes, a mediação não implica a aplicação das normas jurídicas nem
mesmo de quem tem razão no direito estrito, o que importa é o entendimento dos interesses
das partes. Logo, os interesses de ambas têm de ser interligados e coordenados para obterem
os melhores resultados através do acordo.
Aqui encontra-se a indagação relevante desta tese, como tal é uma questão que
levanta muitas dúvidas e opiniões distintas. A temática da reflexão presente é o papel do
advogado na mediação42, isto é, a sua presença nas mediações, o seu papel na sessão de
mediação e especialmente a circunstância de representação das partes pelo advogado.
Ulteriormente, todos estes pontos referidos serão objeto de uma análise mais profunda.
39
MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Resolução alternativa de litígios : relatório da disciplina de resolução
alternativa de litígios, apresentado à Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2008,
pág.38.
40
LÚCIA DIAS VARGAS, Julgados de Paz e Mediação – Uma Nova Face da Justiça, Coimbra, Editora
Almedina, 2006, pág.56.
41
MARIANA FRANÇA GOUVEIA, “Meios de Resolução Alternativa de Litígios: negociação, mediação e
julgados de paz”, in Estudos Comemorativos do dez anos da faculdade de direito da universidade nova de
lisboa, Volume 2, Lisboa, Edições Almedina, 2008, pág.740 e ss.
42
PEDRO TENREIRO BISCAIA, “O sistema tradicional de justiça e a mediação vítima-agressor: o papel do
advogado”, in A introdução da mediação vítima-agressor no ordenamento jurídico português, Coimbra,
Editora Almedina, 2005, pág.89.
15
preferência por nenhuma das partes. O mediador não negoceia com as partes, além de assistir
à negociação que elas fazem43. Neste sentido, o mediador constitui um agente de mudança44.
43
HENRY BROWN e ARTHUR MARRIOTT, idem, pág.130.
44
LUÍS MELO CAMPOS, “Mediação de Conflitos: Enquadramentos Institucionais e Posturas
Epistemológicas”, in Mediation in action =A Mediação em ação/ coord. José Vasconcelos-Sousa, Coimbra,
Mediarcom/Minerva Coimbra, 2008, pág. 185.
45
A definição de mediador só ficou mais clara relativamente à existente no regime jurídico dos Julgados de
Paz (artigo 35º da Lei nº78/2001, de 13 de Julho, alterada pela Lei nº54/2013, de 31 de Julho).
46
Este código está disponível em http://www.dgpj.mj.pt/sections/gral/mediacao-publica/mediacao-
anexos/codigo-europeu-
de/downloadFile/file/Codigo_Europeu_de_Conduta_para_Mediadores_13.03.2014.pdf?nocache=139470799
7.85 (consultado no dia 7 de Janeiro de 2015).
47
ZULEMA D. WILDE, e LUÍS M. GAIBROIS, O que é a mediação, Lisboa, Agora Publicações, 2003,
pág.64.
48
Cfr. Ob. Cit., pág.131.
49
J. O. CARDONA FERREIRA, Julgados de Paz – Organização, Competência e Funcionamento, Coimbra,
Coimbra Editora, 2001, pág.70.
16
Por outro lado, a Diretiva 2008/52/CE no seu artigo 7º dispõe que a mediação tem
de respeitar a confidencialidade e como tal “nem os mediadores, nem as pessoas envolvidas
na administração do processo de mediação” podem ser “obrigadas a fornecer provas em
processos judiciais ou arbitragens civis ou comerciais, no que se refere a informações
decorrentes ou relacionadas com um processo de mediação”.
Todavia, esta diretiva destaca três exceções: em primeiro lugar, caso as partes
decidam o contrário; em segundo lugar, razões imperiosas de ordem pública, em especial
para assegurar a proteção do superior interesse das crianças ou para evitar que seja lesada a
integridade física ou psíquica de uma pessoa; e por fim, em situações em que a divulgação
do conteúdo do acordo obtido por via de mediação seja necessária para efeitos da aplicação
ou execução desse acordo. A diretiva permite ainda a possibilidade de os Estados-Membros
aplicarem medidas mais rigorosas para proteger a confidencialidade50.
A vontade das partes no sentido do seu afastamento, bastará para que não haja a
quebra de confiança. No entanto, é o mediador que decide e deve ponderar perante o caso
em questão, e caso haja acordo entre as partes, ele tem de questionar-se se é suficiente para
abduzir o sigilo. Mariana Gouveia52 considera a confidencialidade uma regra não imperativa,
contudo o acordo das partes não é suficiente para que seja automaticamente derrogada.
50
Presente no artigo 7º/2 da Diretiva 2008/52/CE.
51
MARIANA FRANÇA GOUVEIA, A mediação e o processo civil, idem, pág.1.
52
MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Resolução alternativa de litígios : relatório da disciplina de resolução
alternativa de litígios, idem, pág.42.
17
4. Vantagens e Desvantagens da Mediação
Uma das características mais atraentes da mediação para a comunidade cívica são
os encargos reduzidos e mais acessíveis. Logo, a mediação é considerada uma via
economicamente apelativa54, na qual as partes podem confiar pois os seus interesses não
serão descurados.
53
VÍTOR ANTÓNIO HENRIQUES DE FIGUEIREDO, Julgados de Paz – a figura do advogado em sede de
mediação, Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra para
obtenção do grau de Mestre em Ciências Jurídico-Forenses, Coimbra, 2013, pág.33.
54
ANA RAQUEL CORREIA LOPES, A Diretiva Comunitária 2008/52/CE relativa a certos aspetos da
mediação em matéria civil e comercial: a sua transposição para o ordenamento jurídico português e uma
perspetiva de direito comparado, Dissertação apresentada na Universidade de Coimbra para obtenção do grau
de Mestre em Ciências Jurídico-Forenses, Coimbra, 2014, pág.19.
18
A confidencialidade é outra vantagem da mediação que importa frisar, dado que o
próprio procedimento da mediação tem natureza confidencial, isto é, o mediador deve
manter sob sigilo todas as informações de que tenha conhecimento no âmbito do
procedimento da mediação, delas não podendo fazer uso em proveito próprio ou de outrem55.
Com este princípio o legislador pretende que as partes não possam divulgar
informações e provas obtidas na mediação para à posteriori fazer uso em julgamento. A
confidencialidade permite ao mediador trabalhar de forma mais independente, sem ter de
testemunhar nem esclarecer quaisquer informações acerca do processo. Findando, a
confidencialidade do conflito permite uma maior intimidade e confiança entre as partes no
processo de mediação como também um progresso no relacionamento das mesmas. A
confidencialidade como ausência de exposição pública do conflito possibilita a preservação
das relações entre as partes.
A mediação é um método não litigioso e como tal as partes procuram uma solução
para o litígio em questão com o auxílio de um terceiro imparcial, o mediador. Portanto, os
mediados podem exprimir-se, visto que há autonomia da sua vontade e têm o controlo do
processo e o poder da decisão59, o que se traduz num domínio absoluto dos participantes. É
55
Presente no artigo 5º/1 da Lei nº29/2013 de 19 de Abril.
O número dois deste artigo acrescenta ainda que as informadas providas de uma das partes, a título confidencial
ao mediador de conflitos, não podem ser transmitidas, sem o seu consentimento às restantes partes envolvidas
no procedimento.
56
É um dos deveres do mediador de conflitos garantir o carácter confidencial das informações que recebe ao
longo da mediação.
57
Consistem nos impedimentos resultantes do princípio da confidencialidade.
58
Esta disposição decorre do artigo 18º/3, o qual mais tarde, será alvo de uma consideração.
59
MÓNICA ROSSI e GRACIELA CORTI, El abogado frente a los métodos de resolución alternativa de
disputas: una perspectiva, pág.6, disponível em http://www.cejamericas.org/index.php/biblioteca/biblioteca-
19
importante salientar que há um trabalho sobre as relações entre as partes, as quais acabam
por encontrar um caminho de respeito e de cooperação no tratamento das suas diferenças60.
Maria Olinda Garcia65 discorda que a mediação tenha como vantagem a existência
de dois vencedores somente pelo fato de ambos conseguirem satisfazer pelo menos
virtual/doc_view/1573-el-abogado-frente-a-los-m%C3%A9todos-de-resoluci%C3%B3n-alternativa-de-
disputas-una-perspectiva.html (consultado no dia 7 de Janeiro de 2015), pág.6.
60
JUAN CARLOS VEZZULLA, Mediação: teoria e prática: guia para utilizadores e profissionais, 2ª edição,
Lisboa, Agora Comunicação, 2005, pág.89.
61
JUAN CARLOS VEZZULLA, ob. Cit., pág.24 e ss.
62
J. O. CARDONA FERREIRA, “Julgado de Paz e Pacificação”, NewsletterDGAE, n.º 0, Direção-Geral da
Administração Extrajudicial, 2001, pág.4.
63
FERNANDO PEREIRA RODRIGUES DA SILVA, Arbitragem, mediação e justiça de proximidade: Micro
reformas judiciais, Dissertação apresentada à Universidade de Aveiro para a obtenção do grau de Mestre em
Gestão Pública, Aveiro, 2006, pág.52, disponível em http://core.ac.uk/download/pdf/15565058.pdf
(consultado no dia 7 de Janeiro de 2015).
64
ROSSANA MARTINGO CRUZ, “A importância da União Europeia no fomento da mediação familiar em
Portugal”, Periódico do CIEDA e do CEIS20, em parceria com GPE e a RCE, nº9 Julho/Dezembro 2013,
pág.105 e DÁRIO MOURA VICENTE, ob. Cit., pág.130.
65
MARIA OLINDA GARCIA, “Gestão Contratual do Risco Processual – A Mediação na Resolução de
Conflitos em Direito Civil e Comercial”, in O Contrato na Gestão do Risco e na Garantia de Equidade coord.
António Pinto Monteiro, Coimbra, Instituto Jurídico, 2015, nota de rodapé 20, pág.170.
20
parcialmente os seus interesses. Nem sempre é alcançado um ponto de equilíbrio dos
interesses das partes, como tal pode existir uma parte totalmente vencedora que consiga o
mesmo resultado na mediação que obteria com uma decisão judicial. A parte perdedora pode
ter vantagens com a mediação, nomeadamente quanto ao modo de cumprimento da
obrigação resultante do acordo ou quanto aos fatores processuais de gestão de conflitos,
como por exemplo, custos reduzidos, ausência de publicidade do litígio e preservação de
uma relação duradoura.
Há uma promoção de respeito e aceitação para mais tarde conseguir o tal acordo.
Na hipótese de não se chegar a acordo com a mediação, pelo menos as partes terão
esclarecido o litígio e terão aprendido a dialogar entre si. A mediação traz imensos
benefícios quando as partes desejam soluções que respeitem os interesses de ambas,
traduzindo-se na melhoria do seu relacionamento atual e possibilitando o posterior
relacionamento entre as mesmas.
66
O acesso à justiça é um direito fundamental, preceituado pela UE, com consagração no artigo 47º da Carta
dos Direitos Fundamentais da União Europeia e no artigo 6º da Convenção Europeia para a Proteção dos
Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, sendo considerado pelo Tribunal de Justiça das
Comunidades Europeias como um princípio geral do direito comunitário no Acórdão de 15 de Maio de 1986 -
Processo nº 222/84, Johnston, disponível em
http://eurlex.europa.eu/LexUriServ/LexUriServ.do?uri=CELEX:61984CJ0222:PT:PDF (consultado no dia 7
de Janeiro de 2015).
21
destes processos e assim estes podem centrar-se em questões de outras áreas não passíveis
de resolução através da mediação ou de outros meios alternativos de resolução67.
Para além das vantagens referidas, é essencial denotar que existem outras, tais
como, a inexistência de quebra do contrato, a especialização dos mediadores referenciada
anteriormente, bem como a neutralidade do mediador, fundamental para o processo da
mediação. Anabela Quintanilha69 acrescenta ainda como vantagem as posições e direitos
equilibrados de ambas as partes.
67
LÚCIA DIAS VARGAS, ob. Cit., pág. 58 e ss.
68
LÚCIA DIAS VARGAS, ob. Cit., pág. 74.
69
Cfr. o disposto em http://www.mediaremtomar.com (consultado no dia 7 de Janeiro de 2015).
70
FERNANDO PEREIRA RODRIGUES DA SILVA, ob. Cit., pág.52.
22
Por um lado, caso as partes não cheguem a acordo terão de despender de mais tempo
e custos para alcançarem o consenso no tribunal judicial. Por outro lado, as partes podem
obter um acordo menos favorável do que conseguiriam eventualmente com uma decisão
judicial71, mas ainda assim esta possibilidade é muito reduzida.
Por fim, a mediação pode ser utilizada como um meio dilatório72, por uma das
partes, sem que haja uma vontade de alcançar um acordo com a contraparte, originando um
prolongamento do processo, afetando a celeridade bem como aumentando os custos, dado
não se alcançar o acordo.
Importa referir que embora estas desvantagens da mediação subsistam estas não são
representativas e não superam os benefícios decorrentes da mediação como um excelente
meio alternativo de resolução de conflitos. Pelo exposto, a mediação é sem dúvida um meio
alternativo de resolução de conflitos preferencial em muitas situações do quotidiano das
pessoas.
É importante a adesão dos advogados à mediação para que esta seja bem sucedida
em Portugal. O cidadão comum não sabe o que é a mediação, e caso tenha algum problema,
ele recorrerá a um advogado, não a um mediador. Logo, o advogado é a pessoal ideal para
aconselhar o método mais adequado ao caso concreto. O advogado ao sugerir a mediação e
71
CATARINA FRADE, ob. Cit., pág.114.
72
Cfr. VÍTOR FIGUEIREDO, ob. Cit., pág. 35 e CATARINA FRADE, ob. Cit., pág. 114.
73
CARLOS CARVALHO CARDOSO, A mediação como meio de resolução alternativa de conflitos, Boletim
da Ordem dos Advogados, Nº47, 2007, pág.49.
23
a intervenção de um mediador não implica a diminuição de trabalho e de renumeração para
o advogado74.
Por outro lado, os cidadãos comuns devem informar-se dos meios alternativos de
resolução de litígios pois como já foi referido anteriormente, estes detêm diversas vantagens,
nomeadamente a rapidez da resolução do caso concreto e os custos reduzidos. Os clientes
cientes destas características poderão exigir aos advogados a utilização destes mecanismos75
para alcançar a resolução dos seus problemas.
74
MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa de Litígios, idem, pág.47.
75
STEPHEN GOLDBERG, in Segunda Conferência Meios Alternativos de Resolução de Litígios, 2005,
pág.93. Este autor nesta conferência referiu que os Estados Unidos conseguiram ultrapassar a oposição à
mediação, introduzindo no ensino a mediação, sensibilizando os juízes do valor da mediação para que estes
encorajassem os advogados a aconselharem-na como um meio adequado e viável, e por último, houve uma
divulgação aos cidadãos, especialmente os homens de negócios, para pressionarem o uso destes mecanismos
extrajudiciais junto dos advogados.
76
A escolha do mediador de conflitos está plasmada no artigo 17º da Nova Lei da Mediação (Lei nº29/2013 de
19 de Abril).
77
SRDAN SIMAC, “Attorneys and Mediation”, in Mediation in action =A Mediação em ação/ coord. José
Vasconcelos-Sousa, Coimbra, Mediarcom/Minerva Coimbra, 2008, pág.61.
24
Na mediação, a presença dos advogados é importante para o seu desenvolvimento
e implementação. O advogado pode assistir o cliente no processo da mediação, e muitas
vezes é fulcral para garantir o efetivo interesse e direito78.
78
MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa de Litígios, idem, pág.49.
79
MARTINE BOURRY D’ANTIN, GÉRARD PLUYETTE e STEPHEN BENSIMON, Art et techniques de
la médiaton, Paris, Litec, 2004, pág.84.
80
SRDAN SIMAC, idem, pág.49.
25
5. Fases de Intervenção na Mediação pelo Advogado
81
No Novo Estatuto da Ordem dos Advogados constante da Lei nº145/2015, de 9 de Setembro, encontra-se o
artigo 97º/2 refere que “o advogado tem o dever de agir de forma a defender os interesses legítimos do cliente”
e no artigo 110º, nº1, in fine dispõe que o “dever de defender adequadamente os interesses do seu cliente”. Por
conseguinte, o advogado tem o dever de pensar qual a melhor via para a resolução do problema.
26
estes dados, o advogado poderá aconselhar a via da mediação, caso seja a melhor opção para
a resolução do caso concreto.82
É essencial que as partes saibam que a solução decorre somente delas, e não do
mediador ou de outros profissionais que intervenham no processo. As partes devem dispor
de conhecimentos acerca deste meio extrajudicial, sentindo-se confortáveis e bem
preparadas para este diferente processo, daí a preparação e o planeamento serem primordiais
para o êxito da mediação83. Nesta fase inicial, o advogado já poderá discutir com o seu cliente
possíveis soluções para o litígio, bem como ajudá-lo na preparação do discurso que este terá
de fazer na sessão de mediação.
Existe um terceiro imparcial, o mediador, e este será escolhido por cada parte84 e
estas podem recorrer a ajuda do advogado para esta escolha, na medida em que esta tem de
ser feita consoante o litígio em questão e as qualidades desejadas para este interveniente.
Aqui, o advogado deve explicar ao seu cliente as atribuições do mediador, nomeadamente a
sua imparcialidade às partes e a neutralidade relativamente ao objeto do problema, sendo
que este terceiro vai facilitar a interação entre as partes.
82
No referido Estatuto da Ordem dos Advogados (Lei nº145/2015, de 9 de Setembro), o artigo 100º, nº1, alínea
b) dispõe “Nas relações com o cliente, são ainda deveres do advogado, estudar com cuidado e tratar com zelo
a questão de que seja incumbido, utilizando para o efeito todos os recursos da sua experiência, saber e
atividade”.
83
JORGE CORREIA JESUÍNO, A Negociação: estratégias e tática, Lisboa, Texto Editora, 2003, pág.34.
84
Presente no artigo 17º, nº1 da Nova Lei da Mediação.
85
JORGE CORREIA JESUÍNO, idem, pág.128 e ss.
27
outro lado, o advogado tende a manter a posição do seu cliente, com uma visão apenas parcial
do problema em causa.
86
JUAN CARLOS VEZZULLA, idem, pág.44.
87
CARLOS CARVALHO CARDOSO, ibidem.
88
JORGE MACIEIRA, “Mediação de Conflitos – o papel fundamental do advogado”, in Conferência da
Ordem de Advogados, 2015, pág.9, disponível em www.macieira-law.pt/downloads/conferencia.pdf
(consultado no dia 7 de Janeiro de 2015), afirma que “ao colaborar ativamente na mediação, sendo
absolutamente livre para intervir, o advogado ajuda as partes, não apenas o seu cliente mas, porque acaba por
servir o interesse do seu, a outra parte também. É inestimável a colaboração de e entre advogados em Mediação
em conjunto com os clientes. Por experiência própria posso afirmar que a Mediação ganha, as partes ganham,
quando há advogados presentes e estes, ou porque já sabem do que se trata ou se apercebem no momento,
aderem aos princípios da mediação e colaboram. A confiança das partes é muito maior quando o advogado está
presente e, por causa disso, os resultados são mais fáceis e melhores.”
89
SRDAN SIMAC, idem, pág.39.
28
A maioria da doutrina defende que os advogados devem ter acesso à mediação,
assistindo o seu cliente mas a sua intervenção tem de ser encarada de forma diferente do
tradicional, isto é, o advogado não representa a parte e deve atuar de acordo com o espírito
de colaboração e procura do consenso adequado ao caso. Relativamente à intervenção do
advogado como representante ulteriormente iremos elucidar melhor.
As atribuições do advogado numa sessão de mediação são muito distintas das que
desempenha em tribunal judicial ou arbitral90, na medida em que, na mediação não há a
necessidade de convencer ninguém quanto aos fatos ou ao direito. E na mediação são as
partes que têm o papel principal, não o advogado.
90
No entanto, alguns advogados não entendem, ou optam por não compreender o processo de mediação. Eles
agem como se estivessem diante de um árbitro ou juiz, tentando convencer o mediador da correta posição do
seu cliente - A. H. Goodman, Basic Skills for the new mediator, Solomon Publications, 7th printing, Rpckville,
2002, pág.40.
91
JORGE MACIEIRA, ibidem, dispõe que o advogado “esteja presente na mediação ou seja consultado após,
o texto do acordo deve ser de sua responsabilidade. Porque não o é do mediador e, quanto às partes, não sabem
nem têm o dever de saber de Direito e, nessa altura, é disso que se trata. Atingir o acordo é com as partes,
plasmá-lo em texto, é com os advogados.
92
CARLOS CARVALHO CARDOSO, ibidem.
93
GIL FERREIRA DE MESQUITA, O papel do advogado no procedimento arbitral, Jus Navegandi, Teresina,
Ano 7, Número 89, 2003, disponível em http://jus.com.br/artigos/4343/o-papel-do-advogado-no-
procedimento-arbitral#ixzz3r0iFwO7g (consultado no dia 7 de Janeiro de 2015).
29
Para ser eficaz, um advogado deve-se lembrar constantemente que a disputa
pertence somente ao cliente. Durante a mediação o cliente toma decisões sobre o caso, por
muito que se dirija ao advogado para pedir esclarecimentos, a decisão depende somente do
mediado. Esta aparente perda de controle faz com que alguns advogados se sintam
desconfortáveis94, e preferem que os seus clientes não escolham este meio alternativo.
94
E. BRUNET, C.B. CARVER e ELLEN E. DEASON, Alternative Dispute Resolution – the advocate’s
perspective, 2nd Edition, Danvers, LexisNexis, 2001, Footnote 29, pág.197
95
JOÃO PEDROSO, JOÃO PAULO DIAS, As profissões jurídicas entre a crise e a renovação: o impacto do
processo de desjudicialização em Portugal, Oficina do CES, 181, Centro de Estudos Sociais: Coimbra, 2002,
disponível em http://www.ces.uc.pt/publicacoes/oficina/ficheiros/181.pdf (consultado no dia 7 de Janeiro de
2015).
96
ADOLFO NETO BRAGA, O uso da mediação e a atuação do advogado, Valor Económico: São Paulo,
2004, Legislação e Tributos, pág. E-2, disponível em
http://www2.senado.gov.br/bdsf/bitstream/id/29146/1/noticia.htm (consultado no dia 7 de Janeiro de 2015).
30
6. Representação pelo Advogado na Mediação
O papel das partes é fundamental como já foi referido anteriormente, não só porque
são eles que lhe dão causa, como ditam os termos do acordo, além de usufruírem do auxílio
prestado pelo mediador. Esta centralidade poderia demonstrar a natureza pessoalíssima97 da
mediação, e como tal, impor a presença obrigatória dos mediados no processo da mediação.
Esta representação não engloba apenas a participação nas sessões de mediação, mas
também a hipótese de celebrar o acordo da mediação, sendo que a procuração deve revestir
a forma escrita nos termos do número dois do artigo 262º do Código Civil. No número um
deste mesmo artigo é definida a procuração como sendo o “ato pelo qual alguém atribui a
outrem, voluntariamente, poderes representativos”.
97
DULCE LOPES e AFONSO PATRÃO, idem, pág.120.
98
É aquela que tem fonte em negócio jurídico segundo PEDRO DE ALBUQUERQUE, A Representação
Voluntária em Direito Civil, Lisboa, 2002.
99
DULCE LOPES e AFONSO PATRÃO, idem, nota de rodapé da pág.121.
31
Da mesma forma, no artigo 18º/1 da Lei da Mediação ao prescrever sobre a
possibilidade de representação das partes, não faz nenhuma exigência quanto às capacidades
do representante. No caso de o advogado representar o seu cliente, por muito que este
detenha capacidades jurídicas, não tem as melhores aptidões para expor os seus interesses
como o demandado.
100
Segundo LUÍS A. CARVALHO FERNANDES, Teoria Geral do Direito Civil, 5ª Edição, Volume 2, Lisboa,
2010, pág.168, existem três elementos decisivos na caracterização da representação, sendo eles, a atuação em
nome de outrem (legitimidade indireta), atuação no interesse de outrem e o poder representativo. Para este
autor, só existe representação, quando o representante atue em função dos interesses do representado, caso atue
em função do seu próprio interesse, não está em causa a representação. JOÃO DE CASTRO MENDES, Teoria
Geral do Direito Civil, Volume II, AAFDL, Lisboa, 1999, pág.284, concorda com o referido ao dispor que “há
representação, em geral, quando uma pessoa pode fundadamente agir em nome e no interesse de outra”.
32
revogabilidade da procuração101 como preceituado no n.º 3 do art.º 265 do Código Civil102
103
.
101
MOTA PINTO, Teoria Geral do Direito Civil, Coimbra Editora, 1976, pág. 410 e ss.
Também António Menezes Cordeiro no seu Tratado de direito Civil Português I, Parte Geral Tomo IV, Editora
Almedina, 2007, sustenta que na representação existem três requisitos: uma atuação jurídica em nome de
outrem que o representante invoca na declaração negocial (nomine alieno ou contemplatio domini), que é feita
por conta do representado (visa a esfera jurídica do representado, o que já de si traduz a superação da abstração
característica da representação), dispondo o representante de poderes de representação para a conclusão do
negócio representativo.
102
Cfr. o disposto no artigo 265º/3 do CC - “se a procuração tiver sido conferida também no interesse do
procurador ou de terceiro, não pode ser revogada sem acordo do interessado, salvo ocorrendo justa causa”.
103
PEDRO PAIS DE VASCONCELOS, Teoria Geral do Direito Civil, 7ª Edição, Almedina, Coimbra, 2012,
pág.276 e ss, dispõe que a representação é um instituto jurídico que consiste no exercício jurídico em nome de
outrem com imputação jurídica na esfera da pessoa em cujo nome se atua. Aqui há uma dissociação entre quem
age (representante) e aquele em cuja esfera jurídica se produz a eficácia jurídica da ação (representado), como
tal, o ato celebrado pelo representante é juridicamente imputado à autoria do representado, e o agir material é
do representante, que o substitui.
Este autor admite como outros autores referidos anteriormente que é o interesse do representado que domina o
exercício representativo na representação legal, e mesmo na representação orgânica, o titular do órgão da
pessoa coletiva deve pautar a sua atuação pelo interesse daquela e não pelo seu próprio. Ao contrário da
representação voluntária, a qual nos importa de momento, que se rege pela autonomia privada, e nada obsta a
que dentro dos limites da Lei e da Moral se estipule uma procuração em que o interesse diretor seja do
representado ou de terceiro, ou seja do interesse exclusivo do procurador ou de terceiro, ou até mesmo de
ambos (280º e 265º/3 do Código Civil).
Quanto a esta última situação de ambos os interesses estarem presentes, vide do mesmo autor, A Procuração
Irrevogável, Almedina, Coimbra, 2002.
104
Constante do Acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa de 31 de Março de 2011, proferido no processo
96/06.1TBBBR.L1-2, disponível em
http://www.dgsi.pt/jtrl.nsf/33182fc732316039802565fa00497eec/74820915136cb4188025788b0052a726?Op
enDocument (consultado no dia 7 de Janeiro de 2015).
33
6.1. Evolução Normativa
João Luís Lopes dos Reis expressa o seu ponto de vista ao dispor que “…com ou
sem o artº 9º nº1 da Portaria…, é lícito a qualquer das partes recusar negociar, se a outra
estiver acompanhada de advogado. Daí pode resultar a frustração da tentativa; mas se
porventura a condição for satisfeita, a satisfação da condição nem sequer vicia o
procedimento negocial. É que tudo depende da vontade das partes; e se elas querem negociar,
ainda que em condições absurdas, nada impede que o façam. Por outro lado, a recusa da
mediação é tão lícita e tão livre, no regime jurídico dos julgados de paz, como a vontade de
a tentar. Não tem, sequer, de ser justificada. E por isso não constitui ilegalidade a recusa de
105
Em sentido similar, o artigo 8º da Lei nº20/2007 de 12 de Junho relativa à Mediação Penal.
106
Esta Portaria encontra-se revogado e Atualmente está em vigor a Portaria nº1112/2005 de 28 de Outubro
que dispõe no artigo 10º/2 que “as partes têm de comparecer pessoalmente às sessões de pré-mediação e de
mediação, podendo fazer-se acompanhar de advogado, advogado estagiário ou solicitador”.
107
JOÃO CORREIA, Advogado e Primeiro Vice-Presidente do Conselho Geral expôs a sua opinião contra
este parecer no artigo “A Mediação, os Cidadãos e os Advogados”, in Boletim da Ordem dos Advogados, Nº23,
Lisboa, 2002, pág.52 e 53.
34
uma das partes de avançar para a mediação, pelo fato de a parte contrária estar acompanhada
de advogado”108.
Este advogado assevera que não está em causa um mandato judicial, mas sim,
quanto muito um mandato forense, ainda assim, na maioria das vezes nem se trataria de
mandato, já que no processo de mediação e com a presença das partes, são estas que
negoceiam e não o advogado, logo existiria assessoria pura. É de notar que mesmo não
estando presente o advogado nas sessões de mediação, os seus serviços não cessam.
108
JOÃO LUÍS LOPES DOS REIS, “Os advogados e a Mediação”, in Boletim da Ordem dos Advogados, Nº
23, Lisboa, 2002, pág.50.
109
DULCE LOPES e AFONSO PATRÃO, idem, pág.124.
110
Estabelece o enquadramento jurídico dos mecanismos de resolução extrajudicial de litígios de consumo, e
revoga o Decreto-Lei nº 146/99, de 4 de maio e o Decreto-Lei nº 60/2011, de 6 de maio.
35
Ao contrário da maioria dos litígios que estão a aderir lentamente aos meios de
resolução alternativa, no âmbito das relações de consumo a resolução alternativa suplantou
a litigância judicial111, o que se deve ao facto de o consumidor ser a parte mais frágil no
contrato e não dispõe dos mesmos meios económicos e jurídicos que o profissional. A
resolução alternativa destes litígios é favorável também para o profissional pela privacidade
inerente dos procedimentos. A resolução alternativa de conflitos de consumo112 não se limita
aos casos de arbitragem necessária para o fornecedor113, pois os profissionais começam a
recorrer à arbitragem (através da adesão prévia a um centro de arbitragem, ou inserem
cláusulas compromissórias nos contratos ou até mesmo através da celebração de um
compromisso arbitral) ou à mediação.
111
JOSÉ DUARTE DE ALMEIDA, “A Arbitragem na História do Direito Português (Subsídios)”, Revista
Jurídica, Nº 20, 1996, pág.12 a 23.
112
A resolução alternativa de litígios de consumo institucionalizada é desenvolvida pelos Centros de
Arbitragem de Conflitos de Consumo, pelos Centros de Informação Autárquica ao Consumidor (CIACs) e por
Associações de Consumidores.
113
Artigo 15º da Lei nº23/96, de 26 de Julho.
114
MARIANA FRANÇA GOUVEIA, Curso de Resolução Alternativa de Litígios, idem, pág. 45 e ss.
36
doutrinal porque não há um terceiro imparcial e como tal, não será raro a existência de
procedimentos de “conciliação” no âmbito de CIACs ou de associações de consumidores115.
Pelo disposto, por muito que o artigo 12º, nº1, alínea b) da Lei nº144/2015 permita
que as partes se façam representar ou acompanhar por advogado ou outro representante com
poderes especiais, como não há um terceiro imparcial, o denominado mediador, não estamos
perante a mediação, além de ser praticada e promovida como “mediação”.
115
SANDRA PASSINHAS, “Alterações Recentes no âmbito da Resolução Alternativa de Litígios de
Consumo”, in O Contrato na Gestão do Risco e na Garantia de Equidade coord. António Pinto Monteiro,
Coimbra, Instituto Jurídico, 2015, pág.371.
116
Esta posição data 4 de Junho de 2012.
37
6.2. Posição da Doutrina
Juan Vezzulla dispõe que “o advogado também poderá representar o seu cliente na
mediação. Neste caso, deverá consubstanciar-se dos interesses do cliente e não ir à mediação
com o intuito de vencer a outra parte ou de impor a sua perspetiva de solução. Pelo contrário,
esclarecido o problema, o advogado deverá procurar, junto da outra parte, as melhores e mais
satisfatórias soluções para ambas”119.
117
JORGE VERÍSSIMO, “Tem Dúvidas sobre a Mediação? Consulte o seu Advogado”, in Boletim da Ordem
dos Advogados, Nº 26, Lisboa, 2003, pág.64 e ss.
118
MARIA OLINDA GARCIA, idem, pág.169.
119
JUAN CARLOS VEZZULLA, idem, pág.107.
120
In How to mediate your dispute: finding a solution quickly and cheaply outside the courtroom, Berkeley,
Nolo Press, 1996, pág.123.
38
Mariana França Gouveia defende que o advogado tem a responsabilidade de
aconselhar a mediação para os litígios em que ela seja útil, para além da possibilidade não
só de assessoria como de representação do mediado pelo advogado, mesmo no âmbito dos
sistemas públicos de mediação. Para esta autora, será mais vantajoso para um melhor
consenso dos interesses em causa e para controlar a atividade do mediador. Esta autora
considera ainda que o papel do advogado deve ser bastante diferente daquele que ele
desempenha em tribunal, devendo permitir a intervenção principal para o mediado, evitando
uma postura competitiva.
Por outro lado, esta autora também admite que a representação em conflitos
pessoais pode impedir a negociação dos interesses, pois o advogado pode desconhecê-los ou
não os conhecer da melhor forma. Ainda assim, defende que na ausência do mediado, o
advogado que o represente, depreenda os interesses do mesmo.
Cátia Cebola concorda que o advogado deve aconselhar o seu cliente a recorrer a
mediação quando esteja perante um litígio em que esta seja útil e considera que o
acompanhamento das partes por advogado é necessário para impedir que as partes peçam
aconselhamento ou assessoria ao mediador, sendo que este último não o pode dar121.
121
CÁTIA CEBOLA, Resolução Extrajudicial de Conflitos: Um novo caminho, a costumada justiça, idem,
pág.72.
122
MÓNICA ROSSI e GRACIELA CORTI, idem, pág.8.
123
Allgemeiner Teil des Bürgerlichen Rechts II Das Rechtsgeschäft, 3ª Edição, Berlin – Heidelberg – Nem
York – Tokyo, 1979, pág.43.
39
Para Maria Olinda Garcia apesar de a mediação ter carácter privado, as sessões de
mediação não têm de se desenvolver de modo estritamente pessoal pois a lei permite que as
partes se façam representar além de permitir que as partes sejam acompanhadas por
advogado, advogado estagiário ou por solicitador. Caso haja este acompanhamento, o
princípio da confidencialidade vinculam também estas pessoas nomeadas de acordo com o
artigo 18º/3 da Lei da Mediação, com já foi referido anteriormente.
Há autores125 que consideram não ser possível existir mediação, sem os advogados
para assistir as partes.
124
SUZANNE J. SCHMITZ, What Should We Teach in ADR Courses?: Concepts and Skills for Lawyers
Representing Clients in Mediadion, Traduzido por Helder Kiyoshi Kashiwakura e revisado por Maíra Almeida
Dias e Breno Zaban Carneiro, In Havard Negotiation Law Review, Spring, 2001, disponível em
http://www.arcos.org.br/livros/estudos-de-arbitragem-mediacao-e-negociacao-vol2/segunda-parte-artigos-
dos-professores/o-que-deveriamos-ensinar-em-cursos-de-rad-conceitos-e-habilidades-para-advogados-que-
representam-clientes-em-processos-de-mediacao (consultado no dia 7 de Janeiro de 2015).
125
CARLOS PÉREZ POMARES, Perspectivas Y Tendencias En Mediación: El Papel Del Abogado, 2000,
disponível em http://www.mediate.com/articles/pomaresSP.cfm (consultado no dia 7 de Janeiro de 2015).
40
6.3. Posição Adotada
Entende-se normalmente que o advogado pode estar presente na mediação, mas esta
ocorre entre as partes, isto é, todo o processo circunda em volta das partes e estas detêm o
papel fulcral127. O advogado ao representar as partes, já não estamos perante a mediação mas
sim perante uma negociação. Todavia, a lei fala em representantes e da mediação entre
representantes, como já foi frisado com a análise do artigo 18º/1 da Nova Lei da Mediação.
126
SRDAN SIMAC, idem, pág.38.
127
JUAN VEZZULLA consagra esta ideia da seguinte forma “A filosofia da mediação é que as pessoas
envolvidas num conflito são as que melhor sabem como resolvê-lo”, idem, pág.89.
128
Cfr. JOSÉ LUÍS BOLZAN DE MORAIS e FABIANA MARION SPENGLER, Mediação e Arbitragem:
Alternativas de Jurisdição, Porto Alegre, Livraria do Advogado, 1999, pág.108 que dispõe “Embora estes
mecanismos pressuponham indivíduos agindo por si mesmos, por vezes, os advogados ou representantes das
41
Todo o processo da mediação obedece a uma lógica não competitiva entre os
intervenientes com o objetivo único, da procura do melhor acordo possível para ambas as
partes, em prol dos seus desejos e ambições, isto é, são as próprias partes que gerem os seus
conflitos.
pessoas jurídicas, grupos ou organizações então constituídos, firmam acordos que não são os que melhor
atenderiam aos interesses de seus clientes subordinados ou membros, e este é o problema da mediação.”
129
ANTÓNIO ARNAUT, Iniciação à advocacia, História – Deontologia - Questões Práticas, Coimbra,
Coimbra Editora, 2009, pág.51.
42
Concluindo, o advogado deverá ter um papel de ajuda plena para com o seu cliente
e não de intervenção plena no processo da mediação, pois essa são as partes que a detêm.
Como tal, o advogado poderá estar presente para prestar apoio e auxílio mas a mediação
ocorrerá sempre entre as partes. A presença do advogado não é obrigatória, uma vez que são
as partes a interagirem para resolver o litígio em causa.
Alguns mediadores admitem que a presença dos advogados nem sempre é favorável
nos procedimentos da mediação, pois ainda existe muita desconfiança da parte destes e ainda
estão habituados a processos muito “judiciários”130, baseados na lei e não nos interesses das
partes. O advogado tem de se mostrar mais confiante e flexível com a mediação.
130
MÓNICA GONÇALVES CARDOSO, A celeridade processual e os meios alternativos de resolução de
litígios, pág.36.
43
7. Conclusão
Nem todos os conflitos são mediáveis quer porque não cumpre os requisitos legais
de mediabilidade, quer pela natureza específica do conflito não o permita132 ou até mesmo
quando o nível de conflitualidade entre as partes é elevado para se puder recorrer a este meio
não judicial.
É de denotar que o advogado tem a função de preparar da melhor forma o seu cliente
para o processo da mediação e deve interiorizar parâmetros específicos, tais como a
cooperação e não competência, motivações e não discursos fechados e cristalizados,
criatividade e não reiteração de soluções “standart”, vontade das partes e não decisão de
terceiros, cooperação e confiança e não oposição e desconfiança134. Logo, ele não terá o
papel primordial da mediação, porém terá um papel determinante para que o seu cliente
consiga alcançar o que deseja com este meio extrajudicial de resolução de litígios.
131
MARIANA FRANÇA GOUVEIA, A mediação e o processo civil, idem, pág.1.
132
MARIA OLINDA GARCIA, idem, pág.185.
133
ANGELA LOPEZ, “Reflexão sobre a formação de mediadores”, in Mediation in action =A Mediação em
ação/ coord. José Vasconcelos-Sousa, Coimbra, Mediarcom/Minerva Coimbra, 2008, pág.107.
134
JUAN CARLOS VEZZULLA, idem, pág.108.
135
JUAN CARLOS VEZZULLA, idem, pág.117.
44
A mediação ainda não é vista como uma via prioritária para a solução de litígios
civis e comerciais, logo faltará o impulso136 de recorrer à mediação na medida em que esta
não tem carácter obrigatório137. Este impulso para a mediação depende somente da vontade
das partes, como tal é essencial a publicitação deste meio não judicial tão vantajoso para as
partes.
136
MARIA OLINDA GARCIA, idem, pág.186.
137
O recurso obrigatório a meios alternativos de resolução de litígios só existe com a arbitragem relativamente
aos litígios de consumo no âmbito dos serviços públicos essenciais (Lei nº23/96) ou nos litígios emergentes de
direitos de propriedade industrial quando esteja em causa medicamentos de referência e medicamentos
genéricos (Lei nº62/2011).
45
8. Bibliografia
46
BRAGA, Adolfo Neto, O uso da mediação e a atuação do advogado, Valor
Económico: São Paulo, 2004, Legislação e Tributos, pág. E-2, disponível em
http://www2.senado.gov.br/bdsf/bitstream/id/29146/1/noticia.htm;
BRUNET, E., CARVER, C.B., DEASON, Ellen E., Alternative Dispute Resolution
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47
CRUZ, Rossana Martingo, “A importância da União Europeia no fomento da
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GOODMAN, A. H., Basic Skills for the new mediator, Solomon Publications, 7th
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48
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faculdade de direito da universidade nova de lisboa, Volume 2, Lisboa, Edições Almedina,
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KNÖLTZ, Bettina, ZACH, Evelyn, “Taking the best from Mediation Regulations”,
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MOTA PINTO, Carlos Alberto de, Teoria Geral do Direito Civil, Coimbra Editora,
1976;
REIS, João Luís Lopes dos, “Os advogados e a Mediação”, in Boletim da Ordem
dos Advogados, Nº 23, Lisboa, 2002;
50
SANTOS, Boaventura, O acesso ao Direito e à Justiça: um direito fundamental em
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