4 zLivroGFACHFATSUS
4 zLivroGFACHFATSUS
4 zLivroGFACHFATSUS
ISBN
Prefixo Editorial: 917645
Número ISBN: 978-85-917645-7-0
Índice
Página Tópico
5 Apresentação
7 1 Tabela SIGTAP
7 1.1 Acesso
7 1.1.1 Link
8 1.1.2 Tela Inicial
8 1.1.3 Downloads Básicos
9 1.1.4 Manuais
10 1.2 Parâmetros
10 1.2.1 Tela Padrão
10 1.2.2 Codificação, padronização, enquadramento e detalhamento
11 1.2.3 Histórico de Atualização
12 1.2.4 Modalidades de Atendimento
12 1.2.5 Complexidade do Atendimento
13 1.2.6 Tipo de Financiamento
14 1.2.7 Idade e Sexo Compatíveis com o Procedimento
15 1.2.8 Instruções para Registro do Procedimento
16 1.2.9 Média de Permanência e Permanência à Maior
16 1.2.10 Quantidade Máxima
17 1.2.11 Valor
19 1.2.12 Pontos – Repasse aos Médicos
20 1.2.13 Compatibilidades
20 1.2.13.1 Compatibilidade do Procedimento com o Diagnóstico do Paciente (CID)
20 1.2.13.2 Compatibilidade do Lançamento com o CBO (Profissão)
21 1.2.13.3 Compatibilidade do Lançamento com a Habilitação do Estabelecimento
21 1.2.13.4 Procedimentos x Regras Condicionadas
22 1.2.13.5 Procedimentos x RENASES
22 1.2.13.6 Procedimento x Incremento
23 1.2.13.7 Procedimento x Serviço/Classificação
24 1.2.13.8 Procedimento x Componente de Rede
25 1.2.13.9 Procedimento x Leito
26 1.2.13.10 Compatibilidades entre Procedimentos
27 1.2.13.11 Compatibilidades de OPME
27 1.2.13.12 Compatibilidades entre Procedimentos e Instrumentos de Registro
Página Tópico
28 1.3 Capítulos
28 1.3.1 Grupos
29 1.3.2 Subgrupos (forma de organização e exemplos)
30 1.3.2.1 Subgrupos do Grupo 01 – Ações de Promoção à Saúde
32 1.3.2.2 Subgrupos do Grupo 02 – Diagnósticos
41 1.3.2.3 Subgrupos do Grupo 03 – Procedimentos Clínicos
52 1.3.2.4 Subgrupos do Grupo 04 – Procedimentos Cirúrgicos
69 1.3.2.5 Subgrupos do Grupo 05 – Transplantes
73 1.3.2.6 Subgrupos do Grupo 06 – Medicamentos
78 1.3.2.7 Subgrupos do Grupo 07 – OPME
80 1.3.2.8 Subgrupos do Grupo 08 – Ações Complementares
83 2 Controle da Receita
Página Tópico
Apresentação
Modelo GFACH – Gestão do Faturamento SUS
A motivação para desenvolvimento do Modelo GFACH se deu pelo fato de ter atuado como
gestor de tecnologia da informação em um dos hospitais privados mais conceituados do
Brasil durante 12 anos, e constatar que a formação dos profissionais que atuam nas áreas
comercial, de faturamento e de auditoria de contas era precária. Na verdade, quanto mais
o tempo passa, mais precária continua sendo a formação destas equipes hospitalares
porque os profissionais que se destacam neste tema são muito valorizados no mercado e a
maioria não se dispõe a desenvolver material e ministrar aulas porque no cenário de
financiamento da saúde brasileira isso é extremamente trabalhoso – posso garantir.
Anos depois, quando comecei a tomar contato com o SUS percebi que este tema no SUS
envolve menor complexidade em relação à saúde suplementar, mas isso não significa que
se trata de algo simples – transformar atividade assistencial em receita é complexo seja na
saúde suplementar, seja no SUS.
Fui percebendo que no SUS existe um fator dificultador adicional: o funcionalismo público.
Não me refiro às questões de salário, estabilidade de emprego e coisas do tipo, que são
dificultadores de menor impacto. O problema maior é que não existe carreira para estes
profissionais e, com raríssimas exceções, não existe programa de capacitação adequada
para que os responsáveis possam realizar a receita dos hospitais públicos e filantrópicos
adequadamente. Não existe processo seletivo adequado – quem atua nas áreas comercial,
de faturamento e de auditoria de contas hospitalares em hospitais públicos não prestaram
um concurso que exige especialização no tema, participou de um concurso geral, para
atuar na área administrativa.
O resultado deste cenário é que mais de 94 % dos profissionais que atuam nestas áreas em
hospitais públicos nunca fizeram um curso estruturado sobre a Tabela SIGTAP, aprendendo
como aplicar a tabela na sua atividade de forma correta e adequada.
Existem milhares de literaturas que tratam sobre a Tabela SIGTAP, mas de forma
superficial, sem relacionar a tabela com a realidade dos atendimentos – é comum ver
profissionais que atuam nesta área há décadas (mais de 20 anos) sem entender como
utilizar a tabela para faturar tudo quer é possível na realidade do seu hospital.
Particularmente, além dos cursos, presto consultoria nesta área em hospitais privados e
públicos, e costumo afirmar que “é líquido e certo que as contas hospitalares estão
erradas”, “que o hospital está perdendo receita”, etc. – falo isso de todos os hospitais (100
% deles) e demonstro quando inicio os trabalhos de consultoria. Tendo contato com mais
de 200 hospitais, públicos e privados, nunca conheci um único que não tenha apontado
alguma falha que representava perda de receita.
No caso dos hospitais que faturam SUS, a constatação é muito mais evidente. Geralmente
necessitamos apenas de um arquivo histórico com as AIHs de alguns meses do hospital
para demonstrar uma enormidade de falhas que geram perda de receita.
Quando fazemos isso (apontar falhas) o maior desânimo fica por conta de que não existem
interlocutores que realmente entendam o que necessita ser feito a partir de então para
mitigar a perda, porque os envolvidos não dominam a Tabela Sigtap, e nem sempre o
hospital está disposto a realizar um programa de capacitação.
Como a saúde pública interessa para todos os cidadãos, e quanto maior a perda de receita
dos hospitais por incompetência em faturar adequadamente, maior é o prejuízo da
população que depende destes hospitais para sobreviver, decidi desenvolver, dentro do
Modelo GFACH que já trata de faturamento SUS e Saúde Suplementar, um modelo
exclusivamente para Gestão do Faturamento SUS. E nos mesmos moldes dos demais
modelos que desenvolvi, deixar a disposição dos interessados um livro para download
gratuito e um curso EAD gratuito para quem necessita desta capacitação, mas não tem
recursos para comprar o livro ou pagar por um dos cursos que ministro, ou trabalha em
instituição que teima em não lhe dar esta capacitação.
Fico na torcida para que o maior número possível de profissionais baixe este livro e estude
a tabela através dele e do EAD gratuito para que possamos melhorar o sistema de
financiamento do SUS e reduzir o índice de 94 % de pessoas que fazem isso sem ter
capacitação adequada.
Boa leitura !
1 Tabela SIGTAP
Como o próprio nome define, ao contrário do que a maioria das pessoas que atuam em
administração hospitalar imagina, não se refere somente aos procedimentos, mas também
aos insumos: medicamentos de baixo e alto custo, e materiais de alto custo. Além do que
define o nome, refere-se também à diversos tipos de ações que não estão diretamente
relacionados ao atendimento de um paciente. Um serviço de saúde governamental, que
desenvolve ações de interesse do SUS, realiza diversas ações que são referenciadas na
tabela e não se tratam especificamente da atividade assistencial de curar doentes.
E os itens da tabela não são 100 % valorizados, porque grande parte deles estão sempre
incluídos em um contexto, por exemplo: item sem preço associado a um item que tem
preço. Estes itens não valorizados individualmente são tão importantes para o sistema de
financiamento como os demais, porque permitem que a gestão do sistema público possa
avaliar a produção dos estabelecimentos, e permitem que o próprio serviço de saúde possa
consistir (aferir, validar, comparar) a compatibilidade da sua receita, com os seus custos.
1.1 Acesso
1.1.1 Link
A tela inicial é exibida para que se faça a pesquisa em um item. Apesar de estar escrito
“Consultar Procedimento” é possível consultar qualquer item da tabela (medicamento,
OPM, etc.). Na própria tela inicial também existe um link que direciona para uma página
com downloads.
Existem versões do sistema para funcionamento off-line. Trabalhar off-line pode ser útil
para estabelecimentos que tenham dificuldade com o acesso à Internet.
1.1.4 Manuais
Os próprios manuais das versões on-line e off-line do sistema podem ser baixados em
formato PDF.
1.2 Parâmetros
A maioria absoluta dos preços da tabela está congelado há anos, dando a impressão aos
leigos que a tabela não sofre atualização. Muito pelo contrário, os parâmetros dos itens
são constantemente atualizados, inclusive alguns preços !
O item pode estar associado a mais de uma modalidade, e não é permitido lançar um item
associado a uma modalidade que não esteja associada na tabela.
O SUS divide seus recursos destinando as partes para remunerar os serviços de saúde
conforme a complexidade do atendimento, para evitar que uma determinada
complexidade seja atendida e outra não, e que a atenção possa ser feita de forma
integrada. Os itens da tabela são associados a essas complexidades de atendimento:
Atenção Básica: Ações de saúde, no âmbito individual e coletivo, para promoção e
proteção da saúde, prevenção de agravos, diagnóstico, tratamento, reabilitação e
manutenção da saúde
Média Complexidade Ambulatorial: ações e serviços para atender os principais
problemas e agravos de saúde, cuja complexidade da assistência na prática clínica
demande a disponibilidade de profissionais especializados e a utilização de recursos
tecnológicos, para o apoio diagnóstico e tratamento
Alta Complexidade: Envolve alta tecnologia e alto custo
Mutirão:
Ação coordenada para atender necessidade específica de uma região / endemia /
patologia / etc.
Transferido mensalmente por produção após o envio da base de dados ao Ministério
da Saúde
Define os instrumentos de registro que podem ser utilizados para lançar o item da tabela.
1.2.11 Valor
Situações Especiais
Incremento:
o “Percentual acrescido ao valor do procedimento. Vinculado à habilitação do
estabelecimento”
o Acréscimo definido conforme acordo, sem parâmetros (limites) pré-
definidos, de acordo com o interesse do sistema de saúde público
o Definido em Decreto / Portaria
Mutirão:
“Ação coordenada para atender necessidade específica de uma região /
endemia / patologia / etc.”
Preço definido conforme necessidade e/ou interesse do sistema de saúde
público
Preço diferenciado, Condições Específicas, sem parâmetros (limites) pré-
definidos
Definido em Decreto / Portaria
Procedimentos Concomitantes:
1.2.13 Compatibilidades
A tabela define uma série de compatibilidades, que são requisitos necessário para que seja
permitido lançar um item. Caso esteja definida uma compatibilidade, se o evento não
satisfizer a condição não é permitido o lançamento do item correspondente.
São algumas regras específicas que definem requisitos adicionais. Por exemplo: o
lançamento de acompanhamento multiprofissional em DRC estágio 04 Pré Diálise, está
condicionado aos lançamentos secundários do instrumento de registro terem valor = 0.
O Incremento é um dos raros atributos que podem alterar o preço de um item da tabela.
No exemplo:
O procedimento Litotripsia está associado aos serviços de classificação 169 (Serviço de
Atenção em Urologia), 153 (Atenção Especializada no Processo Transexualizador) ...
Se realizado associado a um estabelecimento não classificado como um dos que
constam na lista, o lançamento não é aceito.
Na prática utiliza-se para identificar, quando um determinado item da tabela foi revogado,
qual o componente substituto (ou similar) associado.
Na mesma linha do OPME excludente, existem regras que definem, por exemplo, que uma
vez lançado um procedimento em uma AIH, um outro procedimento específico não pode
ser lançado concomitantemente, mesmo que ele for compatível com o primeiro
(procedimento excludente).
1.3 Capítulos
1.3.1 Grupos
Portanto:
Tudo que for possível lançar, deve ser lançado
Se existe alguma barreira impedindo o lançamento de uma produção real:
o Ou a barreira deve ser eliminada
o Ou é recomendável que o serviço de saúde deixe de produzir
Esta última frase costuma chocar pessoas que se só se preocupam com o atendimento dos
pacientes. Não é culpa do estabelecimento se o SUS não remunerar pelos serviços
prestados à população que utiliza seus serviços. Se ele realiza serviços e não é remunerado
adequadamente na verdade não está ajudando a população – está prejudicando porque a
falta deste recurso vai implicar em que ele não produza tudo que tem potencial para
produzir. Então, se existe barreira para remunerar algo que é feito, é melhor parar de fazer
e destinar seus recursos para uma operação sustentável, que não dependa de esmolas.
Vamos aqui listar os subgrupos de cada grupo, listando alguns exemplos, e em alguns casos
comentar o que costuma ser de maior relevância dentro do nosso foco (faturamento).
Como nem sempre estes exames são realizados em unidades de diagnóstico, sendo boa
parte deles realizados em unidades de atendimento, nem sempre o registro ocorre de
maneira adequada para que o faturamento identifique que ele tenha sido realizado.
Por exemplo:
Se o exame de gasometria é realizado no laboratório de análises clínicas é pouco
provável haver perda de receita
Mas se este exame for feito dentro da UTI, ou do Bloco Cirúrgico, é comum que a
estrutura assistencial/administrativa desta unidade não produza documentação
adequada para que o faturamento identifique que o exame foi realizado – e a perda
ocorre.
Como o evento não está entro do fluxo de atendimento dos pacientes, naturalmente não é
notificado ao faturamento, e o registro não é feito – consequentemente originando a
perda.
O agravante é o fato de que a maioria destes testes tem resultado normal (dão negativo), e
nestes casos os testes nem mesmo são registrados na evolução do paciente.
Os nomes dos subgrupos são autoexplicativos e, com exceção do subgrupo 15, referem-se
a equipes de profissionais específicos.
Praticamente tudo que não se enquadra nas especialidades é relacionado neste subgrupo.
De mesma forma que o Grupo 02 – Diagnóstico, quando os procedimentos deste grupo são
realizados na unidade especializada, ou pela unidade especializada, ou são instruídos pela
unidade especializada, os registros ocorrem de forma adequada e consequentemente o
faturamento correspondente também.
Tudo que puder ser feito para que o processo de utilização e repasse seja o mais
transparente e simples possível deve ser feito, tanto para evitar perda de receita junto ao
SUS, como para evitar que a administração seja apontada como conivente nos casos de
fraudes ou de conduta antiética.
Por se constituir em um grupo cuja maioria absoluta dos lançamentos não se refere a itens
prescritos por profissionais assistenciais, é muito comum o subfaturamento.
2 Controle da Receita
Como em qualquer tipo de atividade econômica a receita necessita ser controlada. Não
existe atividade em que a receita se realiza sem controle:
O processo, as pessoas e tudo que envolve a realização da receita tende a se
acomodar ao longo do tempo
O mercado vai mudando e exigindo que a empresa se adapte às mudanças:
o Na área da saúde as mudanças devido a incorporação de nova tecnologia,
desenvolvimento de novos padrões de atendimento e de novas técnicas
assistenciais é constante;
o E a Tabela SIGTAP vai sendo atualizada em função disso, e de outras demandas.
Uma métrica simples é que a receita só se realiza se a informação necessária para que isso
ocorra seja tratada desde na origem.
Remoção:
o Transportar o paciente, ou um órgão do paciente, do serviço para um outro local
(residência, outro serviço, ou outro local), ou vice-versa;
o No caso do paciente, inclui não só o transporte, mas toda a assistência prestada a
ele durante o transporte;
Pronto Socorro:
o O conhecido atendimento de emergência, no sentido de que o paciente emerge
sem aviso, ou seja, não agendado;
o Este atendimento deve se limitar a eliminar a causa do risco ou dano imediato do
paciente, sem a pretensão de resolver doenças que são tratadas em outros tipos
de atendimento (internação, ambulatório, hospital-dia)
Atenção Domiciliar:
o Assistência prestada ao paciente na sua residência, ou em outro local que não
seja o próprio serviço de saúde, ou outro serviço de saúde;
o Pode abranger prevenção e/ou tratamento/acompanhamento;
Internação ou Hospital-Dia:
o Atendimento em que o paciente utiliza a estrutura hospitalar, permanecendo
internado (mais de 24 horas) ou não (hospital-dia);
o Quase que obrigatoriamente agendado;
Ambulatorial:
o Na prática tudo que não se encaixa (enquadra) nos demais:
Consultas Médicas
Outras Consultas Multidisciplinares
Terapias (Fisioterapia, Reabilitação, Quimioterapia, etc.)
Pequenos Procedimentos Ambulatoriais (Ex: Drenagem de Abscesso)
SADT (exames laboratoriais, de radiologia geral, etc.)
Oficinas e Orientações ao Paciente, Acompanhante e Comunidade
Fornecimento de Medicamentos
Fornecimento de Materiais (OPME)
o Não deveria existir no âmbito hospitalar:
Quando inserido no ambiente hospitalar geralmente representa:
Cerca de 90 % do volume de pacientes atendidos
Cerca de 5 % da receita obtida
Controle de vagas deveria ser realizado exclusivamente pela
Secretaria/Ministério da Saúde.
Uma regra básica: um paciente não pode ser faturado em mais de um tipo de atendimento
ao mesmo tempo. Ex.: não é possível faturar atendimento ambulatorial enquanto o
paciente estiver internado.
A figura indica os grupos e subgrupos que contém itens associados à atenção domiciliar:
01.01 – Ações Coletivas e Individuais (*)
02.01 – Coleta de Material
02.11 – Mét. Diag. em Especialidades
02.14 – Diagnósticos por Teste Rápido (*)
03.01 – Consultas Atendimentos Acompanhamentos (*)
03.02 – Fisioterapia
03.03 – Outras Especialidades (*)
03.05 – Nefrologia (*)
03.07 – Trat. Odontológico (*)
03.08 – Trat. Lesões Envenenamento (*)
03.09 – Terapias Especializadas (*)
04.01 – Peq. Cirurgia
04.14 – Bucomaxilofacial (*)
04.15 – Outras Cirurgias
Na essência associado apenas ao subgrupo 03.01, mas são pontos de atenção importantes:
Vários CBOs diferentes nas equipes – a atenção psicossocial é por essência
multidisciplinar:
o Permite registro para cada um deles
o Exige que cada um deles evolua o atendimento
Enquadramento
o Mesmo procedimento com valor diferente (INCREMENTO)
Importante não associar tratamentos que não têm a ver com atenção psicossocial
com o fato do paciente estar sob este tipo de cuidado. Exemplo:
o Paciente internado em psiquiatria necessita controle de diabetes (atendimento
clínico “fora do pacote”).
2.1.4 Ambulatório
O maior ponto de atenção é que, dada a diversidade de atendimentos que se pode fazer
em ambulatório, abrange praticamente todos os grupos e subgrupos da Tabela SIGTAP:
Diversidade de Profissionais:
o Envolve praticamente 100 % dos CBOs catalogados
o Em um mesmo atendimento é possível lançar todos eles separadamente
Enquadramento:
o Diversidade de códigos que podem ser enquadrados dependendo de nuances
(detalhes) com preços significativamente diferentes
o Ex.: mesmo procedimento em paciente classificado com ou sem alguma espécie
de transtorno
Itens “administrativos”:
o Que não são diretamente relacionados, ou identificados, a partir de um registro
assistencial
o Ex.: manutenção / conserto de aparelho ortodôntico / ortopédico
Fornecimento de OPME:
o Lança o OPME, mas não lança a adaptação, a orientação, etc.
2.1.5 Hospital-Dia
No Grupo 02 – Diagnóstico:
o Os exames de baixa complexidade têm Preço = 0
O maior ponto de atenção fica por conta de evitar que alguns procedimentos sejam
realizados durante a permanência-dia, quando seu valor na tabela é = 0:
Exames de Baixa Complexidade (Ex: Laboratório e Radiologia Geral);
Alguns procedimentos multidisciplinares (Ex: Odontologia).
2.1.6 Internação
A figura ilustra que a Internação abrange praticamente todos os itens da Tabela SIGTAP.
O paciente não é internado para fazer traqueostomia – mas ela pode ser feita
As complicações pós cirurgia, pós transplante ... pós tratamento em geral ...
geralmente estão reportadas em evoluções tipo texto
Qualquer lançamento deve ser evidenciado, ou seja, deve haver evidência de que o
procedimento foi realizado e/ou o insumo foi utilizado.
A situação ideal é que o faturamento ocorra de modo rotineiro, constante, sem períodos
de fechamento que geram picos de serviço, sempre indesejáveis porque expõem os
envolvidos a situações de pressão.
Caso haja necessidade de priorizar o faturamento, tendo que escolher o que fazer primeiro
e o que pode ficar para depois, é importante reforçar como a receita se realiza a partir dos
vários tipos de financiamento do sistema SUS.
O que deve ser priorizado deve seguir a seguinte ordem, sendo o primeiro da lista o mais
urgente:
1º. Mutirão, que além de ser repassado no período seguinte, geralmente tem valor maior
que o normal;
2º. FAEC, porque geralmente está associado ao extra teto, ou seja, valor adicional ao que
está acordado (contratualizado);
3º. MAC, por se referenciar aos maiores valores do que está contratualizado, ou seja, o
prazo para quebra de caixa é maior, e os valor envolvido é o maior da
contratualização;
4º. PAB, porque está referenciado aos menores valores do que geralmente está
contratualizado, ou seja, o prazo para quebra de caixa é maior, e o valor envolvido é
menor
2.3.3 Contratualização
A base de dados formada pelos registros do faturamento tem valor inestimável em relação
a tudo que ela pode proporcionar na gestão dos estabelecimentos de saúde.
3.1 Produção
3.2 Produtividade
Por exemplo:
Volume de consultas realizadas por médico, por hora;
Horas de Sala Cirúrgica por Equipe;
Volume de consultas por especialidade, por hora de ambulatório;
Consultas realizadas x capacidade de consultas do ambulatório;
Número de pacientes-dia x capacidade de internação.
Utilizar a base de dados de faturamento como base para repasse de médicos e outros
profissionais multidisciplinares é a forma mais segura de evitar fraudes.
Ao adotar esta ferramenta como base, o estabelecimento leva para o processo de repasse
todas as consistências da Tabela SIGTAP, minimizando o risco de pagamento para
prestadores referente aos procedimentos incompatíveis com a prática médica.
Uma prática comum no mercado brasileiro em relação aos médicos, é pagar salário fixo,
acrescido de um percentual sobre o valor faturado do procedimento – esta prática tem se
mostrado a mais eficiente para garantir a produtividade do profissional e ao mesmo tempo
mantê-lo motivado a produzir.
Pode-se utilizar a mesma métrica adotada em relação aos médicos para pagamento aos
fornecedores estratégicos (dos itens de alto custo), vinculando o pagamento ao encaixe do
faturamento.
Esta prática é muito utilizada para reduzir o risco de fraudes, especialmente em relação ao
OPME em estabelecimentos especializados em ortopedia, cardiologia e neurologia.
Mas também é utilizada, embora em menor escala, em relação aos fornecedores de dietas
especiais e medicamentos de alto custo:
Ao vincular o pagamento ao encaixe de faturamento o administrador minimiza os
casos de desvios e excesso de fornecimento, muito frequentes em hospitais
vinculados à administração direta
Particularmente o excesso de fornecimento é danoso porque pode levar à perda de
validade do insumo.
4 Gestão do Faturamento
Esta prática diferencia uma estrutura de faturistas, que apenas desempenham a atividade
de faturar, da estrutura de gestão, que busca a melhoria efetiva da atividade de faturar e
melhorar os processos de obtenção das receitas.
Na prática o que acontece é bem isso – quanto mais madura está a estrutura de gestão
mais funcionalidades automáticas foram implementadas em sistema.
Mas é importantíssimo citar que os processos podem (e devem) evoluir mesmo se não
houver aporte tecnológico – a padronização e a sistematização dos lançamentos com base
em check-lists e kits é fundamental, com ou sem sistema apoiando com funcionalidades
automáticas e/ou integradas.
Caso o estabelecimento não esteja neste nível, é recomendável que os documentos que se
relacionam com a formação das contas sigam um padrão, mesmo que próprio, dotando os
processos da qualidade necessária para interpretação, codificação, etc.
Mesmo nestes raros pioneiros casos, a maioria absoluta dos documentos se encontra fora
dele, dispersos pela rede de dados interna, em repositórios na internet e dispersos em
computadores sem gerenciamento de conteúdo.
Deve-se eliminar ao máximo a prática de, a cada evento, o profissional envolvido ter que se
lembrar de todos os lançamentos associados. O risco da memória falhar é líquido e certo.
Especialmente em hospitais gerais, que têm ambulatório, pronto socorro, SADT e realizam
internações clinicas e cirúrgicas, a variedade de procedimentos é gigantesca para que se
façam kits de todos os procedimentos:
Recomenda-se priorizar o desenvolvimento dos kits para os procedimentos mais
frequentes
E para os procedimentos cirúrgicos de maior porte, especialmente os que envolvem
cirurgias sequenciais.
O exemplo ilustra que a partir do POP de preparação de uma cirurgia ortopédica, pode-se
definir um kit com procedimentos médicos, anestésicos, exames e OPME.
Mas é importante ressaltar que o conceito do kit pode ser aplicado em qualquer tipo de
atendimento, inclusive ambulatorial.
É mais simples e seguro lançar diárias de UTI a partir do mapa de pacientes internados na
UTI do que identificar a passagem deles pela UTI nos prontuários. Mesmo que existe
sistema informatizado que lance a diária automaticamente, é recomendável que
periodicamente se faça uma auditoria de lançamentos, por amostragem.
A melhor prática é:
Desenvolver o máximo de check-lists, para cada tipo de situação, evitando poluir o
check-list utilizado por uma área com itens que não são utilizados;
Envolver os próprios profissionais assistenciais no desenvolvimento, procurando
produzir uma ferramenta que seja mais adequada possível para a sua utilização.
Uma prática extremamente importante, quando não existe sistema informatizado para
solicitação de exames, é criar pedidos de exames em formato check-list, por especialidade:
Laboratório, Raios-X, etc.;
Esta prática evita perda líquida e certa relacionada a interpretação e codificação por
parte dos leigos do faturamento.
A figura abaixo ilustra um check-list de atendimento domiciliar, em que nas linhas estão
listados todos os itens que podem ser lançados pela equipe, e nas colunas os especialistas
que fazem parte da equipe.
Esta prática é uma conveniência, para auxiliar o paciente a não ter que se deslocar 2 vezes,
algo indesejável para pacientes que dispõem de poucos recursos financeiros.
Mas se o hospital internar o paciente no primeiro dia estará sendo prejudicado porque os
exames na AIH estarão sendo registrados com valor = 0.
Este conceito vale também para o caso do paciente permanecer internado para realização
de procedimentos ambulatoriais de acompanhamento. Se for possível é melhor deixar o
paciente em alojamento, encerrando sua internação, para registrar os procedimentos
ambulatoriais em regime ambulatorial e não em internação.
O exemplo está ilustrando um procedimento de baixo valor, mas é importante citar que
existem procedimento cirúrgicos, de valores importantes, que se enquadram no mesmo
cenário e podem causar grande perda de receita para o estabelecimento quando
apontados sem critério bem definido.
Por tudo que foi exposto até aqui, fica mais do que evidente que a gestão do faturamento
não ocorre de forma adequada somente dentro do departamento de faturamento:
Por envolver questões técnico-assistenciais
Por envolver processos que mesclam assistência, retaguarda assistencial e retaguarda
administrativa;
E por envolver profissionais que tem foco em atividades conflitantes.
Deve-se evitar que estas reuniões sejam pautadas com discussões de casos particulares – o
grupo não pode se prestar a discutir assuntos que na verdade devem ser resolvidos na
rotina diária, sob pena de acabar se transformando em um fórum de reclamações que
acaba desmotivando os integrantes, ao invés de motivar.
Como a receita está diretamente associada à produção assistencial, uma boa prática é
apresentar resumos de faturamento aos responsáveis pelas áreas assistenciais.
É praxe em qualquer estabelecimento de saúde que o responsável por área produza mapas
de produção – é uma atividade da essência do ato de gerir qualquer área.
Esta tabulação pode ser por departamento ou por profissional. Sempre que houver indícios
de que um determinado volume de faturamento não esteja compatível com a produção
real, a melhor prática é envolver o próprio responsável pela área, ou profissional.
O gráfico demonstra picos e vales que devem ser validados com o responsável da área:
Estas variações podem ser resultantes da sazonalidade do atendimento na
especialidade;
Em hospitais públicos os vales podem ser resultantes da falta de profissional para
manter o serviço funcionando em casos de férias e licenças. Este vale pode se
transformar em pico nos meses seguintes.
Considerando que:
A Tabela SIGTAP vai sendo atualizada
Os profissionais multidisciplinares mudam (são substituídos)
A prática comum é periodicamente extrair da tabela SIGTAP tudo que ela permite de
lançamento para cada CBO (profissão), apresentar aos profissionais e solicitar que eles
revisem quais os itens da tabela correspondem às atividades que eles realizam no serviço.
A figura exemplifica uma planilha Excel gerada a partir da exportação da Tabela SIGTAP.
Uma vez revisada a lista pelos profissionais, ajustar os check-lists e os kits correspondentes,
dentro e fora do sistema informatizado.
Esta atividade é útil inclusive para o próprio cirurgião que pode passar a ter conhecimento
de algum material que antes não podia utilizar, a agora passou a ser possível.
Por exemplo, a figura ilustra que em determinado período existem 117 AIHs do
procedimento 4.08.05.017-9:
O valor médio das AIHs para este procedimento é R$ 4.192,71;
O valor médio de OPME é de R$ 1.017,34 ....
O exemplo real abaixo demonstra perda de faturamento histórica em 31 das 117 AIHs, que
não ocorreria se o item fizesse parte de um kit.
A figura ilustra que o ticket médio das AIHs para o procedimento 4.08.01.014.2 é de R$
815,99 no estabelecimento, sendo de R$ 525,19 nos outros estabelecimentos pesquisados.
Podem haver itens lançados em outros estabelecimentos que não são lançados e podem
aumentar ainda mais o valor médio total:
Faz-se a mesma análise do benchmarking interno procurando identificar estes itens, e
se for o caso inserir no kit.
Fechamento do Cenário
Todas as pessoas que conheço que tiveram a oportunidade de atuar em Faturamento,
Auditoria de Contas, Gestão Comercial, Gestão de Custos, Informática, Processos,
Qualidade, Planejamento e Administração Hospitalar Pública e Privada são unânimes em
afirmar que se a Tabela SIGTAP fosse aplicada na Saúde Suplementar o sistema privado de
financiamento seria muito mais simples.
E assim afirmamos que o custo da Saúde Suplementar seria muito menor, pagaríamos
menos pelos planos de saúde, e a ANS seria infinitamente menor do que é.
Mas isso não quer dizer que é simples faturar SUS – é apenas menos complexo que faturar
Saúde Suplementar.
Faturar SUS é uma forma justa de remunerar pelo que se realiza assistencialmente, e é
uma ciência que exige estudo, capacitação e envolvimento como qualquer outra para ser
materializado de fora adequada.