Resumo Direitos Fundamentais 1
Resumo Direitos Fundamentais 1
Resumo Direitos Fundamentais 1
No plano das ideias existe a vertente absoluta mais relacionada com as posições de
John Locke e a vertente relativa mais relacionada com o posicionamento de Thomas
Hobbes.
No plano político-constitucional
No plano técnico-jurídico:
Não se pode falar de direitos fundamentais antes do século XVI-XVII sem a prévia
personalização jurídica do Estado, não poderia ser concebida uma figura que
pressupunha precisamente um relacionamento entre duas entidades jurídicas: uma
pessoa individual e o Estado.
A magna carta sendo o primeiro tratado com direitos fundamentais, mas tratou-se
apenas de direitos fundamentais destinados aos Ingleses, sendo atribuídos a certas
classes sociais da época. Mas, no entanto, é um documento escrito que limitou o poder
da altura, sendo o primeiro texto de direitos fundamentais interno. Progressivamente
estendido pelos tribunais à generalidade dos ingleses, já se descobrem: a essência da
garantia do habeas corpus e a essência de outras garantias, nomeadamente
enunciadas no Bill of Rights e ainda elementos como o rule of law.
São precisamente esses “direitos dos ingleses” que vão surgir (mais tarde) como
direitos dos homens, como direitos do homem e do cidadão e como direitos e
garantias individuais. Foi em virtude do processo de positivação e de
institucionalização destes direitos do homem que a moderna categoria dos direitos
fundamentais veio a obter a configuração que atualmente apresenta, podemos
considerar que na génese próxima dos direitos fundamentais se encontramos seguintes
marcos jurídicos fundadores: o habeas corpus e o Bill of Rights, a declaração de direitos
da virgínia e a declaração dos direitos do homem e do cidadão.
Para que se desse a transformação dos direitos do homem, que eram sobretudo
direitos pré-estatais de validade ético-social em direitos fundamentais, e para que se
pudesse dizer que os direitos básicos da pessoa humana gozam de um padrão elevado
de efetividade jurídica, muito ocorreu em dois séculos. A validade jurídica dos direitos
do homem está desde logo condicionada pelo Estado e pelo direito do estado.
Em termos muito gerais, desenvolvem-se, desde o século XVIII, pelo menos quatro
linhas independentes entre si:
• União Europeia
• ONU
• Concelho das Nações Unidas
• Concelho da Europa
Terminologia e tipos de direitos fundamentais
Diferenças no:
função de sistema: este artigo acaba por corroborar uma solução intermedia, nos
liberdade e os direitos sociais, mas ao mesmo tempo pressupõe que muitos destes
direitos sociais não são tecnicamente assimiláveis aos direitos, liberdades e garantias.
(Sentido do art.17o)
garantias como dos direitos económicos, sociais e culturais) e a dificuldade que advém
para a tese de que todos os direitos económicos, sociais e culturais têm um conteúdo
• Entre outros...
relativamente autónomos:
Expressão da doutrina para designar os direitos fundamentais que são recebidos para
cláusula do artigo 16 nº1 da CRP
Conceito de Direitos Fundamentais
O que significa que vivemos num Estado de direito? – artigo 2º CRP e artigo 16 da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
Direitos de personalidade
• Posições jurídicas fundamentais do homem que ele tem pelo simples facto de
nascer e viver; são aspetos imediatos da exigência de integração do homem ou
da subjetividade; são condições essenciais ao seu ser e dever; revelam o
conteúdo necessário da personalidade
• Emanações da personalidade humana em si
• Direitos de exigir de outrem o respeito da própria personalidade
Os direitos de personalidade têm por objeto, não algo exterior ao sujeito, modos de ser
físicos e morais da pessoa ou bens da personalidade física, moral e jurídica ou
manifestações parcelares da personalidade humana ou defesa da própria defesa da
dignidade. Mas sobretudo, são distintos o sentido, a projeção, a perspetiva de uns e
outros direitos. Os direitos fundamentais pressupõem relações de poder, os direitos de
personalidade relações de igualdade. Os direitos fundamentais pertencem ao domínio
do direito constitucional e os direitos de personalidade ao domínio do direito civil
Os direitos de personalidade não têm uma projeção especial face ao Estado, ao passo
que os direitos fundamentais pressupõem sempre um relacionamento direto e uma
especial vinculação do Estado. Se há direitos de personalidade que têm objeto idêntico
aos dos direitos fundamentais, há muitos direitos fundamentais que não têm uma
relação direta com bens de personalidade.
Situações funcionais
Diferenças:
Interesses difusos
• O estado foi o berço dos Direitos Fundamentais, mas, nos dias de hoje, o Estado
não tem o monopólio de defesa destes direitos
• Com os horrores da 2ª Guerra Mundial dá-se uma transição e os direitos
fundamentais iniciam um processo de internacionalização (se prejuízo de que já
existiam alguns indícios antes)
• Exemplos: a Carta das Nações Unidas (1945) a Convenção Europeia para a
Proteção dos Direitos do Homem do Conselho da Europa (1950)
A dignidade é um princípio que envolve todos os outros princípios relativos aos direitos
e aos deveres do Estado perante as pessoas. Este princípio é relativamente aberto, uma
vez que se pode ponderar a dignidade de uma pessoa e a dignidade de outra, mas não
deixa de encerrar um valor absoluto.
O ofendido tem o direito de intervir no processo nos termos da lei (art. 32o, no7) e de
obter adequadas medidas de proteção e segurança. A dignidade da pessoa permanece,
independentemente dos seus comportamentos, mesmo quando ilícitos e sancionados
pela ordem jurídica. Por isso, nenhuma pena envolve como efeito necessário a perda
de quaisquer direitos civis, profissionais ou políticos (art. 30o, no 4), nenhuma tem
caráter infame; e os condenados a quem sejam aplicadas penas ou medidas de
segurança privativas da liberdade mantêm a titularidade dos direitos fundamentais,
salvas as limitações inerentes ao sentido da condenação e às exigências próprias da
respetiva execução (art. 30o, no 5).Por seu turno, o ofendido tem o direito de intervir
no processo (art. 32o, no 7) e de obter adequadas medidas de proteção e reparação.
Princípio da Universalidade
Por um lado, em relação a todos os cidadãos portugueses, ainda que se encontrem fora
do território nacional, e por outro lado todos os estrangeiros que residam em território
português, são titulares de direitos fundamentais.
Os estrangeiros que estão em Portugal também tem exceções como se pode ver no art.
15o, no 2 CRP. Ideia de que as pessoas coletivas também têm direitos fundamentais
(ex: direito ao nome, imagem, propriedade, etc.), desde que se adeque, ou seja que
são compatíveis com a sua natureza.
Numa leitura sobre o artigo 12º nº1: os direitos fundamentais erguem-se como
direitos dos portugueses, mas a maior parte dos autores não faz uma leitura literal da
norma e entende que os direitos fundamentais são os direitos de todos e não apenas
dos portugueses, exceto nos casos em que a constituição ou a lei estabelecem uma
reserva de direitos para os cidadãos nacionais.
Será que todos os cidadãos portugueses são titulares dos mesmos direitos? Em termos
de titularidade de um português rico tem sempre os mesmos direitos que um
português pobre? – há muitos direitos que não são de todas as pessoas nem sequer de
todos os cidadãos portugueses, mas apenas de algumas categorias de pessoas
determinadas em função de diversos fatores: situação familiar (direito dos pais dos
filhos, dos cônjuges), a idade (direitos das crianças, dos jovens e dos idosos) a posição
no sistema económico (direitos dos trabalhadores)
E as pessoas coletivas?
O artigo 12º nº2 refere que as pessoas coletivas gozam dos direitos e são sujeitas aos
deveres compatíveis com a sua natureza. Algumas observações:
Princípio da Igualdade
Concebe-se a igualdade como uma intenção normativa que a lei é chamada a realizar,
devendo ser usado como instrumento ativo de igualização, de promoção da justiça
social e da igualdade efetiva de oportunidades.
Princípio da proporcionalidade
As Gerações Futuras
Quando hoje se fala em direitos das gerações futuras ou em deveres para com elas, o
cerne do problema não se situa aí, mas sim em âmbitos diversos – no da justiça entre
gerações e no da sustentabilidade.
• Sustentabilidade ambiental;
• Sustentabilidade cultural;
• Sustentabilidade laboral;
• Sustentabilidade financeira e dos serviços sociais.
Aceitam-se direitos das gerações futuras ou considerem-se tão só deveres das gerações
presentes para com elas, sem dúvida existe um princípio de solidariedade entre as
gerações proclamado a respeito do ambiente (art. 66o), mas que decorre do objetivo
fundamental assumido pela constituição de construção de uma sociedade livre, justa e
solidária (art. 1o).
Por outro lado, essa solidariedade ou equidade intergeracional não pode deixar de
estar voltada para as gerações vindas do passado, para os idosos (art. 72o), o que
implica que as políticas de sustentabilidade dos sistemas de segurança social tenham
de respeitar o princípio da proteção da confiança.
Dificuldades práticas:
O artigo 18º da CRP, contém as mais importantes regras e os mais relevantes princípios
que integram o regime material dos DLG ao qual se refere também o artigo 17º
O artigo 18º não esgota o regime constitucional dos direitos, liberdades e garantias e
deve ser lido em sintonia com o regime orgânico (artigo 165º) e de revisão
constitucional (artigo 288º), bem como outras regras e princípios como o da proteção
da confiança (artigo 2º), o do carácter excecional de suspensão (artigo 19º) e o da
proteção jurídica e jurisdicional (artigo 20º)
Aplicabilidade imediata
A aplicabilidade direta significa que os preceitos que enunciam DLG são normas
suscetíveis de execução imediata, podendo ser diretamente invocada pelos seus
beneficiários.
Os DLG conferem posições jurídicas subjetivas que os seus titulares podem invocar
perante as autoridades públicas. Não é absoluta e tem limites, portanto para certos
direitos fundamentais, o legislador tem de atuar e, de certo modo, complementar o
que diz a CRP, exemplo desta complementação legislativa (artigo 26ª nº2)
Vinculabilidade de todas as entidades públicas
Todas as entidades públicas e não apenas o Estado ou entes estaduais, seja qual for a
sua forma jurídica e seja qual for o modo de atuação
Em termos esquemáticos:
Em caso de desrespeito por um desses direitos há pelo menos três institutos a reter:
Estando perante uma lei inconstitucional, por violação de DLG, poderão os órgãos
administrativos recusar-se a aplicar essas normas legais (Desaplicação)?
O artigo 18º, nº1 diz também que os preceitos constitucionais respeitantes aos DLG
vinculam as entidades privadas. Uma vez que não se compreenderia uma sociedade e
uma ordem jurídica em que o respeito da sociedade e da autonomia da pessoa fosse
procurados apenas nas relações contra o Estado, não basta limitar o poder político, é
também importante assegurar o respeito das liberdades de casa pessoa pelas demais
pessoas e agentes sociais.
Tipicamente são duas teorias para explicar o sentido do artigo 18º nº1:
Para a doutrina da eficácia direta (Hans Carl Nipperdey), os preceitos dos DLG têm
uma eficácia geral, vinculando diretamente, e de forma imediata, as pessoas singulares
e coletivas privadas: “aplicam-se também às relações entre particulares e, em principio,
nos mesmos termos em que se aplicam às relações entre os particulares e o Estado”, e
este dever geral de respeitar e não infringir os direitos alheios constituiria mesmo,
implicitamente, “o primeiro dos deveres fundamentais da CRP”. Além disso, a
vinculação impor-se-ia à luz da verificação da natureza objetiva das normas de DF
(enquanto valores comunitários, que seriam transformador em princípios objetivos da
ordem civil).
Restrições legais
O artigo 18º contém as regras e os princípios mais relevantes do regime material dos
direitos, liberdades e garantias e, em especial, o regime constitucional das restrições
legais a estes direitos:
Restrição VS suspensão
O princípio do carácter restritivo das restrições tem na reserva de lei o seu pressuposto
fundamental: as restrições aos DLG só podem ser efetuadas por lei, por lei parlamentar
ou por decreto-lei devidamente autorizado