Eneada V COMPLETO 9z7uxk
Eneada V COMPLETO 9z7uxk
Eneada V COMPLETO 9z7uxk
Enéada V
Introdução, tradução e notas de
Juvino A. Maia
Ilustração da capa:
Testa ritratto di Plotini (inv. SBAO 1386)
Dalla Domus del Filosofo (1940)
Marmo – III secolo d.C.
Conselho Editorial
Hildeberto Barbosa Filho – UFPB
Milton Marques – UFPB
Marcos Nicolau – UFPB
Roseane Feitosa – UFPB (Litoral Norte)
Dermeval da hora – Proling/UFPB
Helder Pinheiro – UFCG
ISBN 978-65-5608-336-0
EDITORA LTDA.
www.ideiaeditora.com.br
contato@ideiaeditora.com.br
SUMÁRIO
ENÉADA V
Livro I
Introdução
V 1 (10)
Livro que trata dos fundamentos da doutrina de Plotino e traz à luz o
pensamento acerca de cada hipóstase; a questão inicial é a ‘queda’ das
almas: o que as faz deixar o mundo inteligível e descer ao mundo
sensível, onde terão pelos sentidos do corpo contato com prazer e dor?
A ousadia (τόλμα) é o ponto inicial que dá acesso à geração, à primeira
alteridade e a deliberar sobre si; essa ousadia da alma representa sua
própria determinação, pois não se pode pensar que algo a tenha
obrigado a isso, ela mesma vai de encontro à geração, alterando seu
ambiente e deliberando sobre si mesmas por sua autodeterminação. O
problema é que, ao se afastar, elas passam a esquecer sua origem e o
deus que é seu fundamento, ao mesmo tempo passam a valorizar aquilo
de que se aproximam, chegando a se desvalorizar. Para retornar ao que
é uno e primeiro, o que ela deve buscar? Elas se admiram do que tem
vida pela Alma, mas deveriam antes se admirar de si mesmas, pois elas
mesmas são partes daquela, não como partes que dão vida
individualmente, mas como algo único e em toda parte, como princípio
fundamental, como o cosmo é deus único pela potência da Alma, que
se reflete em cada alma individual. E se ela é a causa de tudo animado
SUMÁRIO
Enéada V – Livro I |7
ser deus, inclusive nós mesmos, é necessário que ela seja um deus
anterior, de que provenha toda vida, porque ela criou todo vivente e os
pôs em movimento, sendo, portanto, superior. E como ela transmite a
vida? Ela contempla a Inteligência e o Uno; da mesma forma a alma do
cosmo a contempla em tranquila harmonia em toda parte do cosmo,
deixando tudo que é matéria, tudo que é encanto da natureza, tudo de
que se encantam as almas individuais, olhando para si mesma. Assim
também estas podem alcançar a beleza pura, deixando os encantos da
matéria e tudo que as enlaça e prende a este todo. Tudo isso só acontece
porque a Alma vem ao cosmo vertendo luz em toda parte, iluminando
e animando, dando a imortalidade e fazendo-o deus, porque sua
emanação vem a ser no mundo, não deixando de contemplar sua
origem. Sem ela o cosmo é corpo sem vida, com ela é um deus bem-
aventurado com movimento inteligente. Desse modo a Alma reproduz
o ato da Inteligência, que tanto vem a ser em tudo, quanto cria tudo,
assim a Alma vem a ser na natureza que ela mesma criou, dando
conformação através da racionalização das formas; mas tudo isso
acontece porque a Inteligência cria as formas sendo de forma inteligente
(νοοειδὴς). Por isso a Alma é imagem da Inteligência, porque ela age
como matéria que recebe a forma, no mundo sensível, ao olhar para
dentro da Inteligência e ver o que é familiar e o recriar dando-lhe
configuração racional. Assim a Inteligência é que provê, como um pai,
a necessidade do filho, que não tem a sua perfeição, e por isso a Alma
é inteligente, por ter sua hipóstase na própria Inteligência. Nesta está a
verdadeira compreensão de tudo e a verdadeira vida, pois ela encerra
em si todos os inteligíveis, estando em tudo ao mesmo tempo, sem
tempo, pois para ela há somente “é”, não havendo qualquer alteração
de tempo ou espaço, pois estes não são nela, que cria inclusive a Alma,
que está em tudo, mas a seu tempo, em cada uma das coisas criadas. Na
SUMÁRIO
Plotino |8
SUMÁRIO
Enéada V – Livro I |9
SUMÁRIO
P l o t i n o | 10
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 11
esse sinal que temos alcance do Uno, que nos sentimos com ele e que
dele dependemos, como se estivéssemos na extremidade de um círculo
formado desde seu centro; essa força atrativa é a inteligência. No
entanto, mesmo tendo tudo isso do maior valor, não conseguimos
garantir que tenhamos pleno gozo dessa capacidade, pois muitos nem
mesmo desconfiam dela em si mesmos, o que é absurdo; é preciso estar
atento ao som que vem de cima, esquecendo ao máximo outros sons,
para que nossos sentidos possam comunicar ao receber esses sons. Isso
não se dá sem esforço e atenção ao princípio de que provêm a
Inteligência e ao que ela cria.
Ἐννεάς Ε´
αʹ
Περὶ τῶν τριῶν ἀρχικῶν ὑποστάσεων
SUMÁRIO
P l o t i n o | 12
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 13
ENÉADA V
Livro I
V 1 (10)1
1. Que é o que fez certa vez as almas esquecer-se de deus pai, sendo
moiras2 de lá e inteiramente daquele lugar, desconhecer a si mesmas e
a ele? Então para elas princípio do mal é a audácia e a geração e a
primeira alteridade e o deliberar ser de si mesmas. Uma vez que
mostraram agradar-se da autodeterminação, por ter-se servido muito do
mover-se por si mesmas, ao percorrer ao contrário e ter feito muitíssima
distância, desconheceram ser também elas de lá; como crianças, que
logo se desgarraram dos pais e que por muito tempo nutriram-se longe,
desconhecem tanto a si mesmas quanto os pais. Então não vendo mais
aquele nem a si mesmas, por desprezar a si mesmas por
desconhecimento da sua origem, por apreciar todas as outras coisas ao
admirar todas mais do que a si mesmas, e comovendo-se e encantando-
se por elas ficaram dependentes delas, destacaram a si mesmas quanto
possível daqueles de que se desviaram, desprezando-os; assim acontece
1
Em número romano a Enéada; em arábico, o tratado; em arábico entre parênteses, a
ordem cronológica do tratado.
2
Potências destinadas do mundo inteligível ao sensível.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 14
3
Platão, Timeu 28a: τὸ μὲν δὴ νοήσει μετὰ λόγου περιληπτόν, ἀεὶ κατὰ ταὐτὰ ὄν, τὸ
δ’ αὖ δόξῃ μετ’ αἰσθήσεως ἀλόγου δοξαστόν, γιγνόμενον καὶ ἀπολλύμενον, ὄντως δὲ
οὐδέποτε ὄν (um é apreensível pelo pensar com razão, sendo sempre um só e o
mesmo, o outro por sua vez é passível de opinião com sensação irracional, vindo a ser
e perecendo, jamais senso realmente).
4
Homero, Ilíada XV 566: ἐν θυμῷ δ’ ἐβάλοντο ἔπος (lançaram ao ânimo a palavra).
5
Enéadas II 4; III 4.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 15
SUMÁRIO
P l o t i n o | 16
2. Toda alma deve refletir portanto primeiro nisto: que ela criou todos
os viventes tendo-lhes inspirado vida, que terra nutre e que mar [nutre],
que no ar e que no céu são astros divinos, ela mesma criou o sol, ela
mesma, esse grande céu, e ela mesma adornou, e ela mesma os faz girar
em ordem, sendo natureza diferente das coisas que adorna e das coisas
que move, as quais faz viver6; e há necessidade de ter mais valor do que
essas coisas, que vêm a ser e que se corrompem, quando a própria alma
afaste ou forneça o viver, ela mesma sendo sempre, por não afastar a si
própria7. Qual o modo de fornecimento do viver há no conjunto todo e
em cada um, deve-se raciocinar assim: seja observada a grande alma,
porque a alma diversa veio a ser não pouco digna de a observar, quando
afastou-se do engano e das coisas que encantaram as outras, por
tranquila disposição. E tranquilo para ela seja não apenas o que está em
volta do corpo e a agitação do corpo, mas também todo o entorno; e
6
Platão, Fedro 246b: ψυχὴ πᾶσα παντὸς ἐπιμελεῖται τοῦ ἀψύχου, πάντα δὲ οὐρανὸν
περιπολεῖ, ἄλλοτ’ ἐν ἄλλοις εἴδεσι γιγνομένη (toda alma cuida de todo inanimado e
percorre todo o céu, vindo a ser em formas diversas variadamente); Leis 896e: ἄγει
μὲν δὴ ψυχὴ πάντα τὰ κατ’ οὐρανὸν καὶ γῆν καὶ θάλατταν ταῖς αὑτῆς κινήσεσιν ...
(então a alma conduz todas as coisas no céu, na terra e no mar com seus próprios
movimentos ...).
7
Platão, Fedro 245: μόνον δὴ τὸ αὑτὸ κινοῦν, ἅτε οὐκ ἀπολεῖπον ἑαυτό, οὔποτε λήγει
κινούμενον ... (somente o que move a si mesmo, porque não afasta a si mesmo, jamais
cessa de mover-se ...).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 17
8
Platão, Timeu 43b: πολλοῦ γὰρ ὄντος τοῦ κατακλύζοντος καὶ ἀπορρέοντος κύματος
ὃ τὴν τροφὴν παρεῖχεν, ἔτι μείζω θόρυβον ἀπηργάζετο τὰ τῶν προσπιπτόντων
παθήματα ἑκάστοις ... (pois sendo muita a onda que ia e vinha, que oferecia nutrição,
ainda maior barulho realizavam as impressões do que incidia a cada um ...).
9
Platão, Timeu 34b: διὰ πάντα δὴ ταῦτα εὐδαίμονα θεὸν αὐτὸν ἐγεννήσατο (por tudo
isso [ele] o fez um deus bem-aventurado).
10
Homero, Ilíada XX, 65: τά τε στυγέουσι θεοί περ (mesmo os deuses têm horror a
isso).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 18
3. Οὕτω δὴ τιμίου καὶ θείου ὄντος χρήματος τῆς ψυχῆς, πιστεύσας ἤδη
τῶι τοιούτωι θεὸν μετιέναι μετὰ τοιαύτης αἰτίας ἀνάβαινε πρὸς ἐκεῖνον·
πάντως που οὐ πόρρω βαλεῖς· οὐδὲ πολλὰ τὰ μεταξύ. Λάμβανε τοίνυν
τὸ τοῦ θείου τούτου θειότερον τὸ ψυχῆς πρὸς τὸ ἄνω γειτόνημα, μεθ᾽
ὃ καὶ ἀφ᾽ οὗ ἡ ψυχή. Καίπερ γὰρ οὖσα χρῆμα οἷον ἔδειξεν ὁ λόγος,
εἰκών τίς ἐστι νοῦ· οἷον λόγος ὁ ἐν προφορᾶι λόγου τοῦ ἐν ψυχῆι, οὕτω
τοι καὶ αὐτὴ λόγος νοῦ καὶ ἡ πᾶσα ἐνέργεια καὶ ἣν προίεται ζωὴν εἰς
ἄλλου ὑπόστασιν· οἷον πυρὸς τὸ μὲν ἡ συνοῦσα θερμότης, ἡ δὲ ἣν
11
Platão, Timeu 92c: ζῷον ὁρατὸν τὰ ὁρατὰ περιέχον, εἰκὼν τοῦ νοητοῦ θεὸς
αἰσθητός, μέγιστος καὶ ἄριστος κάλλιστός τε καὶ τελεώτατος γέγονεν εἷς οὐρανὸς ὅδε
μονογενὴς ὤν (vivente visível envolvendo os invisíveis, imagem do inteligível, deus
sensível, o céu veio a ser o maior, o melhor, o mais belo e perfeito, porque é uno e
unigênito).
12
Heráclito, 22 B 96 Diels – Kranz: νέκυες γὰρ κοπρίων ἐκβλητότεροι (cadáveres
devem-se lançar fora mais do que estrume).
13
Aristóteles, Metafísica I 8, 989a 9-10: πάντα γὰρ εἶναί φασι γῆν (pois dizem que
tudo é terra).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 19
παρέχει. Δεῖ δὲ λαβεῖν ἐκεῖ οὐκ ἐκρέουσαν, ἀλλὰ μένουσαν μὲν τὴν ἐν
αὐτῶι, τὴν δὲ ἄλλην ὑφισταμένην. Οὖσα οὖν ἀπὸ νοῦ νοερά ἐστι, καὶ
ἐν λογισμοῖς ὁ νοῦς αὐτῆς καὶ ἡ τελείωσις ἀπ᾽ αὐτοῦ πάλιν οἷον πατρὸς
ἐκθρέψαντος, ὃν οὐ τέλειον ὡς πρὸς αὐτὸν ἐγέννησεν. Ἥ τε οὖν
ὑπόστασις αὐτῆι ἀπὸ νοῦ ὅ τε ἐνεργείαι λόγος νοῦ αὐτῆι ὁρωμένου.
Ὅταν γὰρ ἐνίδηι εἰς νοῦν, ἔνδοθεν ἔχει καὶ οἰκεῖα ἃ νοεῖ καὶ ἐνεργεῖ.
Καὶ ταύτας μόνας δεῖ λέγειν ἐνεργείας ψυχῆς, ὅσα νοερῶς καὶ ὅσα
οἴκοθεν· τὰ δὲ χείρω ἄλλοθεν καὶ πάθη ψυχῆς τῆς τοιαύτης. Νοῦς οὖν
ἐπὶ μᾶλλον θειοτέραν ποιεῖ καὶ τῶι πατὴρ εἶναι καὶ τῶι παρεῖναι· οὐδὲν
γὰρ μεταξὺ ἢ τὸ ἑτέροις εἶναι, ὡς ἐφεξῆς μέντοι καὶ ὡς τὸ δεχόμενον,
τὸ δὲ ὡς εἶδος· καλὴ δὲ καὶ ἡ νοῦ ὕλη νοοειδὴς οὖσα καὶ ἁπλῆ. Οἷον δὲ
ὁ νοῦς, καὶ ταὐτῶι μὲν τούτωι δῆλον, ὅτι κρεῖττον ψυχῆς τοιᾶσδε
οὔσης.
14
Platão, Leis 705a: πρόσοικος γὰρ θάλαττα χώρᾳ τὸ μὲν παρ’ ἑκάστην ἡμέραν ἡδύ,
μάλα γε μὴν ὄντως ἁλμυρὸν καὶ πικρὸν γειτόνημα (pois o mar é vizinho à região, o
que é agradável a cada dia, apesar de ser realmente um vizinho salgado e amargo).
15
Sextus Empiricus, Adversus Mathematicos VIII 275, 5: τοὐναντίον δὲ
κατασκευάζοντές φασιν, ὅτι ἄνθρωπος οὐχὶ τῷ προφορικῷ λόγῳ διαφέρει τῶν
ἀλόγων ζῴων ... ἀλλὰ τῷ ἐνδιαθέτῳ (os que preparam o contrário pensamento dizem
que o homem não difere dos viventes irracionais pelo discurso pronunciado, ... mas
pelo discurso posto no íntimo). A palavra exterior é imagem da palavra interior.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 20
apresenta sua [hipóstase]. E é preciso tomar aqui não o calor que corre
para fora, mas o que permanece no mesmo [fogo], e este é o que sustenta
o outro. Sendo então a partir de inteligência [ela] é inteligente, e em
raciocínios16 é a inteligência dela, e sua perfeição é a partir da mesma
[inteligência], novamente tal como fosse um pai que dá nutrição,
[porque] o que ele gerou não é perfeito em relação a si17. Então a
hipóstase para ela é a partir da inteligência, e sua razão em atividade é
da inteligência que é vista por ela18. Pois quando olha para dentro da
inteligência, de dentro ela tem tanto coisas familiares que pensa quanto
que põe em atividade. E é preciso dizer que são essas únicas as
atividades da alma, tanto de modo inteligente quanto do que é familiar;
as piores coisas são do que é diverso: impressões de alma desse tipo19.
Então inteligência a faz mais divina sobretudo por ser pai e por ser
presente; pois nenhum intermédio há, senão o ser para os diferentes, de
modo que por consequência uma é como o que recebe, a outra é como
forma20; e é bela também a matéria de inteligência por ser de forma
16
Ou seja, em razões discursivas.
17
A Alma só não é perfeita em relação à própria Inteligência.
18
A Alma é hipóstase que procede da Inteligência e, quando a contempla, ela é razão
em ato.
19
Platão, Teeteto 186c: Οὐκοῦν τὰ μὲν εὐθὺς γενομένοις πάρεστι φύσει αἰσθάνεσθαι
ἀνθρώποις τε καὶ θηρίοις, ὅσα διὰ τοῦ σώματος παθήματα ἐπὶ τὴν ψυχὴν τείνει
(portanto o que é presente por natureza aos que vieram a ser, a homens e a feras, é
perceber quantas sensações se estendem à alma através do corpo).
20
Aristóteles, De Anima III 5, 430a 10-15: Ἐπεὶ δ’ ... ἀνάγκη καὶ ἐν τῇ ψυχῇ ὑπάρχειν
ταύτας τὰς διαφοράς· καὶ ἔστιν ὁ μὲν τοιοῦτος νοῦς τῷ πάντα γίνεσθαι, ὁ δὲ τῷ πάντα
ποιεῖν, ὡς ἕξις τις, οἷον τὸ φῶς (uma vez que ... há necessidade que essas diferenças
tenham princípio na alma; a inteligência é tal por vir a ser todas as coisas, e por criar
todas as coisas, como uma certa condição de ser, tal como a luz). Ou seja, a alma está
para a inteligência assim como a matéria está para a forma.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 21
SUMÁRIO
P l o t i n o | 22
νοεῖ, στάσιν δέ, ἵνα τὸ αὐτό. Τὴν δὲ ἑτερότητα, ἵν᾽ ἦι νοοῦν καὶ
νοούμενον. Ἢ ἐὰν ἀφέληις τὴν ἑτερότητα, ἓν γενόμενον σιωπήσεται·
δεῖ δὲ καὶ τοῖς νοηθεῖσιν ἑτέροις πρὸς ἄλληλα εἶναι. Ταὐτὸν δέ, ἐπεὶ ἓν
ἑαυτῶι, καὶ κοινὸν δέ τι ἓν πᾶσι· καὶ ἡ διαφορὰ ἑτερότης. Ταῦτα δὲ
πλείω γενόμενα ἀριθμὸν καὶ τὸ ποσὸν ποιεῖ· καὶ τὸ ποιὸν δὲ ἡ ἑκάστου
τούτων ἰδιότης, ἐξ ὧν ὡς ἀρχῶν τἆλλα.
21
Platão, Timeu 37d: εἰκὼ δ’ ἐπενόει κινητόν τινα αἰῶνος ποιῆσαι, καὶ διακοσμῶν
ἅμα οὐρανὸν ποιεῖ μένοντος αἰῶνος ἐν ἑνὶ κατ’ ἀριθμὸν ἰοῦσαν αἰώνιον εἰκόνα,
τοῦτον ὃν δὴ χρόνον ὠνομάκαμεν (e pensava criar certa imagem móvel da eternidade,
enquanto adornava tudo cria o céu como imagem eterna da eternidade que permanece
no uno, indo segundo o número, e é isso que nós denominamos tempo).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 23
22
A alma é em algo único a seu tempo, mas a inteligência é em tudo ao mesmo tempo.
23
Platão, Timeu 37e: τὸ ἔστιν μόνον (apenas o ‘é’).
24
Parmênides 22 B 8, 34-36: ταὐτὸν δ’ ἐστὶ νοεῖν τε καὶ οὕνεκεν ἔστι νόημα. / οὐ γὰρ
ἄνευ τοῦ ἐόντος, ἐν ὧι πεφατισμένον ἐστιν, / (35) εὑρήσεις τὸ νοεῖν (o mesmo é
pensar e por causa de que há pensamento. / pois sem o que é em que está manifestado
/ não encontrarás o pensar).
25
Platão, Sofista 254d: Μέγιστα μὴν τῶν γενῶν ἃ νυνδὴ διῇμεν τό τε ὂν αὐτὸ καὶ
στάσις καὶ κίνησις (contudo, dentre os gêneros, os maiores são aqueles sobre que
agora mesmo discorremos: o próprio que é, repouso e movimento).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 24
5. Πολὺς οὖν οὗτος ὁ θεὸς ἐπὶ τῆι ψυχῆι· τῆι δὲ ὑπάρχει ἐν τούτοις εἶναι
συναφθείσηι, εἰ μὴ ἀποστατεῖν ἐθέλοι. Πελάσασα οὖν αὐτῶι καὶ οἷον
ἓν γενομένη ζῆι ἀεί. Τίς οὖν ὁ τοῦτον γεννήσας; Ὁ ἁπλοῦς καὶ ὁ πρὸ
τοιούτου πλήθους, ὁ αἴτιος τοῦ καὶ εἶναι καὶ πολὺν εἶναι τοῦτον, ὁ τὸν
ἀριθμὸν ποιῶν. Ὁ γὰρ ἀριθμὸς οὐ πρῶτος· καὶ γὰρ πρὸ δυάδος τὸ ἕν,
δεύτερον δὲ δυὰς καὶ παρὰ τοῦ ἑνὸς γεγενημένη ἐκεῖνο ὁριστὴν ἔχει,
αὕτη δὲ ἀόριστον παρ᾽ αὐτῆς· ὅταν δὲ ὁρισθῆι, ἀριθμὸς ἤδη· ἀριθμὸς
δὲ ὡς οὐσία· ἀριθμὸς δὲ καὶ ἡ ψυχή. Οὐ γὰρ ὄγκοι τὰ πρῶτα οὐδὲ
μεγέθη· τὰ γὰρ παχέα ταῦτα ὕστερα, ἃ ὄντα ἡ αἴσθησις οἴεται. Οὐδὲ ἐν
σπέρμασι δὲ τὸ ὑγρὸν τὸ τίμιον, ἀλλὰ τὸ μὴ ὁρώμενον· τοῦτο δὲ
ἀριθμὸς καὶ λόγος. Ὁ οὖν ἐκεῖ λεγόμενος ἀριθμὸς καὶ ἡ δυὰς λόγοι καὶ
νοῦς· ἀλλὰ ἀόριστος μὲν ἡ δυὰς τῶι οἷον ὑποκειμένωι λαμβανομένη, ὁ
δὲ ἀριθμὸς ὁ ἐξ αὐτῆς καὶ τοῦ ἑνὸς εἶδος ἕκαστος, οἷον μορφωθέντος
τοῖς γενομένοις εἴδεσιν ἐν αὐτῶι· μορφοῦται δὲ ἄλλον μὲν τρόπον παρὰ
τοῦ ἑνός, ἄλλον δὲ παρ᾽ αὐτοῦ, οἷον ὄψις ἡ κατ᾽ ἐνέργειαν· ἔστι γὰρ ἡ
νόησις ὅρασις ὁρῶσα ἄμφω τε ἕν.
5. Então múltiplo é esse deus acima da alma; e ser nessas coisas tem
princípio quando ela se coligar, se ela não quiser estar longe28. Então
26
Aristóteles, Metafísica IV 1, 1004 a21: διαφορὰ γάρ τις ἡ ἐναντιότης, ἡ δὲ διαφορὰ
ἑτερότης (pois a contrariedade é certa diferença, e a diferença é alteridade).
27
Desses princípios de gênero de ser (o mesmo, o outro, quantidade, qualidade) são
todas as coisas.
28
Platão, Parmênides 144b: Ἐπὶ πάντα ἄρα πολλὰ ὄντα ἡ οὐσία νενέμηται καὶ
οὐδενὸς ἀποστατεῖ τῶν ὄντων, οὔτε τοῦ σμικροτάτου οὔτε τοῦ μεγίστου; (em todas
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 25
ela, tendo-se avizinhado dele e tendo vindo a ser como que uma só
coisa, vive sempre. Então quem é que gerou esse [deus]? O que é
simples e antes de tal plenitude, o causador tanto do ser quanto dele ser
múltiplo, o que cria o número. Pois o número não é primeiro; pois o uno
é antes da díade, e é em segundo lugar a díade que veio a ser da parte
do uno, este a tem definível, ela de sua parte é indefinível; e quando for
definida, já é número; e número como essência; e número também é a
alma29. Pois os princípios não são massas nem grandezas; pois as coisas
densas são essas últimas, que a sensação acha que são. E nem no sêmen
o úmido é de valor, mas o que não é visto; e isso é número e razão.
Então o que lá é dito número também é a díade razões e inteligência;
mas indefinível é a díade tal como quando é tomada pelo que subjaz, e
o número, que é desde a díade e do uno, é cada um uma forma, tal que
do que se afigurou pelas formas que vieram a ser na inteligência; e [esta]
afigura-se de um lado da parte do uno, e de outro da parte de si mesma,
tal que visão, que é segundo atividade; pois a intelecção é ato de ver
que vê ambos como um só30.
6. Πῶς οὖν ὁρᾶι καὶ τίνα, καὶ πῶς ὅλως ὑπέστη καὶ ἐξ ἐκείνου γέγονεν,
ἵνα καὶ ὁρᾶι; Νῦν μὲν γὰρ τὴν ἀνάγκην τοῦ εἶναι ταῦτα ἡ ψυχὴ ἔχει,
ἐπιποθεῖ δὲ τὸ θρυλλούμενον δὴ τοῦτο καὶ παρὰ τοῖς πάλαι σοφοῖς, πῶς
ἐξ ἑνὸς τοιούτου ὄντος, οἷον λέγομεν τὸ ἓν εἶναι, ὑπόστασιν ἔσχεν
ὁτιοῦν εἴτε πλῆθος εἴτε δυὰς εἴτε ἀριθμός, ἀλλ᾽ οὐκ ἔμεινεν ἐκεῖνο ἐφ᾽
as coisas que são múltiplas a essência está distribuída e de nenhuma das coisas que
são se afasta, nem da menor nem da maior?).
29
Xenócrates, nos fragmentos 165 – 198, discute esse tema, por exemplo: 165- ἐπεὶ
δὲ καὶ κινητικὸν ἐδόκει ἡ ψυχὴ εἶναι καὶ γνωριστικὸν οὕτως, ἔνιοι συνέπλεξαν ἐξ
ἀμφοῖν, ἀποφηνάμενοι τὴν ψυχὴν ἀριθμὸν κινοῦνθ’ ἑαυτόν (uma vez que a alma
parece ser movível e assim reconhecível, alguns juntaram ambas as coisas, para
demonstrar que a alma é número quando se move).
30
A inteligência é o pensamento em potência e a visão em ato.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 26
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 27
μετ᾽ αὐτόν· οἷον καὶ ἡ ψυχὴ λόγος νοῦ καὶ ἐνέργειά τις, ὥσπερ αὐτὸς
ἐκείνου. Ἀλλὰ ψυχῆς μὲν ἀμυδρὸς ὁ λόγος – ὡς γὰρ εἴδωλον νοῦ –
ταύτηι καὶ εἰς νοῦν βλέπειν δεῖ· νοῦς δὲ ὡσαύτως πρὸς ἐκεῖνον, ἵνα ἦι
νοῦς. Ὁρᾶι δὲ αὐτὸν οὐ χωρισθείς, ἀλλ᾽ ὅτι μετ᾽ αὐτὸν καὶ μεταξὺ
οὐδέν, ὡς οὐδὲ ψυχῆς καὶ νοῦ. Ποθεῖ δὲ πᾶν τὸ γεννῆσαν καὶ τοῦτο
ἀγαπᾶι, καὶ μάλιστα ὅταν ὦσι μόνοι τὸ γεννῆσαν καὶ τὸ γεγεννημένον·
ὅταν δὲ καὶ τὸ ἄριστον ἦι τὸ γεννῆσαν, ἐξ ἀνάγκης σύνεστιν αὐτῶι, ὡς
τῆι ἑτερότητι μόνον κεχωρίσθαι.
31
Platão, Timeu 27c-d: ἀνάγκη θεούς τε καὶ θεὰς ἐπικαλουμένους εὔχεσθαι πάντα
κατὰ νοῦν ἐκείνοις μὲν μάλιστα, ἑπομένως δὲ ἡμῖν εἰπεῖν (há necessidade de fazer
uma prece invocando deuses e deusas, para tudo dizer segundo a inteligência,
sobretudo a eles, e em consequência a nós).
32
Enéada VI 9 11.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 28
se, mas se algo vem a ser depois de si, é necessário isso ter vindo a ser,
porque ele se volta sempre para si mesmo33. E distante seja geração em
tempo para nós que somos criados em relação à razão sobre as coisas
que são sempre; é para haver de atribuir a geração à razão que ligamos
a essas coisas causa e ordem34. Então o que vem a ser dali não se deve
dizer que veio a ser do que se moveu; pois se do mesmo que se moveu
algo viesse a ser, o que se moveu depois do movimento daquele viria a
ser terceiro, e não segundo35. É preciso então, sendo imóvel [esse uno],
se há algo segundo depois dele, que ele subsista, nem consentindo nem
deliberando nem de modo geral se movendo36. Como, então, e o que é
preciso pensar sobre o uno que permanece? Que há desde ele um
esplendor à sua volta, desde ele que permanece, tal como do sol é o
brilho em torno dele, correndo assim à sua volta, sendo gerado sempre
desde ele que permanece. E todas as coisas que são, enquanto
permanecem, desde a essência delas dão a hipóstase necessária,
dependente de si mesmas, que é em torno delas, para fora delas, desde
a presente potência, sendo imagem tal que de arquétipos dos quais
nasceram: fogo [dá] o calor de sua parte; neve não apenas para dentro
mantém o frio; sobretudo quantas coisas perfumadas provam isso: pois
enquanto são, avança algo desde elas à sua volta, de cujas supostas
essências goza o vizinho. E todas as coisas quantas são perfeitas geram;
e o sempre perfeito sempre gera também eternamente; e gera também
inferior a si. Que então é preciso dizer sobre o perfeitíssimo? Que nada
gera a partir dele, senão as maiores coisas depois dele. E a maior coisa
33
O Uno não se move porque não há um fim a que se mova, e se algo vem a ser depois
dele é porque ele se volta a si mesmo.
34
No inteligível, só se diz ‘vir a ser’ para dar causa e consequência aos fatos.
35
Se o Uno se movesse ao criar criaria a terceira hipóstase, a Alma, não a segunda, a
Inteligência.
36
Daqui até o fim do § 6 é citação de Eusébio de Cesareia, Preparação evangélica XII
17.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 29
SUMÁRIO
P l o t i n o | 30
ἂν ἦν. Διὰ τοῦτο ἐκεῖνο οὐδὲν μὲν τῶν ἐν τῶι νῶι, ἐξ αὐτοῦ δὲ πάντα
[ἐν τοῖς οὖσιν ἂν ἦν]. Διὸ καὶ οὐσίαι ταῦτα· ὥρισται γὰρ ἤδη καὶ οἷον
μορφὴν ἕκαστον ἔχει. Τὸ δὲ ὂν δεῖ οὐκ ἐν ἀορίστωι οἷον αἰωρεῖσθαι,
ἀλλ᾽ ὅρωι πεπῆχθαι καὶ στάσει· στάσις δὲ τοῖς νοητοῖς ὁρισμὸς καὶ
μορφή, οἷς καὶ τὴν ὑπόστασιν λαμβάνει. Ταύτης τοι γενεᾶς ὁ νοῦς
οὗτος ἀξίας νοῦ τοῦ καθαρωτάτου μὴ ἄλλοθεν ἢ ἐκ τῆς πρώτης ἀρχῆς
φῦναι, γενόμενον δὲ ἤδη τὰ ὄντα πάντα σὺν αὐτῶι γεννῆσαι, πᾶν μὲν
τὸ τῶν ἰδεῶν κάλλος, πάντας δὲ θεοὺς νοητούς· πλήρη δὲ ὄντα ὧν
ἐγέννησε καὶ ὥσπερ καταπιόντα πάλιν τῶι ἐν αὐτῶι ἔχειν μηδὲ ἐκπεσεῖν
εἰς ὕλην μηδὲ τραφῆναι παρὰ τῆι Ῥέαι, ὡς τὰ μυστήρια καὶ οἱ μῦθοι οἱ
περὶ θεῶν αἰνίττονται Κρόνον μὲν θεὸν σοφώτατον πρὸ τοῦ Δία
γενέσθαι ἃ γεννᾶι πάλιν ἐν ἑαυτῶι ἔχειν, ἧι καὶ πλήρης καὶ νοῦς ἐν
κόρωι· μετὰ δὲ ταῦτά φασι Δία γεννᾶν κόρον ἤδη ὄντα· ψυχὴν γὰρ
γεννᾶι νοῦς, νοῦς ὢν τέλειος. Καὶ γὰρ τέλειον ὄντα γεννᾶν ἔδει, καὶ μὴ
δύναμιν οὖσαν τοσαύτην ἄγονον εἶναι. Κρεῖττον δὲ οὐχ οἷόν τε ἦν εἶναι
οὐδ᾽ ἐνταῦθα τὸ γεννώμενον, ἀλλ᾽ ἔλαττον ὂν εἴδωλον εἶναι αὐτοῦ,
ἀόριστον μὲν ὡσαύτως, ὁριζόμενον δὲ ὑπὸ τοῦ γεννήσαντος καὶ οἷον
εἰδοποιούμενον. Νοῦ δὲ γέννημα λόγος τις καὶ ὑπόστασις, τὸ
διανοούμενον· τοῦτο δ᾽ ἐστὶ τὸ περὶ νοῦν κινούμενον καὶ νοῦ φῶς καὶ
ἴχνος ἐξηρτημένον ἐκείνου, κατὰ θάτερα μὲν συνηγμένον ἐκείνωι καὶ
ταύτηι ἀποπιμπλάμενον καὶ ἀπολαῦον καὶ μεταλαμβάνον αὐτοῦ καὶ
νοοῦν, κατὰ θάτερα δὲ ἐφαπτόμενον τῶν μετ᾽ αὐτό, μᾶλλον δὲ γεννῶν
καὶ αὐτό, ἃ ψυχῆς ἀνάγκη εἶναι χείρονα· περὶ ὧν ὕστερον λεκτέον. Καὶ
μέχρι τούτων τὰ θεῖα.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 31
coisas] do sol37. Mas aquele [uno] não é inteligência. Como então gera
inteligência? Certamente é porque [ela] via ao voltar-se para ele; e o
próprio ato de ver é inteligência. Pois o que toma algo diverso ou é
sensação ou inteligência; [...] sensação e diversos sentidos são como
linha [reta]; [...] mas o círculo é tal como [inteligência] que se partilha;
mas isso não é assim38. Certamente também aqui é o uno, mas o uno
como potência de todas as coisas. Então [a inteligência] é potência de
todas as coisas, e essas são a partir da potência, tal que, ao se separar, o
ato de pensar olha para baixo; ou não haveria inteligência. Uma vez que
[ela] já tem de sua parte como que consciência de sua potência, [esta é]
sua essência, quanto possível. Então ela mesma por si define o ser para
si pela potência da parte daquele [perfeitíssimo], porque a sua essência
é tal que certa parte única das coisas daquele e desde aquele, e se
robustece da parte daquele e se aperfeiçoa em essência da parte daquele
e desde aquele. E [ela] vê por si mesma de lá que, [por ela ser] tal que
partilhável desde não partilhável, há o viver, o pensar e todas as coisas,
porque aquele [deus] nada é de todas as coisas. Aí todas as coisas são
desde aquele [deus], porque por nenhuma figura era delimitado aquele
[deus]; pois aquele é apenas uno; e [a inteligência] seria tudo nas coisas
que são. Por isso aquele [perfeitíssimo] nada é das coisas na
inteligência, e desde ele seria tudo nas coisas que são. Por isso essas
coisas são essências; pois já estão definidas tal que cada uma tem uma
figura. E o que é não é preciso ser suspenso tal que em indefinível, mas
estar fixo com limite e estabilidade; e estabilidade e figura aos
inteligíveis é produto de limite, com que toma o fundamento. Essa
inteligência é dessa estirpe digna de puríssima inteligência, [de modo
a] nascer não de outro senão do primeiro princípio, para gerar consigo
37
Platão, Politeia 509a: ὥσπερ ἐκεῖ φῶς τε καὶ ὄψιν ἡλιοειδῆ μὲν νομίζειν ὀρθόν
(como ali é correto considerar luz e visão formas do sol).
38
Neste trecho há problemas de leitura; o círculo é divisível, mas a inteligência é
indivisível.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 32
mesma o que vem a ser e todas as coisas que são: toda a beleza das
ideias, todas as divindades inteligíveis; que são plenos do que ela gerou,
de modo que ela os engole para novamente os ter em si, para nem haver
de decair para matéria nem se nutrir junto a Rea, como os ritos de
mistérios e os mitos que falam dos deuses por enigma [dizem que]
Cronos, o deus mais sábio antes de Zeus vir a ser, tem novamente em si
as coisas que gera39, para qual ele é tanto pleno quanto inteligência em
saciedade; depois disso dizem que ela gerou Zeus já sendo saciedade;
pois inteligência gera alma, inteligência sendo perfeita40. Pois o que é
perfeito era preciso gerar, para que sua potência sendo tamanha não seja
infértil. Nem ali o que é gerado é capaz de não ser inferior, mas é por
ser imagem da inteligência que era inferior, e do mesmo modo é
indefinível, sendo definido pelo que o gerou ao criá-lo como forma. E
produto de inteligência é uma certa razão e hipóstase, o que é pensado;
e isso que se move acerca de inteligência é luz de inteligência e marca
que está em dependência dela, por um lado estando conduzida a ela e
dela se completando, regozijando-se e tomando parte de dela, e
pensando, por outro, tocando as coisas depois de si, ou melhor, essa
mesma luz gerando as coisas de que há necessidade, para ser inferiores
à alma; sobre as quais depois deve-se dizer41. E até essas são as coisas
divinas.
8. Καὶ διὰ τοῦτο καὶ τὰ Πλάτωνος τριττὰ τὰ πάντα περὶ τὸν πάντων
βασιλέα – φησὶ γὰρ πρῶτα – καὶ δεύτερον περὶ τὰ δεύτερα καὶ περὶ
τὰ τρίτα τρίτον. Λέγει δὲ καὶ τοῦ αἰτίου εἶναι πατέρα αἴτιον μὲν τὸν
νοῦν λέγων· δημιουργὸς γὰρ ὁ νοῦς αὐτῶι· τοῦτον δέ φησι τὴν ψυχὴν
39
Na Teogonia 453 – 506, Hesíodo narra o nascimento de Zeus.
40
No Crátilo 396a – d, Platão discorre sobre o significado de Zeus como filho de
Cronos, que é saciedade.
41
Enéada II 4, o décimo segundo tratado na ordem cronológica, sendo este o décimo.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 33
ποιεῖν ἐν τῶι κρατῆρι ἐκείνωι. Τοῦ αἰτίου δὲ νοῦ ὄντος πατέρα φησὶ
τἀγαθὸν καὶ τὸ ἐπέκεινα νοῦ καὶ ἐπέκεινα οὐσίας. Πολλαχοῦ δὲ τὸ ὂν
καὶ τὸν νοῦν τὴν ἰδέαν λέγει· ὥστε Πλάτωνα εἰδέναι ἐκ μὲν τἀγαθοῦ
τὸν νοῦν, ἐκ δὲ τοῦ νοῦ τὴν ψυχήν. Καὶ εἶναι τοὺς λόγους τούσδε μὴ
καινοὺς μηδὲ νῦν, ἀλλὰ πάλαι μὲν εἰρῆσθαι μὴ ἀναπεπταμένως, τοὺς
δὲ νῦν λόγους ἐξηγητὰς ἐκείνων γεγονέναι μαρτυρίοις πιστωσαμένους
τὰς δόξας ταύτας παλαιὰς εἶναι τοῖς αὐτοῦ τοῦ Πλάτωνος γράμμασιν.
Ἥπτετο μὲν οὖν καὶ Παρμενίδης πρότερον τῆς τοιαύτης δόξης καθόσον
εἰς ταὐτὸ συνῆγεν ὂν καὶ νοῦν, καὶ τὸ ὂν οὐκ ἐν τοῖς αἰσθητοῖς ἐτίθετο
τὸ γὰρ αὐτὸ νοεῖν ἐστί τε καὶ εἶναι λέγων. Καὶ ἀκίνητον δὲ λέγει
τοῦτο – καίτοι προστιθεὶς τὸ νοεῖν – σωματικὴν πᾶσαν κίνησιν ἐξαίρων
ἀπ᾽ αὐτοῦ, ἵνα μένηι ὡσαύτως, καὶ ὄγκωι σφαίρας ἀπεικάζων, ὅτι
πάντα ἔχει περιειλημμένα καὶ ὅτι τὸ νοεῖν οὐκ ἔξω, ἀλλ᾽ ἐν ἑαυτῶι. Ἓν
δὲ λέγων ἐν τοῖς ἑαυτοῦ συγγράμμασιν αἰτίαν εἶχεν ὡς τοῦ ἑνὸς τούτου
πολλὰ εὑρισκομένου. Ὁ δὲ παρὰ Πλάτωνι Παρμενίδης ἀκριβέστερον
λέγων διαιρεῖ ἀπ᾽ ἀλλήλων τὸ πρῶτον ἕν, ὃ κυριώτερον ἕν, καὶ
δεύτερον ἓν πολλὰ λέγων, καὶ τρίτον ἓν καὶ πολλά. Καὶ σύμφωνος
οὕτως καὶ αὐτός ἐστι ταῖς φύσεσι ταῖς τρισίν.
8. E por isso são também todos os três gêneros de Platão acerca “do rei
de todas as coisas” – pois diz ser primeiros – o segundo acerca das
segundas e acerca das terceiras o terceiro42. E diz também haver um pai
do causador43, dizendo ser causador a inteligência. Pois para ele a
42
Platão, Carta II 312e: περὶ τὸν πάντων βασιλέα πάντ’ ἐστὶ καὶ ἐκείνου ἕνεκα πάντα,
καὶ ἐκεῖνο αἴτιον
ἁπάντων τῶν καλῶν· δεύτερον δὲ πέρι τὰ δεύτερα, καὶ τρίτον πέρι τὰ τρίτα (acerca
do rei de todas as coisas há tudo e tudo é por causa dele, e aquele é causador de todas
as coisas belas; o segundo acerca das segundas coisas, e o terceiro acerca das
terceiras).
43
Platão, Carta VI 323d: καὶ τὸν τῶν πάντων θεὸν ἡγεμόνα τῶν τε ὄντων καὶ τῶν
μελλόντων, τοῦ τε ἡγεμόνος καὶ αἰτίου πατέρα κύριον ἐπομνύντας (e jurando pelo
SUMÁRIO
P l o t i n o | 34
deus de todas as coisas, das coisas que são e das que hão de ser, pai soberano do deus
condutor e causador).
44
Platão, Timeu 41d: Ταῦτ’ εἶπε, καὶ πάλιν ἐπὶ τὸν πρότερον κρατῆρα, ἐν ᾧ τὴν τοῦ
παντὸς ψυχὴν κεραννὺς ἔμισγεν ... (disse essas coisas e misturou novamente na
cratera de antes, em que tinha misturado a alma do todo ...).
45
Platão, Politeia 509b: οὐκ οὐσίας ὄντος τοῦ ἀγαθοῦ, ἀλλ’ ἔτι ἐπέκεινα τῆς οὐσίας
πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει
ὑπερέχοντος (porque o bem não é essência, mas é ainda acima, além da essência em
dignidade e potência).
46
Platão, Sofista 244e: Πάντοθεν εὐκύκλου σφαίρης ἐναλίγκιον ὄγκῳ, / μεσσόθεν
ἰσοπαλὲς πάντῃ· τὸ γὰρ οὔτε τι μεῖζον / οὔτε τι βαιότερον πελέναι χρεόν ἐστι τῇ ἢ τῇ
(de toda parte semelhante ao volume de esfera bem circular, tendo igual medida do
meio ao extremo; pois nem algo maior nem menor é preciso mover aqui ou ali).
47
Parmênides 28 B 3; B 8, 26; B 8, 43 – 45; B 8, 6 Diels – Kranz.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 35
48
Platão, Sofista 245a: Τὸ δὲ πεπονθὸς ταῦτα ἆρ’ οὐκ ἀδύνατον αὐτό γε τὸ ἓν αὐτὸ
εἶναι; (Por acaso o que sofreu essas coisas não é impossível ser ele mesmo o uno?).
49
Platão põe em discussão essa doutrina no Parmênides, de 137 até 166.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 36
50
Anaxágoras 59 B 12 Diels – Kranz: περὶ δὲ τοῦ νοῦ τάδε γέγραφε· ‘νοῦς δέ ἐστιν
... ἐστι καὶ ἦν’ (sobre a inteligência escreveu isto: ‘inteligência é ... é e era’).
51
Heráclito 22 A 1 Diels – Kranz: εἶναι γὰρ ‘ἓν τὸ σοφὸν ... πάντων’ (pois é ‘o uno
que sabe ... de todas as coisas’).
52
Empédocles 31 B 17, 7-8 Diels – Kranz: καὶ Φιλότητα συγκαταριθμεῖται
συγκριτικήν τινα ἀγάπην νοῶν ‘ἣν ... τεθηπώς’ (enumera o Amor pensando-o como
certo afeto que une ‘que ... me deixa estupefato); B 26, 5-6 Diels – Kranz: ἄλλοτε μὲν
Φιλότητι συνερχόμεν’ εἰς ἕνα κόσμον, / ἄλλοτε δ’ αὖ δίχ’ ἕκαστα φορούμενα Νείκεος
ἔχθει (ora cada coisa convergindo por Amor em único cosmo, / ora cada uma sendo
levada de modo diverso pela hostilidade da Contenda).
53
Aristóteles, Metafísica XII 7, 1072a 26: κινεῖ δὲ ὧδε τὸ ὀρεκτὸν καὶ τὸ νοητόν·
κινεῖ οὐ κινούμενα. τούτων τὰ πρῶτα τὰ αὐτά. ἐπιθυμητὸν μὲν γὰρ τὸ φαινόμενον
καλόν, βουλητὸν δὲ πρῶτον τὸ ὂν καλόν (assim move o apetecível e o inteligível;
move não se movendo. Os princípios deles são os mesmos. Pois desejável é o que se
mostra belo, e deliberável é o primeiro que é belo); 1072b 20: αὑτὸν δὲ νοεῖ ὁ νοῦς
κατὰ μετάληψιν τοῦ νοητοῦ· νοητὸς γὰρ γίγνεται θιγγάνων καὶ νοῶν, ὥστε ταὐτὸν
νοῦς καὶ νοητόν (a inteligência pensa a si mesma segundo a participação do
inteligível; pois ela vem a ser inteligível tratando e pensando, assim é o mesmo
inteligência e inteligível).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 37
54
Em referência a Aristóteles, Metafísica XII 8, 1074a 14-17: τὸ μὲν οὖν πλῆθος τῶν
σφαιρῶν ἔστω τοσοῦτον, ὥστε καὶ τὰς οὐσίας καὶ τὰς ἀρχὰς τὰς ἀκινήτους [καὶ τὰς
αἰσθητὰς] τοσαύτας εὔλογον ὑπολαβεῖν (seja então o múltiplo das esferas tamanho
que suportem como bom argumento as essências, os princípios imóveis e os sensíveis
serem tão grandes).
55
Ferécides 7 A 4 Diels – Kranz: Πυθαγόρας πυθόμενος Φερεκύδην τὸν ἐπιστάτην
αὐτοῦ γεγενημένον ἐν Δήλωι νοσεῖν καὶ τελέως ἐσχάτως ἔχειν, ἔπλευσεν ἐκ τῆς
Ἰταλίας εἰς τὴν Δῆλον (Pitágoras tendo sabido que Ferécides, o seu mestre, se
encontrava em Delos, por estar doente e ter próximo seu fim, navegou desde a Itália
até Delos).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 38
10. Ὅτι δὲ οὕτω χρὴ νομίζειν ἔχειν, ὡς ἔστι μὲν τὸ ἐπέκεινα ὄντος τὸ
ἕν, οἷον ἤθελεν ὁ λόγος δεικνύναι ὡς οἷόν τε ἦν περὶ τούτων
ἐνδείκνυσθαι, ἔστι δὲ ἐφεξῆς τὸ ὂν καὶ νοῦς, τρίτη δὲ ἡ τῆς ψυχῆς
φύσις, ἤδη δέδεικται. Ὥσπερ δὲ ἐν τῆι φύσει τριττὰ ταῦτά ἐστι τὰ
εἰρημένα, οὕτω χρὴ νομίζειν καὶ παρ᾽ ἡμῖν ταῦτα εἶναι. Λέγω δὲ οὐκ ἐν
τοῖς αἰσθητοῖς – χωριστὰ γὰρ ταῦτα – ἀλλ᾽ ἐπὶ τοῖς αἰσθητῶν ἔξω, καὶ
τὸν αὐτὸν τρόπον τὸ ἔξω ὥσπερ κἀκεῖνα τοῦ παντὸς οὐρανοῦ ἔξω·
οὕτω καὶ τὰ τοῦ ἀνθρώπου, οἷον λέγει Πλάτων τὸν εἴσω ἄνθρωπον.
Ἔστι τοίνυν καὶ ἡ ἡμετέρα ψυχὴ θεῖόν τι καὶ φύσεως ἄλλης, ὁποία
πᾶσα ἡ ψυχῆς φύσις· τελεία δὲ ἡ νοῦν ἔχουσα· νοῦς δὲ ὁ μὲν
λογιζόμενος, ὁ δὲ λογίζεσθαι παρέχων. Τὸ δὴ λογιζόμενον τοῦτο τῆς
ψυχῆς οὐδενὸς πρὸς τὸ λογίζεσθαι δεόμενον σωματικοῦ ὀργάνου, τὴν
δὲ ἐνέργειαν ἑαυτοῦ ἐν καθαρῶι ἔχον, ἵνα καὶ λογίζεσθαι καθαρῶς οἷόν
τε ἦι, χωριστὸν καὶ οὐ κεκραμένον σώματι ἐν τῶι πρώτωι νοητῶι τις
τιθέμενος οὐκ ἂν σφάλλοιτο. Οὐ γὰρ τόπον ζητητέον οὗ ἱδρύσομεν,
ἀλλ᾽ ἔξω τόπου παντὸς ποιητέον. Οὕτω γὰρ τὸ καθ᾽ αὑτὸ καὶ τὸ ἔξω
καὶ τὸ ἄυλον, ὅταν μόνον ἦι οὐδὲν ἔχον παρὰ τῆς σώματος φύσεως. Διὰ
τοῦτο καὶ ἔτι ἔξωθέν φησιν ἐπὶ τοῦ παντὸς τὴν ψυχὴν περιέβαλεν
ἐνδεικνύμενος τῆς ψυχῆς τὸ ἐν τῶι νοητῶι μένον· ἐπὶ δὲ ἡμῶν
ἐπικρύπτων ἐπ᾽ ἄκραι εἴρηκε τῆι κεφαλῆι. Καὶ ἡ παρακέλευσις δὲ τοῦ
χωρίζειν οὐ τόπωι λέγεται – τοῦτο γὰρ φύσει κεχωρισμένον ἐστίν –
ἀλλὰ τῆι μὴ νεύσει καὶ ταῖς φαντασίαις καὶ τῆι ἀλλοτριότητι τῆι πρὸς
τὸ σῶμα, εἴ πως καὶ τὸ λοιπὸν ψυχῆς εἶδος ἀναγάγοι τις καὶ συνενέγκαι
πρὸς τὸ ἄνω καὶ τὸ ἐνταῦθα αὐτῆς ἱδρυμένον, ὃ μόνον ἐστὶ σώματος
δημιουργὸν καὶ πλαστικὸν καὶ τὴν πραγματείαν περὶ τοῦτο ἔχον.
10. É preciso considerar que é assim: o uno é além do que é, tal como o
discurso queria demonstrar que era possível dar demonstração sobre
isso, depois [do uno] há o que é e inteligência, e terceira é a natureza da
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 39
56
Platão, Politeia 589a – b: Οὐκοῦν αὖ ὁ τὰ δίκαια λέγων λυσιτελεῖν φαίη ἂν δεῖν
ταῦτα πράττειν καὶ ταῦτα λέγειν, ὅθεν τοῦ ἀνθρώπου ὁ ἐντὸς ἄνθρωπος ἔσται
ἐγκρατέστατος (então o que diz que as coisas justas são melhores diria que é preciso
praticá-las e dizê-las, daí o homem interior do homem será o mais forte).
57
Platão, Timeu 36e: ἡ δ’ ἐκ μέσου πρὸς τὸν ἔσχατον οὐρανὸν πάντῃ διαπλακεῖσα
κύκλῳ τε αὐτὸν ἔξωθεν περικαλύψασα, αὐτὴ ἐν αὑτῇ στρεφομένη, θείαν ἀρχὴν
ἤρξατο ἀπαύστου καὶ ἔμφρονος βίου πρὸς τὸν σύμπαντα χρόνον. (ela tendo-se
entrelaçado toda em círculo com o céu, desde o meio até o extremo, e tendo-o
envolvido de fora, voltando-se ela nela mesma, deu início ao princípio divino de vida
incessável e sensato para todo o tempo).
58
Platão, Timeu 90a: τοῦτο ὃ δή φαμεν οἰκεῖν μὲν ἡμῶν ἐπ’ ἄκρῳ τῷ σώματι (isso
que dizemos que habita em nossa parte alta do corpo).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 40
11. Οὔσης οὖν ψυχῆς τῆς λογιζομένης περὶ δικαίων καὶ καλῶν καὶ
λογισμοῦ ζητοῦντος εἰ τοῦτο δίκαιον καὶ εἰ τοῦτο καλόν, ἀνάγκη εἶναι
καὶ ἑστώς τι δίκαιον, ἀφ᾽ οὗ καὶ ὁ λογισμὸς περὶ ψυχὴν γίγνεται. Ἢ
πῶς ἂν λογίσαιτο; Καὶ εἰ ὁτὲ μὲν λογίζεται περὶ τούτων ψυχή, ὁτὲ δὲ
μή, δεῖ τὸν [μὴ] λογιζόμενον, ἀλλ᾽ ἀεὶ ἔχοντα τὸ δίκαιον νοῦν ἐν ἡμῖν
εἶναι, εἶναι δὲ καὶ τὴν νοῦ ἀρχὴν καὶ αἰτίαν καὶ θεόν – οὐ μεριστοῦ
ἐκείνου ὄντος, ἀλλὰ μένοντος ἐκείνου, καὶ οὐκ ἐν τόπωι μένοντος – ἐν
πολλοῖς αὖ θεωρεῖσθαι καθ᾽ ἕκαστον τῶν δυναμένων δέχεσθαι οἷον
ἄλλον αὐτόν, ὥσπερ καὶ τὸ κέντρον ἐφ᾽ ἑαυτοῦ ἐστιν, ἔχει δὲ καὶ
ἕκαστον τῶν ἐν τῶι κύκλωι σημεῖον ἐν αὐτῶι, καὶ αἱ γραμμαὶ τὸ ἴδιον
προσφέρουσι πρὸς τοῦτο. Τῶι γὰρ τοιούτωι τῶν ἐν ἡμῖν καὶ ἡμεῖς
ἐφαπτόμεθα καὶ σύνεσμεν καὶ ἀνηρτήμεθα· ἐνιδρύμεθα δὲ οἳ ἂν
συννεύωμεν ἐκεῖ.
11. Então sendo a alma a que raciocina sobre coisas justas e belas e
raciocínio que busca se isso é justo e se isso é belo, necessidade é haver
também algo justo que é estável, desde o qual o raciocínio acerca da
alma vem a ser. Ou como raciocinaria? E se ora a alma raciocina sobre
essas coisas, ora não, é preciso [haver] o que <não> raciocina, mas
sempre tendo o justo, por haver inteligência em nós, e [é preciso] haver
também o princípio de inteligência tanto causa quanto deus – não sendo
esse partilhável, mas permanecendo esse, e não permanecendo em lugar
– para que por sua vez seja contemplado em muitas coisas, segundo
cada uma das potências o receba, tal que ele mesmo diverso, de modo
que o centro é nele mesmo, e cada uma das coisas no círculo tem um
sinal nele, e as linhas se dirigem a ele pelo que é próprio. Pois, por tal
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 41
12. Como então tendo coisas de tal importância não tiramos proveito,
mas na maior parte ficamos inativos em tais atividades, e há os que
inteiramente não as põem em atividade? Essas coisas são sempre em
suas atividades, inteligência e o que é sempre antes de inteligência em
si mesmo, e alma – o que é sempre móvel59 – assim. Pois nem tudo que
é em alma já é sensível, mas vem a nós, quando vá à sensação; e quando
cada coisa que é em atividade não comunique com o que é sentido,
59
Platão, Fedro 245c: Ψυχὴ πᾶσα ἀθάνατος. τὸ γὰρ ἀεικίνητον ἀθάνατον (toda alma
é imortal. Pois o que sempre se move é imortal).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 42
ainda não chegou pela alma inteira. Então ainda não conhecemos
porque somos com o sensível e [porque] não somos uma partícula da
alma, mas a alma toda. E ainda [porque] cada parte dos que são
animados vive sempre em atividade, sempre segundo isso que é de si
mesma; e há o reconhecer, quando vier a ser comunicação e recepção.
É preciso, portanto, se houver recepção das coisas que assim se
apresentam, também o que é recebido voltar-se para o interior, e ali
fazer ter atenção. Desse modo se alguém esperando ouvir uma voz que
deseja, ao afastar o ouvido das outras vozes, despertaria para a melhor
das [vozes] audíveis, quando essa [voz] chegar, assim também aqui é
preciso, tendo afastado as audições sensíveis, se não houver
necessidade de cada uma, para guardar a potência da alma de receber
pura e pronta para ouvir sons do alto.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 43
ENÉADA V
Livro II
Introdução
V 2 (11)
SUMÁRIO
P l o t i n o | 44
βʹ
1. Τὸ ἓν πάντα καὶ οὐδὲ ἕν· ἀρχὴ γὰρ πάντων, οὐ πάντα, ἀλλ᾽ ἐκείνως
πάντα· ἐκεῖ γὰρ οἷον ἐνέδραμε· μᾶλλον δὲ οὔπω ἐστίν, ἀλλ᾽ ἔσται. Πῶς
οὖν ἐξ ἁπλοῦ ἑνὸς οὐδεμιᾶς ἐν ταὐτῶι φαινομένης ποικιλίας, οὐ
διπλόης οὔτινος ὁτουοῦν; Ἢ ὅτι οὐδὲν ἦν ἐν αὐτῶι, διὰ τοῦτο ἐξ αὐτοῦ
πάντα, καὶ ἵνα τὸ ὂν ἦι, διὰ τοῦτο αὐτὸς οὐκ ὄν, γεννητὴς δὲ αὐτοῦ· καὶ
πρώτη οἷον γέννησις αὕτη· ὂν γὰρ τέλειον τῶι μηδὲν ζητεῖν μηδὲ ἔχειν
μηδὲ δεῖσθαι οἷον ὑπερερρύη καὶ τὸ ὑπερπλῆρες αὐτοῦ πεποίηκεν
ἄλλο· τὸ δὲ γενόμενον εἰς αὐτὸ ἐπεστράφη καὶ ἐπληρώθη καὶ ἐγένετο
πρὸς αὐτὸ βλέπον καὶ νοῦς οὗτος. Καὶ ἡ μὲν πρὸς ἐκεῖνο στάσις αὐτοῦ
τὸ ὂν ἐποίησεν, ἡ δὲ πρὸς αὐτὸ θέα τὸν νοῦν. Ἐπεὶ οὖν ἔστη πρὸς αὐτό,
ἵνα ἴδηι, ὁμοῦ νοῦς γίγνεται καὶ ὄν. Οὗτος οὖν ὢν οἷον ἐκεῖνος τὰ ὅμοια
ποιεῖ δύναμιν προχέας πολλήν – εἶδος δὲ καὶ τοῦτο αὐτοῦ – ὥσπερ αὖ
τὸ αὐτοῦ πρότερον προέχεε· καὶ αὕτη ἐκ τῆς οὐσίας ἐνέργεια ψυχῆς
τοῦτο μένοντος ἐκείνου γενομένη· καὶ γὰρ ὁ νοῦς μένοντος τοῦ πρὸ
αὐτοῦ ἐγένετο. Ἡ δὲ οὐ μένουσα ποιεῖ, ἀλλὰ κινηθεῖσα ἐγέννα εἴδωλον.
Ἐκεῖ μὲν οὖν βλέπουσα, ὅθεν ἐγένετο, πληροῦται, προελθοῦσα δὲ εἰς
κίνησιν ἄλλην καὶ ἐναντίαν γεννᾶι εἴδωλον αὐτῆς αἴσθησιν καὶ φύσιν
τὴν ἐν τοῖς φυτοῖς. Οὐδὲν δὲ τοῦ πρὸ αὐτοῦ ἀπήρτηται οὐδ᾽
ἀποτέτμηται· διὸ καὶ δοκεῖ καὶ ἡ ἄνω ψυχὴ μέχρι φυτῶν φθάνειν·
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 45
τρόπον γάρ τινα φθάνει, ὅτι αὐτῆς τὸ ἐν φυτοῖς· οὐ μὴν πᾶσα ἐν φυτοῖς,
ἀλλὰ γιγνομένη ἐν φυτοῖς οὕτως ἐστίν, ὅτι ἐπὶ τοσοῦτον προέβη εἰς τὸ
κάτω ὑπόστασιν ἄλλην ποιησαμένη τῆι προόδωι καὶ προθυμίαι τοῦ
χείρονος· ἐπεὶ καὶ τὸ πρὸ τούτου τὸ νοῦ ἐξηρτημένον μένειν τὸν νοῦν
ἐφ᾽ ἑαυτοῦ ἐᾶι.
V, 2 (11)
DA GERAÇÃO E DA ORDEM
DO QUE É APÓS O PRIMEIRO
1. O uno é todas as coisas e nenhuma é o uno60; pois é princípio de todas
as coisas, não sendo todas as coisas, mas desse modo é todas as coisas;
pois para ali [elas] como que acorrem; isto é, ainda não são, mas serão.
– Como então é desde o uno simples, uma vez que nenhuma variedade
se mostra nele, nem duplicidade de coisa nenhuma? – Porque nada era
nele, por isso tudo é desde ele; e para que o que é seja, por isso esse
mesmo uno não é o que é, mas gerador dele; e essa mesma geração é
como que primeira; pois [o uno], sendo perfeito por nada buscar, nem
ter, nem precisar, é tal que superabundância, e o que é supercompleto
fez algo diverso de si. E o que veio a ser volta-se para ele e se completa
e vem a ser olhando para ele, e essa é inteligência. E o seu repouso em
relação ao uno gerou o que é, e a contemplação em relação a ele gerou
a inteligência. Uma vez que esta se põe em relação a ele, para que veja,
60
Platão, Parmênides 160b: Οὕτω δὴ ἓν εἰ ἔστιν, πάντα τέ ἐστι τὸ ἓν καὶ οὐδὲ ἕν ἐστι
καὶ πρὸς ἑαυτὸ καὶ πρὸς τὰ ἄλλα ὡσαύτως (então se assim é uno, o uno é todas as
coisas e não é uno em relação a si e em relação a outras coisas do mesmo modo).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 46
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 47
SUMÁRIO
P l o t i n o | 48
é antes dela; e ela é até a inteligência, não em lugar; pois nada era em
lugar; e a inteligência muito mais não é em lugar, assim nem a própria
alma. Então, sendo em nenhuma parte, mas no que é de nenhuma parte,
assim ela é em toda parte. E se [a alma], tendo avançado à região
superior, ficar a meio caminho antes de totalmente ter vindo a ser no
ponto mais alto, média tem a vida e fica naquela parte dela mesma. E
essas coisas todas são aquela inteligência e não são aquela inteligência;
são ela, porque são desde ela; e não são ela, porque ela, em si mesma
permanecendo, deu [a si mesma a elas]. Então é tal que uma vida longa
que se estendeu em comprimento; cada uma das partes que seguem é
diferente, e o todo é contínuo a ela; é uma coisa e outra pela diferença,
a parte anterior não se anulando na seguinte. Que então é [essa alma]
que veio a ser nas plantas? Nada gera? Certamente gera naquilo em que
é. É preciso investigar como, ao tomarmos princípio diverso.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 49
ENÉADA V
Livro III
Introdução
V 3 (49)
SUMÁRIO
P l o t i n o | 50
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 51
necessidade voltar-se a si mesma, não apenas como uma boa razão, mas
como algo necessário para reconhecer a si mesma. O ato de pensar na
alma tem menos predominância do que na inteligência, pois ela vê os
inteligíveis vendo a si mesma em sua própria atividade. Essa sua
atividade não é em parte, mas inteira, diferente do que ocorre na alma,
que através de sua melhor parte contempla a inteligência, assim a
necessidade está para inteligência, como a persuasão está para a alma.
Quando não podemos ter a inteligência pura, procuramos a persuasão,
que aplaca em nós a falta de certeza, como se buscássemos ver a
imagem da inteligência pura. É preciso ensinar à alma como contemplar
a si mesma, contemplando aquilo que é sua melhor parte, que também
é da parte da inteligência. Assim também a alma poderá reconhecer a si
mesma. E reconhece a si mesma quando se volta para si; voltar-se para
si significa ver o que é visto, ou seja, ver a inteligência, que é ao mesmo
tempo agente e produto, pois sua ação não escapa de si, pois esse deus
tem tudo em seu domínio, daí o que é dito alegoricamente pelos poetas:
“engole os próprios filhos”. Quando a parte melhor da alma olha para
si, ela vê esse deus, e reconhece a si mesma, porque veio de lá e mantém
toda sua potência. Como ver a si mesma é ver o que é visto? Porque o
seu pensar é em si e para si, como aquele deus, de que nada escapa;
sendo assim, no segundo momento será também para o que é diverso,
como o fogo, que primeiro é para si e em si, depois deixa sua marca no
que é diverso. Assim, a alma que tem esse lado diverso, que é no mundo
sensível, tem também a inteligência, que é sempre a mesma no mesmo
lugar, de modo que por outro lado a alma volta-se para si, que é
inteligência, e age criando por imitação a ação de criação da
inteligência, dessa vez deixando essa marca no que é diverso; essa
criação é imitação do arquétipo, pois cria pelo ato de pensar as figuras
a partir das formas criadas pela inteligência. Esta é como o que se ocupa
absolutamente de si mesmo, e nós só alcançamos isso através dela,
quando nossa alma se volta para ela e vê a si mesma, tendo vida e
atividade semelhante, tão semelhante quanto é possível a uma parte da
SUMÁRIO
P l o t i n o | 52
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 53
SUMÁRIO
P l o t i n o | 54
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 55
até os mais ínfimos. A alma cria como quem tem dor de parto, ao voltar-
se para a inteligência, buscando o uno; mas como dizer e explicar
racionalmente esse processo? Como só apreendemos as coisas de parte
a parte, não se pode explicar isso dizendo e raciocinando. Isso só se
concebe pelo toque da luz proveniente do deus criador, a alma quando
é iluminada percebe o que é indizível pelo raciocínio, como quando um
deus ilumina algum lugar com a luz que lhe é própria. Então a alma vê
com essa luz própria como se vê o sol com sua luz própria. Esse
princípio criador é superior à vida consciente em seu mais algo grau, é
infalível e irrepreensível, superior à própria inteligência que tudo tem.
Esse é o Uno-Bem.
γʹ
1. Ἆρα τὸ νοοῦν ἑαυτὸ ποικίλον δεῖ εἶναι, ἵνα ἑνί τινι τῶν ἐν αὐτῶι τὰ
ἄλλα θεωροῦν οὕτω δὴ λέγηται νοεῖν ἑαυτό, ὡς τοῦ ἁπλοῦ παντάπασιν
ὄντος οὐ δυναμένου εἰς ἑαυτὸ ἐπιστρέφειν καὶ τὴν αὐτοῦ κατανόησιν;
Ἢ οἷόν τε καὶ μὴ σύνθετον ὂν νόησιν ἴσχειν ἑαυτοῦ; Τὸ μὲν γὰρ διότι
σύνθετον λεγόμενον νοεῖν ἑαυτό, ὅτι δὴ ἑνὶ τῶν ἐν αὐτῶι τὰ ἄλλα νοεῖ,
ὥσπερ ἂν εἰ τῆι αἰσθήσει καταλαμβάνοιμεν αὐτῶν τὴν μορφὴν καὶ τὴν
ἄλλην τοῦ σώματος φύσιν, οὐκ ἂν ἔχοι τὸ ὡς ἀληθῶς νοεῖν αὑτό· οὐ
γὰρ τὸ πᾶν ἔσται ἐν τῶι τοιούτωι ἐγνωσμένον, μὴ κἀκείνου τοῦ
νοήσαντος τὰ ἄλλα τὰ σὺν αὐτῶι καὶ ἑαυτὸ νενοηκότος, ἔσται τε οὐ τὸ
ζητούμενον τὸ αὐτὸ ἑαυτό, ἀλλ᾽ ἄλλο ἄλλο. Δεῖ τοίνυν θέσθαι καὶ
ἁπλοῦ κατανόησιν ἑαυτοῦ καὶ τοῦτο πῶς, σκοπεῖν, εἰ δυνατόν, ἢ
ἀποστατέον τῆς δόξης τῆς τοῦ αὐτὸ ἑαυτὸ νοεῖν τι ὄντως. Ἀποστῆναι
μὲν οὖν τῆς δόξης ταύτης οὐ πάνυ οἷόν τε πολλῶν τῶν ἀτόπων
συμβαινόντων· καὶ γὰρ εἰ μὴ ψυχῆι δοίημεν τοῦτο ὡς πάνυ ἄτοπον ὄν,
ἀλλὰ μηδὲ νοῦ τῆι φύσει διδόναι παντάπασιν ἄτοπον, εἰ τῶν μὲν ἄλλων
γνῶσιν ἔχει, ἑαυτοῦ δὲ μὴ ἐν γνώσει καὶ ἐπιστήμηι καταστήσεται. Καὶ
SUMÁRIO
P l o t i n o | 56
γὰρ τῶν μὲν ἔξω ἡ αἴσθησις, ἀλλ᾽ οὐ νοῦς ἀντιλήψεται, καί, εἰ βούλει,
διάνοια καὶ δόξα· ὁ δὲ νοῦς, [εἰ] τούτων γνῶσιν ἔχει ἢ μή, σκέψασθαι
προσήκει· ὅσα δὲ νοητά, νοῦς δηλονότι γνώσεται. Ἆρ᾽ οὖν αὐτὰ μόνον
ἢ καὶ ἑαυτόν, ὃς ταῦτα γνώσεται; Καὶ ἆρα οὕτω γνώσεται ἑαυτόν, ὅτι
γινώσκει ταῦτα μόνον, τίς δὲ ὢν οὐ γνώσεται, ἀλλ᾽ ἃ μὲν αὐτοῦ
γνώσεται ὅτι γιγνώσκει, τίς δὲ ὢν γινώσκει οὐκέτι; Ἢ καὶ τὰ ἑαυτοῦ
καὶ ἑαυτόν; Καὶ τίς ὁ τρόπος καὶ μέχρι τίνος σκεπτέον.
V, 3 (49)
1. Por acaso o que pensa a si mesmo deve ser vário, para que com uma
única [parte] das em si [ele] olhando as outras assim se diga que ele
pensa a si mesmo, porque desse modo o que é absolutamente simples
não é capaz de voltar-se a si mesmo, [e isso será] também a depreensão
de si? Ou é possível o que não for composto ter pensamento de si
mesmo? Pois, porque é dito composto, pensa a si mesmo, porque com
uma única das [partes] em si [ele] pensa as outras, desse modo se pela
sensação acolhermos a figura delas e a diversa natureza do corpo, não
haveria de modo verdadeiro o pensar a si mesmo; pois o todo não terá
sido reconhecido em tal situação, a não ser que aquela parte que pensou
as outras que são com ela tenha também pensado a si mesma, e não
haverá o mesmo que busca a si mesmo, mas um que busca o outro. É
preciso então pôr a depreensão de si mesmo, sendo simples, e examinar
como é isso, se é possível, ou deve-se afastar dessa opinião de o mesmo
pensar a si, como algo real. No entanto afastar-se dessa opinião não é
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 57
SUMÁRIO
P l o t i n o | 58
61
Anaxágoras, 59 A 15: ἦν ὁ Κλαζομένιος, ὃν οἱ τότ’ ἄνθρωποι Νοῦν προσηγόρευον,
... ὅτι τοῖς ὅλοις πρῶτος οὐ τύχην οὐδ’ ἀνάγκην διακοσμήσεως ἀρχήν, ἀλλὰ νοῦν
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 59
3. Ἡ μὲν γὰρ αἴσθησις εἶδεν ἄνθρωπον καὶ ἔδωκε τὸν τύπον τῆι
διανοίαι· ἡ δὲ τί φησιν; Ἢ οὔπω οὐδὲν ἐρεῖ, ἀλλ᾽ ἔγνω μόνον καὶ ἔστη·
εἰ μὴ ἄρα πρὸς ἑαυτὴν διαλογίζοιτο τίς οὗτος, εἰ πρότερον ἐνέτυχε
τούτωι, καὶ λέγοι προσχρωμένη τῆι μνήμηι, ὅτι Σωκράτης. Εἰ δὲ καὶ
ἐξελίττοι τὴν μορφήν, μερίζει ἃ ἡ φαντασία ἔδωκεν· εἰ δέ, εἰ ἀγαθός,
λέγοι, ἐξ ὧν μὲν ἔγνω διὰ τῆς αἰσθήσεως εἴρηκεν, ὃ δὲ εἴρηκεν ἐπ᾽
αὐτοῖς, ἤδη παρ᾽ αὐτῆς ἂν ἔχοι κανόνα ἔχουσα τοῦ ἀγαθοῦ παρ᾽ αὐτῆι.
Τὸ ἀγαθὸν πῶς ἔχει παρ᾽ αὐτῆι; Ἢ ἀγαθοειδής ἐστι, καὶ ἐπερρώσθη δὲ
εἰς τὴν αἴσθησιν τοῦ τοιούτου ἐπιλάμποντος αὐτῆι νοῦ· τὸ γὰρ καθαρὸν
τῆς ψυχῆς τοῦτο καὶ νοῦ δέχεται ἐπικείμενα ἴχνη. Διὰ τί δὲ οὐ τοῦτο
νοῦς, τὰ δὲ ἄλλα ψυχὴ ἀπὸ τοῦ αἰσθητικοῦ ἀρξάμενα; Ἢ ὅτι ψυχὴν δεῖ
ἐν λογισμοῖς εἶναι· ταῦτα δὲ πάντα λογιζομένης δυνάμεως ἔργα. Ἀλλὰ
διὰ τί οὐ τούτωι τῶι μέρει δόντες τὸ νοεῖν ἑαυτὸ ἀπαλλαξόμεθα; Ἢ ὅτι
ἔδομεν αὐτῶι τὰ ἔξω σκοπεῖσθαι καὶ πολυπραγμονεῖν, νῶι δὲ ἀξιοῦμεν
ὑπάρχειν τὰ αὐτοῦ καὶ τὰ ἐν αὐτῶι σκοπεῖσθαι. Ἀλλ᾽ εἴ τις φήσει τί οὖν
κωλύει τοῦτο ἄλληι δυνάμει σκοπεῖσθαι τὰ αὐτοῦ; οὐ τὸ διανοητικὸν
οὐδὲ τὸ λογιστικὸν ἐπιζητεῖ, ἀλλὰ νοῦν καθαρὸν λαμβάνει. Τί οὖν
ἐπέστησε καθαρὸν καὶ (15) ἄκρατον ... (era Anaxágoras de Clazomene, que os
homens de então chamavam Inteligência, ... porque aos inteiros, primeiro, estabeleceu
nem sorte nem necessidade, mas inteligência pura e não misturada ...); B 12: τὰ μὲν
ἄλλα παντὸς μοῖραν μετέχει, νοῦς δέ ἐστιν ἄπειρον καὶ αὐτοκρατὲς καὶ μέμεικται
οὐδενὶ χρήματι, ἀλλὰ (5) μόνος αὐτὸς ἐπ’ ἐωυτοῦ ἐστιν (as outras coisas participam
do todo pela sorte destinada, e a inteligência é infinita, autossuficiente e está misturada
a nenhuma coisa, mas é apenas ela mesma em si mesma).
62
Compreensão para a inteligência pura (νοῦς), que dá as formas (εἴδη), e para a razão
discursiva (διανοητικὸν), que as configura pelos sentidos.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 60
κωλύει ἐν ψυχῆι νοῦν καθαρὸν εἶναι; Οὐδέν, φήσομεν· ἀλλ᾽ ἔτι δεῖ
λέγειν ψυχῆς τοῦτο; Ἀλλ᾽ οὐ ψυχῆς μὲν φήσομεν, ἡμέτερον δὲ νοῦν
φήσομεν, ἄλλον μὲν ὄντα τοῦ διανοουμένου καὶ ἐπάνω βεβηκότα, ὅμως
δὲ ἡμέτερον, καὶ εἰ μὴ συναριθμοῖμεν τοῖς μέρεσι τῆς ψυχῆς. Ἢ
ἡμέτερον καὶ οὐχ ἡμέτερον· διὸ καὶ προσχρώμεθα αὐτῶι καὶ οὐ
προσχρώμεθα – διανοίαι δὲ ἀεί – καὶ ἡμέτερον μὲν χρωμένων, οὐ
προσχρωμένων δὲ οὐχ ἡμέτερον. Τὸ δὴ προσχρῆσθαι τί ἐστιν; Ἆρα
αὐτοὺς ἐκεῖνο γινομένους, καὶ φθεγγομένους ὡς ἐκεῖνος; Ἢ κατ᾽
ἐκεῖνον· οὐ γὰρ νοῦς ἡμεῖς· κατ᾽ ἐκεῖνο οὖν τῶι λογιστικῶι πρώτωι
δεχομένωι. Καὶ γὰρ αἰσθανόμεθα δι᾽ αἰσθήσεως καὶ ἡμεῖς [οὐχ] οἱ
αἰσθανόμενοι· ἆρ᾽ οὖν καὶ διανοούμεθα οὕτως [καὶ διὰ νοῦ μὲν οὕτως;]
Ἢ αὐτοὶ μὲν οἱ λογιζόμενοι καὶ νοοῦμεν τὰ ἐν τῆι διανοίαι νοήματα
αὐτοί· τοῦτο γὰρ ἡμεῖς. Τὰ δὲ τοῦ νοῦ ἐνεργήματα ἄνωθεν οὕτως, ὡς
τὰ ἐκ τῆς αἰσθήσεως κάτωθεν, τοῦτο ὄντες τὸ κύριον τῆς ψυχῆς, μέσον
δυνάμεως διττῆς, χείρονος καὶ βελτίονος, χείρονος μὲν τῆς αἰσθήσεως,
βελτίονος δὲ τοῦ νοῦ. Ἀλλ᾽ αἴσθησις μὲν αἰεὶ ἡμέτερον δοκεῖ
συγκεχωρημένον – ἀεὶ γὰρ αἰσθανόμεθα – νοῦς δὲ ἀμφισβητεῖται, καὶ
ὅτι μὴ αὐτῶι ἀεὶ καὶ ὅτι χωριστός· χωριστὸς δὲ τῶι μὴ προσνεύειν
αὐτόν, ἀλλ᾽ ἡμᾶς μᾶλλον πρὸς αὐτὸν εἰς τὸ ἄνω βλέποντας. Αἴσθησις
δὲ ἡμῖν ἄγγελος, βασιλεὺς δὲ πρὸς ἡμᾶς ἐκεῖνος.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 61
63
Platão, Politeia 509a: ἐπιστήμην δὲ καὶ ἀλήθειαν, ὥσπερ ἐκεῖ φῶς τε καὶ ὄψιν
ἡλιοειδῆ μὲν νομίζειν ὀρθόν, ἥλιον δ’ ἡγεῖσθαι οὐκ ὀρθῶς ἔχει, οὕτω καὶ ἐνταῦθα
ἀγαθοειδῆ μὲν νομίζειν ταῦτ’ ἀμφότερα ὀρθόν,
ἀγαθὸν δὲ ἡγεῖσθαι ὁπότερον αὐτῶν οὐκ ὀρθόν, ἀλλ’ ἔτι μειζόνως τιμητέον τὴν τοῦ
ἀγαθοῦ ἕξιν (é correto considerar conhecimento e verdade formas do bem, como aqui
luz e visão como formas do sol, mas considerá-las sol não é correto, assim também
aqui considerar conhecimento e verdade formas do bem é correto, mas considerar
qualquer uma delas como bem não é correto, mas deve-se ter ainda maior
consideração com a condição do bem).
64
Enéda I 1, 1: o conjunto de corpo e alma.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 62
65
καὶ ἡμεῖς [οὐχ] οἱ αἰσθανόμενοι] em outras lições: κἂν <μὴ> ἡμεῖς οἱ αἰσθανόμενοι.
66
καὶ διὰ νοῦ μὲν οὕτως;] em outras lições: καὶ διὰ νοῦ νοοῦμεν οὕτως;
67
Aristóteles, De anima III 5, 453a 17: καὶ οὗτος ὁ νοῦς χωριστὸς καὶ ἀπαθὴς καὶ
ἀμιγής, τῇ οὐσίᾳ ὢν ἐνέργεια (essa inteligência é separável, impassível e não
misturada, sendo em atividade para a essência).
68
Platão, Filebo 28c: ὡς νοῦς ἐστι βασιλεὺς ἡμῖν οὐρανοῦ τε καὶ γῆς (que para nós
inteligência é rei do céu e da terra).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 63
τὸν δὲ ὑπεράνω τούτου, τὸν γινώσκοντα ἑαυτὸν κατὰ τὸν νοῦν ἐκεῖνον
γινόμενον· κἀκείνωι ἑαυτὸν νοεῖν αὖ οὐχ ὡς ἄνθρωπον ἔτι, ἀλλὰ
παντελῶς ἄλλον γενόμενον καὶ συναρπάσαντα ἑαυτὸν εἰς τὸ ἄνω μόνον
ἐφέλκοντα τὸ τῆς ψυχῆς ἄμεινον, ὃ καὶ δύναται μόνον πτεροῦσθαι πρὸς
νόησιν, ἵνα τις ἐκεῖ παρακαταθοῖτο ἃ εἶδε. Τὸ δὴ διανοητικὸν ὅτι
διανοητικὸν ἆρα οὐκ οἶδε, καὶ ὅτι σύνεσιν τῶν ἔξω λαμβάνει, καὶ ὅτι
κρίνει ἃ κρίνει, καὶ ὅτι τοῖς ἐν ἑαυτῶι κανόσιν, οὓς παρὰ τοῦ νοῦ ἔχει,
καὶ ὡς ἔστι τι βέλτιον αὐτοῦ, [ὃ] οὐ ζητεῖ, ἀλλ᾽ ἔχει πάντως δήπου;
Ἀλλ᾽ ἆρα τί ἐστιν αὐτὸ [ὃ] οὐκ οἶδεν ἐπιστάμενον οἷόν ἐστι καὶ οἷα τὰ
ἔργα αὐτοῦ; Εἰ οὖν λέγοι, ὅτι ἀπὸ νοῦ ἐστι καὶ δεύτερον μετὰ νοῦν καὶ
εἰκὼν νοῦ, ἔχον ἐν ἑαυτῶι τὰ πάντα οἷον γεγραμμένα, ὡς ἐκεῖ ὁ γράφων
καὶ ὁ γράψας, ἆρ᾽ οὖν στήσεται μέχρι τούτων ὁ οὕτως ἑαυτὸν ἐγνωκώς,
ἡμεῖς δὲ ἄλληι δυνάμει προσχρησάμενοι νοῦν αὖ γινώσκοντα ἑαυτὸν
κατοψόμεθα ἢ ἐκεῖνον μεταλαβόντες, ἐπείπερ κἀκεῖνος ἡμέτερος καὶ
ἡμεῖς ἐκείνου, οὕτω νοῦν καὶ αὑτοὺς γνωσόμεθα; Ἢ ἀναγκαῖον οὕτως,
εἴπερ γνωσόμεθα, ὅ τί ποτ᾽ ἐστὶ τὸ ἐν νῶι αὐτὸ ἑαυτό. Ἔστι δὴ νοῦς τις
αὐτὸς γεγονώς, ὅτε τὰ ἄλλα ἀφεὶς ἑαυτοῦ τούτωι καὶ τοῦτον βλέπει,
αὐτῶι δὲ ἑαυτόν. Ὡς δὴ οὖν νοῦς ἑαυτὸν ὁρᾶι.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 64
melhor parte da alma, que única também é capaz de alçar voo para o ato
de pensar69, para que ali alguém deposite o que viu. A razão discursiva
não sabe, por acaso, que é razão discursiva e que toma consciência das
coisas de fora e que julga o que julga e que tem as regras em si mesma,
as quais tem da parte da inteligência, e, assim há algo melhor do que ela
mesma, que [ela] não busca, mas o tem inteiramente com certeza? Mas,
por acaso, o que é isso mesmo <que> ela não sabe, tal que tem
conhecimento de quais sejam os trabalhos dela? Então se ela disser que
é a partir da inteligência, segunda depois da inteligência e imagem de
inteligência, tendo em si todas as coisas tal como estivessem escritas,
de modo que há ali o que escreve e o que escreveu, então por acaso o
que assim está em conhecimento de si ficará no limite dessas coisas, e
nós miraremos a inteligência, que por sua vez reconhece a si mesma,
servindo-nos de outra potência ou tomando parte dela, se é que ela é
mesmo nossa e nós somos dela, desse modo reconheceremos
inteligência e nós mesmos? Certamente é necessário assim, se é que
reconheceremos o que então é o que em inteligência reconhece a si
mesmo. E é inteligência alguém que está em conhecimento de si
mesmo, quando, tendo afastado de si as outras coisas, com essa
[inteligência] olha essa [inteligência], e com ela reconhece a si mesmo.
Então assim inteligência vê a si mesma.
5. Ἆρ᾽ οὖν ἄλλωι μέρει ἑαυτοῦ ἄλλο μέρος αὐτοῦ καθορᾶι; Ἀλλ᾽ οὕτω
τὸ μὲν ἔσται ὁρῶν, τὸ δὲ ὁρώμενον· τοῦτο δὲ οὐκ αὐτὸ ἑαυτό. Τί οὖν,
εἰ πᾶν τοιοῦτον οἷον ὁμοιομερὲς εἶναι, ὥστε τὸ ὁρῶν μηδὲν διαφέρειν
τοῦ ὁρωμένου; Οὕτω γὰρ ἰδὼν ἐκεῖνο τὸ μέρος αὐτοῦ ὂν ταὐτὸν αὐτῶι
εἶδεν ἑαυτόν· διαφέρει γὰρ οὐδὲν τὸ ὁρῶν πρὸς τὸ ὁρώμενον. Ἢ
πρῶτον μὲν ἄτοπος ὁ μερισμὸς ἑαυτοῦ· πῶς γὰρ καὶ μεριεῖ; οὐ γὰρ δὴ
69
Platão, Fedro 246d: Πέφυκεν ἡ πτεροῦ δύναμις τὸ ἐμβριθὲς ἄγειν ἄνω
μετεωρίζουσα ᾗ τὸ τῶν θεῶν γένος οἰκεῖ (é natural a capacidade da asa conduzir acima
o que é pesado, elevando-o, onde a raça dos deuses habita).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 65
SUMÁRIO
P l o t i n o | 66
Καθ᾽ ἑκάτερον ἄρα ἑαυτὸν νοήσει, καθότι καὶ ἡ νόησις αὐτὸς ἦν, καὶ
καθότι τὸ νοητὸν αὐτός, ὅπερ ἐνόει τῆι νοήσει, ὃ ἦν αὐτός.
5. Por acaso com uma parte de si ela avista outra parte de si? Mas assim
de um lado haverá o que vê, e de outro, o que é visto; e isso não é
reconhecer a si mesmo. Então é o quê, se há um todo tal de modo a ser
de partes semelhantes, como o que vê em nada diferir do que é visto?
Assim vendo aquela parte de si que é igual a si mesma vê a si mesma;
pois em nada difere o que vê em relação ao que é visto. Primeiramente
é absurdo o efeito da partilha dela mesma; pois também como será
partilhada? Não pode ser segundo a sorte; e o que partilha é quem? O
que ordena a si mesmo no contemplar ou no ser contemplado? Depois
como reconhecerá a si mesmo o que contempla no que é contemplado,
tendo-se ordenado segundo o contemplar? Pois o contemplar não era no
que é contemplado. Certamente tendo reconhecido a si mesmo pensará
que assim é contemplado, mas não que contempla; desse modo nem
todas as coisas nem a si mesmo reconhecerá por inteiro; pois vê o que
é como o que é contemplado, mas não vê como o que contempla; e
assim será um diverso [que contempla], mas não o que viu a si mesmo.
Certamente acrescentará de si mesma o que foi contemplado, para que
possa pensar ser ela mesma perfeita. Mas se [acrescentar] também ela
mesma que foi contemplada, [acrescentará] igualmente também as
coisas que foram vistas. Então se na contemplação têm princípio as
coisas que foram vistas, caso haja marcas delas, ela não as tem; e se as
tiver, o que viu não as tem por partilhar a si mesmo, mas era antes de
partilhar a si mesmo que contemplava e tinha.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 67
70
Referência a Aristóteles, Metafísica XII 7, 1074b 20-21: αὑτὸν δὲ νοεῖ ὁ νοῦς κατὰ
μετάληψιν τοῦ νοητοῦ· νοητὸς γὰρ γίγνεται θιγγάνων καὶ νοῶν, ὥστε ταὐτὸν νοῦς καὶ
νοητόν (a inteligência pensa a si mesma segundo participação do inteligível; pois
inteligível vem a ser percebendo e pensando, assim inteligência e inteligível são o
mesmo).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 68
realmente era ela mesma71. Portanto segundo cada um dos dois [ela]
pensará a si mesma, segundo o que também o ato de pensar era ela e
segundo o que o inteligível era ela, o que realmente pensava pelo ato de
pensar, isso era ela mesma72.
71
Referência a Aristóteles, Metafísica XII 7, 1074b 33: αὑτὸν ἄρα νοεῖ, εἴπερ ἐστὶ τὸ
κράτιστον, καὶ ἔστιν ἡ νόησις νοήσεως νόησις (portanto pensará a si mesma, se
realmente for o mais forte, e o ato de pensar é ato de pensar de ato de pensar).
72
Parmênides 28 B 3, Diels-Kranz: τὸ γὰρ αὐτὸ νοεῖν ἐστίν τε καὶ εἶναι (pois o mesmo
é pensar e ser).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 69
συμβαίνοι ἂν καὶ τούτωι λόγωι ὄντι καὶ συγγενῆ λαμβάνοντι καὶ τοῖς
ἐν αὐτῶι ἴχνεσιν ἐφαρμόττοντι οὕτω τοι γινώσκειν ἑαυτό. Μεταθέτω
τοίνυν καὶ ἐπὶ τὸν ἀληθῆ νοῦν τὴν εἰκόνα, ὃς ἦν ὁ αὐτὸς τοῖς
νοουμένοις ἀληθέσι καὶ ὄντως οὖσι καὶ πρώτοις, καὶ ὅτι μὴ οἷόν τε
τοῦτον τὸν τοιοῦτον ἐκτὸς ἑαυτοῦ εἶναι – ὥστε εἴπερ ἐν ἑαυτῶι ἐστι καὶ
σὺν ἑαυτῶι καὶ τοῦτο, ὅπερ ἐστί, νοῦς ἐστιν [ἀνόητος δὲ νοῦς οὐκ ἄν
ποτε εἴη] ἀνάγκη συνεῖναι αὐτῶι τὴν γνῶσιν ἑαυτοῦ – καὶ ὅτι ἐν αὐτῶι
οὗτος, καὶ οὐκ ἄλλο αὐτῶι τὸ ἔργον καὶ ἡ οὐσία ἢ τὸ νῶι μόνον εἶναι.
Οὐ γὰρ δὴ πρακτικός γε οὗτος· ὡς πρὸς τὸ ἔξω βλέποντι τῶι πρακτικῶι
καὶ μὴ ἐν αὐτῶι μένοντι εἴη ἂν τῶν μὲν ἔξω τις γνῶσις, ἀνάγκη δὲ οὐκ
ἔνεστιν, εἴπερ τὸ πᾶν πρακτικὸς εἴη, γινώσκειν ἑαυτόν. Ὧι δὲ μὴ πρᾶξις
– οὐδὲ γὰρ ὄρεξις τῶι καθαρῶι νῶι ἀπόντος – τούτωι ἡ ἐπιστροφὴ πρὸς
αὐτὸν οὖσα οὐ μόνον εὔλογον ὑποδείκνυσιν [τὴν ἑαυτοῦ], ἀλλὰ καὶ
ἀναγκαίαν [αὐτοῦ] τὴν [ἑαυτοῦ] γνῶσιν· τίς γὰρ ἂν καὶ ἡ ζωὴ αὐτοῦ εἴη
πράξεως ἀπηλλαγμένωι καὶ ἐν νῶι ὄντι;
SUMÁRIO
P l o t i n o | 70
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 71
7. Ἀλλὰ τὸν θεὸν θεωρεῖ, εἴποιμεν ἄν. Ἀλλ᾽ εἰ τὸν θεὸν γινώσκειν αὐτόν
τις ὁμολογήσει, καὶ ταύτηι συγχωρεῖν ἀναγκασθήσεται καὶ ἑαυτὸν
γινώσκειν. Καὶ γὰρ ὅσα ἔχει παρ᾽ ἐκείνου γνώσεται, καὶ ἃ ἔδωκε, καὶ ἃ
δύναται ἐκεῖνος. Ταῦτα δὲ μαθὼν καὶ γνοὺς καὶ ταύτηι ἑαυτὸν
γνώσεται· καὶ γὰρ ἕν τι τῶν δοθέντων αὐτός, μᾶλλον δὲ πάντα τὰ
δοθέντα αὐτός. Εἰ μὲν οὖν κἀκεῖνο γνώσεται κατὰ τὰς δυνάμεις αὐτοῦ
μαθών, καὶ ἑαυτὸν γνώσεται ἐκεῖθεν γενόμενος καὶ ἃ δύναται
κομισάμενος· εἰ δὲ ἀδυνατήσει ἰδεῖν σαφῶς ἐκεῖνον, ἐπειδὴ τὸ ἰδεῖν
ἴσως αὐτό ἐστι τὸ ὁρώμενον, ταύτηι μάλιστα λείποιτ᾽ ἂν αὐτῶι ἰδεῖν
ἑαυτὸν καὶ εἰδέναι, εἰ τὸ ἰδεῖν τοῦτό ἐστι τὸ αὐτὸ εἶναι τὸ ὁρώμενον. Τί
γὰρ ἂν καὶ δοίημεν αὐτῶι ἄλλο; Ἡσυχίαν, νὴ Δία. Ἀλλὰ νῶι ἡσυχία οὐ
νοῦ ἐστιν ἔκστασις, ἀλλ᾽ ἔστιν ἡσυχία τοῦ νοῦ σχολὴν ἄγουσα ἀπὸ τῶν
ἄλλων ἐνέργεια· ἐπεὶ καὶ τοῖς ἄλλοις, οἷς ἐστιν ἡσυχία ἑτέρων,
καταλείπεται ἡ αὐτῶν οἰκεία ἐνέργεια καὶ μάλιστα, οἷς τὸ εἶναι οὐ
δυνάμει ἐστίν, ἀλλὰ ἐνεργείαι. Τὸ εἶναι οὖν ἐνέργεια, καὶ οὐδέν, πρὸς
ὃ ἡ ἐνέργεια· πρὸς αὑτῶι ἄρα. Ἑαυτὸν ἄρα νοῶν οὕτω πρὸς αὑτῶι καὶ
εἰς ἑαυτὸν τὴν ἐνέργειαν ἴσχει. Καὶ γὰρ εἴ τι ἐξ αὐτοῦ, τῶι εἰς αὐτὸν ἐν
ἑαυτῶι. Ἔδει γὰρ πρῶτον ἐν ἑαυτῶι, εἶτα καὶ εἰς ἄλλο, ἢ ἄλλο τι ἥκειν
ἀπ᾽ αὐτοῦ ὁμοιούμενον αὐτῶι, οἷον καὶ πυρὶ ἐν αὑτῶι πρότερον ὄντι
πυρὶ καὶ τὴν ἐνέργειαν ἔχοντι πυρὸς οὕτω τοι καὶ ἴχνος αὐτοῦ
δυνηθῆναι ποιῆσαι ἐν ἄλλωι. Καὶ γὰρ αὖ καὶ ἔστιν ὁ μὲν νοῦς ἐν αὑτῶι
ἐνέργεια, ἡ δὲ ψυχὴ τὸ μὲν ὅσον πρὸς νοῦν αὐτῆς οἷον εἴσω, τὸ δ᾽ ἔξω
νοῦ πρὸς τὸ ἔξω. Κατὰ θάτερα μὲν γὰρ ὡμοίωται ὅθεν ἥκει, κατὰ
θάτερα δὲ καίτοι ἀνομοιωθεῖσα ὅμως ὡμοίωται καὶ ἐνταῦθα, εἴτε
πράττοι, εἴτε ποιοῖ· καὶ γὰρ καὶ πράττουσα ὅμως θεωρεῖ καὶ ποιοῦσα
εἴδη ποιεῖ, οἷον νοήσεις ἀπηρτισμένας, ὥστε πάντα εἶναι ἴχνη νοήσεως
καὶ νοῦ κατὰ τὸ ἀρχέτυπον προιόντων καὶ μιμουμένων τῶν ἐγγὺς
μᾶλλον, τῶν δὲ ἐσχάτων ἀμυδρὰν ἀποσωιζόντων εἰκόνα.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 72
quantas coisas tem da parte dele, tanto as que ele deu quanto as de que
ele é capaz. Quando ela tiver aprendido e reconhecido isso, nesse ponto
reconhecerá a si mesma; pois algo único das coisas que foram dadas é
ela mesma, ou melhor, todas as coisas que foram dadas é ela mesma.
Então se reconhecer mesmo aquele deus porque aprendeu segundo suas
potências, reconhecerá também a si mesma, porque de lá veio a ser e
trouxe aquilo de que é capaz; e se não for capaz de ver claramente
aquele deus, quando o ‘ver’ talvez seja o mesmo que ‘é visto’, sobre
tudo nesse ponto seria dito a ela que ela vê e conhece a si mesma, se
esse ‘ver’ for o mesmo que ‘é visto’73. Que outra coisa ainda
concederíamos a ela? Tranquilidade, por Zeus! Mas para inteligência
tranquilidade não é estar fora de inteligência, mas é tranquilidade
atividade da inteligência que traz ócio a partir de diversas coisas, uma
vez que também para essas, às quais há tranquilidade de diferentes
modos, resta a familiar atividade delas mesmas, sobretudo às que o ser
não é em potência, mas em atividade. Então o ser é atividade, e é nada
em relação a que é em atividade; é em relação a si mesmo, portanto.
Pensando, portanto, a si mesma, assim é em relação a si e mantém a
atividade para si mesma. Pois se algo é desde si mesmo, a esse há ‘para
si mesmo em si mesmo’. Pois era preciso primeiro ser em si mesmo,
depois também para um diverso, ou certa coisa diversa chegar a partir
dele assemelhando-se a ele mesmo, tal que se assemelhando ao fogo
que é fogo antes em si mesmo, tendo assim a atividade de fogo, de modo
a também ser capaz de criar sua marca em algo diverso. E por sua vez
também a inteligência é atividade em si, e a alma por um lado é tanto
em relação à inteligência dela, tal que para dentro, quanto por outro lado
73
Platão, Alcibíades Maior 133c: Τῷ θεῷ ἄρα τοῦτ’ ἔοικεν αὐτῆς, καί τις εἰς τοῦτο
βλέπων καὶ πᾶν τὸ θεῖον γνούς, θεόν τε καὶ φρόνησιν, οὕτω καὶ ἑαυτὸν ἂν γνοίη
μάλιστα (portanto isso da alma se assemelha a deus, e alguém olhando para isso e
reconhecendo todo o divino, deus e sensatez, desse modo principalmente reconheceria
a si mesmo).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 73
SUMÁRIO
P l o t i n o | 74
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 75
gerou, mas ela mesma e as razões são como visagem; ela veio de onde
é claro, verdadeiro e primeiro, de onde tanto é de si quanto é para si
mesma; e essa [visagem], caso não venha a ser de outro e em outro, não
permanece; pois à imagem convém vir a ser sendo de um em outro74, a
menos que não esteja dependente daquele [primeiro]; por isso essa
visagem não vê, porque de fato não tem luz suficiente, e mesmo que
veja, veria um diverso que se completou em outro e não veria a si
mesma. Mas então nenhuma dessas coisas há lá [no inteligível], mas ato
de ver e o visível são ao mesmo tempo para o mesmo ato, e tal é o
visível qual é o ato de ver, e o ato de ver é tal que o visível. Então quem
dirá tal como o que é isso? O que vê; e inteligência vê. Uma vez que
aqui a visão é luz, ou melhor, porque se unificou à luz, vê luz; pois vê
cores; e lá [no inteligível] não é por causa de um diferente, mas por
causa do mesmo ato de ver, porque não é de fora. Então uma luz vê com
outra luz, não por causa de outra luz. Portanto uma luz vê outra luz;
então ela vê a si mesma. E essa luz, quando brilha na alma, ilumina; e
isso a faz inteligente; isto é, assemelha-se à luz superior. Então tal é a
marca que se gerou da luz na alma, tal que ao considerares essa marca
como ainda mais bela, maior e mais clara, virás a ser próximo da
natureza da inteligência e do inteligível. E por sua vez, quando a alma
é iluminada, essa [luz] lhe dá vida mais clara, e vida não relativa à
geração; pois [essa luz] volta-se ao contrário para a própria alma, e não
a permite dissipar-se, mas a faz amar o esplendor em si; não é, contudo,
nem um esplendor sensível, pois esse olha para fora e não tem melhor
percepção; mas o que toma aquela luz das coisas verdadeiras olha tal
74
Platão, Timeu 52c: ὡς εἰκόνι μέν, ἐπείπερ οὐδ’ αὐτὸ τοῦτο ἐφ’ ᾧ γέγονεν ἑαυτῆς
ἐστιν, ἑτέρου δέ τινος ἀεὶ φέρεται φάντασμα, διὰ ταῦτα ἐν ἑτέρῳ προσήκει τινὶ
γίγνεσθαι (assim à imagem, uma vez que nem é isso mesmo dela sobre que veio a ser,
mas sempre se leva como um fantasma de alguma outra coisa, por isso convém vir a
ser em algum outro). Note-se a diferença entre εἰκών (imagem) e εἴδωλον
(εἰδος+ὄλλυμι > visagem, visão da morte).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 76
75
Platão, Fédon 95c: τὸ δὲ ἀποφαίνειν ὅτι ἰσχυρόν τί ἐστιν ἡ ψυχὴ καὶ θεοειδὲς καὶ
ἦν ἔτι (5) πρότερον, πρὶν ἡμᾶς ἀνθρώπους γενέσθαι, ... (demonstrar que a alma é algo
forte e de forma divina e que era anterior, antes de nós homens vir a ser, ...).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 77
εἶτα καὶ τὴν πλάττουσαν τοῦτο ψυχὴν καὶ τὴν αἴσθησιν δὲ εὖ μάλα,
ἐπιθυμίας δὲ καὶ θυμοὺς καὶ τὰς ἄλλας τὰς τοιαύτας φλυαρίας, ὡς πρὸς
τὸ θνητὸν νευούσας καὶ πάνυ. Τὸ δὴ λοιπὸν αὐτῆς τοῦτό ἐστιν, ὃ εἰκόνα
ἔφαμεν νοῦ σώιζουσάν τι φῶς ἐκείνου, οἷον ἡλίου μετὰ τὴν τοῦ
μεγέθους σφαῖραν τὸ περὶ αὐτὴν ἐξ αὐτῆς λάμπον. Ἡλίου μὲν οὖν τὸ
φῶς οὐκ ἄν τις συγχωρήσειεν ἐφ᾽ ἑαυτοῦ περὶ αὐτὸν ἥλιον εἶναι, ἐξ οὗ
ὡρμημένον καὶ περὶ αὐτὸν μεῖναν, ἄλλο δὲ ἐξ ἄλλου ἀεὶ προιὸν τοῦ πρὸ
αὐτοῦ, ἕως ἂν εἰς ἡμᾶς καὶ ἐπὶ γῆν ἥκηι· ἀλλὰ πᾶν καὶ τὸ περὶ αὐτὸν
ἥλιον θήσεται ἐν ἄλλωι, ἵνα μὴ διάστημα διδῶι κενὸν τὸ μετὰ τὸν ἥλιον
σώματος. Ἡ δὲ ψυχὴ ἐκ νοῦ φῶς τι περὶ αὐτὸν γενομένη ἐξήρτηταί τε
αὐτοῦ καὶ οὔτε ἐν ἄλλωι, ἀλλὰ περὶ ἐκεῖνον, οὔτε τόπος αὐτῆι· οὐδὲ
γὰρ ἐκείνωι. Ὅθεν τὸ μὲν τοῦ ἡλίου φῶς ἐν ἀέρι, αὐτὴ δὲ ἡ ψυχὴ ἡ
τοιαύτη καθαρά, ὥστε καὶ ἐφ᾽ αὑτῆς ὁρᾶσθαι ὑπό τε αὐτῆς καὶ ἄλλης
τοιαύτης. Καὶ αὐτῆι μὲν περὶ νοῦ συλλογιστέα οἷος ἀφ᾽ ἑαυτῆς
σκοπουμένηι, νοῦς δὲ αὐτὸς αὑτὸν οὐ συλλογιζόμενος περὶ αὑτοῦ·
πάρεστι γὰρ ἀεὶ αὑτῶι, ἡμεῖς δέ, ὅταν εἰς αὐτόν· μεμέρισται γὰρ ἡμῖν ἡ
ζωὴ καὶ πολλαὶ ζωαί, ἐκεῖνος δὲ οὐδὲν δεῖται ἄλλης ζωῆς ἢ ἄλλων, ἀλλ᾽
ἃς παρέχει ἄλλοις παρέχει, οὐχ ἑαυτῶι· οὐδὲ γὰρ δεῖται τῶν χειρόνων,
οὐδὲ αὑτῶι παρέχει τὸ ἔλαττον ἔχων τὸ πᾶν, οὐδὲ τὰ ἴχνη ἔχων τὰ
πρῶτα, μᾶλλον δὲ οὐκ ἔχων, ἀλλ᾽ αὐτὸς ὢν ταῦτα. Εἰ δέ τις ἀδυνατεῖ
[τὴν πρώτην] τὴν τοιαύτην ψυχὴν ἔχειν καθαρῶς νοοῦσαν, δοξαστικὴν
λαβέτω, εἶτα ἀπὸ ταύτης ἀναβαινέτω. Εἰ δὲ μηδὲ τοῦτο, αἴσθησιν
ἐμπλατύτερα τὰ εἴδη κομιζομένην, αἴσθησιν δὲ καὶ ἐφ᾽ ἑαυτῆς μεθ᾽ ὧν
δύναται καὶ ἤδη ἐν τοῖς εἴδεσιν οὖσαν. Εἰ δὲ βούλεταί τις, καταβαίνων
καὶ ἐπὶ τὴν γεννῶσαν ἴτω μέχρι καὶ ὧν ποιεῖ· εἶτα ἐντεῦθεν ἀναβαινέτω
ἀπὸ ἐσχάτων εἰδῶν εἰς τὰ ἔσχατα ἀνάπαλιν εἴδη, μᾶλλον δὲ εἰς τὰ
πρῶτα.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 78
76
Platão, Fédon 66b-c: μυρίας μὲν γὰρ ἡμῖν ἀσχολίας παρέχει τὸ σῶμα ... ἐρώτων δὲ
καὶ ἐπιθυμιῶν καὶ φόβων καὶ εἰδώλων παντοδαπῶν καὶ φλυαρίας ἐμπίμπλησιν ἡμᾶς
πολλῆς ... (o corpo nos apresenta infinitas ocupações ... [que] nos enchem de eros,
desejos, medos, visagens de toda parte e muita tolice ...).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 79
nem [for capaz] disso, [tome] a sensação que porta as mais estendidas
formas, e sensação em si mesma com as coisas de que é capaz, já sendo
nas formas. E se alguém quiser, descendo em direção à [alma] que gera,
vá até as coisas que ela cria. Depois suba daqui das formas extremas até
as últimas formas de novo, ou melhor, até as primeiras.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 80
εἰπεῖν αὐτὸν δέοι, δεῖ πρότερον λέγειν ἃ μὴ ἔστιν· ὥστε καὶ οὕτως
πολλὰ ἂν εἶναι, ἵνα ἓν εἴη. Εἶθ᾽ ὅταν λέγηι εἰμὶ τόδε τὸ τόδε εἰ μὲν
ἕτερον τι αὐτοῦ ἐρεῖ, ψεύσεται· εἰ δὲ συμβεβηκὸς αὐτῶι, πολλὰ ἐρεῖ ἢ
τοῦτο ἐρεῖ εἰμὶ εἰμὶ καὶ ἐγὼ ἐγώ. Τί οὖν, εἰ δύο μόνα εἴη καὶ λέγοι ἐγὼ
καὶ τοῦτο; Ἢ ἀνάγκη πόλλ᾽ ἤδη εἶναι· καὶ γὰρ ὡς ἕτερα καὶ ὅπηι ἕτερα
καὶ ἀριθμὸς ἤδη καὶ πολλὰ ἄλλα. Δεῖ τοίνυν τὸ νοοῦν ἕτερον καὶ ἕτερον
λαβεῖν καὶ τὸ νοούμενον κατανοούμενον ὂν ποικίλον εἶναι· ἢ οὐκ ἔσται
νόησις αὐτοῦ, ἀλλὰ θίξις καὶ οἷον ἐπαφὴ μόνον ἄρρητος καὶ ἀνόητος,
προνοοῦσα οὔπω νοῦ γεγονότος καὶ τοῦ θιγγάνοντος οὐ νοοῦντος. Δεῖ
δὲ τὸ νοοῦν μηδὲ αὐτὸ μένειν ἁπλοῦν, καὶ ὅσωι ἂν μάλιστα αὐτὸ νοῆι·
διχάσει γὰρ αὐτὸ ἑαυτό, κἂν σύνεσιν δῶι τὴν σιωπήν. Εἶτα οὐδὲ
δεήσεται οἷον πολυπραγμονεῖν ἑαυτό· τί γὰρ καὶ μαθήσεται νοῆσαν;
Πρὸ γὰρ τοῦ νοῆσαι ὑπάρχει ὅπερ ἐστὶν ἑαυτῶι. Καὶ γὰρ αὖ πόθος τις
καὶ ἡ γνῶσίς ἐστι καὶ οἷον ζητήσαντος εὕρεσις. Τὸ τοίνυν διάφορον
πάντη αὐτὸ πρὸς αὐτὸ μένει, καὶ οὐδὲν ζητεῖ περὶ αὐτοῦ, ὃ δ᾽ ἐξελίττει
ἑαυτό, καὶ πολλὰ ἂν εἴη.
10. Portanto isso está nesse ponto. Não há apenas as coisas que foram
criadas, pois não seriam extremas. Lá [no inteligível] primeiras são as
que criam, daí são primeiras. É preciso então haver ao mesmo tempo
[com elas] o que cria, e ambos ser um só; senão, haverá necessidade
novamente de um diverso. Que será, então? Não haverá necessidade
novamente de algo diverso que é além desse [que cria]? Ou a
inteligência é isso? Que será, então, [além da inteligência]? Esse não vê
a si mesmo? Certamente esse em nada necessita de visão. Mas isso é
por último77; agora novamente digamos – pois a observação não é sobre
o que se dá por acaso78 – deve-se dizer novamente que essa inteligência
77
Capítulos 11 a 17.
78
Platão, Politeia 352d: οὐ γὰρ περὶ τοῦ ἐπιτυχόντος ὁ λόγος, ἀλλὰ περὶ τοῦ ὅντινα
τρόπον χρὴ ζῆν (pois o discurso não é sobre o que se dá por acaso, mas sobre de que
modo é preciso viver).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 81
79
Platão, Filebo 63b: Τὸ μόνον καὶ ἔρημον εἰλικρινὲς εἶναί τι γένος οὔτε πάνυ τι
δυνατὸν οὔτ’ ὠφέλιμον (não é possível nem útil haver algum gênero genuíno único e
isolado ).
80
Platão, Sofista 254d: Οὐκοῦν αὐτῶν ἕκαστον τοῖν μὲν δυοῖν ἕτερόν ἐστιν, αὐτὸ δ’
ἑαυτῷ ταὐτόν (então cada um desses [três] é diferente dos [outros] dois, e igual a si
mesmo).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 82
11. Διὸ καὶ ὁ νοῦς οὗτος ὁ πολύς, ὅταν τὸ ἐπέκεινα ἐθέληι νοεῖ, ἓν μὲν
οὖν αὐτὸ ἐκεῖνο, ἀλλ᾽ ἐπιβάλλειν θέλων ὡς ἁπλῶι ἔξεισιν ἄλλο ἀεὶ
λαμβάνων ἐν αὐτῶι πληθυνόμενον· ὥστε ὥρμησε μὲν ἐπ᾽ αὐτὸ οὐχ ὡς
νοῦς, ἀλλ᾽ ὡς ὄψις οὔπω ἰδοῦσα, ἐξῆλθε δὲ ἔχουσα ὅπερ αὐτὴ
ἐπλήθυνεν· ὥστε ἄλλου μὲν ἐπεθύμησεν ἀορίστως ἔχουσα ἐπ᾽ αὐτῆι
81
Quando a Inteligência parte do Uno, ela vai em direção ao diferente como que
buscando contato (θίξις/ ἐπαφή) e ainda não pensando, mas quando ela se volta ao
Uno, aí ela pensa.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 83
11. Por isso mesmo essa inteligência que é múltipla, quando deseja,
pensa o que é além, e isso é aquele uno, mas querendo lançar-se assim
ao simples ela sai tomando sempre um diverso que se multiplica em si
mesma; assim tem impulso para esse [simples], não como inteligência,
mas como visão que ainda não vê, sai tendo o que ela mesma
multiplicava; assim [ela] deseja um diverso tendo indefinidamente em
si mesma uma certa fantasia, e sai ao tomar um diverso em si, fazendo-
o múltiplo. Pois ela ainda tem uma marca do produto da visão; ou não
aceitaria que esse múltiplo viesse a ser nela. E essa [inteligência]
múltipla veio a ser desde o uno, e assim o vê porque o reconhece, então
vem a ser visão que vê. E já é inteligência quando o tem, e o tem como
SUMÁRIO
P l o t i n o | 84
12. Καὶ τί κωλύει οὕτω πλῆθος εἶναι, ἕως ἐστὶν οὐσία μία; Τὸ γὰρ
πλῆθος οὐ συνθέσεις, ἀλλ᾽ αἱ ἐνέργειαι αὐτοῦ τὸ πλῆθος. Ἀλλ᾽ εἰ μὲν
82
Platão, Politeia 509b: Καὶ τοῖς γιγνωσκομένοις τοίνυν μὴ μόνον τὸ γιγνώσκεσθαι
φάναι ὑπὸ τοῦ ἀγαθοῦ παρεῖναι, ἀλλὰ καὶ τὸ εἶναί τε καὶ τὴν οὐσίαν ὑπ’ ἐκείνου
αὐτοῖς προσεῖναι, οὐκ οὐσίας ὄντος τοῦ ἀγαθοῦ, ἀλλ’ ἔτι ἐπέκεινα τῆς οὐσίας
πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει ὑπερέχοντος (portanto às coisas que vêm a ser não apenas o vir
a ser diz ser presente por causa do bem, mas também o ser e a essência haver para elas
por causa dele, ele não sendo essência do bem, mas sendo ainda além da essência em
dignidade e potência).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 85
SUMÁRIO
P l o t i n o | 86
83
Anaxágoras 59 A 55 Diels – Kranz: PLATO Cratyl. 413c εἶναι δὲ τὸ δίκαιον ὃ λέγει
Ἀ. νοῦν εἶναι τοῦτο· ... ARISTOT. de anima A 2. 405a 15 ἀρχήν γε τὸν νοῦν τίθεται
[Anaxag.] μάλιστα πάντων· μόνον γοῦν φησιν αὐτὸν τῶν ὄντων ἁπλοῦν εἶναι καὶ
ἀμιγῆ τε καὶ καθαρόν (que o justo é o que diz Anaxágoras, que isso é a inteligência;
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 87
atividades; pois já põem algo simples haver antes das atividades. Depois
porão as atividades que sempre permanecem como hipóstases; e sendo
hipóstases serão diferentes daquilo [simples] a partir de que são, aquilo
permanecendo simples, porque isso que é desde ele é multiplicidade em
si e está dependente dele. E se essas [atividades] se sustentam porque
aquilo [que é simples] de algum ponto entrou em atividade, também ali
haverá multiplicidade; e se elas forem as primeiras atividades, porque
criaram o que é segundo, † e ao criar, aquilo que é [simples], que é antes
dessas atividades, permanece em si, elas serão as atividades que
concorrem com o que é segundo, que consiste delas mesmas; pois uma
coisa é isso [que é simples], e outra, as atividades que são a partir dele,
porque são desse, mas ele não entrou em atividade. Senão, a inteligência
não será a primeira atividade; pois ele não será tal que tenha antes
desejado que a inteligência viesse a ser, depois veio a ser inteligência
entre o desejo dele e a inteligência que foi gerada; de modo algum ele
teve desejo antes, pois desse modo seria imperfeito e o desejo não teria
aquilo que ele tinha antes desejado; nem por sua vez, por um lado ele
tinha desejo de praticar algo, e por outro não tinha; pois nem havia algo
em relação a que [fosse] o deslocamento. Mas é claro que, se algo
subsiste com ele, subsiste porque aquele [que é simples] permanece em
seu próprio ethos84. É preciso então, para que algo diverso subsista,
aquele [que é simples] estar de todo modo em repouso em si mesmo;
senão, mover-se-á antes de ser movido e pensará antes de pensar,
[assim] sua primeira atividade será imperfeita sendo apenas impulso. A
quê, então, ele tem impulso, já que não lhe cabe por sorte algo? Se
pusermos segundo a razão, poremos a inteligência e toda natureza
... Aristóteles, ... Anaxágoras põe a inteligência como princípio maior de todas as
coisas; diz que das coisas que são ela é a única simples, sem mistura e pura).
84
Platão, Timeu 42e: Καὶ ὁ μὲν δὴ ἅπαντα ταῦτα διατάξας ἔμενεν ἐν τῷ ἑαυτοῦ κατὰ
τρόπον ἤθει (e o que ordenou tudo isso permaneceu em seu próprio ethos, em cada
modo).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 88
inteligível como atividade que corre a partir dele tal como luz escorre a
partir do sol, e ele estável no alto do inteligível, a reinar em si mesmo
não afastando de si o que se manifesta – ou criaremos diversa luz antes
de luz – a resplender sempre permanecendo no inteligível. Pois nem
está separado o que é a partir de dele nem por sua vez é o mesmo que
ele, nem tal que nem seja essência nem por sua vez tal que seja cego,
mas vendo e reconhecendo a si mesmo, sendo o primeiro que
reconhece. E como ele é além da inteligência, assim também é além de
reconhecimento, de modo que não precisa de nada, como não precisa
de reconhecer; mas é em segunda natureza o reconhecer. Pois o
reconhecer é um certo uno; e o que é um certo uno é sem algo; pois se
for um certo uno não será o próprio uno; pois o que é próprio é antes de
algo85.
13. Διὸ καὶ ἄρρητον τῆι ἀληθείαι· ὅ τι γὰρ ἂν εἴπηις, τὶ ἐρεῖς. Ἀλλὰ τὸ
ἐπέκεινα πάντων καὶ ἐπέκεινα τοῦ σεμνοτάτου νοῦ ἐν τοῖς πᾶσι μόνον
ἀληθὲς οὐκ ὄνομα ὂν αὐτοῦ ἀλλ᾽ ὅτι οὔτε τι τῶν πάντων οὔτε ὄνομα
αὐτοῦ, ὅτι μηδὲν κατ᾽ αὐτοῦ· ἀλλ᾽ ὡς ἐνδέχεται, ἡμῖν αὐτοῖς σημαίνειν
ἐπιχειροῦμεν περὶ αὐτοῦ. Ἀλλ᾽ ὅταν ἀπορῶμεν ἀναίσθητον οὖν ἑαυτοῦ
καὶ οὐδὲ παρακολουθοῦν ἑαυτῶι οὐδὲ οἶδεν αὐτό, ἐκεῖνο χρὴ
ἐνθυμεῖσθαι, ὅτι ταῦτα λέγοντες ἑαυτοὺς περιτρέπομεν ἐπὶ τἀναντία.
Πολὺ γὰρ αὐτὸ ποιοῦμεν γνωστὸν καὶ γνῶσιν ποιοῦντες καὶ διδόντες
νοεῖν δεῖσθαι τοῦ νοεῖν ποιοῦμεν· κἂν σὺν αὐτῶι τὸ νοεῖν ἦι, περιττὸν
ἔσται αὐτῶι τὸ νοεῖν. Κινδυνεύει γὰρ ὅλως τὸ νοεῖν πολλῶν εἰς ταὐτὸ
συνελθόντων συναίσθησις εἶναι τοῦ ὅλου, ὅταν αὐτό τι ἑαυτὸ νοῆι, ὃ
δὴ καὶ κυρίως ἐστὶ νοεῖν· ἓν δὲ ἕκαστον αὐτό τί ἐστι καὶ οὐδὲν ζητεῖ· εἰ
δὲ τοῦ ἔξω ἔσται ἡ νόησις, ἐνδεές τε ἔσται καὶ οὐ κυρίως τὸ νοεῖν. Τὸ
δὲ πάντη ἁπλοῦν καὶ αὔταρκες ὄντως οὐδὲν δεῖται· τὸ δὲ δευτέρως
85
O ‘reconhecer’ é uno particular, mas o que é primeiro é uno absoluto, e o absoluto
é antes do particular.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 89
13. Por isso na verdade ele é inefável; pois o que disseres que ele é,
dirás algo. Mas o que é “além de todas as coisas e além da
venerabilíssima inteligência”86 em todas as coisas é apenas verdadeiro,
mas não é seu nome, porque nem é algo de todas as coisas nem é seu
nome87, porque nada é sob ele; mas assim aceita-se: empreendemos por
86
Platão, Politeia 509b: Καὶ τοῖς γιγνωσκομένοις τοίνυν μὴ μόνον τὸ γιγνώσκεσθαι
φάναι ὑπὸ τοῦ ἀγαθοῦ παρεῖναι, ἀλλὰ καὶ τὸ εἶναί τε καὶ τὴν οὐσίαν ὑπ’ ἐκείνου
αὐτοῖς προσεῖναι, οὐκ οὐσίας ὄντος τοῦ ἀγαθοῦ, ἀλλ’ ἔτι ἐπέκεινα τῆς οὐσίας
πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει ὑπερέχοντος (portanto às coisas que vêm a ser não apenas o vir
a ser diz ser presente por causa do bem, mas também o ser e a essência haver para elas
por causa dele, ele não sendo essência do bem, mas sendo ainda além da essência em
dignidade e potência).
87
Platão, Parmênides 142a: Οὐδ’ ἄρα ὄνομα ἔστιν αὐτῷ οὐδὲ λόγος οὐδέ τις ἐπιστήμη
οὐδὲ αἴσθησις οὐδὲ δόξα (portanto para ele não há nome, nem palavra, nem algum
conhecimento, nem sensação, nem opinião).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 90
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 91
14. Πῶς οὖν ἡμεῖς λέγομεν περὶ αὐτοῦ; Ἢ λέγομεν μέν τι περὶ αὐτοῦ,
οὐ μὴν αὐτὸ λέγομεν οὐδὲ γνῶσιν οὐδὲ νόησιν ἔχομεν αὐτοῦ. Πῶς οὖν
λέγομεν περὶ αὐτοῦ, εἰ μὴ αὐτὸ ἔχομεν; Ἤ, εἰ μὴ ἔχομεν τῆι γνώσει, καὶ
παντελῶς οὐκ ἔχομεν; Ἀλλ᾽ οὕτως ἔχομεν, ὥστε περὶ αὐτοῦ μὲν λέγειν,
αὐτὸ δὲ μὴ λέγειν. Καὶ γὰρ λέγομεν, ὃ μὴ ἔστιν· ὃ δέ ἐστιν, οὐ λέγομεν·
ὥστε ἐκ τῶν ὕστερον περὶ αὐτοῦ λέγομεν. Ἔχειν δὲ οὐ κωλυόμεθα, κἂν
μὴ λέγωμεν. Ἀλλ᾽ ὥσπερ οἱ ἐνθουσιῶντες καὶ κάτοχοι γενόμενοι ἐπὶ
τοσοῦτον κἂν εἰδεῖεν, ὅτι ἔχουσι μεῖζον ἐν αὐτοῖς, κἂν μὴ εἰδῶσιν ὅ τι,
ἐξ ὧν δὲ κεκίνηνται καὶ λέγουσιν, ἐκ τούτων αἴσθησίν τινα τοῦ
κινήσαντος λαμβάνουσιν ἑτέρων ὄντων τοῦ κινήσαντος, οὕτω καὶ
ἡμεῖς κινδυνεύομεν ἔχειν πρὸς ἐκεῖνο, ὅταν νοῦν καθαρὸν ἔχωμεν,
χρώμενοι, ὡς οὗτός ἐστιν ὁ ἔνδον νοῦς, ὁ δοὺς οὐσίαν καὶ τὰ ἄλλα, ὅσα
τούτου τοῦ στοίχου, αὐτὸς δὲ οἷος ἄρα, ὡς οὐ ταῦτα, ἀλλά τι κρεῖττον
τούτου, ὃ λέγομεν ὄν, ἀλλὰ καὶ πλέον καὶ μεῖζον ἢ λεγόμενον, ὅτι καὶ
αὐτὸς κρείττων λόγου καὶ νοῦ καὶ αἰσθήσεως, παρασχὼν ταῦτα, οὐκ
αὐτὸς ὢν ταῦτα.
14. Como então nós falamos sobre ele? Certamente falamos algo sobre
ele, contudo não o dizemos, nem temos o ato de reconhecer e de pensar
dele. Então como falamos sobre ele, se nem o temos? Ou, se nem o
temos pelo ato de pensar, também totalmente não o temos? Mas o temos
assim de modo a falar sobre ele, e não dizer ele mesmo. Pois dizemos o
88
Platão, Filebo 63b: Τὸ μόνον καὶ ἔρημον εἰλικρινὲς εἶναί τι γένος οὔτε πάνυ τι
δυνατὸν οὔτ’ ὠφέλιμον (que certo gênero único e isolado ser genuíno nem é
absolutamente possível nem útil).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 92
que não é; o que é, não dizemos; desse modo falamos sobre ele desde o
que é posterior. E não somos impedidos de falar, ainda que não o
digamos. Mas como os que são inspirados pela divindade, vindo a ser
mantidos em algo tamanho, mesmo que vissem que têm algo superior
em si mesmos, não saberiam o que é, e estando comovidos desde quais
coisas falam e tomam certa sensação do que comoveu desde essas
coisas que são diferentes do que comoveu, assim também nós nos
arriscamos a estar em relação àquele [uno], quando tenhamos
inteligência pura, servindo-nos [dela], assim esse [princípio] é a
inteligência interna, que dá essência em relação às outras coisas,
quantas são dessa linha, esse princípio, portanto, sendo tal qual não são
essas coisas, mas algo superior a isso, que dizemos que é, sendo mais e
maior do que é dito, porque esse princípio é superior à razão, à
inteligência e à sensação, ao oferecer essas coisas, não sendo ele mesmo
essas coisas.
15. Ἀλλὰ πῶς παρασχών; Ἢ τῶι ἔχειν [ἢ τῶι μὴ ἔχειν]. Ἀλλ᾽ ἃ μὴ ἔχει,
πῶς παρέσχεν; Ἀλλ᾽ εἰ μὲν ἔχων, οὐχ ἁπλοῦς· εἰ δὲ μὴ ἔχων, πῶς ἐξ
αὐτοῦ τὸ πλῆθος; Ἓν μὲν γὰρ ἐξ αὐτοῦ ἁπλοῦν τάχ᾽ ἄν τις δοίη – καίτοι
καὶ τοῦτο ζητηθείη ἄν, πῶς ἐκ τοῦ πάντη ἑνός· ἀλλ᾽ ὅμως δὲ ἔστιν
εἰπεῖν οἷον ἐκ φωτὸς τὴν ἐξ αὐτοῦ περίλαμψιν – πῶς δὲ πολλά; Ἢ οὐ
ταὐτὸν ἔμελλε τὸ ἐξ ἐκείνου ἐκείνωι. Εἰ οὖν μὴ ταὐτόν, οὐδέ γε βέλτιον·
τί γὰρ ἂν τοῦ ἑνὸς βέλτιον ἢ ἐπέκεινα ὅλως; Χεῖρον ἄρα· τοῦτο δέ ἐστιν
ἐνδεέστερον. Τί οὖν ἐνδεέστερον τοῦ ἑνός; Ἢ τὸ μὴ ἕν· πολλὰ ἄρα·
ἐφιέμενον δὲ ὅμως τοῦ ἑνός· ἓν ἄρα πολλά. Πᾶν γὰρ τὸ μὴ ἓν τῶι ἓν
σώιζεται καὶ ἔστιν, ὅπερ ἐστί, τούτωι· μὴ γὰρ ἓν γενόμενον, κἂν ἐκ
πολλῶν ἦι, οὔπω ἐστὶν ὄν εἴποι τις αὐτό· κἂν ἕκαστον ἔχηι λέγειν τις ὅ
ἐστι, τῶι ἓν ἕκαστον αὐτῶν εἶναι λέγει καὶ τὸ αὐτό· ἔτι δὲ τὸ μὴ πολλὰ
ἔχον ἐν ἑαυτῶι ἤδη οὐ μετουσίαι ἑνὸς ἕν, ἀλλὰ αὐτὸ ἕν, οὐ κατ᾽ ἄλλου,
ἀλλ᾽ ὅτι τοῦτο, παρ᾽ οὗ πως καὶ τὰ ἄλλα, τὰ μὲν τῶι ἐγγύς, τὰ [δὲ] τῶι
πόρρω. Ἐπεὶ δὲ τὸ μετ᾽ αὐτὸ καὶ ὅτι μετ᾽ αὐτὸ δῆλον ποιεῖ τῶι τὸ
πλῆθος αὐτοῦ ἓν πανταχοῦ εἶναι· καὶ γὰρ πλῆθος ὂν ὅμως ἐν τῶι αὐτῶι
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 93
καὶ διακρῖναι οὐκ ἂν ἔχοις, ὅτι ὁμοῦ πάντα· ἐπεὶ καὶ ἕκαστον τῶν ἐξ
αὐτοῦ, ἕως ζωῆς μετέχει, ἓν πολλά· ἀδυνατεῖ γὰρ δεῖξαι αὐτὸ ἓν πάντα.
Αὐτὸ δὲ ἐκεῖνο ἓν πάντα, ὅτι μεγάλην ἀρχήν· ἀρχὴ γὰρ ἓν ὄντως καὶ
ἀληθῶς ἕν· τὸ δὲ μετὰ τὴν ἀρχὴν ὧδέ πως ἐπιβρίσαντος τοῦ ἑνὸς πάντα
μετέχον τοῦ ἕν, καὶ ὁτιοῦν αὐτοῦ πάντα αὖ καὶ ἕν. Τίνα οὖν πάντα; Ἢ
ὧν ἀρχὴ ἐκεῖνο. Πῶς δὲ ἐκεῖνο ἀρχὴ τῶν πάντων; Ἆρα, ὅτι αὐτὰ σώιζει
ἓν ἕκαστον αὐτῶν ποιήσασα εἶναι; Ἢ καὶ ὅτι ὑπέστησεν αὐτά. Πῶς δή;
Ἢ τῶι πρότερον ἔχειν αὐτά. Ἀλλ᾽ εἴρηται, ὅτι πλῆθος οὕτως ἔσται.
Ἀλλ᾽ ἄρα οὕτως εἶχεν ὡς μὴ διακεκριμένα· τὰ δ᾽ ἐν τῶι δευτέρωι
διεκέκριτο τῶι λόγωι. Ἐνέργεια γὰρ ἤδη· τὸ δὲ δύναμις πάντων. Ἀλλὰ
τίς ὁ τρόπος τῆς δυνάμεως; Οὐ γὰρ ὡς ἡ ὕλη δυνάμει λέγεται, ὅτι
δέχεται· πάσχει γάρ· ἀλλ᾽ οὗτος ἀντιτεταγμένως τῶι ποιεῖν. Πῶς οὖν
ποιεῖ ἃ μὴ ἔχει; Οὐ γὰρ ὡς ἔτυχε· μηδ᾽ ἐνθυμηθεὶς ὃ ποιήσει, ποιήσει
ὅμως. Εἴρηται μὲν οὖν, ὅτι, εἴ τι ἐκ τοῦ ἑνός, ἄλλο δεῖ παρ᾽ αὐτό· ἄλλο
δὲ ὂν οὐχ ἕν· τοῦτο γὰρ ἦν ἐκεῖνο. Εἰ δὲ μὴ ἕν, δύο δέ, ἀνάγκη ἤδη καὶ
πλῆθος εἶναι· καὶ γὰρ ἕτερον καὶ ταὐτὸν ἤδη καὶ ποιὸν καὶ τὰ ἄλλα. Καὶ
ὅτι μὲν δὴ μὴ ἓν τὸ ἐκείνου, δεδειγμένον ἂν εἴη· ὅτι δὲ πλῆθος καὶ
πλῆθος τοιοῦτον, οἷον ἐν τῶι μετ᾽ αὐτὸ θεωρεῖται, ἀπορῆσαι ἄξιον· καὶ
ἡ ἀνάγκη δὲ τοῦ μετ᾽ αὐτὸ ἔτι ζητητέα.
15. Mas como [esse princípio] é o que as oferece? Ou é por as ter <ou
por não as ter>. Mas o que não tem, como oferece? Mas se ele é o que
tem, não é simples; e se é o que não tem, como desde ele mesmo há o
múltiplo? Pois alguém logo concederia que é desde ele mesmo algo
único que é simples – ainda que também isso se buscasse, como isso
seria desde o que é totalmente único; contudo, é possível dizer que o
esplendor desde ele mesmo é tal que desde uma luz – e como múltiplas
coisas serão [desde o uno]? Certamente o que é desde ele não estava
para ser o mesmo que ele. Então se não for o mesmo, nem será melhor;
pois o que seria melhor ou inteiramente além do uno? Será pior,
portanto; e isso é ser mais necessitado. O que é então mais necessitado
do que o uno? Certamente não é o uno; o múltiplo, portanto; e contudo
SUMÁRIO
P l o t i n o | 94
89
Platão, Parmênides 144e: Οὐ μόνον ἄρα τὸ ὂν ἓν πολλά ἐστιν, ἀλλὰ καὶ αὐτὸ τὸ ἓν
ὑπὸ τοῦ ὄντος διανενεμημένον πολλὰ ἀνάγκη εἶναι (portanto não apenas o que é uno-
múltiplo, mas também o próprio uno, estando distribuído pelo que é, necessidade é
ser múltiplo).
90
É pelo uno que o que não é uno se conserva e existe, sendo o que é; pois ele atua no
que cria, sendo fundamento do que é e da identidade.
91
Anaxágoras, 59 B 1 Diels – Kranz: ὁμοῦ πάντα χρήματα ἦν, ἄπειρα καὶ πλῆθος καὶ
σμικρότητα (todas as coisas eram ao mesmo tempo, tanto em quantidade quanto em
pequenez).
92
A Inteligência e sua múltipla criação.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 95
16. Ὅτι μὲν οὖν δεῖ τι εἶναι τὸ μετὰ τὸ πρῶτον, ἀλλαχοῦ εἴρηται, καὶ
ὅλως, ὅτι δύναμίς ἐστι καὶ ἀμήχανος δύναμις, καὶ τοῦτο, ὅτι ἐκ τῶν
ἄλλων ἁπάντων πιστωτέον, ὅτι μηδέν ἐστι μηδὲ τῶν ἐσχάτων, ὃ μὴ
δύναμιν εἰς τὸ γεννᾶν ἔχει. Ἐκεῖνα δὲ νῦν λεκτέον, ὡς, ἐπειδὴ ἐν τοῖς
γεννωμένοις οὐκ ἔστι πρὸς τὸ ἄνω, ἀλλὰ πρὸς τὸ κάτω χωρεῖν καὶ
μᾶλλον εἰς πλῆθος ἰέναι, καὶ ἡ ἀρχὴ ἑκάστων ἁπλουστέρα ἢ αὐτά.
Κόσμον τοίνυν τὸ ποιῆσαν αἰσθητὸν οὐκ ἂν εἴη κόσμος αἰσθητὸς αὐτό,
ἀλλὰ νοῦς καὶ κόσμος νοητός· καὶ τὸ πρὸ τούτου τοίνυν τὸ γεννῆσαν
αὐτὸ οὔτε νοῦς οὔτε κόσμος νοητός, ἁπλούστερον δὲ νοῦ καὶ
ἁπλούστερον κόσμου νοητοῦ. Οὐ γὰρ ἐκ πολλοῦ πολύ, ἀλλὰ τὸ πολὺ
τοῦτο ἐξ οὐ πολλοῦ· εἰ γὰρ καὶ αὐτὸ πολύ, οὐκ ἀρχὴ τοῦτο, ἀλλ᾽ ἄλλο
93
Platão, Sofista 255a: Ἀλλ’ οὔ τι μὴν κίνησίς γε καὶ στάσις οὔθ’ ἕτερον οὔτε ταὐτόν
ἐστι (mas nem movimento e repouso é algo como diferente e o mesmo).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 96
πρὸ τούτου. Συστῆναι οὖν δεῖ εἰς ἓν ὄντως παντὸς πλήθους ἔξω καὶ
ἁπλότητος ἡστινοσοῦν, εἴπερ ὄντως ἁπλοῦν. Ἀλλὰ πῶς τὸ γενόμενον
ἐξ αὐτοῦ λόγος πολὺς καὶ πᾶς, τὸ δὲ ἦν δηλονότι οὐ λόγος; Εἰ δὲ μὴ
τοῦτο ἦν, πῶς οὖν οὐκ ἐκ λόγου λόγος; Καὶ πῶς τὸ ἀγαθοειδὲς ἐξ
ἀγαθοῦ; Τί γὰρ ἔχον ἑαυτοῦ ἀγαθοειδὲς λέγεται; Ἆρ᾽ ἔχον τὸ κατὰ τὰ
αὐτὰ καὶ ὡσαύτως; Καὶ τί ταῦτα πρὸς τὸ ἀγαθόν; Τὸ γὰρ ὡσαύτως
ζητοῦμεν ὂν τῶν ἀγαθῶν. Ἢ πρότερον ἐκεῖνο, οὗ μὴ ἐξίστασθαι
δεήσει, ὅτι ἀγαθόν· εἰ δὲ μή, βέλτιον ἀποστῆναι. Ἆρ᾽ οὖν τὸ ζῆν
ὡσαύτως μένοντα ἐπὶ τούτου ἑκουσίως; Εἰ οὖν ἀγαπητὸν τούτωι τὸ ζῆν,
δῆλον ὅτι οὐδὲν ζητεῖ· ἔοικε τοίνυν διὰ τοῦτο τὸ ὡσαύτως, ὅτι ἀρκεῖ τὰ
παρόντα. Ἀλλὰ πάντων ἤδη παρόντων τούτωι ἀγαπητὸν τὸ ζῆν καὶ δὴ
οὕτω παρόντων, οὐχ ὡς ἄλλων ὄντων αὐτοῦ. Εἰ δ᾽ ἡ πᾶσα ζωὴ τούτωι
καὶ ζωὴ ἐναργής, καὶ τελεία πᾶσα ἐν τούτωι ψυχὴ καὶ πᾶς νοῦς, καὶ
οὐδὲν αὐτῶι οὔτε ζωῆς οὔτε νοῦ ἀποστατεῖ. Αὐτάρκης οὖν ἑαυτῶι καὶ
οὐδὲν ζητεῖ· εἰ δὲ μηδὲν ζητεῖ, ἔχει ἐν ἑαυτῶι ὃ ἐζήτησεν ἄν, εἰ μὴ
παρῆν. Ἔχει οὖν ἐν ἑαυτῶι τὸ ἀγαθὸν ἢ τοιοῦτον ὄν, ὃ δὴ ζωὴν καὶ
νοῦν εἴπομεν, ἢ ἄλλο τι συμβεβηκὸς τούτοις. Ἀλλ᾽ εἰ τοῦτο τὸ ἀγαθόν,
οὐδὲν ἂν εἴη ἐπέκεινα τούτων. Εἰ δὲ ἔστιν ἐκεῖνο, δηλονότι ζωὴ πρὸς
ἐκεῖνο τούτωι ἐξημμένη ἐκείνου καὶ τὴν ὑπόστασιν ἔχουσα ἐξ ἐκείνου
καὶ πρὸς ἐκεῖνο ζῶσα· ἐκεῖνο γὰρ αὐτοῦ ἀρχή. Δεῖ τοίνυν ἐκεῖνο ζωῆς
εἶναι κρεῖσσον καὶ νοῦ· οὕτω γὰρ ἐπιστρέψει πρὸς ἐκεῖνο καὶ τὴν ζωὴν
τὴν ἐν αὐτῶι, μίμημά τι τοῦ ἐν ἐκείνωι ὄντος, καθὸ τοῦτο ζῆι, καὶ τὸν
νοῦν τὸν ἐν τούτωι, μίμημά τι τοῦ ἐν ἐκείνωι ὄντος, ὅ τι δήποτέ ἐστι
τοῦτο.
16. Então que é preciso haver algo depois do primeiro, em outra parte
está dito94, e de modo geral que é potência, e intratável potência, e é
isso porque desde todas as coisas diversas deve-se crer que nem dentre
as últimas nada há que não tem potência para gerar. Agora deve-se falar
94
Enéada IV 8 6; V 2 1.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 97
daquelas coisas que, quando são entre as que são geradas, não é possível
avançar para o superior, mas para o inferior, e vão mais ao múltiplo, o
princípio de cada uma delas é mais simples do que elas mesmas.
Portanto, o mesmo que cria o cosmo sensível não seria cosmo sensível,
mas inteligência e cosmo inteligível; e o que gera antes disso nem é
inteligência nem cosmo inteligível, mas é mais simples do que
inteligência e mais simples do que cosmo inteligível. Pois múltiplo não
é desde múltiplo, mas esse múltiplo é desde não múltiplo; pois se
também esse fosse múltiplo, ele não seria princípio, mas algo diverso
antes dele. Então é preciso sustentar-se no uno que é realmente de fora
de todo múltiplo e de uma simplicidade qualquer, se é que realmente é
simples. Mas como o que vem a ser desde esse princípio é razão
múltipla e toda, mas ele, é claro, não era razão? Se não era isso, como
então o que não é desde razão é razão? E como o que tem forma do bem
é desde o bem? O que se diz que tem forma do bem de si mesmo? É o
que é segundo um só e o mesmo95? E por que essas coisas são em
relação ao bem? Pois buscamos o que é [sempre] o mesmo dentre os
bens. Certamente anterior é aquilo de que será preciso não se afastar,
porque é o bem; senão, é melhor estar longe; então, por acaso o viver
que nesse bem permanece é o viver de mesma forma e voluntariamente?
Então se a ele é amável o viver, é claro que nada busca; é conveniente,
portanto, por causa disso [viver] da mesma forma, porque bastam as
coisas presentes. Mas, todas as coisas já sendo presentes para a
inteligência, é amável o viver, se assim forem presentes, não como
sendo coisas diversas dela. E se toda a vida é para ela, a vida é ativa, e
é toda perfeita nela a alma e toda inteligência, e nada para ela está longe
nem de vida nem de inteligência. Então [a inteligência] é
autossuficiente por si mesma e nada busca; e se nada [ela] busca, tem
95
Platão, Timeu 28a: τὸ μὲν δὴ νοήσει μετὰ λόγου περιληπτόν, ἀεὶ κατὰ ταὐτὰ ὄν
(um é apreensível pelo ato de pensar com razão, que é sempre segundo um só e o
mesmo); expressão traduzida por Cícero desta forma: unum et idem.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 98
96
Fórmula sintética para ‘o bem é princípio da inteligência, e a inteligência é princípio
da alma, que é vida’, assim quando a alma volta-se para a inteligência (ἐκεῖνο αὐτοῦ
ἀρχή), tem a vida que é em si, e quando a inteligência volta-se para o bem (ἐκεῖνο
αὐτοῦ ἀρχή), tem a inteligência que é em si.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 99
γένοιτο. Τίς οὖν ὥσπερ καινὴ ἐπωιδὴ ἄλλη; Ἐπιθέουσα γὰρ πᾶσι τοῖς
ἀληθέσι καὶ ὧν μετέχομεν ἀληθῶν ὅμως ἐκφεύγει, εἴ τις βούλοιτο
εἰπεῖν καὶ διανοηθῆναι, ἐπείπερ δεῖ τὴν διάνοιαν, ἵνα τι εἴπηι, ἄλλο καὶ
ἄλλο λαβεῖν· οὕτω γὰρ καὶ διέξοδος· ἐν δὲ πάντη ἁπλῶι διέξοδος τίς
ἐστιν; Ἀλλ᾽ ἀρκεῖ κἂν νοερῶς ἐφάψασθαι· ἐφαψάμενον δέ, ὅτε
ἐφάπτεται, πάντη μηδὲν μήτε δύνασθαι μήτε σχολὴν ἄγειν λέγειν,
ὕστερον δὲ περὶ αὐτοῦ συλλογίζεσθαι. Τότε δὲ χρὴ ἑωρακέναι
πιστεύειν, ὅταν ἡ ψυχὴ ἐξαίφνης φῶς λάβηι· τοῦτο γάρ – [τοῦτο τὸ φῶς]
– παρ᾽ αὐτοῦ καὶ αὐτός· καὶ τότε χρὴ νομίζειν παρεῖναι, ὅταν ὥσπερ
θεὸς ἄλλος [ὅταν] εἰς οἶκον καλοῦντός τινος ἐλθὼν φωτίσηι· ἢ μηδ᾽
ἐλθὼν οὐκ ἐφώτισεν. Οὕτω τοι καὶ ψυχὴ ἀφώτιστος ἄθεος ἐκείνου·
φωτισθεῖσα δὲ ἔχει, ὃ ἐζήτει, καὶ τοῦτο τὸ τέλος τἀληθινὸν ψυχῆι,
ἐφάψασθαι φωτὸς ἐκείνου καὶ αὐτῶι αὐτὸ θεάσασθαι, οὐκ ἄλλου φωτί,
ἀλλ᾽ αὐτό, δι᾽ οὗ καὶ ὁρᾶι. Δι οὗ γὰρ ἐφωτίσθη, τοῦτό ἐστιν, ὃ δεῖ
θεάσασθαι· οὐδὲ γὰρ ἥλιον διὰ φωτὸς ἄλλου. Πῶς ἂν οὖν τοῦτο
γένοιτο; Ἄφελε πάντα.
17. Então o que é superior à vida consciente no mais alto grau, infalível
e irrepreensível, e à inteligência que tem tudo e a toda vida e a toda
inteligência? E caso digamos ser ‘o que cria isso’, como é o que cria?
E, [caso isso] não revele ser algo superior, o raciocínio não vai a parte
diversa, mas estará no mesmo ponto. Mas é preciso ir acima disso
através de múltiplas diversidades, porque para a inteligência o
autossuficiente é fora de todas as coisas; e cada uma delas, é claro, é
carente; e porque cada uma tomou parte [do uno da inteligência] e
participa [dele], não é o próprio uno. O que é, então, aquilo de que cada
coisa participa97, que cria o ‘mesmo’ e o ‘ser’ e ao mesmo tempo todas
as coisas? Mas se [o uno da inteligência] faz cada coisa ser e pela
presença do uno ela [faz] o múltiplo dela ser autossuficiente, isso
97
Cada coisa participa do uno pela inteligência.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 100
Então basta afastar-se, tendo dito essas coisas? Certamente a alma sente
ainda mais dor de parto. Então talvez é necessidade ela, ao lançar-se a
ele, já gerar, tendo-se enchido de dores de parto. Ainda não, mas deve-
se lançar de novo, caso de algum lugar encontremos algum
encantamento para a dor de parto. Talvez isso seja desde as coisas já
ditas, se muitas vezes alguém o entoar, isso virá a ser. Então que
encantamento diverso haveria como novidade? Pois ao percorrer todas
as verdades de que participamos, das verdades, contudo, se desvia, se
alguém quiser dizer e desenvolver o raciocínio, uma vez que é preciso
o raciocínio, para que alguém diga, por tomar uma coisa e outra; pois
assim haverá uma saída; mas no totalmente simples que saída há? Mas
basta tocar99 de modo inteligente; e sendo tocado, quando é tocado,
nada há absolutamente: nem é capaz nem há tempo de dizer,
posteriormente [é possível] conjecturar sobre isso. Há necessidade
então de confiar ter visto, quando a alma subitamente100 tome uma luz;
98
Platão, Politeia 509b: Καὶ τοῖς γιγνωσκομένοις τοίνυν μὴ μόνον τὸ γιγνώσκεσθαι
φάναι ὑπὸ τοῦ ἀγαθοῦ παρεῖναι, ἀλλὰ καὶ τὸ εἶναί τε καὶ τὴν οὐσίαν ὑπ’ ἐκείνου
αὐτοῖς προσεῖναι, οὐκ οὐσίας ὄντος τοῦ ἀγαθοῦ, ἀλλ’ ἔτι ἐπέκεινα τῆς οὐσίας
πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει ὑπερέχοντος (portanto às coisas que vêm a ser não apenas o vir
a ser diz ser presente por causa do bem, mas também o ser e a essência haver para elas
por causa dele, ele não sendo essência do bem, mas sendo ainda além da essência em
dignidade e potência).
99
Conforme se diz no livro 3, 10, esse contato é (θίξις/ἐπάφη), sem palavra nem
pensamento.
100
Platão, Simpósio 210e: θεώμενος ἐφεξῆς τε καὶ ὀρθῶς τὰ καλά, πρὸς τέλος ἤδη
ἰὼν τῶν ἐρωτικῶν ἐξαίφνης κατόψεταί τι θαυμαστὸν τὴν φύσιν καλόν (em seguida
contemplando corretamente as coisas belas, indo para o termo das coisas de eros,
subitamente observará algo admirável, belo de natureza). Carta VII 341c-d: ῥητὸν γὰρ
οὐδαμῶς ἐστιν ὡς ἄλλα μαθήματα, ἀλλ’ ἐκ πολλῆς συνουσίας γιγνομένης περὶ τὸ
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 101
πρᾶγμα αὐτὸ καὶ τοῦ συζῆν ἐξαίφνης, οἷον ἀπὸ πυρὸς πηδήσαντος ἐξαφθὲν φῶς, ἐν
τῇ ψυχῇ γενόμενον αὐτὸ ἑαυτὸ ἤδη τρέφει (pois de modo algum se pode dizer como
diversos ensinamentos, mas quando desde muita proximidade vem a ser ao próprio
fato do súbito conviver, tal que uma luz, que se liga a um fogo que irrompe, que, vindo
a ser na alma, já nutre a si mesma).
101
Homero, Odisseia XIX 33: πάροιθε δὲ Παλλὰς Ἀθήνη χρύσεον λύχνον ἔχουσα
φάος περικαλλὲς ἐποίει (adiante, Palas Atena tendo áurea lâmpada, criava em torno
belo lume). Hino a Deméter 278-280: τῆλε δὲ φέγγος ἀπὸ χροὸς ἀθανάτοιο / λάμπε
θεᾶς, ξανθαὶ δὲ κόμαι κατενήνοθεν ὤμους, / αὐγῆς δ’ ἐπλήσθη πυκινὸς δόμος
ἀστεροπῆς ὥς (ao longe, brilhava um fulgor a partir do colorido imortal da deusa, os
louros cachos descendo aos ombros, e um clarão de fogo como de relâmpago encheu
a casa).
102
Ἄφελε πάντα, conceito formular que representa o meio de acesso ao uno, que se
pode entender como ‘afasta tudo’ ou ‘afasta-te de tudo’.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 102
ENÉADA V
Livro IV
Introdução
V 4 (7)
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 103
δʹ
Πῶς ἀπὸ τοῦ πρώτου τὸ μετὰ τὸ πρῶτον καὶ περὶ τοῦ ἑνός
SUMÁRIO
P l o t i n o | 104
ἐπὶ τὸ δεύτερον. Δεῖ μὲν γάρ τι πρὸ πάντων εἶναι – ἁπλοῦν τοῦτο – καὶ
πάντων ἕτερον τῶν μετ᾽ αὐτό, ἐφ᾽ ἑαυτοῦ ὄν, οὐ μεμιγμένον τοῖς ἀπ᾽
αὐτοῦ, καὶ πάλιν ἕτερον τρόπον τοῖς ἄλλοις παρεῖναι δυνάμενον, ὂν
ὄντως ἕν, οὐχ ἕτερον ὄν, εἶτα ἕν, καθ᾽ οὗ ψεῦδος καὶ τὸ ἓν εἶναι, οὗ μὴ
λόγος μηδὲ ἐπιστήμη, ὃ δὴ καὶ ἐπέκεινα λέγεται εἶναι οὐσίας – εἰ γὰρ
μὴ ἁπλοῦν ἔσται συμβάσεως ἔξω πάσης καὶ συνθέσεως καὶ ὄντως ἕν,
οὐκ ἂν ἀρχὴ εἴη – αὐταρκέστατόν τε τῶι ἁπλοῦν εἶναι καὶ πρῶτον
ἁπάντων· τὸ γὰρ τὸ μὴ πρῶτον ἐνδεὲς τοῦ πρὸ αὐτοῦ, τό τε μὴ ἁπλοῦν
τῶν ἐν αὐτῶι ἁπλῶν δεόμενον, ἵν᾽ ἦι ἐξ ἐκείνων. Τὸ δὴ τοιοῦτον ἓν
μόνον δεῖ εἶναι· ἄλλο γὰρ εἰ εἴη τοιοῦτον, ἓν ἂν εἴη τὰ ἄμφω. Οὐ γὰρ
δὴ σώματα λέγομεν δύο, ἢ τὸ ἓν πρῶτον σῶμα. Οὐδὲν γὰρ ἁπλοῦν
σῶμα, γινόμενόν τε τὸ σῶμα, ἀλλ᾽ οὐκ ἀρχή· ἡ δὲ ἀρχὴ ἀγένητος· μὴ
σωματικὴ δὲ οὖσα, ἀλλ᾽ ὄντως μία, ἐκεῖνο ἂν εἴη τὸ πρῶτον. Εἰ ἄρα
ἕτερόν τι μετὰ τὸ πρῶτον εἴη, οὐκ ἂν ἔτι ἁπλοῦν εἴη· ἓν ἄρα πολλὰ
ἔσται. Πόθεν οὖν τοῦτο; Ἀπὸ τοῦ πρώτου· οὐ γὰρ δὴ κατὰ συντυχίαν,
οὐδ᾽ ἂν ἔτι ἐκεῖνο πάντων ἀρχή. Πῶς οὖν ἀπὸ τοῦ πρώτου; Εἰ τέλεόν
ἐστι τὸ πρῶτον καὶ πάντων τελεώτατον καὶ δύναμις ἡ πρώτη, δεῖ
πάντων τῶν ὄντων δυνατώτατον εἶναι, καὶ τὰς ἄλλας δυνάμεις καθόσον
δύνανται μιμεῖσθαι ἐκεῖνο. Ὅ τι δ᾽ ἂν τῶν ἄλλων εἰς τελείωσιν ἴηι,
ὁρῶμεν γεννῶν καὶ οὐκ ἀνεχόμενον ἐφ᾽ ἑαυτοῦ μένειν, ἀλλ᾽ ἕτερον
ποιοῦν, οὐ μόνον ὅ τι ἂν προαίρεσιν ἔχηι, ἀλλὰ καὶ ὅσα φύει ἄνευ
προαιρέσεως, καὶ τὰ ἄψυχα δὲ μεταδιδόντα ἑαυτῶν καθόσον δύναται·
οἷον τὸ πῦρ θερμαίνει, καὶ ψύχει ἡ χιών, καὶ τὰ φάρμακα δὲ εἰς ἄλλο
ἐργάζεται οἷον αὐτά – πάντα τὴν ἀρχὴν κατὰ δύναμιν ἀπομιμούμενα
εἰς ἀιδιότητά τε καὶ ἀγαθότητα. Πῶς οὖν τὸ τελεώτατον καὶ τὸ πρῶτον
ἀγαθὸν ἐν αὑτῶι σταίη ὥσπερ φθονῆσαν ἑαυτοῦ ἢ ἀδυνατῆσαν, ἡ
πάντων δύναμις; Πῶς δ᾽ ἂν ἔτι ἀρχὴ εἴη; Δεῖ δή τι καὶ ἀπ᾽ αὐτοῦ
γενέσθαι, εἴπερ ἔσται τι καὶ τῶν ἄλλων παρ᾽ αὐτοῦ γε ὑποστάντων· ὅτι
μὲν γὰρ ἀπ᾽ αὐτοῦ, ἀνάγκη. Δεῖ δὴ καὶ τιμιώτατον εἶναι τὸ γεννῶν τὰ
ἐφεξῆς· δεῖ δὴ καὶ τιμιώτατον εἶναι τὸ γεννώμενον καὶ δεύτερον
ἐκείνου τῶν ἄλλων ἄμεινον εἶναι.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 105
V, 4 (7)
103
Platão, Carta II 312e: ὧδε γὰρ ἔχει. περὶ τὸν πάντων βασιλέα πάντ’ ἐστὶ καὶ ἐκείνου
ἕνεκα πάντα, καὶ ἐκεῖνο αἴτιον ἁπάντων τῶν καλῶν· δεύτερον δὲ πέρι τὰ δεύτερα, καὶ
τρίτον πέρι τὰ τρίτα (Pois assim está: em torno do rei de todas as coisas tudo está, e
por causa dele é tudo, ele é causador de todas as coisas belas; em torno do segundo é
a ordem segunda, e em torno do terceiro é a ordem terceira).
104
Platão, Parmênides 142a: Οὐδ’ ἄρα ὄνομα ἔστιν αὐτῷ οὐδὲ λόγος οὐδέ τις
ἐπιστήμη οὐδὲ αἴσθησις οὐδὲ δόξα (portanto não há nome para ele, nem razão, nem
algum conhecimento, nem sensação, nem opinião).
105
Platão, Politeia 509b: Καὶ τοῖς γιγνωσκομένοις τοίνυν μὴ μόνον τὸ γιγνώσκεσθαι
φάναι ὑπὸ τοῦ ἀγαθοῦ παρεῖναι, ἀλλὰ καὶ τὸ εἶναί τε καὶ τὴν οὐσίαν ὑπ’ ἐκείνου
αὐτοῖς προσεῖναι, οὐκ οὐσίας ὄντος τοῦ ἀγαθοῦ, ἀλλ’ ἔτι ἐπέκεινα τῆς οὐσίας
πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει ὑπερέχοντος (portanto às coisas que vêm a ser não apenas o vir
a ser diz ser presente por causa do bem, mas também o ser e a essência haver para elas
SUMÁRIO
P l o t i n o | 106
por causa dele, ele não sendo essência do bem, mas sendo ainda além da essência em
dignidade e potência).
106
Platão, Fedro 245d: ἀρχὴ δὲ ἀγένητον (o princípio é não gerável).
107
Platão, Parmênides 144e: Τὸ ἓν ἄρα αὐτὸ κεκερματισμένον ὑπὸ τῆς οὐσίας πολλά
τε καὶ ἄπειρα τὸ πλῆθός ἐστιν (portanto, o próprio uno que foi cunhado pela essência
é a multiplicidade das coisas múltiplas e infinitas).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 107
108
Platão, Timeu 29e: ἀγαθὸς ἦν, ἀγαθῷ δὲ οὐδεὶς περὶ οὐδενὸς οὐδέποτε ἐγγίγνεται
φθόνος (ele era o bem, e ao bem nenhuma carência vem a ser jamais de nada).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 108
ἄλλο γὰρ οὐκ ἔχει – νοῦς γίγνεται, ἄλλο οἷον νοητὸν καὶ οἷον ἐκεῖνο
καὶ μίμημα καὶ εἴδωλον ἐκείνου. Ἀλλὰ πῶς μένοντος ἐκείνου γίνεται;
Ἐνέργεια ἡ μέν ἐστι τῆς οὐσίας, ἡ δ᾽ ἐκ τῆς οὐσίας ἑκάστου· καὶ ἡ μὲν
τῆς οὐσίας αὐτό ἐστιν ἐνέργεια ἕκαστον, ἡ δὲ ἀπ᾽ ἐκείνης, ἣν δεῖ παντὶ
ἕπεσθαι ἐξ ἀνάγκης ἑτέραν οὖσαν αὐτοῦ· οἷον καὶ ἐπὶ τοῦ πυρὸς ἡ μέν
τίς ἐστι συμπληροῦσα τὴν οὐσίαν θερμότης, ἡ δὲ ἀπ᾽ ἐκείνης ἤδη
γινομένη ἐνεργοῦντος ἐκείνου τὴν σύμφυτον τῆι οὐσίαι ἐν τῶι μένειν
πῦρ. Οὕτω δὴ κἀκεῖ· καὶ πολὺ πρότερον ἐκεῖ μένοντος αὐτοῦ ἐν τῶι
οἰκείωι ἤθει ἐκ τῆς ἐν αὐτῶι τελειότητος καὶ συνούσης ἐνεργείας ἡ
γεννηθεῖσα ἐνέργεια ὑπόστασιν λαβοῦσα, ἅτε ἐκ μεγάλης δυνάμεως,
μεγίστης μὲν οὖν ἁπασῶν, εἰς τὸ εἶναι καὶ οὐσίαν ἦλθεν· ἐκεῖνο γὰρ
ἐπέκεινα οὐσίας ἦν. Καὶ ἐκεῖνο μὲν δύναμις πάντων, τὸ δὲ ἤδη τὰ
πάντα. Εἰ δὲ τοῦτο τὰ πάντα, ἐκεῖνο ἐπέκεινα τῶν πάντων· ἐπέκεινα ἄρα
οὐσίας· καὶ εἰ τὰ πάντα, πρὸ δὲ πάντων τὸ ἓν οὐ τὸ ἴσον ἔχον τοῖς πᾶσι,
καὶ ταύτηι δεῖ ἐπέκεινα εἶναι τῆς οὐσίας. Τοῦτο δὲ καὶ νοῦ· ἐπέκεινα
ἄρα τι νοῦ. Τὸ γὰρ ὂν οὐ νεκρὸν οὐδὲ οὐ ζωὴ οὐδὲ οὐ νοοῦν· νοῦς δὴ
καὶ ὂν ταὐτόν. Οὐ γὰρ τῶν πραγμάτων ὁ νοῦς – ὥσπερ ἡ αἴσθησις τῶν
αἰσθητῶν – προόντων, ἀλλ᾽ αὐτὸς νοῦς τὰ πράγματα, εἴπερ μὴ εἴδη
αὐτῶν κομίζεται. Πόθεν γάρ; Ἀλλ᾽ ἐνταῦθα μετὰ τῶν πραγμάτων καὶ
ταὐτὸν αὐτοῖς καὶ ἕν· καὶ ἡ ἐπιστήμη δὲ τῶν ἄνευ ὕλης τὰ πράγματα.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 109
pelo inteligível109. Por isso também está dito: desde a indefinível díade
e do uno são as formas e os números; pois isso é a inteligência110. Por
isso [ela] não é simples, mas múltipla, manifestando composição,
contudo inteligível, e vendo já muitas coisas. Então ela mesma é
inteligível, mas também ο que pensa111: por isso já é dual. E é também
um diverso inteligível por ser depois do próprio [inteligível-uno]. Mas
como a partir do inteligível é essa inteligência? Porque o inteligível
permanece em si mesmo e não é necessitado, como é o que vê e o que
pensa – digo ser necessitado o que pensa, assim em relação àquele [uno]
– não é tal que insensível, mas tudo de si é em si mesmo e consigo
mesmo, totalmente discernível de si mesmo, vida é nele, tudo é nele, e
a depreensão de si é ele mesmo, tal que por consciência112, sendo em
repouso eterno e em ato de pensar de modo diferente da consciência
segundo o ato de pensar da inteligência. E se algo, o uno permanecendo
em si, vem a ser nele, a partir dele isso vem a ser, quando aquele [uno]
seja o que é, no mais alto grau. Então, o uno permanecendo em seu
particular caráter113, desde ele vem a ser o que vem a ser, e isso vem a
ser, porque ele permanece. Uma vez que aquele [uno] permanece
inteligível, o que vem a ser vem a ser ato de pensar; sendo e pensando
o ato pensar veio a ser a partir daquele [uno] – pois não há outro –,
109
O ato de pensar (νόησις) está para o inteligível, assim como o inteligível está para
a Inteligência, e a Inteligência está para o Uno, ou seja, o ato de pensar só se define
quando se volta para o inteligível.
110
Díade indefinível (δυὰς ἀόριστος) é a Inteligência quando parte do Uno, mas ainda
não se voltou a ele.
111
A inteligência é ao mesmo tempo ‘objeto’ pensado e ‘sujeito’ pensante.
112
Espécie de metaconsciência em que há ao mesmo tempo sujeito pensante e objeto
pensado.
113
Platão, Timeu 42e: Καὶ ὁ μὲν δὴ ἅπαντα ταῦτα διατάξας ἔμενεν ἐν τῷ ἑαυτοῦ κατὰ
τρόπον ἤθει (e tendo ordenado todas essas coisas, ele permaneceu na característica de
seu modo próprio).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 110
114
Platão, Politeia 509b: Καὶ τοῖς γιγνωσκομένοις τοίνυν μὴ μόνον τὸ γιγνώσκεσθαι
φάναι ὑπὸ τοῦ ἀγαθοῦ παρεῖναι, ἀλλὰ καὶ τὸ εἶναί τε καὶ τὴν οὐσίαν ὑπ’ ἐκείνου
αὐτοῖς προσεῖναι, οὐκ οὐσίας ὄντος τοῦ ἀγαθοῦ, ἀλλ’ ἔτι ἐπέκεινα τῆς οὐσίας
πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει ὑπερέχοντος (portanto às coisas que vêm a ser não apenas o vir
a ser diz ser presente por causa do bem, mas também o ser e a essência haver para elas
por causa dele, ele não sendo essência do bem, mas sendo ainda além da essência em
dignidade e potência).
115
Platão, Sofista 248e – 249a: τόδε γε, ὡς τὸ γιγνώσκειν εἴπερ ἔσται ποιεῖν τι, τὸ
γιγνωσκόμενον ἀναγκαῖον αὖ συμβαίνει πάσχειν. τὴν οὐσίαν δὴ κατὰ τὸν λόγον
τοῦτον γιγνωσκομένην ὑπὸ τῆς γνώσεως, καθ’ ὅσον γιγνώσκεται, κατὰ τοσοῦτον
κινεῖσθαι διὰ τὸ πάσχειν, ὃ δή φαμεν οὐκ ἂν γενέσθαι περὶ τὸ ἠρεμοῦν (Então é isto:
se o reconhecer for criar algo, o que é reconhecido por sua vez é forçado a incidir no
sofrer. Portanto, a essência segundo esse raciocínio é reconhecida pelo ato de
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 111
que é são o mesmo. Pois a inteligência não é das coisas feitas – como a
sensação é das coisas sensíveis – que são antes da sensação, mas a
própria inteligência é as coisas feitas, se é que as formas delas não são
reportadas a ela. Pois de onde [se reportariam a ela]? Mas [a
inteligência] ali é com as coisas feitas, igual a elas, sendo uma só coisa;
e o conhecimento das coisas sem matéria [são] as coisas feitas116.
reconhecer, e ela se reconhece tanto quanto se move pelo sofrer, que dizemos não vir
ser no que está quieto).
116
Aristóteles, De anima III 4, 430a 3-7: ἐπὶ μὲν γὰρ τῶν ἄνευ ὕλης τὸ αὐτό ἐστι τὸ
νοοῦν καὶ τὸ νοούμενον· ἡ γὰρ ἐπιστήμη ἡ θεωρητικὴ καὶ τὸ οὕτως ἐπιστητὸν τὸ αὐτό
ἐστιν (τοῦ δὲ μὴ ἀεὶ νοεῖν τὸ αἴτιον ἐπισκεπτέον)· ἐν δὲ τοῖς ἔχουσιν ὕλην δυνάμει
ἕκαστον ἔστι τῶν νοητῶν.( nas coisas sem matéria, o que pensa e o que é pensado é o
mesmo; pois o conhecimento contemplativo e o que realmente se pode conhecer é o
mesmo (deve-se examinar o causador de nem sempre pensar); cada um dos inteligíveis
é em potência nas coisas que têm matéria); De anima III 7, 430a 17: καὶ οὗτος ὁ νοῦς
χωριστὸς καὶ ἀπαθὴς καὶ ἀμιγής, τῇ οὐσίᾳ ὢν ἐνέργεια· ἀεὶ γὰρ τιμιώτερον τὸ ποιοῦν
τοῦ πάσχοντος καὶ ἡ ἀρχὴ τῆς ὕλης (essa inteligência é separável, impassível e sem
mistura, sendo em essência atividade; pois sempre é mais precioso o que cria do que
o que sofre, e o princípio, do que a matéria).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 112
ENÉADA V
Livro V
Introdução
V 5 (32)
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 113
SUMÁRIO
P l o t i n o | 114
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 115
SUMÁRIO
P l o t i n o | 116
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 117
εʹ
Ὅτι οὐκ ἔξω τοῦ νοῦ τὰ νοιητὰ καὶ περὶ τἀγαθοῦ
1. Τὸν νοῦν, τὸν ἀληθῆ νοῦν καὶ ὄντως, ἆρ᾽ ἄν τις φαίη ψεύσεσθαί ποτε
καὶ μὴ τὰ ὄντα δοξάσειν; Οὐδαμῶς. Πῶς γὰρ ἂν ἔτι νοῦς ἀνοηταίνων
εἴη; Δεῖ ἄρα αὐτὸν ἀεὶ εἰδέναι καὶ μηδὲν ἐπιλαθέσθαι ποτέ, τὴν δὲ
εἴδησιν αὐτῶι μήτε εἰκάζοντι εἶναι μήτε ἀμφίβολον μηδ᾽ αὖ παρ᾽ ἄλλου
οἷον ἀκούσαντι. Οὐ τοίνυν οὐδὲ δι᾽ ἀποδείξεως. Καὶ γὰρ εἴ τινά τις φαίη
δι᾽ ἀποδείξεως, ἀλλ᾽ οὖν αὐτόθεν αὐτῶι ἐναργῆ τιν᾿ εἶναι. Καίτοι ὁ
λόγος φησὶ πάντα· πῶς γὰρ καὶ διοριεῖ τις τά τε αὐτόθεν τά τε μή; Ἀλλ᾽
οὖν, ἃ συγχωροῦσιν αὐτόθεν, πόθεν φήσουσι τούτων τὸ ἐναργὲς αὐτῶι
παρεῖναι; Πόθεν δὲ αὐτῶι πίστιν, ὅτι οὕτως ἔχει, παρέξεται; Ἐπεὶ καὶ
τὰ ἐπὶ τῆς αἰσθήσεως, ἃ δὴ δοκεῖ πίστιν ἔχειν ἐναργεστάτην, ἀπιστεῖται,
μή ποτε οὐκ ἐν τοῖς ὑποκειμένοις, ἀλλ᾽ ἐν τοῖς πάθεσιν ἔχει τὴν
δοκοῦσαν ὑπόστασιν καὶ νοῦ δεῖ ἢ διανοίας τῶν κρινούντων· ἐπεὶ καὶ
συγκεχωρημένου ἐν τοῖς ὑποκειμένοις εἶναι αἰσθητοῖς, ὧν ἀντίληψιν ἡ
αἴσθησις ποιήσεται, τό τε γινωσκόμενον δι᾽ αἰσθήσεως τοῦ πράγματος
εἴδωλόν ἐστι καὶ οὐκ αὐτὸ τὸ πρᾶγμα ἡ αἴσθησις λαμβάνει· μένει γὰρ
ἐκεῖνο ἔξω. Ὁ δὴ νοῦς γινώσκων καὶ τὰ νοητὰ γινώσκων, εἰ μὲν ἕτερα
SUMÁRIO
P l o t i n o | 118
ὄντα γινώσκει, πῶς μὲν ἂν συντύχοι αὐτοῖς; Ἐνδέχεται γὰρ μή, ὥστε
ἐνδέχεται μὴ γινώσκειν ἢ τότε ὅτε συνέτυχε, καὶ οὐκ ἀεὶ ἕξει τὴν
γνῶσιν. Εἰ δὲ συνεζεῦχθαι φήσουσι, τί τὸ συνεζεῦχθαι τοῦτο; Ἔπειτα
καὶ αἱ νοήσεις τύποι ἔσονται· εἰ δὲ τοῦτο, καὶ ἐπακτοὶ καὶ πληγαί. Πῶς
δὲ καὶ τυπώσεται, ἢ τίς τῶν τοιούτων ἡ μορφή; Καὶ ἡ νόησις τοῦ ἔξω
ὥσπερ ἡ αἴσθησις. Καὶ τί διοίσει ἢ τῶι σμικροτέρων ἀντιλαμβάνεσθαι;
Πῶς δὲ καὶ γνώσεται, ὅτι ἀντελάβετο ὄντως; Πῶς δέ, ὅτι ἀγαθὸν τοῦτο
ἢ ὅτι καλὸν ἢ δίκαιον; Ἕκαστον γὰρ τούτων ἄλλο αὐτοῦ, καὶ οὐκ ἐν
αὐτῶι αἱ τῆς κρίσεως ἀρχαί, αἷς πιστεύσει, ἀλλὰ καὶ αὗται ἔξω, καὶ ἡ
ἀλήθεια ἐκεῖ. Εἶτα κἀκεῖνα ἀναίσθητα καὶ ἄμοιρα ζωῆς καὶ νοῦ, ἢ νοῦν
ἔχει. Καὶ εἰ νοῦν ἔχει, ἅμα ἐνταῦθα ἄμφω, καὶ τὸ ἀληθὲς ὡδί, καὶ ὁ
πρῶτος νοῦς οὗτος, καὶ ἐπὶ τούτου ζητήσομεν, πῶς ἔχει ἡ ἐνταῦθα
ἀλήθεια, καὶ τὸ νοητὸν καὶ ὁ νοῦς εἰ ἐν τῶι αὐτῶι μὲν καὶ ἅμα, δύο δὲ
καὶ ἕτερα, ἢ πῶς; Εἰ δ᾽ ἀνόητα καὶ ἄνευ ζωῆς, τί ὄντα; Οὐ γὰρ δὴ
προτάσεις οὐδὲ ἀξιώματα οὐδὲ λεκτά· ἤδη γὰρ ἂν καὶ αὐτὰ περὶ
ἑτέρων λέγοι, καὶ οὐκ αὐτὰ τὰ ὄντα εἴη, οἷον τὸ δίκαιον καλόν, ἄλλου
τοῦ δικαίου καὶ τοῦ καλοῦ ὄντος. Εἰ δ᾽ ἁπλᾶ φήσουσι, δίκαιον χωρὶς
καὶ καλόν, πρῶτον μὲν οὐχ ἕν τι οὐδ᾽ ἐν ἑνὶ τὸ νοητὸν ἔσται, ἀλλὰ
διεσπασμένον ἕκαστον. Καὶ ποῦ καὶ κατὰ τίνας διέσπασται τόπους;
Πῶς δὲ αὐτοῖς συντεύξεται ὁ νοῦς περιθέων; Πῶς δὲ μενεῖ; Ἢ ἐν τῶι
αὐτῶι πῶς μενεῖ; Τίνα δ᾽ ὅλως μορφὴν ἢ τύπον ἕξει; Εἰ μὴ ὥσπερ
ἀγάλματα ἐκκείμενα χρυσᾶ ἢ ἄλλης τινὸς ὕλης ὑπό τινος πλάστου ἢ
γραφέως πεποιημένα; Ἀλλ᾽ εἰ τοῦτο, ὁ θεωρῶν νοῦς αἴσθησις ἔσται.
Διὰ τί δὲ τὸ μέν ἐστι τῶν τοιούτων δικαιοσύνη, τὸ δ᾽ ἄλλο τι; Μέγιστον
δὲ πάντων ἐκεῖνο· εἰ γὰρ καὶ ὅτι μάλιστα δοίη τις ταῦτα ἔξω εἶναι καὶ
τὸν νοῦν αὐτὰ οὕτως ἔχοντα θεωρεῖν, ἀναγκαῖον αὐτῶι μήτε τὸ ἀληθὲς
αὐτῶν ἔχειν διεψεῦσθαί τε ἐν ἅπασιν οἷς θεωρεῖ. Τὰ μὲν γὰρ ἀληθινὰ
ἂν εἴη ἐκεῖνα· θεωρήσει τοίνυν αὐτὰ οὐκ ἔχων αὐτά, εἴδωλα δὲ αὐτῶν
ἐν τῆι γνώσει τῆι τοιαύτηι λαβών. Τὸ τοίνυν ἀληθινὸν οὐκ ἔχων, εἴδωλα
δὲ τοῦ ἀληθοῦς παρ᾽ αὐτῶι λαβὼν τὰ ψευδῆ ἕξει καὶ οὐδὲν ἀληθές. Εἰ
μὲν οὖν εἰδήσει, ὅτι τὰ ψευδῆ ἔχει, ὁμολογήσει ἄμοιρος ἀληθείας εἶναι·
εἰ δὲ καὶ τοῦτο ἀγνοήσει καὶ οἰήσεται τὸ ἀληθὲς ἔχειν οὐκ ἔχων,
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 119
V 5 (32)
117
A inteligência não seria responsável pelo saber, pois deveria isso à demonstração.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 120
a crença de que assim é? Uma vez que sobre o que é da sensação, que
parece ter a mais clara confiança, se desconfia alguma vez de que não
nas coisas que subjazem, mas nas impressões118, há a aparente
hipóstase, é preciso inteligência ou raciocínio dos que julgam; uma vez
que, mesmo estando concedido haver [essa hipóstase] nos sensíveis que
subjazem, dos quais a sensação fará contrapartida, o que é reconhecido
pela sensação é visagem do fato, a sensação não toma o mesmo fato;
pois permanece fora dele119. Na verdade, a inteligência que reconhece,
reconhecendo os inteligíveis, se reconhecer que são diferentes, como se
encontraria por acaso com eles? Pois [se é] como os recebe e não recebe,
ela não reconhece senão quando alguma vez topar por acaso com eles,
e nem sempre terá o ato de conhecer. E se dissermos que estão
conjungidos [o inteligível e a inteligência], o que é esse estar
conjungido? Depois mesmo os atos de pensar seriam marcas; se for
isso, seriam tanto importáveis quanto golpes. E como [a inteligência]
será marcada e qual a figura de tais [marcas]? Também o ato de pensar
seria do que é externo, como é a sensação. E o que distinguirá [a
inteligência da sensação], senão por aquela ter a contraparte de coisas
mais sutis? E como reconhecerá que realmente tem a contraparte?
Como [reconhecerá] que isso é bom ou que é belo ou justo? Pois cada
um desses conceitos seria algo diverso dela, e não seriam nela os
princípios do ato de julgar, nos quais ela poderia confiar, mas tanto
esses [princípios] seriam de fora, quanto a verdade seria ali. Depois
mesmos aqueles [inteligíveis] seriam insensíveis, não partícipes de vida
118
Sextus Empiricus, Adversus Mathematicos VIII 9: ὁ δὲ Ἐπίκουρος τὰ μὲν αἰσθητὰ
πάντα ἔλεγεν ἀληθῆ καὶ ὄντα. οὐ διήνεγκε γὰρ ἀληθὲς εἶναί τι λέγειν ἢ ὑπάρχον
(Epicuro dizia ser verdadeiras todas as coisas sensíveis e as que são, pois não
importava dizer que algo era verdadeiro ou que tem princípio).
119
Mesmo nas coisas mais aparentes a sensação toma apenas uma pálida imagem,
como a inteligência teria algo não claro, em relação ao que é por si mesmo, pois isso
viria a ela de fora, o que é impossível.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 121
120
Aristóteles, Analytica Priora et Posteriora I 1, 24a 16: Πρότασις μὲν οὖν ἐστὶ λόγος
καταφατικὸς ἢ ἀποφατικός τινος κατά τινος· οὗτος δὲ ἢ καθόλου ἢ ἐν μέρει ἢ
ἀδιόριστος (Proposição é razão que afirma ou que nega algo de algo; ou ela é universal
ou em parte ou indeterminada); 72a 7: ἀρχὴ δ’ ἐστὶν ἀποδείξεως πρότασις
ἄμεσος,ἄμεσος δὲ ἧς μὴ ἔστιν ἄλλη προτέρα. πρότασις δ’ ἐστὶν ἀποφάνσεως τὸ
ἕτερον μόριον, ἓν καθ’ ἑνός (Proposição é o princípio da demonstração não mediada,
e proposição não mediada é aquela a que não há uma diversa anterior. Proposição é a
parte diferente da enunciação, [que exprime] uma coisa única de outra única).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 122
2. Οὐ τοίνυν δεῖ οὔτε ἔξω τὰ νοητὰ ζητεῖν, οὔτε τύπους ἐν τῶι νῶι τῶν
ὄντων λέγειν εἶναι, οὔτε τῆς ἀληθείας ἀποστεροῦντας αὐτὸν ἀγνωσίαν
τε τῶν νοητῶν ποιεῖν καὶ ἀνυπαρξίαν καὶ ἔτι αὐτὸν τὸν νοῦν ἀναιρεῖν.
Ἀλλ᾽ εἴπερ καὶ γνῶσιν δεῖ καὶ ἀλήθειαν εἰσάγειν καὶ τὰ ὄντα τηρεῖν καὶ
γνῶσιν τοῦ τί ἕκαστόν ἐστιν, ἀλλὰ μὴ τοῦ ποῖόν τι ἕκαστον, ἅτε
εἴδωλον αὐτοῦ καὶ ἴχνος ἴσχοντας, ἀλλὰ μὴ αὐτὰ ἔχοντας καὶ συνόντας
καὶ συγκραθέντας αὐτοῖς, τῶι ἀληθινῶι νῶι δοτέον τὰ πάντα. Οὕτω γὰρ
ἂν καὶ εἰδείη, καὶ ἀληθινῶς εἰδείη, καὶ οὐδ᾽ ἂν ἐπιλάθοιτο οὐδ᾽ ἂν
περιέλθοι ζητῶν, καὶ ἡ ἀλήθεια ἐν αὐτῶι καὶ ἕδρα ἔσται τοῖς οὖσι καὶ
ζήσεται καὶ νοήσει. Ἃ δὴ πάντα περὶ τὴν μακαριωτάτην φύσιν δεῖ
ὑπάρχειν· ἢ ποῦ τὸ τίμιον καὶ σεμνὸν ἔσται; Καὶ γὰρ αὖ οὕτως οὐδ᾽
ἀποδείξεως δεῖ οὐδὲ πίστεως, ὅτι οὕτως – αὐτὸς γὰρ οὕτως καὶ ἐναργὴς
αὐτὸς αὑτῶι – καὶ εἴ τι πρὸ αὐτοῦ, ὅτι ἐξ αὐτοῦ, καὶ εἴ τι μετ᾽ ἐκεῖνο,
ὅτι αὐτός – καὶ οὐδεὶς πιστότερος αὐτῶι περὶ αὐτοῦ – καὶ ὅτι ἐκεῖ τοῦτο
καὶ ὄντως. Ὥστε καὶ ἡ ὄντως ἀλήθεια οὐ συμφωνοῦσα ἄλλωι ἀλλ᾽
ἑαυτῆι, καὶ οὐδὲν παρ᾽ αὑτήν, ἄλλο λέγει, [ἀλλ᾽ ὃ λέγει], καὶ ἔστι, καὶ
121
A opinião (δόξα) tem valência receptiva (παραδεχομένη), ou seja, se ela recebe
algo, é porque recebe de fora dela. O primeiro termo tem a mesma raiz etimológica
do segundo.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 123
ὅ ἐστι, τοῦτο καὶ λέγει. Τίς ἂν οὖν ἐλέγξειε; Καὶ πόθεν οἴσει τὸν
ἔλεγχον; Εἰς γὰρ ταὐτὸν ὁ φερόμενος ἔλεγχος τῶι προειπόντι, κἂν
κομίσηι ὡς ἄλλο, φέρεται εἰς τὸν ἐξαρχῆς εἰπόντα καὶ ἕν ἐστιν· οὐ γὰρ
ἄλλο ἀληθέστερον ἂν εὕροις τοῦ ἀληθοῦς.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 124
3. Μία τοίνυν φύσις αὕτη ἡμῖν, νοῦς, τὰ ὄντα πάντα, ἡ ἀλήθεια· εἰ δέ,
θεός τις μέγας· μᾶλλον δὲ οὔ τις, ἀλλὰ πᾶς ἀξιοῖ ταῦτα εἶναι. Καὶ θεὸς
αὕτη ἡ φύσις, καὶ θεὸς δεύτερος προφαίνων ἑαυτὸν πρὶν ὁρᾶν ἑκεῖνον·
ὁ δὲ ὑπερκάθηται καὶ ὑπερίδρυται ἐπὶ καλῆς οὕτως οἷον κρηπῖδος, ἣ ἐξ
αὐτοῦ ἐξήρτηται. Ἔδει γὰρ ἐκεῖνον βαίνοντα μὴ ἐπ᾽ ἀψύχου τινὸς μηδ᾽
αὖ ἐπὶ ψυχῆς εὐθὺς βεβηκέναι, ἀλλ᾽ εἶναι αὐτῶι κάλλος ἀμήχανον πρὸ
αὐτοῦ προιόν, οἷον πρὸ μεγάλου βασιλέως πρόεισι μὲν πρῶτα ἐν ταῖς
προόδοις τὰ ἐλάττω, ἀεὶ δὲ τὰ μείζω καὶ τὰ σεμνότερα ἐπ᾽ αὐτοῖς, καὶ
τὰ περὶ βασιλέα ἤδη μᾶλλον βασιλικώτερα, εἶτα τὰ μετ᾽ αὐτὸν τίμια·
ἐφ᾽ ἅπασι δὲ τούτοις βασιλεὺς προφαίνεται ἐξαίφνης αὐτὸς ὁ μέγας, οἱ
δ᾽ εὔχονται καὶ προσκυνοῦσιν, ὅσοι μὴ προαπῆλθον ἀρκεσθέντες τοῖς
πρὸ τοῦ βασιλέως ὀφθεῖσιν. Ἐκεῖ μὲν οὖν ὁ βασιλεὺς ἄλλος, οἵ τε πρὸ
αὐτοῦ προιόντες ἄλλοι αὐτοῦ· ὁ δὲ ἐκεῖ βασιλεὺς οὐκ ἀλλοτρίων
ἄρχων, ἀλλ᾽ ἔχων τὴν δικαιοτάτην καὶ φύσει ἀρχὴν καὶ τὴν ἀληθῆ
βασιλείαν, ἅτε τῆς ἀληθείας βασιλεὺς καὶ ὢν κατὰ φύσιν κύριος τοῦ
αὐτοῦ ἀθρόου γεννήματος καὶ θείου συντάγματος, βασιλεὺς βασιλέως
καὶ βασιλέων καὶ πατὴρ δικαιότερον ἂν κληθεὶς θεῶν, ὃν ὁ Ζεὺς καὶ
ταύτηι ἐμιμήσατο τὴν τοῦ ἑαυτοῦ πατρὸς οὐκ ἀνασχόμενος θεωρίαν,
ἀλλὰ τὴν τοῦ προπάτορος οἷον ἐνέργειαν εἰς ὑπόστασιν οὐσίας.
122
Platão, Carta II 312e: περὶ τὸν πάντων βασιλέα πάντ’ ἐστὶ καὶ ἐκείνου ἕνεκα πάντα,
καὶ ἐκεῖνο αἴτιον ἁπάντων τῶν καλῶν (tudo é acerca do rei de todas as coisas e tudo
é por causa dele, ele é causador de todas as coisas belas).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 125
extraordinária123 que vai adiante dele, tal que adiante de um grande rei
vão primeiro nas procissões os inferiores, e sempre os superiores e os
mais veneráveis depois deles, e em torno do rei os mais nobres, depois
os que são honrados depois dele; em todas essas [procissões] o rei se
apresenta súbito124 ele mesmo o grande, e fazem prece e se prostram
aqueles quantos não saíram antes contentando-se com os que foram
vistos antes do rei. E ali o rei é diverso, e os que vão antes dele são
diversos dele, mas, porque ele tem por natureza o mais justo princípio
e a verdade real, enquanto é rei da verdade, sendo por sua natureza
senhor de seu próprio ajuntamento e do cortejo divino, é rei de rei e de
reis e mais justamente denominado pai dos deuses125, que Zeus aqui
mesmo imita, não suspendendo a contemplação do seu próprio pai, mas
imita a contemplação do progenitor tal que em hipóstase de essência126.
4. Ὅτι μὲν οὖν δεῖ τὴν ἀναγωγὴν ποιήσασθαι εἰς ἓν καὶ ἀληθῶς ἕν, ἀλλὰ
μὴ ὥσπερ τὰ ἄλλα ἕν, ἃ πολλὰ ὄντα μετοχῆι ἑνὸς ἕν – δεῖ δὲ τὸ μὴ
μετοχῆι ἓν λαβεῖν μηδὲ τὸ οὐ μᾶλλον ἓν ἢ πολλά – καὶ ὅτι ὁ μὲν νοητὸς
κόσμος καὶ ὁ νοῦς μᾶλλον ἓν τῶν ἄλλων, καὶ οὐδὲν ἐγγυτέρω αὐτοῦ
τοῦ ἑνός, οὐ μὴν τὸ καθαρῶς ἕν, εἴρηται. Τί δὲ τὸ καθαρῶς ἓν καὶ ὄντως
123
Platão, Simpósio 218e: ἀμήχανόν τοι κάλλος ὁρῴης ἂν ἐν ἐμοὶ (verias
extraordinária beleza em mim); Politeia 509a: Ἀμήχανον κάλλος, ἔφη, λέγεις, εἰ
ἐπιστήμην μὲν καὶ ἀλήθειαν παρέχει, αὐτὸ δ’ ὑπὲρ ταῦτα κάλλει ἐστίν· οὐ γὰρ δήπου
σύ γε ἡδονὴν αὐτὸ λέγεις (Dizes extraordinária beleza, dizia ele, se ela apresenta
conhecimento e verdade, pois certamente tu não dizes que isso é o prazer).
124
Platão, Simpósio 210e: θεώμενος ἐφεξῆς τε καὶ ὀρθῶς τὰ καλά, πρὸς τέλος ἤδη
ἰὼν τῶν ἐρωτικῶν ἐξαίφνης κατόψεταί τι θαυμαστὸν τὴν φύσιν καλόν (ao contemplar
seguida e corretamente as coisas belas, indo para o final das coisas amatórias,
subitamente será visto algo admirável, belo de natureza).
125
Homero, Ilíada I 544: πατὴρ ἀνδρῶν τε θεῶν τε (pai dos homens e dos deuses).
126
Zeus, a alma do universo, imita o Uno ao gerar a Inteligência, Atena, que cria o
múltiplo, ou seja, os inteligíveis, e cada essência se volta a contemplar seu progenitor,
por imitação da Inteligência.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 126
καὶ οὐ κατ᾽ ἄλλο, νῦν θεάσασθαι ποθοῦμεν, εἴ πηι δυνατόν. Χρὴ τοίνυν
ἐνταῦθα ἆιξαι πρὸς ἕν, καὶ μηδὲν αὐτῶι ἔτι προσθεῖναι, ἀλλὰ στῆναι
παντελῶς δεδιότα αὐτοῦ ἀποστατῆσαι μηδὲ τοὐλάχιστον μηδὲ εἰς δύο
προελθεῖν. Εἰ δὲ μή, ἔσχες δύο, οὐκ ἐν οἷς τὸ ἕν, ἀλλὰ ἄμφω ὕστερα.
Οὐ γὰρ θέλει μετ᾽ ἄλλου οὔτε ἑνὸς οὔτε ὁποσουοῦν συναριθμεῖσθαι
οὐδ᾽ ὅλως ἀριθμεῖσθαι· μέτρον γὰρ αὐτὸ καὶ οὐ μετρούμενον, καὶ τοῖς
ἄλλοις δὲ οὐκ ἴσον, ἵνα σὺν αὐτοῖς· εἰ δὲ μή, κοινόν τι ἔσται ἐπ᾽ αὐτοῦ
καὶ τῶν συναριθμουμένων, κἀκεῖνο πρὸ αὐτοῦ· δεῖ δὲ μηδέν. Οὐδὲ γὰρ
οὐδ᾽ ὁ οὐσιώδης ἀριθμὸς κατ᾽ αὐτοῦ, οὐδέ γε ὁ ὕστερος τούτου, ὁ τοῦ
ποσοῦ· οὐσιώδης μὲν ὁ τὸ εἶναι ἀεὶ παρέχων, τοῦ δὲ ποσοῦ ὁ τὸ ποσὸν
μετ᾽ ἄλλων ἢ ἔτι μὴ μετ᾽ ἄλλων, εἴπερ ἀριθμὸς τοῦτο. Ἐπεὶ καὶ ἡ ἐν
τοῖς τοῦ ποσοῦ ἀριθμοῦ πρὸς τὸ ἓν τὴν ἀρχὴν αὐτῶν ἀπομιμουμένη τὴν
ἐν τοῖς προτέροις ἀριθμοῖς φύσις πρὸς τὸ ὄντως ἓν οὐκ ἀναλίσκουσα
τὸ ἓν οὐδὲ κερματίζουσα τὴν ὑπόστασιν ἔχει, ἀλλὰ δυάδος γενομένης
ἔστι μονὰς ἡ πρὸ τῆς δυάδος, καὶ οὐχ ἡ ἐν τῆι δυάδι μονὰς ἑκατέρα οὐδ᾽
ἑτέρα ἐκείνη. Τί γὰρ μᾶλλον ὁποτεραοῦν; Εἰ οὖν μηδετέρα αὐτῶν, ἄλλη
ἐκείνη καὶ μένουσα οὗ μένει. Πῶς οὖν ἕτεραι ἐκεῖναι; Καὶ πῶς ἡ δυὰς
ἕν; Καὶ εἰ ταὐτὸ ἕν, ὅπερ ἐν ἑκατέραι τῆι περιεχομένηι. Ἢ μετέχειν τῆς
πρώτης φατέον, ἄλλας δὲ ἧς μετέχουσι, καὶ τὴν δυάδα δέ, καθὸ ἕν,
μετέχειν, οὐχ ὡσαύτως δέ· ἐπεὶ οὐδὲ ὁμοίως στρατὸς ἓν καὶ οἰκία. Καὶ
αὕτη πρὸς τὸ συνεχὲς οὔτε κατὰ τὸ ὡς εἶναι ἕν, οὔτε κατὰ τὸ ποσὸν ἕν.
Ἆρ᾽ οὖν αἱ μὲν μονάδες ἄλλως αἱ ἐν πεντάδι καὶ δεκάδι, τὸ δὲ ἓν τὸ ἐν
τῆι πεντάδι πρὸς τὸ ἓν τὸ ἐπὶ τῆς δεκάδος τὸ αὐτό; Ἤ, εἰ ναῦς πᾶσα
πρὸς πᾶσαν, μικρὰ πρὸς μεγάλην, καὶ πόλις πρὸς πόλιν, καὶ στρατὸς
πρὸς στρατόν, ταὐτὸ ἓν καὶ ἐνταῦθα· εἰ δὲ μηδ᾽ ἐκεῖ, οὐδ᾽ ἐνταῦθα. Εἰ
γάρ τινες περὶ τούτων ἀπορίαι, ὕστερον.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 127
nada é mais perto do mesmo uno, não sendo, contudo, o uno verdadeiro,
está dito. E o que é o uno pura e realmente, não segundo coisa diversa,
agora desejamos contemplar, se por algum modo for possível. Há
necessidade, portanto, aqui de tomar impulso ao uno, e nada mais
acrescentar a ele, mas estar totalmente em repouso com temor de
afastar-se dele nem o mínimo, nem avançar ao dois. Senão, tens dois,
nos quais não há o uno, mas ambos são posteriores. Pois não quer ser
enumerado junto com outro número, nem com o um nem com qualquer
que seja, nem de modo geral ser contado; pois ele mesmo é medida e
não é medido, e não é igual aos outros, para ser com eles; senão, haverá
algo comum em si mesmo e nas diversas coisas enumeradas junto, e
isso [seria] antes dele; e é preciso nada [ser antes dele]. Pois não é nele
nem o número substancial, nem o posterior a esse, o de certa
quantidade; substancial é o que apresenta sempre o ser, e de certa
quantidade é o [que apresenta] certa quantidade com outros, ou ainda
não apresenta com os outros, se é que esse é número. Uma vez que a
natureza nos números de certa quantidade em relação ao um imita o
princípio deles, que é nos números anteriores em relação ao que é
realmente uno, tem a hipóstase não eliminando nem retalhando o uno,
mas, porque veio a ser uma díade, há uma unidade antes da díade, e
cada uma das duas não é unidade na díade, nem essa é diferente
[daquela]127. Pois por que seria mais qualquer delas duas? Se [a díade]
é nenhuma dessas duas [unidades], diverso é aquele [princípio] que
permanece onde permanece. Como então aqueles princípios [das
unidades] são diferentes? E como a díade é uno? E [deve-se dizer] se é
o mesmo uno aquele em cada uma das duas [unidades] que [a díade]
envolve. Certamente deve-se dizer que [as unidades] participam do
127
Do um vem o dois, mas cada um destes não é único na díade, porque, não sendo
diferentes, um só ou unidade só pode ser na origem, antes de vir a ser dois, ou seja, o
uno, que é origem, não é nem um nem outro que compõe a díade, nem ambos em
conjunto.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 128
128
SVF 366, Plutarco, Coniugalia Praecepta 143f: Τῶν σωμάτων οἱ φιλόσοφοι τὰ
μὲν ἐκ διεστώτων λέγουσιν εἶναι καθάπερ στόλον καὶ (F) στρατόπεδον, τὰ δ’ ἐκ
συναπτομένων ὡς οἰκίαν καὶ ναῦν (os filósofos [estoicos] dizem sobre os corpóreos
que uns são dos que se distanciam, como equipamento e acampamento, outros são dos
que convergem, como casa e nau).
129
A díade exército e casa depende de sua continuidade, e não de ser una numérica ou
quantitativamente.
130
Enéada VI 6, 5.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 129
τὴν οὐσίαν αὐτοῖς ὑπεστήσατο, ὥστ᾽ εἶναι τὸ εἶναι ἴχνος [τοῦ] ἑνός. Καὶ
τὸ εἶναι δὲ τοῦτο – ἡ τῆς οὐσίας δηλωτικὴ ὀνομασία – ἀπὸ τοῦ ἓν εἴ τις
λέγοι γεγονέναι, τάχ᾽ ἂν τύχοι τοῦ ἀληθοῦς. Τὸ γάρ τοι λεγόμενον ὂν
τοῦτο πρῶτον ἐκεῖθεν οἷον ὀλίγον προβεβηκὸς οὐκ ἠθέλησεν ἔτι πρόσω
ἐλθεῖν, μεταστραφὲν δὲ εἰς τὸ εἴσω ἔστη, καὶ ἐγένετο οὐσία καὶ ἑστία
ἁπάντων· οἷον ἐν φθόγγωι ἐναπερείσαντος αὐτὸν τοῦ φωνοῦντος
ὑφίσταται τὸ ἓν δηλοῦν τὸ ἀπὸ τοῦ ἑνὸς καὶ τὸ ὂν σημαῖνον τὸ
φθεγξάμενον, ὡς δύναται. Οὕτω τοι τὸ μὲν γενόμενον, ἡ οὐσία καὶ τὸ
εἶναι, μίμησιν ἔχοντα ἐκ τῆς δυνάμεως αὐτοῦ ῥυέντα· ἡ δὲ ἰδοῦσα καὶ
ἐπικινηθεῖσα τῶι θεάματι μιμουμένη ὃ εἶδεν ἔρρηξε φωνὴν τὴν ὄν καὶ
τὸ εἶναι καὶ οὐσίαν καὶ ἑστίαν. Οὗτοι γὰρ οἱ φθόγγοι θέλουσι σημῆναι
τὴν ὑπόστασιν γεννηθέντος ὠδῖνι τοῦ φθεγγομένου ἀπομιμούμενοι, ὡς
οἷόν τε αὐτοῖς, τὴν γένεσιν τοῦ ὄντος.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 130
131
Platão, Crátilo 401c: πρῶτον μὲν οὖν κατὰ τὸ ἕτερον ὄνομα τούτων ἡ τῶν
πραγμάτων οὐσία “Ἑστία” (5) καλεῖσθαι ἔχει λόγον, καὶ ὅτι γε αὖ ἡμεῖς τὸ τῆς οὐσίας
μετέχον “ἔστιν” φαμέν, καὶ κατὰ τοῦτο ὀρθῶς ἂν καλοῖτο “Ἑστία” (primeiro, segundo
o nome diferente desses, a essência das coisas feitas chamar-se ‘morada’ tem uma
razão, tanto porque nós dizemos ‘é’ o que participa da essência, quanto segundo isso
corretamente se chamaria ‘morada’). A voz da alma: “que é” e “o ser” e “essência” e
“morada”.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 131
ἀφεὶς θεάσεται, ὅτι μὲν ἔστι διὰ τούτου μαθών, οἷον δ᾽ ἐστὶ τοῦτο ἀφείς.
Τὸ δὲ οἷον σημαίνοι ἂν τὸ οὐχ οἷον· οὐ γὰρ ἔνι οὐδὲ τὸ οἷον, ὅτωι μηδὲ
τὸ τι. Ἀλλὰ ἡμεῖς ταῖς ἡμετέραις ὠδῖσιν ἀποροῦμεν ὅ τι χρὴ λέγειν, καὶ
λέγομεν περὶ οὐ ῥητοῦ, καὶ ὀνομάζομεν σημαίνειν ἑαυτοῖς θέλοντες,
ὡς δυνάμεθα. Τάχα δὲ καὶ τὸ ἓν ὄνομα τοῦτο ἄρσιν ἔχει πρὸς τὰ πολλά.
Ὅθεν καὶ Ἀπόλλωνα οἱ Πυθαγορικοὶ συμβολικῶς πρὸς ἀλλήλους
ἐσήμαινον ἀποφάσει τῶν πολλῶν. Εἰ δὲ θέσις τις τὸ ἕν, τό τε ὄνομα τό
τε δηλούμενον, ἀσαφέστερον ἂν γίνοιτο τοῦ εἰ μή τις ὄνομα ἔλεγεν
αὐτοῦ· τάχα γὰρ τοῦτο ἐλέγετο, ἵνα ὁ ζητήσας, ἀρξάμενος ἀπ᾽ αὐτοῦ, ὃ
πάντως ἁπλότητός ἐστι σημαντικόν, ἀποφήσηι τελευτῶν καὶ τοῦτο, ὡς
τεθὲν μὲν ὅσον οἷόν τε καλῶς τῶι θεμένωι οὐκ ἄξιον μὴν οὐδὲ τοῦτο
εἰς δήλωσιν τῆς φύσεως ἐκείνης, ὅτι μηδὲ ἀκουστὸν ἐκεῖνο μηδὲ τῶι
ἀκούοντι δεῖ συνετὸν εἶναι, ἀλλ᾽ εἴπερ τινί, τῶι ὁρῶντι. Ἀλλ᾽ εἰ τὸ ὁρῶν
εἶδος ζητεῖ βλέπειν, οὐδὲ τοῦτο εἴσεται.
132
Platão, Politeia 509b: Καὶ τοῖς γιγνωσκομένοις τοίνυν μὴ μόνον τὸ γιγνώσκεσθαι
φάναι ὑπὸ τοῦ ἀγαθοῦ παρεῖναι, ἀλλὰ καὶ τὸ εἶναί τε καὶ τὴν οὐσίαν ὑπ’ ἐκείνου
αὐτοῖς προσεῖναι, οὐκ οὐσίας ὄντος τοῦ ἀγαθοῦ, ἀλλ’ ἔτι ἐπέκεινα τῆς οὐσίας
πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει ὑπερέχοντος (portanto às coisas que vêm a ser não apenas o vir
a ser diz ser presente por causa do bem, mas também o ser e a essência haver para elas
SUMÁRIO
P l o t i n o | 132
nem diz seu nome133, mas refere apenas o que não é isso. O que faz isso
de modo algum o envolve; pois é ridículo buscar envolver aquela
natureza incomensurável; pois o que pretende fazer isso afastou a si
mesmo de ir tanto de qualquer maneira quanto por breve tempo a
alguma marca dele; mas como o que deseja ver a natureza inteligível,
tendo nenhuma fantasia do sensível, contemplará o que é além do
sensível, assim também o que quer contemplar o ‘além do inteligível’
contemplará, tendo sido afastado todo o inteligível, porque aprendeu,
por causa disso, que ele é, tendo afastado o tal ‘que é isso’. O ‘tal’
significaria o que não é ‘tal’; pois não há ‘tal’ nem ‘algo’ para qualquer
que seja o uno. Mas nós ficamos em aporia com nossos esforços ao
dizer que é preciso ser algo, e dizemos sobre o não dizível, e o
nomeamos querendo dar significado a nós mesmos, como somos
capazes. Logo também esse nome ‘uno’ tem elevação em relação ao
múltiplo. Daí também os pitagóricos simbolicamente entre si
sinalizavam Apolo por uma negação do múltiplo134. E se é alguma tese
o uno, o nome e o que é mostrado, viria a ser mais obscuro do que se
ninguém dissesse seu nome; pois logo esse [nome] era dito para que o
que busca, que começou a partir dele que é totalmente mais simples de
por causa dele, ele não sendo essência do bem, mas sendo ainda além da essência em
dignidade e potência).
133
Platão, Parmênides 142a: Οὐδ’ ἄρα ὄνομα ἔστιν αὐτῷ οὐδὲ λόγος οὐδέ τις
ἐπιστήμη οὐδὲ αἴσθησις οὐδὲ δόξα (portanto não há nome para ele nem certo
conhecimento nem sensação nem opinião).
134
Plutarco, Ísis e Osíris 381 F: τὸ δ’ ἓν Ἀπόλλωνα πλήθους ἀποφάσει καὶ δι’
ἁπλότητα τῆς μονάδος (o ‘um’ [os pitagóricos denominam] Apolo, por negação da
multiplicidade e pela simplicidade da unidade). Platão, Crátilo 405a-e: ... Κατὰ μὲν
τοίνυν τὰς ἀπολύσεις τε καὶ ἀπολούσεις, (c) ὡς ἰατρὸς ὢν τῶν τοιούτων, “Ἀπολούων”
ἂν ὀρθῶς καλοῖτο ... (... portanto, segundo as soluções e abluções, como sendo médico
de tais coisas, seria chamado corretamente ‘deus das abluções’ ...); Politeia 509c: Καὶ
ὁ Γλαύκων μάλα γελοίως, Ἄπολλον, ἔφη, δαιμονίας ὑπερβολῆς (e Glauco com muito
sarcasmo dizia: “Apolo da hipérbole divina”).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 133
sentido, negue que mesmo esse [nome] seja perfeito, de modo que tendo
sido posto esse [nome], quanto é possível ao que foi belamente posto,
não é digno para demonstração daquela natureza, porque [o uno] não é
audível nem é preciso ser compreensível ao que ouve, mas se for
[compreensível] a algum, será ao que vê. Mas se o que vê busca olhar
uma forma, nem isso se mostrará.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 134
φωτοειδῆ μὲν ἦν, φῶς δὲ οὐκ ἦν. Οὕτω δὴ καὶ νοῦς αὑτὸν ἀπὸ τῶν
ἄλλων καλύψας καὶ συναγαγὼν εἰς τὸ εἴσω μηδὲν ὁρῶν θεάσεται οὐκ
ἄλλο ἐν ἄλλωι φῶς, ἀλλ᾽ αὐτὸ καθ᾽ ἑαυτὸ μόνον καθαρὸν ἐφ᾽ αὑτοῦ
ἐξαίφνης φανέν, ὥστε ἀπορεῖν ὅθεν ἐφάνη, ἔξωθεν ἢ ἔνδον, καὶ
ἀπελθόντος εἰπεῖν ἔνδον ἄρα ἦν καὶ οὐκ ἔνδον αὖ.
7. Uma vez que duplo é o olhar em atividade, tal que no olho, pois uma
coisa é a forma produto da visão para ele, a forma do sensível, e outra
coisa é pelo que ele vê sua própria forma, que também é o mesmo
sensível para ele, sendo diferente da forma [do que é visto] e causador
de ser visto por [sua] forma135, porque o que é visto em conjunto é na
forma [da luz] e [esta] sobre a forma [do que é visto]; por isso [a forma
da luz] não dá clara sensação de si, quando o olho está voltado para o
que está iluminado; e quando nada diverso seja contra ela, [o olho] vê
pelo impulso em conjunto, no entanto [só a] vê quando ela se apoia em
algo diverso, mas quando apenas ela veio a ser, não se apoiando em
algo diferente, não é possível a sensação a tomar. Uma vez que mesmo
a luz do sol que é nele logo evitaria a sensação, se não jazesse para ele
massa mais sólida. E se alguém disser ser o mesmo [sol] toda luz,
alguém tomaria isso para esclarecimento do que é dito; pois luz será em
nenhuma forma das diversas coisas vistas, e igualmente será única
visível; pois as diversas coisas visíveis não serão apenas luz. Assim,
portanto, é também a visão da inteligência: ela mesma também vê por
uma diversa luz as coisas que estão iluminadas por aquela primeira
natureza, e quando [esta luz] é naquelas coisas [ela] vê; inclinando-se,
no entanto, para a natureza das coisas que estão sob a luz, ela menos a
vê; mas se [a visão da inteligência] deixar as coisas vistas, e vir a causa
do ver, olharia para a própria luz, olharia luz e princípio da luz. Mas,
135
O olho em atividade vê de duas maneiras: vê sua forma sensível como produto da
visão e a vê pela forma da luz, que também é sensível e permite que ele veja o sensível.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 135
uma vez que é preciso a inteligência olhar essa luz não como sendo luz
exterior, deve-se ir novamente para o olho, que, quando ele mesmo vir
nem a luz de fora nem a alheia, mas anterior à de fora, ele contempla
em um instante uma luz familiar ainda mais esplendente, ou porque a
projetou de noite no escuro [adiante de si] desde si mesmo ou, quando
nenhuma das diversas coisas tenha desejado olhar, seja lançada adiante
de si a natureza das pálpebras, contudo a luz se leva adiante, ou a veria,
tendo comprimido o que tem a luz em si136. Pois quando [o olho] não
vê [as coisas vistas], ele vê, quando vê muito mais; pois vê luz. As
outras coisas eram formas de luz, e não eram luz. Assim também a
inteligência tendo-se escondido das coisas diversas, conduzindo-se ao
interior contemplará nada, vendo não uma luz diversa em algo diverso,
mas a própria luz que única súbito se mostrou por si mesma, pura de si
mesma, de modo a haver aporia de onde se mostrou, de fora ou de
dentro, e ela tendo-se afastado137, [a inteligência] diz: “portanto era de
dentro e por sua vez não era de dentro”.
8. Ἢ οὐ δεῖ ζητεῖν πόθεν· οὐ γάρ ἐστι τὸ πόθεν· οὔτε γὰρ ἔρχεται οὔτε
ἄπεισιν οὐδαμοῦ, ἀλλὰ φαίνεταί τε καὶ οὐ φαίνεται· διὸ οὐ χρὴ διώκειν,
ἀλλ᾽ ἡσυχῆι μένειν, ἕως ἂν φανῆι, παρασκευάσαντα ἑαυτὸν θεατὴν
εἶναι, ὥσπερ ὀφθαλμὸς ἀνατολὰς ἡλίου περιμένει· ὁ δὲ ὑπερφανεὶς τοῦ
ὁρίζοντος – ἐξ ὠκεανοῦ φασιν οἱ ποιηταί – ἔδωκεν ἑαυτὸν θεάσασθαι
τοῖς ὄμμασιν. Οὑτοσὶ δέ, ὃν μιμεῖται ὁ ἥλιος, ὑπερσχήσει πόθεν; Καὶ τί
ὑπερβαλὼν φανήσεται; Ἢ αὐτὸν ὑπερσχὼν τὸν νοῦν τὸν θεώμενον·
ἑστήξεται μὲν γὰρ ὁ νοῦς πρὸς τὴν θέαν εἰς οὐδὲν ἄλλο ἢ πρὸς τὸ καλὸν
136
Comparando-se com a visão da inteligência, o olho pode ver sua luz própria, que
é anterior à luz de fora e mais esplendente, ao deixar as coisas diversas, como se fosse
no escuro ou baixasse as pálpebras, pois a luz interna continuaria, como se alguém
tivesse esfregado as pálpebras com as mãos.
137
Se a inteligência se isolar dos inteligíveis poderá contemplar o princípio que
permite ver, que é interior e não é, pois o uno que é nela é absoluto.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 136
βλέπων, ἐκεῖ ἑαυτὸν πᾶς τρέπων καὶ διδούς, στὰς δὲ καὶ οἷον πληρωθεὶς
μένους εἶδε μὲν τὰ πρῶτα καλλίω γενόμενον ἑαυτὸν καὶ ἐπιστίλβοντα,
ὡς ἐγγὺς ὄντος αὐτοῦ. Ὁ δὲ οὐκ ἤιει, ὥς τις προσεδόκα, ἀλλ᾽ ἦλθεν ὡς
οὐκ ἐλθών· ὤφθη γὰρ ὡς οὐκ ἐλθών, ἀλλὰ πρὸ ἁπάντων παρών, πρὶν
καὶ τὸν νοῦν ἐλθεῖν. Εἶναι δὲ τὸν νοῦν τὸν ἐλθόντα καὶ τοῦτον εἶναι καὶ
τὸν ἀπιόντα, ὅτι μὴ οἶδε ποῦ δεῖ μένειν καὶ ποῦ ἐκεῖνος μένει, ὅτι ἐν
οὐδενί. Καὶ εἰ οἷόν τε ἦν καὶ αὐτῶι τῶι νῶι μένειν μηδαμοῦ – οὐχ ὅτι
ἐν τόπωι· οὐδὲ γὰρ οὐδ᾽ αὐτὸς ἐν τόπωι, ἀλλ᾽ ὅλως μηδαμοῦ – ἦν ἂν
ἀεὶ ἐκεῖνον βλέπων· καίτοι οὐδὲ βλέπων, ἀλλ᾽ ἓν ἐκείνωι ὢν καὶ οὐ δύο.
Νῦν δέ, ὅτι ἐστὶ νοῦς, οὕτω βλέπει, ὅτε βλέπει, τῶι ἑαυτοῦ μὴ νῶι.
Θαῦμα δή, πῶς οὐκ ἐλθὼν πάρεστι, καὶ πῶς οὐκ ὢν οὐδαμοῦ οὐδαμοῦ
οὐκ ἔστιν ὅπου μὴ ἔστιν. Ἔστι μὲν οὖν οὑτωσὶ αὐτόθεν θαυμάσαι, τῶι
δὲ γνόντι, τὸ ἐναντίον εἴπερ ἦν, θαυμάσαι· μᾶλλον δὲ οὐδὲ δυνατὸν
εἶναι, ἵνα τις καὶ θαυμάσηι. Ἔχει δὲ ὧδε·
138
Παρασκευάσαντα: expressão dos ritos iniciáticos aos Mistérios: Enéada VI 7, 34
[10]; VI 9, 4 [26].
139
Homero, Ilíada VII, 421 – 423: Ἠέλιος μὲν ἔπειτα νέον προσέβαλλεν ἀρούρας / ἐξ
ἀκαλαρρείταο βαθυρρόου Ὠκεανοῖο / οὐρανὸν εἰσανιών (então o sol há pouco
lançava-se aos campos desde o plácido oceano profundo subindo ao céu).
140
Platão, Politeia 508b-c: Τοῦτον τοίνυν, ἦν δ’ ἐγώ, φάναι με λέγειν τὸν τοῦ ἀγαθοῦ
ἔκγονον, ὃν τἀγαθὸν ἐγέννησεν ἀνάλογον ἑαυτῷ, ὅτιπερ αὐτὸ (c) ἐν τῷ νοητῷ τόπῳ
πρός τε νοῦν καὶ τὰ νοούμενα, τοῦτο τοῦτον ἐν τῷ ὁρατῷ πρός τε ὄψιν καὶ τὰ ὁρώμενα
(portanto, dizia eu, ao mostrar esse [astro], digo que ele é nascido do bem, que o bem
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 137
gerou análogo a si mesmo, e que esse mesmo [bem] que é no espaço inteligível, em
relação à inteligência e às coisas pensadas, é esse [sol] no espaço sensível, em relação
à visão e às coisas vistas).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 138
ἀρχὴν ὄν. Ἀρχὴ δέ, ἅτε μηδὲν ἔχουσα πρὸ αὐτῆς, οὐκ ἔχει ἐν ὅτωι
ἄλλωι· μὴ ἔχουσα δ᾽ ἐν ὅτωι αὕτη τῶν ἄλλων ὄντων ἐν τοῖς πρὸ αὐτῶν
τὰ ἄλλα περιείληφε πάντα αὐτή· περιλαβοῦσα δὲ οὔτ᾽ ἐσκεδάσθη εἰς
αὐτὰ καὶ ἔχει οὐκ ἐχομένη. Ἔχουσα δὴ καὶ αὐτὴ οὐκ ἐχομένη οὐκ ἔστιν
ὅπου μὴ ἔστιν· εἰ γὰρ μὴ ἔστιν, οὐκ ἔχει. Εἰ δὲ μὴ ἔχεται, οὐκ ἔστιν·
ὥστε ἔστι καὶ οὐκ ἔστι, τῶι μὲν μὴ περιέχεσθαι οὐκ οὖσα, τῶι δ᾽ εἶναι
παντὸς ἐλευθέρα οὐδαμοῦ κωλυομένη εἶναι. Εἰ γὰρ αὖ κεκώλυται,
ὥρισται ὑπ᾽ ἄλλου, καὶ τὰ ἐφεξῆς ἄμοιρα αὐτοῦ, καὶ μέχρι τούτου ὁ
θεός, καὶ οὐδ᾽ ἂν ἔτι ἐφ᾽ αὑτοῦ, ἀλλὰ δουλεύων τοῖς μετ᾽ αὐτόν. Τὰ μὲν
οὖν ἔν τινι ἐκεῖ ἐστιν, οὗ ἐστιν· ὅσα δὲ μὴ ποῦ, οὐκ ἔστιν ὅπου μή. Εἰ
γὰρ μὴ ἐνθαδί, δῆλον ὅτι ἄλλος αὐτὸν κατέχει τόπος, καὶ ἐνθαδὶ ἐν
ἄλλωι, ὥστε ψεῦδος τὸ οὐ ποῦ. Εἰ οὖν ἀληθὲς τὸ οὐ ποῦ καὶ ψεῦδος τὸ
ποῦ, ἵνα μὴ ἐν ἄλλωι, οὐδενὸς ἂν ἀποστατοῖ. Εἰ δὲ μηδενὸς ἀποστατεῖ
οὐ ποῦ ὤν, πανταχοῦ ἔσται ἐφ᾽ ἑαυτοῦ. Οὐδὲ γὰρ τὸ μέν τι αὐτοῦ ὡδί,
τὸ δὲ ὡδί· οὐ μὴν οὐδ᾽ ὅλον ὡδί· ὥστε ὅλον πανταχοῦ οὐδενὸς [ἑνὸς]
ἔχοντος αὐτὸ οὐδ᾽ αὖ μὴ ἔχοντος· ἐχομένου ἄρα ὁτουοῦν. Ὅρα δὲ καὶ
τὸν κόσμον, ὅτι, ἐπεὶ μηδεὶς κόσμος πρὸ αὐτοῦ, οὐκ ἐν κόσμωι αὐτὸς
οὐδ᾽ αὖ ἐν τόπωι· τίς γὰρ τόπος πρὶν κόσμον εἶναι; Τὰ δὲ μέρη
ἀνηρτημένα εἰς αὐτὸν καὶ ἐν ἐκείνωι. Ψυχὴ δὲ οὐκ ἐν ἐκείνωι, ἀλλ᾽
ἐκεῖνος ἐν αὐτῆι· οὐδὲ γὰρ τόπος τὸ σῶμα τῆι ψυχῆι, ἀλλὰ ψυχὴ μὲν ἐν
νῶι, σῶμα δὲ ἐν ψυχῆι, νοῦς δὲ ἐν ἄλλωι· τούτου δὲ οὐκέτι ἄλλο, ἵν᾽ ἂν
ἦν ἐν αὐτῶι· οὐκ ἐν ὁτωιοῦν ἄρα· ταύτηι οὖν οὐδαμῆι. Ποῦ οὖν τὰ
ἄλλα; ἐν αὐτῶι. Οὔτε ἄρα ἀφέστηκε τῶν ἄλλων οὔτε αὐτὸς ἐν αὐτοῖς
ἐστιν οὐδὲ ἔστιν οὐδὲν ἔχον αὐτό, ἀλλ᾽ αὐτὸ ἔχει τὰ πάντα. Διὸ καὶ
ταύτηι ἀγαθὸν τῶν πάντων, ὅτι καὶ ἔστι καὶ ἀνήρτηται πάντα εἰς αὐτὸ
ἄλλο ἄλλως. Διὸ καὶ ἀγαθώτερα ἕτερα ἑτέρων, ὅτι καὶ μᾶλλον ὄντα
ἕτερα ἑτέρων.
9. Tudo o que veio a ser por algo diverso ou é nesse que o criou ou em
um outro, se houver algo depois desse que o criou; pois o que veio a ser
por algo diverso, para a gênese, necessitou de algo diverso e necessita
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 139
141
Platão, Parmênides 145b: Ἆρ’ οὖν οὕτως ἔχον οὐκ αὐτό τε ἐν ἑαυτῷ ἔσται καὶ ἐν
ἄλλῳ; (por acaso isso sendo assim não será uno e será em algo diverso?).
142
Platão, Parmênides 138b: Οὐκ ἄρα ἐστίν που (5) τὸ ἕν, μήτε ἐν αὑτῷ μήτε ἐν ἄλλῳ
ἐνόν (portanto, o uno não é ‘onde’, porque nem é em si mesmo nem em algo diverso).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 140
10. Ἀλλὰ σὺ μή μοι δι᾽ ἑτέρων αὐτὸ ὅρα· εἰ δὲ μή, ἴχνος ἂν ἴδοις, οὐκ
αὐτό· ἀλλ᾽ ἐννόει, τί ἂν εἴη τοῦτο, ὃ ἔστι λαβεῖν ἐφ᾽ ἑαυτοῦ ὂν καθαρὸν
οὐδενὶ μιγνύμενον μετεχόντων ἁπάντων αὐτοῦ μηδενὸς ἔχοντος αὐτό·
ἄλλο μὲν γὰρ οὐδὲν τοιοῦτον, δεῖ δέ τι τοιοῦτον εἶναι. Τίς ἂν οὖν τὴν
δύναμιν αὐτοῦ ἕλοι ὁμοῦ πᾶσαν; Εἰ γὰρ ὁμοῦ πᾶσαν, τί ἄν τις αὐτοῦ
διαφέροι; Κατὰ μέρος ἄρα; Ἀλλὰ προσβαλεῖς μὲν ἀθρόως ὁ
προσβάλλων, ὅλον δὲ οὐκ ἀπαγγελεῖς· εἰ δὲ μή, νοῦς νοῶν ἔσηι, κἂν
τύχηις, ἐκεῖνός σε ἐκφεύξεται, μᾶλλον δὲ σὺ αὐτόν. Ἀλλ᾽ ὅταν μὲν
ὁρᾶις, ὅλον βλέπε· ὅταν δὲ νοῆις, ὅ τι ἂν μνημονεύσηις αὐτοῦ, νόει, ὅτι
τἀγαθόν – ζωῆς γὰρ ἔμφρονος καὶ νοερᾶς αἴτιος δύναμις ὤν, ἀφ᾽ οὗ
ζωὴ καὶ νοῦς ὅ τι [τε] οὐσίας καὶ τοῦ ὄντος – ὅτι ἕν – ἁπλοῦν γὰρ καὶ
πρῶτον – ὅτι ἀρχή – ἀπ᾽ αὐτοῦ γὰρ πάντα· ἀπ᾽ αὐτοῦ κίνησις ἡ πρώτη,
οὐκ ἐν αὐτῶι, ἀπ᾽ αὐτοῦ στάσις, ὅτι αὐτὸς μὴ ἐδεῖτο· οὐ γὰρ κινεῖται
οὐδ᾽ ἕστηκεν· οὐδὲ γὰρ εἶχεν οὔτε ἐν ὧι στήσεται οὔτε ἐν ὧι
143
Platão, Timeu 36d – e: Ἐπεὶ δὲ κατὰ νοῦν τῷ συνιστάντι πᾶσα ἡ τῆς ψυχῆς
σύστασις ἐγεγένητο, μετὰ τοῦτο πᾶν τὸ σωματοειδὲς ἐντὸς (e) αὐτῆς ἐτεκταίνετο καὶ
μέσον μέσῃ συναγαγὼν προσήρμοττεν (uma vez que veio a ser toda a constituição da
alma segundo a inteligência do que constitui, depois disso ele construiu todo o
corpóreo dentro dela e o harmonizava alinhando o meio [desse todo] com o dela).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 141
10. Mas tu, por mim, não o vejas através de coisas diferentes; senão,
marca verias, e não ele próprio; mas reflete: o que seria isso que é para
tomar sobre si mesmo que é puro com nada misturado, todas as coisas
participando dele, nenhuma o tendo; pois nada diverso é tal, e é preciso
haver algo desse tipo. Quem tomaria de uma vez toda sua potência?
Pois se a tomasse toda de uma vez, em que alguém diferiria dele?
[Tomaria] por parte, portanto? Mas tu, quando te projetares
intensamente a ele , projetarás e não o reportarás inteiro; senão, serás
inteligência que pensa, e se por acaso o encontres, ele fugirá de ti, ou
melhor, tu fugirás dele. Mas quando o vês, olha-o inteiro; e quando o
pensas, o que poderias lembrar dele, pensa que ele é o bem – pois sendo
potência causadora de vida sensata144 e inteligente, a partir da qual há
vida e inteligência, é potência causadora de essência e do que é – porque
é uno – pois sendo simples também é primeiro – porque é princípio –
pois a partir dele são todas as coisas; a partir dele é ato de mover, o
primeiro – pois não é nele mesmo – a partir dele é o ato de estar em
repouso, porque ele mesmo não tinha necessidade; pois não se move
nem esteve em repouso145; pois não tinha nem em que estaria em
repouso nem em que se moveria146; pois acerca do quê, ou em relação
144
Platão, Politeia 521a: ζωῆς ἀγαθῆς τε καὶ ἔμφρονος (uma vida boa e sensata).
145
Platão, Sofista 254d: Μέγιστα μὴν τῶν γενῶν ἃ νυνδὴ διῇμεν τό τε ὂν αὐτὸ καὶ
στάσις καὶ κίνησις (no entanto, os principais gêneros que agora mesmo passávamos
são o que é, o mesmo, e repouso e movimento).
146
Platão, Parmênides 139b: Τὸ ἓν ἄρα, ὡς ἔοικεν, οὔτε ἕστηκεν οὔτε κινεῖται
(portanto o uno, ao que parece, nem esteve em movimento nem se move).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 142
a quê, ou em quê? Pois ele mesmo é primeiro. Mas nem é o que foi
delimitado; pois pelo quê? Mas nem indefinido, como grandeza; pois a
onde era preciso ele avançar, ou para que venha a ser o quê, uma vez
que ele de nada precisa? Sua potência tem o infinito; pois jamais será
de modo diverso nem será menos, onde mesmo os que não são menos
são por causa dele.
11. Καὶ τὸ ἄπειρον τούτωι τῶι μὴ πλέον ἑνὸς εἶναι μηδὲ ἔχειν πρὸς ὃ
ὁριεῖ τι τῶν ἑαυτοῦ· τῶι γὰρ ἓν εἶναι οὐ μεμέτρηται οὐδ᾽ εἰς ἀριθμὸν
ἥκει. Οὔτ᾽ οὖν πρὸς ἄλλο οὔτε πρὸς αὑτὸ πεπέρανται· ἐπεὶ οὕτως ἂν
εἴη καὶ δύο. Οὐδὲ σχῆμα τοίνυν, ὅτι μηδὲ μέρη, οὐδὲ μορφή. Μὴ τοίνυν
ζήτει θνητοῖς ὄμμασι τοῦτο, οἷόν φησιν ὁ λόγος, μηδ᾽ ὅτι οὕτως ἐστὶν
ἰδεῖν, ὡς ἄν τις ἀξιώσειε πάντα αἰσθητὰ εἶναι ὑπολαμβάνων – τὸ
μάλιστα πάντων ἀναιρεῖ. Ἃ γὰρ ἡγεῖταί τις εἶναι μάλιστα, ταῦτα
μάλιστα οὐκ ἔστι· τὸ δὲ μέγα ἧττόν ἐστι. Τὸ δὲ πρῶτον ἀρχὴ τοῦ εἶναι
καὶ κυριώτερον αὖ τῆς οὐσίας· ὥστε ἀντιστρεπτέον τὴν δόξαν· εἰ δὲ μή,
καταλελείψηι ἔρημος θεοῦ, οἷον οἱ ἐν ταῖς ἑορταῖς ὑπὸ γαστριμαργίας
πλήσαντες ἑαυτούς, ὧν οὐ θέμις λαβεῖν τοὺς εἰσιόντας πρὸς τοὺς θεούς,
νομίσαντες μᾶλλον ἐκεῖνα ἐναργέστερα εἶναι τῆς θέας τοῦ θεοῦ, ὧι
ἑορτάζειν προσήκει, οὐ μετέσχον τῶν ἐκεῖ ἱερῶν. Καὶ γὰρ ἐν τούτοις
τοῖς ἱεροῖς ὁ θεὸς οὐχ ὁρώμενος ἀπιστεῖσθαι ποιεῖ ὡς οὐκ ὢν τοῖς
ἐναργὲς νομίζουσι μόνον, ὃ τῆι σαρκὶ μόνον ἴδοιεν· οἷον εἴ τινες διὰ
βίου κοιμώμενοι ταῦτα μὲν πιστὰ καὶ ἐναργῆ νομίζοιεν τὰ ἐν τοῖς
ὀνείρασιν, εἰ δέ τις αὐτοὺς ἐξεγείρειεν, ἀπιστήσαντες τοῖς διὰ τῶν
ὀφθαλμῶν ἀνεωιγότων ὀφθεῖσι πάλιν καταδαρθάνοιεν.
11. E ele tem o infinito por ser não mais do que um nem ter em relação
a que definirás alguma das suas partes; pois por ser um só não está
medido nem chega a número. Então nem em relação a outro nem em
relação a si mesmo ele tem limite; uma vez que assim seria também
dois. Não há conformação, portanto, porque não há partes, nem
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 143
figura147. Portanto não o busques com olhos mortais, tal como diz a
razão, porque não é para ver assim como alguém avaliaria ao supor que
todas as coisas são sensíveis – anularia o que é principal de todas. Pois
o que alguém considera ser muitíssimo, isso não é muitíssimo; e o
grande é menos. E o primeiro é princípio do ser e mais poderoso ainda
do que a essência; assim se deve mudar de opinião; senão, serás deixado
isolado do deus, como os que nas festas, por glutoneria, se enchem das
coisas de que não é lícito tomar aos que se dirigem aos deuses, por
considerar isso muito mais tangível do que a contemplação do deus, ao
qual convém festejar, aí não participam dos rituais. Pois o deus, não
sendo visto nesses rituais faz descrer, como se não existisse, aos que
consideram claro apenas o que veriam pela carne; como se alguns que
dormem durante a vida considerassem essas coisas nos sonhos críveis
e claras, se alguém os despertasse, ao não acreditar nas coisas vistas
pelos olhos abertos novamente cairiam no sono148.
147
Platão, Parmênides 137d-e: Οὐκοῦν εἰ μηδὲν ἔχει μέρος, οὔτ’ ἂν ἀρχὴν οὔτε
τελευτὴν οὔτε μέσον ἔχοι· μέρη γὰρ ἂν ἤδη αὐτοῦ τὰ τοιαῦτα εἴη. — (5) Ὀρθῶς. —
Καὶ μὴν τελευτή γε καὶ ἀρχὴ πέρας ἑκάστου. —
Πῶς δ’ οὔ; — Ἄπειρον ἄρα τὸ ἕν, εἰ μήτε ἀρχὴν μήτε τελευτὴν ἔχει. — Ἄπειρον. —
Καὶ ἄνευ σχήματος ἄρα· οὔτε γὰρ (e) στρογγύλου οὔτε εὐθέος μετέχει (Então, se
nenhuma parte tem, nem teria princípio nem fim nem meio; pois essas já seriam suas
partes. – Está correto. – No entanto, fim e princípio é um limite de cada coisa. – Como
não? – Logo o uno é infinito, se nem tem princípio nem fim. – Infinito. – E sem
conformação, portanto; pois nem participa do redondo nem do reto).
148
Platão, Politeia 534c-d: καὶ τὸν νῦν βίον ὀνειροπολοῦντα καὶ ὑπνώττοντα, πρὶν
ἐνθάδ’ ἐξεγρέσθαι, εἰς Ἅιδου πρότερον (d) ἀφικόμενον τελέως ἐπικαταδαρθάνειν; (e
dormindo a sonhar com a vida de agora, antes de despertar aqui, chegando antes ao
Hades, para cair completamente no sono); Fédon 71c-d: Τί οὖν; ἔφη, τῷ ζῆν ἐστί τι
ἐναντίον, ὥσπερ τῷ ἐγρηγορέναι τὸ καθεύδειν; (Que é, então? Disse, é algo contrário
a viver, como ao estar desperto é o dormir?).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 144
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 145
12. E é preciso olhar com que é preciso sentir cada coisa, com olhos
diversas coisas, com ouvidos coisas diferentes, e as outras do mesmo
modo; e com inteligência [é preciso] acreditar ver diversas coisas, e não
considerar que o pensar é ouvir ou ver, como se aos ouvidos ordenassem
ver, e [acreditar] que não há sons, porque não se veem. Há necessidade
de refletir como se esqueceram de que desde o princípio até agora
desejam e aspiram a isso mesmo. Pois tudo tende àquele princípio e
aspira por necessidade à natureza dele, como coisas vaticinadas de que
sem ele não é possível ser. Tanto a recepção do belo e seu estupor é
para os que já sabem e despertaram, quanto o despertar de eros. Mas o
bem, porque há tempos é presente, é conatural à aspiração, tanto aos
que dormem é presente quanto sem estupor quando o veem, porque está
sempre junto, jamais há reminiscência [dele]; mesmo sendo presente,
não o veem, porque dormem. E o desejo do belo, quando presente,
causa dores, porque é preciso os que o viram ansiar [por ele]. Sendo
segundo e mais dos que já o compreendem, esse desejo denuncia ser o
belo em segundo lugar; mas o impulso mais original do que esse desejo
e não-sensível diz que o bem é mais original e anterior a esse desejo. E
todos consideram que, tendo alcançado o bem, lhes é suficiente; por ter
chegado ao fim; mas o belo nem todos veem, quando ele vem a ser, e
consideram que o belo é para si, mas que não é para eles, tal que a beleza
aqui; por ser a beleza do que a tem. E aos belos basta parecer ser, mesmo
SUMÁRIO
P l o t i n o | 146
que não sejam149; mas desejam ter o bem, que não é por opinião150. Pois
contendem sobretudo pelo primeiro e querem vencer e litigam pelo
belo, porque como eles, também ele foi gerado; como se alguém
posterior na linhagem do rei quisesse ir em igual dignidade com alguém
depois do rei, porque foi gerado a partir do uno e do mesmo com aquele
[rei], ignorando que, mesmo ele estando ligado ao rei, aquele é antes
dele. Mas então a causa do erro é participar ambos do mesmo e por ser
o uno anterior a ambos, e porque também ali o bem em si não precisa
do belo, mas o belo [precisa] dele. Por um lado, o bem é agradável,
suave e delicado e, se alguém o deseja, é presente para ele; por outro, o
belo tem estupor, emoção violenta e o prazer misturado ao que causa
dor151. E ainda por sua vez arrasta para longe do bem os que não sabem,
como arrasta para longe do pai o que é desejado; pois [o belo] é mais
novo; e [o bem] é mais velho, não por tempo, mas pela verdade, este
que também tem a potência anterior; pois a tem toda; e o belo [a tem]
depois dele, não toda, mas quanta é depois ele e a partir ele. Desse modo
aquele [bem] é senhor também dessa potência, ele não necessitando das
coisas que vêm a ser desde si mesmo, mas deixando todo e inteiro o que
vem a ser, porque não carecia nada dele, mas é ele mesmo, tal que [era]
149
Platão, Fedro 279b-c: Ὦ φίλε Πάν τε καὶ ἄλλοι ὅσοι τῇδε θεοί, δοίητέ μοι καλῷ
γενέσθαι τἄνδοθεν· ἔξωθεν δὲ ὅσα ἔχω, τοῖς ἐντὸς (c) εἶναί μοι φίλια. πλούσιον δὲ
νομίζοιμι τὸν σοφόν· τὸ δὲ χρυσοῦ πλῆθος εἴη μοι ὅσον μήτε φέρειν μήτε ἄγειν
δύναιτο ἄλλος ἢ ὁ σώφρων (Querido Pã e outros deuses quantos são daqui, concedei-
me ser belo de interior, e quanto tenho de fora haver amizade com o que é de dentro.
Que eu considere rico o sábio; que a quantidade de ouro seja para mim quanto não
possa portar nem conduzir outro, senão o sensato).
150
Platão, Politeia 505d: τόδε οὐ φανερόν, ὡς δίκαια μὲν καὶ καλὰ πολλοὶ ἂν (5)
ἕλοιντο τὰ δοκοῦντα, κἂν <εἰ> μὴ εἴη ... ἀγαθὰ δὲ οὐδενὶ ἔτι ἀρκεῖ τὰ δοκοῦντα
κτᾶσθαι, ἀλλὰ τὰ ὄντα ζητοῦσιν, τὴν δὲ δόξαν ἐνταῦθα ἤδη πᾶς ἀτιμάζει; (não é claro
que muitos escolheriam as coisas justas e belas por aparência, mesmo que não fossem,
... mas as boas a ninguém basta as adquirir por aparência, mas as buscam por essência,
aí todo homem já despreza a opinião?).
151
Conforme se diz no Fedro e no Simpósio de Platão.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 147
antes mesmo de gerar isso. Depois nem importaria a ele que [isso] não
se gerasse; uma vez que, nem se fosse possível a algum diverso ter
vindo a ser desde ele mesmo, haveria carência para si; agora não é
possível nada vir a ser; pois nada há que não veio a ser, dentre todas as
coisas que vieram a ser. Ele mesmo não era todas as coisas, para que
necessitasse delas, e estando acima de todas as coisas era capaz de criá-
las e deixá-las ser por si mesmas, sendo ele mesmo acima delas.
13. Ἔδει δὲ καὶ τἀγαθὸν αὐτὸν ὄντα καὶ μὴ ἀγαθὸν μὴ ἔχειν ἐν αὐτῶι
μηδέν, ἐπεὶ μηδὲ ἀγαθόν. Ὃ γὰρ ἕξει, ἢ ἀγαθὸν ἔχει ἢ οὐκ ἀγαθόν· ἀλλ᾽
οὔτε ἐν τῶι ἀγαθῶι τῶι κυρίως καὶ πρώτως ἀγαθῶι τὸ μὴ ἀγαθόν, οὔτε
τὸ ἀγαθὸν ἔχει τὸ ἀγαθόν. Εἰ οὖν μήτε τὸ οὐκ ἀγαθὸν μήτε τὸ ἀγαθὸν
ἔχει, οὐδὲν ἔχει· εἰ οὖν οὐδὲν ἔχει, μόνον καὶ ἔρημον τῶν ἄλλων ἐστίν.
Εἰ οὖν τὰ ἄλλα ἢ ἀγαθά ἐστι καὶ οὐ τἀγαθὸν ἢ οὐκ ἀγαθά ἐστιν,
οὐδέτερα δὲ τούτων ἔχει, οὐδὲν ἔχων τῶι μηδὲν ἔχειν ἐστὶ τὸ ἀγαθόν.
Εἰ δ᾽ ἄρα τις ὁτιοῦν αὐτῶι προστίθησιν, ἢ οὐσίαν ἢ νοῦν ἢ καλόν, τῆι
προσθήκηι ἀφαιρεῖται αὐτοῦ τἀγαθὸν εἶναι. Πάντα ἄρα ἀφελὼν καὶ
οὐδὲν περὶ αὐτοῦ εἰπὼν οὐδέ τι ψευσάμενος, ὡς ἔστι παρ᾽ αὐτῶι, εἴασε
τὸ ἔστιν οὐδὲν καταμαρτυρήσας τῶν οὐ παρόντων, οἷον οἱ μὴ
ἐπιστήμηι τοὺς ἐπαίνους ποιούμενοι, οἳ ἐλαττοῦσι τὴν τῶν
ἐπαινουμένων δόξαν προστιθέντες αὐτοῖς ἃ τῆς ἀξίας αὐτῶν ἐστιν
ἐλάττω, ἀποροῦντες ἀληθεῖς εἰπεῖν περὶ τῶν ὑποκειμένων προσώπων
τοὺς λόγους. Καὶ οὖν καὶ ἡμεῖς μηδὲν τῶν ὑστέρων καὶ τῶν ἐλαττόνων
προστιθῶμεν, ἀλλ᾽ ὡς ὑπὲρ ταῦτα ἰὼν ἐκεῖνος τούτων αἴτιος ἦι, ἀλλὰ
μὴ αὐτὸς ταῦτα. Καὶ γὰρ αὖ φύσις ἀγαθοῦ οὐ πάντα εἶναι οὐδ᾽ αὖ ἕν τι
τῶν πάντων· εἴη γὰρ ἂν ὑπὸ ἓν καὶ ταὐτὸν τοῖς ἅπασιν, ὑπὸ δὲ ταὐτὸν
ὂν τοῖς πᾶσι διαφέροι ἂν τῶι ἰδίωι μόνον καὶ διαφορᾶι καὶ προσθήκηι.
Ἔσται τοίνυν δύο, οὐχ ἕν, ὧν τὸ μὲν οὐκ ἀγαθόν, τὸ κοινόν, τὸ δὲ
ἀγαθόν. Μικτὸν ἄρα ἔσται ἐξ ἀγαθοῦ καὶ οὐκ ἀγαθοῦ· οὐκ ἄρα
καθαρῶς ἀγαθὸν οὐδὲ πρώτως, ἀλλ᾽ ἐκεῖνο ἂν εἴη πρώτως, οὗ μετέχον
παρὰ τὸ κοινὸν γεγένηται ἀγαθόν. Μεταλήψει μὲν δὴ αὐτὸ ἀγαθόν· οὗ
δὲ μετέλαβεν, οὐδὲν τῶν πάντων. [Οὐδὲν ἄρα τῶν πάντων τὸ ἀγαθόν.]
SUMÁRIO
P l o t i n o | 148
13. Era preciso o bem, sendo ele mesmo, não ter nenhum bem em si
mesmo, uma vez que nem seria bem. Pois o que ele tiver ou será um
bem ou não bem; mas nem no bem, que é principalmente e
primeiramente bem, há o não bem, nem o bem tem o bem. Então se ele
nem tem o não bem nem o bem, nada tem; se nada tem, é único e isolado
das coisas diversas152. Então se as coisas diversas ou são boas, e não há
o bem, ou não são boas, nenhuma dessas ele tem, e o que nada tem, por
nada ter, é o bem. Portanto se alguém acrescentar qualquer coisa a ele,
ou essência ou inteligência ou algo belo, pelo acréscimo afasta dele ser
o bem. E afastando todas as coisas, tendo dito que nada há acerca dele,
porque não se ilude de que algo é junto dele, resta o “é” que é
testemunha de nada das coisas não presentes, tal que os que fazem
elogios sem conhecimento, que diminuem a opinião dos que são
elogiados, atribuindo-lhes algo de menor valor, por ter dificuldade para
dizer discursos verdadeiros sobre os ditos personagens. Então também
nós nada acrescentemos das coisas posteriores e inferiores, mas como
o que vai acima dessas ele seja causador delas, mas ele mesmo não é
essas coisas. Pois por um lado a natureza do bem não é ser todas as
coisas, nem por outro uma só coisa dentre todas; pois subsistiria um só
152
Platão, Filebo 67b: Τὸ μόνον καὶ ἔρημον εἰλικρινὲς εἶναί τι γένος οὔτε πάνυ τι
δυνατὸν οὔτ’ (c) ὠφέλιμον (ser algum gênero genuinamente único e isolado nem é
absolutamente possível nem útil).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 149
SUMÁRIO
P l o t i n o | 150
Livro VI
Introdução
V 6 (24)
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 151
não sendo possível haver este sem aquela. O que subjaz a tudo não pode
estar com algo nem em algo, pois deve ser por si mesmo, sendo único
para que se veja nas coisas diversas. Tudo que é simples deve ser por si
mesmo, o que vem a ser hipóstase do múltiplo, porque se for com algo
ou em algo não haverá hipóstase, então não poderá existir, e todo
múltiplo também não existirá. Como tudo que vem a ser pressupõe uma
hipóstase, a unidade como conceito é princípio de tudo, pois o múltiplo
em seu conjunto é unidade, bem como cada um desse conjunto. Por isso
o Uno-Bem não precisa de nada, pois por que precisaria? E do quê? O
Bem é como a luz, a Inteligência é como o sol e a Alma é como a lua
que recebe do sol sua luz; a Inteligência recebe a luz pura e simples que
lhe dá potência de ser o que é, e essa luz ilumina a Alma, como se a
colorisse. Assim o pensar não está presente no primeiro princípio,
porque nada é presente nele. Mesmo não sendo presente nele, o ato de
pensar visa o Bem, porque toda atividade visa o Bem, pois quando o
que é diferente dele pensa, pensa porque veio a ser desejável a si
mesmo, como se tivesse uma fantasia do Bem, e mesmo que pense em
si mesmo, é por acidente, porque se vê como uma forma de Bem
(ἀγαθοειδὲς). Isso é o que ele proporciona a tudo que participa dele:
tocá-lo; pois mesmo não havendo a percepção dele, tudo tende a ele, e
ele não pensa nada em si nem fora de si, as coisas diversas. Então estas,
se puderem, terão o maior bem, que é tocá-lo, sem que haja consciência
dele. Ele é primeiro e de modo algum é duplo; é o segundo que pensa,
porque é duplo, pois tem o que pensa; e se torna múltiplo pelo pensar,
e isso com a essência da vida, porque o pensar é ao mesmo tempo ser.
E isso tudo é ao mesmo tempo na Inteligência, que de todo duplo faz
um só pela contemplação do Uno.
ςʹ
1. Τὸ μέν ἐστι νοεῖν ἄλλο ἄλλο, τὸ δὲ αὐτὸ αὐτό, ὃ ἤδη φεύγει μᾶλλον
τὸ δύο εἶναι. Τὸ δὲ πρότερον λεχθὲν βούλεται καὶ αὐτό, ἀλλ᾽ ἧττον
SUMÁRIO
P l o t i n o | 152
δύναται· παρ᾽ αὐτῶι μὲν γὰρ ἔχει ὃ ὁρᾶι, ἕτερόν γε μὴν ὂν ἐκείνου. Τὸ
δὲ οὐ κεχώρισται τῆι οὐσίαι, ἀλλὰ συνὸν αὐτῶι ὁρᾶι ἑαυτό. Ἄμφω οὖν
γίνεται ἓν ὄν. Μᾶλλον οὖν νοεῖ, ὅτι ἔχει, καὶ πρώτως νοεῖ, ὅτι τὸ νοοῦν
δεῖ ἓν καὶ δύο εἶναι. Εἴτε γὰρ μὴ ἕν, ἄλλο τὸ νοοῦν, ἄλλο τὸ νοούμενον
ἔσται – οὐκ ἂν οὖν πρώτως νοοῦν εἴη, ὅτι ἄλλου τὴν νόησιν λαμβάνον
οὐ τὸ πρώτως νοοῦν ἔσται, ὅτι ὃ νοεῖ οὐκ ἔχει ὡς αὑτοῦ, ὥστε οὐδ᾽
αὐτό· ἢ εἰ ἔχει ὡς αὐτό, ἵνα κυρίως νοῆι, τὰ δύο ἓν ἔσται· δεῖ ἄρα ἓν
εἶναι ἄμφω – εἴτε ἓν μέν, μὴ δύο δὲ αὖ ἔσται, ὅ τι νοήσει οὐχ ἕξει· ὥστε
οὐδὲ νοοῦν ἔσται. Ἁπλοῦν ἄρα καὶ οὐχ ἁπλοῦν δεῖ εἶναι. Μᾶλλον δ᾽ ἄν
τις αὐτὸ τοιοῦτον ὂν ἕλοι ἀπὸ τῆς ψυχῆς ἀναβαίνων· ἐνταῦθα γὰρ
διαιρεῖν ῥάιδιον, καὶ ῥᾶιον ἄν τις τὸ διπλοῦν ἴδοι. Εἰ οὖν τις διπλοῦν
φῶς ποιήσειε, τὴν μὲν ψυχὴν κατὰ τὸ ἧττον, τὸ δὲ νοητὸν αὐτῆς κατὰ
τὸ καθαρώτερον, εἶτα ποιήσειε καὶ τὸ ὁρῶν ἴσον εἶναι φῶς τῶι
ὁρωμένωι, οὐκ ἔχων ἔτι χωρίζειν τῆι διαφορᾶι ἓν τὰ δύο θήσεται νοῶν
μέν, ὅτι δύο ἦν, ὁρῶν δὲ ἤδη ἕν· οὕτω νοῦν καὶ νοητὸν αἱρήσει. Ἡμεῖς
μὲν οὖν τῶι λόγωι ἐκ δύο ἓν πεποιήκαμεν, τὸ δ᾽ ἀνάπαλιν ἐξ ἑνός ἐστι
δύο, ὅτι νοεῖ, ποιοῦν αὐτὸ δύο, μᾶλλον δὲ ὄν, ὅτι νοεῖ, δύο, καὶ ὅτι αὐτό,
ἕν.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 153
V, 6 (24)
SOBRE O QUE É ALÉM DO QUE É NÃO PENSAR E O
QUE É O QUE PENSA PRIMEIRO E SEGUNDO
153
Referência à polêmica com Aristóteles, Metafísica XII 9, 1074b 34: αὑτὸν ἄρα
νοεῖ, εἴπερ ἐστὶ τὸ κράτιστον, καὶ ἔστιν ἡ νόησις νοήσεως νόησις (portanto, [o
primeiro princípio] pensa a si mesmo, se é o melhor, e o ato de pensar é ato de pensar
do pensar).
154
O pensamento primeiro busca identidade, mas ao pensar algo diverso vem a ser
dual e múltiplo.
155
Enéada V 3 6.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 154
que é duplo156. Então se alguém criasse dupla luz, para a alma segundo
a menor [luz], e para o inteligível da alma segundo a [luz] que é mais
pura157, depois criasse também a luz que vê para ser igual à que é vista,
não tendo mais como separar pela diferença, pôr-se-á que as duas serão
uma só [luz], pensando que eram duas, e vendo já uma só. Assim
captará o que pensa e [o que é] inteligível158. Então nós pelo raciocínio
criamos de dois um só, e isso é ao contrário: de um só há dois, porque
pensa, o mesmo criando dois, ou melhor, sendo dois, porque pensa,
sendo um só, porque [pensa] a si mesmo.
156
Sujeito e objeto da visão.
157
Enéada VI 7 37.
158
Passando da dualidade à unidade.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 155
πολλὰ ἤδη καὶ πάντα ὅσα νοήσει· καὶ γάρ, εἰ μόνον ἑαυτόν, πολλὰ
ἔσται.
159
O que pensa primeiro é a Inteligência, o que pensa de modo diverso é a Alma, o
que é além do que pensa primeiro é o Uno.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 156
ὧι, ἢ ὅλως ἑνὸς καὶ τούτου πρώτου τῶν ἄλλων ἀριθμουμένου, ὃ αὐτὸ
ἐφ᾽ ἑαυτοῦ δεῖ λαβεῖν μόνον. Εἰ δὲ ὁμοῦ εἴη μετὰ τῶν ἄλλων, δεῖ τοῦτο
συλλαβόντα αὐτὸ μετὰ τῶν ἄλλων, ὅμως δὲ ἕτερον τῶν ἄλλων ὄν, ἐᾶν
ὡς μετ᾽ ἄλλων, ζητεῖν δὲ τοῦτο τὸ ὑποκείμενον τοῖς ἄλλοις μηκέτι μετὰ
τῶν ἄλλων, ἀλλὰ αὐτὸ καθ᾽ ἑαυτό. Τὸ γὰρ ἐν τοῖς ἄλλοις αὐτὸ ὅμοιον
μὲν ἂν εἴη τούτωι, οὐκ ἂν δὲ εἴη τοῦτο. Ἀλλὰ δεῖ αὐτὸ μόνον εἶναι, εἰ
μέλλοι καὶ ἐν ἄλλοις ὁρᾶσθαι· εἰ μή τις αὐτοῦ λέγοι τὸ εἶναι σὺν τοῖς
ἄλλοις τὴν ὑπόστασιν ἔχειν· οὐκ ἄρα ἁπλοῦν αὐτὸ ἔσται, οὐδὲ τὸ
συγκείμενον ἐκ πολλῶν ἔσται· τό τε γὰρ οὐ δυνάμενον ἁπλοῦν εἶναι
ὑπόστασιν οὐχ ἕξει, τό τε συγκείμενον ἐκ πολλῶν ἁπλοῦ οὐκ ὄντος
οὐδ᾽ αὐτὸ ἔσται. Ἑκάστου γὰρ ἁπλοῦ οὐ δυναμένου εἶναι οὐδ᾽
ὑφεστηκότος τινὸς ἑνὸς ἁπλοῦ ὑφ᾽ ἑαυτοῦ τὸ συγκείμενον ἐκ πολλῶν,
οὐδενὸς αὐτῶν ὑπόστασιν ἔχειν καθ᾽ ἑαυτὸ [οὐ] δυναμένου οὐδὲ
παρέχειν αὐτὸ μετ᾽ ἄλλου εἶναι τῶι ὅλως μὴ εἶναι, πῶς ἂν τὸ ἐκ πάντων
εἴη σύνθετον ἐκ μὴ ὄντων γεγενημένον, οὐ τὶ μὴ ὄντων, ἀλλ᾽ ὅλως μὴ
ὄντων; Εἰ ἄρα πολλά τί ἐστι, δεῖ πρὸ τῶν πολλῶν ἓν εἶναι. Εἰ οὖν τῶι
νοοῦντι πλῆθος, δεῖ ἐν τῶι [μὴ] πλήθει τὸ νοεῖν μὴ εἶναι. Ἦν δὲ τοῦτο
τὸ πρῶτον. Ἐν τοῖς ὑστέροις ἄρα αὐτοῦ τὸ νοεῖν καὶ νοῦς ἔσται.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 157
pode ser simples não terá hipóstase, e o que subjaz desde muitas coisas
não sendo simples, não haverá isso mesmo. Pois cada simples não sendo
capaz de ser, não subsistindo alguma unidade simples por si mesma, o
que subjaz de muitas coisas, por não ter nenhuma hipóstase por si
mesma delas, não sendo capaz de apresentar-se sendo com algo diverso
nem de modo geral ser, como seria composto do múltiplo o que veio a
ser do que não é, não algo do que não é, mas do que em geral não é?
Portanto, se algo é plural, é preciso haver unidade antes do plural. Então
se múltiplo é para o que pensa, é preciso não haver o pensar no que não
é múltiplo. E isso era o primeiro. Portanto nas coisas posteriores a ele
haverá o pensar e inteligência.
4. Ἔτι εἰ τὸ ἀγαθὸν ἁπλοῦν καὶ ἀνενδεὲς δεῖ εἶναι, οὐδ᾽ ἂν τοῦ νοεῖν
δέοιτο· οὗ δὲ μὴ δεῖ αὐτῶι, οὐ παρέσται αὐτῶι, ἐπεὶ καὶ ὅλως οὐδὲν
πάρεστιν αὐτῶι· οὐκ ἄρα πάρεστιν αὐτῶι τὸ νοεῖν. Καὶ νοεῖ οὐδέν, ὅτι
μηδὲ ἄλλο. Ἔτι ἄλλο νοῦς τοῦ ἀγαθοῦ· ἀγαθοειδὴς γὰρ τῶι τὸ ἀγαθὸν
νοεῖν. Ἔτι ὡς ἐν τοῖς δυσὶν ὄντος ἑνὸς καὶ ἄλλου οὐχ οἷόν τε τοῦτο τὸ
ἓν τὸ μετ᾽ ἄλλου τὸ ἓν εἶναι, ἀλλ᾽ ἔδει ἓν ἐφ᾽ ἑαυτοῦ πρὸ τοῦ μετ᾽ ἄλλου
εἶναι, οὕτω δεῖ καὶ ἐν ὧι μετ᾽ ἄλλου τὸ ἐνυπάρχον ἁπλοῦν, καθ᾽ αὑτὸ
τοῦτο ἁπλοῦν εἶναι, οὐκ ἔχον οὐδὲν ἐν ἑαυτῶι τῶν ὅσα ἐν τῶι μετ᾽
ἄλλων. Πόθεν γὰρ ἐν ἄλλωι ἄλλο, μὴ πρότερον χωρὶς ὄντος ἀφ᾽ οὗ τὸ
ἄλλο; Τὸ μὲν γὰρ ἁπλοῦν οὐκ ἂν παρ᾽ ἄλλου εἴη, ὃ δ᾽ ἂν πολὺ ἦι ἢ δύο,
δεῖ αὐτὸ ἀνηρτῆσθαι εἰς ἄλλο. Καὶ οὖν ἀπεικαστέον τὸ μὲν φωτί, τὸ δὲ
ἐφεξῆς ἡλίωι, τὸ δὲ τρίτον τῶι σελήνης ἄστρωι κομιζομένωι τὸ φῶς
παρ᾽ ἡλίου. Ψυχὴ μὲν γὰρ ἐπακτὸν νοῦν ἔχει ἐπιχρωννύντα αὐτὴν
νοερὰν οὖσαν, νοῦς δ᾽ ἐν αὐτῶι οἰκεῖον ἔχει οὐ φῶς ὢν μόνον, ἀλλ᾽ ὅ
ἐστι πεφωτισμένον ἐν τῆι αὐτοῦ οὐσίαι, τὸ δὲ παρέχον τούτωι τὸ φῶς
οὐκ ἄλλο ὂν φῶς ἐστιν ἁπλοῦν παρέχον τὴν δύναμιν ἐκείνωι τοῦ εἶναι
ὅ ἐστι. Τί ἂν οὖν αὐτὸ δέοιτό τινος; Οὐ γὰρ αὐτὸ τὸ αὐτὸ τῶι ἐν ἄλλωι·
ἄλλο γὰρ τὸ ἐν ἄλλωι ἐστὶ τοῦ αὐτὸ καθ᾽ αὑτὸ ὄντος.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 158
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 159
τὸ ἀγαθόν. Ἐπεὶ καὶ ὅταν τὸ ἕτερον παρὰ τὸ ἀγαθὸν αὐτὸ νοῆι, τῶι
ἀγαθοειδὲς εἶναι νοεῖ καὶ ὁμοίωμα ἔχειν πρὸς τὸ ἀγαθὸν καὶ ὡς ἀγαθὸν
καὶ ἐφετὸν αὐτῶι γενόμενον νοεῖ καὶ οἷον φαντασίαν τοῦ ἀγαθοῦ
λαμβάνον. Εἰ δ᾽ ἀεὶ οὕτως, ἀεὶ τοῦτο. Καὶ γὰρ αὖ ἐν τῆι νοήσει αὐτοῦ
κατὰ συμβεβηκὸς αὐτὸ νοεῖ· πρὸς γὰρ τὸ ἀγαθὸν βλέπων αὐτὸν νοεῖ.
Ἐνεργοῦντα γὰρ αὖ ἑαυτὸν νοεῖ· ἡ δ᾽ ἐνέργεια ἁπάντων πρὸς τὸ
ἀγαθόν.
160
Platão, Politeia 509a: ὥσπερ ἐκεῖ φῶς τε καὶ ὄψιν ἡλιοειδῆ μὲν νομίζειν ὀρθόν,
ἥλιον δ’ ἡγεῖσθαι οὐκ ὀρθῶς ἔχει, οὕτω καὶ ἐνταῦθα ἀγαθοειδῆ μὲν νομίζειν ταῦτ’
ἀμφότερα [ἐπιστήμην καὶ ἀλήθειαν] ὀρθόν, ἀγαθὸν δὲ ἡγεῖσθαι ὁπότερον αὐτῶν οὐκ
ὀρθόν (como aqui é correto considerar a luz e a visão formas do sol, mas não é correto
considerá-las sol, assim também ali é correto considerar essas ambas [ciência e
verdade] formas do bem, mas considerar o bem qualquer uma delas não é correto).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 160
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 161
161
Não se pode dizer que o ato age.
162
Platão, Politeia 508c: Τοῦτον τοίνυν, ἦν δ’ ἐγώ, φάναι με λέγειν τὸν τοῦ ἀγαθοῦ
ἔκγονον, ὃν τἀγαθὸν ἐγέννησεν ἀνάλογον ἑαυτῷ, ὅτιπερ αὐτὸ (c) ἐν τῷ νοητῷ τόπῳ
πρός τε νοῦν καὶ τὰ νοούμενα, τοῦτο τοῦτον ἐν τῷ ὁρατῷ πρός τε ὄψιν καὶ τὰ ὁρώμενα
(Portanto, dizia eu, falar isso é dizer que esse mesmo que nasceu do bem, que o bem
gerou análogo a si mesmo, no lugar inteligível é para a inteligência e para as coisas
pensadas, esse mesmo no lugar visível é para a visão e para as coisas vistas).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 162
163
Parmênides, Diels-Kranz 28 B 3: Enéada V 1 8 (17): τὸ γὰρ αὐτὸ νοεῖν ἐστί τε καὶ
εἶναι (pensar e ser é o mesmo) e B 8 v. 34-36: ταὐτὸν δ’ ἐστὶ νοεῖν τε καὶ οὕνεκεν ἔστι
νόημα./ οὐ γὰρ ἄνευ τοῦ ἐόντος, ἐν ὧι πεφατισμένον ἐστιν,/ εὑρήσεις τὸ νοεῖν (o
mesmo é o pensar, por causa do qual há pensamento./ pois sem o que é, em que está
declarado, não encontrarás o pensar).
164
Enéada V 4 2.
165
Platão, Politeia 509b: οὐκ οὐσίας ὄντος τοῦ ἀγαθοῦ, ἀλλ’ ἔτι ἐπέκεινα τῆς οὐσίας
πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει
ὑπερέχοντος (mesmo o bem não sendo essência, mas se eleva ainda além da essência
em dignidade e potência).
166
Enéada VI 9 6; VI 7 30.
167
Enéada V 1 11; VI 9 4.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 163
Livro VII
Introdução
V 7 (18)
SUMÁRIO
P l o t i n o | 164
ζʹ
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 165
SUMÁRIO
P l o t i n o | 166
V, 7 (18)
Sobre se as ideias também são das
características em cada circunstância
168
Albinus vel Alcinous, Epitome doctrinae Platonicae sive Διδασκαλικός IX 2: Οὔτε
γὰρ τοῖς πλείστοις τῶν ἀπὸ Πλάτωνος ἀρέσκει τῶν τεχνικῶν εἶναι ἰδέας, οἷον ἀσπίδος
ἢ λύρας, οὔτε μὴν τῶν παρὰ φύσιν, οἷον πυρετοῦ καὶ χολέρας, οὔτε τῶν κατὰ μέρος,
οἷον Σωκράτους καὶ Πλάτωνος, ἀλλ’ οὐδὲ τῶν εὐτελῶν τινός, (5) οἷον ῥύπου καὶ
κάρφους, οὔτε τῶν πρός τι, οἷον μείζονος καὶ ὑπερέχοντος (Para a maioria dos que
seguem Platão, não satisfaz haver ideias dentre as artes, tal que um escudo ou uma
lira, nem dentre as coisas contra natureza, tal que febre e cólera, nem das que são
segundo parte, tal que Sócrates e Platão, nem mesmo das mesquinharias de algo, tal
que sujeira ou palha, nem das que são relativas, tal que ‘maior’ e ‘que ultrapassa’).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 167
mesmas coisas se dão169. Se em geral as coisas que vêm a ser são mais
numerosas do que o paradigma, por que é preciso haver razões e
paradigmas de todas as coisas que vêm a ser em um só período? Pois
[era preciso] bastar um só homem para todos os homens, como também
almas delimitadas que criam infinitos homens. Certamente dentre as
diferenças não é possível haver a mesma razão, nem basta um homem
perante o paradigma de alguns homens que diferem uns dos outros não
só em matéria, mas também nas específicas diferenças inumeráveis;
pois não é como as imagens de Sócrates perante o arquétipo, mas é
preciso que a criação diferente seja desde razões diferentes. Certamente
todo período tem todas as razões, e por sua vez as mesmas coisas são
novamente segundo as mesmas razões. E em relação à infinitude no
inteligível não é preciso temer; pois toda ela é sem parte170, e é tal como
se projeta, quando em atividade.
169
Referência ao conceito estoico do ‘eterno retorno’.
170
A alma, que é sem parte, contém a infinidade de razões formais. Aristóteles, De
Anima 429a 10: Καὶ εὖ δὴ οἱ λέγοντες τὴν ψυχὴν εἶναι τόπον εἰδῶν (e dizem bem: a
alma é lugar das formas). Stoicorum Vetera Fragmenta II 395, Simplicius, In
Aristotelis libros de anima commentaria, 217, 34: ὑποβᾶσα οὖν εἰς τὸ ὁριζόμενόν τε
καὶ εἰδοποιούμενον μετέχει καὶ οὐσιωδῶς ἐξῆπται ὅρου καὶ εἴδους, καὶ ἰδίου ἑκάστη,
(35) εἴ γε καὶ ἐπὶ τῶν συνθέτων τὸ ἀτομωθὲν ὑπάρχει εἶδος, καθ’ ὃ ἰδίως παρὰ τοῖς ἐκ
τῆς Στοᾶς λέγεται ποιόν, ὃ καὶ ἀθρόως ἐπιγίνεται καὶ αὖ ἀπογίνεται (218) καὶ τὸ αὐτὸ
ἐν παντὶ τῷ τοῦ συνθέτου βίῳ διαμένει, καίτοι τῶν μορίων ἄλλων ἄλλοτε γινομένων
τε καὶ φθειρομένων (então cada [alma], tendo avançado ao que é limitado e que cria
forma participa do que é próprio e está ligada essencialmente a limite e a forma, (35)
se forma tem início nos compostos, porque foi separada, o que propriamente é dito
pelos estoicos certa qualidade, que de modo cerrado vem a ser e por sua vez não vem
a ser, (218) a mesma qualidade permanece em toda vida do composto, mesmo que as
partes diversas venham a ser e se destruam de modo diverso).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 168
αὐτοῦ ἢ πατρὸς αὐτοῦ. Ἢ οὐδὲν κωλύει καὶ κατὰ διαφόρους τῶι τοὺς
πάντας ἔχειν αὐτούς, ἄλλους δὲ ἀεὶ προχείρους. Ὅταν δὲ ἐκ τῶν αὐτῶν
γονέων διάφοροι; Ἢ διὰ τὴν οὐκ ἴσην ἐπικράτησιν. Ἀλλ᾽ ἐκεῖνο, ὅτι
οὐκ – εἰ ἐν τῶι φαίνεσθαι – ὁτὲ μὲν κατὰ τὸ ἄρρεν τὸ πλεῖστον, ὁτὲ δὲ
κατὰ τὸ θῆλυ, ἢ κατὰ τὸ ἴσον μέρος ἔδωκεν ἑκάτερος, ἀλλ᾽ ὅλον μὲν
ἔδωκε καὶ ἔγκειται, κρατεῖ δὲ τῆς ὕλης μέρος ἑκατέρου ἢ θάτερον. Οἱ
δὲ ἐν ἄλληι χώραι πῶς διάφοροι; Ἆρ᾽ οὖν ἡ ὕλη τὸ διάφορον οὐχ
ὁμοίως κρατουμένη; Πάντες ἄρα χωρὶς ἑνὸς παρὰ φύσιν. Εἰ δὲ τὸ
διάφορον πολλαχοῦ καλόν, οὐχ ἓν τὸ εἶδος. Ἀλλὰ τῶι αἴσχει μόνωι
ἀποδοτέον τὸ παρὰ τὴν ὕλην κἀκεῖ τῶν τελείων λόγων κεκρυμμένων
μέν, δοθέντων δὲ ὅλων. Ἀλλ᾽ ἔστωσαν διάφοροι οἱ λόγοι· τί δεῖ
τοσούτους, ὅσοι οἱ γινόμενοι ἐν μιᾶι περιόδωι, εἴπερ ἔνι τῶν αὐτῶν
διδομένων διαφόρους ἔξωθεν φαίνεσθαι; Ἢ συγκεχώρηται τῶν ὅλων
διδομένων, ζητεῖται δέ, εἰ τῶν αὐτῶν κρατούντων. Ἆρ᾽ οὖν, ὅτι τὸ
ταὐτὸν πάντη ἐν τῆι ἑτέραι περιόδωι, ἐν ταύτηι δὲ οὐδὲν πάντη ταὐτόν;
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 169
SUMÁRIO
P l o t i n o | 170
171
Na alma universal.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 171
Livro VIII
Introdução
V 8 (31)
SUMÁRIO
P l o t i n o | 172
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 173
SUMÁRIO
P l o t i n o | 174
vieram a ser pelo bem, que não é essência, mas está muito além da
essência em dignidade e potência. Se a sabedoria precede toda criação,
é justo pensar que o artífice segue a sabedoria natural, que por sua vez
tem origem no mundo inteligível e não é composta, é simples e se
resolve do uno ao múltiplo. Na natureza há a sabedoria de criar que é
de origem divina, porque ela é criação da inteligência, que das formas
de essências e ideias passam à razão que as modela na matéria, de modo
que aqui no mundo sensível a sabedoria é inteligência; por esse trajeto
a verdadeira sabedoria é essência verdadeira. Então, os deuses que
habitam aquele céu não veem os méritos referentes a este mundo, pois
sua essência se compara aos belos objetos de culto que contemplam em
seu estado de bem-aventurança a Inteligência e o Bem. Quando se
representa o belo, seja por símbolos ou grafado pintado ou por escrito,
sua sabedoria é admirada, de modo que essa representação significa sua
existência desde sempre, independentemente de ter sido representada,
porque sua representação nos faz lembrar do que sempre é, não pela
visão ou visagem daquilo que é objeto de culto, mas pela inteligência lá
contida, porque esses objetos sagrados representam um princípio que é
ao mesmo tempo fim, porque é sempre o mesmo, todo e contínuo ao
mesmo tempo. o próprio universo em sua unidade extensa é
representação dessa inteligência, de modo que se alguém pensasse que
sua criação fora de cálculo e projeto de pensamento estaria enganado,
pois tal criação é assim como é porque de nada depende, diferente dos
objetos de culto elaborados por artífices, com cálculo e projeto, que
apresentam uma imagem pálida como uma visagem (εἴδωλον) que
representa toda a sabedoria do criador em sua inteireza. O universo é
perfeito porque representa uma imagem mais nítida dessa força
criadora, pois sua alma natural está ligada a essa potência em um limite
que não tem parte, ou seja, não há espaço entre elas, de modo que a
alma do universo contempla diretamente seu demiurgo, sua hipóstase.
A criação está ligada ao belo porque as formas são perfeitas e,
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 175
SUMÁRIO
P l o t i n o | 176
para que possamos invocar o deus criador, que vem portando tudo e
todos em maravilhosa procissão, todos em conjunto no Uno, sendo
múltiplos por diversas potências, sem dimensão de tempo ou espaço,
porque não há matéria. Toda essa potência vai ao infinito sem se
fragmentar, porque é infinita. Nosso mundo seria tão grande se não
fosse pela potência corporificada, que tem figura, espaço e massa, assim
tudo aqui que parece imenso seria muitíssimo maior se fosse essência
sem matéria, pois tudo isso tem a aparência do ser que nos revela uma
visagem do belo; por isso essência e belo estão no fundamento da
inteligência como uma só coisa. Dessa mesma forma deve-se aprender
a contemplar, isto é, contemplar em si mesmo o que parece ser externo,
que assim passa a ser interior, como quem contempla deus em si
mesmo: objeto contemplado e contemplante em si mesmo. Alguém que
conseguir essa contemplação deve ter ‘visão’ aguçadíssima e por isso é
dito louco e delirante, mas na verdade ele está em posse de um deus.
Isso é a contemplação do belo que se mostra no mundo inteligível, e os
agentes dessa ‘visão’ têm neles mesmos aquilo que é contemplado,
como Zeus e seu séquito na procissão divina. Assim quem contempla
em si mesmo essa beleza vê a fonte natural da justiça ou da sensatez,
cuja imitação temos neste mundo como visagem daquela original e
verdadeira. Todos os deuses nesse desfile têm essa capacidade, sendo
cada um e todos em conjunto, e mesmo as almas, mas só aquelas que
alcançaram por seu mérito esse privilégio de contemplar com Zeus a
maravilha do mundo inteligível, cuja beleza irradia e enche tudo que
veio a ser, pois contemplar essa beleza é embriagar-se do néctar da
verdade. Mas para ver algo assim não é preciso visão sensível, ou seja,
olhos do corpo, pois a sensação não alcançaria algo tão sublime, pois
primeiro seria preciso ver a si mesma fora do corpo, o que não é possível
para a sensação; então é preciso projetar esse espetáculo para fora e ver
a si mesmo como exemplo de beleza, em seguida deve-se descartar a
imagem, porque a imagem não é essência, e sentir a presença daquele
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 177
SUMÁRIO
P l o t i n o | 178
ηʹ
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 179
Καὶ γὰρ ὅσωι ἰὸν εἰς τὴν ὕλην ἐκτέταται, τόσωι ἀσθενέστερον τοῦ ἐν
ἑνὶ μένοντος. Ἀφίσταται γὰρ ἑαυτοῦ πᾶν διιστάμενον, εἰ ἰσχύς, ἐν ἰσχύι,
εἰ θερμότης, ἐν θερμότητι, εἰ ὅλως δύναμις, ἐν δυνάμει, εἰ κάλλος, ἐν
κάλλει. Καὶ τὸ πρῶτον ποιοῦν πᾶν καθ᾽ αὑτὸ κρεῖττον εἶναι δεῖ τοῦ
ποιουμένου· οὐ γὰρ ἡ ἀμουσία μουσικόν, ἀλλ᾽ ἡ μουσική, καὶ τὴν ἐν
αἰσθητῶι ἡ πρὸ τούτου. Εἰ δέ τις τὰς τέχνας ἀτιμάζει, ὅτι μιμούμεναι
τὴν φύσιν ποιοῦσι, πρῶτον μὲν φατέον καὶ τὰς φύσεις μιμεῖσθαι ἄλλα.
Ἔπειτα δεῖ εἰδέναι, ὡς οὐχ ἁπλῶς τὸ ὁρώμενον μιμοῦνται, ἀλλ᾽
ἀνατρέχουσιν ἐπὶ τοὺς λόγους, ἐξ ὧν ἡ φύσις. Εἶτα καὶ ὅτι πολλὰ παρ᾽
αὑτῶν ποιοῦσι καὶ προστιθέασι δέ, ὅτωι τι ἐλλείπει, ὡς ἔχουσαι τὸ
κάλλος. Ἐπεὶ καὶ ὁ Φειδίας τὸν Δία πρὸς οὐδὲν αἰσθητὸν ποιήσας, ἀλλὰ
λαβὼν οἷος ἂν γένοιτο, εἰ ἡμῖν ὁ Ζεὺς δι᾽ ὀμμάτων ἐθέλοι φανῆναι.
V, 8 (31)
DA BELEZA INTELIGÍVEL
172
Enéada III 8 11.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 180
Graça ou uma Musa, não de uma certa pessoa, mas [de uma] que a arte
criou desde todas as partes belas, o bloco que veio a ser [reduzido] pela
arte a beleza de forma pareceria belo, não por ser pedra – pois o outro
seria também semelhantemente belo – mas da parte da forma, que a arte
deixou vir. De fato, a matéria não tinha essa forma, mas [essa forma]
era no que pensava antes de vir à pedra; ela era no artesão não enquanto
ele tinha olhos ou mãos, mas porque ele participava da arte. Portanto
era na arte essa beleza muito melhor; pois aquela [beleza] que é na arte
não veio à pedra, ela permanece [na arte], mas veio outra a partir
daquela, uma de menor valor do que aquela; e nem essa [beleza]
permaneceu pura em si mesma, nem tal como queria, mas quanto a
pedra cede à arte173. E se a arte cria tal que o que é e tem – e cria [algo]
belo segundo razão do que cria – [ela] é bela de modo superior e mais
verdadeiro por ter a beleza que é da arte, e portanto é superior e melhor
do que quanto é no exterior. Pois [essa beleza] indo à matéria está tão
estendida quanto mais fraca do que a que permanece no uno. Pois tudo
que se estende se distancia de si mesmo, se é força, [se distancia de si
mesmo] em força, se é calor, em calor, se é potência em geral, em
potência, se é beleza, em beleza. E o primeiro que cria tudo segundo si
mesmo é preciso ser melhor do que o que é criado; pois a falta de
musicalidade não [cria] músico, mas a música, e a que é antes disso
[cria] a que é no sensível. E se alguém despreza as artes porque criam
ao imitar a natureza174, primeiro deve-se dizer que também as naturezas
173
Sêneca, Quaestiones Naturales I (praefatio 16): ... et a magno artifice praue
formentur multa, non quia cessat ars, sed quia id in quo exercetur, saepe inobsequens
arti est (... e de grande artífice formem-se muitas coisas defeituosas, não porque cessa
a arte, mas porque aquilo em que se exerce frequentemente não é obediente à arte).
174
O demiurgo cria a natureza ao olhar para o paradigma inteligível, a natureza cria
imitando o demirugo, mas o homem cria ao olhar para uma visagem (εἴδωλον) que é
apenas uma aparição que lembra o paradigma, por isso se diz que está a três pontos
distante da realidade, conforme se diz em Platão, Politeia 595a – 608b.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 181
SUMÁRIO
P l o t i n o | 182
2. Mas por nós sejam deixadas as artes; e aqueles viventes que vêm a
ser e são ditos belos por natureza, cujas obras [as artes] imitam,
contemplemos, todos viventes racionais e irracionais e sobretudo
quantos deles estão bem dispostos, porque aquele que os formou e criou
dominou a matéria apresentando a forma que queria. Então o que é o
belo nesses viventes? Pois na verdade não é o sangue e as
menstruações175; mas é a cor diversa deles e a configuração, ou nada
seria ou algo deforme ou como o que envolve algo simples, tal que a
matéria. De onde resplende a beleza de Helena, que é objeto de disputa,
ou das mulheres, quantas são semelhantes à beleza de Afrodite? Uma
vez que mesmo a de Afrodite mesma de onde é, ou se algum homem de
modo geral é belo ou um deus dos que possam vir à visão ou mesmo
não vindo, que têm em si mesmos beleza que é vista? Por acaso não é
essa forma em toda parte, que chega ao que veio a ser desde o que cria,
175
Ou seja, o belo não deriva da matéria corporal de macho ou de fêmea.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 183
como nas artes era dito que vem às coisas artesanais da parte das artes?
Que é, então? São belos os produtos da criação e a razão sobre a matéria,
e a razão que não é em matéria, mas no que cria não é beleza176, [mesmo
sendo] essa primeira e imaterial [tendendo ao uno]? Mas se a massa,
enquanto massa, fosse bela, era necessário a razão que cria não ser bela,
porque não era massa; e se esta, quer em pequeno quer em grande seja
a mesma forma, semelhantemente comove e dispõe a alma que é do que
vê pela capacidade de si mesmo, deve-se conceder que a beleza não é
pela grandeza da massa. E a prova é esta: que, enquanto [a forma] é
exterior [à alma], nós ainda não vemos [a beleza], e quando venha a ser
interior, [a alma] tem [a forma] à disposição. E [a beleza] se insinua
pelos olhos sendo apenas forma177; ou como [insinuar-se-ia] por [algo
tão] pequeno? E junto é arrastada também a grandeza, que não vem a
ser grande em massa, mas pela forma. De consequência é preciso o que
cria ser ou feio ou indiferente ou belo. Então, sendo feio [ele] não criaria
o contrário, e sendo indiferente, por que [faria] antes o belo que o feio?
Mas também a natureza, que criou as coisas assim belas, é de muito
anteriormente bela, e nós, habituados a ver nada do que é interior, por
não saber perseguimos o exterior, ignorando que o interior nos comove;
como se alguém olhando a própria visagem ignorando de onde ela vem
a perseguisse178. É claro que o que é perseguido é algo diverso e que a
beleza não é em grandeza, tanto a beleza nos ensinamentos quanto
176
A razão seminal no inteligível é bela porque representa a própria beleza da forma
(εἶδος), mas a que é no criador, ou artífice, não é bela em si, pois necessita da matéria
para vir a ser.
177
Aristóteles, Da alma II 12, 424a 17: Καθόλου δὲ περὶ πάσης αἰσθήσεως δεῖ λαβεῖν
ὅτι ἡ μὲν αἴσθησίς ἐστι τὸ δεκτικὸν τῶν αἰσθητῶν εἰδῶν ἄνευ τῆς ὕλης ... (De modo
geral, sobre toda sensação é preciso admitir que a sensação é o receptivo das formas
sensíveis sem a matéria ...).
178
Referência ao mito de Narciso. Enéada I 6, 8.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 184
aquela nos usos habituais e em geral aquela nas almas179; ou seja, beleza
do que é em verdade, quando vejas em alguém sensatez e te admires,
não dirigindo olhar para o aspecto – pois esse poderia ser feio – mas
tendo deixado toda figura persigas a sua beleza interior. E se ainda não
te comove, de modo a dizer que esse tal é belo, nem a ti mesmo te
alegrarás assim com o belo, ao olhares em teu interior. De modo que
assim estando buscarias em vão aquela [beleza]; pois buscarás com o
feio e não puro; por isso não são para todos os discursos sobre tais
coisas; e se tu também vês a ti mesmo belo, relembra.
3. Ἔστιν οὖν καὶ ἐν τῆι φύσει λόγος κάλλους ἀρχέτυπος τοῦ ἐν σώματι,
τοῦ δ᾽ ἐν τῆι φύσει ὁ ἐν τῆι ψυχῆι καλλίων, παρ᾽ οὗ καὶ ὁ ἐν τῆι φύσει.
Ἐναργέστατός γε μὴν ὁ ἐν σπουδαίαι ψυχῆι καὶ ἤδη προιὼν κάλλει·
κοσμήσας γὰρ τὴν ψυχὴν καὶ φῶς παρασχὼν ἀπὸ φωτὸς μείζονος
πρώτως κάλλους ὄντος συλλογίζεσθαι ποιεῖ αὐτὸς ἐν ψυχῆι ὤν, οἷός
ἐστιν ὁ πρὸ αὐτοῦ ὁ οὐκέτι ἐγγιγνόμενος οὐδ᾽ ἐν ἄλλωι, ἀλλ᾽ ἐν αὐτῶι.
Διὸ οὐδὲ λόγος ἐστίν, ἀλλὰ ποιητὴς τοῦ πρώτου λόγου κάλλους ἐν ὕληι
ψυχικῆι ὄντος· νοῦς δὲ οὗτος, ὁ ἀεὶ νοῦς καὶ οὐ ποτὲ νοῦς, ὅτι μὴ
ἐπακτὸς αὐτῶι. Τίνα ἂν οὖν εἰκόνα τις αὐτοῦ λάβοι; Πᾶσα γὰρ ἔσται ἐκ
χείρονος. Ἀλλὰ γὰρ δεῖ τὴν εἰκόνα ἐκ νοῦ γενέσθαι, ὥστε μὴ δι᾽
εἰκόνος, ἀλλ᾽ οἷον χρυσοῦ παντὸς χρυσόν τινα δεῖγμα λαβεῖν, καὶ εἰ μὴ
καθαρὸς εἴη ὁ ληφθείς, καθαίρειν αὐτὸν ἢ ἔργωι ἢ λόγωι δεικνύντας,
179
Platão, Simpósio 210b-c: μετὰ δὲ ταῦτα τὸ ἐν ταῖς ψυχαῖς κάλλος τιμιώτερον
ἡγήσασθαι τοῦ ἐν τῷ σώματι ... (depois disso, é considerar a beleza nas almas mais
valiosa do que a no corpo ...); 211c: ἀπὸ ἑνὸς ἐπὶ δύο καὶ ἀπὸ δυοῖν ἐπὶ πάντα τὰ καλὰ
σώματα, καὶ ἀπὸ τῶν καλῶν σωμάτων ἐπὶ τὰ καλὰ ἐπιτηδεύματα, καὶ ἀπὸ τῶν
ἐπιτηδευ- (5) μάτων ἐπὶ τὰ καλὰ μαθήματα, καὶ ἀπὸ τῶν μαθημάτων ἐπ’ ἐκεῖνο τὸ
μάθημα τελευτῆσαι, ὅ ἐστιν οὐκ ἄλλου ἢ αὐτοῦ ἐκείνου τοῦ καλοῦ μάθημα, καὶ γνῷ
αὐτὸ τελευτῶν ὃ ἔστι (d) καλόν (de um a dois, de dois a todos os belos corpos, dos
belos corpos aos belos usos habituais, dos usos habituais aos belos ensinamentos, dos
ensinamentos àquele ensinamento, para terminar, que não é ensinamento de outra
coisa senão daquele próprio belo, e terminando reconheça o que é belo).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 185
ὡς οὐ πᾶν τοῦτό ἐστι χρυσός, ἀλλὰ τουτὶ τὸ ἐν τῶι ὄγκωι μόνον· οὕτω
καὶ ἐνταῦθα ἀπὸ νοῦ τοῦ ἐν ἡμῖν κεκαθαρμένου, εἰ δὲ βούλει, ἀπὸ τῶν
θεῶν, οἷός ἐστιν ὁ ἐν αὐτοῖς νοῦς. Σεμνοὶ μὲν γὰρ πάντες θεοὶ καὶ καλοὶ
καὶ τὸ κάλλος αὐτῶν ἀμήχανον· ἀλλὰ τί ἐστι δι᾽ ὃ τοιοῦτοί εἰσιν; Ἢ
νοῦς, καὶ ὅτι μᾶλλον νοῦς ἐνεργῶν ἐν αὐτοῖς, ὥστε ὁρᾶσθαι. Οὐ γὰρ
δή, ὅτι αὐτῶν καλὰ τὰ σώματα. Καὶ γὰρ οἷς ἔστι σώματα, οὐ τοῦτό
ἐστιν αὐτοῖς τὸ εἶναι θεοῖς, ἀλλὰ κατὰ τὸν νοῦν καὶ οὗτοι θεοί. Καλοὶ
δὴ ἧι θεοί. Οὐ γὰρ δὴ ποτὲ μὲν φρονοῦσι, ποτὲ δὲ ἀφραίνουσιν, ἀλλ᾽
ἀεὶ φρονοῦσιν ἐν ἀπαθεῖ τῶι νῶι καὶ στασίμωι καὶ καθαρῶι καὶ ἴσασι
πάντα καὶ γινώσκουσιν οὐ τὰ ἀνθρώπεια, ἀλλὰ τὰ ἑαυτῶν τὰ θεῖα, καὶ
ὅσα νοῦς ὁρᾶι. Τῶν δὲ θεῶν οἱ μὲν ἐν οὐρανῶι ὄντες – σχολὴ γὰρ
αὐτοῖς – θεῶνται ἀεί, οἷον δὲ πόρρωθεν, τὰ ἐν ἐκείνωι αὖ τῶι οὐρανῶι
ὑπεροχῆι τῆι ἑαυτῶν κεφαλῆι. Οἱ δὲ ἐν ἐκείνωι ὄντες, ὅσοις ἡ οἴκησις
ἐπ᾽ αὐτοῦ καὶ ἐν αὐτῶι, ἐν παντὶ οἰκοῦντες τῶι ἐκεῖ οὐρανῶι – πάντα
γὰρ ἐκεῖ οὐρανὸς καὶ ἡ γῆ οὐρανὸς καὶ θάλασσα καὶ ζῶια καὶ φυτὰ καὶ
ἄνθρωποι, πᾶν οὐράνιον ἐκείνου τοῦ οὐρανοῦ – οἱ δὲ θεοὶ οἱ ἐν αὐτῶι
οὐκ ἀπαξιοῦντες ἀνθρώπους οὐδ᾽ ἄλλο τι τῶν ἐκεῖ, ὅτι τῶν ἐκεῖ, πᾶσαν
μὲν διεξίασι τὴν ἐκεῖ χώραν καὶ τὸν τόπον ἀναπαυόμενοι
180
Há a razão formal da beleza na Inteligência, que é superior a todas, daí passa à
Alma, que passa à natureza e ao corpo.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 186
181
A amostra de ouro não é todo ouro, mas apenas seu valor em massa, ou seja, a
amostra de inteligência tem de ser purificada para demonstrar a pureza de sua origem.
182
Platão, Simpósio 218e: ἀμήχανόν τοι κάλλος ὁρῴης ἂν ἐν ἐμοὶ καὶ τῆς παρὰ σοὶ
εὐμορφίας πάμπολυ διαφέρον (verias em mim uma beleza impraticável que difere em
muito de tua boa figura); Politeia 509a: Ἀμήχανον κάλλος, ἔφη, λέγεις, εἰ ἐπιστήμην
μὲν καὶ ἀλήθειαν παρέχει ... (dizes impraticável beleza, dizia, se ela apresenta
conhecimento e verdade ...).
183
Platão, Fedro 246e: ὁ μὲν δὴ μέγας ἡγεμὼν ἐν οὐρανῷ Ζεύς, ἐλαύνων πτηνὸν ἅρμα,
πρῶτος πορεύεται ... (no céu Zeus, o grande condutor, dirigindo seu carro alado,
primeiro passa ...); 247a: τῶν δὲ ἄλλων ὅσοι ἐν τῷ τῶν δώδεκα ἀριθμῷ τεταγμένοι
θεοὶ ἄρχοντες ἡγοῦνται κατὰ τάξιν ἣν ἕκαστος ἐτάχθη (dentre os outros quantos são
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 187
naquele [céu], quantos têm a habitação sobre ele e nele, que habitam
em todo ponto ali no céu – pois o céu ali é tudo: a terra, céu, mar, e
animais, plantas e homens, tudo que é celeste é daquele céu 184 – e
os deuses que são ali não desprezando homens nem algo diverso das
coisas ali, porque são dentre os dali, percorrem ali toda a região, em
repouso no lugar185
4. - καὶ γὰρ τὸ ῥεῖα ζώειν ἐκεῖ – καὶ ἀλήθεια δὲ αὐτοῖς καὶ γενέτειρα
καὶ τροφὸς καὶ οὐσία καὶ τροφή, καὶ ὁρῶσι τὰ πάντα, οὐχ οἷς γένεσις
πρόσεστιν, ἀλλ᾽ οἷς οὐσία, καὶ ἑαυτοὺς ἐν ἄλλοις· διαφανῆ γὰρ πάντα
καὶ σκοτεινὸν οὐδὲ ἀντίτυπον οὐδέν, ἀλλὰ πᾶς παντὶ φανερὸς εἰς τὸ
εἴσω καὶ πάντα· φῶς γὰρ φωτί. Καὶ γὰρ ἔχει πᾶς πάντα ἐν αὑτῶι, καὶ αὖ
ὁρᾶι ἐν ἄλλωι πάντα, ὥστε πανταχοῦ πάντα καὶ πᾶν πᾶν καὶ ἕκαστον
πᾶν καὶ ἄπειρος ἡ αἴγλη· ἕκαστον γὰρ αὐτῶν μέγα, ἐπεὶ καὶ τὸ μικρὸν
μέγα· καὶ ἥλιος ἐκεῖ πάντα ἄστρα, καὶ ἕκαστον ἥλιος αὖ καὶ πάντα.
Ἐξέχει δ᾽ ἐν ἑκάστωι ἄλλο, ἐμφαίνει δὲ καὶ πάντα. Ἔστι δὲ καὶ κίνησις
καθαρά· οὐ γὰρ συγχεῖ αὐτὴν ἰοῦσαν ὃ κινεῖ ἕτερον αὐτῆς ὑπάρχον· καὶ
ἡ στάσις οὐ παρακινουμένη, ὅτι μὴ μέμικται τῶι μὴ στασίμωι· καὶ τὸ
καλὸν καλόν, ὅτι μὴ ἐν τῶι [μὴ] καλῶι. Βέβηκε δὲ ἕκαστος οὐκ ἐπ᾽
SUMÁRIO
P l o t i n o | 188
ἀλλοτρίας οἷον γῆς, ἀλλ᾽ ἔστιν ἑκάστωι ἐν ὧι ἐστιν αὐτὸ ὅ ἐστι, καὶ
συνθεῖ αὐτῶι οἷον πρὸς τὸ ἄνω ἰόντι τὸ ὅθεν ἐστί, καὶ οὐκ αὐτὸς μὲν
ἄλλο, ἡ χώρα δὲ αὐτοῦ ἄλλο. Καὶ γὰρ τὸ ὑποκείμενον νοῦς καὶ αὐτὸς
νοῦς· οἷον εἴ τις καὶ τοῦτον τὸν οὐρανὸν τὸν ὁρώμενον φωτοειδῆ ὄντα
τοῦτο τὸ φῶς τὸ ἐξ αὐτοῦ φῦναι νοήσειε τὰ ἄστρα. Ἐνταῦθα μὲν οὖν
οὐκ ἐκ μέρους ἄλλο ἄλλου γίνοιτο ἄν, καὶ εἴη ἂν μόνον ἕκαστον μέρος,
ἐκεῖ δὲ ἐξ ὅλου ἀεὶ ἕκαστον καὶ ἅμα ἕκαστον καὶ ὅλον· φαντάζεται μὲν
γὰρ μέρος, ἐνορᾶται δὲ τῶι ὀξεῖ τὴν ὄψιν ὅλον, οἷον εἴ τις γένοιτο τὴν
ὄψιν τοιοῦτος, οἷος ὁ Λυγκεὺς ἐλέγετο καὶ τὰ εἴσω τῆς γῆς ὁρᾶν τοῦ
μύθου τοὺς ἐκεῖ αἰνιττομένου ὀφθαλμούς. Τῆς δὲ ἐκεῖ θέας οὔτε
κάματός ἐστιν οὔτ᾽ ἐστὶ πλήρωσις εἰς τὸ παύσασθαι θεωμένωι· οὔτε
γὰρ κένωσις ἦν, ἵνα ἥκων εἰς πλήρωσιν καὶ τέλος ἀρκεσθῆι, οὔτε τὸ
μὲν ἄλλο, τὸ δ᾽ ἄλλο, ἵνα ἑτέρωι τῶν ἐν αὐτῶι τὰ τοῦ ἑτέρου μὴ
ἀρέσκοντα ἦι· ἄτρυτά τε τὰ ἐκεῖ. Ἀλλ᾽ ἔστι τὸ ἀπλήρωτον τῶι μὴ τὴν
πλήρωσιν καταφρονεῖν ποιεῖν τοῦ πεπληρωκότος· ὁρῶν γὰρ μᾶλλον
ὁρᾶι, καὶ καθορῶν ἄπειρον αὑτὸν καὶ τὰ ὁρώμενα τῆι ἑαυτοῦ συνέπεται
φύσει. Καὶ ἡ ζωὴ μὲν οὐδενὶ κάματον ἔχει, ὅταν ἦι καθαρά· τὸ δ᾽ ἄριστα
ζῶν τί ἂν κάμοι; Ἡ δὲ ζωὴ σοφία, σοφία δὲ οὐ πορισθεῖσα λογισμοῖς,
ὅτι ἀεὶ ἦν πᾶσα καὶ ἐλλείπουσα οὐδενί, ἵνα ζητήσεως δεηθῆι· ἀλλ᾽ ἔστιν
ἡ πρώτη καὶ οὐκ ἀπ᾽ ἄλλης· καὶ ἡ οὐσία αὐτὴ σοφία, ἀλλ᾽ οὐκ αὐτός,
εἶτα σοφός. Διὰ τοῦτο δὲ οὐδεμία μείζων, καὶ ἡ αὐτοεπιστήμη ἐνταῦθα
πάρεδρος τῶι νῶι τῶι συμπροφαίνεσθαι, οἷον λέγουσι κατὰ μίμησιν καὶ
τῶι Διὶ τὴν Δίκην. Πάντα γὰρ τὰ τοιαῦτα ἐκεῖ οἷον ἀγάλματα παρ᾽
αὐτῶν ἐνορώμενα, ὥστε θέαμα εἶναι ὑπερευδαιμόνων θεατῶν. Τῆς
μὲν οὖν σοφίας τὸ μέγεθος καὶ τὴν δύναμιν ἄν τις κατίδοι, ὅτι μετ᾽
αὐτῆς ἔχει καὶ πεποίηκε τὰ ὄντα, καὶ πάντα ἠκολούθησε, καὶ ἔστιν αὐτὴ
τὰ ὄντα, καὶ συνεγένετο αὐτῆι, καὶ ἓν ἄμφω, καὶ ἡ οὐσία ἡ ἐκεῖ σοφία.
Ἀλλ᾽ ἡμεῖς εἰς σύνεσιν οὐκ ἤλθομεν, ὅτι καὶ τὰς ἐπιστήμας θεωρήματα
καὶ συμφόρησιν νενομίκαμεν προτάσεων εἶναι· τὸ δὲ οὐδ᾽ ἐν ταῖς
ἐνταῦθα ἐπιστήμαις. Εἰ δέ τις περὶ τούτων ἀμφισβητεῖ, ἐατέον ταύτας
ἐν τῶι παρόντι. Περὶ δὲ τῆς ἐκεῖ ἐπιστήμης, ἣν δὴ καὶ ὁ Πλάτων
κατιδών φησιν· οὐδ᾽ ἥτις ἐστὶν ἄλλη ἐν ἄλλωι, ὅπως δέ, εἴασε ζητεῖν
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 189
καὶ ἀνευρίσκειν, εἴπερ ἄξιοι τῆς προσηγορίας φαμὲν εἶναι – ἴσως οὖν
βέλτιον ἐντεῦθεν τὴν ἀρχὴν ποιήσασθαι.
186
Homero, Ilíada VI 138: τῷ μὲν ἔπειτ’ ὀδύσαντο θεοὶ ῥεῖα ζώοντες (uma vez que
os deuses que vivem facilmente tiveram ódio a ele).
187
Platão, Fedro 247d: ἐν δὲ τῇ περιόδῳ καθορᾷ (5) μὲν αὐτὴν δικαιοσύνην, καθορᾷ
δὲ σωφροσύνην, καθορᾷ δὲ ἐπιστήμην, οὐχ ᾗ γένεσις πρόσεστιν ... (nesse período
contempla o próprio sentimento de justiça, contempla a temperança, contempla o
conhecimento, não aquele a que a gênese é antes ...).
188
Do mundo inteligível.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 190
os astros. Aqui, no entanto, não desde uma parte uma coisa viria a ser
de outra, e seria apenas cada parte, mas ali é sempre cada uma e ao
mesmo tempo cada uma e inteira; aparece de fato parte, e é vista inteira
pela acuidade em relação à visão, tal que se alguém viesse a ser tal de
visão como Linceu189 era dito e ver as coisas interiores da terra, o mito
falando por enigma dos olhos [de quem vê] ali. E da contemplação dali
nem há fadiga nem há saciedade para cessar ao que é visto; nem ato de
esvaziar havia, para que chegando à saciedade também um fim seja
suficiente, nem uma coisa, nem outra, para que a algum dos que são ali
as coisas do outro não sejam satisfatórias; imperecíveis são as coisas
dali. Mas há o insaciável por não fazer imaginar a saciedade do que está
pleno; pois vendo vê mais, e olhando para o próprio infinito e as coisas
vistas persegue a sua própria natureza. E a vida a ninguém tem fadiga,
quando for pura; o que vive bem por que haveria de se fadigar? A vida
é sabedoria, e sabedoria que não é provida de cálculos, porque sempre
era toda e que a nenhum faltava, para que necessitasse de busca; mas é
a primeira [sabedoria] e não a partir de outra; e sua própria essência é
sabedoria, mas não é [primeiro] ele mesmo, depois [vem a ser] sábio. E
por isso nenhuma é maior, e é o autoconhecimento aqui assentado junto
à inteligência por se mostrar antes em conjunto, tal como dizem por
imitação também Justiça com Zeus190. Pois todas as tais coisas ali são
189
Platão, Carta VII 344a: κακῶς δὲ ἂν φυῇ, ὡς ἡ τῶν πολλῶν ἕξις τῆς ψυχῆς εἴς τε
τὸ μαθεῖν εἴς τε τὰ λεγόμενα ἤθη (a) πέφυκεν, τὰ δὲ διέφθαρται, οὐδ’ ἂν ὁ Λυγκεὺς
ἰδεῖν ποιήσειεν τοὺς τοιούτους (e caso se produzisse mal, como é o hábito da alma da
maioria, para aprender e para as coisas já ditas que são naturais, elas se corrompem, e
nem Linceu poderia fazer esses tais ver); Aristóteles, Da geração e corrupção I 10,
328a 14: καὶ τὸ αὐτὸ τῷ μὲν μεμιγμένον, ἐὰν μὴ βλέπῃ ὀξύ, τῷ Λυγκεῖ δ’ οὐθὲν
μεμιγμένον (e o mesmo que para alguém está misturado, caso não olhe com acuidade,
para Linceu nada está misturado).
190
Sófocles, Édipo em Colono, 1381: εἴπερ ἐστὶν ἡ παλαίφατος / Δίκη ξύνεδρος Ζηνὸς
ἀρχαίοις νόμοις (se há a antiga professia: / Justiça assentada junto a Zeus, com leis
primordiais).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 191
5. Πάντα δὴ τὰ γινόμενα, εἴτε τεχνητὰ εἴτε φυσικὰ εἴη, σοφία τις ποιεῖ,
καὶ ἡγεῖται τῆς ποιήσεως πανταχοῦ σοφία. Ἀλλ᾽ εἰ δή τις κατ᾽ αὐτὴν
τὴν σοφίαν ποιοῖ, ἔστωσαν μὲν αἱ τέχναι τοιαῦται. Ἀλλ᾽ ὁ τεχνίτης
πάλιν αὖ εἰς σοφίαν φυσικὴν ἔρχεται, καθ᾽ ἣν γεγένηται, οὐκέτι
συντεθεῖσαν ἐκ θεωρημάτων, ἀλλ᾽ ὅλην ἕν τι, οὐ τὴν συγκειμένην ἐκ
πολλῶν εἰς ἕν, ἀλλὰ μᾶλλον ἀναλυομένην εἰς πλῆθος ἐξ ἑνός. Εἰ μὲν
191
Platão, Fédon 111a: ἐκφανῆ γὰρ αὐτὰ πεφυκέναι, ὄντα πολλὰ πλήθει καὶ μεγάλα
καὶ πανταχοῦ τῆς γῆς, ὥστε αὐτὴν ἰδεῖν εἶναι θέαμα εὐδαιμόνων θεατῶν (essas coisas
são evidentes por natureza, porque são muitas em quantidade, grandes e por toda parte
da terra, de modo a vê-la ser espetáculo de felizes espectadores).
192
Platão, Fedro 247d: καθορᾷ δὲ ἐπιστήμην, οὐχ ᾗ γένεσις πρόσεστιν, οὐδ’ ἥ ἐστίν
που ἑτέρα (e) ἐν ἑτέρῳ οὖσα ὧν ἡμεῖς νῦν ὄντων καλοῦμεν, ἀλλὰ τὴν ἐν τῷ ὅ ἐστιν
ὂν ὄντως ἐπιστήμην οὖσαν (e observa o conhecimento, não aquele com que a gênese
é antes, nem o que é de certo modo diferente em algo diferente, dentre os quais nós
agora chamamos as coisas que são, mas que é o que em algo é realmente
conhecimento).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 192
οὖν ταύτην τις πρώτην θήσεται, ἀρκεῖ· οὐκέτι γὰρ ἐξ ἄλλου οὖσα οὐδ᾽
ἐν ἄλλωι. Εἰ δὲ τὸν μὲν λόγον ἐν τῆι φύσει, τούτου δὲ ἀρχὴν φήσουσι
τὴν φύσιν, πόθεν ἕξει φήσομεν καὶ εἰ ἐξ ἄλλου ἐκείνου. Εἰ μὲν ἐξ αὑτοῦ,
στησόμεθα· εἰ δὲ εἰς νοῦν ἥξουσιν, ἐνταῦθα ὀπτέον, εἰ ὁ νοῦς ἐγέννησε
τὴν σοφίαν· καὶ εἰ φήσουσι, πόθεν; Εἰ δὲ ἐξ αὑτοῦ, ἀδύνατον ἄλλως ἢ
αὐτὸν ὄντα σοφίαν. Ἡ ἄρα ἀληθινὴ σοφία οὐσία, καὶ ἡ ἀληθινὴ οὐσία
σοφία, καὶ ἡ ἀξία καὶ τῆι οὐσίαι παρὰ τῆς σοφίας, καί, ὅτι παρὰ τῆς
σοφίας, οὐσία ἀληθής. Διὸ καὶ ὅσαι οὐσίαι σοφίαν οὐκ ἔχουσι, τῶι μὲν
διὰ σοφίαν τινὰ γεγονέναι οὐσία, τῶι δὲ μὴ ἔχειν ἐν αὐταῖς σοφίαν, οὐκ
ἀληθιναὶ οὐσίαι. Οὐ τοίνυν δεῖ νομίζειν ἐκεῖ ἀξιώματα ὁρᾶν τοὺς θεοὺς
οὐδὲ τοὺς ἐκεῖ ὑπερευδαίμονας, ἀλλ᾽ ἕκαστα τῶν λεγομένων ἐκεῖ καλὰ
ἀγάλματα, οἷα ἐφαντάζετό τις ἐν τῆι σοφοῦ ἀνδρὸς ψυχῆι εἶναι,
ἀγάλματα δὲ οὐ γεγραμμένα, ἀλλὰ ὄντα. Διὸ καὶ τὰς ἰδέας ὄντα ἔλεγον
εἶναι οἱ παλαιοὶ καὶ οὐσίας.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 193
193
Platão, Simpósio 215a-b: φημὶ (5) γὰρ δὴ ὁμοιότατον αὐτὸν εἶναι τοῖς σιληνοῖς
τούτοις τοῖς (b) ἐν τοῖς ἑρμογλυφείοις καθημένοις, οὕστινας ἐργάζονται οἱ δημιουργοὶ
σύριγγας ἢ αὐλοὺς ἔχοντας, οἳ διχάδε διοιχθέντες φαίνονται ἔνδοθεν ἀγάλματα
ἔχοντες θεῶν (pois digo que [Sócrates] é muitíssimo semelhante a esses silenos que
sse assentam nas oficinas, que os artífices elaboram uns tendo flautas de tubos ou
duplas, que ao abrir-se em dois mostram que dentro têm objetos de culto de deuses);
216d: ὁρᾶτε γὰρ ὅτι Σωκράτης ἐρωτικῶς διάκειται τῶν καλῶν καὶ ἀεὶ περὶ τούτους
ἐστὶ καὶ ἐκπέπληκται, καὶ αὖ ἀγνοεῖ πάντα καὶ οὐδὲν οἶδεν. ὡς τὸ σχῆμα αὐτοῦ τοῦτο
οὐ σιληνῶδες; ... ἔνδοθεν δὲ ἀνοιχθεὶς πόσης οἴεσθε γέμει, ὦ ἄνδρες συμπόται,
σωφροσύνης;( vede que Sócrates se dispõe com eros aos belos, estando sempre tocado
de amor por eles, e por sua vez ignora tudo e nada sabe. Como essa sua figura não é
de um sileno? ... mas de dentro tendo sido aberto, considerai, ó convivas, de quanta
sensatez está cheio?).
194
Platão, Politeia 507b: Πολλὰ καλά, ἦν δ’ ἐγώ, καὶ πολλὰ ἀγαθὰ καὶ ἕκαστα (1)
οὕτως εἶναί φαμέν τε καὶ διορίζομεν τῷ λόγῳ (muitas coisas belas, dizia eu, e muitas
boas e dizemos que cada uma é assim e as definimos pela razão); 509b: ἀλλὰ καὶ τὸ
εἶναί τε καὶ τὴν οὐσίαν ὑπ’ ἐκείνου αὐτοῖς προσεῖναι, οὐκ οὐσίας ὄντος τοῦ ἀγαθοῦ,
ἀλλ’ ἔτι ἐπέκεινα τῆς οὐσίας πρεσβείᾳ καὶ δυνάμει ὑπερέχοντος (... mas também que
o ser e a essência são juntos por aquele [bem] a essas coisas [reconhecidas], bem que
não é essência, mas está ainda além da essência em dignidae e potência).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 194
195
São os hieróglifos, que representam os fatos dos rituais sem desenvolver os
enunciados que os descrevem com discursos.
196
Eram os caracteres hieráticos em que se escreviam os comentários às
representações dos hieróglifos.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 195
SUMÁRIO
P l o t i n o | 196
197
Crítica ao criacionismo.
198
Mundo das Ideias.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 197
aparição e imagem daquilo, seja desde isso mesmo seja de alma que se
serve – pois nada difere no presente [momento] – ou de alma de
alguém199. Mas então de lá eram todas essas coisas, e de modo melhor
são ali; pois as coisas daqui estão misturadas, e aquelas não estão
misturadas. Mas então por formas estão mantidas do princípio ao fim,
primeiro há a matéria para as formas dos elementos, depois sobre as
formas há formas diversas, depois ainda umas diferentes; daí é difícil
encontrar a matéria que se oculta sob muitas formas. Uma vez que
também essa mesma forma é algo extremo, tudo é forma; e este [todo]
também são todas as formas; pois o modelo era forma; e era criado sem
rumor, porque tudo que cria é essência e forma; por isso também é sem
fadiga, <e desse modo> é a arte de criar. E era [arte de criar] de tudo,
de modo que seria tudo. Então nem havia o que impedia, e agora [a arte
de criar] domina as coisas que vêm a ser, mesmo que elas impeçam
umas às outras; mas nem aqui nem agora [há impedimento]; pois elas
permanecem como um todo. E ensinava-me que se nós fôssemos
arquétipos200, essência e forma ao mesmo tempo, também a forma que
aqui cria seria essência de nós, a nossa arte de criar dominaria sem
fadigas201. No entanto o homem produz uma forma diversa de si mesmo
que é [homem] que veio a ser; pois afastou do ser o todo, que agora veio
a ser homem; e tendo cessado de ser homem voa alto, diz [Platão], e
administra todo o cosmo202; pois cria porque do inteiro ele veio a ser o
199
A criação é obra da Alma, criador do todo, por isso pode aparecer uma imagem
dela ou da alma natural, ou mesmo de alguma alma individual em cada aspecto de sua
criação.
200
Ou seja, se não tivéssemos corpo, nossa essência seria forma universal.
201
Xenófanes, Fragmenta, 21 B 25 Diels – Kranz: ἀλλ’ ἀπάνευθε πόνοιο νόου φρενὶ
πάντα κραδαίνει (mas sem fadiga, pela mente [o deus] tudo agita).
202
Platão, Fedro 246c: τελέα (c) μὲν οὖν οὖσα καὶ ἐπτερωμένη μετεωροπορεῖ τε καὶ
πάντα τὸν κόσμον διοικεῖ (portanto, [a alma] sendo perfeita e alada passa nas alturas
e administra todo o cosmo).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 198
inteiro. Mas graças a que é o discurso é que tens tu como dizer a causa
pela qual a terra é no meio e através de que é redonda, e por qual motivo
a eclítica é desta forma; mas ali não, porque era necessário ser assim, é
por isso que está assim decidido, porque [ali] é assim como é, por isso
essas coisas [daqui] estão bem; tal como se antes do silogismo fosse o
resultado da causa, não [vindo] da parte das premissas; pois não é desde
consequência nem desde projeto, mas antes de consequência e antes de
projeto; pois todas essas coisas são posteriores, razão, demosntração e
crença. Uma vez que há um princípio, a partir dele são todas as coisas
e deste modo: “não buscar as causas do princípio”203 assim belamente
se diz, e sendo de tal princípio o fim, um certo princípio é o mesmo que
o fim; e um certo princípio é também fim, ele mesmo é o todo em
conjunto e contínuo.
8. Καλὸν οὖν πρώτως, καὶ ὅλον δὲ καὶ πανταχοῦ ὅλον, ἵνα μηδὲ μέρη
ἀπολείπηται τῶι καλῶι ἐλλείπειν, τίς οὖν οὐ φήσει καλόν; Οὐ γὰρ δὴ ὃ
μὴ ὅλον αὐτό, ἀλλ᾽ ὃ μέρος ἔχον ἢ μηδέ τι αὐτοῦ ἔχον. Ἢ εἰ μὴ ἐκεῖνο
καλόν, τί ἂν ἄλλο; Τὸ γὰρ πρὸ αὐτοῦ οὐδὲ καλὸν ἐθέλει εἶναι· τὸ γὰρ
πρώτως εἰς θέαν παρελθὸν τῶι εἶδος εἶναι καὶ θέαμα νοῦ τοῦτο καὶ
ἀγαστὸν ὀφθῆναι. Διὸ καὶ Πλάτων, τοῦτο σημῆναι θέλων εἴς τι τῶν
ἐνεργεστέρων ὡς πρὸς ἡμᾶς, ἀποδεξάμενον ποιεῖ τὸν δημιουργὸν τὸ
ἀποτελεσθέν, διὰ τούτου ἐνδείξασθαι θέλων τὸ τοῦ παραδείγματος καὶ
τῆς ἰδέας κάλλος ὡς ἀγαστόν. Πᾶν γὰρ τὸ κατὰ ἄλλο ποιηθὲν ὅταν τις
θαυμάσηι ἐπ᾽ ἐκεῖνο ἔχει τὸ θαῦμα, καθ᾽ ὅ ἐστι πεποιημένον. Εἰ δ᾽
ἀγνοεῖ ὃ πάσχει, θαῦμα οὐδέν· ἐπεὶ καὶ οἱ ἐρῶντες καὶ ὅλως οἱ τὸ τῆιδε
203
Aristóteles, Física I 5, 188a 27-30: δεῖ γὰρ τὰς ἀρχὰς μήτε ἐξ ἀλλήλων εἶναι μήτε
ἐξ ἄλλων, καὶ ἐκ τούτων πάντα· τοῖς δὲ ἐναντίοις τοῖς πρώτοις ὑπάρχει ταῦτα, διὰ μὲν
τὸ πρῶτα εἶναι μὴ ἐξ ἄλλων, διὰ δὲ τὸ ἐναντία μὴ ἐξ ἀλλήλων (pois é preciso que os
princípios nem sejam uns de outros, nem de outros, e que tudo seja desde eles; aos
contrários que são primeiros há essas propriedades: por ser primeiros não ser desde
outros, e por ser contrários não ser uns de outros).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 199
κάλλος τεθαυμακότες ἀγνοοῦσιν ὅτι δι᾽ ἐκεῖνο· δι᾽ ἐκεῖνο γάρ. Ὅτι δὲ
εἰς τὸ παράδειγμα ἀνάγει τὸ ἠγάσθη δῆλον ποιεῖ ἐπίτηδες τὸ ἑξῆς τῆς
λέξεως λαβών· εἶπε γάρ· ἠγάσθη τε καὶ ἔτι μᾶλλον πρὸς τὸ
παράδειγμα αὐτὸ ἐβουλήθη ἀφομοιῶσαι, τὸ κάλλος τοῦ
παραδείγματος οἷόν ἐστιν ἐνδεικνύμενος διὰ τὸ ἐκ τούτου τὸ γενόμενον
καλὸν καὶ αὐτὸ ὡς εἰκόνα ἐκείνου εἰπεῖν· ἐπεὶ καὶ εἰ μὴ ἐκεῖνο ἦν τὸ
ὑπέρκαλον κάλλει ἀμηχάνωι, τί ἂν τούτου τοῦ ὁρωμένου ἦν κάλλιον;
Ὅθεν οὐκ ὀρθῶς οἱ μεμφόμενοι τούτωι, εἰ μὴ ἄρα καθόσον μὴ ἐκεῖνό
ἐστι.
204
O Uno é anterior à Inteligência, portanto é acima do belo.
205
Platão, Timeu 37c-d: Ὡς δὲ κινηθὲν αὐτὸ καὶ ζῶν ἐνόησεν τῶν ἀιδίων θεῶν
γεγονὸς ἄγαλμα ὁ γεννήσας πατήρ, ἠγάσθη τε καὶ εὐφρανθεὶς ἔτι δὴ μᾶλλον ὅμοιον
πρὸς τὸ παράδειγμα ἐπενόησεν ἀπεργάσασθαι (o pai que gerou [esse todo] pensou-o
como objeto de culto entre os deuses eternos, que se move e vive, maravilhou-se e
cogitou, tendo-se alegrado, concluí-lo ainda mais semelhante ao paradigma).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 200
9. Τοῦτον τοίνυν τὸν κόσμον, ἑκάστου τῶν μερῶν μένοντος ὅ ἐστι καὶ
μὴ συγχεομένου, λάβωμεν τῆι διανοίαι, εἰς ἓν ὁμοῦ πάντα, ὡς οἷόν τε,
ὥστε ἑνὸς ὁτουοῦν προφαινομένου, οἷον τῆς ἔξω σφαίρας οὔσης,
ἀκολουθεῖν εὐθὺς καὶ τὴν ἡλίου καὶ ὁμοῦ τῶν ἄλλων ἄστρων τὴν
φαντασίαν, καὶ γῆν καὶ θάλασσαν καὶ πάντα τὰ ζῶια ὁρᾶσθαι, οἷον ἐπὶ
σφαίρας διαφανοῦς καὶ ἔργωι ἂν γένοιτο πάντα ἐνορᾶσθαι. Ἔστω οὖν
ἐν τῆι ψυχῆι φωτεινή τις φαντασία σφαίρας ἔχουσα πάντα ἐν αὐτῆι, εἴτε
κινούμενα εἴτε ἑστηκότα, ἢ τὰ μὲν κινούμενα, τὰ δ᾽ ἑστηκότα.
Φυλάττων δὲ ταύτην ἄλλην παρὰ σαυτῶι ἀφελὼν τὸν ὄγκον λάβε·
ἄφελε δὲ καὶ τοὺς τόπους καὶ τὸ τῆς ὕλης ἐν σοὶ φάντασμα, καὶ μὴ
πειρῶ αὐτῆς ἄλλην σμικροτέραν λαβεῖν τῶι ὄγκωι, θεὸν δὲ καλέσας τὸν
πεποιηκότα ἧς ἔχεις τὸ φάντασμα εὖξαι ἐλθεῖν. Ὁ δὲ ἥκοι τὸν αὐτοῦ
206
Platão, Fedro 250a-b: αὗται δέ, ὅταν τι τῶν ἐκεῖ ὁμοίωμα ἴδωσιν, ἐκπλήττονται καὶ
οὐκέτ’ <ἐν> αὑτῶν γίγνονται, ὃ δ’ ἔστι τὸ πάθος ἀγνοοῦσι διὰ τὸ μὴ ἱκανῶς
διαισθάνεσθαι (e essa [almas], quando veem alguma semelhança das coisas dali, se
assustam e não mais vêm a ser em si, e ignoram o que é a impressão pelo que não
percebem suficientemente). Alusão à beleza do mundo inteligível.
207
Platão, Simpósio 218e: ἀμήχανόν τοι κάλλος ὁρῴης ἂν ἐν ἐμοὶ (então verias
extraordinária beleza em mim); Politeia 509a: Ἀμήχανον κάλλος, ἔφη, λέγεις (dizes
extraordinária beleza, dizia).
208
Referência aos gnósticos.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 201
κόσμον φέρων μετὰ πάντων τῶν ἐν αὐτῶι θεῶν εἷς ὢν καὶ πάντες, καὶ
ἕκαστος πάντες συνόντες εἰς ἕν, καὶ ταῖς μὲν δυνάμεσιν ἄλλοι, τῆι δὲ
μιᾶι ἐκείνηι τῆι πολλῆι πάντες εἷς· μᾶλλον δὲ ὁ εἷς πάντες· οὐ γὰρ
ἐπιλείπει αὐτός, ἢν πάντες ἐκεῖνοι γένωνται· ὁμοῦ δέ εἰσι καὶ ἕκαστος
χωρὶς αὖ ἐν στάσει ἀδιαστάτωι οὐ μορφὴν αἰσθητὴν οὐδεμίαν ἔχων –
ἤδη γὰρ ἂν ὁ μὲν ἄλλοθι, ὁ δέ που ἀλλαχόθι ἦν, καὶ ἕκαστος δὲ οὐ πᾶς
ἐν αὐτῶι – οὐδὲ μέρη ἄλλα ἔχων ἄλλοις ἢ αὐτῶι, οὐδὲ ἕκαστον οἷον
δύναμις κερματισθεῖσα καὶ τοσαύτη οὖσα, ὅσα τὰ μέρη μετρούμενα.
Τὸ δέ ἐστι [τὸ πᾶν] δύναμις πᾶσα, εἰς ἄπειρον μὲν ἰοῦσα, εἰς ἄπειρον
δὲ δυναμένη· καὶ οὕτως ἐστὶν ἐκεῖνος μέγας, ὡς καὶ τὰ μέρη αὐτοῦ
ἄπειρα γεγονέναι. Ποῦ γάρ τι ἔστιν εἰπεῖν, ὅπου μὴ φθάνει; Μέγας μὲν
οὖν καὶ ὅδε ὁ οὐρανὸς καὶ αἱ ἐν αὐτῶι πᾶσαι δυνάμεις ὁμοῦ, ἀλλὰ
μείζων ἂν ἦν καὶ ὁπόσος οὐδ᾽ ἂν ἦν εἰπεῖν, εἰ μή τις αὐτῶι συνῆν
σώματος δύναμις μικρά. Καίτοι μεγάλας ἄν τις φήσειε πυρὸς καὶ τῶν
ἄλλων σωμάτων τὰς δυνάμεις· ἀλλὰ ἤδη ἀπειρίαι δυνάμεως ἀληθινῆς
φαντάζονται καίουσαι καὶ φθείρουσαι καὶ θλίβουσαι καὶ πρὸς γένεσιν
τῶν ζώιων ὑπουργοῦσαι. Ἀλλὰ ταῦτα μὲν φθείρει, ὅτι καὶ φθείρεται,
καὶ συγγεννᾶι, ὅτι καὶ αὐτὰ γίνεται· ἡ δὲ δύναμις ἡ ἐκεῖ μόνον τὸ εἶναι
ἔχει καὶ μόνον τὸ καλὸν εἶναι. Ποῦ γὰρ ἂν εἴη τὸ καλὸν ἀποστερηθὲν
τοῦ εἶναι; Ποῦ δ᾽ ἂν ἡ οὐσία τοῦ καλὸν εἶναι ἐστερημένη; Ἐν τῶι γὰρ
ἀπολειφθῆναι τοῦ καλοῦ ἐλλείπει καὶ τῆι οὐσίαι. Διὸ καὶ τὸ εἶναι
ποθεινόν ἐστιν, ὅτι ταὐτὸν τῶι καλῶι, καὶ τὸ καλὸν ἐράσμιον, ὅτι τὸ
εἶναι. Πότερον δὲ ποτέρου αἴτιον τί χρὴ ζητεῖν οὔσης τῆς φύσεως μιᾶς;
Ἥδε μὲν γὰρ ἡ ψευδὴς οὐσία δεῖται ἐπακτοῦ εἰδώλου καλοῦ, ἵνα καὶ
καλὸν φαίνηται καὶ ὅλως ἦι, καὶ κατὰ τοσοῦτόν ἐστι, καθόσον
μετείληφε κάλλους τοῦ κατὰ τὸ εἶδος, καὶ λαβοῦσα, ὅσωι ἂν λάβηι,
μᾶλλον τελειοτέρα· μᾶλλον γὰρ οὐσία ἧι καλή.
9. Então tomemos por reflexão que esse cosmo, cada uma das partes
permanecendo o que é e não se confundindo, é todo ao mesmo tempo
SUMÁRIO
P l o t i n o | 202
209
Anaxágoras 59 B1 Diels – Kranz: ὁμοῦ πάντα χρήματα ἦν, ἄπειρα καὶ πλῆθος καὶ
(5) σμικρότητα· καὶ γὰρ τὸ σμικρὸν ἄπειρον ἦν. καὶ πάντων ὁμοῦ ἐόντων οὐδὲν
ἔνδηλον ἦν ὑπὸ σμικρότητος (as coisas eram todas em conjunto, infinitas tanto em
número quanto em pequenez; pois o pequeno era infinito. Sendo tudo em conjunto
nada era evidente pela pequenez).
210
Platão, Timeu 36c: ταύτην οὖν τὴν σύστασιν πᾶσαν διπλῆν κατὰ μῆκος σχίσας,
μέσην πρὸς μέσην κατέραν ἀλλήλαις οἷον χεῖ προσβαλὼν κατέκαμψεν εἰς ἓν κύκλῳ
... τὴν μὲν οὖν ἔξω φορὰν ἐπεφήμισεν εἶναι τῆς ταὐτοῦ φύσεως (então tendo dividido
pelo comprimento toda essa composição e aplicado respectivamente uma metade à
outra tal que um X, curvou-a em círculo no uno ... e a órbita externa denominava para
ser da natureza do mesmo).
211
Enéada II 9, 17.
212
Estabilidade sem dimensão porque no mundo inteligível não há espaço nem figura.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 203
10. Διὰ τοῦτο καὶ ὁ Ζεὺς καίπερ ὢν πρεσβύτατος τῶν ἄλλων θεῶν, ὧν
αὐτὸς ἡγεῖται, πρῶτος πορεύεται ἐπὶ τὴν τούτου θέαν, οἱ δὲ ἕπονται
θεοὶ ἄλλοι καὶ δαίμονες καὶ ψυχαί, αἳ ταῦτα ὁρᾶν δύνανται. Ὁ δὲ
ἐκφαίνεται αὐτοῖς ἔκ τινος ἀοράτου τόπου καὶ ἀνατείλας ὑψοῦ ἐπ᾽
αὐτῶν κατέλαμψε μὲν πάντα καὶ ἔπλησεν αὐγῆς καὶ ἐξέπληξε μὲν τοὺς
κάτω, καὶ ἐστράφησαν ἰδεῖν οὐ δεδυνημένοι οἷα ἥλιον. Οἱ μὲν ἄρ αὐτοῦ
ἀνέχονταί τε καὶ βλέπουσιν, οἱ δὲ ταράττονται, ὅσωι ἂν ἀφεστήκωσιν
αὐτοῦ. Ὁρῶντες δὲ οἱ δυνηθέντες ἰδεῖν εἰς αὐτὸν μὲν πάντες βλέπουσι
SUMÁRIO
P l o t i n o | 204
καὶ εἰς τὸ αὐτοῦ· οὐ ταὐτὸν δὲ ἕκαστος ἀεὶ θέαμα κομίζεται, ἀλλ᾽ ὁ μὲν
ἀτενὲς ἰδὼν ἐκλάμπουσαν εἶδε τὴν τοῦ δικαίου πηγὴν καὶ φύσιν, ἄλλος
δὲ τῆς σωφροσύνης ἐπλήσθη τοῦ θεάματος, οὐχ οἵαν ἄνθρωποι παρ᾽
αὐτοῖς, ὅταν ἔχωσι· μιμεῖται γὰρ αὕτη ἀμηιγέπηι ἐκείνην· ἡ δὲ ἐπὶ πᾶσι
περὶ πᾶν τὸ οἷον μέγεθος αὐτοῦ ἐπιθέουσα τελευταία ὁρᾶται, οἷς πολλὰ
ἤδη ὤφθη ἐναργῆ θεάματα, οἱ θεοὶ καθ᾽ ἕνα καὶ πᾶς ὁμοῦ, αἱ ψυχαὶ αἱ
πάντα ἐκεῖ ὁρῶσαι καὶ ἐκ τῶν πάντων γενόμεναι, ὥστε πάντα περιέχειν
καὶ αὐταὶ ἐξ ἀρχῆς εἰς τέλος· καί εἰσιν ἐκεῖ καθόσον ἂν αὐτῶν πεφύκηι
εἶναι ἐκεῖ, πολλάκις δὲ αὐτῶν καὶ τὸ πᾶν ἐκεῖ, ὅταν μὴ ὦσι
διειλημμέναι. Ταῦτα οὖν ὁρῶν ὁ Ζεύς, καὶ εἴ τις ἡμῶν αὐτῶι
συνεραστής, τὸ τελευταῖον ὁρᾶι μένον ἐπὶ πᾶσιν ὅλον τὸ κάλλος, καὶ
κάλλους μετασχὼν τοῦ ἐκεῖ· ἀποστίλβει γὰρ πάντα καὶ πληροῖ τοὺς ἐκεῖ
γενομένους, ὡς καλοὺς καὶ αὐτοὺς γενέσθαι, ὁποῖοι πολλάκις ἄνθρωποι
εἰς ὑψηλοὺς ἀναβαίνοντες τόπους τὸ ξανθὸν χρῶμα ἐχούσης τῆς γῆς
τῆς ἐκεῖ ἐπλήσθησαν ἐκείνης τῆς χρόας ὁμοιωθέντες τῆι ἐφ᾽ ἧς
ἐβεβήκεσαν. Ἐκεῖ δὲ χρόα ἡ ἐπανθοῦσα κάλλος ἐστί, μᾶλλον δὲ πᾶν
χρόα καὶ κάλλος ἐκ βάθους· οὐ γὰρ ἄλλο τὸ καλὸν ὡς ἐπανθοῦν. Ἀλλὰ
τοῖς μὴ ὅλον ὁρῶσιν ἡ προσβολὴ μόνη ἐνομίσθη, τοῖς δὲ διὰ παντὸς
οἷον οἰνωθεῖσι καὶ πληρωθεῖσι τοῦ νέκταρος, ἅτε δι᾽ ὅλης τῆς ψυχῆς
τοῦ κάλλους ἐλθόντος, οὐ θεαταῖς μόνον ὑπάρχει γενέσθαι. Οὐ γὰρ ἔτι
τὸ μὲν ἔξω, τὸ δ᾽ αὖ τὸ θεώμενον ἔξω, ἀλλ᾽ ἔχει τὸ ὀξέως ὁρῶν ἐν αὐτῶι
τὸ ὁρώμενον, καὶ ἔχων τὰ πολλὰ ἀγνοεῖ ὅτι ἔχει καὶ ὡς ἔξω ὂν βλέπει,
ὅτι ὡς ὁρώμενον βλέπει καὶ ὅτι θέλει βλέπειν. Πᾶν δὲ ὅ τις ὡς θεατὸν
βλέπει ἔξω βλέπει. Ἀλλὰ χρὴ εἰς αὑτὸν ἤδη μεταφέρειν καὶ βλέπειν ὡς
ἓν καὶ βλέπειν ὡς αὑτόν, ὥσπερ εἴ τις ὑπὸ θεοῦ κατασχεθεὶς
φοιβόληπτος ἢ ὑπό τινος Μούσης ἐν αὑτῶι ἂν ποιοῖτο τοῦ θεοῦ τὴν
θέαν, εἰ δύναμιν ἔχοι ἐν αὑτῶι θεὸν βλέπειν.
10. Por isso também Zeus, porque é o mais antigo dos outros deuses,
que ele conduz, “primeiro passa” à contemplação desse [belo], e
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 205
213
Platão, Fedro 246e: ὁ μὲν δὴ μέγας ἡγεμὼν ἐν οὐρανῷ Ζεύς, ἐλαύνων πτηνὸν ἅρμα,
πρῶτος πορεύεται, διακοσμῶν πάντα καὶ (5) ἐπιμελούμενος (Zeus, o grande guia no
céu, conduzindo um carro alado, passa primeiro, administrando e cuidando de tudo).
214
Platão, Politeia 516a: καὶ ἐπειδὴ πρὸς τὸ φῶς ἔλθοι, (1) αὐγῆς ἂν ἔχοντα τὰ ὄμματα
μεστὰ ὁρᾶν οὐδ’ ἂν ἓν δύνασθαι τῶν νῦν λεγομένων ἀληθῶν; (e quando ele chega à
luz, tendo os olhos cheios de fulgor, não seria capaz de ver uma só das coisas que
agora são ditas verdadeiras).
215
Platão, Fedro 250a: ὀλίγαι δὴ λείπονται αἷς τὸ τῆς μνήμης ἱκανῶς πάρεστιν (restam
poucas [almas] às quais o que é da memória se apresenta suficientemente).
216
Platão, Fedro 250b: κάλλος δὲ τότ’ ἦν ἰδεῖν (5) λαμπρόν, ὅτε σὺν εὐδαίμονι χορῷ
μακαρίαν ὄψιν τε καὶ
SUMÁRIO
P l o t i n o | 206
11. Εἰ δέ τις ἡμῶν ἀδυνατῶν ἑαυτὸν ὁρᾶν, ὑπ᾽ ἐκείνου τοῦ θεοῦ ἐπὰν
καταληφθεὶς εἰς τὸ ἰδεῖν προφέρηι τὸ θέαμα, ἑαυτὸν προφέρει καὶ
εἰκόνα αὐτοῦ καλλωπισθεῖσαν βλέπει, ἀφεὶς δὲ τὴν εἰκόνα καίπερ
θέαν, ἑπόμενοι μετὰ μὲν Διὸς ἡμεῖς ... (então havia beleza brilhante para ver, quando
nós junto ao coro bem-aventurado, em visão feliz e divina, seguindo junto com Zeus
...).
217
Platão, Simpósio 203b: ὁ οὖν Πόρος μεθυσθεὶς τοῦ νέκταρος— (5) οἶνος γὰρ οὔπω
ἦν — ... (então Poros, tendo-se embriagado do néctar – vinho ainda não havia – ... ).
218
Referência a Linceu, citado no capítulo 4.
219
Platão, Fedro 245a: τρίτη δὲ ἀπὸ Μουσῶν κατοκωχή τε καὶ μανία (a terceira forma
de inspiração e de loucura é a partir das Musas).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 207
καλὴν οὖσαν εἰς ἓν αὑτῶι ἐλθὼν καὶ μηκέτι σχίσας ἓν ὁμοῦ πάντα ἐστὶ
μετ᾽ ἐκείνου τοῦ θεοῦ ἀψοφητὶ παρόντος, καὶ ἔστι μετ᾽ αὐτοῦ ὅσον
δύναται καὶ θέλει, εἰ δ᾽ ἐπιστραφείη εἰς δύο, καθαρὸς μένων ἐφεξῆς
ἐστιν αὐτῶι, ὥστε αὐτῶι παρεῖναι ἐκείνως πάλιν, εἰ πάλιν ἐπ᾽ αὐτὸν
στρέφοι, ἐν δὲ τῆι ἐπιστροφῆι κέρδος τοῦτ᾽ ἔχει· ἀρχόμενος αἰσθάνεται
αὑτοῦ, ἕως ἕτερός ἐστι· δραμὼν δὲ εἰς τὸ εἴσω ἔχει πᾶν, καὶ ἀφεὶς τὴν
αἴσθησιν εἰς τοὐπίσω τοῦ ἕτερος εἶναι φόβωι εἷς ἐστιν ἐκεῖ· κἂν
ἐπιθυμήσηι ὡς ἕτερον ὂν ἰδεῖν, ἔξω αὑτὸν ποιεῖ. Δεῖ δὲ
καταμανθάνοντα μὲν ἔν τινι τύπωι αὐτοῦ μένοντα μετὰ τοῦ ζητεῖν
γνωματεύειν αὐτόν, εἰς οἷον δὲ εἴσεισιν, οὕτω μαθόντα κατὰ πίστιν, ὡς
ἐπὶ χρῆμα μακαριστὸν εἴσεισιν, ἤδη αὐτὸν δοῦναι εἰς τὸ εἴσω καὶ
γενέσθαι ἀντὶ ὁρῶντος ἤδη θέαμα ἑτέρου θεωμένου, οἵοις ἐκεῖθεν ἥκει
ἐκλάμποντα τοῖς νοήμασι. Πῶς οὖν ἔσται τις ἐν καλῶι μὴ ὁρῶν αὐτό;
Ἢ ὁρῶν αὐτὸ ὡς ἕτερον οὐδέπω ἐν καλῶι, γενόμενος δὲ αὐτὸ οὕτω
μάλιστα ἐν καλῶι. Εἰ οὖν ὅρασις τοῦ ἔξω, ὅρασιν μὲν οὐ δεῖ εἶναι ἢ
οὕτως, ὡς ταὐτὸν τῶι ὁρατῶι· τοῦτο δὲ οἷον σύνεσις καὶ συναίσθησις
αὐτοῦ εὐλαβουμένου μὴ τῶι μᾶλλον αἰσθάνεσθαι θέλειν ἑαυτοῦ
ἀποστῆναι. Δεῖ δὲ κἀκεῖνο ἐνθυμεῖσθαι, ὡς τῶν μὲν κακῶν αἱ αἰσθήσεις
τὰς πληγὰς ἔχουσι μείζους, ἥττους δὲ τὰς γνώσεις τῆι πληγῆι
ἐκκρουομένας· νόσος γὰρ μᾶλλον ἔκπληξιν, ὑγίεια δὲ ἠρέμα συνοῦσα
μᾶλλον ἂν σύνεσιν δοίη αὑτῆς· προσίζει γὰρ ἅτε οἰκεῖον καὶ ἑνοῦται· ἣ
δ᾽ ἔστιν ἀλλότριον καὶ οὐκ οἰκεῖον, καὶ ταύτηι διάδηλος τῶι σφόδρα
ἕτερον ἡμῶν εἶναι δοκεῖν. Τὰ δὲ ἡμῶν καὶ ἡμεῖς ἀναίσθητοι· οὕτω δ᾽
ὄντες μάλιστα πάντων ἐσμὲν αὑτοῖς συνετοὶ τὴν ἐπιστήμην ἡμῶν καὶ
ἡμᾶς ἓν πεποιηκότες. Κἀκεῖ τοίνυν, ὅτε μάλιστα ἴσμεν κατὰ νοῦν,
ἀγνοεῖν δοκοῦμεν, τῆς αἰσθήσεως ἀναμένοντες τὸ πάθος, ἥ φησι μὴ
ἑωρακέναι· οὐ γὰρ εἶδεν οὐδ᾽ ἂν τὰ τοιαῦτά ποτε ἴδοι. Τὸ οὖν ἀπιστοῦν
ἡ αἴσθησίς ἐστιν, ὁ δὲ ἄλλος ἐστὶν ὁ ἰδών· ἤ, εἰ ἀπιστοῖ κἀκεῖνος, οὐδ᾽
ἂν αὐτὸν πιστεύσειεν εἶναι· οὐδὲ γὰρ οὐδ᾽ αὐτὸς δύναται ἔξω θεὶς
ἑαυτὸν ὡς αἰσθητὸν ὄντα ὀφθαλμοῖς τοῖς τοῦ σώματος βλέπειν.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 208
220
Conceito-base da doutrina de Agostinho.
221
Platão, Politeia 516e: Τὰς δὲ δὴ σκιὰς ἐκείνας πάλιν εἰ δέοι αὐτὸν γνωματεύοντα
διαμιλλᾶσθαι τοῖς ἀεὶ δεσμώταις ἐκείνοις ... (e se precisasse de novo formular um
juízo sobre aquelas sombras para disputar com aqueles que sempre foram prisioneiros
...).
222
Teorização da identificação de sujeito e objeto em conexão com a ideia de beleza.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 209
12. Ἀλλὰ εἴρηται, πῶς ὡς ἕτερος δύναται τοῦτο ποιεῖν, καὶ πῶς ὡς
αὐτός. Ἰδὼν δή, εἴτε ὡς ἕτερος, εἴτε ὡς μείνας αὐτός, τί ἀπαγγέλλει; Ἢ
θεὸν ἑωρακέναι τόκον ὠδίνοντα καλὸν καὶ πάντα δὴ ἐν αὑτῶι
γεγεννηκότα καὶ ἄλυπον ἔχοντα τὴν ὠδῖνα ἐν αὑτῶι· ἡσθεὶς γὰρ οἷς
ἐγέννα καὶ ἀγασθεὶς τῶν τόκων κατέσχε πάντα παρ᾽ αὐτῶι τὴν αὐτοῦ
καὶ τὴν αὐτῶν ἀγλαίαν ἀσμενίσας· ὁ δὲ καλῶν ὄντων καὶ καλλιόνων
τῶν εἰς τὸ εἴσω μεμενηκότων μόνος ἐκ τῶν ἄλλων [Ζεὺς] παῖς ἐξεφάνη
εἰς τὸ ἔξω. Ἀφ᾽ οὗ καὶ ὑστάτου παιδὸς ὄντος ἔστιν ἰδεῖν οἷον ἐξ εἰκόνος
τινὸς αὐτοῦ, ὅσος ὁ πατὴρ ἐκεῖνος καὶ οἱ μείναντες παρ᾽ αὐτῶι ἀδελφοί.
Ὁ δὲ οὔ φησι μάτην ἐλθεῖν παρὰ τοῦ πατρός· εἶναι γὰρ δεῖ αὐτοῦ ἄλλον
κόσμον γεγονότα καλόν, ὡς εἰκόνα καλοῦ· μηδὲ γὰρ εἶναι θεμιτὸν
εἰκόνα καλὴν μὴ εἶναι μήτε καλοῦ μήτε οὐσίας. Μιμεῖται δὴ τὸ
ἀρχέτυπον πανταχῆι· καὶ γὰρ ζωὴν ἔχει καὶ τὸ τῆς οὐσίας, ὡς μίμημα,
καὶ τὸ κάλλος εἶναι, ὡς ἐκεῖθεν· ἔχει δὲ καὶ τὸ ἀεὶ αὐτοῦ, ὡς εἰκών· ἢ
ποτὲ μὲν ἕξει εἰκόνα, ποτὲ δὲ οὔ, οὐ τέχνηι γενομένης τῆς εἰκόνος.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 210
12. Mas está dito, como que sendo diferente é capaz de fazer isso, e
como que sendo ele mesmo223. Tendo visto de fato, seja como diferente
seja como tendo permanecido ele mesmo, o que anuncia? Certamente
[anuncia] ter visto um deus em trabalho de parto de um belo filho e que
na verdade gerou tudo em si mesmo, sem dor, tendo o trabalho de parto
em si mesmo; pois tendo-se alegrado com os que gerou e tendo-se
admirado dos filhos manteve tudo junto a si, satisfeito pelo esplendor
de si mesmo e pelo deles; e aquele [filho] dentre os que são belos e mais
belos que permaneceram para o interior, único dentre os outros, Zeus
criança revelou-se para o exterior. A partir do qual mesmo sendo último
filho224 é possível ver desde certa imagem sua quão grande é aquele pai
e os irmãos que permanecem junto a ele. O filho diz não ser em vão ir
para longe do pai; pois é preciso ser dele um cosmo diverso que veio a
ser belo, como imagem do belo; pois não pode ser lícito imagem bela
não ser nem do belo nem da essência225. De fato [essa imagem] imita o
223
Por alteridade e por identidade.
224
Hesíodo, Teogonia 478: ὁππότ’ ἄρ’ ὁπλότατον παίδων ἤμελλε τεκέσθαι, Ζῆνα
μέγαν (quando [Rea] ia parir o mais armado dos filhos, o grande Zeus).
225
Urano, Cronos e Zeus são interpretados como alegorias simbólicas das três
hipóstases: Uno, Inteligência e Alma. Portanto a mutilação de Urano por Cronos
simboliza a separação do Céu e da Terra, que se interpreta aqui como a transcendência
do Uno em relação à Inteligência; Cronos encadeado por Zeus simboliza a Inteligência
delimitada pela Alma. (Apud Reale, p. 1372, nota 60).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 211
arquétipo por toda parte; pois também tem vida e o que é da essência,
como produto de imitação, para haver também o belo como o de lá; e
tem também o que é sempre desse [arquétipo], como imagem; ou ora
terá imagem, ora não, porque não por arte veio a ser a imagem226. E
toda imagem é por natureza, quanto o arquétipo permanecer. Por isso
não estão corretos os que, o inteligível permanecendo, destroem e
geram [essa imagem] assim, de modo a fazê-lo em algum momento,
porque o criador decidiu. Pois qualquer que seja o modo dessa criação,
não querem compreender nem sabem227 que, enquanto aquele
[inteligível] brilha, jamais as coisas diversas se perdem, mas desde o
que é, também são essas coisas, e [ele] era sempre e será. Pois deve-se
se servir desses nomes por necessidade de querer significar.
13. Ὁ οὖν θεὸς ὁ εἰς τὸ μένειν ὡσαύτως δεδεμένος καὶ συγχωρήσας τῶι
παιδὶ τοῦδε τοῦ παντὸς ἄρχειν – οὐ γὰρ ἦν αὐτῶι πρὸς τρόπου τὴν ἐκεῖ
ἀρχὴν ἀφέντι νεωτέραν αὐτοῦ καὶ ὑστέραν μεθέπειν κόρον ἔχοντι τῶν
καλῶν – ταῦτ᾽ ἀφεὶς ἔστησέ τε τὸν αὐτοῦ πατέρα εἰς ἑαυτόν, καὶ μέχρις
αὐτοῦ πρὸς τὸ ἄνω· ἔστησε δ᾽ αὖ καὶ τὰ εἰς θάτερα ἀπὸ τοῦ παιδὸς
ἀρξάμενα εἶναι μετ᾽ αὐτόν, ὥστε μεταξὺ ἀμφοῖν γενέσθαι τῆι τε
ἑτερότητι τῆς πρὸς τὸ ἄνω ἀποτομῆς καὶ τῶι ἀνέχοντι ἀπὸ τοῦ μετ᾽
αὐτὸν πρὸς τὸ κάτω δεσμῶι, μεταξὺ ὢν πατρός τε ἀμείνονος καὶ
ἥττονος υἱέος. Ἀλλ᾽ ἐπειδὴ ὁ πατὴρ αὐτῶι μείζων ἢ κατὰ κάλλος ἦν,
πρώτως αὐτὸς ἔμεινε καλός, καίτοι καλῆς καὶ τῆς ψυχῆς οὔσης· ἀλλ᾽
ἔστι καλλίων καὶ ταύτης, ὅτι ἴχνος αὐτῆι αὐτοῦ, καὶ τούτωι ἐστὶ καλὴ
μὲν τὴν φύσιν, καλλίων δέ, ὅταν ἐκεῖ βλέπηι. Εἰ οὖν ἡ ψυχὴ ἡ τοῦ
παντός, ἵνα γνωριμώτερον λέγωμεν, καὶ ἡ Ἀφροδίτη αὐτὴ καλή, τίς
ἐκεῖνος; Εἰ μὲν γὰρ παρ᾽ αὐτῆς, πόσον ἂν εἴη ἐκεῖνο; Εἰ δὲ παρ᾽ ἄλλου,
226
Essa imitação do arquétipo tem vida e essência, o que a faz eterna, e isso não seria
possível através da arte.
227
Referência aos gnósticos.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 212
παρὰ τίνος ψυχὴ καὶ τὸ ἐπακτὸν καὶ τὸ συμφυὲς τῆι οὐσίαι αὐτῆς
κάλλος ἔχει; Ἐπεὶ καί, ὅταν καὶ αὐτοὶ καλοί, τῶι αὑτῶν εἶναι, αἰσχροὶ
δὲ ἐπ᾽ ἄλλην μεταβαίνοντες φύσιν· καὶ γινώσκοντες μὲν ἑαυτοὺς καλοί,
αἰσχροὶ δὲ ἀγνοοῦντες. Ἐκεῖ οὖν κἀκεῖθεν τὸ καλόν. Ἆρ᾽ οὖν ἀρκεῖ τὰ
εἰρημένα εἰς ἐναργῆ σύνεσιν ἀγαγεῖν τοῦ νοητοῦ τόπου, ἢ κατ᾽ ἄλλην
ὁδὸν πάλιν αὖ δεῖ ἐπελθεῖν ὧδε;
13. Então o deus, estando amarrado para permanecer dessa forma, tendo
concedido ao filho governar este todo – pois não era possível para ele,
em razão do modo, ao deixar o governo dali, perseguir um [governo]
mais jovem e posterior a ele, porque tem saciedade das coisas belas228
– tendo deixado essas coisas, estabeleceu seu o pai em si mesmo, [tendo
ido] até ele na parte superior; e estabeleceu por sua vez para as outras
que começam a partir do filho ser depois dele, de modo a vir a ser no
intervalo de ambos: entre a alteridade do corte na parte superior e o laço
que o mantém afastado do que é depois dele na parte inferior, sendo
entre um pai superior e um filho inferior. Mas enquanto o pai por si
mesmo era maior do que [algo] segundo a beleza, primeiramente ele
permaneceu belo, ainda que bela também fosse a alma; mas ele é mais
belo do que essa, porque há marca dele nela, e por isso é bela por
natureza, e mais bela, quando olhe para lá229. Então se a alma que é do
todo é bela, e para que digamos mais claramente, a própria Afrodite,
quem é aquele [pai]? Pois [a beleza] se for de sua própria parte, quão
grande seria aquela [beleza]? E se for de parte diversa, da parte de que
a alma tem beleza tanto importável quanto conatural à sua essência?
Uma vez que, quando nós mesmos sejamos belos, é por ser de nossa
natureza, e quando feios, é por termos mudado para natureza diversa;
228
O que tem saciedade do belo não admite administrar algo inferior.
229
Enéada III 5 2.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 213
230
Platão, Fedro 279b: Ὦ φίλε Πάν τε καὶ ἄλλοι ὅσοι τῇδε θεοί, δοίητέ μοι καλῷ
γενέσθαι τἄνδοθεν· ἔξωθεν δὲ ὅσα ἔχω, τοῖς ἐντὸς (c) εἶναί μοι φίλια (Caro Pan e
outros deuses quantos sejam aqui, concedei-me ser belo quanto ao meu interior; e
quanto eu tenha externamente seja em consonância com o que me é interno).
231
Platão, Politeia 508c: ... ὃν τἀγαθὸν ἐγέννησεν ἀνάλογον ἑαυτῷ, ὅτιπερ αὐτὸ (c)
ἐν τῷ νοητῷ τόπῳ πρός τε νοῦν καὶ τὰ νοούμενα ... (... que o bem gerou análogo a si
mesmo, o que quer que seja isso no lugar inteligível em relação à inteligência e às
coisas inteligíveis ...); 517b: τὴν δὲ ἄνω ἀνάβασιν καὶ θέαν τῶν ἄνω τὴν εἰς τὸν νοητὸν
τόπον τῆς ψυχῆς ἄνοδον τιθεὶς οὐχ ἁμαρτήσῃ τῆς γ’ ἐμῆς (5) ἐλπίδος (tendo posto
que a subida ao mundo superior e a contemplação das coisas de lá como o caminho
de volta da alma para o lugar inteligível, não te desviarias de minha esperança).
232
Enéada V 5.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 214
Livro IX
Introdução
V 9 (5)
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 215
jovens, produzido pela natureza; mas esse eros não se presta à beleza
corpórea, pois ele é sublime, filho de Afrodite Urânia ou Celeste, e está
para a inteligência, como esta está para o bem. O que nos leva a ele é a
razão (λόγος) que se desenvolve na alma, criando figuras (μορφαί) belas
desde o fundamento das formas (εἴδη). Se transpusermos isso à criação
do cosmo, veremos que é realmente a Inteligência seu criador, mas
através da Alma, que usa inteligência como provedor de formas que irão
ser racionalizadas pela alma do cosmo nos elementos e pelas almas
individuais em suas criações, tal como um artista produz uma obra
racionalizando a forma em figura que já tem em si. A alma recebe luz
verdadeira e passa ao corpo do cosmo como simulacro e imitação
(εἴδωλα καὶ μιμήματα). Assim o que é realmente e a verdadeira essência
é a natureza da alma, que é simples; ao contrário disso são todas as
coisas criadas na natureza ou pela arte, porque se podem decompor em
seus elementos combinados. Mas a matéria se apresenta com uma
configuração, que não é dela, uma vez que ela não tem figura; então a
alma cria dando figura à matéria porque recebeu as formas da parte da
inteligência, que as fornece como quem supre uma necessidade; essas
formas recebidas do inteligível são racionalizadas pela alma natural do
cosmo e pelas almas individuais dos homens para dar figura à matéria
amorfa. Mas como a alma não é o primeiro princípio, é preciso
considerar que ela provém de algum lugar, criada por alguma
inteligência; de fato é a inteligência em si que a cria, e esta cria a alma
do cosmo segundo seu paradigma, portanto ela é fora do cosmo e cria
uma alma no cosmo, ou melhor, que contém e administra o cosmo e que
contém todas as razões seminais dos seres que habitam este todo. O
princípio que criou a alma primeira é o pai que cria o filho e o
aperfeiçoa, o filho imita o pai em contemplação e cria os seres mortais
e imortais na matéria, assim se completa o ciclo da vida. No mundo
sensível há figuras porque a alma racionaliza as formas inteligíveis, ou
seja, há necessidade de algo diverso para sua existência, por isso não é
o mundo do que é, mas do que vem a ser; a matéria toma forma através
SUMÁRIO
P l o t i n o | 216
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 217
cada parte tem função específica, como mãos e pés; é como o gênero
que contém as espécies, ou o todo que contém as partes. Portanto todas
as razões possuem um só centro, com raios diferentes. Daí poder-se-ia
dizer que as formas inteligíveis são produtos do pensamento, mas isso
é errado, pois é preciso ser algo antes de algo ser pensado. As coisas
sensíveis estão para a opinião, as inteligíveis, para a inteligência, assim
as primeiras nessa ordem de cima para baixo são conhecimento
(ἐπιστήμη), depois reflexão (διάνοια); numa ordem secundária vem a fé
(πίστις) e a imaginação (εἰκασία), as duas primeiras estão para a
inteligência, as outras duas para a opinião. A inteligência não depende
nem de seu próprio pensamento para que tudo exista, pois isso são
impressões da alma. Quando pensamos precisamos partilhar tudo, como
se tudo pudesse ser partilhado, mas a natureza do inteligível é diferente
da natureza do sensível, pois nossa inteligência é partilhável e partilha
tudo para compreender, mas aquela do inteligível não é partilhável nem
precisa partilhar algo; de modo que, por ser inteligível, a forma (εἶδος)
é a própria ideia (ἰδέα), e isso tudo é inteligência, inteira no geral e
individual no particular; isso é um conceito-chave nas Enéadas. Nada
separa a inteligência, uma vez que ela não precisa de nada.
Intuitivamente pensamos que o ser deva ser anterior à inteligência, mas
se as coisas que são jazem no que pensa, a inteligência ao agir pensando
cumpre a geração das coisas que são, sendo atividade e ato de pensar a
mesma coisa. Assim o que é é em atividade, e atividade é ato de pensar;
tudo isso é inteligência que se apresenta como forma, produto do
pensar. A razão seminal que produz todas as coisas é na inteligência, e
nada se interpõe entre a racionalização da forma inteligível e sua
configuração na matéria, que não tem figura. Ao partilharmos a forma,
racionaliza-se homem, sol e tudo que podemos perceber. O modelo
ideal, o arquétipo, está na inteligência, por isso, nesse processo de
potência indefinível e inevitável, um único vivente vem a ser, que
contém todas as formas de vida. No inteligível tudo é em ato, nada é em
potência, o que significa que não há separações, assim a qualidade é em
SUMÁRIO
P l o t i n o | 218
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 219
θʹ
SUMÁRIO
P l o t i n o | 220
ἐνταῦθα ἀχλύος καὶ ἔμεινεν ἐκεῖ τὰ τῆιδε ὑπεριδὸν πάντα ἡσθὲν τῶι
τόπωι ἀληθινῶι καὶ οἰκείωι ὄντι, ὥσπερ ἐκ πολλῆς πλάνης εἰς πατρίδα
εὔνομον ἀφικόμενος ἄνθρωπος.
V, 9 (5)
SOBRE A INTELIGÊNCIA E AS IDEIAS
E SOBRE O QUE É
233
Platão, Fédon 81b: Ἐὰν δέ γε οἶμαι μεμιασμένη καὶ ἀκάθαρτος τοῦ σώματος
ἀπαλλάττηται ... (caso, creio, esteja contaminada e impura quando se liberar do corpo
...).
234
Epicuristas.
235
Estoicos.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 221
2. Τίς οὖν οὗτος ὁ τόπος; Καὶ πῶς ἄν τις εἰς αὐτὸν ἀφίκοιτο; Ἀφίκοιτο
μὲν ἂν ὁ φύσει ἐρωτικὸς καὶ ὄντως τὴν διάθεσιν ἐξ ἀρχῆς φιλόσοφος,
ὠδίνων μέν, ἅτε ἐρωτικός, περὶ τὸ καλόν, οὐκ ἀνασχόμενος δὲ τοῦ ἐν
σώματι κάλλους, ἀλλ᾽ ἔνθεν ἀναφυγὼν ἐπὶ τὰ τῆς ψυχῆς κάλλη,
ἀρετὰς καὶ ἐπιστήμας καὶ ἐπιτηδεύματα καὶ νόμους, πάλιν αὖ
ἐπαναβαίνει ἐπὶ τὴν τῶν ἐν ψυχῆι καλῶν αἰτίαν, καὶ εἴ τι πάλιν αὖ πρὸ
τούτου, ἕως ἐπ᾽ ἔσχατον ἥκηι τὸ πρῶτον, ὃ παρ᾽ αὐτοῦ καλόν. Ἔνθα
καὶ ἐλθὼν ὠδῖνος παύσεται, πρότερον δὲ οὔ. Ἀλλὰ πῶς ἀναβήσεται, καὶ
πόθεν ἡ δύναμις αὐτῶι, καὶ τίς λόγος τοῦτον τὸν ἔρωτα
παιδαγωγήσεται; Ἢ ὅδε· τοῦτο τὸ κάλλος τὸ ἐπὶ τοῖς σώμασιν ἐπακτόν
ἐστι τοῖς σώμασι· μορφαὶ γὰρ αὗται σωμάτων ὡς ἐπὶ ὕληι αὐτοῖς.
236
Stoicorum Veterum Fragmenta III 23; 64; 118. Plutarchus, De Stoicorum
repugnantiis: τάχα γὰρ ἀγαθοῦ αὐτῆς ἀπολειπομένης τέλους δὲ μή, τῶν δὲ δι’ αὑτῶν
αἱρετῶν ὄντος καὶ τοῦ καλοῦ, σῴζοιμεν ἂν τὴν δικαιοσύνην ... (pois talvez o prazer
sendo deixado como um bem, mas não como um fim, sendo o belo dentre as coisas
que se podem escolher por si mesmas, salvaríamos o sentimento de justiça ...).
237
Platão, Fédon 82 a-b: Οὐκοῦν εὐδαιμονέστατοι, ἔφη, καὶ τούτων εἰσὶ καὶ εἰς (10)
βέλτιστον τόπον ἰόντες οἱ τὴν δημοτικὴν καὶ πολιτικὴν (b) ἀρετὴν ἐπιτετηδευκότες,
ἣν δὴ καλοῦσι σωφροσύνην τε καὶ δικαιοσύνην, ἐξ ἔθους τε καὶ μελέτης γεγονυῖαν
ἄνευ φιλοσοφίας τε καὶ νοῦ; (Então, dizia, os mais felizes dentre esses são os que vão
ao melhor lugar, que se ocuparam da virtude cívica e política, que chamam sensatez e
sentimento de justiça, desde hábito e esforço nascido sem filosofia e sem
inteligência?).
238
Homero, Odisseia V 37: πέμψουσιν δ’ ἐν νηῒ φίλην ἐς πατρίδα γαῖαν (e o enviarão
em nau à querida terra pátria).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 222
239
Enéada I 3, 1.
240
Enéada I 6. Platão, Fedro 248d: ἀλλὰ τὴν μὲν πλεῖστα ἰδοῦσαν εἰς γονὴν ἀνδρὸς
γενησομένου φιλοσόφου ἢ φιλοκάλου ἢ μουσικοῦ τινος καὶ ἐρωτικοῦ (mas a alma
que viu melhor [se implantará] na geração de homem que há de vir a ser filósofo ou
amante do belo ou algum músico e que tem eros); Simpósio 210b: μετὰ δὲ ταῦτα τὸ
ἐν ταῖς ψυχαῖς κάλλος τιμιώτερον ἡγήσασθαι τοῦ ἐν τῷ σώματι (depois disso a beleza
nas almas será considerada mais valiosa do que aquela no corpo).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 223
corpos são como em matéria para eles. Muda então o que subjaz e de
belo vem a ser feio. É por participação portanto, diz a razão. Então que
é que faz belo o corpo? Por um lado há presença da beleza, por outro há
alma, que modelou e lançou tal figura. Por quê, então? Alma de si
mesma é algo belo? Certamente não é. Pois não haveria uma moderada
e bela, e outra imoderada e feia. Por moderação portanto é o belo acerca
da alma. Mas quem é o que dá moderação à alma? Certamente é
inteligência necessariamente, e inteligência não uma vez inteligência, e
outra sem inteligência241, mas a que é verdadeira. Portanto de si mesma
é bela. E qual dos dois: é preciso pôr-se aqui como primeiro princípio,
ou é preciso ir além da inteligência, inteligência que em relação a nós
se pôs antes do primeiro princípio, como no vestíbulo do bem242
declarando todas as coisas em si mesma, como marca daquele bem mais
em múltiplo, ele permanecendo totalmente no uno243?
241
Aristóteles, Da alma III 5, 430a22: [τὸ δ’ αὐτό ἐστιν ἡ κατ’ ἐνέργειαν ἐπιστήμη τῷ
πράγματι· ἡ δὲ (20) κατὰ δύναμιν χρόνῳ προτέρα ἐν τῷ ἑνί, ὅλως δὲ οὐδὲ χρόνῳ, ἀλλ’
οὐχ ὁτὲ μὲν νοεῖ ὁτὲ δ’ οὐ νοεῖ.] χωρισθεὶς δ’ ἐστὶ μόνον τοῦθ’ ὅπερ ἐστί, καὶ τοῦτο
μόνον ἀθάνατον καὶ ἀΐδιον. (O conhecimento segundo atividade é o mesmo que a
coisa feita; o que é segundo potência é anterior em tempo no uno, mas de modo geral
não é em tempo: não é ora pensa, ora não pensa. Somente quando foi separado ele é
o que é, e apenas ele é imortal e eterno).
242
Platão, Filebo 64c: Ἆρ’ οὖν ἐπὶ μὲν τοῖς τοῦ ἀγαθοῦ νῦν ἤδη προθύροις [καὶ] τῆς
οἰκήσεως ἐφεστάναι [τῆς τοῦ τοιούτου] λέγοντες ἴσως ὀρθῶς ἄν τινα τρόπον φαῖμεν;
(Por acaso diríamos de certo modo estar diante do vestíbulo do bem e de sua habitação,
dizendo talvez de modo correto?).
243
Platão, Timeu 37d: εἰκὼ δ’ ἐπενόει κινητόν τινα αἰῶνος ποιῆσαι, καὶ διακοσμῶν
(5) ἅμα οὐρανὸν ποιεῖ μένοντος αἰῶνος ἐν ἑνὶ κατ’ ἀριθμὸν ἰοῦσαν αἰώνιον εἰκόνα,
τοῦτον ὃν δὴ χρόνον ὠνομάκαμεν (e pensava criar certa imagem móvel do eterno, e
ordenando o céu, enquanto permanece a eternidade, cria em conjunto uma imagem
eterna que vai segundo o número no uno).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 224
ἄλλην ὁδὸν ἰόντας, ὅτι δεῖ εἶναί τινα τοιαύτην. Ἴσως μὲν οὖν γελοῖον
ζητεῖν, εἰ νοῦς ἐστιν ἐν τοῖς οὖσι· τάχα δ᾽ ἄν τινες καὶ περὶ τούτου
διαμφισβητοῖεν. Μᾶλλον δέ, εἰ τοιοῦτος, οἷόν φαμεν, καὶ εἰ χωριστός
τις, καὶ εἰ οὗτος τὰ ὄντα καὶ ἡ τῶν εἰδῶν φύσις ἐνταῦθα, περὶ οὗ καὶ τὰ
νῦν εἰπεῖν πρόκειται. Ὁρῶμεν δὴ τὰ λεγόμενα εἶναι πάντα σύνθετα καὶ
ἁπλοῦν αὐτῶν οὐδὲ ἕν, ἅ τε τέχνη ἐργάζεται ἕκαστα, ἅ τε συνέστηκε
φύσει. Τά τε γὰρ τεχνητὰ ἔχει χαλκὸν ἢ ξύλον ἢ λίθον καὶ παρὰ τούτων
οὔπω τετέλεσται, πρὶν ἂν ἡ τέχνη ἑκάστη ἡ μὲν ἀνδριάντα, ἡ δὲ κλίνην,
ἡ δὲ οἰκίαν ἐργάσηται εἴδους τοῦ παρ᾽ αὑτῆι ἐνθέσει. Καὶ μὴν καὶ τὰ
φύσει συνεστῶτα τὰ μὲν πολυσύνθετα αὐτῶν καὶ συγκρίματα
καλούμενα ἀναλύσεις εἰς τὸ ἐπὶ πᾶσι τοῖς συγκριθεῖσιν εἶδος· οἷον
ἄνθρωπον εἰς ψυχὴν καὶ σῶμα, καὶ τὸ σῶμα εἰς τὰ τέσσαρα. Ἕκαστον
δὲ τούτων σύνθετον εὑρὼν ἐξ ὕλης καὶ τοῦ μορφοῦντος – ὕλη γὰρ παρ᾽
αὑτῆς ἡ τῶν στοιχείων ἄμορφος – ζητήσεις τὸ εἶδος ὅθεν τῆι ὕληι.
Ζητήσεις δ᾽ αὖ καὶ τὴν ψυχὴν πότερα τῶν ἁπλῶν ἤδη, ἢ ἔνι τι ἐν αὐτῆι
τὸ μὲν ὡς ὕλη, τὸ δὲ εἶδος, ὁ νοῦς ὁ ἐν αὐτῆι, ὁ μὲν ὡς ἡ ἐπὶ τῶι χαλκῶι
μορφή, ὁ δὲ οἷος ὁ τὴν μορφὴν ἐν τῶι χαλκῶι ποιήσας. Τὰ αὐτὰ δὲ
ταῦτα καὶ ἐπὶ τοῦ παντὸς μεταφέρων τις ἀναβήσεται καὶ ἐνταῦθα ἐπὶ
νοῦν ποιητὴν ὄντως καὶ δημιουργὸν τιθέμενος, καὶ φήσει τὸ
ὑποκείμενον δεξάμενον μορφὰς τὸ μὲν πῦρ, τὸ δὲ ὕδωρ, τὸ δὲ ἀέρα καὶ
γῆν γενέσθαι, τὰς δὲ μορφὰς ταύτας παρ᾽ ἄλλου ἥκειν· τοῦτο δὲ εἶναι
ψυχήν· ψυχὴν δὲ αὖ καὶ ἐπὶ τοῖς τέτρασι τὴν κόσμου μορφὴν δοῦναι·
ταύτηι δὲ νοῦν χορηγὸν τῶν λόγων γεγονέναι, ὥσπερ καὶ ταῖς τῶν
τεχνιτῶν ψυχαῖς παρὰ τῶν τεχνῶν τοὺς εἰς τὸ ἐνεργεῖν λόγους· νοῦν δὲ
τὸν μὲν ὡς εἶδος τῆς ψυχῆς, τὸν κατὰ τὴν μορφήν, τὸν δὲ τὸν τὴν
μορφὴν παρέχοντα ὡς τὸν ποιητὴν τοῦ ἀνδριάντος, ὧι πάντα
ἐνυπάρχει, ἃ δίδωσιν. Ἐγγὺς μὲν ἀληθείας, ἃ δίδωσι ψυχῆι· ἃ δὲ τὸ
σῶμα δέχεται, εἴδωλα ἤδη καὶ μιμήματα.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 225
desse tipo. Então talvez seja ridículo buscar se inteligência é nas coisas
que são; logo alguns também debateriam acerca disso. Ou melhor, se
ela é tal qual dizemos, se é algo separável, se ela e a natureza das formas
dali estão para as coisas que são, acerca de que se propõe dizer as coisas
agora244. Vemos de fato que todas as coisas ditas são compostas e
nenhuma só delas é simples, cada uma que a arte elabora e que se
constituiu por natureza; pois as artificiais têm bronze ou madeira ou
pedra e da parte dessas coisas de modo algum estão completas, antes
que cada arte elabore, uma uma estátua, outra uma cama, outra uma
casa, por imposição da forma que é da parte da arte. E além disso as que
estão por natureza compostas, as que se chamam compostas de muitas
delas e combinadas, decomporás até a forma em todos [os elementos]
que foram combinados; tal que homem [decomporás] até alma e corpo,
e o corpo, até os quatro elementos. E encontrando cada composto desses
desde a matéria e do que dá figura – pois de si mesma a matéria que é
dos elementos é sem figura – buscarás de onde é a forma para a matéria.
E ainda buscarás em relação à alma, se é já dos elementos simples, ou
há algo nela como matéria e como forma: a inteligência que é nela, que
é como a figura no bronze, e que é tal que o que cria a figura no
bronze245. Transportando essas mesmas coisas para [este] todo, alguém
subirá para lá, para a inteligência, que é realmente seu criador, pondo-a
como demiurgo, e dirá o que subjaz que recebe figuras que vêm a ser o
fogo, a água, o ar e terra, e que essas figuras chegam de princípio
244
Aristóteles, Da alma III 4, 429a10: Περὶ δὲ τοῦ μορίου τοῦ τῆς ψυχῆς ᾧ γινώσκει
τε ἡ ψυχὴ καὶ φρονεῖ, εἴτε χωριστοῦ ὄντος εἴτε μὴ χωριστοῦ κατὰ μέγεθος ἀλλὰ κατὰ
λόγον, σκεπτέον τίν’ ἔχει διαφοράν, καὶ πῶς ποτὲ γίνεται τὸ νοεῖν (acerca da parte da
alma com que a alma reconhece e é sensata, se ela é separável ou não separável em
grandeza, mas é em razão, deve-se examinar que diferença há e como então vem a ser
o pensar).
245
A matéria que se configura no bronze, e a forma que está no que cria a figura no
bronze.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 226
diverso, que é a alma; e que por sua vez a alma aplica a figura do cosmo
também sobre os quatro [elementos]; e que para essa alma a inteligência
veio a ser ‘corego’246 das razões, como também para as almas dos
artesãos, as razões para ser em atividade é da parte das artes; e
inteligência é como forma da alma: inteligência que é segundo a figura,
e inteligência que fornece a figura, como o criador da estátua, para o
qual é princípio tudo que ele dá247. E é perto da verdade o que [a
inteligência] dá à alma; o que o corpo recebe [da alma] são já simulacros
e imitações248.
4. Διὰ τί οὖν δεῖ ἐπὶ ψυχῆι ἀνιέναι, ἀλλ᾽ οὐκ αὐτὴν εἶναι τίθεσθαι τὸ
πρῶτον; Ἢ πρῶτον μὲν νοῦς ψυχῆς ἕτερον καὶ κρεῖττον· τὸ δὲ κρεῖττον
φύσει πρῶτον. Οὐ γὰρ δή, ὡς οἴονται, ψυχὴ νοῦν τελεωθεῖσα γεννᾶι·
πόθεν γὰρ τὸ δυνάμει ἐνεργείαι ἔσται, μὴ τοῦ εἰς ἐνέργειαν ἄγοντος
αἰτίου ὄντος; Εἰ γὰρ κατὰ τύχην, ἐνδέχεται μὴ ἐλθεῖν εἰς ἐνέργειαν. Διὸ
δεῖ τὰ πρῶτα ἐνεργείαι τίθεσθαι καὶ ἀπροσδεᾶ καὶ τέλεια· τὰ δὲ ἀτελῆ
ὕστερα ἀπ᾽ ἐκείνων, τελειούμενα δὲ παρ᾽ αὐτῶν τῶν γεγεννηκότων
δίκην πατέρων τελειούντων, ἃ κατ᾽ ἀρχὰς ἀτελῆ ἐγέννησαν· καὶ εἶναι
μὲν ὕλην πρὸς τὸ ποιῆσαν τὸ πρῶτον, εἶτ᾽ αὐτὴν ἔμμορφον
ἀποτελεῖσθαι. Εἰ δὲ δὴ καὶ ἐμπαθὲς ψυχή, δεῖ δέ τι ἀπαθὲς εἶναι – ἢ
πάντα τῶι χρόνωι ἀπολεῖται – δεῖ τι πρὸ ψυχῆς εἶναι. Καὶ εἰ ἐν κόσμωι
ψυχή, ἐκτὸς δὲ δεῖ τι κόσμου εἶναι, καὶ ταύτηι πρὸ ψυχῆς δεῖ τι εἶναι.
Εἰ γὰρ τὸ ἐν κόσμωι τὸ ἐν σώματι καὶ ὕληι, οὐδὲν ταὐτὸν μενεῖ· ὥστε
ἄνθρωπος καὶ πάντες λόγοι οὐκ ἀίδιοι οὐδὲ οἱ αὐτοί. Καὶ ὅτι μὲν νοῦν
πρὸ ψυχῆς εἶναι δεῖ, ἐκ τούτων καὶ ἐξ ἄλλων πολλῶν ἄν τις θεωρήσειε.
246
Corego é aquele que mantém e paga as despesas do coro no teatro grego, tal qual
é a inteligência em relação à alma e as artes em relação ao artesão.
247
Enéada IV 4, 10-12.
248
Enéada III 8, 3 e 7.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 227
4. Por que é preciso retornar à alma, mas estabelecer que ela não é o
primeiro princípio? Certamente inteligência é o primeiro princípio,
porque é diferente e melhor do que a alma; e o que é melhor é primeiro
por natureza. Pois na verdade não é como pensam [alguns]249: alma
tendo-se completado gera inteligência; pois de onde o que é em potência
será em atividade, não havendo o causador que conduz à atividade? Pois
se é por sorte, aceita-se que não venha à atividade. Por isso é preciso
pôr as primeiras coisas em atividade tanto não necessitadas quanto
perfeitas; e as imperfeitas por último a aprtir daquelas [primeiras], e que
se aperfeiçoam da parte das mesmas que as geraram, ao modo dos pais
que aperfeiçoam as coisas que geraram imperfeitas de princípio; e estas
são matéria em relação ao primeiro que as criou, depois a matéria se
aperfeiçoa em figura. Portanto se alma é passível, é preciso haver algo
impassível – ou com o tempo tudo se perde – é preciso haver algo antes
da alma. E se alma é em cosmo, é preciso haver algo fora do cosmo, e
aí haver algo antes da alma. Pois se o que é em cosmo é em corpo e
matéria, nada permanece o mesmo; assim homens e todas as razões não
são perenes e os mesmos. E que é preciso haver inteligência antes de
alma, desde essas e muitas outras coisas alguém poderia considerar.
249
Stoicorum Veterum Fragmenta II 835: Jamblicus, De anima, apud Stobaeum, ecl.
I p. 327, 21 W. πάλιν τοίνυν περὶ τοῦ νοῦ καὶ πασῶν τῶν κρειτόνων δυνάμεων τῆς
ψυχῆς οἱ μὲν Στωϊκοὶ λέγουσι μὴ εὐθὺς ἐμφύεσθαι τὸν λόγον, ὕστερον δὲ
συναθροίζεσθαι ἀπὸ τῶν αἰσθήσεων καὶ φαντασιῶν περὶ δεκατέσσαρα ἔτη (portanto,
de novo acerca da inteligência e de todas as maiores potências da alma, os estoicos
dizem que a razão se implanta não diretamente, mas posteriormente se junta a partir
das sensações e fantasias, pelos catorze anos).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 228
ἃ νοεῖ. Εἰ γὰρ ἡ μὲν οὐσία αὐτοῦ ἄλλη, ἃ δὲ νοεῖ ἕτερα αὐτοῦ, αὐτὴ ἡ
οὐσία αὐτοῦ ἀνόητος ἔσται· καὶ δυνάμει, οὐκ ἐνεργείαι αὖ. Οὐ
χωριστέον οὖν οὐδέτερον ἀπὸ θατέρου. Ἔθος δὲ ἡμῖν ἀπὸ τῶν παρ᾽
ἡμῖν κἀκεῖνα ταῖς ἐπινοίαις χωρίζειν. Τί οὖν ἐνεργεῖ καὶ τί νοεῖ, ἵνα
ἐκεῖνα αὐτὸν ἃ νοεῖ θώμεθα; Ἢ δῆλον ὅτι νοῦς ὢν ὄντως νοεῖ τὰ ὄντα
καὶ ὑφίστησιν. Ἔστιν ἄρα τὰ ὄντα. Ἢ γὰρ ἑτέρωθι ὄντα αὐτὰ νοήσει,
ἢ ἐν αὑτῶι ὡς αὐτὸν ὄντα. Ἑτέρωθι μὲν οὖν ἀδύνατον· ποῦ γάρ; Αὑτὸν
ἄρα καὶ ἐν αὑτῶι. Οὐ γὰρ δὴ ἐν τοῖς αἰσθητοῖς, ὥσπερ οἴονται. Τὸ γὰρ
πρῶτον ἕκαστον οὐ τὸ αἰσθητόν· τὸ γὰρ ἐν αὐτοῖς εἶδος ἐπὶ ὕληι
εἴδωλον ὄντος, πᾶν τε εἶδος ἐν ἄλλωι παρ᾽ ἄλλου εἰς ἐκεῖνο ἔρχεται καί
ἐστιν εἰκὼν ἐκείνου. Εἰ δὲ καὶ ποιητὴν δεῖ εἶναι τοῦδε τοῦ παντός, οὐ
τὰ ἐν τῶι μήπω ὄντι οὗτος νοήσει, ἵνα αὐτὸ ποιῆι. Πρὸ τοῦ κόσμου ἄρα
δεῖ εἶναι ἐκεῖνα, οὐ τύπους ἀφ᾽ ἑτέρων, ἀλλὰ καὶ ἀρχέτυπα καὶ πρῶτα
καὶ νοῦ οὐσίαν. Εἰ δὲ λόγους φήσουσιν ἀρκεῖν, ἀιδίους δῆλον· εἰ δὲ
ἀιδίους καὶ ἀπαθεῖς, ἐν νῶι δεῖ εἶναι καὶ τοιούτωι καὶ προτέρωι ἕξεως
καὶ φύσεως καὶ ψυχῆς· δυνάμει γὰρ ταῦτα. Ὁ νοῦς ἄρα τὰ ὄντα ὄντως,
οὐχ οἷά ἐστιν ἄλλοθι νοῶν· οὐ γάρ ἐστιν οὔτε πρὸ αὐτοῦ οὔτε μετ᾽
αὐτόν· ἀλλὰ οἷον νομοθέτης πρῶτος, μᾶλλον δὲ νόμος αὐτὸς τοῦ εἶναι.
Ὀρθῶς ἄρα τὸ γὰρ αὐτὸ νοεῖν ἐστί τε καὶ εἶναι καὶ ἡ τῶν ἄνευ ὕλης
ἐπιστήμη ταὐτὸν τῶι πράγματι καὶ τὸ ἐμαυτὸν ἐδιζησάμην ὡς ἓν
τῶν ὄντων· καὶ αἱ ἀναμνήσεις δέ· οὐδὲν γὰρ ἔξω τῶν ὄντων οὐδ᾽ ἐν
τόπωι, μένει δὲ ἀεὶ ἐν αὐτοῖς μεταβολὴν οὐδὲ φθορὰν δεχόμενα· διὸ καὶ
ὄντως ὄντα. Ἢ γιγνόμενα καὶ ἀπολλύμενα ἐπακτῶι χρήσεται τῶι ὄντι,
καὶ οὐκέτ᾽ ἐκεῖνα ἀλλ᾽ ἐκεῖνο τὸ ὂν ἔσται. Τὰ μὲν δὴ αἰσθητὰ μεθέξει
ἐστὶν ἃ λέγεται τῆς ὑποκειμένης φύσεως μορφὴν ἰσχούσης ἄλλοθεν·
οἷον χαλκὸς παρὰ ἀνδριαντοποιικῆς καὶ ξύλον παρὰ τεκτονικῆς διὰ
εἰδώλου τῆς τέχνης εἰς αὐτὰ ἰούσης, τῆς δὲ τέχνης αὐτῆς ἔξω ὕλης ἐν
ταυτότητι μενούσης καὶ τὸν ἀληθῆ ἀνδριάντα καὶ κλίνην ἐχούσης.
Οὕτω δὴ καὶ ἐπὶ τῶν σωμάτων· καὶ τόδε πᾶν ἰνδαλμάτων μετέχον ἕτερα
αὐτῶν δείκνυσι τὰ ὄντα, ἄτρεπτα μὲν ὄντα ἐκεῖνα, αὐτὰ δὲ τρεπόμενα,
ἱδρυμένα τε ἐφ᾽ ἑαυτῶν, οὐ τόπου δεόμενα· οὐ γὰρ μεγέθη· νοερὰν δὲ
καὶ αὐτάρκη ἑαυτοῖς ὑπόστασιν ἔχοντα. Σωμάτων γὰρ φύσις σώιζεσθαι
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 229
250
Não se deve separar da inteligência nem a sua essência nem o que ela pensa.
251
Em nossa mente se separam sujeito e objeto, ou seja, essência e objeto do
pensamento.
252
Stoicorum Veterum Fragmenta II 88, Sextus Empiricus, Adversus Mathematicos
VIII 56: πᾶσα γὰρ νόησις ἀπὸ αἰσθήσεως γίνεται ἢ οὐ χωρὶς αἰσθήσεως, καὶ ἢ ἀπὸ
περιπτώσεως ἢ οὐκ ἄνευ περιπτώσεως (pois todo ato de pensar vem a ser a partir de
sensação ou não separadamente de sensação, e ou a partir de experimentação ou não
sem esperimentação).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 230
253
Platão, Timeu 28c: τὸν μὲν οὖν ποιητὴν καὶ πατέρα τοῦδε τοῦ παντὸς εὑρεῖν τε
ἔργον καὶ εὑρόντα εἰς πάντας ἀδύνατον λέγειν (achar o criador e pai deste todo dá
trabalho e, tendo achado, dizer a todos é impossível).
254
Stoicorum Veterum Fragmenta II 1013, Sextus Empiricus, Adversus Mathematicos
IX 81: ἡνωμένον τοίνυν ἐστὶ σῶμα καὶ ὁ κόσμος. ἀλλ’ ἐπεὶ τῶν ἡνωμένων σωμάτων
τὰ μὲν ὑπὸ ψιλῆς ἕξεως συνέχεται, τὰ δὲ ὑπὸ φύσεως, τὰ δὲ ὑπὸ ψυχῆς, καὶ ἕξεως μὲν
ὡς λίθοι καὶ ξύλα, φύσεως δὲ καθάπερ τὰ φυτά, ψυχῆς δὲ τὰ ζῷα, πάντως δὴ καὶ ὁ
κόσμος ὑπό τινος τούτων διακρατεῖται (Portanto o cosmo é uma soma unificada. Mas,
uma vez que as coisas se mantêm por pura condição dos corpos unificados, umas pela
natureza, outras pela alma, e mantidas por condição sejam pedras e madeira, por
natureza sejam como as plantas, por alma sejam os viventes, então no geral o cosmo
é dominado por alguma dessas).
255
Parmênides 28 B 3 Diels – Kranz: Ἀριστοφάνης ἔφη ‘δύναται γὰρ ἴσον τῶι δρᾶν
τὸ νοεῖν’ (Aristófanes dizia ‘é possível o pensar ser o mesmo que o agir’).
256
Heráclito 22 B 101 Diels – Kranz: ἐδιζησάμην ἐμεωυτόν (investiguei a mim
mesmo).
257
Platão, Mênon 81c: ὥστε οὐδὲν θαυμαστὸν καὶ περὶ ἀρετῆς καὶ περὶ ἄλλων οἷόν τ’
εἶναι αὐτὴν ἀναμνησθῆναι, ἅ γε καὶ πρότερον ἠπίστατο (assim não é nada admirável
que sobre virtude e outras coisas é possível ela ter anamnese, em relação a que
conhecia antes); Fédon 72e: εἰ ἀληθής ἐστιν, ὃν σὺ εἴωθας θαμὰ λέγειν, ὅτι ἡμῖν ἡ
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 231
μάθησις οὐκ ἄλλο τι ἢ ἀνάμνησις (5) τυγχάνει οὖσα (se é verdade o que tu costumas
dizer frequentemente, que que nosso aprendizado não é por acaso outra coisa que
anamnese); Fedro 249c: τοῦτο δ’ ἐστὶν ἀνάμνησις ἐκείνων ἅ ποτ’ εἶδεν ἡμῶν ἡ ψυχὴ
(isso é anamnese daquilo que antes nossa alma viu); Filebo 34b: Μνήμης δὲ
ἀνάμνησιν ἆρ’ οὐ διαφέρουσαν λέγομεν; (por acaso não dizemos que anamnese é
diferente de memória?).
258
O mundo sensível mantém uma figura pela racionalização da forma, que é de outra
parte, inteligível, com isso se dá a configuração na matéria, na natureza.
259
Aristóteles, Metafísica V 2, 1013b 6-9: οἷον τοῦ ἀνδριάντος καὶ ἡ
ἀνδριαντοποιητικὴ καὶ ὁ χαλκὸς οὐ καθ’ ἕτερόν τι ἀλλ’ ᾗ ἀνδριάς (tal que [causas] da
estátua é a arte de esculpir e o bronze, não segundo algo diferente, mas onde é estátua).
260
Platão, Politeia 597c: Ὁ μὲν δὴ θεός, εἴτε οὐκ ἐβούλετο, εἴτε τις ἀνάγκη ἐπῆν μὴ
(1) πλέον ἢ μίαν ἐν τῇ φύσει ἀπεργάσασθαι αὐτὸν κλίνην, οὕτως ἐποίησεν μίαν μόνον
αὐτὴν ἐκείνην ὅ ἐστιν κλίνη (de fato, deus, seja que não queria, seja que havia certa
necessidade de não haver mais do que uma na natureza, realizou uma cama, assim
criou uma só apenas, aquela mesma que é cama).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 232
6. Νοῦς μὲν δὴ ἔστω τὰ ὄντα, καὶ πάντα ἐν αὑτῶι οὐχ ὡς ἐν τόπωι ἔχων,
ἀλλ᾽ ὡς αὑτὸν ἔχων καὶ ἓν ὢν αὐτοῖς. Πάντα δὲ ὁμοῦ ἐκεῖ καὶ οὐδὲν
ἧττον διακεκριμένα. Ἐπεὶ καὶ ψυχὴ ὁμοῦ ἔχουσα πολλὰς ἐπιστήμας ἐν
ἑαυτῆι οὐδὲν ἔχει συγκεχυμένον, καὶ ἑκάστη πράττει τὸ αὑτῆς, ὅταν
δέηι, οὐ συνεφέλκουσα τὰς ἄλλας, νόημα δὲ ἕκαστον καθαρὸν ἐνεργεῖ
ἐκ τῶν ἔνδον αὖ νοημάτων κειμένων. Οὕτως οὖν καὶ πολὺ μᾶλλον ὁ
νοῦς ἐστιν ὁμοῦ πάντα καὶ αὖ οὐχ ὁμοῦ, ὅτι ἕκαστον δύναμις ἰδία. Ὁ
δὲ πᾶς νοῦς περιέχει ὥσπερ γένος εἴδη καὶ ὥσπερ ὅλον μέρη. Καὶ αἱ
τῶν σπερμάτων δὲ δυνάμεις εἰκόνα φέρουσι τοῦ λεγομένου· ἐν γὰρ τῶι
ὅλωι ἀδιάκριτα πάντα, καὶ οἱ λόγοι ὥσπερ ἐν ἑνὶ κέντρωι· καὶ ὧς ἐστιν
ἄλλος ὀφθαλμοῦ, ἄλλος δὲ χειρῶν λόγος τὸ ἕτερος εἶναι παρὰ τοῦ
γενομένου ὑπ᾽ αὐτοῦ αἰσθητοῦ γνωσθείς. Αἱ μὲν οὖν ἐν τοῖς σπέρμασι
δυνάμεις ἑκάστη αὐτῶν λόγος εἷς ὅλος μετὰ τῶν ἐν αὐτῶι
ἐμπεριεχομένων μερῶν τὸ μὲν σωματικὸν ὕλην ἔχει, οἷον ὅσον ὑγρόν,
αὐτὸς δὲ εἶδός ἐστι τὸ ὅλον καὶ λόγος ὁ αὐτὸς ὢν ψυχῆς εἴδει τῶι
γεννῶντι, ἥ ἐστιν ἴνδαλμα ψυχῆς ἄλλης κρείττονος. Φύσιν δέ τινες
αὐτὴν ὀνομάζουσιν τὴν ἐν τοῖς σπέρμασιν, ἣ ἐκεῖθεν ὁρμηθεῖσα ἀπὸ
τῶν πρὸ αὐτῆς, ὥσπερ ἐκ πυρὸς φῶς, ἤστραψέ τε καὶ ἐμόρφωσε τὴν
ὕλην οὐκ ὠθοῦσα οὐδὲ ταῖς πολυθρυλλήτοις μοχλείαις χρωμένη, δοῦσα
δὲ τῶν λόγων.
261
Anaxágoras 59 B 1 Diels – Kranz: ὁμοῦ πάντα χρήματα ἦν (todas as coisas eram
em conjunto).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 233
262
Stoicorum Veterum Fragmenta II 745, Philo Judaeus, De opificio mundi 67, 5: τὸ
σπέρμα τῶν ζῴων γενέσεως (5) ἀρχὴν εἶναι συμβέβηκε ... ἀλλ’ ὅταν εἰς τὴν μήτραν
καταβληθὲν στηρίσῃ, κίνησιν εὐθὺς λαβὸν εἰς φύσιν τρέπεται (a semente dos viventes
é por acidente princípio da geração ... mas quando, tendo sido lançada, fixa-se no
útero, ao tomar logo movimento volta-se em natureza).
263
Aristóteles, Física VIII 6, 259b 20: μεταβάλλει γὰρ τὸν τόπον τὸ σῶμα, ὥστε καὶ
τὸ ἐν τῷ σώματι ὂν καὶ τῇ μοχλείᾳ κινοῦν ἑαυτό (pois o corpo muda de lugar, como
o que é no corpo que se move por alavanca).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 234
264
Platão, Politeia 533e – 534a: Ἀρέσκει οὖν, ἦν δ’ ἐγώ, ὥσπερ τὸ πρότερον, τὴν
μὲν πρώτην μοῖραν ἐπιστήμην καλεῖν, δευτέραν δὲ διάνοιαν, τρίτην δὲ πίστιν καὶ
εἰκασίαν τετάρτην· καὶ συναμφότερα μὲν ταῦτα δόξαν, συναμφότερα δ’ ἐκεῖνα
νόησιν (então, basta, dizia eu, como anterior chamar a primeira moira de
conhecimento, a segunda de reflexão, a terceira de fé e de imaginação a quarta; estas
duas estão para a opinião, aquelas duas para o ato de pensar).
265
Aristóteles, Metafísica XII 7, 1072b 20: αὑτὸν δὲ νοεῖ ὁ νοῦς κατὰ μετάληψιν τοῦ
νοητοῦ· νοητὸς γὰρ (20) γίγνεται θιγγάνων καὶ νοῶν, ὥστε ταὐτὸν νοῦς καὶ νοητόν
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 235
estivesse à sua mão – pois essas são impressões da alma – mas está
firme em si mesma sendo em conjunto todas as coisas, não porque
pensou, para que cada coisa tenha hipóstase. Pois não é: quando ela
pensou deus, deus veio a ser, e nem quando pensou movimento,
movimento veio a ser. Daí também dizer que atos de pensar são as
formas266, se assim se diz que, de modo não correto, quando ela pensou,
isso veio a ser ou isso é; pois antes desse ato de pensar é preciso haver
o que é pensado. Ou como ela chegaria ao próprio ato de pensar? Pois
na verdade ela não é por contingência nem incide por acaso.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 236
267
A forma (εἶδος) é a própria ideia (ἰδέα).
268
Platão, Crátilo 396b: κόρον γὰρ σημαίνει οὐ παῖδα, ἀλλὰ τὸ καθαρὸν αὐτοῦ καὶ
ἀκήρατον τοῦ νοῦ (pois [Cronos] significa saciedade, não criança, mas é o que é puro
dele e não misturável da inteligência).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 237
9. Τίνα οὖν ἐστι τὰ ἐν ἑνὶ νῶι, ἃ νοοῦντες μερίζομεν ἡμεῖς; Δεῖ γὰρ αὐτὰ
ἠρεμοῦντα προφέρειν, οἷον ἐξ ἐπιστήμης ἐν ἑνὶ οὔσης ἐπιθεωρεῖν τὰ
ἐνόντα. Κόσμου δὴ τοῦδε ὄντος ζώιου περιεκτικοῦ ζώιων ἁπάντων καὶ
παρ᾽ ἄλλου ἔχοντος τὸ εἶναι καὶ τοιῶιδε εἶναι, παρ᾽ οὗ δέ ἐστιν εἰς νοῦν
ἀναγομένου, ἀναγκαῖον καὶ ἐν νῶι τὸ ἀρχέτυπον πᾶν εἶναι, καὶ κόσμον
νοητὸν τοῦτον τὸν νοῦν εἶναι, ὅν φησιν ὁ Πλάτων ἐν τῶι ὅ ἐστι ζῶιον.
Ὡς γὰρ ὄντος λόγου ζώιου τινός, οὔσης δὲ καὶ ὕλης τῆς τὸν λόγον τὸν
σπερματικὸν δεξαμένης, ἀνάγκη ζῶιον γενέσθαι, τὸν αὐτὸν τρόπον καὶ
φύσεως νοερᾶς καὶ πανδυνάμου οὔσης καὶ οὐδενὸς διείργοντος,
μηδενὸς ὄντος μεταξὺ τούτου καὶ τοῦ δέξασθαι δυναμένου, ἀνάγκη τὸ
μὲν κοσμηθῆναι, τὸ δὲ κοσμῆσαι. Καὶ τὸ μὲν κοσμηθὲν ἔχει τὸ εἶδος
μεμερισμένον, ἀλλαχοῦ ἄνθρωπον καὶ ἀλλαχοῦ ἥλιον· τὸ δὲ ἐν ἑνὶ
πάντα.
269
A essência e a matéria deste mundo são criações da Alma.
270
Platão, Timeu 33b: τῷ δὲ τὰ πάντα ἐν αὑτῷ ζῷα περιέχειν μέλλοντι ζῴῳ πρέπον
ἂν εἴη σχῆμα τὸ περιειληφὸς ἐν αὑτῷ πάντα ὁπόσα σχήματα (ao vivente que há de
envolver todos os viventes em si seria conveniente uma configuração que compreende
em si todas quantas são as configurações).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 238
10. Ὅσα μὲν οὖν ὡς εἴδη ἐν τῶι αἰσθητῶι ἐστι, ταῦτα ἐκεῖθεν· ὅσα δὲ
μή, οὔ. Διὸ τῶν παρὰ φύσιν οὐκ ἔστιν ἐκεῖ οὐδέν, ὥσπερ οὐδὲ τῶν παρὰ
τέχνην ἐστὶν ἐν ταῖς τέχναις, οὐδὲ ἐν τοῖς σπέρμασι χωλεία. Ποδῶν δὲ
χωλεία ἡ δὴ ἐν τῆι γενέσει οὐ κρατήσαντος λόγου, ἡ δὲ ἐκ τύχης λύμηι
τοῦ εἴδους. Καὶ ποιότητες δὴ σύμφωνοι καὶ ποσότητες, ἀριθμοί τε καὶ
μεγέθη καὶ σχέσεις, ποιήσεις τε καὶ πείσεις αἱ κατὰ φύσιν, κινήσεις τε
καὶ στάσεις καθόλου τε καὶ ἐν μέρει τῶν ἐκεῖ. Ἀντὶ δὲ χρόνου αἰών. Ὁ
δὲ τόπος ἐκεῖ νοερῶς τὸ ἄλλο ἐν ἄλλωι. Ἐκεῖ μὲν οὖν ὁμοῦ πάντων
ὄντων, ὅ τι ἂν λάβηις αὐτῶν, οὐσία καὶ νοερά, καὶ ζωῆς ἕκαστον
μετέχον, καὶ ταὐτὸν καὶ θάτερον, καὶ κίνησις καὶ στάσις, καὶ
κινούμενον καὶ ἑστώς, καὶ οὐσία καὶ ποιόν, καὶ πάντα οὐσία. Καὶ γὰρ
ἐνεργείαι, οὐ δυνάμει τὸ ὂν ἕκαστον· ὥστε οὐ κεχώρισται τὸ ποιὸν
ἑκάστης οὐσίας. Ἆρ᾽ οὖν μόνα τὰ ἐν τῶι αἰσθητῶι ἐκεῖ, ἢ καὶ ἄλλα
πλείω; Ἀλλὰ πρότερον περὶ τῶν κατὰ τέχνην σκεπτέον· κακοῦ γὰρ
οὐδενός· τὸ γὰρ κακὸν ἐνταῦθα ἐξ ἐνδείας καὶ στερήσεως καὶ
ἐλλείψεως, καὶ ὕλης ἀτυχούσης πάθος καὶ τοῦ ὕληι ὡμοιωμένου.
10. Assim quantas são as formas no mundo sensível, essas são de lá; e
quantas não são formas, não são de lá. Por isso das coisas contra a
271
Stoicorum Veterum Fragmenta II 103: Cícero, Academica Priora II 8, 26: ratio
omnis tollitur quasi quaedam lux lumenque vitae ... nam quaerendi initium ratio
attulit, quae perfecit virtutem (toda razão se eleva como certa luz e lume da vida ...
pois a razão, que aperfeiçou a virtude, trouxe o início de buscar).
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 239
natureza não há ali nenhuma272, como nem daquelas contra a arte há nas
artes, nem nas sementes o ‘claudicar’. O claudicar dos pés que é na
gênese, aquele por sorte, é porque a razão não dominou, com dano da
forma. Há qualidades harmônicas e quantidades, números, grandezas e
condições, atos de criar e de sofrer que são segundo a natureza,
movimentos e repousos do inteiro e em parte dos que são ali. E em vez
de tempo há eternidade. O espaço ali é de modo inteligente: um em
outro. Portanto ali sendo em conjunto todas as coisas, o que tomares
delas será essência e inteligência, e cada coisa participante da vida,
tanto o mesmo quanto o outro, tanto movimento quanto repouso, que se
move e que está em repouso, essência e qualidade, tudo é essência273.
Pois cada um sendo em atividade, não em potência, assim não está
separado o que é de certa qualidade de cada essência. Então, por acaso
há ali apenas as coisas que são no mundo sensível, ou também outras
mais? Mas antes deve-se examinar sobre as coisas segundo a arte;
nenhum mal havendo, pois o mal aqui é desde pobreza, privação,
insuficiência, impressão de desafortunada matéria e do que é
assemelhado à matéria.
11. Τὰ οὖν κατὰ τέχνην καὶ αἱ τέχναι; Τῶν δὴ τεχνῶν ὅσαι μιμητικαί,
γραφικὴ μὲν καὶ ἀνδριαντοποιία, ὄρχησίς τε καὶ χειρονομία, ἐνταῦθά
που τὴν σύστασιν λαβοῦσαι καὶ αἰσθητῶι προσχρώμεναι παραδείγματι
272
Platão, Parmênides 130c: Ἦ καὶ περὶ τῶνδε, ὦ Σώκρατες, ἃ καὶ γελοῖα δόξειεν
ἂν (5) εἶναι, οἷον θρὶξ καὶ πηλὸς καὶ ῥύπος ἢ ἄλλο τι ἀτιμότατόν τε καὶ φαυλότατον,
ἀπορεῖς εἴτε χρὴ φάναι καὶ τούτων ἑκάστου εἶδος εἶναι χωρίς (certamente sobre estas
coisas, Sócrates, que pareceriam ser ridículas, tal como cabelo, lama e lixo ou alguma
outra muitíssimo despresível e vil, tens dúvida se é necessário dizer que há em
separado uma forma de cada uma delas).
273
Platão, Sofista 254d – 255a: Μέγιστα μὴν τῶν γενῶν ἃ νυνδὴ διῇμεν τό τε ὂν αὐτὸ
καὶ στάσις καὶ κίνησις ... Τὸ δέ γε ὂν μεικτὸν ἀμφοῖν· ἐστὸν γὰρ ἄμφω που (contudo,
dentre os gêneros que agora dividimos, os maiores são o que é, o mesmo, e repouso e
movimento ... o que é é misturável aos dois [últimos]).
SUMÁRIO
P l o t i n o | 240
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 241
12. Εἰ δὲ ἀνθρώπου ἐκεῖ καὶ λογικοῦ ἐκεῖ καὶ τεχνικοῦ καὶ αἱ τέχναι νοῦ
γεννήματα οὖσαι, χρὴ δὲ καὶ τῶν καθόλου λέγειν τὰ εἴδη εἶναι, οὐ
Σωκράτους, ἀλλ᾽ ἀνθρώπου. Ἐπισκεπτέον δὲ περὶ ἀνθρώπου, εἰ καὶ ὃ
καθέκαστα· τὸ δὲ καθέκαστον, ὅτι [μὴ] τὸ αὐτὸ ἄλλο ἄλλωι· οἷον ὅτι ὁ
μὲν σιμός, ὁ δὲ γρυπός, γρυπότητα μὲν καὶ σιμότητα διαφορὰς ἐν εἴδει
θετέον ἀνθρώπου, ὥσπερ ζώιου διαφοραί εἰσιν· ἥκειν δὲ καὶ παρὰ τῆς
ὕλης τὸ τὸν μὲν τοιάνδε γρυπότητα, τὸν δὲ τοιάνδε. Καὶ χρωμάτων
διαφορὰς τὰς μὲν ἐν λόγωι οὔσας, τὰς δὲ καὶ ὕλην καὶ τόπον διάφορον
ὄντα ποιεῖν.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 242
umas porque são em razão [seminal], outras por criar o que é diferente
em matéria e lugar.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 243
14. Τὴν οὖν τὰ πάντα περιλαβοῦσαν ἐν τῶι νοητῶι φύσιν ταύτην ἀρχὴν
θετέον. Καὶ πῶς, τῆς μὲν ἀρχῆς τῆς ὄντως ἑνὸς καὶ ἁπλοῦ πάντη οὔσης,
πλήθους δὲ ἐν τοῖς οὖσιν ὄντος; Πῶς παρὰ τὸ ἕν, καὶ πῶς πλῆθος, καὶ
πῶς τὰ πάντα ταῦτα, καὶ διὰ τί νοῦς ταῦτα καὶ πόθεν, λεκτέον ἀπ᾽ ἄλλης
ἀρχῆς ἀρχομένοις.
Περὶ δὲ τῶν ἐκ σήψεως καὶ τῶν χαλεπῶν, εἰ κἀκεῖ εἶδος, καὶ εἰ ῥύπου
καὶ πηλοῦ, λεκτέον, ὡς, ὅσα κομίζεται νοῦς ἀπὸ τοῦ πρώτου, πάντα
ἄριστα· ἐν οἷς εἴδεσιν οὐ ταῦτα· οὐδ᾽ ἐκ τούτων νοῦς, ἀλλὰ ψυχὴ παρὰ
νοῦ, λαβοῦσα παρὰ ὕλης ἄλλα, ἐν οἷς ταῦτα.
SUMÁRIO
P l o t i n o | 244
Sobre essas será dito mais claramente por nós retornando à aporia de
como desde o uno há o múltiplo275.
Porque as coisas compostas que são ao acaso não são por inteligência,
mas são coisas sensíveis que convergem em si mesmas, não nas formas;
e o que é desde putrefação é da alma que é incapaz talvez de algo
274
Platão, Parmênides 130c: Ἦ καὶ περὶ τῶνδε, ὦ Σώκρατες, ἃ καὶ γελοῖα δόξειεν ἂν
(5) εἶναι, οἷον θρὶξ καὶ πηλὸς καὶ ῥύπος ἢ ἄλλο τι ἀτιμότατόν τε καὶ φαυλότατον,
ἀπορεῖς εἴτε χρὴ φάναι καὶ τούτων (d) ἑκάστου εἶδος εἶναι χωρίς, ὂν ἄλλο αὖ ἢ ὧν
<τι> ἡμεῖς μεταχειριζόμεθα, εἴτε καὶ μή; (Certamente, Sócrates, sobre estas coisas que
pareceriam ser ridículas, tais que cabelo, lodo e sujeira ou algo diverso muito
desprezível e vil, ficas em aporia se é necessário dizer que há uma forma em separado
de cada uma delas, que por sua vez é diversa daquelas com que lidamos, ou não é
necessário?).
275
Enéada V 4; VI 7.
SUMÁRIO
E n é a d a V – L i v r o I | 245
diverso; senão, teria criado algo daquelas coisas por natureza; cria então
do modo que pode.
SUMÁRIO