Das Comissoes Da Lei No 14133
Das Comissoes Da Lei No 14133
Das Comissoes Da Lei No 14133
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Jamil Manasfi e Paulo Alves
I. INTRODUÇÃO
Com o propósito de facilitar a vida do agente público que busca encontrar no novo
marco normativo ferramentas úteis à boa condução das licitações públicas, os autores do
presente artigo dedicaram algumas linhas para tratar da função e da composição das
comissões presentes na NLLC. Ora, uma comissão, por natureza, é um colegiado que tem
por função básica conduzir atividade de maior complexidade, distribuindo entre dois ou
mais agentes a responsabilidade pela condução e pela tomada de decisão. Mas em quais
casos a nova lei determinou a sua criação e, nestes casos, como deverá ser composta?
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II. DAS COMISSÕES:
1. COMISSÃO DE CONTRATAÇÃO
Sabe-se que a NLLC define, em seu art.7º, I, que os agentes públicos que
desempenham as funções essenciais à execução das contratações publicas serão
preferencialmente servidores efetivos ou empregados públicos dos quadros permanentes
da Administração Pública, destacando-se a ausência de obrigatoriedade de vínculo efetivo
no texto legal. Por outro lado, o art. 8º trata de forma distinta o famigerado “agente de
contratação”, haja vista determinação de que será pessoa designada pela autoridade
competente dentre servidores efetivos ou empregados públicos do quadro, “para tomar
decisões, acompanhar o tramite da licitação, dar impulso ao procedimento licitatório e
executar quaisquer outras atividades necessárias ao bom andamento do certame até a
homologação”.
Mas a lei não para por aí, trazendo em seu art. 8º § 2º, a figura da comissão de
contratação quando a licitação envolver bens ou serviços especiais para substituição do
agente de contratação. Senão vejamos:
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Ora, bens e serviços especiais são aqueles que, por sua alta heterogeneidade ou
complexidade, não podem ser objetivamente definidos pelo edital através de
especificações usuais de mercado, conforme preceitua o inciso XIII do art. 6º da Nova
Lei de Licitações e Contratos – Lei 14.333 de 1º de abril de 2021. Pela inteligência do art.
29 da NLLC, tais objetos contratuais serão licitados por intermédio da modalidade
Concorrência.
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O segundo fundamento para nossa resposta encontra-se no dispositivo conceitual
da Lei, qual seja o art. 6º, que define o agente público em seu inciso V como o “indivíduo
que, em virtude de eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma
de investidura ou vínculo, exerce mandato, cargo emprego ou função”. Já a comissão de
contratação seria o “conjunto de agentes públicos indicados pela Administração, em
caráter permanente ou especial, com a função de receber, examinar e julgar documentos
relativos às licitações e aos procedimentos auxiliares”.
Assim, resta evidente que a rígida exigência de vínculo efetivo que recai sobre o
agente de contratação não é transferida para a formação da comissão permanente de
contratação e da comissão especial de contratação, sendo-lhes apenas preferencial.
Conforme disposto no art. 32, § 1º, XI, se dará por comissão de contratações que,
em sua composição, deverá conter pelo menos 3 (três) servidores efetivos ou empregados
públicos que pertençam aos quadros permanentes da Administração. Nota-se que a lei
não descarta a possibilidade da indicação de servidores comissionados, desde que
respeitada a indicação do quantitativo mínimo de efetivos. Cabe salientar que a lei admite,
ainda, a contratação de profissionais para realizar o assessoramento técnico da comissão
de contratação do diálogo competitivo.
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Assim como as demais comissões previstas na nova lei, os membros responderão
solidariamente por todos os atos praticados, exceto aquele que manifestar expressamente
posição individual divergente fundamentada e registrada na ata onde foi tomada a decisão,
conforme determina o art. 8º, § 2º.
De acordo com art. 140 da NLLC, o objeto do contrato será recebido de forma
provisória e definitiva, nas seguintes hipóteses:
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A aplicação das sanções previstas nos incisos III e IV do caput do art.
156 desta Lei requererá a instauração de processo de responsabilização, a
ser conduzido por comissão composta de 2 (dois) ou mais servidores estáveis,
que avaliará fatos e circunstâncias conhecidos e intimará o licitante ou o
contratado para, no prazo de 15 (quinze) dias úteis, contado da data de
intimação, apresentar defesa escrita e especificar as provas que pretenda
produzir.
E neste ponto cabe-nos destacar que estável é o servidor público que adquire
direito à permanência no cargo após o cumprimento dos requisitos constitucionais, dentre
os quais destaca-se o vínculo efetivo, afastando de forma inquestionável os detentores de
vínculo precário firmado por meio de cargos em comissão. Aqui, para além da exigência
da efetividade, a Constituição Federal demanda, ainda, em seu art. 41, o exercício por
pelo menos três anos do cargo alcançado através de concurso público.
Importa destacar que nos órgãos ou entidades da Administração Pública onde não
se aplique o regime estatutário, a citada comissão será composta por pelo menos 2
empregados públicos que pertençam aos quadros permanentes da organização e que
possuam, preferencialmente, 3 anos de exercício no respectivo órgão ou entidade.
III. CONCLUSÃO:
Verifica-se que a Nova Lei de Licitações e Contratos lança mão das comissões
nas hipóteses de situações complexas em que a assunção de alto nível de responsabilidade
demanda distribuição das atividades e da tomada de decisão entre dois ou mais agentes.
Para além disso, amplia a rigidez do vínculo entre o gestor e a Administração Pública
visando dar autonomia ao gestor público na tomada de decisões, gradando do agente
público, que deve pertencer aos quadros permanentes da Administração Pública mesmo
que com o vínculo precário do cargo em comissão, passando pelo agente de contratação,
que deve manter vínculo efetivo, até o agente estável, que é a pessoa que adquire direito
à permanência no cargo após o cumprimento dos requisitos constitucionais.
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Na sequência e com o propósito de facilitar a compreensão do leitor, apresentamos
quadro-resumo das comissões: