Paulo Freire
Paulo Freire
Paulo Freire
PAULO FREIRE
Resumo
Este artigo analisa as reflexões pedagógicas de Paulo Freire na obra Pedagogia da Autonomia. Em relação à
metodologia, trata-se de uma pesquisa bibliográfica. O trabalho examina os papéis do educador e do educando no
processo de aprendizagem, conforme as ideias do autor. Investigam-se, também, os dois modelos gerais de
educação: a dominadora e a libertadora. O primeiro modelo é uma forma de transferência de conhecimento, isto
é, domesticação; quanto à educação libertadora, o aluno participa ativamente na construção de seu conhecimento.
Assim, esta construção, embasada pela autonomia, é capaz de transformar a realidade, tornando o educando
protagonista deste processo.
Abstract
This article analyzes Paulo Freire’s pedagogical reflections in the work Pedagogy of Freedom. Regarding the
methodology, it is bibliographic research. The work examines the educator and the student’s roles, according to
the author’s ideas. The two general models of education are investigated: the dominant and the liberating. The first
model is a form of knowledge transfer, that is, domestication; as for liberating education, the students actively
participate in the construction of their knowledge. Hence, the construction of this knowledge, based on autonomy,
can transform reality, making the student the protagonist of this process.
Resumen
Este artículo analiza las reflexiones pedagógicas de Paulo Freire en la obra Pedagogía de la Autonomía. Respecto
a la metodología, se trata de una revisión bibliográfica. El trabajo examina los roles del educador y del educando
en el proceso de aprendizaje, de acuerdo con las ideas del autor. Se estudian, también, los dos modelos generales
de educación: la dominadora y la liberadora. El primer modelo es una forma de transferencia de conocimiento, es
decir, de domesticación; en la educación liberadora, al contrario, el alumno participa activamente en la
construcción de su conocimiento. Esa construcción, fundada en la autonomía, es capaz de trasformar la realidad,
haciendo del educando el protagonista de ese proceso.
1 Introdução
2Tradução do autor: “a atividade da inteligência se chama entender, do latim intelligere, que se equivale a intus-legere (ler
dentro), ou seja vislumbra aquilo que há de mais íntimo nas coisas.
Segundo Freire (1996, p. 36), “Mulheres e homens, somos os únicos seres que, social e
historicamente, nos tornamos capazes de apreender.” Nesse contexto, o educador deve se lançar
nesta aventura criadora, que vai além do que simplesmente ensinar, repetir e cumprir uma série
de conteúdos pré-estabelecidos; portanto, é necessária a participação verdadeira de ambos no
processo. Assim, aprender torna-se mais do que ouvir e assimilar; consiste em sair da
domesticação e partir para um processo de emancipação, onde as experiência e vivências do
discente devem ser evidenciadas, para a construção autêntica do conhecimento — que é uma
especificidade humana. Ensinar e aprender são formas de interações próprias do ser humano e
umas das formas mais inequívocas de intervenção no mundo.
A concepção bancária que, por vezes, transforma o homem em estático não considera uma
de suas principais especificidades, o ser em movimento, ou o homem de projetos sartreano, um
ser histórico. Para Paulo Freire, esta concepção histórica é contrária à visão bancária, imobilista,
fixista.
Por isto mesmo é que os reconhece como seres que estão sendo, como seres
inacabados, inconclusos, em e com uma realidade, que sendo histórica também, é
igualmente inacabada. Na verdade, diferentemente dos outros animais, que são apenas
inacabados, mas não são históricos, os homens se sabem inacabados. Têm a
consciência de sua inconclusão. Aí se encontram as raízes da educação mesma, como
manifestação exclusivamente humana (FREIRE, 1987, p. 47).
desenvolve como pessoa. Dessa forma, contrária à visão bancária que dá ênfase à permanência,
a concepção problematizadora reforça a mudança. Assim, para Freire (1987, p. 47), “a
concepção problematizadora que, não aceitando um presente “bem-comportado”, não aceita
igualmente um futuro pré-dado, enraizando-se no presente dinâmico, se faz revolucionária. ”
Freire (1987, p. 57) afirma, ainda, que os seres humanos como “seres de projetos” são “como
seres a quem o imobilismo ameaça de morte; para quem o olhar para traz não deve ser uma
forma nostálgica de querer voltar, mas um modo de melhor conhecer o que está sendo, para
melhor construir o futuro. ” Somente a partir desta visão histórica, reconhecendo sua
especificidade, na qual ora se encontra imerso, ora emerso, ora insertado, é que o ser humano,
aparentemente determinado se reconhece em movimento.
Nesse contexto, devemos reconhecer que no processo de aprendizagem não há uma má
vontade na sua realização, seja de parte dos educadores seja de parte dos educandos, mas então
por que identificamos tantas falhas e tanta preocupação para melhorar esse processo? O mesmo
processo evolutivo das tecnologias e as diversidades geracionais devem ser atentamente
consideradas e novas propostas elaboradas. O educador deve autoavaliar e repensar suas
metodologias, desenvolver novos caminhos. Todos os caminhos podem levar à Roma, mas o
avanço tecnológico nos mostra que esses caminhos podem ser percorridos de formas muito
mais eficientes.
O educando também é parte fundamental nesse processo, refém muitas vezes, dessa
frenética mudança. Os mecanismos aos quais estão expostos mudaram muito, novas formas de
aprendizagem foram propostas, assim como o acesso instantâneo à informação reforçam, de
forma vertiginosa, a necessidade imediata de uma readequação. Segundo Morin (2000, p. 86) “é
preciso navegar em um oceano de incertezas em meio a arquipélago de certeza”. Ao passo das
necessidades e transformações, as metodologias ativas estão cada vez mais presentes e são
como uma luz para professores cansados e alunos desmotivados. Esta nova forma de aprender
e ensinar, através da problematização, da sala invertida, dos projetos e da aplicação tecnológica
no ensino, reforça que o homem está em constante movimento criativo. Tal movimento é
gerador de novas possibilidades e protagonista de uma nova educação — sem espaço para a
passividade, mas fundamentada no pensar crítico e consciente.
Caderno Intersaberes, Curitiba, v. 10, n. 30, p. 20-28, 2021 25
Carlos Eduardo de Castro
4 Metodologia
5 Considerações finais
protagonista de sua própria aprendizagem. Como ressalta Freire, aprender é uma prática
estritamente humana e, dessa maneira, geradora de autonomia, tanto para educadores quanto
para educandos.
Parafraseando Jostein Gaarder, em sua obra O Mundo de Sofia, “... a única coisa de que
precisamos para nos tornarmos bons filósofos é a capacidade de nos admirarmos com as
coisas”. Dessa maneira, por intermédio de Freire, podemos concluir que a única coisa que
precisamos no processo de aprendizagem é que o protagonismo e a autonomia nos torne
docentes e discentes profundamente engajados na busca e produção do conhecimento. No livro
introdutório à filosofia de Gaarder, é plausível a relação estabelecida entre o escritor das cartas
e Sofia; observamos a aproximação estabelecida entre o engenho de Gaarder e a curiosidade da
leitora, que desbrava cada uma das cartas e percorria o caminho filosófico. Assim, a concepção
da relação que Freire trata de estabelecer entre docente e discente está bem retratada na obra O
mundo de Sofia. Podemos encontrar no papel do autor esse professor mediador, criativo, capaz
de reconhecer o entorno do seu aluno, resgatar suas inquietudes e experiências e, assim,
aproximá-lo do processo de aprendizagem; já a pequena habitante de “Klovervein, 3”
representa cada aluno sedento de conhecimento, portador de inúmeras dúvidas, reais
protagonistas, dispostos a encontrarem respostas para as grandes perguntas: Quem somos nós?
De onde vem o mundo?
Referências
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 17. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
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MORIN, E. Os sete saberes necessários à educação do futuro. 2. ed. São Paulo: Cortez;
2000.