Artigo CONEDU Pronto
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RESUMO
INTRODUÇÃO
1
Doutora em Educação pela Universidade Federal da Bahia – BA, Professora Adjunta da Universidade Estadual
de Santa Cruz. E-mail: lmcruz@uesc.br
2
Graduado em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia-BA. Professor da Rede
Estadual da Bahia. E-mail: alexandresantos32@hotmail.com
ISSN: 2358-8829
Desenvolvimento Profissional Docente – DPD. Desse modo, a formação deve ser vista como
campo para o desenvolvimento de habilidades e não como lugar de atualização científica,
didática e psicopedagógica; mas como contributo para descortinar as teorias e ressignificar as
práticas pedagógicas, noutras palavras, uma formação necessita ter foco nas funções da
profissão docente. De forma contextualizada, isso implica habilidades para solucionar situações
problemáticas e tomar decisões cotidianas em prol de uma educação libertária (FREIRE, 2019).
Nesse ínterim, para Imbernón (2011), a formação deve ocorrer em consonância com a profissão
docente.
Para tanto, o cenário educacional brasileiro ainda requer políticas públicas voltadas para
formação de docentes em serviço, a exemplo do Plano Nacional de Formação de Professores/as
da Educação Básica (PARFOR) que se constituiu como uma política de formação importante
para a vida profissional de muitos/as professores/as, em exercício, da rede pública de ensino de
todo o Brasil, ao passo que oportunizou a diversos professores/as a sair da condição de leigos/as
para licenciados/as.
Posto isso, a nossa pesquisa teve como foco de análise um curso de
Pedagogia/PARFOR, do interior baiano, objetivando analisar os desdobramentos desta
formação para professores/as em exercício (vida pessoal, profissional e acadêmica).
Especificamente, conhecer o Projeto Curricular do curso, identificar os itinerários de lutas e
aprendizados no percurso da formação.
Estudar a formação inicial de professores/as exige leituras e reflexões para compreender
a essencialidade desse processo e desprender das lentes tradicionais, isto é, das ideias pré-
concebidas. Não é uma tarefa fácil, mas é relevante para se permitir adentrar no universo dos/as
docentes colaboradores/as desta pesquisa e conhecer suas trajetórias formativas.
METODOLOGIA
REFERENCIAL TEÓRICO
educacionais voltadas para a formação docente, o que tem se configurado como um grande
desafio, visto que no Brasil ainda há professores/as não licenciados/as atuando na profissão
docente (GATTI; BARRETTO; ANDRÉ, 2011). Entretanto, existe um déficit histórico no país
de Políticas de Estado para suprir essas lacunas.
A busca por melhorias na educação e aprimoramento das práticas docentes,
profissionalização e valorização da carreira docente trouxe o Programa Nacional de Formação
de Professores da Educação Básica – PARFOR. Tal programa, surge como uma política
elaborada a partir do Plano de Metas e Compromisso, todos pela Educação, programa
estratégico do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). Nesse prisma, o PARFOR pode
ser considerado uma política de estado de grande abrangência.
Segundo a CAPES (2019), o PARFOR “[...] visa induzir e fomentar a oferta de educação
superior, gratuita e de qualidade, para profissionais do magistério que estejam no exercício da
docência na rede pública de educação básica e que não possuem a formação específica na área
em que atuam em sala de aula”. A princípio, essa iniciativa possibilitou uma colaboração entre
governos federais, estaduais, municipais e instituições do ensino superior.
Marcelo Garcia (1999) defende que é preciso conhecer a qualidade dos programas que
fomentam a formação docente, e consequentemente, avaliá-lo para melhorá-lo, não só a nível
de objetivos, mas a nível de custo e benefício. Também sugere colocar o/a/ professor/a como
responsável pelo seu processo de formação. O autor afirma que o envolvimento do/a professor/a
nas decisões curriculares de sua formação colabora para o seu desenvolvimento profissional,
pois implica na busca de atividades que favoreçam a própria formação.
Ao fazer essa avaliação, compreendemos que o PARFOR não deu conta de suprir as
demandas formativas iniciais e continuadas dos/as professores/as da educação básica em
exercício, posto que o Brasil vem de longos processos históricos de grandes lacunas na
educação. Assim sendo, a formação precisa ser pauta primária nas políticas públicas para prover
os déficits ainda existentes na educação pública brasileira.
Tudo isso traz implicações para a profissão docente, ao passo que a sua valorização
perpassa um conjunto de elementos tais como: formação docente, condição de trabalho, plano
de carreira, salário, políticas públicas etc. (CRUZ, 2022). Como afirma Imbernón (2009; 2011),
os/as professores/as, de modo geral, estão imersos em obstáculos em sua profissão; como a falta
de debate sobre a formação inicial, falta de acompanhamento das instituições de formação
docente, falta descentralizar as atividades programadas da formação. Além disso, o autor
ressalta o predomínio do improviso nas formações, a definição ambígua de objetivos e
princípios, escassez de recursos financeiros, horário inadequado que sobrecarrega a tarefa
ISSN: 2358-8829
RESULTADOS E DISCUSSÃO
a) Análise documental:
A escrita do Projeto Curricular do curso apresenta algumas fragilidades:
- Um foco exclusivo nas competências e deixam de lado as habilidades;
- Não informa como ocorreu a orientação dos Trabalhos de Conclusão de Curso - TCC,
se houve divulgação e impressão (armazenamento) destes;
- No documento não fica claro o local onde ocorreram os estágios, se houve um
produto final resultante, como por exemplo, a produção de um relatório de estágio. Outro ponto
importante a ser relatado é que dentre as modalidades de Estágio - Educação Infantil,
Anos/Séries Iniciais do Ensino Fundamental, Educação de Jovens e Adultos, Educação do
Campo, Espaços não Escolares, Coordenação Pedagógica e Gestão Escolar - o documento
revela que limitou a obrigatoriedade em 3 opções, o que certamente reduziu as oportunidades
de formação.
O Projeto Curricular de um Curso é um documento político, eivado de relações de poder
e saber (CRUZ, 2014). Assim sendo, precisa ofertar uma formação docente que fortaleça a
profissão docente em cenário de déficits na educação brasileira. Desse modo, não podemos
limitar a formação a mera consolidação de habilidades e competências técnicas, de modo que
“fragmentar, limitar e reduzir são aspectos de uma formação já superada, da qual não
almejamos retorno” (FERREIRA; FERRAZ; FERRAZ, 2021, p. 25). Partindo desse viés, as
Instituições de Ensino Superior – IES precisam fortalecer o diálogo com seus/as docentes e a
sociedade interessada, para reverter esse lugar de formação sedimentada em “moldes”
capitalista, a qual favorece uma educação bancária/conteudista/antidemocrática.
Embora, haja algumas fragilidades no documento, podemos observar que o Projeto
Curricular do curso tem como base a formação teórica e prática que se articulavam ao longo da
formação com múltiplas diversidades de conhecimentos, permitindo que o/a Pedagogo/a
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formado/a atue na Educação Infantil, nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, na Educação
de Jovens e Adultos, na gestão, nos espaços não escolares, na assessoria e consultoria, na
construção e difusão do conhecimento científico e tecnológico entre outros.
A entrevista com a coordenação do curso revela que houve um trabalho coletivo, unindo
Universidade e Secretaria Municipal de Educação em prol da implementação da licenciatura
em Pedagogia. Apontaram a existência de uma relação fluida que favoreceu a execução das
atividades desenvolvidas.
Nesse viés, foram apontados alguns desafios e aprendizagens no período da gestão.
Quadro 01 – Desafios
Quadro 02 – Aprendizagens
As entrevistas com os/as docentes revelaram que a formação foi significativa para
os/as docentes e discentes, ao passo que contribuíram para importantes aprendizagens. O
quadro a seguir demonstra um processo de formação mútua.
- Criar uma rede de apoio mútuo entre os envolvidos com a formação (coordenação, docentes,
discentes, secretário de educação e de curso etc.). Assim sendo, construíram laços de afeto.
- Ministrar aulas na formação de Pedagogia/PARFOR impulsionou a busca por formação
continuada a nível de doutorado.
- Compreender a diferença entre ser professor/a efetivo e contratado. O primeiro tem mais
autonomia em suas ações.
- Aproveitar a trajetória profissional dos/as professores e professoras/estudantes para planejar
as aulas, valorizando as habilidades.
- Por intermédio dos Estágios, buscaram fazer parcerias com as escolas de Educação Básica,
de modo a estar presentes dentro das escolas e trazer estas para dentro da Universidade.
- Perceberam o impacto do Curso de Pedagogia para a rede pública educacional do município
pesquisado, o que foi significativo para mudar os rumos da educação da localidade.
Fonte: Entrevista semiestruturada
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ISSN: 2358-8829
FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 69. ed. Rio de Janeiro/São Paulo: Paz e Terra, 2019.
IMBERNÓN, F. Nuevo desarrollo profesional del profesorado para una nueva educaciónv.
Revista de Ciências Humanas. 12, n.19, 2011, p.75 – 86.